Desempenho


O AMRAAM foi projetado para ser muito mais letal que o AIM-7 Sparrow. As melhorias estão concentradas no motor, melhorando a velocidade, manobrabilidade e alcance, e na ogiva, espoleta, e sensor. O AMRAAM pode ser disparado a uma distância muito maior que Sparrow com um alcance balístico de 100km.

Num engajamento típico, o piloto acompanha o alvo com o radar Pulso-Doppler. O computador de bordo calcula as zonas de lançamento aceitáveis de acordo com a cinemática da aeronave, do alvo e da capacidade do míssil. A probabilidade de acerto é mostrada no HUD numa escala que vai de 0 a 100. Ao atingir o "100", o alvo entrou na zona sem escapatória (NEZ).

Quando o piloto decide disparar, o sistema INS do míssil recebe informações de posição sua e do alvo. Antes do lançamento o piloto automático é programado para ir até um ponto futuro próximo do alvo ("fly out" point). Depois do disparo, o INS guia o míssil até o ponto do espaço programado onde o míssil liga o radar e passa a adquirir o alvo de forma autônoma. O míssil voa por navegação proporcional, que sente o movimento com giroscópios Nortronics, em direção a vítima.

Ao ligar o radar o míssil passa a procurar o alvo sozinho. Ligando o radar só no fim do engajamento o alvo tem pouco tempo de alerta. O radar também interroga o alvo com um IFF embutido para evitar fratricídio. O piloto tem a opção de disparar o AMRAAM sem saber a posição do alvo ou sem um lock (modo Mad Dog).

O caça está liberado para manobrar ou engajar outros alvos após o disparo. Modos de radar tipo TWS (varre enquanto busca) permite que o caça procure alvos sem dar alerta de ataque ao inimigo.

O AMRAAM pode ser disparado de vários modos. O modo acima, mostrando o ponto futuro do alvo, é o modo "dispare-e-esqueça" com a aeronave lançadora deixando a área imediatamente.

No modo LRI - Long Range Interceptation - o ponto de ligar o radar pode ser atualizado pelo datalink, que tem uma antena montada na traseira do mísil, atualiza os dados de ponto futuro. Este modo é semelhante ao usado pelo míssil o AIM-54 Phoenix contra alvos a longa distância. O caça é liberado para manobrar mais tarde. Se o engajamento for difícil o míssil ainda pode continuar sem atualizar a posição do alvo mas com chances bem menores de sucesso.

O míssil pode ser disparado contra alvo único (até mais de um míssil por alvo), ou contra alvos múltiplos (quatro alvos no caso do F-15C/D equipado com o radar AN/APG-70).

O Tornado F.3 CSP não estava equipado inicialmente com a ligação de datalink com o míssil. Simulações mostraram que ele pode disparar o AMRAAM e depois pegar o oponente que escapou com manobras evasivas com o ASRAAM. Os custos de integração com o radar Foxhound mostrou ser proibitivo. O datalink foi integrado depois no Tornado.

O uso de datalink entre os caças também melhoram a capacidade do AMRAAM. O JAS-39 Gripen e os F-16 MLU europeus usam um Intra-Flight Datalinks (IFDL) para ataque furtivo. Um caça do grupo fica atrás e busca alvos, enviando dados para caças mais a frente. O adversário foca no "iluminador" e pode não ver os outros. Em 1999, os belgas testaram esta capacidade contra os F-15 da USAF que não sabiam contra qual modelo de F-16 estavam lutando. Os pilotos belgas dispararam o AMRAAM no modo "silencioso" com apoio do datalink IDM e pegaram os pilotos do F-15 de surpresa.


No combate aproximado o míssil adquire o alvo antes do disparo (modo LOBL - Lock-On Before Launch) e o caça está liberado para realizar manobras evasivas rápidas.

O motor permite acelerar o míssil até uma velocidade de Mach 4. O alcance máximo varia de 50 a 70km dependendo da altitude e velocidade do alvo e aeronave que dispara. O alcance em perseguição é de cerca de 20km a grande altitude e 5km a baixa altitude. O AMRAAM pode atacar alvos em qualquer perfil de vôo, desde a altitude muito baixas até grande altitude.

A zona sem escapatória (NEZ - No-Escape Zone) é de cerca de 10 NM (18km). A NEZ é um grande área em forma de gota em frente a aeronave lançadora. Qualquer alvo nesta zona não consegue escapar com manobras ou fugir
acelerando.
 
O
alcance é o fator de desempenho que mais se considera, mas na verdade é o menos relevante para se julgar a capacidade de um míssil. Quando atacados, os caças tendem a realizar manobras evasivas. É por isso que AIM-7 não tinha bom desempenho no Vietnã, apesar de ter um bom alcance, e era susceptível a contramedidas. Em 1991, apenas 36% dos mísseis Sparrow acertou o alvo. O AIM-54 tem um bom alcance, cerca de 150km, mas foi feito para atacar bombardeiros que não manobram. O conceito de NEZ apareceu na década de 80, sendo o espaço onde a aeronave não pode escapar com aceleração ou manobras se for disparo um misisl. O primeiro míssil a ter este foco foi AMRAAM.


Comparação da NEZ do Sparrow e AMRAAM.


Simbologia de disparo do AMRAAM dos F-16MLU.


Detelhes da simbologia do HUD dos F-16MLU mostrando a NEZ do AMRAAM. O Rmax1 e Rmin1 são o alcance máximo e mínimo. O Rmax2 e Rmin2 são a NEZ.

Os dados de alcance são estimados. Até em exercícios são usados dados de alcance falsos para não dar idéia do desempenho aos países estrangeiros.

A NEZ e o alcance dependem da velocidade e da altitude da aeronave. Um F-22 voando a grande altitude (15 mil metros) e em supercruzeiro (Mach 1.5) irá aumentar em cerca de 50% a NEZ do AMRAAM em relação a um caça subsônico na mesma altitude.

O AMRAAM não tem desempenho superior ao R-77 russo, mas o F-22 fará a diferença funcionando como uma propulsão extra. Depois de disparar sem ser detectado, o F-22 irá fugir da NEZ do R-77 com uma curva de 5 g´s a Mach 1.5. A US Navy não tem nada comparável e o F-35 não terá a capacidade de supercruzeiro do F-22.

Dados de 1992 mostravam que se um SR-71 equipado com o radar APG-65 lançasse o AMRAAM a 27 mil metros e a Mach 3.1, o míssil poderia atingir um alvo lento como o A-50 Mainstay voando de frente a Mach 0.8 e a 10 mil metros a uma distância de 140km. O programa ATF (atual F-22A) tinha requerimentos parecidos para destruir os AWACS russos na época da Guerra Fria.

O AMRAAM também é considerado muito manobrável. O controle é feito pelas barbatanas traseiras (oposto ao central do Sparrow), para dar maior manobrabilidade na fase terminal. O AMRAAM já demonstrou a capacidade de sustentar manobras de 28 g´s.


Testado em Combate

O primeiro uso operacional do AMRAAM foi ainda na Guerra do Golfo em 1991. Nos últimos nove dias do conflito, os F-15C do 58th TFS/33rd TFW realizaram cerca de 250 saídas com mísseis AIM-120A, ou cerca de 1.000 vôos. Nenhuma dessas saídas tiveram oportunidade para disparo. O Iraque estava escondendo seus caças ou fugindo para o Irã. Os mísseis eram levados em lançadores do Sidewinder o que acelerou a integração.

A primeira vitória do AMRAAM foi em 27 de dezembro de 1992 pelo F-16D do 33rdTFS/363rd TFW pilotado pelo Capitão Gary L. North. Essa aeronave era líder de uma formação de dois F-16 com código Benji 41 e Benji 42 em uma missão da operação Operation Southern Watch no Iraque. As 10:42, dois MiG-25PD penetraram a zona de exclusão, abaixo do paralelo 32, tentado interceptar caças da US Navy perto de Basra. Um E-3A (codinome Lock Leader) vetorou os dois caças para interceptar os bandidos que estavam voando a média altitude a mais de 30km dos F-16. O Benji manobrou para ficar de frente para um dos MiG-25 e recebeu autorização para disparo. A 5 km do alvo foi feito o disparo de um AIM-120A que levou 8 segundos para atingir o MiG-25. As duas aeronaves estavam se aproximando a cerca de 1500km/h. O segundo MiG-25 fugiu e consegui escapar do Benji 42. Duas horas depois dois F-15E engajaram um MiG-25 sem sucesso.

A segunda oportunidade de disparo foi em 16 de janeiro de 1993 por um F-16C da 52a TFW F-16C. Não se sabe o nome do piloto que disparou um AIM-120A contra um MiG-23 iraquiano também na zona de exclusão. O caça estava a curta distância e no limite da NEZ e não foi atingido.

No dia 2 de janeiro de 1993 um MiG-25 tentou interceptar um U-2R e foi atacado por um F-15C sem sucesso.

No dia 17 de Janeiro de 1992 um F-16C da 86o TFW/23o FS, pilotado por Craig D. Stevenson, disparou um AIM-120A contra um MiG-29, ou MiG-23, iraquiano voando no sul da zona de exclusão sem acertar.

No dia 18 de janeiro de 1993, um pacote de ataque composto de dez F-15E, quatro F-16, quatro Tornados GR1 e quatorze aeronaves de apoio atacaram centros de defesa aérea em Najaf, Samawah e Talil no Iraque. Estes alvos já tinham sido atacados no dia 13, mas o mal tempo atrapalhou. Durante o ataque um F-15C engajou um MiG-25 abaixo do paralelo 32 com um AIM-120 a 25 milhas e um AIM-7 a curta distância. Os dois mísseis erraram o alvo.

No dia 28 de fevereiro de 1994, um par de F-16C do 86o FS/526 FW com código Bhasher 51 (Capt. Robert G. Wright) e Bhasher 52 (Capt. Scott O'Grady que foi derrubado alguns dias depois por um SA-6) estavam patrulhando a zona de exclusão na Bósnia (operação Deny Flight) quando foram chamados pelo E-3 para interceptar seis caças Soko J-21 Jastreb (ou Galeb), voando próximo a Mostar na Bósnia, que não responderam aos chamados para deixar a zona de exclusão e estavam atacando alvos na cidade de Bugojno.

O Bhasher 51 disparou um AIM-120A derrubando um J-21 e depois disparou dois AIM-9M num intervalo de cerca de 30 segundos derrubando mais dois J-21. O Basher 52 de apoio passou para ataque quando o líder ficou sem combustível e engajou outro Jastreb e disparou um AIM-9M que errou ao alvo e teve que abandonar a perseguição por falta de combustível.

Um segundo elemento de F-16C, Knight 25 e 26, foram vetorados contra os outros J-21 em fuga derrubando mais um com o AIM-9M. Um dos J-21 que conseguiu fugir caiu por falta de combustível. Não se sabe se foi atingido por um míssil que danificou o sistema de combustível. Foram as primeiras vitórias ar-ar da OTAN.


Uma vitória não considerada pelo AIM-120 foi no dia 14 d abril de 1994 por um F-15C do 53o FS/52o FW F-15C, pilotado pelo Coronel E. Wickson, que disparou um AIM-120A contra um helicóptero UH-60A do US Army na zona de exclusão no norte do Iraque. O disparo foi a 7,4km de distância. O ala Capitão R. May atingiu outro UH-60 com um AIM-9M.

No dia 5 de janeiro de 1999, um F-15C do 1o FW, em patrulha na operação Southern Watch no Iraque, disparou pelo menos dois AIM-120C contra um MiG-25PD iraquianos a longa distância que conseguiu fugir a alta velocidade. Os caças iraquianos ligaram o radar com indicação de ataque iminente.

No mesmo engajamento, outro F-15C disparou mais dois AIM-120C e três AIM-7M contra um MiG-25PD a longa distância que também fugiu em alta velocidade.

Outra fonte cita o disparo de um Sparrow e três AMRAAM neste engajamento e outra fonte cita seis mísseis disparados e três MiG-25PD derrubados, de um total de 12 MiGs na batalha, outros 3 foram derrubados por outros caças, sem especificar por qual míssil.

Cerca de 15 minutos depois e a 100km de distância, outro F-14D disparou um AIM-54C contra um dos MiGs, mas também errou o alvo. Outra fonte cita mais um AIM-54C foi disparado contra outro MiG-25PD. Havia quatro F-15C e dois F-14D na área neste dia.

Os disparos foram todos a longa distância e os MiGs fugiram logo após o disparo. Neste dia, 13-15 caças iraquianos tentaram violar a zona de exclusão em oito incursões, possivelmente para levar os caças da USAF a voarem sobre baterias de mísseis SAM iraquianos.


O F-15 foi responsável pela maioria das vitórias em Kosovo.



AMRAAM disparado de um F-15I israelense.

AIM-120
Teste do AIM-120 contra um drone QF-100.

Durante a operação Allied Force em 1999, houve várias oportunidades de disparo contra os caças sérvios. As estatísticas de Kosovo são:

- Mísseis disparados: 11

- Vitórias: 5-6
- Alvos Perdidos: 5-6
- Danificados: 1
- Prováveis: 0-1

O Pk (probabilidade de destruição) foi de 45-55%. A taxa de acerto, que é diferente de Pk, foi de 55-63%. Os dados estão separados do total devido as condições específicas do inimigo. Apesar de bem treinados, os sérvios pilotavam aeronaves sem condições de combater e contra um inimigo muito mais capaz e estavam em absoluta inferioridade numérica.

A estatística geral foi:

- Disparados: 21-24
- Vitórias: 9-12
- Danificados: 1
- Prováveis: 1

O Pk foi de 40-60% no total incluindo um fratricídio. Os dados podem variar muito dependendo das fontes. Uma fonte cita 37 mísseis disparados. A maioria foi fora da NEZ e contra alvos a longa distância.

Os americanos usavam táticas de colocar o inimigo logo na defensiva e tentavam atingir com um segundo ou até terceiro disparo ao fazer o inimigo gastar energia e perder a consciência da situação com os primeiros mísseis. O inimigo fica sem opção de ficar na ofensiva. Ou evade ou morre. Os americanos tem a opção de disparar muitos mísseis, rapidamente, e até contra alvos múltiplos.

Atualizado em 15 de Novembro de 2007



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