SUPRESSÃO DE DEFESAS

A Embraer e a IAI (Lahav) anunciaram em 2001 o desenvolvimento de uma versão do AMX especializada em Guerra Eletrônica com custo estimado em US$20 milhões. A aeronave será equipada com emissores de alta potência para interferir nos radares adversários antes e durante um ataque, cegando as defesas inimigas e incapacitando radares e sistemas de comunicações. A aeronave também poderá ser equipada com mísseis anti-radar como o MAR-1. A aeronave deveria ter sido lançada em na feira aérea de Paris em Le Bourget em 2003.

A AMI já requisitou a produção de uma variante de combate eletrônico em 1995, designada AMX-E e baseada na versão biposto, a fim de acompanhar os Tornado e AMX em missões de ataque, fazendo escolta, interferência e reconhecimento.    

Estudos de viabilidade já foram concluídos pela Alenia, Aermacchi e Elettronica e em dezembro de 1997 foi assinado um contrato para finalização de configuração, a qual incluiria uma revisão dos aviônicos, instalação de GPS e de mostradores LCD coloridos com mapas móveis no cockpit traseiro, para o operador de guerra eletrônica.

O AMX-E perderia o canhão M-61A1 a fim de acomodar os necessários equipamentos eletrônicos e poderá ser equipado com mísseis anti-radar. A Itália cancelou o projeto e está usando o Tornado ECR.


A FAB já usa sistemas de interferência de escolta e seus caças. O 1/14 GAv em Canoas/RS usou dois casulos CT51J Caiman de interferência ofensiva a longa distância desde 1987. O casulo é usado para SEAD passivo e pode ser usado para interferir em radares de busca de longo alcance na banda "L" e "S". O casulo pesa 550kg. A FAB tinha planos de instalar um sistema semelhante no AMX, mas o projeto não foi adiante.

SEAD

A primeira fase de uma campanha aérea é direcionada para a destruição ou neutralizar as defesa aéreas (IADS - Integrated Air-Defense System) inimigas para conseguir superioridade aérea. As IADS incluem postos de comando, estações de radar, centros de comunicações e estrutura de apoio (energia principalmente).

Todos estes meios estão relacionados com a capacidade do inimigo de conquistar superioridade aérea. Sem estes sistemas, ficam comprometidos e ineficazes e a chances das aeronaves amigas retornarem das missões aumentam.

A IADS não é só mísseis SAM (surface-to-air missile) e artilharia antiaérea. Os centros de comando e controle (C2) e sensores tem que ser atacados em primeiro lugar. Destruir um radar de vigilância de longo alcance pode forçar os SAM a ligar seus radares para busca, tornando vulneráveis a um míssil anti-radar.

Foi o que a USAF fez no primeiro dia de Kosovo com os B-52 disparando mísseis cruise (CALCM) e os F-117 equipados com bombas guiadas a laser contra radares de alerta antecipado, torres comunicações e centros de  comando e controle. O mesmo foi feito no primeiro dia da Guerra do Golfo. Usaram a mesma formula de furtividade e ataque a longa distância.

Depois desta fase começa os ataques aos outros alvos inimigos. Nesta fase é que inicia a supressão das defesas (SEAD - Suppression of Enemy Air Defenses) com a destruição ou neutralização dos mísseis SAM e artilharia antiaérea inimiga. O objetivo do SEAD é diminuir as perdas de aeronaves e pilotos reduzindo o atrito de força amigas.

O SEAD é chamado SDAI (Supressão da Defesa Aeroespacial Inimiga) na FAB. Aqui será usado o termo SEAD. A SDAI é toda e qualquer ação que tem por objetivo a neutralização, destruição ou minimização, temporária ou não, de toda a estrutura e defesa aérea do inimigo ou parte dela, visando a ampliação da eficácia geral das operações aéreas amigas, utilizando meios físicos (destruição) ou eletrônicos (neutralização ou minimização)” segundo a doutrina da FAB.

Um sistema de defesa aérea moderno é composto de uma rede estreitamente interligada de sensores e órgãos de controle. Pode ser subdividido em quatro grandes categorias: detecção passiva, detecção ativa, sistema de armas e sistema de controle.

Um levantamento das posições, características e modos de operação do inimigo é o primeiro passo para poder se pensar na possibilidade de uma missão de SEAD. A partir daí, deve-se verificar quais são os equipamentos disponíveis e, finalmente, definir as táticas a empregar.

A operação Desert Storm pode ser considerado como modelo de uso de Poder Aéreo numa guerra convencional. Durante a Guerra do Golfo em 1991, os primeiros ataque foram contra alvos estratégicos como liderança, produção industrial e infra-estrutura. A ênfase foram os alvos estratégicos e não os militares com apenas uma exceção: as defesas aéreas como centros de comando e controle, mísseis SAM, bases aéreas e caças inimigos em terra e no ar.

Uma das primeira tarefas do SEAD é montar um quadro geral das defesas inimigas. A características gerais das defesas aéreas em terra são:

- São finitas e tem flancos.
- São orientadas para as possíveis rota de ataque do inimigo.
- Raramente são fortes em profundidade e largura ao mesmo tempo.
- Geralmente são pouco móveis ou fixas.
- Esta formação sugere a possibilidade de ataque de flancos, penetração e exploração ou ataque sistemático com destruição de frente para trás.

Segundo a doutrina da RAF as defesas aéreas inimigas podem ser estudadas com os seguintes parâmetros:

- Profundidade. As defesas são compostas em camadas para dar alerta antecipado para ganhar tempo e possibilitar engajamentos múltiplos. 

- Densidade. Se o inimigo defende tudo ele acaba espalhando as defesas o que favorece o atacante. O atacante tem vantagem para concentrar forças. 

- Tecnologia. Ela possibilita aumentar a profundidade e densidade qualitativamente. A contramedida é usar guerra eletrônica, furtividade e armas de longo alcance para reduzir a tecnologia inimiga.

Os SAM de longo alcance geralmente defendem alvos estratégicos, fixos ou pouco móveis como postos de comando, estações de radar, energia, refinarias, base aérea ou terra ou porto. Os mísseis táticos tem menor alcance e sofisticação e defendem pontes, tropas, postos de comando tático. São armas muito móveis mas com alcance menor. Também ficam em local alto e o primeiro lugar para procurar.

Táticas

Melhorias nos sistemas de defesa aérea a partir da década de 50 levou a um esforço paralelo para desenvolver contramedidas. Interferência e despistamento era uma proposta, e o ataque a fonte de emissão com mísseis anti-radar que se guiavam pelas emissões dos radares inimigos era outra. As duas formas foram desenvolvidas com sucesso.

O SEAD refere-se tipicamente a missão de neutralizar, destruir ou degradar temporariamente as defesas aéreas em terra por meios destrutivos ou disruptivos. Os dois meios mais comum é interferência e mísseis anti-radar (MAR).

Nos últimos anos apareceu novo termo: DEAD, ou SEAD letal (ver mais adiante). O objetivo primário do SEAD é assegurar a sobrevivência das forças amigas, sendo o tempo de engajamento o determinante da missão, enquanto o DEAD é localizar e destruir as defesas aéreas inimigas, sendo a mobilidade do alvo o fator determinante.

O SEAD se concentra em suprimir a capacidade inimiga de engajar e defender contra aeronaves do "pacote de ataque" durante o ingressando e egresso contra os mísseis SAM e artilharia antiaérea inimiga. A ênfase é na supressão pois o objetivo é inibir a IADS de operar de forma eficiente, e assim mantendo a integridade operacional e tática das forças amigas. O DEAD pode ser um subproduto do SEAD, mas não é a definição final.

O radar é o meio principal para detectar, acompanhar e designar alvos no ar. No caso dos EUA, a contramedida foi tentar neutralizar, degradar ou destruir os radares inimigos. Os radares antigos eram fixos, operavam sozinhos e ficavam ligados por muito tempo - a maioria era fácil de encontrar e suprimir com guerra eletrônica ou ataque físico.

A aeronave que realiza SEAD tem que estar próximo da defesa aérea para completar a  missão, colocando a aeronave e tripulação em risco. A contramedida foi tentar fazer defesas mais resistentes a supressão como mobilidade, conectar radares em rede, adicionar detecção passiva ou funcionar por períodos muito curtos.

O SEAD é importante pois o inimigo pode explorar a mobilidade e controle de emissões para evitar que seja detectado. A sobrevivência da aeronave depende em evitar que o míssil SAM complete as fases do engajamento. A aeronave pode usar defesas próprias como contramedidas eletrônicas (CME), chaff e flare como última forma de defesa. Idealmente a ameaça deve ser neutralizada antes por todos os meios de CME de longa alcance e mísseis anti-radiação.

O ser humano tende a considerar maior como  melhor, mas as defesa inimiga não podem ser medida pelo número e tipos de sistemas. A capacidade do operador e nível de integração entre os vários componentes são fatores chaves. As operações sobre os Bálcãs são evidências disto, onde a ameaça era de SAM móveis e furtivos.  Os SA-6 sérvios só engajavam quando as condições eram favoráveis, e eram coordenados geograficamente para criar emboscadas ("SAMbushes").

As contramedidas eletrônicas de longo alcance são preventivos, diminuindo chances de detectar as aeronaves apoiadas. Depois que o míssil SAM inicia o engajamento, o tempo disponível é muito pequeno.

Uma outra maneira de diminuir o tempo de reação é lançar um míssil anti-radar contra áreas suspeitas a frente da força de ataque. Um míssil anti-radiação pode atacar um míssil SAM logo que engaja. Como exemplo temos os mísseis ALARM e AGM-136 Tacit Raibow (cancelado) que foram projetados para esperar na área suspeita. A contramedida é não ligar o radar do SAM. Isso significa uma "mission kill", quando os aeronaves de supressão de defesas conseguem neutralizar a ameaça, mas o SAM ainda funciona.

O SEAD não é feito só com aviação e mísseis anti-radar. Artilharia de longo alcance, helicópteros e forças especiais podem ser usadas como alternativa dependendo do alcance e disponibilidade.

O SEAD é uma missão muito difícil e necessita de piloto especializado e preparado para desenvolver táticas adequadas. A tripulação deve ser composta preferencialmente de dois tripulantes, com o piloto voando e defendendo a aeronave enquanto o tripulante traseiro se concentrando em monitorar as ameaças e disparar armas de forma coordenada.

O planejamento de missão inclui dados das ameaças possíveis coletados de outros meios como aeronaves ELINT e  incluindo debriefing de aeronaves de ataque.

A aeronave que realiza SEAD voa a frente do "pacote de ataque" e por isso é ideal que tenha uma capacidade ar-ar significativa. Ela abre uma trilha segura até o alvo e ao redor do alvo. O difícil é saber que está na área certa, usando sensores corretamente, e dando proteção contra ameaças no solo e no ar. A aeronave voa em órbitas a média altitude com potência militar e velocidade subsônica alta.

Os interceptadores e mísseis inimigos são a maior ameaça. As aeronaves SEAD e CAP são as primeiras a chegar e últimas a sair, sendo que uma protege a outra. O ala fica a 1-3 milhas e não na mesma altitude para evitar colisão. Se o inimigo vê um pode ver o outro facilmente numa varredura horizontal. O ala também protege a retaguarda do outro onde ocorre 80% das vitórias em ataques de surpresa. Os interceptadores fazem órbitas de 10 milhas e vigia "kill box" para disparo de mísseis BVR.

A aeronave SEAD também deve ter um bom alcance pois e o primeiro a entrar na área de combate e o último a sair. Os sistemas defensivos também são importantes pois se expõe muito e por muito tempo. Como também ataca alvos no solo como centros de comando e radares, deve ter uma ótima capacidade multifuncional.


Um F-105G da USAF desvia de um míssil SA-2 vietnamita. A maior ameaça contra uma aeronave de ataque vem do chão e não de outros caças. Enquanto a OTAN teve 12 engajamentos ar-ar depois da Guerra do Golfo, seus caças enfrentaram mais de 4000 mísseis SAM. Os americanos perderam 196 caças A-4 Skyhawk no Vietnã, sendo 1 para Mig, 31 para mísseis SAM e 164 para armas leves e AAA. A falta de doutrina e tática adequada mostrou efeitos no Vietnã e Israel. As medidas reativas sempre funcionaram em diminuir atrito. Os mísseis SAM vietnamitas diminuíram a probabilidade de acerto de 50% nos primeiros disparos para 1% no fim do conflito. No exercício Cruzex 2002 quase todas as aeronaves que atacaram as bases inimigas defendidas por canhões antiaéreos guiados por radar foram "derrubadas".

Sistemas

O requisito principal de um míssil anti-radar é ser muito rápido e ter longo alcance. Ele tem que ser disparado fora do alcance do míssil inimigo e atingir o alvo antes que o radar desligue ou que acerte uma aeronave amiga. Também deveria ter uma ogiva grande, mas geralmente é usada uma ogiva pequena para priorizar a velocidade. O sistema de navegação deve ser capaz de gravar posição específica ou pelo menos aproximada do alvo.

O RWR é usado para indicar alvos para o míssil anti-radar fazendo detecção, localização e priorização de ameaças, mas também pode apontar outros sensores como a cabeça de guiamento IR como o Maverick americano, assim como indicar a direção geral do alvo para ataque com bombas convencionais. São capacidades secundárias pois as aeronaves SEAD sempre evitam se aproximar do alvo, mas os mísseis anti-radar podem acabar e é necessário ter outras alternativas. Os primeiros RWR especializados para SEAD pesavam cerca de 700kg com várias antenas espalhadas pela aeronave. Os RWR atuais pesam 25kg e tem a mesma capacidade.

A USAF testou o sistema de triangulação de alvos ASARS no U-2R na Guerra do Golfo. O sistema funcionava mais para inteligência que para controle de campo de batalha devido a demora para disponibilizar as informações.

Em 1995 a USAF testou o sistema PRSS com precisão de 80m a 70km, suficiente para disparar um míssil HARM em 5 segundos. A precisão melhora com a navegação mais precisa.

A proposta da Dassault de uma família de equipamentos para supressão de defesas combina um casulo de designação de alvos POLDER e o sensor de banda larga para mísseis ARCADE. O POLDER é derivado do DOPAGE, e pode equipar aeronaves e UAVS. O PARAD, PARAM e PARI sensores para mísseis anti-radar e kits de guiamento de bombas.

O sistema ESM Top Scan da Rafael pode ser usado em aeronaves e UAVs. Pode se comunicar com outro sensores como o Litening para buscar área suspeita.


Outras armas podem ser lenta e com grande autonomia para sobrevoar o alvo ou área a ser defendida por muito tempo. Como exemplo temos o UAV Harpy acima.

A tecnologia de datalink é outra que tem importância no processo de supressão de defesas. Várias plataformas são usadas para detectar, localizar, identificar e atacar e devem ser capazes de trocar dados de forma eficiente. Elas também fazem parte de um grupo maior que pode ser um "pacote de ataque" e são apoiadas por outras aeronaves como REVO, reconhecimento, AWACS e escolta de caças.


O casulo Sky Shield da Rafael e IAI/Elta é um casulo Support Jammer para criar um corredor seguro contra radares. Realiza Stand Off Jammer (SOJ) sem entrar no campo de batalha (em aeronaves lentas) ou Escort Jammer (EJ) acompanhando e protegendo a força de ataque. Pode ser operado de forma controlado ou autônomo, realizando detecção, identificação e interferência automática de emissões. A instalação é rápida. A foto mostra a tela de radar com o casulo usando o modo de interferência de tempo. O casulo tem 3,7 metros de comprimento.

Mísseis Anti-radar

Os mísseis anti-radar tem limitação para serem adquiridos e por isto a FAB está desenvolvendo o MAR-1 junto com o CTA e a Mectron desde 1998. Depois de disparado o míssil sobe até 10 mil pés e começa a varrer a área do alvo antes de mergulhar. O motor terá 2 estágios e alcance de cerca de 25 km quando lançado de uma altitude de 10.000 metros, e atingira uma velocidade entre Mach 0,5 e Mach 1,2. O míssil pode ser programado com pontos de referencia. O RWR do AMX pode ser usado para detectar alvos supondo um modo de auto-defesa. As aletas de controle ficam no meio do míssil.

 
MAR-1 nos cabides externos de um AMX do CTA.


MAR-1 do lado de um MAA-1 Piranha.


No inicio do projeto suspeitava-se que o MAR-1 fosse derivado do MAA-1 Piranha com o mesmo conceito do AGM-122 Sidearm americano da foto.

O primeiro míssil anti-radar foi o AGM-45 Shrike usado no Vietnã. Era um míssil Sparrow com um sensor passivo. Tinha alcance de 11-16km enquanto o SA-2 Guideline tinha alcance de 30km. Deveria marcar a localização do alvo com fumaça para ser atacado com armas convencionais.

Em março de 1968 apareceu o míssil anti-radar AGM-78A Block 0 Standard. 14 caças EF-105F receberam os detectores de emissão AN/APS-107 e o Itek AN/APR-35 para usar o Standard. Mais 16 caças foram modificados em novembro de 1968 para usar o AGM-78B Mod 1 mais capaz com sensor Maxson de banda larga. O Standard era bem mais efetivo que o Shrike, acertando 100% dos alvos, mas custava US$200 mil contra US$7 mil do Shrike.

O míssil anti-radiação mais famoso da atualidade é o AGM-88 HARM (High Speed Anti Radiation Missile). É um projeto americano de 1969 que entrou em operação em 1983 no A-6E Intruder, A-7 Corsair II, EA-6B e F/A-18 Hornet da US Navy e no F-4G da USAF.

É propulsado por um motor Thiokol YSR113-TC-1 com motor foguete sólido de baixa emissão de fumaça. Tem velocidade e alcance muito maior que o STandard e Shrike e sensor mais sensível e banda larga (cobre banda C-J ou 2-20GHz).

Enquanto o Shrike precisava trocar o sensor para atacar cada tipo de radar, o HARM pode escolher qualquer alvo ou freqüência e atacar até radares de busca ou radares meteorológicos. Se o alvo desliga o míssil pode escolher entre outras ameaças. Com guiamento inercial pode ser disparado contra alvos distantes que não podem ser detectados pelo sensor.

Cerca de 20 mil foram fabricado até 1994 e são atualizados com frequência. O AGM-88A foi substituído pelo AGM-88B com sensor reprogramavel no campo com troca de software. A ogiva foi trocada por uma mais letal que espalha bolas de tungstênio para perfurar a antena e seus eletrônicos. O AGM-88C é capaz de determinar alvos individuais em um local rico em emissores. A antena dupla em espiral foi aumentada para oito arranjos de banda baixa.

Uma das últimas atualizações foi a adição de um GPS/INS para guiamento meio curso. O sistema é programado para não atacar áreas determinadas e aumenta a precisão contra alvos desligados e evita fogo amigo. Também está equipado com um sistema "home-on-jam" contra interferidores de frequência de GPS.

O HARM substituiu os Shrike e o Standart STARM que foram retirados de serviço em 1992 e 1987 respectivamente. Um dos objetivos era ter a capacidade do sensor de banda larga do STARM com o tamanho menor do Shrike que só usava sensor para ameaça específica.

O HARM foi testado em combate na Líbia em 1986 contra os SA-2, SA-3 e SA-5.  Mais de dois mil foram disparados  na Guerra do Golfo em 1991 e mais de mil em Kosovo em 1999.

O míssil pesa 361kg e tem alcance de 105km. Pode ser disparar para trás com diminuição alcance. Pode ser apontado de forma autônoma com o próprio sensor ou por sensores na aeronave lançadora.

Na US Navy o HARM é disparado nos seguintes modos:

- Alvos pré-planejados. O HARM é disparado em direção ao inimigo sem trancar antes do lançamento. Se encontra emissor o sensor é sensibilizado. Se são emissões múltiplas o sensor prioriza. Se não encontra emissor se auto-destrói.

- Alvos de oportunidade. O HARM reconhece uma ameaça na biblioteca de ameaça, tranca, alerta o operador que pode disparar se desejar.

- Auto-defesa. A aeronave detecta a ameaça e passa os dados para o HARM que engajar a ameaça. O modo de auto-defesa é usado pois as aeronaves SEAD podem estar longe. Os caças do pacote podem levar mísseis HARM pois podem estar mais próximos da ameaça e em melhor condição para disparar.

Na USAF os modos que eram usados pelo F-4G eram o ataque preventivo que é igual ao pré-planejado da US Navy, ou ataque direto em resposta a iluminação pelo inimigo. O F-16CJ usa três modos similares ao da US Navy com a designação de alvos feita pelo casulo AQS-213 HTS (HARM Targeting System) de 40kg. Cerca de 100 F-16CJ foram adaptados para SEAD na década de 90.

A versão futura poderá ser o AARGM (Advanced Anti-Radiation Guided Missile), planejado para entrar em serviço em 2008 poderá usar um conceito de sensor com modos ativo e passivo. Um radar de onda milimétrica na mesma antena passiva poderá varrer a área do alvo e identificar alvo pela forma. Poderá atacar um posto de comando próximo e não o radar.

O programa "Quick Bolt" é um datalink para passar informações de alvo por satélite de outra aeronaves de vigilância para o HARM. O míssil também poderá transmitir informações durante o ataque para avaliação de danos de batalha. Outra melhoria será aumentar velocidade e alcance. Um alcance de 185km deverá ser atingido em 2010 com um motor ramjet.

O ALARM britânico (Air-Launched Anti-Radar Missile) teve o projeto iniciado em 1983 e o primeiro disparo foi em 1988. O míssil pesa 265kg e tem alcance de 45km. Foi planejado para equipar os Tornados protegendo contra ameaças no solo assim como o Sidewinder protegeria contra caças inimigos. O ALARM usa sensor próprio para buscar alvos e pode ser disparado sem auxílio de sistemas na aeronave.

Um total de 121 mísseis foram disparados na Guerra do Golfo pelos nove Tornados especializados em supressão de defesas que destruíram 24 radares. Em Kosovo os americanos dispararam 120 HARM contra um radar Sérvio sem sucesso. No mesmo período foram disparados 6 ALARM com 4 acertos.

O ALARM pode ser lançado como um míssil anti-radar convencional, subindo bem alto, e então vai em direção ao alvo na área pré-definida. Se o emissor liga, o míssil vai para a posição definida. Um problema é que era identificado com o SAM na subida, e por isso o piloto emitia um código para avisar outras aeronave que ALARM foi lançado.

O ALARM também é difícil de enganar usando um modo de espera. Neste modo o míssil sobe para 12-21km, e desliga motor. Um pára-quedas é usado para descer com o sensor apontado para baixo. O míssil busca emissores na decida e ejeta o pára-quedas e liga o motor se encontra novo alvo mergulhando até ele. O tempo de espera é suficiente para que as aeronaves de ataque passem sobre o alvo.

O ALARM tem modo duplo de lançamento, pode ser ataque direto ou espera, dependendo se existe emissor para ataque direto. Um ALARM melhorado, ou ALARM II, foi usado pelo Tornado GR.4 na operação Telic na segunda Guerra do Golfo em 2003.


ALARM descendo de pára-quedas.


Três mísseis ALARM na barriga de um Tornado IDS da RAF.


O ARMIGER (Antiradiation Missile with Intelligent Guidance & Extended Range) da Alemanha pretende ser o míssil anti-radar que irá substituir os HARM nos Tornado ECR a partir de 2008. Terá uma velocidade de Mach 3, sensor duplo RF e IIR e navegação GPS/INS para manter curso se transmissor desligar. O sensor de RF de banda larga será usado para aproximar do alvo e o sensor IIR para ataque final. O alcance será de 185km. A precisão será de metros e por isso terá uma ogiva pequena de 20kg. O peso total é de 225kg com 4 metros de comprimento. O parâmetros e coordenadas do alvo são carregadas no míssil pelo Tornado antes do lançamento. A Franca participou do projeto até 1997. A Itália e a Suécia estão interessadas. O míssil poderá usar o motor ramjet do Meteor.


O Kh-25M russo (AS-12 KEGLER) é uma versão do Kh-25 com sensor de RF passivo. Pode ser convertido por um técnico de campo de versão IR/TV para RF e vice versa apenas trocando o sensor. É pequeno para ser levado por aeronaves táticas. Pesa 320kg e tem alcance de 25km. O Kh-25MP é a versão de exportação.


O casulo LO-80A Fantasmagoria russo é usado para detectar emissores e alimentar os sistemas dos mísseis anti-radar russos.


O míssil anti-radiação de longo alcance e alta velocidade russo é o Zvezda Kh-31P Entrou em serviço no início da década de 90. (AS-17 KRYPTON). Usa motor ramjet e tem um sensor derivado do Kh-58 com maior precisão. Pesa 600kg e tem alcance de 110km. O Kh-58 (AS-11 Kilter) é um míssil maior com 640kg e alcance de 40 km.


Israel usou mísseis Shrike, como o da foto, lançado de blindados durante a batalha do vale de Bekka em 1982.

História

Os mísseis anti-radiação americanos apareceram com a ameaça de mísseis SAM em Cuba em 1962.

O Vietnã  foi primeiro conflito com SAM suficientes para ameaçar aeronaves tática. A US Navy logo reagiu com casulos de interferência e mísseis anti-radar para supressão de defesas e criou as equipes de caças Iron Hand para combater ameaças de radares de controle de caças em terra (GCI), mísseis SAM e artilharia antiaérea guiada por radar.

A USAF reagiu com interferidores para proteção dos seus bombardeiros. Quando um F-4C americano foi derrubado por um míssil SA-2 em junho de 1965 no Vietnã a resposta foi imediata. A primeira contramedida foi voar a baixa altitude e realizar manobras agressivas pois os primeiros mísseis russos eram otimizados para derrubar bombardeiros a grande altitude. Só no fim do conflito é que apareceram mísseis otimizados para derrubar caças. Os EB-66 passaram a voar missões para detectar e interferir nos radares vietnamitas.

A perda de oito caças para mísseis SAM e artilharia antiaérea guiada por radar em julho de 1965 forçou o inicio do projeto Wild Weasel.

A primeira aeronave Wild Weasel foram os F-100F Super Sabre com receptores radar e armados com foguetes marcadores de fumaça e depois com o míssil anti-radiação AGM-45 Shrike. Entrou em serviço em novembro de 1965 e operavam com o F-105D "Iron Hand" para aumentar a capacidade ofensiva. Assim foi iniciado o duelo de quem dispara primeiro e quem evita o míssil inimigo.

O uso do F-105 nas missões SEAD mostrou que era adequado. Podia levar mais armas e voava bem a baixa altitude. Era resistente e robusta. O programa Wild Weasel IA avaliou dois F-105D com alerta radar RHAWS banda L, S e X e equipamentos de interferência eletrônica AN/ALQ-59 e AN/ALQ-71. Um F-105F biposto foi modificado para SEAD no programa Wild Weasel II. As aeronaves F-105F de produção eram no padrão Wild Weasel III com os mesmos aviônicos do F-100F., as vezes chamados de EF-105F.

A base de Korat na Tailândia recebeu seis EF-105F em julho de 1967. Em 45 dias apenas 2 não foram derrubados e estavam danificados. Naquele primeiro ano da guerra foram perdidos 11 aeronaves. Dos 107 Shrike disparados até novembro de 1967 apenas um atingiu o alvo e 38 prováveis, apesar de salvar várias aeronaves da USAF ao forçar os radares inimigos a desligar.

Os últimos EF-105F receberam o QRC-317 (SEE-SAM) que detectava o trancamento dos SA-2 e alertava uma aeronave especifica que ela estava sendo engajada. Um computador era usado para calcular a localização do emissor e projetava uma referencia na mira do piloto. Algumas aeronaves tinha o ER-142 que cobria a banda C.

Os EF-105F davam cobertura para os pacotes de ataque no Vietnã do Norte. No inicio de 1968, 89 baterias SAM foram destruídas e 68 danificadas. Um total de 197 jatos e 7 helicópteros foram perdidos neste conflito para os mísseis guiados por radar. Os sistema de guerra eletrônica diminuíram as perdas para armas guiadas por radar de 14% em 1965 para 1% na ofensiva Linebacker.

Em 1970 surgiu a versão F-105G, com o código sendo usado pelos EF-105F também, sendo construídos (modificados) 63 aeronaves. O F-105G estava equipado com o AN/APR-36 e o AN/APR-37 no lugar dos AN/APR-26 e AN/APR-27 e substituo o ER-142 com o AN/APR-35. Duas antenas do RHAWS AN/APR-31 ficavam nas pontas das asas. O ALQ-105 foi instalado na lateral da fuselagem liberando os cabides das asas e reduzindo o arrasto. Podia levar dois Shrike e dois Standard. As aeronaves foram retiradas de serviço em 1983.

A USAF e US Navy usavam o míssil AGM-65 Shrike. O Shrike era disparado para cima (trajetória loft) e caia sobre o alvo, ou fazia ataque a curta distancia com trajetória direta a 1-2 milhas do alvo. Se não atinge radar é desligado. O código "shotgun" era usado para alertar o ala que o míssil disparado é amigo e não um míssil SAM inimigo.

Os sistemas de alerta radar (RWR) surgiram para apoiar as missões Iron Hands. Um interferometro detecta o sinal de radar e determina o angulo de chegada. Supereterodinos determinam o PRF para ajudar a identificar o tipo de radar, junto com potência do sinal para determinar alcance e modo operacional. Os dados são mostrados em uma tela na cabine junto com alerta sonoro. Radares diferentes tem sons diferentes.

Os caças que faziam as missões Iron Hand voava a FL180-220 (18 a 22 mil pés) e baixava para 500 metros quando detectava um radar (e eram menos efetivos). Atacavam o alvo com o Shrike ou bombas.

O míssil AGM-78 Standart ARM podia apontar sensor e dava aparência que não estava atacando pois a aeronave não apontava para o alvo. Então o míssil disparado virava para o alvo depois de lançado e o radar não desligava.


O F-105G era acompanhado de um F-105 monoposto armado com bombas convencionais. O Shrike marcava o alvo com a fumaça da explosão. Os lançadores de mísseis eram atacados com bombas, foguetes e tiros de canhão. A bateria de mísseis SA-2 acima está sendo atacado por bombas em cacho.

Na primeira noite da Guerra do Golfo, 50 caças F-4G foram precedido por drones BQM-174C Scathe Mean Chukar e ADM-141 simulando ondas de caças da coalizão para acordar os radares iraquianos.

Dúzias de radares iraquianos foram destruídos por mísseis HARM disparados contra alvos pré-planejados. A segunda onda lançou mais HARM pré-planejados que desceram contra o alvo quando os atacantes realizavam ataques.

Durante as primeiras quatro horas da guerra, sensores detectaram quase 100 emissões iraquianas. Nas primeiras 24 horas foram disparados quase 500 HARM. No sexto dias as emissões de radares iraquianas cairam em 95%. Os operadores de radar iraquianos logo aprenderam que ligar o radar significava morte certa. No total foram disparados 1.300 HARM. Só os F-4G destruíram 250 radares. Os F-4G foram ajudados por F-16C e F/A-18C.

Durante a Guerra do Golfo os F-4G Wild Weasel voavam missões de 5 horas com dois REVOS, mais 3 horas de planejamento de missão e 1 hora de debriefing. Como sabiam que a artilharia antiaérea estava concentrada ao redor dos possíveis alvos voavam a 19 mil pés (cerca de 6 mil metros) no primeiro dia da guerra e depois subiram para 23 mil pés (cerca de 8 mil metros) no segundo dia e 28-30 mil pés (10 mil metros) na segunda semana.

Levavam de 2 a 4 mísseis HARM depende da ameaça e alcance. O iraquianos logo aprenderam que deveriam ficar com seus radares desligados. A contra-contramedida foi usar o ALARM britânico que ficava planando sobre o alvo com um pára-quedas ou gritar "magnun" pelo rádio para anunciar que disparou um míssil. Isso levou os operadores que monitoravam as conversas a pensar que lançou um míssil real e mantinha seu radar desligado ou desligava. O resultado era chamado de "soft kill" ao contrário de "hard kill" com a destruição do alvo por um míssil. As aeronaves Wild Weasel podem intimidar pela mera presença.

O F-4G tem um RWR que armazena a azimute da transmissão e triangular várias emissões a partir de locais diferentes para determinar posição do radar inimigo. Também é programado antes com possíveis emissões inimigas e amigas para evitar mostrar radares amigos na tela.

O RWR AN/APR-47 do F-4G informava sobre as ameaças de radares na área de operação para grupo de ataque da mesma forma que o E-3C AWACS avisa sobre ameaça ar-ar.

Os  F-4G voavam junto com os F-15C na frente do pacote de ataque. Duas ou quatro aeronaves eram usadas dependendo da ameaça. Uma linha de quatro aeronaves cobria uma frente de 15-20km. Também escoltava aeronaves de reconhecimento tático. Voavam sempre aos pares.

Os EF-111 e EA-6B faziam parte do processo de SEAD com interferência ofensiva, neutralizando radares de longo alcance que passam dados para baterias SAM e artilharia antiaérea.

A experiência israelense em 1973 que levou a USAF a desenvolver o F-4G especializado em SEAD. Os F-4G foram retirados de serviço no fim da década de 90 e substituídos pelos F-16CJ equipados com um sensor HTS.O F-16CJ equipado com HTS só usa um tripulante e não tem outro para analisar ameaça, cuidar da ameaça ar-ar e voar a média altitude.

O F-105G foi substituído pelo F-4G Phantom II. O F-4G foi usado como aeronave SEAD/Wild Weasel provisória e deveria ser substituído por um caça de 4a geração. O programa SEAD/FOWW (SEAD/Follow On Wild Weasel) seria baseado no F-15 Eagle equipado com um equipamento de detecção de ameaça (PDF) e um HTS (Harm Aquisicion Pod) do F-16. Cerca de 100 F-15C/D seriam adquiridos e armados com o AGM-88 HARM. A discussão sobre o uso de aeronave monoposto ou biposto atrasou o programa e a atenção da USAF se voltou para aeronaves furtivas. O F-16 passou a ser usado como SEAD provisório.

O F-16A foi usado em operações SEAD na operação Tempestade do Deserto em 1991 com o ALR-69 e com pontaria por computador para atacar sites SAM com bombas. O 157 esquadrão enviou 20 caças para atacar 10 sites na primeira missão. A experiência mostrou que era necessário uma aeronave dedicada.

O F-16CJ foi comprado como medida provisória e barata até a entrada em serviço do F-15PDF que foi cancelado em 1994, depois ressuscitado em 1996. O programa foi considerado caro e o F-16 se tornou a única plataforma SEAD da USAF.

Apesar de ser especializado, o F-16CJ não é uma variante dedicada como o F-4G ou EA-6B da US Navy. Era um caça equipado com detetor de emissão e dispara mísseis anti-radiação e que continuava a ter outras capacidades de caça tático.

O F-16CJ iniciou o desenvolvimento em 1991.Usaria o AGM-88 HARM II, o Shrike, o Pave Penny e o AN/ASQ-213 HTS para designação e alvos. O Pave Penny e o Shrike não foram usados operacionalmente. O HTS cobre 120 graus a frente e os caças voam manobras padrões para cobrir 360 graus e triangular as ameaças. O alcance e azimute é passado para os HARM e para os mostradores no cockpit. O HTS é integrado com o ALR-67 RWR e pode ser usado para pontaria de outras armas como o AGM-65 Maverick.

Apesar de não cobrir 360 graus, o AQS-213 tem conseguido atingir tempo de resposta e precisão bem maior que os APR-38/47 do F-4G. Ainda assim o F-16 tem limitação para operar em ambiente de alta ameaça como o F-4G podia fazer. Com o datalink IDM o F-16CJ passou a receber ajuda dos RC-135 Rivet Joint e E-8B JSTARS.

O F-16CJ também é equipado com o AIM-120 AMRAAM, AIM-9 Sidewinder. Desde 2000 pode disparar a JDAM e WCMD para ataque terrestre. Porém como treina 60% do tempo para SEAD, 30% ar-ar e 10-% ar-solo, não é usada para ataque.

O F-16CJ pode usar o casulo LANTIRN mas não recebeu o casulo. Para operar com óculos de visão noturna o cockpit teve a camada de óxido de indio retirado. Os modelos atuais usam o RWR ALR-56M e interferidos casulo AN/ALQ-119, AN/ALQ-131 ou AN/ALQ-184 no centrelinte.

Em dezembro de 2001 os HTS passaram a ter capacidade de designar alvos para as JDAM e JSOW dando capacidade DEAD para as aeronaves. Com a modernização CCIP os F-16CJ irão receber o Link 16 MIDS, capacetes JHMCS, novos IFF e o casulo Sniper. O HTS terá que se instalado no lado esquerdo pois o Sniper tem que ser instalado no lado esquerdo da entrada de ar. O Sniper deve estar operacional em 2007.

O primeiro uso em combate do F-16CJ foi na operação Provide Comfort em 1995 no Iraque quando disparando mísseis HARM contra radares iraquianos. Em 1995 foram disparados nove AGM-88 em 160 saídas na Iugoslávia na operação Deliberate Force. Na operação Allied Force foram disparados 150 HARM. Na operação Iraqi Freedom um F-16CJ disparou um HARM contra uma bateria Patriot que o engajava. O alvo foi destruído sem matar os operadores.

No conflito de Kosovo a USAF usou 48 aeronaves F-16CJ Block 50 e 30 EA-6B para supressão de defesas. Os caças iam na frente do pacote de ataque. Quatro aeronaves cobriam 360 graus, com uma par avançando e outro recuando. Cada par monitorava 180 graus. Os caças formavam duplas de "hunter-killer" com uma aeronave detectando (EA-6B) e outra atacando os alvos com os dados sendo passados pelo datalink IDM

Os sérvios dispersavam seus SAM e controlavam as emissões. Eram difíceis de encontrar e atacar, forçando aliados a ficarem alertas. Isto aumentou o tamanho do pacote de ataque, evitou atacar certos alvos por algum tempo e aumentou a necessidade de apoio SEAD. Fora estimado a existência de 16 radares de controle de tiro SA-3 Low Blow and 25 SA-6 Straight Flush. O sérvios emitiam por 20 segundos e desligavam os radares.

Em Kosovo os pilotos também voavam a pelo menos 5km de distância das estradas ou só cruzavam a 90 graus para diminuir exposição a artilharia antiaérea que preferia ficar próximos as estradas para aumentar a mobilidade.

Em Kosovo também foi realizado DEAD com os F-16CG (Block 40) ou F-15E armados com bombas guiadas a laser. As aeronaves ficavam próximas as aeronaves REVO e eram chamados quando os radares começavam a emitir. Também usavam bombas guiadas AGM-130 disparada pelo F-15E e a JSOW lançada do F/A-18.

No conflito de Kosovo foram disparados 800 mísseis SAM em 78 dias, sendo 477 SA-6 e 124 MANPADS (mísseis disparados do ombro). Estes mísseis derrubaram duas aeronaves (um F-117 e um F-16CJ). Mais um F-117 foi danificado e outros 2 A-10 foram danificados por artilharia antiaérea. Outros dois A-10 foram atingidos por MANPADS sendo um danificado e outro não explodiu.

Os caças da OTAN dispararam 743 mísseis HARM, sendo 200 preventivos sem que o radar inimigo estivesse emitindo. Só três das 25 baterias de mísseis SA-6 foram destruídas. Os Sérvios sabiam como os americanos agiam e estavam preparados ao contrário dos iraquianos que não tinham controle sobro o uso dos seus radares. A tática sérvia levou ao uso do triplo de proteção do EA-6B do que a feita no Golfo.

Apenas os F-16CJ do esquadrão Fighting Hawks voaram 1.071 saídas e dispararam 191 mísseis HARM em 4.600 horas de vôo. As aeronaves SEAD eram usadas para escolta ou cobrir área geográfica na busca de radares inimigos.

A USAF atualmente usa o EA-6B para interferência eletrônica, o C-130 ABCCC para coordenar as operações, o RC-135 para reconhecimento eletrónico e o F-16CJ para SEAD. Os EA-6B, F-16CJ substituíram o EF-111 e F-4G respectivamente que atuaram na Guerra do Golfo. O EA-6B dá proteção de área e constante ou direcionada (ameaça local e auto-defesa).

A URSS não usava aeronaves SEAD dedicado ou independente. A missão era voada como apoio das operações aéreas no nivel tático por aeronave não especialistas. A missão era apoiada por aeronaves de reconhecimento eletrônico e reconhecimento tático. Os russos preferem ataque pré-planejado contra defesas aéreas inimigas conhecidas ao invés de alvos de oportunidade típico dos EUA.

Cada esquadrão de caça destacava 2-4 aeronaves com mísseis anti-radar e bombas em cacho para atacar posições de mísseis SAM nos corredores de entrada e saída e ao redor dos alvos. Elas criavam corredores seguros no campo de batalha. As aeronaves de ataque voavam baixo e as aeronaves SEAD subiam para 500-4000 metros a 40-50km das baterias de mísseis Hawk ou subiam até 2-6 mil metros a 120km das baterias de mísseis Nike Hercules. O RWR Pastel, versão do SPO-15 Sirene, pode designar alvos para mísseis anti-radar, mas é difícil de usar e não pode ser programado na base.

Também usavam o míssil tático 9M714U Totshka-U (SS-21 Scarab) com sensor radar passivo e alcance de 70km em ataques coordenados com as tropas em terra. Cada divisão soviética tinha um batalhão de mísseis Tohstka e podiam disparar o Totshka-U disponível no fim da década de 80.

Novos mísseis anti-radar surgiram na década de 80 para equipar os caças russos como o Kh-25MP e Kh-58 (250km alcance).

O MiG-25BM se especializou em SEAD voando a 21km de altitude fora do alcance das baterias de mísseis Hawke usava táticas idênticas as americanas do tipo grupo de busca e destruição e operando em esquadrão independente. Outros MiG-25BM podiam atacar concentrações de mísseis SAM com bombas atômicas disparadas a longa distância em velocidades supersônicas. Cerca de 40 aeronaves foram concentradas na 98a ala de reconhecimento em Montshegorsk na região de Kola. Os MiG-25BM poderão ser substituídos por 40 MiG-31BM modernizados e armados com o Kh-58 e Kh-31.

Os Britânicos usam um sistema parecido com o russo com dois esquadrões de Tornados IDS com missão secundária de SEAD. Os Tornados são armados com mísseis ALARM e os pilotos voando 40% do tempo nesta missão durante o treinamento. O esquadrão continua com a missão primária de ataque com bombas convencionais.

A Itália e Alemanha desenvolveram o Tornado ECR com missões SEAD e reconhecimento armadas com o HARM. As aeronaves mantém a capacidade de ataque. São as únicas plataformas SEAD dedicadas em operação desde a saída do F-4G em 1991.

Os Tornados ECR (27 para a Alemanha e 16 para a Itália) são equipados com um ELS (Emitter Location System) para localizar ameaças e o datalink ODIN (Operational Data Interface). O ELS detecta, identifica, categoriza e localiza emissores. Usa a banda de frequência, frequência de repetição de pulso (PRF), intervalo de repetição de pulso (PRI) para identificar as ameaças. Pode mostra o azimute da emissão para triangular e determinar a distância. O sistema pode tirar alvos da tela se saturado. A artilharia antiaérea pode ser removido se estiver fora do alcance e o sistema pode priorizar certos alvos. O ELS também pode ouvir os datalinks das IADS sendo um sistema ELINT completo.

O ODIN troca dados entre os Tornados ECR, codificando e transmitindo as mensagens, mas não é compatível com Link 16 ou TADIL-J.

No Tornado ECR o piloto faz tarefas do WSO do Tornado normal como navegar, operar o rádio e gerenciar sistemas. O WSO caça ameaças. Podem voar entre 160 a 260 horas por ano.

No planejamento de missão são criados "kill boxes" para cada aeronave, e calcula "kill radii" de cada ameaça e cobertura radar de cada emissor da biblioteca de ameaças. Os tripulantes colocam as ameaça nas coordenadas e o computador calcula o resto. O software carrega tudo no DTS. O software também calcula combustível distâncias, tempos, direção e altitude, e pontos de referência para o plano de vôo. O DTS também tem "árvore de ameaça" e "doutrina de disparo" para identificar o raio letal dos SAM.

Podem ser determinados padrões de ataque e quadrante de responsabilidade onde cada aeronave da esquadrilha irá engajar (p.e #1 ataca SA-3 ou mais distante da esquerda etc).

O treino sempre inclui reabastecimento em vôo com outro Tornado (sempre entra com tanque cheio no território inimigo), táticas  de supressão e evasão; e simula falhas e condições, como vôo monomotor e vôo por instrumento.

Na operação "Allied Force", os ataques preventivos eram a maioria seguidos por ataques reativos. Os sucessos eram classificados de "soft/technical kill" quando inimigo não transmitia por medo de ser neutralizado e "hard/supression kill" com  explosão ou destruição cinética com o AGM-88. Entre 200 a 300 HARM foram disparados pelos Tornados ECR.

Geralmente quatro aeronaves separavam-se em pares em áreas geográficas para manter os SAM inimigos com a "cabeça baixa". O vôo baixo era preferido por ser melhor para Tornado e também a média altitude dependendo da ameaça. Um ECR funcionava como isca, forçando o inimigo a emitir voando no limite do alcance de engajamento ou diretamente contra o alvo. O ala ou mais dois preparavam o disparo do HARM enquanto a isca foge a toda velocidade se engajado. Neste jogo de gato e rato, o operador do SAM era compelido a transmitir até o impacto e o Tornado ECR podia disparar um HARM.

DEAD

O método convencional de SEAD é uma aeronave com detector de radar (RWR) e um míssil anti-radiação. Esta combinação só funciona contra radares ativos ligados. A contramedida dos radares inimigos é usar modos de auto-defesa que desliga o radar automaticamente ou avisa se algo muito rápido se aproxima.

A USAF está investindo em SEAD preventiva /hard kill, também chamado de DEAD, com o usa de aeronaves ELINT, interferência eletrônica e aeronaves SEAD.

O DEAD (Destruction of Enemy Air Defenses) está para destruição preventiva enquanto o SEAD está para supressão reativa. A reativa é a escolta de um grupo de ataque e atua disparando mísseis anti-radar contra radar que emite. Atingir o alvo é secundário e destruir complemente é sorte. Um MAR tem ogiva muito pequena e pode ser usado para marcar a área do alvo. A intenção é diminuir a atividade dos mísseis SAM por uma missão, forçando a desligar radar para evitar ser detectado pelo sensor do MAR.

O DEAD - destruição preventiva - se torna uma missão constante para aumentar o atrito nas defesas inimigas. O SEAD deveria destruir antes da missão, pelo menos uma hora antes da missão. É destrutivo por destruir o alvo.

A missão DEAD é localizar o emissor e destruí-lo com outra armas que não seja um míssil anti-radar. Pode ser improvisado como detecção visual (alvo de oportunidade) ou caça-bombardeiro que contra-ataca com suas armas após ser engajado.

O DEAD pode ser feito de forma improvisada com uma aeronave de ataque que detecta visualmente uma bateria de mísseis SAM e ataca como alvo de oportunidade.

NA Operação Allied Force em Kosovo, A USAF usou F-16CJ para detectar os SAM inimigos e para serem atacados pelos F-16 Block 40 equipados com o LANTIRN e bombas guiadas a laser. O problemas é que o datalink IDM eram dedicados para SEAD ou apoio aéreo aproximado e não podiam trocar dados. Agora a USAF está modernizando os F-16 para operarem o sensor HTS com sensibilidade quatro vezes maior, junto com o sensor ATP para substituir o LANTIRN, mais a mira montada no capacete JHMCS e bombas guiadas por GPS. Com isto os F-16 podem detectar emissões a longa distância, localizar com precisão com o ATP, e a curta distância com o JHMCS e atacar com as JDAM. Além disto mantém a agilidade para se defenderem e podem atacar alvos aéreos com os AMRAAM.

As características do DEAD também não estão longe da missão SEAD pois as aeronaves SEAD americanas também usam mísseis Maverick e bombas burras que podem ser apontadas para o emissor. As aeronaves SEAD preferem disparar mísseis anti-radar a longa distância mas eles podem acabar e por isto treinam com armas alternativas incluindo o canhão. O ESM também pode direcionar casulo de designação laser para a área do alvo.

Os F-16CJ americanos também irão receber um casulo Sniper-XR para poderem "ver" o alvo e poderem designar bombas guiadas a laser. De qualquer forma um míssil anti-radar é usado também para marcar a área do alvo com fumaça da detonação dos explosivos que depois será atacado por outras aeronaves.

As armas usadas para DEAD também são muito mais letais. É possível destruir tudo num raio de 100-450 metros com uma bomba guiada a laser de 450kg enquanto um míssil HARM só danifica o radar.

A US Navy usa o JSOW, uma bomba lança-granadas planadora furtiva de longo alcance guiada por GPS, para atacar radares a longa distância (40km). É disparada do F/A-18 com a designação do alvo feita pelos EA-6B que triangulam a posição do radar e passa os dados por datalink.

A USAF também está tentando mudar o foco de SEAD reativo de aeronave individual, para SEAD coletivo com adição de ataque e ISR plataformas trocando dados de alvos em tempo real. Um conjunto de sistemas irá detectar, localizar, identificar e atacar as defesas aéreas inimigas sem o uso de mísseis anti-radiação. A tecnologia de sensores e datalink permite montar uma rede SEAD que inclui vigilância e reconhecimento, despistadores, interferidores, UAVs, centros de comando, e plataformas de ataque e SEAD.

Um radar SAR como o JSTAR pode detectar radares rotativos de busca aérea e a mudança de posição da bateria. Uma aeronave RC-135 Rivet Joint pode correlacionar a posição com certas emissões para identificar positivamente como uma bateria de mísseis.

Outro exemplo foi numa manobra onde os P-3 Orion da Noruega usaram o ESM, radar SAR e FLIR para identificar radares na costa. As coordenadas do alvo foram passados por datalink para caças F-16 que simularam o disparo de armas JDAM. Uma da conclusão do exercício é que o P-3 poderia ser armado com uma arma guiada como o SLAM para atacar os alvos identificados.

Estes sensores equivaleriam a um grupo de AMX equipado com sensores tipo ASTAC, casulos de radares SAR e FLIR de longo alcance. Os dados seriam passados para um posto de comando em terra ou no ar que retransmitiria para os AMX armados.

O DEAD pode completar SEAD, principalmente contra radares fixos ou pouco móveis. Esta missão deve ocorre antes da passagem do "pacote de ataque". As defesas inimigas também devem ser localizadas com relativa precisão. O "pacote de ataque" também poderá ser formado especificamente para realizar DEAD.

O DEAD será importante, mas o SEAD sempre existirá devido a ameaças que sobreviveram ou não conhecidas detectadas antes. Até as missões DEAD precisam de escolta para SEAD.

Os RWR atuais já podem determinar geolocação com precisão suficiente para designar alvos em tempo real. A única modificação pode ser no software. Um aeronave ELINT pode dizer a um RWR de um caça para buscar um sinal de interesse. O RWR adquire o sinal, mede os parâmetros e passa os dados mais a posição da aeronave de volta. Os dados podem ser suficientes para apontar um radar SAR ou FLIR. O piloto pode tomar ação apropriada como evitar ameaça ou atacar.


Os F-15E atuava junto com os F-16CJ fazendo DEAD com bombas guiadas a laser e mísseis AGM-130. A sequência acima é são imagens do vídeo do sensor IR do AGM-130 num engajamento contra um radar de controle de tiro de uma bateria SA-6. A terceira foto é do posto de comando com um guarda próximo a porta que foi o primeiro alvo a ser atacado.


As imagens acima do sensor IR da AGM-130 atacando um radar de busca sérvio P-15 e um radar de controle de tiro do SA-2. Na segunda imagens é possível perceber um tripulante tentando fugir do ataque a esquerda. Deve ter percebido a aproximação de um objeto no radar.

Próxima parte: O Substituto do AMX


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