AIM-7 Sparrow |
O AIM-7 Sparrow (AIM -
Aerial Intercept Missile) é um míssil ar-ar de
médio alcance guiado por radar
semi-ativo de onda contínua (Semi-Active Radar-Homing - SHAR),
qualquer tempo,
para atacar alvos de alto desempenho e mísseis. Voa no
método aceleração-planeio
sendo disparado ou ejetado.
O Sparrow é usado no F-104,
F-14 Tomcat, F/A-18 Hornet, F-15 Eagle, F-16 e foi projetado para ser a
arma
primária
do F-4 Phantom II.
O Sparrow Weapon System
consiste do míssil guiado por radar, equipamento de suporte,
teste, manejo e
treino, ferramentas e containers, e equipamento da aeronave para
disparar.
O míssil Sparrow é dividido
em quatro seções: guiamento, ogiva, controle de vôo
(piloto automático e
sistema de controle hidráulico) e motor. O corpo é
cilíndrico com asas no meio
e barbatanas na cauda. As dimensões raramente mudam de um modelo
para o outro, mas os
componentes
internos sempre melhoram.
A seção de guiamento e
controle (Guidance and control Section - GCS) faz o acompanhamento o
alvo,
direciona os estabilizadores e faz navegação, e inicia a
detonação da ogiva por
impacto ou proximidade. Os modelos mais atuais usam técnicas
“doppler shift”
para comparar a energia recebida pela antena anterior e posterior para
saber a
velocidade de aproximação do alvo.
As seções de guiamento
iniciais usavam eletrônicos a base de válvulas a
vácuo. Os atuais usam
transistores. Esta seção consiste no radome do radar,
cabos, antena frontal,
receptor, computador, espoleta e o atuador da antena. A espoleta usa
radar
ativo que ativa a ogiva quando o alvo passa dentro do raio letal da
ogiva.
A Seção de Controle
consiste de um piloto automático e controles hidráulicos
para guiar o míssil e
um conversor AC/DC para adaptar a força de fonte externa. O
controle em vôo é
feito por quatro barbatanas em delta no meio do corpo operadas
hidraulicamente.
O míssil é estabilizado por quatro barbatanas na cauda
alinhada com as asas no
meio corpo.
A ogiva (Wahead Assembly) inclui espoleta iniciadora, dispositivo de
segurança
e explosivo. Depois do míssil ser disparado, um rotor interno
gira e liga os
circuitos
para armar a ogiva.
O motor foguete sólido Hercules Mk 58 Mod 0 acelera o
míssil por 4,5 segundos e
queima por mais 11 segundos na fase de sustentação. Os
motores do Sparrow são
todos citados como tendo 3.500 kgf de empuxo. O motor tem 1,3 metros de
comprimento. A última versão que equipa o AIM-7R tem
propelente com pouca
fumaça.
Os mísseis operacionais são acompanhados pelo
míssil de treino ATM-7 com
telêmetro no lugar da ogiva, o Captive Air Training Missile
(CATM)-7 para
treino sem disparo e o Dummy Air Training Missile (DATM)-7 usado para
treino de
manuseio.
Versões
O Sparrow iniciou sua
história como projeto Hotshot em 1946 e se tornou operacional em
1953. Em 1947,
a Sperry recebeu um contrato da US Navy para desenvolver um sistema de
guiamento tipo "beam-raider" para ser instalado no foguete de 127mm
HVAR. Designado KAS-1, o míssil passou a se chamar AAM-N-2
Sparrow em setembro
de 1947. O diâmetro logo se mostrou insuficiente.
A Douglas desenvolveu uma
fuselagem de 20,3 cm de diâmetro (oito polegadas) com o primeiro
teste planado
do XAAM-N-2 em 1948. O primeiro disparo com sucesso foi em 1952 e
entrou em
serviço em 1956 no F3H-2M Demon e no F7U-3M Cutlass. Apenas 2
mil mísseis deste modelo foram
produzidos. O desempenho era ruim e o sistema beamraider usava mira
ótica na
aeronave e precisa de identificação visual do alvo o que
resultava em um míssil
de curto alcance e capacidade apenas com tempo bom. O míssil foi
usado também
no F3D-1M/2M Skynight. O AAM-N-2 foi chamado posteriormente de AIM-7A
Sparrow
I.
O AIM-7A de guiamento beamrider pesava 141 kg,
tinha 20cm de diâmetro e 3,56m de comprimento com envergadura de
99 cm. A ogiva
pesava 24kg. O alcance máximo era de 8km e atingia uma
velocidade de 2.740
km/h. O custo de desenvolvimento foi de US$ 195,6 milhões
(dólar de 1952).
O AIM-7B de guiamento semi-ativa pesava 190 kg, tinha
20cm de
diâmetro e 3,66 metros de comprimento com envergadura de 99 cm. A
ogiva pesava
23kg. O alcance máximo era de 8km e atingia 2.260 km/h. O custo
de
desenvolvimento foi de US$ 52 milhões (dólar de 1991).
Outra foto do AIM-7B, bem diferente da anterior.
A
designação
XAAM-N-9 Sparrow X é a versão nuclear de 1958 com ogiva
W-42. Foi
cancelado ainda na fase de projeto.
Designação
antiga |
Nova
designação |
Apelido |
AAM-N-2 |
AIM-7A |
Sparrow I |
AAM-N-3 |
AIM-7B |
Sparrow II |
AAM-N-6 |
AIM-7C |
Sparrow IIIA |
AAM-N-6a |
AIM-7D |
Sparrow III |
AAM-N-6b |
AIM-7E |
Sparrow IIIB |
SPARROW III
O desenvolvimento do Sparrow moderno foi iniciado em 1955 com a Raytheon. Designado XAAM-N-6 Sparrow III, o novo míssil usaria radar semi-ativo e tinha capacidade de combate além do alcance visual.
A produção foi iniciada em janeiro de 1958 e entrou em serviço em agosto daquele ano. Usava um motor foguete de combustível sólido Aerojet, uma ogiva Mk 38 de 30kg de carga contínua. Um total de 2.044 XAAM-N-6 foram produzidos. O custo de desenvolvimento foi de US$350 milhões e cada míssil custou US$43 mil (dólar de 1969). O míssil foi designado AIM-7C posteriormente.
No guiamento semi-ativo a aeronave lançadora emite radiação com seu radar em direção ao alvo. O retorno de radar do alvo é recebida pelo sensor do míssil que é convertido em comandos para o míssil seguir até o alvo.
A iluminação do alvo pode ser feita por uma aeronave e o disparo do míssil por outra. Existe também o método de disparo tipo "flood" onde o caça dispara o míssil sem ter recebido um contato de radar inimigo mas sabe da presença do mesmo e irradia naquela direção. O sensor do míssil tem boas chances de receber o retorno do alvo quando este estiver próximo.
O AAM-N-6a/AIM-7D era a próxima versão produzida a partir de 1959. Usava um novo motor foguete de combustível líquido Thiokol Mk 6 Mod 3 (LR44-RM-2) com maior alcance e maior teto de serviço. O sistema de guiamento foi melhorado para ter uma alta razão de aproximação e maior resistência a contramedidas.
A Raytheon produziu um total 7.500 AIM-7D. Foi usado nos F3H-2M Demon e F4H-1 Phantom da US Navy. Na USAF foi usado nos F-110A Spectre (F-4C Phantom II após 1962) com a designação de AIM-101.
O AAM-N-6b recebeu novas melhorias e entrou em serviço em 1963. Foi chamado de AIM-7E após a designação unificada pós-1963. Usava um motor foguete sólido Rocketdyne Mk 38 e Mk 52. O AIM-7E foi usado como base para a versão naval RIM-H Sea Sparrow BPDMS (Basic Point Defense Missile System).
O
primeiro Sparrow usado pelo F-14A foi o
AIM-7E-2 usado no fim da guerra do Vietnã. Tinha várias
atualizações para
aumentar a confiabilidade.
O alcance do Sparrow dependia
de vários
parâmetros como
velocidade e velocidade relativa do alvo. O alcance frontal em
condições ótimas
pode chegar a 35km. Contra uma aeronave fugindo a baixa altitude a
distância de
disparo chega a 5,5km.
Em janeiro de 1972, a Raytheon iniciou o desenvolvimento do AIM-7F que entrou em serviço em 1976 no F-15 Eagle. Era um míssil praticamente novo com melhores aviônicos com tecnologia de transistores substituindo as válvulas miniaturizadas das versões anteriores. O AIM-7F recebeu uma ogiva nova e um motor maior e mais potente modelo Hercules Mk 58 ou Aerojet General Mk 65.
O AIM-7F recebeu um novo GCS, o AN/DSQ-35, compatível com radares pulso-doppler. O GCS diminuiu de tamanho e permitiu a instalação de uma ogiva maior Mk 71 de 29kg. Os novos eletrônicos e a ogiva foram movidas para frente e o motor aumentado passando a ter duplo impulso (aceleração e sustentação) resultando no dobro do alcance (28-30 milhas em combate frontal).
Os teste do F-15 em 1976 incluía interceptar um míssil Bomarc a voando a 68 mil pés a Mach 2.7 com um AIM-7F. Outros testes mostraram que Sparrow era ruim contra alvos manobrando ou com ruído de solo.
Cerca de 5.400 mísseis AIM-7F foram produzidos entre 1975 e 1981. A General Dynamics produziu 3.000 a partir de 1977 e foi exportado em grande número. Também foi produzido sob licença pela Mitsubishi japonesa para ser usado no F-4EJ e no F-15J. No total foram produzidos 19 mil mísseis deste modelo. Cada unidade custava cerca de US$ 73 mil e o custo de desenvolvimento foi de US$ 83,1 milhões.
O modelo AIM-7H foram 5 mil
mísseis AIM-7F modernizados com novo radar de varredura cônica para uso contra
alvos
voando baixo, mas
mostrou ser muito susceptível a interferência
eletrônica. Também recebeu um
novo sistema controle de tiro
e podia
ser ligado mais rápido (2 segundos) com sistema BITE integrado.
O tempo médio
entre falhas (MTBF) aumentou para 500 horas. O AIM-7L usava maior
quantidade de
transistores no lugar das válvulas. O AIM-7N era o AIM-7F
modernizado para o
F-15 MSIP e foram produzidos poucos. O Sparrow III passou a se chamar
Sparrow
para simplificar.
O AIM-7M foi introduzido em serviço em 1982 com sensor monopulso digital com varredura cônica invertida resultando em maior dificuldade de detecção pelo inimigo, maior resistência à interferência e melhor capacidade look-down, shoot-down. É o míssil atualmente em serviço.
Esta versão tem melhor
disponibilidade em relação às versões
anteriores e melhor desempenho a baixa
altitude e contra interferência eletrônica. A ogiva
é mais letal. Possui computador digital
com memória
EEPROM. O software é o H-Build produzido desde 1987. O novo
piloto
automático permite voar uma trajetória otimizada com o
alvo iluminado apenas na
fase de meio curso e final. Está em uso no F-15 e F-16 da USAF e
em várias
aeronaves e navios da OTAN.
O AIM-7M Iniciou como um projeto conjunto da USAF e US Navy. O custo de
desenvolvimento foi de US$92,4 milhões e cada míssil
custou US$125 mil. Foram
construídos cerca de 16.930 mísseis deste modelo pela
Raytheon e General
Dynamics.
A versão naval RIM-7M usava sensor monopulso invertido e novo
seção de
guiamento WGU-6/B (depois WGU-23/B). Não há evidencias de
versões J/K/L. A nomeclatura
AIM-7J as vezes está associado com o AIM-7E japonês.
O AIM-7P é a versão mais
recente com sensor duplo IR e radar semi-ativo. Foi produzido em dois
blocos de modificações do AIM-7M entre
1987 a 2001. O bloco
I tem capacidade de atacar alvos voando a baixa altitude como
mísseis cruise. O
míssil recebeu uma nova espoleta. Foram modernizados 600 AIM-7M
para o bloco I.
Corte Interno do AIM-7F e
AIM-7M. Notar o tamanho maior do motor com a transferência da ogiva
para frente da barbatana de controle.
O F-16 usa o Sparrow em um cabide
ejetor nas asas.
O F-2 Japonês usa o AIM-7
Sparrow em um lançador no lugar de ejetores.
O F-20 seria o menor
caça a
usar o Sparrow se entrasse em operação.
Não existem evidências da existência de modelos AIM-7Q e o próximo prefixo foi o AIM-7R que era um projeto do início da década de 90 para um AIM-7P Bloco II. O programa Missile Homing Improvement Program (MHIP), ou AIM-7R, pretendia adicionar um sensor IR para melhorar a resistência a interferência. A versão naval seria o RIM-7R. O contrato de US$138.7 milhões foi dado a Raytheon e General Dynamics em 1991. O programa foi completado em outubro de 1994. O AIM-7R teria novo motor Mk 58 Mod 5. O programa foi cancelado em dezembro de 1996 devido aos custos. O sensor IR foi usado no RIM-66M-5 SM-2 Block IIIB e era um sensor do AIM-9L com menor tamanho.
|
AM-N-2 (AIM-7A) |
AIM-7C |
AIM-7E |
AIM-7F |
AIM-7M/P |
RIM-7M/P |
Comprimento |
3.74 m |
3.66 m |
||||
Envergadura |
0.94 m |
1.02 m |
||||
Envergadura da
barbatana |
0.88 m |
0.81 m |
0.62 m |
|||
Diâmetro |
20 cm |
|||||
Peso |
143 kg |
172 kg |
197-205 kg |
228-233 kg |
||
Velocidade |
Mach 2.5 |
Mach 4 |
||||
Alcance |
10 km |
11 km |
30 km |
70 km |
26 km |
|
Propulsão |
Aerojet
1.8KS7800 s |
Rocketdyne MK
38/MK 52 |
Hercules MK 5 |
|||
Ogiva |
20 kg |
30 kg MK
38 |
39 kg MK
71 |
40 kg
WDU-27/B |
O HQ-61
é a copia chinesa do Sparrow, mas é mais
comprido (3,99 x 3,66 metro), mais largo (286 x 203 mm) e mais pesado
(320 x
230kg). A versão ar-ar é o PL-10.
As
versões AIM-7C, AIM-7D e
AIM-7E foram usadas no Vietnã com resultados desapontadores. O
Sparrow foi
projetado originalmente para atacar alvos grandes, subsônicos e
que não
manobram como bombardeiros. Se disparado contra alvo manobrando ou
voando
abaixo de 1500 metros, geralmente erram. Apenas 9% dos Sparrow
disparados
realmente atingiram o alvo no Vietnã ( 612 mísseis disparados com 56
vitórias). Cerca de 65% dos mísseis falharam
após o disparo (não disparou, não ligou motor ou
não guiou corretamente) e 23% erraram.
Outra
limitação era
as regras de engajamento em vigor na época, que obrigavam o
disparo no alcance
visual para evitar que o disparo fosse contra alvos amigos após
conseguirem
identificação visual positiva do alvo. Isto negava o uso
além do alcance visual
onde deveriam ser mais efetivos.
Os F-4 Phantom II americanos derrubaram mais de 50 caças
vietnamitas.
As
limitações do modelo AIM-7E resultou no AIM-7E2 e AIM-7F.
Mesmo nas versões
atuais o alcance máximo não excede o alcance útil.
O
míssil continua não sendo bom
para combate aéreo aproximado e é mais efetivo contra
alvos não manobráveis.
Em janeiro de 1989,
dois F-14 do CV-67 JFK
patrulhavam o Mar Mediterrâneo quando dois MiG-23 libios se
aproximaram. Depois
de tentar desencorajar o combate, o líder disparou dois Sparrow
que erraram sem
conseguir manter o contato. O ala derrubou um MiG com outro Sparrow. O
outro
MiG foi derrubado com um Sidewinder.
Em
1987, um F-4 iraniano foi engajado e o motor do míssil falhou no
disparo. Outro
Sparrow foi disparado quase no alcance mínimo e perdeu o alvo.
No
conflito do Golfo em 1991, foram disparados 71-76 mísseis AIM-7M
Sparrow que
derrubaram 23-28 caças iraquianos em sete semanas. A maioria dos
disparos foram
contra os MiG-25. O Sparrow mostrou ter boa disponibilidade e
confiabilidade.
Outros fatores foram o melhor treino dos pilotos e novos
eletrônicos. A
supremacia aérea
total e o baixo moral dos pilotos iraquianos também ajudaram.
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