AIM-9 All Aspect
  
A guerra aérea no Vietnã e no Yom Kippur mostraram claramente as limitações dos Sidewinder que não tinham bom desempenho a baixa altitude devido a emissores IR de fundo pela superfície da terra e de nuvens, e pelo engajamento limitado ao hemisfério traseiro devido ao alcance espectral do sensor de PbS. A necessidade de capacidade contra alvos ágeis ditava mudanças no material do detector e espoleta de proximidade, pois o sensor IR da espoleta sentia o exaustor do alvo a curta distância.

O AIM-9L (Lima) iniciou a Terceira Geração do Sidewinder caracterizado pela capacidade "all-aspect". Em 1971, a USAF e US Navy fizeram um acordo para desenvolver o AIM-9L de terceira geração. Era um Sidewinder bem melhorado em relação ao AIM-9H. O principal objetivo era ter capacidade qualquer aspecto (All-Aspect), ou seja, pode engajar alvos que estejam voando em qualquer direção, até mesmo de frente para o lançador e atingir alvos manobrando violentamente e/ou muito rápidos em qualquer altitude.

O AIM-9L era basicamente um AIM-9H com novo sensor, nova espoleta e novo sistema de refrigeração. O sistema Cassegrain do AIM-9H foi mantido, mas um novo retículo de frequência modulada (FM) foi adotado, com mudanças nos eletrônicos de guiamento. O reticulo FM dava melhor desempenho ao reduzir o efeito do aumento do tamanho do alvo com a diminuição do alcance na saída do sinal de erro do sensor, um fator que afetava o comportamento dos sensores AM. Também dava melhor capacidade de rejeição de contramedidas.

Outra característica era o uso de um detector de Antimoniato de Índio (InSb) refrigerado por argônio mais sensível á radiação IR de menor frequência na banda de 4 micra. Isto superava uma deficiência dos modelos anteriores que eram saturados pela radiação do ambiente a baixa altitude. Nesta frequência o autodiretor podia apontar não só no exaustor mas também nas áreas do alvo aquecidas pela fricção do ar. Este sensor permitia a aquisição e acompanhamento de alvos todo aspecto, devido a sensibilidade a ondas IR mais longas e o filtro rejeitando as ondas curtas.

O AIM-9L tinha capacidade off-boresight de +/- 67 graus limitado a +/-27 graus antes do lançamento. No envelope de manobra foi empregada a compensação Lambida que evitava que o sensor atingisse o limite angular durante a fase inicial de vôo. Se o alvo forçar o sensor a passar do limite angular o trancamento é quebrado e o míssil é perdido.

A uma nova seção de comando e guiamento AN/DSQ-29 era baseada em transistores. Também recebeu um motor Mk 36 modificado (mod 8 a 11). Os atuadores do AIM-9H foram mantidos, mas o canard foi reprojetado para duplo delta pontiagudo.

Uma espoleta de proximidade laser DSU-15/B AOTD (Active Optical Target Detector) de alta resistência a contramedidas detonava a ogiva de fragmentação anular WDU-17/B de 9,4kg. A nova ogiva é mais letal com arranjo de explosão anular com duas camadas de balins de tungstênio com raio letal de 10 metros. Apenas 3,6kg eram de explosivos e o resto era de metal que se detonar próximo do alvo pode perfurar os tanques de metal. O AIM-9L foi usado no conflito das Malvinas e na batalha do vale de Bekaa em 1982 com Pk de mais de 80%.



Explosão de uma ogiva anular contra um drone QF-86.

O resultado final foi um míssil capaz de adquirir alvos em qualquer aspecto, com melhor razão de acompanhamento, melhor manobrabilidade e guiamento terminal.

A produção iniciou em 1978 com mais de 16 mil produzidos pela Philco-Ford, Raytheon, BGT alemã e Mitsubishi japonesa. O consórcio europeu foi responsável pela fabricação de 9 mil mísseis. O AIM-9L japonês equipava os F-4EJ e F-15J. O custo de desenvolvimento foi de US$ 45,5 milhões. O custo unitário é de cerca de US$50-58 mil.

O AIM-9L tinha versões ATM-9L de treino, CATM-9L de vôo cativo e DATM-9L e manejo. O NATM-9L era usado para teste e avaliação.

O AIM-9L logo mostrou que as táticas de combate estavam se tornando absoletas. A capacidade de giro instantâneo das aeronaves de caça se tornou mais importante que giro sustentado. A capacidade de apontar o nariz para o oponente se tornou mais importante que realizar várias manobras para adquirir o alvo no aspecto traseiro ou frontal. O AIM-9L também diminuiu a capacidades dos alvos usarem manobras evasivas quando engajados por trás.


O sensor a base de InSb do AIM-9L usa varredura FM-AM com melhor estabilidade de acompanhamento.


Detalhes do sensor do AIM-9L.

O AIM-9M (Mike) era um desenvolvimento do AIM-9L introduzido em 1982. Tinha um desempenho melhorado, melhor capacidade de contra-contramedidas e rejeição de ruído de fundo com o GCS WGU-4/B que discriminava também a radiação ultravioleta (UV) sendo um sensor de banda dupla. Os eletrônicos eram de transistores e só tinham duas válvulas.

O AIM-9M é equipado com um motor Hercules Mk36 Mod 9 pesa 45kg sendo 27kg de propelente HTPB com menos fumaça para diminuir a assinatura visual da arma. A ogiva WDU-17/B pesa 9,4kg sendo 3,5kg de explosivo PBXN-3. A capacidade de detecção foi aumentada e a de contra-detecção diminuída. A disponibilidade também foi aumentada. A capacidade de manobra inclui raio de curva de 750 metros, ângulo de ataque ótimo de 10 graus e aceleração lateral de 35g´s.

O Mike entrou em operação em 1983. O custo de desenvolvimento foi de US$39,8 milhões. Cada unidade custava cerca de US$ 73-84 mil. A Raytheon produziu mais de 11.350 dos subtipos M-1 ao M-10. A variante M-1 e M-2 mostrou ser muito sensível aos flares russos. A variante AIM-9M-7 foi usado apenas da Operação Tempestade do Deserto e é otimizado para as ameaças locais conseguindo 10 vitórias no conflito.

As variantes de produção principais eram o M-8 da US Navy e o M-9 da USAF com motor Mk 36 Mod 11 com propelente HTPB, WGU-4E/B e DSU-15B/B. A maioria foi modernizado para o padrão M8/9. O M-10 era um M-8 modificado para o F/A-18E/F Super Hornet.

O AIM-9M é a versão operacional mais recente.

O AIM-9Q (Quebec) era uma modernização do AIM-9M com nova seção de guiamento e controle para a US Navy. O AIM-9S (Sierra) era um AIM-9M piorado de exportação sem capacidade de contra-contramedidas. O primeiro comprador foi a Turquia.


O USMC usa o Sidewinder no helicóptero de ataque AH-1 Cobra. Os testes foram em 1988. O Helicopter-Launched Sidewinder foi testado no AH-64 Apache em novembro de 1987 com dois disparos. Os testes foram bancados pela Raytheon para um míssil de auto-defesa. Um disparo foi pairado e outro a 150 km/g.

Como o AIM-9L preencheu o papel de míssil de combate aéreo de linha de frente da USAF, ainda existia a necessidade de um míssil secundário para situações de baixa demanda e para exportação para aliados “confiáveis”. Estes requerimentos foram preenchidos pelo AIM-9P (Papa)

O AIM-9P era um modelo B/E ou J reconstruído com novo motor Hercules/Aerojet SR 116, espoleta e melhor disponibilidade. O alcance de engajamento foi aumentado, a manobrabilidade foi melhorada e os eletrônicos de transistores o tornavam mais confiável e fácil de manter. Entrou em serviço em 1978 com mais de 21 mil reconstruídos.

A variante P-1 tinha espoleta ótica ao invés de detector IR. O P-2 usava um motor com menos fumaça. O P-3 tinha o novo motor com menos fumaça e a nova espoleta ótica. Também recebeu uma nova ogiva mais resistente a altas temperaturas e maior vida útil e um novo sistema de guiamento e controle. O P-4 tinha capacidade todo aspecto sendo conversões das variantes anteriores. O P-5 tinha melhor capacidade de contra-contramedidas.


Um AIM-9P na versão de vôo cativo (cor azul) e um AIM-9J. Notar que o "juliet" é mais curto que o "papa".


Um F-16 da USAF disparando um AIM-9P. Notar o motor foguete com baixa emissão de fumaça.


O AIM-9 é leve e pode ser carregado por três homens. Um AIM-9P sendo instalado em um F-15 Eagle.

AIM-9 de Quarta Geração

O AIM-9R (Romeu) seria o AIM-9M Product Improvement Program (PIP). O Programa Pave Prism foi iniciado em 1986 para melhorar a capacidade de rejeição de ruído de fundo e melhor seleção de ponto de pontaria com o novo sensor WGU-19/B IIR de imagem IR da Loral Aeronutronics. O campo de visão seria aumentado para alvos manobrando, teria capacidade de disparo off-boresoght e melhor capacidade de contra-contramedidas.

O sensor era estabilizado em três eixos com detector de imagem IR tipo FPA (Focal Plane Array). O alcance de detecção seria bem maior alcance e o processador digital de imagem usaria memória EPROM para facilitar a modernização de software. Teria novo sistema de refrigeração que seria montado no míssil (versão da USAF) ou no lançador (versão da US Navy).

O desenvolvimento custou US$ 50 milhões. Os primeiros 65 sensores IIR foram entregues a US Navy em maio de 1990. O primeiro disparo foi em 1990. Cinco de seis testes obtiveram sucessos. Em setembro de 1991, a USAF saiu do programa devido ao custo de US$103 mil esperado para cada míssil. A US Navy estimava o custo unitário de US$ 70-180 mil. A US Navy saiu em dezembro considerando o custo desenvolvimento alto para bancar sozinha. Em 1992, o programa foi cancelado por falta de fundos. Era planejado a conversão de 5 mil AIM-9M para o padrão R entre 1992 a 1994.

AIM-9R Sidewinder
Sensores WGU-19 do AIM-9R com processador digital de imagens. O sensor CCD teria um campo de visão instantâneo muito maior que os sensores de retículo, maior capacidade de acompanhamento, seleção de ponto de pontaria, maior alcance de detecção e melhor capacidade rejeição de ruído de fundo e flares, mas uma das limitações do modelo é não poder ser usado a noite. Seria o primeiro míssil americano com capacidade high off-boresight.


O Sidewinder usa um sensor de baixa resolução que detecta radiação IR. Todo objeto emite radiação IR. O modelo AIM-9X usa um sensor que vê uma imagem com formas que permite o engajamento frontal e maior capacidade de contra-contramedidas (IRCCM). O sensor de imagem usa técnica FPA (Focal Plane Array) igual às câmeras digitais das filmadoras modernas. Tem um campo de visão instantâneo maior que o sistema reticular dos Sidewinder antigos, e fixa no alvo e nos contornos do ambiente de fundo, rastreando o alvo pelo contraste da mesma forma que os mísseis guiados por TV como o Maverick e GBU-15. O sensor considera a imagem de fundo e a rejeita. Também poder discriminar alvos múltiplos e contramedidas como flare. O sistema é imune a interferidores de pulso convencional. O alcance de aquisição é bem maior e melhora o desempenho de acompanhamento. O Software tem capacidade de selecionar o local de pontaria no alvo como a cabine do piloto.

A última compra de US Navy e USAF do AIM-9M foi em 1988. A USAF modernizou 6.600 AIM-9M
para o padrão M-9 até dezembro de 2000. Era esperado que o Sidewinder fosse substituído pelo
AIM-132 ASRAAM na década de 90. Os atraso do programa ASRAAM e o cancelamento do AIM-9R
levou a uma nova compra em 1993. Agora a próxima versão será o AIM-9X de quinta geração.
Tabela com os subtipos finais do AIM-9:

AIM-9J AIM-9L AIM-9M AIM-9P4-5 AIM-9R
Serviço
USAF
Conjunto Conjunto USAF US Navy
Sensor
PbS
InSb InSb InSb FPA
Refrigeração
Peltier Peltier
Peltier
Peltier -
Domo
MgF2 MgF2 MgF2 MgF2 Vidro
Retículo
100
125
125 100
FPA
Modulação
AM
FM FM FM FPA
Campo de visão (graus)
-
+/-27
+/-27 -
-
razão de rastreio (g/s)
16,5
Secreto
Secreto >16,5
Secreto
Capacidade de manobra (g)
22
22
35
-
-
Eletrônicos
Transistores Transistores Transistores Transistores Transistores
Ogiva (kg)
4,5
9,4
9,4
-
-
Espoleta
IR
IR/Laser
IR/Laser IR/Laser IR/Laser
Motor
Hercules/Aerojet
 Mk 17
Hercules/Bermite
 Mk36 Mod 7,8
MTI/Hercules
Mk36 Mod 9
Hercules Mk36
SR 116
Hercules/Bermite
 Mk36 Mod 9
Lançador
Aero-III
Comum
Comum Comum Comum
Comprimento (m)
3,05
2,85
2,85 2,87 2,85
Largura (cm)
56
63
63
63 63
Peso (kg)
78
85,3
86
78
85,3


O F-22A Raptor leva o Sidewinder em lançadores internos nas laterais da entrada de ar. A foto mostra os mísseis em posição de disparo.

Atualizado em 30 de Janeiro de 2007

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