AIM-4 Falcon

Desenvolvimento do Falcon iniciou em 1946 quando a Hughes recebeu um contrato para estudar um míssil ar-ar de curto alcance subsônico no projeto MX-798. O requerimento foi logo mudado para um míssil supersônico, para ser lançado de bombardeiros para auto-defesa, e os desenvolvimentos continuaram com o projeto MX-904 de 1947. O míssil recebeu a designação AAM-A-2. O primeiro teste foi em 1949 e em 1950 a plataforma lançadora foi mudada de bombardeiros para os caças.

Chamado de Falcon, o AAM-A-2 se tornou o primeiro míssil para uso em interceptadores (F-89 e F-102) contra bombardeiros. Em 1951, a USAF iniciou a denominação de caças para seus mísseis guiados. O Falcon se tornou o F-98. Os testes do XF-98 e YF-98 continuou e o primeiro F-98 de produção foi em 1954. Em 1955, a USAF parou com a designação de aeronaves para os mísseis, e o Falcon foi redesignado com o F-98 se tornando o GAR-1.

O GAR-1 era guiado por radar semi-ativo (SARH) de curto alcance (8km). O motor era o Thiokol M58 de combustível sólido. A ogiva era pequena de apenas 3.4kg e não tinha espoleta de proximidade o que não era problema contra bombardeiros grandes. O GAR-1 entrou em operação com o F-89H/J Scorpion e o F-102A Delta Dagger em 1956. Cerca de 4.000 GAR-1 foram produzidos. Também equipou F-101B Voodoo e os CF-105 canadense. Todos estes caças levavam os mísseis em compartimentos internos de armas. O F-101 levava dois externamente e dois internamente na porta do compartimento. Quando a porta girava 180 graus os dois mísseis levados internamente ficavam expostos. O F-111 também levaria o Falcon internamente mas deixou de ter a função de combate aéreo.

Falcon
Um GAR-1 em um lançador da ponta da asa do F-89. O casulo leva os misseis internamente.

O XGAR-1A era uma variante com fuselagem maior e motor mais potente e se tornou o GAR-3. O XGAR-1B usava sensor infravermelho e foi chamado de GAR-2. O GAR-1C usava a mesma fuselagem do -1A e sensor infravermelho do -1B e se tornou o GAR-4.

O GAR-1D era um GAR-1 melhorado mais manobrável devido as superfícies de controles maiores e separadas das asas. Também era mais rápido. O GAR-1D foi a principal modelo de produção do Falcon de guiamento semi-ativa com 12.000 mísseis produzidos.

O GAR-2 era muito similar ao GAR-1D mas com sensor infravermelho. Entrou em operação em 1956. Uma aeronave interceptadora era equipada com mísseis IR e SARH e disparava um de cada para aumentar as chances de acertar. O GAR-2A tinha um sensor IR melhorado. Mais de 26.000 GAR-2/2A foram fabricados.

O GAR-2B era a versão final do Falcon infravermelho e redesignado AIM-4D.

Em 1958 a Hughes iniciou os derivativos Super Falcon. O primeiro era o GAR-3 com guiamento SARH. Tinha motor de queima longa para aumentar o alcance e fuselagem maior e strakes na raiz das asas. A ogiva era mais potente variando de 3,9kg a 13kg. Apenas 300 GAR-3 foram produzidos e substituído pelo GAR-3A em 1959. O GAR-3A tinha motor de queima dupla (aceleração e sustentação) M46, sensor SARH melhorado. Cerca de 3.400 GAR-3A foram produzidos e substituíram os GAR-1D.

O XGAR-4 era a versão IR equivalente do GAR-3. Não foi produzido e todos os Super Falcon IR foram na versão GAR-3A. Comparado com o GAR-2, o GAR-4A tinha sensor IR melhorado, podendo trancar em alvos pequenos. O GAR-4A se tornou operacional em 1959 com 2.700 mísseis produzidos substituindo o GAR-2/2A.

Em 1963, todos os mísseis foram renomeados com a série AIM-4 como abaixo:

Designação Antiga
Nova Designação
GAR-1 AIM-4
GAR-1D AIM-4A
GAR-2 AIM-4B
GAR-2A AIM-4C
GAR-2B AIM-4D
GAR-3 AIM-4E
GAR-3A AIM-4F
GAR-4A AIM-4G

Falcon
Modelos AIM-4G, AIM-4A, AIM-4F, AIM-4C, AIM-26A e AIM-4D do Falcon. O AIM-9 introduziu novas tecnologias que o fez mais simples e confiável que o AIM-4 Falcon da USAF.

Falcon
Na seqüência o AIM-4A, AIM-4D, AIM-4F e AIM-4G.

Falcon
Corte interno do AIM-4A.

O AIM-4D, versão final do GAR-2B, foi a ultima versão operacional do Falcon. O AIM-4D combinava a fuselagem menor do GAR-2A/AIM-4C com o sensor moderno no GAR-4A/AIM-4G e foi o único Falcon projetado para engajar caças. Cerca de 4.000 AIM-4D foram produzidos e entraram em operação em 1962. Vários AIM-4A/C foram convertidos em AIM-4D.

O Falcon foi usado no Vietnã com desempenho decepcionante. Os F-4D da USAF receberam o míssil AIM-4D Falcon em lançadores LAU-42/A após o programa Dancing Falcon. O AIM-4D entrou em operação em 1956. Foi escolhido pela USAF pois o rival AIM-9B era da US Navy.

O Falcon tinha um sensor resfriado por criogênio e por isso tinha um maior alcance detecção, pelo menos no papel, em relação ao AIM-9B. O sensor leva 4,2 segundos para resfriar, não podendo ser disparado rápido em combate aéreo e não podia ser usado se o criogênio acabasse. A configuração aerodinâmica tinha limitação na manobrabilidade. Os atuadores móveis na parte traseira da cauda não dava força suficiente para mudanças rápidas de direção que era necessária contra alvos muito manobráveis.

O estudo "Red Baron" mostrou que o míssil era mais complexo de disparar de todas as armas da época. Não tinha espoleta de proximidade e por isso tinha que conseguir um acerto direto. Vários passaram a menos de 7 metros do alvo sem explodir e era odiado por isso. Um piloto de F-4D tinha que decidir disparar o míssil 90 segundos antes após aperta um botão e pode demorar 2-3 minutos pois é necessário resfriar o sensor e ligar o giroscópio. Os Sidewinder eram mais confiáveis, mais fáceis de usar e tinham espoleta de proximidade. Em uma ocasião um MiG-17 entrou na frente de um F-4D. O piloto iniciou o processo de disparo ligando o míssil. Neste período o piloto do Mig viu o F-4D e fez uma curva muito apertada e iniciou um ataque frontal contra o F-4D.

Em 15 tentativas de disparo, nove foram lançados e não deixaram o trilho. Todos erraram de um esquadrão. De outro esquadrão apenas um míssil atingiu um alvo. Os pilotos começaram disparar aos pares para aumentar a probabilidade de acerto. Uma parte do problema do uso esta relacionado com os pilotos que não usaram a capacidade de trancar a longa distancia (quase 10km) que tornaria combates BVR possíveis, mas as regras de engajamento obrigavam a identificação visual. Em dezembro de 1967 foi o segundo kill com o AIM-4D. O piloto fez vários mergulhos contra um MiG-17 voando baixo com o canhão SUU-23 até acabar a munição. Quando o Mig parecia nivelar de volta para base o piloto do F-4 resolveu disparar o AIM-4D que funcionou direito. Foram mais três kill depois desse sendo em um kill o piloto estava sendo atacado por outro MiG-17 e teve que ejetar após conseguir a vitória. Outro seguido de 3 disparos de Sparrow que acertaram o alvo já destruído. No total foram 5 kills em 48 disparos.

O AIM-4D foi gradualmente retirado a partir de 1969 e em 1973 já não estava mais operacional na USAF. O modelo AIM-4H foi cancelado em 1969 devido ao mal desempenho do AIM-4D e os F-4D foram armados com o AIM-9 que custava a metade. A aerodinâmica era melhor, mas era muito complexo. O AIM-4 foi logo superado por uma arma "nova", o casulo de canhão SUU-23 que consegui seis kill entre 1965 a 1967. O AIM4-D foi mantido durante a campanha Linebaker como arma secundaria. Era bom para o F-102 pois o paiol preserva o míssil. No F-4 o míssil sofria muito atrito voando exposto no cabide. Os F-102 eram responsáveis pela defesa do Vietnã do Sul mas nunca entraram em ação nesta função, nem na defesa dos EUA continental ou em outro país.

A ultima variante do Falcon foi o XAIM-4H com apenas 25 produzido em 1970 a 1971. Esta versão era um AIM-4D melhorado com espoleta de proximidade laser, nova ogiva e manobrabilidade melhorada. Com os problemas do Falcon e com o desempenho do AIM-9 Sidewinder o projeto foi paralisado em 1971.

A ultima versão operacional foi o AIM-4F/G usados pelos interceptadores F-106A retirados de servido em 1988. O sensor era o mesmo do AIM-9L.

O Falcon chegou a ser testado contra alvos no solo.

O Falcon teve poucas exportações como o F-101 do Canadá, os F-102 gregos e turcos e o J-35 suéco.

Especificações:
  GAR-1D (AIM-4A) GAR-2A/B (AIM-4C/D) GAR-3A (AIM-4F) GAR-4A (AIM-4G)
Comprimento 1.98 m
2.02 m
2.18 m
2.06 m
Envergadura 0.508 m
0.61 m
Diâmetro 0.163 m
0.168 m
Peso 54 kg
61 kg
68 kg
66 kg
Velocidade Mach 3 Mach 4
Alcance 9.7 km
11.3 km
Propulsão Thiokol M58
Thiokol M46 duplo empuxo
Ogiva 3.4 kg
13 kg

Falcon
Um F-15 disparando um AIM-4 durante testes de sistemas de alerta de aproximação de mísseis. O Falcon já não acertava alvos quando era guiado, então não acertaria nada se disparado sem ser guiado.

AIM-26

O AIM-26 Falcon foi a único míssil ar-ar guiado com ogiva nuclear da USAF. Iniciou o projeto em 1956 com um Falcon com fuselagem mais larga. O comprimento foi aumentado de 2 metros para 3,5 metros. Seria usado contra bombardeiros voando alto e rápido. As duas variantes seriam idênticas  a não ser o guiamento SARH do XGAR-5 e infravermelha do XGAR-6. O desenvolvimento foi cancelado nos estágios iniciais.

O projeto de um derivado nuclear foi reiniciado em 1959 para dar capacidade de engajamento frontal para os interceptadores. Apenas o guiamento SARH foi considerado viável mas era muito impreciso para mísseis com ogiva convencional. Foi decidido instalar uma ogiva W-54 de 0,25kT no GAR-11. O GAR-11 seria um pouco mais largo que o Falcon original. Os testes do XGAR-11 ocorreram em 1960 entrando em operação em 1961 no interceptador F-102. A ogiva nuclear e a capacidade qualquer tempo fez o GAR-11 ser o míssil ar-ar mais potente já construído. A ogiva era acionada por uma espoleta de proximidade radar.

A desvantagem da ogiva nuclear significa que não pode ser usada contra aeronaves voando baixo em território amigo e assim foi iniciado a produção do GAR-11A com ogiva convencional. Foi pouco usado na USAF e exportado para a Suécia como RB-27.

Em 1963 o GAR-11 foi renomeados AIM-26A e o GAR-11A AIM-26B.

Um sensor melhorado fez o AIM-7 Sparrow efetivo em ataques frontais no fim da década de 60. Junto a limitação do AIM-26A contra alvos voando baixo, foram retirado de serviço em 1971. O RB-27 foi usado pelo J-35 Draken até o fim da década de 90. No total foram construídos cerca de 4.000 AIM-26.

O AIM-26B foi usado pela Suíça nos seus Mirage IIIS como HM-55 e pela Suécia nos seus J-35 como Rb-27 até a década de 90.

Especificações do GAR-11 (AIM-26A):
Comprimento 2.14 m
Envergadura
0.620 m
Diametro 0.279 m
Peso 92 kg
Velocidade Mach 2
Alcance 8-16 km
Propulsão Thiokol M60 com 26 kN de empuxo
Ogiva W-54 nuclear (0.25 kT)

Falcon
AIM-26A e AIM-26B.

Falcon
Um AIM-26 em um compartimento interno de um F-102.


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