Substituto do ALX

O A-29 Super Tucano é um projeto de sucesso comprovado, mas futuramente vai precisar de um substituto e pode-se pensar em uma configuração diferente para a aeronave.

O Super Tucano tem uma configuração com a hélice frontal, mas uma configuração com hélice traseira poderia ter várias vantagens:

- A visibilidade para frente e para os lados é muito maior o que é ideal nas missões de ataque e controle aéreo avançado.

- Possibilidade de instalação de um radar no nariz.

- Possibilidade de instalação de uma torreta FLIR no nariz.

- Possibilidade de usar sonda de reabastecimento em vôo.

- Possibilidade de instalar um casulo com canhão no centerline por não ter a limitação de disparar entre a hélice.

- Com o trem de pouso e armas sendo transferidos para a fuselagem sobra mais espaço para levar combustível nas asas.

- Com o trem de pouso na fuselagem é possível instalar três cabides nas asas.

A desvantagem principal da configuração com hélice traseira é o ar turbulento da fuselagem que diminui o rendimento da hélice e causa mais barulho. Uma solução seria um motor único alimentando duas hélices laterais em um ducto (ducted fan) que diminuiria em muito a assinatura sonora. Com uma asa baixa passaria a ter uma configuração semelhante ao A-10.

A USAF usou os treinadores T-6 na Guerra da Coréia na função de controlador aéreo avançado (FAC). A experiência foi bem sucedida e resultou nos requisitos de uma aeronave dedicada para a missão. Os requisitos de visibilidade na cabina, armas e posição dos motores resultou no OV-10 Bronco.

Montagem mostrando uma aeronave Pampa com uma hélice traseira. Seria a configuração ideal para o Super Tucano e serviria também para um Super Tucano furtivo.


   Super Tucano Bimotor

Uma outra possível configuração do substituto do Super Tucano seria uma aeronave maior e bimotor. Uma Super Tucano bimotor seria justificável no caso de missões de longo alcance ou de maior duração. Outra justificativa seria levar cargas maiores como bombas de até 900kg, mas a aeronave se aproxima da categoria do AMX. Se o objetivo for aumentar a velocidade então já justifica comprar um jato como o AMX.

Com os motores instalados nas asas e a cabina mais a frente, a fuselagem central poderia receber um compartimento interno de armas que diminuiria o arrasto com cargas. Uma fuselagem maior permite levar mais combustível interno, sem precisar levar tanques extras, ou pode receber sensores retráteis como torretas FLIR e de radar SAR. Sem um motor no nariz seria possível instalar um canhão de 20mm junto com uma metralhadora. Os tripulantes poderiam se sentar lado a lado permitindo uma fuselagem mais larga. A aeronave ficaria bem maior e competiria em capacidade com o Scorpion da Textron, mas poderia operar sozinho o que compensaria o custo de operação maior comparado com um monomotor.

Uma possível configuração para um Super Tucano bimotor pode ser uma versão de propulsão híbrida turboélice/turbofan como a do XF-88 Voodoo. O Ryan XF2R Dark Shark era pouco mais pesado que o Super Tucano e podia atingir 800km/h. O motor a jato adicional seria usado na decolagem, chegar rápido na área de operação em missões de apoio aéreo aproximado, fase de ataque, fugir ou como motor reserva. Também pode ser usado nas missões de treinamento de pilotos convertendo para caças a jatos. As missões de interceptação precisam de potência extra para acelerar, subir e alcançar o alvo rapidamente, principalmente com a velocidade aumentando em cerca de 40%.

A propulsão turboélice é melhor para voo de cruzeiro ou paraaumentar a autonomia. O peso extra do motor adicional diminuiria a carga de armas ou combustível, mas se voar bimotor pode permitir levar cargas a mais. A velocidade estaria limitada a menos de 800 km/h devido a limitação da velocidade da ponta das hélices em alta velocidades. Uma entrada de ar da turbina abaixo do motor seria interessante pois ficaria parecido com o P-51 Mustang, mas teria risco de FOD e atrapalharia levar cargas no centerline.

Outra opção para motores em linha seria uma configuração push/pull semelhante ao O-2 (Cessna 337 Skymaster). Esta configuração tem a vantagem de poder manter apenas um motor ligado para economia. A hélice traseira poderia ser na configuração FAN para diminuir a assinatura sonora.

Uma montagem disponível na internet mostra um Super Tucano bimotor. Uma vantagem pode ser a capacidade de sobrevivência caso um motor seja danificado em combate.

O drone Mantis da BAe é outro exemplo de configuração de um Super Tucano bimotor possível com os motores em casulos atrás da cabina.

A empresa canadense Icarus está desenvolvendo uma aeronave de ataque leve bimotor chamada Wasp. A aeronave terá dois motores de 1.700shp, velocidade de 360 KTAS, autonomia de mais de seis hora com opção de reabastecimento em vôo, radar Osprey cobrindo 360 graus e capacidade de levar 3.500kg de cargas em 11 pontos duros.

O XP-81 foi um dos vários projetos de propulsão híbrida turboélice/turbojato para um caça de longo alcance.


   Super Tucano de decolagem vertical

O US Army está desenvolvendo o programa Future Attack Reconnaissance Aircraft (FARA) que será o novo helicóptero de reconhecimento e ataque que irá substituir os helicópteros AH-58D Kiowa e parte da frota dos AH-64 Apache, principalmente na missão de reconhecimento.

A aeronave deverá ter o dobro da velocidade de um helicóptero comum e deverá operar muito mais como um caça convencional a média altitude do que um helicóptero voando bem baixo e lento. Com este perfil de vôo, o próprio A-29 pode cumprir parte das missões nos cenários de baixa intensidade por ser mais barato para comprar e operar. O custo estimado para o FARA é de cerca de US$ 30 milhões a unidade, ou quase o dobro do A-29. O FARA ainda seria necessário em cenários de média e alta intensidade.

Considerando o substituto futuro do A-29, ou uma aeronave de ataque leve, também é possível pensar em uma aeronave de ataque leve com capacidade de pouso e decolagem vertical (STOL/VL) que será chamado aqui de ALX VTOL. Um dos requisitos do FARA é ter um diâmetro ou comprimento de 12 metros ou menos para poder manobrar entre prédios em um combate urbano o que limitou as propostas a usarem a configuração de helicóptero. As configurações de tiltrotor foram automaticamente eliminadas por terem uma envergadura muito maior que 12 metros.

No caso de um ALX VTOL é possível pensar em uma aeronave de configuração tiltrotor. Até já existe uma aeronave que pode servir de referência que é o AgustaWestland AW609. Um dos motivos para considerar a configuração tiltrotor para o ALX VTOL é a possibilidade de instalar assentos ejetáveis o que é bem complicado em um helicóptero.

A EMBRAER já planejou entrar no mercado de helicópteros e um ALX tiltrotor pode ser uma opção. A própria AgustaWestland poderia ser uma parceria fornecendo as asas do AW609 e a EMBRAER a nova fuselagem. A configuração pode ser com cabina com os tripulantes em fila e fuselagem mais fina ou cabina lado a lado já aproveitando a configuração aerodinâmica para uma versão utilitária. O AW609 não pode ser armado devido a contrato entre a Bell e a Agusta Westland e o ALX tiltrotor seria o primeiro tiltrotor de ataque leve no mercado.

A versão utilitária do ALX VTOL seria o tiltrotor mais barato operação ou planejados como o V-22 Osprey e o V-280 Valor. O V-22 custa cerca de US$ 70 milhões enquanto o V-280 está avaliado em US$ 43 milhões ou o dobro do helicóptero Black Hawk que tem a mesma capacidade. O preço estimado do AW609 varia de US$ 24 a 30 milhões. O custo operacional informado está em torno de US$850 por hora de vôo.

A justificativa para a compra de um ALX VTOL mais cara que o ALX convencional pode ser o cenário local sem muitas opções de pista de pouso como era o caso do inicio do conflito no Afeganistão. As bases eram poucas e os helicópteros tinham limitações de alcance e autonomia para cobrir o cenário gigante no local.

No caso do Brasil seria principalmente o cenário da Amazônia onde existem poucas pistas e a área de operação fica geralmente distante das bases. A velocidade e o alcance são requisitos importantes nesse cenário. Os UH-60 do Exército voam sempre com tanques extras na Amazônia. Um tiltrotor pode até decolar acima do peso no modo convencional como uma aeronave com um aumento no peso máximo de certa de 5-10%.

Os UH-60 do EB sempre voam com um tanque extra no ESSS para operar em missões de longo alcance. Cenários de longo alcance como na Amazônia, com bases bem distantes da área de operação, precisam de alcance extra. A carga diminui para compensar o combustível levado a mais. Os helicópteros do Exército operam próximos da linha de frente, mas na Amazônia a linha de frente pode ser muito distante.

As unidades de helicópteros do Exército costumam operar próximo das tropas e avançam junto com a linha de frente enquanto as unidades da Força Aérea ficam baseadas na retaguarda. O tempo de voo é muito curto até a linha de frente e a velocidade não é muito importante. Os helicóptero também voam bem baixo e quanto mais baixo mais lento voam. Um tiltrotor não traria vantagem neste tipo de operação, mas existem outras missões onde seria útil. Então um tiltrotor gunship não excluiria a necessidade de um helicópteros de ataque.

Missões no exterior exigem que um helicóptero seja desmontado para ser levado em aeronaves de transporte. Um tiltrotor pode voar grandes distancias sozinho com combustível extra ou com reabastecimento em voo. Uma sonda de reabastecimento no nariz é mais fácil de operar do que as grandes sondas dos helicópteros. Em um país continental como o Brasil, o deslocamento interno também seria um requisito importante.

No caso da possibilidade de conflito contra um inimigo bem mais forte, uma aeronave VTOL daria uma maior capacidade de sobrevivência ao operar em bases de dispersão pois as bases aéreas seriam o alvo principal no inicio de um conflito. Um ALX VTOL com um pouco de capacidade furtiva daria uma capacidade de sobrevivência ainda maior contra um inimigo mais forte. Um exemplo poderia ser o Iraque contra os EUA.


AW609 de ataque

Uma grande vantagem de um projeto de uma aeronave tiltrotor de ataque com assentos ejetáveis viabiliza o uso de um único motor para diminuir os custos de compra e operação. O motor teria que ser instalado na fuselagem. Esta configuração até diminuiria o arrasto e facilitaria a instalação de difusores de calor.

A fuselagem pode ter um compartimento interno de armas. Os concorrentes do FARA tem compartimentos internos de armas de cerca de 2 metros de comprimento capazes de receber os mísseis Hellfire (1,6 metros de comprimento), lançadores de foguetes ou mísseis Stinger. Um compartimento de 2 metros permite levar bombas Mk81 (1,88 metros de comprimento).

Um compartimento de armas maior em uma lateral permite maior flexibilidade nas opções de armas. Uma bomba JDAM de 900kg precisa de um compartimento de pelo menos 4 metros de comprimento. Um compartimento maior permite levar mísseis de longo alcance como um AMRAAM de 3,7 metros de comprimento. Um tanque extra interno seria outra possibilidade com um compartimento maior, mas também pode ser um tanque extra de longo alcance já instalado na fuselagem.

Um tiltrotor de ataque tem a vantagem de poder realizar as missões de ataque como uma aeronave convencional como o A-29 Super Tucano ou usar táticas de voo pairado como um helicóptero de ataque como o AH-64 Apache. As táticas de voo pairado permitem usar o terreno para se esconder durante ataques contra alvos na linha de frente em cenários de alta intensidade. É um cenário onde o A-29 Super Tucano tem limitações para operar. As táticas de ataque em mergulho ou voo nivelado são usados mais em cenários de baixa intensidade contra alvos pouco defendidos.

A furtividade do ALX VTOL seria um item importante. Diminuir a assinatura radar frontal e, principalmente, a traseira aumentaria em muito a capacidade de sobrevivência contra ameaças guiadas por radar. A furtividade traseira é importante pois a principal tática defensiva das aeronaves de ataque é fugir de uma ameaça guiada por radar. Aeronaves de ataque como o SU-20, MiG-27, Tornado e F-111 são supersônicos para fugir e voam baixo para se esconder. Seria a mesma tática do ALX VTOL.

Os requisitos do FARA incluem uma baixa assinatura sonora que é a principal em um cenário de baixa intensidade. O AW609 é considerado silencioso e pode diminuir a assinatura ainda mais com abafadores na entrada de ar e escape dos motores. O escape do motor também receberia isolamento térmico e um difusor de calor para diminuir a assinatura térmica. Um Super Tucano furtivo com capacidade de pouso e decolagem vertical seria praticamente um mini-F-35B. O compartimento interno de armas é outro requisito para diminuir a assinatura radar.


Montagem descrevendo como seria um ALX VTOL baseado em um AW609 gunship, versão de ataque do tiltrotor AW609.


Nariz do AW609 na linha de montagem. O Nariz do AW609 é bem comprido para receber o trem de pouso. O espaço parece ser suficiente para receber uma metralhadora 12,7mm e um lança-granadas automático de 40mm como já proposto para a modernização do Super Tucano.

Montagem da proposta do Raider com motor na fuselagem e cabina lado a lado e com uma configuração tiltrotor. O escape do motor está direcionado para baixo e fica embutido na cauda da aeronave.

Compartimento de armas do V-280 Valor na versão de ataque. Inclui um lançador lateral de mísseis Griffin que seria usado com a aeronave voando a média altitude e atuando como um canhoneiro.

Imagem da proposta do Raider com o compartimento de armas aberto. O grande compartimento traseiro facilita o acesso aos aviônicos por dentro o que diminui as portas de acesso externos e diminuir a assinatura radar.


Configuração furtiva do V-280 Valor proposto para o USMC. inclui um pequeno compartimento de armas.

Imagens recentes do Defiant mostram uma configuração furtiva frontal e difusores de calor semelhantes ao Comanche.

 

Missões do ALX VTOL

A principal vantagem do tiltrotor em relação aos helicópteros são as missões onde o alcance e a autonomia são mais importantes. Os Kiowa operando no Afeganistão e Iraque tinham que reabastecer a cada 1,5 horas em missões que duravam cerca de 6 horas. Um tiltrotor permite operar por mais tempo e cobrir uma área maior, além da opção de ser reabastecido em voo (opicional).

Um ALX VTOL em alerta em terra para missões de apoio aéreo aproximado pode decolar e chegar mais rápido ao local comparado com um helicóptero de ataque. Se operar em uma em base avançada pode diminuir ainda mais o tempo de resposta.

Os helicópteros de ataque treinam para missões de longo alcance atrás das linhas inimigas e a velocidade pode ajudar nestas situações diminuindo o tempo de exposição. A maioria dos alvos em missões de interdição do campo de batalha está a menos de 350km, mas as aeronaves não seguem um caminho direto, tendo que contornar os locais com maior risco.

Operando embarcado, um helicóptero de ataque vai operar contra alvos mais distantes. Os Apache britânicos operaram a partir do HMS Ocean em 2011 contra alvos na Líbia. Os pilotos realizavam grandes contornos para evitar defesas na costa e atacar os alvos por trás. Tinham que voltar direto devido a limitação de combustível e poderiam voltar por um longo caminho seguro no deserto.

As forças especiais americanas usam o MH-60M DAP (Direct Action Penetrator) para missões de ataque de longo alcance apoiando as operações atrás das linhas. Seria uma função do o ALX VTOL.

 As missões CSAR precisam de escolta e o ALX VTOL poderia realizar a missão dos "Sandy" fazendo escoltas dos helicópteros de resgate ou até de outros tiltrotor atuando em missões de CSAR. Com uma porta traseira e um pequeno compartimento na traseira, poderia até atuar como aeronave de resgate, pelo menos de forma improvisada. Os helicópteros de ataque costumam treinar para resgatar pilotos de forma improvisada que são presos com cintos na parte de fora da aeronave. Ao invés de chamar o CSAR, um ALX VTOL pode tentar resgatar o ala que ejetou logo após o mesmo tocar o solo.

Os cenários de contra insurgência como o Iraque e Afeganistão lembram o local ideal para um ALX VTOL. Não existe uma linha de frente para os helicópteros de ataque acompanharem as tropas e os alvos estão espalhados em uma grande área. A velocidade da aeronave significa menor tempo de resposta. A aeronave pode reabastecer em bases avançadas ou no ar. Voando alto pode economizar combustível e até ficar inaudível para o inimigo abaixo em missões de reconhecimento e vigilância com seus sensores.

Os helicópteros Puma franceses foram usados para procurar insurgentes no deserto no norte da Nigéria em 2016. Os veículos podem ser detectados com relativa facilidade pois geram muita poeira. Parados são fáceis de camuflar. Como o deserto não tem muito barulho, a não ser o vento, os helicópteros podem ser ouvidos facilmente e permite que os insurgentes parem e se escondam nas pedras e vegetação.

A missão anti-helicóptero exige velocidade para poder alcançar o alvo. A regra é ser no mínimo 1,5 vezes mais rápido que o alvo. Um tiltrotor consegue atingir o dobro da velocidade dos helicópteros. As missões anti-drones seriam outra ameaça que está se tornando comum.

Uma missão onde seria útil seria a escolta de outros tiltrotor de transporte. O USMC sente falta de uma escolta para os seus V-22 e já pensou em armar os V-22 para a missão. O USMC pesquisou armar os AW609, mas não era permitido.

O ALX VTOL tem a capacidade de realizar as missões de interceptação do A-29 contra aeronaves lentas usadas pelo tráfico de drogas. As vantagens são a capacidade de operar em pistas avançadas próximas a área de operação e poder pousar e desembarcar tropas caso a aeronave irregular resolva pousar em uma estrada. Um único ALX VTOL pode realizar o trabalho de dois A-29 apoiados por um helicóptero se quiser cobrir as aeronaves que pousam em rodovias ou pistas de pouso tentando fugir.

As aeronaves de transporte e caça tem missões de apoio a aviação geral e comercial em dificuldade (socorro aéreo) sendo que as aeronaves mais leves apóiam aeronaves leves e os caças apóiam a aviação a jato. Um tiltrotor tem capacidade de realizar esta missão como acontece atualmente com C-95 Bandeirante da FAB|.

Foto de uma aeronave transportando drogas que realizou um pouso em uma plantação para fugir dos A-29. O ALX VTOL poderia ter tirado a foto com um par de soldados em um pequeno compartimento na parte traseira. Os soldados desembarcariam para realizar as Medicas de Controle no Solo (MCS). Até um dos pilotos poderia apontar um fuzil pela janela como já é feito com os Kiowa.


ALX naval

Os entusiastas gostam de pensar em uma versão navalizada do A-29 Super Tucano. Seria uma versão de treinamento e ataque leve operando embarcado. Teria a fuselagem reforçada, asas dobráveis, trem de pouso reforçado e gancho de parada. O ALX VTOL pode ser o ALX embarcado assim como o Sea Harrier virou a versão embarcada do Harrier. A principal modificação necessária seriam as asas e rotores dobráveis.

Sem a disponibilidade de um porta-aviões convencional, o ALX VTOL passa a ser ainda mais necessário para operar no PHM Atlântico. Até mesmo sem o Atlântico operacional, o ALX VTOL pode ser útil operando de navios anfíbios e até de escoltas. Operando embarcado em uma escolta, um GT com vários ALX VTOL, poderia ter capacidades impensáveis sem a presença de um porta-helicópteros.

As missões que o ALX VTOL operando embarcado pode realizar são bem variáveis como interceptação de helicópteros e aeronaves de patrulha lentas, apoio aéreo aproximado, ataque leve contra alvos na costa, ataque anti-navio, escolta de helicópteros de assalto, CSAR, reconhecimento e esclarecimento marítimo. São quase todas as missões realizadas atualmente pelos Lynx e MH-16 da MB, mas com a vantagem de ser bem mais rápido e com um alcance bem maior.

Foto de um V-280 Valor operando a partir de uma escolta. O ALX VTOL seria o equivalente com uma capacidade menor.

ALX VTOL utilitário

O ALX VTOL seria otimizado para missão de ataque, mas um tiltrotor leve utilitário como o AW609 poderia ter capacidade de ataque leve secundária. Poderia ser até a primeira versão a ser desenvolvida por ter um mercado maior, com a versão de ataque dedicada sendo uma adaptação da versão utilitária. Não existe um tiltrotor utilitário no mercado com preço mais barato que o V-22 e futuramente o V-280.

Uma versão utilitária militarizada do ALX VTOL, equivalente ao AW609, precisa de algumas modificações como tirar a pressurização da cabina, porta lateral maior que abre com corrediça, pneus maiores de baixa pressão para operar em pista semi-preparadas, formato furtivo facetado para diminuir a assinatura radar, assentos dos pilotos com proteção balística, acabamento interior mais simples, capacidade de receber carga ou tropas no assoalho, capacidade de lançar tropas com rappel, etc.

A versão utilitária armada não teria compartimento interno de armas e receberia os armamentos em cabides na lateral da fuselagem. Seria uma configuração que funciona bem em cenários de baixa intensidade e inclui a capacidade de levar bombas.

Montagem do que seria um AW609 utilitário armado com cabides de armas na lateral da fuselagem. Um dos itens que precisa ser militarizado no AW609 é uma porta de correr lateral maior para facilitar a movimentação de tropas e cargas. Um ALX VTOL utilitário substituindo os C-95 nos ETA significa adicionar a capacidade de interceptação de aeronaves leves, ataque, apoio aéreo aproximado, controle aéreo avançado, assalto aéreo e busca e salvamento. A aeronave teria capacidade de realizar missões que atualmente são realizadas pelo A-29 Super Tucano e AH-2 Sabre.

Corte interno do AW609 na configuração de busca e salvamento. Sem os assentos é possível aumentar em 30% a capacidade de levar tropas, mas diminuindo a segurança e o conforto. A aeronave também não pode operar com as portas abertas quando fica limitado a cerca de 180km/h.

O Bandeirante tem um peso máximo de decolagem de 5.670kg, atinge uma velocidade de cruzeiro de 426 km/h, tem um alcance carregado de 1.900km, podendo levar entre 15 a 21 passageiros. O AW609, que seria o equivalente do ALX VTOL utilitário, tem um peso máximo de 7.600kg, uma velocidade de 509km/h, alcance de 1.390km (1.850km com tanque auxiliar), e capacidade de carga de 2,5 toneladas ou 12 passageiros (alta densidade). A capacidade de carga aumenta em 500kg na configuração de decolagem curta.

Os Bandeirantes da FAB apóiam as missões de operações especiais lançando comandos por pára-quedas e depois apoiando com cargas lançadas de pára-quedas. Um tiltrotor adiciona a capacidade de fazer a infiltração com pouso de assalto e pode fazer a exfiltração, com um alcance muito maior que um helicóptero. Uma versão armada também realizaria escolta e apoio aéreo durante a missão. Comparado com um helicóptero poderia fazer a infiltração a longa distância em alta velocidade, com a vantagem de ter uma baixa assinatura sonora. A capacidade de levar tropas seria semelhante a capacidade do Pantera do EB.

As missões de infiltração de forças de reconhecimento clandestinas no Laos era precedida de reconhecimento da zona de pouso. Na infiltração, dois helicópteros artilhados e um de comando apoiavam os helicópteros de assalto. Aeronaves A-1 faziam a escolta. Os C-47 podiam fazer ressuprimento e lançar pára-quedistas. Aeronaves O-1 faziam controle aéreo avançado próximo e retransmissão de rádio apoiando as equipes em terra. Se necessário chamariam apoio aéreo aproximado. O ALX VTOL podem fazer todas estas missões e é bom lembrar que eram forças dedicadas para apoiar as equipes de reconhecimento.

Um exemplo para demonstrar a capacidade de um ALX VTOL utilitário seria a Guerra das Malvinas. Os Argentinos teriam capacidade de iniciar o assalto anfíbio na Ilha a partir do continente. Poderiam levar tropas em várias levas ou pousar direto no aeroporto para depois receber aeronaves convencionais como o C-130. Já os britânicos poderiam realizar o assalto em San Carlos de uma distância bem maior sem que os navios anfíbios se aproximassem da costa. Também teriam mais opções de locais para realizar o desembarque.

Em tempo de paz, o Bandeirante realizava missões de busca, mas precisava chamar os helicópteros para fazer o resgate. O ALX VTOL utilitário tem a capacidade de fazer a busca e o resgate. É uma função proposta originalmente para o AW 609 com a porta sendo alargada para 1 metro para apoiar estas missões. Comparado com um helicóptero, o AW 609 tem um raio de ação muito maior e um tempo de resposta muito menor.


Imagem comparando o desempenho do AW609 com um helicóptero para mostrar que pode cobrir uma área muito maior por ser mais rápido.


Cobertura SAR possível com o AW609. Um número menor de bases seria necessária para cobrir todo o país com aeronaves SAR. Todo esquadrão do ETA poderia ter esta capacidade, além dos esquadrões do EB e da MB. 


As missões de EVAM (evacuação médica) é uma missão onde o ALX VTOL utilitário seria bem útil. O tempo de reação é importante nessa missão pois quanto mais rápido o ferido receber atendimento médio, maiores as chances de sobreviver. No Afeganistão, os helicópteros de EVAM podiam demorar mais de 3 horas e precisavam de reabastecimento em voo. Tiveram que dispersar os helicópteros em bases avançadas para diminuir o tempo de reação.

O P-95 Bandeirulha é um bom candidato para ser substituído pelo ALX VTOL utilitário com a vantagem de poder receber um sonar para realizar guerra anti-submarina. Seria equivalente a um Tracker com capacidade de pouso e decolagem vertical pois pode ser embarcado nas escoltas. Pode também ser comparado a um MH-16 SeaHawk ou Lynx com maior velocidade e alcance. As missões de patrulha costeira, vigilância de longo alcance, anti-pirataria, e proteção a pesca estão entre as missões prevista para o AW609.
 

Imagem do helicóptero Merlin com casulos de radar lateral para realizar missões de alerta aéreo antecipado. Um ALX VTOL utilitário poderia realizar as missões de alerta aéreo antecipado, COD, EVAM, assalto anfíbio, guerra anti-submarina e ataque anti-navio já realizadas pelo MH-16 e Lynx, além do Tracker.

Imagem de um projeto de Tiltrotor proposto pela Bell baseado no XV-15 na versão de guerra anti-submarina.

 


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