V-4 R-Darter

Na década de 80 e 90 a Kentron sul-africana e a Rafael israelenses cooperaram no desenvolvimento de um míssil ar-ar de médio alcance. O míssil sul-africano é chamado de R-Darter e o israelense de Derby. Algumas fontes citam que são a mesma arma com nomes diferentes. A Kentron mostrou o R-Darter primeiro em 2000 com o Derby sendo anunciado ao público em 2001. Apenas o peso diferencia das duas armas de acordo com publicações especificas. Algumas fontes citam que os dois paises cooperaram no projeto do míssil chamado "Alto" com projeto terminado no inicio da década de 90.

O R-Darter (R=Radar) tem designação de V-4 na Força Aérea Sul-Africana e entrou em operação no caça Cheetah C do Esquadrão No2 em 2001 (ou 1999) como sua principal arma de médio alcance. O desenvolvimento terminou em 1999 e no primeiro disparo o míssil engajou um alvo manobrando a 20 mil pés abaixo da aeronave lançadora com um acerto direto.

R-Darter
Um R-Darter montado sob a asa de um Cheetah Sul Africano. O lançador tem 38kg e comprimento de 2,7m. O R-Darter entrou em serviço na SAAF em 1999. O Cheetah pode levar até quatro mísseis nas asas.

O R-Darter é um missil ar-ar de médio alcance, guiado por radar ativo, com capacidade qualquer tempo, todo aspecto, e com capacidade look-down/shoot-down. O míssil pode ser disparado contra múltiplos alvos simultaneamente.

O míssil tem 3,6 metros de comprimento com diâmetro de 160mm e peso de 120kg (2 kg a mais que o Derby). É leve o suficiente para ser levado nas pontas das asas do F-5, F-16 e Gripen.

A configuração do míssil é similar ao Derby. Logo atrás do radar ativo ficam quatro barbatanas de controle de direção triangulares. As barbatanas ficam bem mais a frente quando comparado com mísseis de configuração similar. Logo atrás ficam duas barbatanas retangulares de controle de rolagem com a mesma função encontrada no Derby e Python-4.

Se a configuração interna for similar ao Derby as unidades internas são, do nariz para a cauda: radar, servos dianteiros, eletrônicos do sensor, unidade de eletrônicos, IMU, espoleta de proximidade, ogiva pré-fragmentada e motor foguete. Logo atrás ficam quatro barbatanas estabilizadoras em cruz.

O R-Darter usa propulsão por motor foguete de aceleração e sustentação com baixa emissão de fumaça e cabeça de busca por radar ativo sendo capaz de engajar alvos manobrando e alcance de curtos até distâncias além do horizonte.

O sensor ativo do R-Darter e Derby são o mesmo, desenvolvido pela Israeli Aircraft Industria (divisao da MBT). O software de contra-contramedidas eletrônicas pode ser programado de acordo com as necessidades do usuário.

O míssil usa modos de lançamento de trancamento após o lançamento (LOAL) com o alvo designado pelo piloto usando o radar da aeronave que passa os dados da posição e velocidade do alvo antes do lançamento. O míssil também pode ser apontado por outros sensores como o IRST e HMS.

No modo LOAL o míssil voa até a posição predita do alvo através de um sistema inercial até a ativação do radar de busca do míssil. O radar passa a procurar o alvo na posição prevista antes do lançamento. Após localizar o alvo o míssil inicia a interceptação. A ogiva é ativada por uma espoleta de proximidade ou impacto.

Inicialmente não foi citado se o míssil tinha um datalink para atualização de meio curso. O uso de um datalink seria necessário para engajar um alvo muito distante e manobrável, pois o míssil segue uma trajetória programada durante o seu lançamento, sem possibilidade de atualização. Por outro lado existem vantagens em não usar o datalink pois o avião lançador não precisa manter o alvo no cone de 120 a 150 graus do radar para continuar a mandar as coordenadas do alvo. A instalação do datalink também é complexa e cara.

No modo de trancamento antes do lançamento (LOBL), o alvo pode ser designado pelo radar, HUD ou mira no capacete com grande ângulo de visada para trancar o radar do míssil no alvo. Neste modo um segundo míssil pode ser lançado logo que o primeiro deixe o trilho de lançamento ou pode ser lançado quase simultaneamente com outro míssil guiado por IR como o A-Darter ou Python 4, dando menos chances do alvo evadir ou lançar contramedidas efetivas contra os dois mísseis. A capacidade de combate a curta é citada como sendo melhor que a do AMRAAM com o míssil sendo capaz de realizar curvas puxando 55 g´s.

O alcance é estimado em 50km quando lançado a grande altitude contra um alvo a grande altitude em direção contrária. O alcance também depende da velocidade e altitude do avião lançador, como todo míssil. Um disparo a Mach 1,4 e a 12 mil metros pode dobrar o alcance.

O radar multimodo do Cheetah C (EL/M-2032) permite o engajamento de alvos múltiplos simultaneamente. O R-Darter foi projetado para poder equipar aeronaves mais antigas como o MiG-21 e F-5. O R-Darter precisa de uma interface 1553B ou processador separado nas aeronaves que não tem databus.

O R-Darter sempre foi pensado como um míssil de exportação. O R-Darter foi selecionado em 1998 para equipar os caças JAS-39 Gripen sul-africano e o treinador escolhido para o programa ALFA (Advanced Light Fighter Competition) vencido pelo Hawk 100.

Segundo a Kentron o R-Darter é mais barato que o MICA e AMRAAM e mais leve que o AMRAAM e não tem restrições de exportações como o último. O desempenho é tido como entre o R-77 russo e o AMRAAM segundo o fabricante.

O R-Darter é um competidor direto do AMRAAM, mas a Kentron sabe que pode perder a maioria dos contratos pois os EUA podem vender o AMRAAM mais barato, apesar de serem versões "downgraded".

Em 2005 foi anunciado que a FAB comprou dez mísseis R-Darter dos estoques da Força Aérea da África do Sul. São mísseis antigos, com apenas um ou dois anos de vida útil, para testá-los em tiros reais. Se o desempenho estiver de acordo com o esperado poderão ser adquiridas novas unidades para reequipar as unidades de F-5EM/FM. Cada míssil deverá custar entre US$ 100 mil e US$ 200 mil enquanto um R-Darter novo é vendido por US$ 1 milhão. Em 2006 foi anunciado que a FAB comprou o Derby.

R-Darter
Um míssil R-Darter em um F-5EM da FAB. Os mísseis
serão usados em testes e desenvolvimento de doutrina operacional. O 14o GAV deverá testar estes mísseis no 2° semestre de 2006.

R-Darter
As primeiras fotos do R-Darter não mostravam as barbatanas de estabilização horizontal de controle de rolagem logo atrás dos controles principais encontradas no Derby. Depois foi explicado que o míssil era de testes cativo e não precisava das barbatanas.


Um par de R-Darter nas asas de um Cheetah.

R-Darter
Um R-Darter de testes de vôo cativo em um Cheetah.

Em 1995 a Kentron mostrou uma proposta de míssil ar-ar de longo alcance com sensor de imagem IR e motor ramjet chamado de LRAAM (Long-Range air-to-air missile). O míssil usaria um motor ramjet Somchem que já tinha sido testado com sucesso. O míssil seria equipado com TVC que funcionaria nos 2-3 primeiros segundos do vôo. No resto do vôo o controle seria por barbatanas na cauda controladas por servos eletromecânicos. O novo sensor IR seria baseado na tecnologia desenvolvido para o sensor do A-Darter. O vôos iniciaram em 1994 com fuselagem do míssil SAHV e motor ramjet da Somchem. O míssil teria um datalink e atingiria uma distância de 100km. Em 1998 foi anunciado que o míssil se chamaria S-Darter e uma versão de baixo custo estava em desenvolvimento com alcance de 50km (talvez o R-Darter). 

O LRAAM participou do programa BVRAAM britânico para um míssil de longo alcance para substituir o AMRAAM e Sky Flash. Os concorrentes eram o BAe/GEC-Marconi/Saab Dynamics/Alenia com o S225X, o Matra MICA (FORMICA), o Daimler-Benz Aerospace com o A3M e o Hughes/Raytheon com o AMRAAM. Todos usariam propulsão ramjet. O vencedor foi o S255X e A3M que se tornaram o Meteor.

S-Darter
Um Mock-up do LRAAM chegou a ser mostrado na feira aérea de Le Bourget em 1995.

Uma versão SAM do S-Darter poderia ser oferecida para exportação equipada com TVC e motor de aceleração com alcance de até 30km. A ogiva seria de 20kg e o míssil voaria a Mach 2-3.

Em 1999, a Denel ofereceu ao Paquistão uma proposta de armas ar-ar para o caça Super 7 produzido em conjunto com a China. Inclui uma proposta de um míssil de médio alcance equipado com datalink que se acredita ser chamado de T-Darter. O Paquistão testou o míssil H-4 em 2003 e acredita-se que seja este míssil. O Paquistão também estudou a aquisição do Matra MICA e PL-10 chinês. O Paquistão pretende contrapor a ameaça de mísseis de longo alcance Indianos como o Vympel R-77, Super-530D e o Astra.

Em 2006 a África do Sul anunciou que não irá instalar o R-Darter nos seus caças JAS-39 Gripen e o desenvolvimento deve ser descontinuado. Os mísseis serão retirados de serviço junto com os Cheetah C em 2010.

Em 2008 a Denel reconheceu a existência de um novo míssil que será chamado de T-Darter que será bem maior que o R-Darter. O novo míssil irá usar partes do míssil superfície-ar naval Umkhonto com novo sensor radar ativo sendo desenvolvido para versão Umkhonto-R. A Denel nega se usa TVC do Umkhonto ou propulsão ramjet. Os trabalhos feitos no S-Darter e T-Darter antigo serão usados no novo projeto. A Denel estuda a participação de parceiros estrangeiros como a Índia e Brasil.

Dados Técnicos:

Comprimento: 3,62 m
Diâmetro do corpo: 16 cm
Envergadura: 64 cm
Peso: 120 kg
Ogiva: n/a
Espoleta: proximidade
Alcance: acima de 60 km

Atualizado em 02 de Março de 2009


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