Uso Operacional

O primeiro uso operacional do Sidewinder foi em 22 de setembro de 1958 quando quatro caças F-86F Sabres de Taiwan patrulhando o estreito de Taiwan, durante a crise do estreito de Quemoy-Matsu. Neste dia eles encontraram quatro caças MiG-15 chineses que foram derrubados com mísseis AIM-9B fornecidos pela US Navy. Até aquela data os pilotos estavam limitados ao disparo de canhão e metralhadoras no combate aéreo.

O Sidewinder foi extensivamente usado no Vietnã pela USAF e US Navy. Os F-4 Phantons no Vietnã não usavam o AIM-7D/E Sparrow regularmente devido a necessidade de identificação visual do alvo. O Sparrow também não era útil contra alvos do tamanho de um caça e voando a baixa altitude. O AIM-9B/D Sidewinder era a arma de escolha nesta situação.

Com mau tempo ou baixa altitude, os resultados eram ruins. Porém, os Sidewinder obtiveram a maior porcentagem de vitórias no Vietnã em comparação com outras armas.

O Sidewinder conseguiu um total de 82 vitórias no Vietnã. A USAF derrubou 28 MiGs com o AIM-9B/E. A probabilidade de acerto (Pk) foi de 16% ou 28 acertos em 175 disparos feitos pelo F-4C/D. As variantes da US Navy AIM-9D e AIM-9G tiveram mais sucesso sendo responsáveis pela maioria das vitórias da US Navy.

Entre 1965 a 1968, foram lançados 187 Sidewinder AIM-9B e AIM-9D obtendo 16% de sucesso e de 1971 a 1972 foram lançados 267 AIM-9D e AIM-9G com 19% de sucesso. Os mísseis AIM-7 Sparrow tiveram um desempenho ainda pior .

A probabilidade de sucesso do AIM-9B em condições ideais era de 70% contra os QF-80 e Firebee em testes no deserto e com bom tempo. Na prática o alvo estava errado ou a posição ou trancou na emissão errada.

Os F-4C derrubaram 22 MiGs com o Sidewinder e 14 com o Sparrow. Também conseguiram 4 vitórias com o canhão e dois com "manouvre kill" (o inimigo caiu enquanto manobrava). Foi um total de 54 MiG-21 derrubados contra 104 perdas.

Os F-4E derrubaram 21 MiGs sendo 10 com Sparrow, 5 com canhão e 4 com o Sidewinder. Um kill foi com o Sidewinder e canhão e outro foi um "manouvre kill". Os F-4E voava mais em missões de ataque. Os F-4C/D derrubaram 38 MiGs com 175 disparos entre 1965 e 1968 com um Pk de 16%.

A maioria dos kill da US Navy foi com os modelos AIM-9D/G contra os MiG-17 e MiG-19 voando a baixa altitude. Na operação Linebaker, no fim da campanha, a US Navy usou o AIM-9H. Os modelos iniciais sofriam com os pousos no convés por usarem válvulas. O AIM-9H com eletrônicos a base de transistores tinham menos problemas. Foi pouco usado por aparecer no fim do conflito e com poucos disponíveis, mas o Pk foi alto.

O AIM-9E foi usado no Vietnã no fim da década de 60. Como a maioria dos engajamentos da USAF eram a grande altitude o Sidewinder era menos usado que o Sparrow e a curta distância o F-4E e o F-105D/F/G usava o canhão M-61 Vulcan. O AIM-9 só derrubou 14% dos Kill da USAF. Este ambiente produziu menos pressão para a melhoria das variantes da USAF e resultou em versões menos capazes que a da US Navy. O F-4B da US Navy só confiava no Sidewinder nos combates aéreos. A maioria dos kill foi traseiro e os mísseis entravam no escape do motor e partiam os mig no meio logo antes da asa traseira.

No total foram 454 Sidewinders disparados 81 vitórias ou um Pk de 18%. Já com 612 Sparrows disparados foram derrubados 56 vitórias ou um pk de 9%.

A maioria dos problemas estava relacionada com treinamento e qualidade dos mísseis. Os Sparrow, Falcon e Sidewinder eram caros, pouco confiáveis e vulneráveis a contramedidas. Os MiGs escapavam pois os mísseis não funcionavam direito ou perdiam o alvo. Na operação Linebacker em 1972, a relação vitória/perdas foi de 6:1 devido a melhoria do treinamento (Top Gun) e da qualidade dos mísseis. Até 1966 esta relação era de 1:1 e no total foi de 3:1.

Os eletrônicos a válvula eram muito frágeis e os pilotos eram treinados em interceptação e não em combate aéreo. Os mísseis eram muito sensíveis a posição de disparo. Eram projetados para interceptar bombardeiros e não um MiG-17 voando a baixa altitude. O AIM-9B estava limitado a disparo a 2 g´s e o sensor trancava regularmente no sol ou nuvens. O alcance estava limitado a 4km.

Os primeiros Sidewinder tinham sérios problemas na confiabilidade. Um dos protótipos do AIM-9D foi aos testes finais 30 vezes e falhou em todos  Da produção da Philco, apenas 23% dos mísseis entregues funcionavam. Da produção da General Electric, um dos mísseis entregues à Marinha não possuía o detector infravermelho e outro continha cinzas de cigarro na parte interna do domo. Em 1967, a produção de AIM-9D na Raytheon era de 300 mísseis por mês e apenas 100 eram aprovados nos testes.

A Força Aérea Israelense tem um grande histórico de vitórias contra aeronaves árabes. Na guerra do Sinai em 1967 não ouve vitórias com mísseis ar-ar. Na Guerra do Yom Kippur foram pelo menos 19 vitórias com o AIM-9D disparados pelos Mirage IIIBJ e F-4. Na guerra de atrito entre 1973 e 1982 foram 11 vitórias com o AIM-9D e um danificado. No vale de Bekaa em 1982 foram 16 vitórias confirmadas com o AIM-9L. Outra fonte cita 51 vitórias com o Sidewinder de 55 aeronaves sírias derrubadas. Em 14 de setembro de 1989 é citado a derrubada de um MiG-29 sírio por um F-15.

Durante o conflito das Malvinas/Falklands em 1982 os britânicos receberam 100 mísseis AIM-9L para equipar seus caças Harrier e Sea Harrier. Foram disparados 26 mísseis Sidewinder com 18 vitórias ou um Pk de 69%. A grande maioria dos disparos foi em engajamentos traseiros com alvos que não manobravam e nem sabiam que estavam sendo atacados.

Um Sea Harrier disparou dois Sidewinder contra um C-130 Hercules voando a baixa altitude. Um míssil passou perto e outro atingiu a asa que pegou fogo. O Sea Harrier teve que disparar 240 tiros de 30mm e conseguiu cortar a asa. Os argentinos passaram a levar suprimentos a noite.

O piloto Bertie Penfold derrubou um Dagger em 1 de maio 82 com um disparo a grande altitude com o alvo a cerca de 5km e se distanciando. O piloto Dave Smith derrubou um A-4 em 8 junho com o alvo voando baixo a 3km também se distanciando. O piloto Martin Hale disparou e perdeu um Sidewinder contra um Dagger a cerca de 3km voando baixo. Dois dias depois disparou contra um alvo voando baixo a 800 metros e acertou. O piloto Clive Morrel disparou um míssil que teve defeito, o único de 26 disparos. O esquadrão 800 conseguiu um Pk de 86% com 12 kill e14 disparos.


Os Sea Harrier britânicos derrubaram 18 aeronaves argentinas com nenhuma derrota no conflito das Malvinas/Falklands.

Na Guerra do Golfo em 1991, a maiorias dos engajamentos foram traseiros e com alvos que não manobravam ou realizavam manobras evasivas. A maioria das vitórias foi feita pelo Sparrow disparado além do alcance visual e não houve necessidade de ataques subsequentes a curta distância.

Mesmo assim foram realizados 86 disparos de mísseis AIM-9M Sidewinder pela US Navy, USMC e USAF com 13 vitórias. Um piloto pensou ter disparado o Sparrow em um engajamento frontal e quando viu a fumaça percebeu erro, disparou um míssil Sparrow. O Sidewinder alcançou o alvo primeiro.

Das 13 vitórias, quatro foram caças MiG-21, dois derrubados pelo F-15 e dois pelo F/A-18; dois foram Mirrage F1 pelo F-15; dois MiG-23 pelo F-15; dois Su-25 pelo F-15; um helicóptero Mi-8 pelo F-14 e mais dois Su-22 duas semanas após o cessar fogo pelo F-15.

Entre 1981 e 1991, os modelos AIM-9L e AIM-9M foram disparados outras 22 vezes com 13 vitórias. A Arábia Saudita conseguiu dois kill e o Paquistão derrubou outros 16.

No dia 29 de fevereiro de 1994 um F-16 (Basher 51) derrubou dois J-21 Orao em um intervalo de 30 segundos com dois AIM-9M na zona de exclusão aérea da Bósnia. O Basher 52 disparou outro AIM-9M contra outro J-21 que fugia sem acertar. Um outro par de F-16 entrou na luta e derrubou mais um J-21 com o AIM-9M.

O Sidewinder tem um histórico de fratricídio na USAF. Um B-52 amigo foi acidentalmente abatido pelo Sidewinder devido a falha no lançador. Um SH-3 Sea King e um F-4J também foram derrubados por engano. No dia 14 de abril de 1994 um F-15C derrubou por engano um UH-60 Black Hawk que voava na zona de exclusão aérea no norte do Iraque.

AIM-9 Sidewinder
Foto da câmera de ataque de um F/A-18 da US Navy durante a derrubada de um MiG-21 iraquiano.


Um MiG-19 do Paquistão disparando um AIM-9P. O Paquistão usou o AIM-9B extensivamente com 11 vitórias confirmados. Seus AIM-9P tiveram três vitórias confirmadas e três danificados. Com o AIM-9L foram seis confirmados e um danificado. Antes do disparo, o piloto liga o autodiretor e ouve um sinal apropriado do míssil no fone de ouvido. Na fase de busca o piloto ouve um tom de busca. O tom muda para rosnado quando detecta um alvo que muda de intensidade dependendo do qualidade da fonte emissora e do trancamento.

AIM-9P Sidewinder
Seqüência da derrubada de um drone QF-102 por um míssil AIM-9P.

Sidewinder
Sequência de disparo de um AIM-9L a partir de um F-15 contra um drone lançando flares. É possível perceber o míssil passando longe do caça e dos flares.

Sidewinder
Outra sequência de disparo de um AIM-9L a partir de um F-15 contra um drone lançando flares. Desta vez o míssil faz uma curva violenta para cima ao se aproximar do alvo. O rastro de fumaça está pouco visível na ultima tomada com o míssil pouco acima do centro da foto.


Atualizado em 30 de Janeiro de 2007


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