Raytheon (Hughes) AAM-N-11/AIM-54 Phoenix


A história do míssil AIM-54 Phoenix começa ainda na década de 50 quando os mísseis eram pouco confiáveis. Com o aparecimento da ameaça de mísseis de cruzeiro antinavio de longo alcance da marinha e força aérea soviética contra os grupos de combate nucleados em porta-aviões (CVBG - Carrier Vessel Battle Group) da marinha americana, o conceito de derrubar o inimigo a longa distância e antes de se tornarem uma ameaça era muito atrativo. Assim apareceu o conceito de caça de defesa de frota.

A ameaça inicial eram os mísseis P-6/P-35 Progress que davam capacidade anti-navio de longo alcance para a marinha soviética. Os Tu-16KS "Comet", ou Badger B para a OTAN, armados com o míssil K-10 ( KS-1 «Kometa» ou AS-1 Kennel na OTAN) também tinham esta capacidade. Estes mísseis levavam entre 4 a 6 minutos para preparar uma salva e levava mais 8-12 minutos em vôo. A sequência de disparo de seis mísseis de um submarino nuclear ou oito de um cruzador levava 20-30 minutos.

Uma força de ataque de submarinos na superfície ou navios ficavam expostos a contra-ataques. Apenas quatro navios disparando no máximo 12 mísseis podiam operar ao mesmo tempo contra um CVBG americano devido a limitações de canais de datalink e radar. Foi calculado que apenas quatro acertos desses mísseis armados com ogivas nucleares podiam destruir um CVBG completo. Usando mísseis de ogiva convencional o cálculo era diferente e a tarefa considerada impossível.

Mesmo com esta ameaça fácil de contrapor a US Navy iniciou o projeto de um caça para engajar aeronaves e mísseis cruise a longa distância pensando em ameaças futuras. Não havia tempo para conduzir interceptações tradicionais com um F-4 Phantom armado com o míssil AIM-7 Sparrow.


Bombardeiro Tu-16KS com mísseis AS-1 Kennel.

Em 1957, enquanto a Grummam desenvolvia o F-4 Phantom, a US Navy já se preocupava com as ameaças futuras soviéticas e queria uma aeronave capaz de engajar alvos múltiplos simultaneamente. O conceito da época priorizava a capacidade dos mísseis e não da plataforma lançadora. Um grande interceptador subsônico com um radar poderoso seria equipado com mísseis ar-ar de longo alcance e alta velocidade para derrubar bombardeiros se aproximando a distâncias de até 185km.

Em 1957 foi lançado um pedido de proposta para o programa FADF (Fleet Air Defence Fighter) ou caça de defesa aérea de frota, seus subsistemas e de um míssil de longo alcance. A aeronave seria apoiada pelo W2F-1 (depois E-2) Hawkeye de alerta aéreo antecipado. O F-6D1 Missiler venceu a concorrência. Em dezembro de 1958, a Bendix foi selecionada como contratante do míssil AAM-N-10 Eagle. Os subcontratantes eram a Grumman (fuselagem) e Aerojet (propulsão).


O Douglas F6D Missiler seria um grande carregador subsônico de mísseis (seis no total e algumas fotos mostravam mais dois na fuselagem). Seria equipado com duas turbinas P&W TF-30-OP-2. Com três tripulantes faria patrulha de seis horas a 12 mil metros a 241km do CVBG. O projeto foi cancelado.

Após o disparo o AAM-N-10 aceleraria até Mach 3.5 por um motor de propelente sólido. Após um período de planeio, um motor de sustentação sólido aceleraria o míssil até Mach 4.5. O radar AN/APQ-81 do F6D poderia acompanhar 8 alvos simultaneamente a 150km e enviar comandos para os mísseis individuais. O míssil teria trajetória "loft" com alcance aerodinâmico de 300km.

O AAM-N-10 Eagle seria equipado com o radar ativo AN/DPN-53 desenvolvido a partir do radar do míssil IM-99/CIM-10 Bomarc. O alcance efetivo de interceptação do F6D/AAM-N-10 é de 200km mas o míssil tem capacidade "home-on-jam" com alcance de 300km. Uma das opções de ogiva era a W-42 nuclear.

O Missiler era otimizado para patrulha aérea de combate de longa duração a longa distancia e não era supersônico. O Missiler foi cancelado em 1961 devido a limitação de combate geral pois não faria escolta de grupo de ataque e não podia se defender contra caças além de ser caro. O conceito de plataforma lançadora ao invés de caça puro teve oposição política e foi cancelado. O Desenvolvimento do míssil Eagle continuou para obter dados para o novo míssil de longo alcance AAM-N-11 que equiparia o substituto do programa Missiler.


O AAM-N-10 Eagle teria um comprimento de 3,53 metros mais o booster de 1,38 metros. A envergadura seria de 0,86 m e 1,27 m para o booster. O diâmetro seria de 36cm e 41cm para o booster. O míssil pesaria 295kg e o booster 287kg. O teto seria de 30 mil metros. O Eagle seria o maior míssil ar-ar do mundo se entrasse em operação.

Em 1960 a USAF lançou um pedido de proposta para o substituto do F-105 com o requerimento SOR 183. Na época o secretário de defesa MacNamara sugeriu juntar o programa SOR 183 com o FADF da US Navy que se tornou o TXF (Tactical Fighter Experimental). Seria projetadao uma versão naval e outra terrestre com o mesmo motor e fuselagem,  mas com aviônicos diferentes. A idéia era boa mas a tecnologia da época mostrou ser insuficiente. A USAF queria uma aeronave de peso máximo de decolagem de 33 toneladas e a US Navy 22 toneladas e também teria limitação de tamanho para operar embarcado. A proposta da General Dynamics foi a vencedora, mas era baseada não em custo ou desempenho. O da Boeing teria duas propostas com 50% em comum mas foi  considerado como sendo dois aviões.

O F-111B usaria o sistema de controle de tiro AWG-9 que usava tecnologia do sistema de controle de tiro AN/ASG-18 usado no YF-12A. O AWG-9 é capaz de detectar alvos a 220km. O sistema de armas completo era capaz de acompanhar 24 alvos simultaneamente com modos "acompanha enquanto busca" (TWS) com capacidade de disparar seis mísseis quase simultaneamente contra seis alvos a longa distância, em qualquer tempo e com intensa interferência eletrônica.

A Hughes trabalhou no candidato do AAM-N-11 já em 1960 e usou dados do míssil GAR-9 (AIM-47A) que iria armar o interceptador Mach 3 North American F-108 Rapier e foi disparado experimentalmente do YF-12A. O míssil mantém a forma do AIM-47 com corpo de maior diâmetro e antena radar maior. Em junho de 1963, o AAM-N-11 foi redesignado AIM-54A com o novo sistema de designação.

O programa F-111B naval foi passado para a Grumman e logo cresceu para 30 toneladas de peso máximo. Em 1967 a Grumman propôs uma nova aeronave com motor, aviônicos e armas do F-111B otimizada para os requerimentos FADF além de ser capaz de realizar escolta e combate aéreo. Comparações da US Navy com o F-111B mostrou que a proposta da Grumman era realmente muito superior.

Em 1968 a US Navy lançou o programa VXF e cancelou sua versão do F-111B, mas foi depois da saída de McNamara do governo. Em janeiro de 1969 a Grumman foi selecionada para produzir o F-14 com asa de geometria variável, canhão Vulcan e podia pousar com 3.600kg a mais de carga e combustível que o F-111B embarcado. O F-111 seria uma plataforma única para diferentes aviônicos para a USAF e US Navy. Não satisfez nenhuma das duas forças, mas 30 anos depois o F-15E e F-14D Bombcat eram plataformas diferentes com os mesmos aviônicos e motores.



Protótipo do F-111B com modelos do míssil Phoenix.


O Phoenix usou usou tecnologia do míssil AIM-47 (a esquerda).



O Phoenix foi testado em um A-3 Skywarrior adaptado.

Desempenho

O primeiro vôo do XAIM-54 foi em 1965 e logo mostrou ser excepcional. O alcance de 111km do requerimento foi facilmente superado nos testes. A primeira interceptação foi em setembro de 1966.

Quando os testes acabaram o F-111B foi cancelado em maio de 1968. A idéia de interceptação de longo alcance para defesa de frota sobreviveu e tomou forma com o Grumman F-14 Tomcat que usaria o novo míssil e o radar.

O AIM-54 tem três modos de guiamento. O míssil inicia com uma subida após o disparo até 81 mil pés onde o míssil cruza com o piloto automático e com guiamento semi-ativo (SARH) a partir do radar AWG-9. No meio do trajeto em disparos de longo alcance o radar é ativado com modo semi-ativo seguindo ondas de radar refletidas do alvo pelo radar AWG-9.

Voando a grande altitude o alcance é maximizado e o arrasto é reduzido com o ar rarefeito da grande altitude. A velocidade do míssil é de Mach 3.8 a baixa altitude, mas chega a Mach 5 a grande altitude. Quando o míssil mergulha para atacar a energia potencial é convertida em energia cinética para grande manobrabilidade na fase final de vôo. O míssil tem um radar ativo para guiamento terminal nos últimos 18 km de vôo passando a ter capacidade "fire-and-forget". O tempo de vôo a longa distância chega a 3 minutos.

O míssil pode voar sem ser atualizado pelo AWG-9 por até 14 segundos. Após este tempo o míssil não consegue mais readquirir o alvo. O míssil é bastante manobrável e conseguiu atingir alvos puxando 6 g's e nas fases iniciais de vôo o míssil consegue puxar 17 a 20 g's.

O envelope de lançamento é de velocidade zero até Mach 1,6, a uma altitude de até 16 mil metros, com a aeronave puxando 0 a 6 g´s.

Suspeita-se da existência do modo "flyout" onde o míssil é lançado contra alvos na presença de interferência intensa sem o radar AWG-9 conseguindo realizar o trancamento. Neste modo o míssil voa com o piloto automático e liga o radar ativo na fase final com modo home-oh-jam (HOJ).

No modo Pulse-Doppler Single-Target Track (PDSTT) apenas um alvo é acompanhado. O AWG-9 é trancado em um alvo a até 130km com o míssil podendo ser disparado a 100km do alvo. O modo Jam Angle Track (JAT) pode ser usado para mediar a distância, velocidade e informação angular de alvos protegidos por interferência eletrônica. O radar passa a apontar o sistema eletro-ótico da aeronave.

O AWG-9 pode engajar até seis alvos ao mesmo tempo no modo TWS. O alcance máximo neste modo é de 90km.

Testes no fim da década de 70 e no início dos anos 80 mostraram uma taxa notável de sucesso de 92%.
De 56 mísseis disparados na fase de testes, 43 atingiram o alvo ou 77%. Dos 17 disparados do F-14, 88% acertaram o alvo.

O primeiro disparo do Phoenix a partir do Tomcat foi em 28 de abril de 1972. Um ano depois o míssil voou 116 milhas. Em um teste em janeiro de 1979 no Irã um Phoenix atingiu um drone alvo a 212km. O alcance mínimo é de 17 km com trancamento antes do lançamento (LOBL).

Um disparo foi contra um drone BQM-34E Firebee voando a Mach 1.55 e FL520 simulando o RCS de um bombardeiros Tu-22M e emitindo interferência eletrônica. O F-14A que disparou o míssil estava voando a Mach 1.45 e FL450. O míssil interceptou o alvo a uma distância de 204km.

Em 22 de novembro de 1973 um único Tomcat disparou seis mísseis Phoenix em 38 segundos voando a Mach 0.78 a 8 mil metros em Point Mugu na Califórnia. Os alvos eram seis drones voando a cerca de 80km de distância. Eram dois QT-33, dois QBM-34A subsônicos e dois supersônicos BQM-34E. Os alvos estavam em altitudes diferentes e em direções diferentes. Dois QT-33 foram derrubados, um BQM-34E e um BQM-34A foram danificados. Um míssil sofreu pane e passou a voar uma trajetória balística. Um BQM-34 sofreu pane e mudou de direção que resultou na diminuição da assinatura de radar. Os sistemas de arma do Tomcat passou a ter o apelido de "como se tornar um ás na primeira passada".

Em um teste o AIM-54A acertou um drone QF-86 que estava puxando 6 g's em um mergulho em espiral tentando quebrar o acompanhamento do radar a partir de 4.500 metros até 2.700 metros. O Phoenix foi disparado de uma distância de 17km quase dentro do alcance mínimo contra o alvo que voava a Mach 0.8. O míssil manobrou a 16 g´s após o disparo.

Em um ensaio em agosto de 1974 um AIM-54A atingiu um QBM-34A voado a 15 metros do mar a uma distância de 40-45km simulando um míssil cruise. O alvo foi derrubado a 35km. Contra alvos voando baixo e não manobrando o AIM-54 disparado a uma altitude de 1.500 metros pode ser lançado a 200km atingindo o alvo a 135km.

Em um teste contra alvo com interferência eletrônica um drone QF-9 simulando um caça a Mach 0.8 a 9300m era seguido de um BQM-34A com interferidor de ruído. Um Tomcat disparou dois AIM-54 em nove segundos com o primeiro drone atingido 45km e segundo passou no raio letal a 87km.

Em outro teste o AWG-9/Phoenix acertou um míssil Bomarc simulando um MiG-25 Foxbat e contra drones simulando o Tu-22 Backfire.

Outros testes mostraram a capacidade do Phoenix contra mísseis cruise e contra alvos manobrando violentamente. O objetivo do Phoenix era torna-lo capaz de conter os mísseis AS-4 Kitchen e AS-6 Kingfish.

Versões

O AIM-54 tem três versões: AIM-54A, AIM-54C e o AIM-54C ECCM/Sealed.

A versão inicial AIM-54A entrou em operação em 1974. A avaliação técnica foi completada em 1973 e a avaliação operacional em novembro de 1974.

O AIM-54A usava eletrônicos analógicos com tubos klystron. O míssil era dividido em três partes de frente para trás: eletrônicos (radar, guiamento e espoleta), ogiva e motor.

A versão A estava equipada com a seção de guiamento A/DSQ-26, ogiva Mk 82, espoleta de proximidade com radar Downey Mk 334. O motor era o Rocketdyne Mk 47 de queima lenta ou Aerojet Mk 60 na seção de propulsão MXU-637/B. A seção de guiamento do AIM-54A passou a ter capacidade contra alvos voando baixo ao recebeu modernizações de meia-vida com eletrônicos Mk-11 MOD 3.

A versão A tinha subvariantes como o ATM-54A inerte para exercício sem ogiva; CATM-54A versão de aquisição só com radar; DATM-54A falso para manejo; AEM-54A de telemetria para testes e avaliação;

Um total de 2.285 a 2.566 mísseis AIM-54A foram produzidos por US$ 410 mil cada.

O AIM-54B era um modelo previsto para ter construção mais simples e refrigerador não liquido. Não foi produzido.

Em 1977 foi iniciado o desenvolvimento da versão AIM-54C depois da revolução no Irã e com temor dos segredos dos AIM-54A fossem passados para os soviéticos. O novo míssil seria equipado com a nova seção de guiamento WGU-11/B digital e controle seção WCU-7/B. Teria processador digital, novo INS e piloto automático. O meio de detecção de alvos Motorola DSU-28 Target Detecting Device (TDD) e a espoleta teriam capacidade contra alvos voando baixo. 

O primeiro XAIM-54C foi testado em agosto de 1979. A produção foi iniciada em 1982. A avaliação técnicas do AIM-54C terminou em novembro de 1982 e a avaliação operacional em agosto de 1983. Foi introduzido em serviço 1985 substituindo os modelos AIM-54A. O custo de desenvolvimento foi de US$ 167,8 milhões. Cada míssil custava US$1,3 milhões. Foram construídos 810 mísseis AIM-54C.

As modernizações que o modelo AIM-54C recebeu incluem a ogiva WDU-29/B na seção de ogiva WAU-16/B ou WAU-20/B.  A WDU-29/B é 20 a 25% mais efetiva que o modelo anterior. 

O sistema de compensação de temperatura interna foi modificado para evitar o uso de liquido refrigerador a partir do caça. O míssil passou a ser chamado de AIM-54C+ ou AIM-54C Sealed. Entrou em operação em 1986. O AIM-54C ECCM/Sealed ou AIM-54C+ foi desenvolvido para o F-14D. Era uma versão melhorada com capacidade de contra contramedidas eletrônicas melhoradas. Usava o TWR do radar do míssil AIM-120 e a antena tinha poucos lobos laterais. Ao receber novos ECCM passou a se chamar AIM-54C ECCM/Sealed entrando em serviço em 1988. O sistema de guiamento e controle do AIM-54C ECCM/Sealed são o WGU-17/B e WCU-12/B, a ogiva é a WAU-19/B e WAU-21/B. O míssil também recebeu memória reprogramável e o software também foi introduzido nas outras versões.

As versões AIM-54C eram equipados com Buil-in Teste (BITE) tendo maior confiabilidade, eram mais fáceis de manter e tinham 15% menos partes. A produção terminou em 1993 com cerca de 1.900 modelos C produzidos. O total de mísseis chega a mais de 5 mil em todas a versões.

Foi estudado a versão Phoenix PDMS (Point Defense Missile System) proposto na década de 70 como míssil de defesa de ponto com o AIM-54 e o radar AWG-9 instalado em navios. Não foi desenvolvido.

Em 1995 foi proposto uma versão modificada como interceptador de mísseis balísticos mas não foi aceito.



AIM-54


Entre 1970 a 1974 foram estudadas várias versões navais do F-15 chamado não oficialmente de Seagle. A aeronave teria reforço no trem de pouso, trem de pouso frontal extensível, asas dobráveis e gancho de parada. Pesaria uma tonelada a mais que a versão da USAF. Não foi aceito pela US Navy e uma segunda proposta com estrutura reforçada e slats de manobra nas asas, pesando 1,5 toneladas a mais, teria desempenho igual ao F-14B mas com menos alcance. Teria a denominação F-15N e teria raio de ação em missão de escolta de 516 milhas náuticas contra 685 milhas náuticas  do F-14B e 485 milhas náuticas do F-4J. Também não foi aceito. Uma terceira versão equipada com o radar AWG-9 e um nariz maior pesaria cerca de 2,2 toneladas a mais e sem nenhuma vantagem em relação ao F-14. Uma quarta versão teria um radar APG-63 adaptado para lançar o míssil AIM-54 Phoenix com potência aumentada de 5,2kW para 7kW contra 10kW do AWG-9 do F-14 (ou 1,0kW se comparado com o APG-59 dos F-4 navais). O F-15 naval levaria até oito mísseis Phoenix sendo quatro na fuselagem (foto abaixo), dois nos cabides das asas e dois em fila na linha central da fuselagem. Nesta época a US Navy também estudava versões mais austeras do F-14D. A grande razão de atrito de Israel na guerra do Yom Kippur de 1973 fez a US Navy passar a considerar sempre as melhores capacidades para os seus caças passando a deixar de lado qualquer versão naval do F-15.

F-15N
Versão naval do F-15 com o AIM-54 Phoenix.

Dados Técnicos:


  AIM-54A AIM-54C
Comprimento 4,01 m
Envergadura 92,5 cm
Diâmetro 38,1 cm
Peso 453 kg
462 kg
Velocidade Mach 4.3 Mach 5
Teto 24.800 m
30.500 m
Alcance 130 km
150 km

Uso Operacional

Cerca de 285 mísseis AIM-54A foram fornecido para força aérea imperial iraniana antes da queda de Xá em 1979 para equipar seus F-14 Tomcat. Fonte iranianas citam que foi muito usado contra o Iraque no conflito de 1980-1988.

Algumas fontes citam 25 vitórias incluindo contra alvos voando muito baixo sobre o mar, caças e disparos em curto alcance (menos de 20km para o Phoenix).

A primeira vitória provável foi em setembro de 1980 (um MiG-25 iraquiano). A primeira vitória confirmada foi em 2 de dezembro de 1980.

Uma fonte cita  52 disparados com 8 vitórias possíveis e confirmadas e 2 mísseis com defeito.

As vitórias foram:

- MiG-21: 5
- MiG-23: 12
- MiG-25: 9
- MiG-27: 2
- Su-20/22: 4
- Mirage F.1EQ: 5
- Tu-22: 4
- H-6D: 1
- SA.321GV: 1
- Desconhecido: 3

O total foi de 46 vitórias sendo que em uma ocasião um único míssil derrubou três MiG-23BN e um provável e em outro foram dois MiG-23. Outros disparos foram contra mísseis AM-39 Exocet e C-601.

Na maioria dos casos o inimigo não sabia que estava sendo atacado a não a ser a curta distância quando o piloto viu a fumaça do míssil. Em uma ocasião a câmera TISEO de um F-4E filmou a detonação a poucos metros de um MiG-23. Em outra ocasião um Phoenix passou perto de um Mirage que fugia e não detonou.

Outra fonte cita sabotagem das aeronaves e não havia como disparar o míssil. O F-14 passou a ser usado como AWACS com seu radar guiando outra aeronaves. O único disparo confirmado do Irã foi na primeira guerra do Golfo não atingido um helicóptero Mil iraquiano. O Irã diz que desenvolveu uma versão local.

No conflito do Golfo em 1991 a US Navy usou o F-14 para defesa aérea mas não ocorreu nenhum disparo. No dia 17 de janeiro de 1991 quatro MiG-21 decolaram contra um ataque da US Navy. Logo mudaram de direção e foram perseguidos por F-14B de escolta de um pacote de A-6 e A-7 que não tiveram permissão para lançar seus AIM-54C. Depois mais dois MiG-21 decolaram para atacar e enquanto fugiam dos F-14B foram derrubados por dois F/A-18 do grupo de ataque com mísseis Sparrow e Sidewinder.

Os americanos conseguiram disparar o Phoenix pela primeira vez nas zonas de exclusão no Iraque. No dia 6 de janeiro de 1999 um F-14D do VF-213 operando no Carl Vinson em apoio as operações "South Watch" no Iraque, disparou dois mísseis AIM-54 contra dois MiG-25 a longa distância. Os MiGs deram meia volta e os mísseis erraram. Outro F-14D do VF-2 disparou dois AIM-54 contra um par de MiG-23 e/ou MiG-25 que também erraram o alvo em setembro de 1999.


O E-2B Hawkeye e o F-14 Tomcat trabalhavam juntos para alerta antecipado de mísseis cruise. O E-2 e o F-14 agindo em conjunto eram um pesadelo para força de reconhecimento e transporte de mísseis soviéticos por vários anos. A ameaça também era apreciada pelos submarinos que sabiam que muitos dos seus mísseis tinham poucas chances de atingir o alvo. O E-2 Hawkeye substituiu o E-1 Tracer na tarefa de alerta aérea antecipado para apoiar o F-6D (cancelado).


A única aeronave a usar o AIM-54 foi o Grumman F-14A/B/D Tomcat. O Tomcat foi projetado para atacar bombardeiros soviéticos a longa distância, mas está terminou a carreira como caça-bombardeiro.

O Tomcat é capaz de levar até seis mísseis AIM-54 mas na prática isso raramente acontece. Com seis mísseis o Tomcat fica muito lento, o alcance diminui e perdia muita capacidade de manobra. O arrasto e o peso é muito grande não podendo entrar em combate aproximado e a velocidade de pouso subia de 230km/h para 290km/h o que era perigoso. Os iranianos nunca testaram a capacidade de atacar seis alvos simultaneamente. Raramente levava quatro. Quando fazia escolta VIP podiam levar seis mísseis. Os mísseis também eram poucos. Os combates mostraram que dois mísseis sempre foi suficiente e não atrapalhava a capacidade de manobra. Os Iranianos sempre esperavam ter combate aproximado e as esquadrilhas iraquianas dispersavam após um dos caças explodir. Os Tomcat geralmente levavam dois Sparrow, dois Sidewinder e dois AIM-54 no líder de elemento e seis Sparrow e dois Sidewinder para o ala. As vezes apenas um Phoenix ou nenhum. Na US Navy a limitação era o pouso embarcado não podendo pousar com mais de quatro.


O AIM-54 é disparado do lançadores LAU-93/A (F-14A/B) ou LAU-132/A (F-14D). A versão AIM-54C tinha capacidade de atacar alvos voando baixo como mísseis cruise.

AIM-54
Seqüência de disparo de um AIM-54. A montagem inclui imagens do TCS e IRST a partir de outra aeronave.

AIM-54
Um AIM-54 em um reboque antes de ser instalado.

Com o fim da ameaça de ataque de bombardeiros de longo alcance a ameaça passou ser a defesa da frota próxima ao litoral. A defesa aérea passaria para os F/A-18 equipados com o AIM-120C AMRAAM. O F-14 estava previsto para receber o AMRAAM, mas foi cancelado e continuaria a usar o Phoenix. O F-14 armado com o Phoenix pode escoltar caças de ataque contra alvos no território inimigo. Podem destruir até ataques em massa do inimigo bem longe da força de ataque. A limitação da distância está na capacidade de identificação dos alvos.

O AIM-54 Phoenix saiu de serviço em 2006 junto com a frota de F-14. Em 2004 ocorreram os últimos disparos do Phoenix. Caças F-14 do esquadrão VF-143 do USS George Washington conduziram exercícios na costa de Omã no Golfo Pérsico. Oito mísseis foram disparados ao mesmo tempo junto com VF-11.

O AIM-54 tem uma história de atrasos e vários problemas de controle de qualidade. De 318 mísseis AIM-54C entregues dos contratos de 1982 e 1983, 240 tinham problemas de disponibilidade de espoleta. Em 1988 o Pentágono revelou que a Hughes recebeu o triplo do custo estimado para produzir o AIM-54C. Assim foi iniciada uma competição para uma segunda fonte de fornecimento dos mísseis em1989. A Raytheon recebeu parte do contrato de 1989.

O Phoenix mostrou ser caro e difícil de operar e manter. Os eletrônicos estavam ultrapassados e o míssil envelheceu. Algumas rachaduras descobertas no motor podiam levar o míssil a explodir durante a ignição.

Atualizado em 30 de Janeiro de 2007


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