Os ARP em Ação

Antes do inicio da operação que matou Osama Bin Ladden, o comandante do Seal Team Six foi chamado para um Briefing sobre uma nova operação e logo percebeu que seria um alvo importante ao ser informado que havia um satélite vigiando o local continuamente. O satélite fazia operação de "análise de padrão de vida" (pattern-of-life analysis), acompanhando o padrão de atividade dos alvos, no caso os moradores da casa. Um dado que levou a ação foi a determinação da sombra de Osama Bin Ladden, que é a de um homem alto, o que é raro entre os árabes.

Várias plataformas podem fazer análise de padrão de vida. As aeronaves de vigilância americana baseados no Golfo Pérsico, como os E-3 AWACS, E-8 JSTARS, RC-135 Rivet Joint e EP-3 Aries, estão usando estas técnicas para determinar o "padrão de vida" das forças iranianas como suas baterias de mísseis SAM, bases aéreas, transmissões de comunicações e movimentação de embarcações.

Os conflitos no Afeganistão e Iraque são outros locais onde está técnica está sendo usada extensivamente. A principal plataforma usada nestas operações são os ARP (Aeronaves Remotamente Pilotadas) ou RPA (Remotely Piloted Aircraft), também chamados de VANT (Veículos Aéreos Não Tripulados). A duração desses conflitos fez o uso dos ARP crescer exponencialmente resultando em melhorias das técnicas, hardwares e softwares usados nas operações de análise de padrões de vida. Os alvos são os insurgentes que se misturam com a população civil. Em março de 2011, a frota de ARPs americanos atingiu um milhão de horas de voo. Demorou 14 anos sendo que o próximo milhão deve ser atingido em dois anos e meio. 

As operações de vigilância se tornaram o principal fator nas vitórias das tropas americanas no Afeganistão e no Iraque. Os meios usados para vigilância não são apenas os ARP, mas também aeronaves, sistemas de inteligência de comunicação (COMINT), redes de comunicação para trocar dados, banco de dados e softwares para ajudar a analisar os dados. As bases do US Army estão cobertas por balões cativos com câmeras vigiando os arredores. 

No Afeganistão, o Talibã é um inimigo disperso, elusivo e que se mistura com a população em áreas urbanas ou remotas nas montanhas. Uma estratégia para lidar com este inimigo foi colocar os ARPs voando acima de locais suspeitos em busca de atividade inimiga. Com a análise de padrão de vida os operadores percebem pequenos detalhes como onde os civis lavam a roupa, jogam lixo e o padrão de tráfego de veículos. Se percebem quando o padrão muda informam as tropas que algo vai acontecer. Devido ao sucesso das operações a demanda por vídeo em tempo real (RTV - Real Time Video) aumentou muito, principalmente após 2005.

O uso do RTV, além da escuta de rádios e celulares, consiste em cobrir uma área onde acreditam que inimigo está operando de forma constante. As unidades de reconhecimento, incluindo os ARP, procuram dados que indicam ações inimigas. Os sensores mantêm um pedaço do terreno sobre vigilância por um longo período. Boa parte das análises é feita por computadores. Se um alvo ou padrão diferente é localizado, a análise humana pode confirmar e até um ataque é feito com armas guiadas ou tropas. As tropas são usadas se querem capturar tropas, coletar documentos ou se existe um risco grande de danos colaterais com o uso de armas.

Manter os operadores de sensores alertas sempre foi difícil. Após 20 minutos olhando uma tela de vídeo, ou tela de radar radar, o operador perde a capacidade de concentração. A solução sempre foi muito café e supervisão. Para solucionar este problema, o Departamento de Defesa americano criou softwares para análise de padrões no vídeo digital. Os softwares usam técnicas "pattern matching" para evitar o trabalho chato de monitoramento. O software detecta movimentos que precisam de atenção humana e dão alertas e indicações.

Dois desses softwares são o VIRAT e o PERSEAS. O VIRAT (Video and Image Retrieval and Analysis Tool) vigia pequenas áreas como um prédio ou janela, enquanto o PERSEAS (Persistent Stare Exploitation and Analysis System) coleta atividade em uma grande área para análise estatística a procura de padrões. O US Army criou o programa AURORA para reconhecimento automático de alvos para uso no RQ-7 Shadow. O software identifica itens de interesse e alerta os operadores para conferir o local visualmente.

Outra melhoria foi nos sensores. A USAF desenvolveu o sistema Gorgon Stare. O Gorgon Stare consiste em um par de casulos multi-câmeras levado pelo Reaper. Cada um pesa 250 kg, contendo um total de nove câmeras, sendo cinco diurnas e quatro noturnas (outra fonte cita 12 câmeras). Os casulos permitem cobrir uma cidade ao invés de um quarteirão, num raio de 4 km. Existem outras opções como usar todas as câmeras para olhar a mesma área e produzir uma imagem tridimensional, ou duas câmeras cobrindo o mesmo local com resolução diferente, sendo uma para busca e outra para focar e identificar objetos. O objetivo é compensar a falta de ARPs, evitando mandar vários ARPs para cobrir o mesmo local. O US Army usa um sistema similar chamado Constant Hawk e o USMC usa o Angel Fire.

O Gorgon Stare já foi testado no Afeganistão e 10 conjuntos foram comprados pela USAF. Os dois operadores ficam em um veículo Humvee, separados dos operadores do Reaper. Os dados de vídeo podem ser enviados, entre outros, para as tropas operando abaixo através de um console portátil ROVER. Os Reaper e Predator são sempre chamados para acompanhar veículos ou sobrevoar uma casa para alertar sobre "fugitivos" durante uma operação, mas os controladores dos sensores podem perder alvos que se movimentam muito rápido ou tem limite de quantidade de alvos que podem ser cobertos. Um sensor com abertura maior, como o Gorgon Stare, evita este problema, mesmo que sejam vários "fugitivos" em locais diferentes. Por usar o mesmo canal de comunicação para todos os operadores, o vídeo é atualizado bem menos que o normal por cobrir uma grande área, dando um efeito de câmera lenta.

Outro hardware de imagem de área é o ARGUS-IS (Autonomous Real-Time Ground Ubiquitous Surveillance - Imaging System) da BAE System. Consiste em um arranjo de câmeras em um casulo de 230 kg, com definição de imagem de 1,8 Giga pixels. A câmera pode cobrir uma área de 40 km quadrados voando a 3 mil metros, ou uma altíssima resolução de uma área bem menor. Uma das funcionalidades é indicar alvos móveis no campo de visão, o que seria uma tarefa bem demorada para um ser humano realizar manualmente olhando vários vídeos gravados. Como funciona melhor se a plataforma estiver parada, será instalado no MQ-18A Hummingbird da Boeing com autonomia de 20 horas. O US Army esperava operar três MQ-18A no Afeganistão em 2011, mas um caiu em 2010 e foi cancelado. O SOCOM (Special Operations Command) comprou 20 MQ-18 em 2009.  

O US Army está desenvolvendo um sistema mais simples chamado Triclops. Consiste em adicionar dois casulos com sensores nas asas do MQ-1C Gray Eagle. O casulo foi testado na operação MUSIC em setembro de 2011. Enquanto o sensor principal Raytheon AN/AAS-53 Common Sensor Payload (CSP) era operado pela estação de controle principal, os dois casulos DAS-2 da Raytheon instalados nas asas eram operados por várias tropas em terra equipados com as estações portáteis OSRVT (One System Remote Video Terminal) ou com o mini-GCS da Aerovironment usado pelos mini-ARP Raven e Puma. Um líder de Pelotão pode controlar um casulo do Triclops, mas o operador do ARP pode controlar os três ao mesmo tempo. Com uma tela touchscreen, as tropas podem detectar explosivos improvisados e ver indivíduos correndo do local e ainda continuar os acompanhando pois o MQ-1C agora tem vários sensores. Também foi testado o seu controle pelo helicóptero AH-64 Block III, dando capacidade visualizar os alvos também por cima.


Os casulos DAS-2 do Triclops ficam instalados nos cabides do MQ-1C Gray Eagle. (foto US Army)


Imagem do software Angel Fire usado pelo USMC. O software dá indicação de alvos móveis no vídeo e o operador pode focar a imagem para ver mais detalhes. (foto Global Security)

 

Missões de Ataque

As missões de vigilância não é a única missão dos ARPs. Os operadores ficam 15% do tempo apoiando tropas em contato com o inimigo e 20% do tempo apoiando tropas engajadas em operações e incursões, além de encontrar uma média de dois alvos por saída. Os operadores dos ARPs têm oportunidade de atacar alvos a cada 0,5% a 3% das saídas em média, dependendo da época e do local.

As tropas em terra consideram os ARPs o meio mais importante no sucesso das operações e mudaram o jeito das tropas lutarem. A experiência do US Army com os ARP mostrou que são muito úteis para manter a consciência da situação, diminuir a carga dos soldados e a exposição ao fogo direto com o inimigo. Com a visão de pássaro acima, os comandantes podem mover as tropas mais rápido, confiantes que não serão emboscados, e sempre estão certos de onde o inimigo está ou não. O vídeo persistente deixou o inimigo em desvantagem, com os americanos podendo ver o que o inimigo faz sem serem vistos. A visão noturna e as armas de precisão foi uma combinação que facilitou o sucesso nas ações.

Nas operações militares podem colocar meia dúzia de ARPs no local, mais o apoio dos sensores de helicópteros de ataque e mini-ARPs. Todo o campo de batalha fica coberto por sensores de vídeo. Também usam esta tática para preparar o campo de batalha, com 2 ou 3 ARPs para cobrir a área um dia antes da operação, como um vale ou vila, e o inimigo não tem como se esconder. Se detectarem algo podem aumentar a cobertura de ARP no local.

A rapidez das ações serviu para baixar o moral do inimigo. Os ataques são simulados em computador e todos que participam das operações estão bem treinados. A reação do Talibã foi usar mais ataques suicidas e explosivos improvisados, mas os civis mortos nas ações levam a uma derrota política.

Com o aumento dos ataques com explosivos improvisados, a próxima ação foi proteger os comboios que usam sempre o mesmo trajeto o tempo todo. O Constant Hawk é um programa do US Army para análise de imagens e padrões de busca. O conceito se baseia na comparação de imagens tiradas do mesmo local em momentos diferentes. Se o software nota alguma mudança as imagens são estudadas mais de perto, levando a detecção de várias bombas e emboscadas. O programa diminuiu bastante os ataques aos comboios.

A Força Tarefa ODIN (Observe, Detect, Identify, and Neutralize) é um projeto de coleta de informações que usava os ARPs para encontrar explosivos improvisados e o pessoal que planta os explosivos. Faziam análise de padrão de vida com os APR em patrulhas nas estadas. A FT Odin entrou em operação em 2006 no Iraque e já em 2007 foi responsável pela morte de cerca de 3 mil insurgentes. As ações da Força Tarefa ODIN logo foram passadas para o Afeganistão.

Entre as missões dos ARP, a que mais chama atenção é a de ataque. Os primeiros testes com armas guiadas no Predator foram em fevereiro de 2001. O primeiro uso em combate foi em 4 de fevereiro de 2002 contra um comboio afegão. A primeira missão de Apoio Aéreo Aproximado foi na Operação Anaconda em 4 de março de 2002 contra uma posição de metralhadora da al Qaeda que não foi destruída por outras aeronaves.

Inicialmente os ataques eram poucos por serem poucos ARP armados em operação e por não atuarem no Paquistão. Foram apenas um em 2004 e 2005, três em 2006 e cinco em 2007. Em 2008, foram 36 ataques com 317 mortes. Nos primeiros seis meses de 2009, os mísseis Hellfire foram disparados 31 vezes no Afeganistão e Paquistão, causando 365 mortes. A capacidade de encontrar e atacar pessoas chaves na liderança do Talibã e al Qaeda se tornou uma capacidade importante.

Nas operações no Iraque, entre julho de 2005 a junho de 2006, Os Predadores da USAF participaram de 242 incursões, foram chamados para apoiar 132 tropas em contato com o inimigo, dispararam 59 mísseis Hellfire, observaram 18.490 alvos e escoltaram quatro comboios. Foram 2.073 saídas com 33.833 horas de voo. Em 2007 foram 117 ataques e em 2008 foram 132.

O MQ-9 Reaper foi projetado para realizar missões de ataque e por isso foi liberado para disparar bombas guiadas GBU-12 Paveway II, GBU-38 JDAM e GBU-49 Enhanced Paveway II, além dos mísseis Hellfire. Normalmente os Reapers levam apenas uma bomba guiada para aumentar a autonomia. Os Reaper fazem X-CAS (Extended time Close Air Support - Apoio Aéreo Aproximado de longa duração) e Controle Aéreo Avançado, mas sem poder autorizar o disparo de armas, atuando mais como controle de tráfego aéreo.

A arma mais usada pelos ARP americanos é o AGM-114P Hellfire (P de Predator), adaptado para disparar para baixo. O Hellfire foi projetado para ataque supersônico de precisão a longa distância. É considerado caro e causa muitos danos colaterais em alguns alvos. Seu peso evita o transporte em ARPs menores. Então outras armas estão sendo consideradas para uso em ARP como a GBU-44/B Viper Strike de 20kg guiada a laser e já usada no MQ-5B Hunter, a Griffin de 20kg e o Spike de 2,4kg desenvolvido pela Naval Air Warfare Center da US Navy. Os Israelenses oferecem o Spike-ER de 33kg para equipar os Hermes 450.

Outra abordagem é ter a arma em terra e usar os ARP para detectar e designar os alvos. A empresa israelense Rafael testou seu mini-ARP SkyLite B com uma unidade de mísseis Spike-LR com alcance de 8 km. O SkyLite detectou os alvos e passou a posição para as tropas atacarem com seus mísseis. Em 2008, a Georgia usou 40 ARPs israelenses contra a Rússia, incluindo 18 mini-ARP Skylark. Foram usados para designar alvos para a artilharia com ótimos resultados, além de sistemas de coleta de informações eletrônica (SIGINT). Os russos não gostaram e tentaram comprar os mesmos ARPs dos israelenses. Já o US Army estuda o desenvolvimento de um míssil anti-radiação para equipar os MC-1C Gray Eagle para atacar as estações de controle de drones inimigos.


Um helicóptero de ataque AH-64 Apache faz uma passagem baixa, lançando flares, sobre uma posição do talibã. Este tipo de ação é chamado ataque não cinético e pode ser o suficiente para fazer o inimigo desengajar e fugir. É uma tática que os ARP não são capazes de realizar. (foto US Army)


Um MQ-9 Reaper com indicação dos mísseis Hellfire que já disparou.

 

Patrulhas de Combate Aéreo

A USAF usa o conceito de CAP (Combat Air Patrol - Patrulha de Combate Aéreo) para operar os seus ARP. Cada CAP precisa de três a quatro Predator ou Reaper para manter um ARP operando de forma contínua no ar. Enquanto um está em patrulha, os outros estão em trânsito ou em manutenção.

As CAP têm cerca 200 tripulantes. A transmissão de dados por satélite tem atraso de dois segundo entre a entrada de dados pelo piloto e o retorno na tela. Na maioria das missões o atraso não atrapalha, mas para pouso e decolagem tem que ter controle local com link direto para resposta rápida. Então as CAPs têm duas estações de controle (Ground Control System - GCS). Uma estação é usada pelo LRE - Launch and Recovery Element (elemento de lançamento e recuperação) e outra pelo MCE - Mission Control Element (elemento de controle de missão) que fica nos EUA.

Os operadores da LRE às vezes atacam alvos ao redor da base quando o ARP está voltando para a base e se sobrar combustível e armas, mas não decola para responder aos ataques. Os dois elementos estão sempre em contato por chat ou telefone. É comum a entrada de especialistas na cabina para reparar falhas durante a missão, o que é incomum em voos reais. Muitos são civis contratados, mas a maioria é ex-militar.


Estação de controle (Ground Control System - GCS). O piloto se senta a esquerda e o operador de sensores a direita. (foto USAF)

 Em 2010, a USAF queria manter uma frota de 200 MQ-1B Predator e MQ-9 Reaper em 15 Esquadrões e três Alas (Wings), chegando a 18 Esquadrões em 2011. Cerca de 10% dos Esquadrões de combate da USAF serão de ARP. Cada Esquadrão tem de 12 a 24 aeronaves com 400 a 500 tripulantes, sendo 2/3 operando em bases avançadas no exterior. A USAF pretende manter um padrão de 12 aeronaves com 200 tripulantes em cada Esquadrão de ARP.

A quantidade de CAPs operadas pela USAF iniciou com seis em 2001, durante a invasão do Afeganistão, caiu para cinco em 2004, depois aumentou para 12 em 2007. Aumentou para 39 em 2009, sendo 31 de MQ-1 Predator, sete de MQ-9 Reaper e um de RQ-4 Global Hawk. 

Em 2003, a USAF planejava ter 24 CAPS em 2010. No início de 2011 eram 48 CAPs de Predator e Reaper e dois de Global Hawk. Em 2011, havia 70 MQ-9 Reaper operando na USAF e queriam mais 200 Reaper antes da entrada em operação do MQ-X (cancelado). O último Predator foi entregue em março de 2011. A partir de 2016 a USAF quer operar com 319 Reapers, substituindo todos os Predator, para ter capacidade de manter 64 CAPs.

Os Esquadrões de Reaper são esquadrões de ataque, desempenhando todas as fases da doutrina de ataque: encontrar, posicionar, acompanhar, designar alvos, engajar e avaliar o resultado das ações. Realizam missões de Apoio Aéreo Aproximado, Interdição Aérea e apoio as Operações Especiais, além de realizarem missões de vigilância.

Enquanto o Predator é um "killer-scout" (esclarecedor-matador), uma aeronave de vigilância com capacidade de ataque, o Reaper é um "hunter-killer" (matador-caçador), sendo uma aeronave dedicada para ataque com capacidade de realizar vigilância. O Reaper está mais para um F-16 e A-10 do que para o Predator, podendo substituir os caças em algumas missões. A carga típica do Reaper é de quatro Hellfire e duas bombas guiadas, bem menos que as aeronaves de combate e com limitação de peso e tipo. Nem pode usar as mesmas técnicas e táticas de disparo dos caças, como mergulhar para disparar o canhão ou fazer passagens baixas.

As missões dos Reaper duram em média 8 horas no Afeganistão. Poucas missões precisam durar mais de 24 horas e por isso a autonomia do Reaper é menor que a do Predator, ou 24 horas contra 40 horas. A autonomia também depende da quantidade de armas pois carregado a autonomia diminui para 14 horas. Outra limitação é a quantidade de tripulantes disponíveis. Para melhorar a definição dos sensores as aeronaves operam a bem mais baixo, a cerca de 15 mil pés, o que também diminui a autonomia. Os sensores do Reaper também são melhores que os do Predator, com a mesma qualidade de sensores de caças como o Sniper XL e Litening. Para detectar tropas tem que voar entre 10 a 15 mil pés. Sem ameaça descem até mais. Mesmo assim já aconteceu dos operadores não conseguirem identificar dois Marines de outras forças irregulares. Foram atacados e mortos em abril de 2010 após os operadores do Reaper observarem disparos no local.

Os britânicos iniciaram o uso do Reaper em 2006, com dois operando no Afeganistão o tempo todo. Os britânicos já compraram 13 Reaper e cinco estações de controle e operam em conjunto com a USAF desde 2007. Os Reaper britânicos voam armados desde 2008. Cada um custou US$ 18 milhões incluindo os sensores e estação em terra. Um foi perdido por falha mecânica. Os britânicos preferem usar os Hellfire nos ataques para evitar danos colaterais. Os britânicos consideram a sua persistência a maior vantagem, melhorando a segurança e a capacidade ofensiva das tropas britânicas operando na região. Foi considerado mais efetivo comparado com os helicópteros Apache e os caças Harrier.


A USAF comprou uma versão melhorada do Predator chamada Avenger ou Predator C, com propulsão a jato. A aeronave está em testes no Afeganistão. O Avenger tem um compartimento interno de armas com capacidade de levar uma bomba GBU-34 de 900 kg. A autonomia é 20 horas e a velocidade máxima de 740 km/h. A US Navy também se interessou em usar o Avenger para substituir os EA-6B Prowler em missões mais perigosas. (foto General Atomics)

Os ARP do US Army

O US Army opera com os ARP táticos RQ-7A Shadow 200 e RQ-5 Hunter. Os dois estão sendo complementados e depois substituídos pelo MQ-1C Gray Eagle, uma versão maior do Predator. O MQ-1C foi escolhido em 2005 para o programa Extended-Range Multi-Purpose (ER/MP) e entrou em operação em 2009 vencendo o IAI Heron.

Em 2007, o US Army planejava uma força com 35 a 45 Esquadrões de MQ-1C Gray Eagle, com 12 aeronaves cada. Cada Divisão do US Army terá um Esquadrão para apoiar os comandantes. Cada Brigada terá um destacamento de dois ou quatro MQ-1C, além de outros ARP menores.

OS MQ-1C do US Army são equipado com os mísseis Hellfire e Viper Striker. O US Army também quer uma bomba guiada por GPS de 50 kg. O US Army é proibido de ter aeronaves armadas, mas a lei não considera as aeronaves não tripuladas. Uma limitação dos Shadow 200 e do Hunter era não ter a capacidade de levar armas.

O RQ-7 Shadow 200 fazem apoio as operações ofensivas como incursões, patrulhas em estradas atrás de explosivos improvisados e observam locais onde a atividade inimiga é esperada, além de retransmissão de comunicação. O RQ-7 voa baixo o suficiente para ser ouvido pelo inimigo, enquanto o MQ-1C Gray Eagle voa bem alto e será praticamente invisível. O Shadow 200 tem raio de ação de cerca de 100 km com comunicação por linha de visada para cobrir a área de interessa da Brigada. A autonomia é de 6 horas, mas as missões duram em média 4 horas.

O MQ-5A Hunter disparou o míssil Viper Strike pela primeira vez em 2007. Em 2008, o US Army testou um designador laser leve no RQ7-B Shadow 200 para poder designar alvos para os mísseis como o Hellfire. O Shadow 200 só pode levar um míssil Hellfire se a carga de combustível for muito diminuída. Esta limitação foi um dos motivos que levou a compra do MQ-1C.

Em 2011, o USMC aprovou o uso de armas guiadas nos seus Shadow 200. A aeronave será armada com uma arma guiada a laser leve para ter pouco risco de causar danos colaterais. Um dos objetivos é diminuir a carga das tropas em terra, não tendo mais que levar morteiros. Os fuzileiros perceberam que o inimigo estudou as táticas do USMC e determinaram que leva quatro minutos antes de uma resposta ser iniciada. O Shadow 200 seria uma forma de resposta rápida voando acima. O USMC também notaram que ocorreram mais de 100 episódios de insurgentes montando explosivos improvisados detectados pelos Shadow 2000 e não foi possível criar uma resposta a tempo. Se o Shadow estivesse armado poderia dar uma resposta imediata e diminuiria as baixas entre os fuzileiros.

Em 2010, os RQ-7 passaram a substituir parte dos helicópteros de reconhecimento OH-58 Kiowa dos Batalhões de Aviação do US Army. Cada batalhão terá 29 aeronaves sendo oito RQ-7. Os RQ-7 serão usados como esclarecedores no lugar dos helicópteros ou atuarão juntos com os helicópteros. Os Kiowa já estão realizando menos missões de esclarecimento sendo substituídos progressivamente pelos Shadow 200 e Raven. Os pilotos gostam quando fazem tarefas perigosas como atrair fogo inimigo para que o inimigo revele sua posição. Mesmo assim existem situações onde um helicóptero com dois pares de olhos é preferível. A autonomia dos ARP também foi considerada, com um Shadow 200 tendo o triplo da autonomia de um Kiowa. Os AH-64 Apache do US Army estão sendo equipados para ver as imagens dos sensores do RQ-7.

A USAF usa os ARP mais com aeronave de reconhecimento estratégico, com os operadores baseados nos EUA. No US Army, o Esquadrão é todo deslocado para a frente de batalha e ficam localizados próximos dos Postos de Comando. O US Army favorece o trabalho em equipe entre os operadores dos APR e as tropas. Na USAF, os ARP operaram como uma unidade separada. Em 2010 a USAF percebeu que os seus operadores de sensores precisam ter um bom senso de táticas e empatia com as tropas em terra. O treinamento passou a dar mais senso tático da situação abaixo. O operador tem que pensar como os soldados como já fazem no US Amy e USMC. As habilidades têm que ser diferentes dos pilotos de aeronaves.

 

Os Mini-ARP em Ação

Apesar da capacidade dos Predator e Reaper, os ARPs mais usados no Afeganistão e no Iraque são bem mais simples. Trata-se de mini-ARPs lançados manualmente como o Raven, Dragon Eye e Desert Hawk. Enquanto a produção de ARPs como o Predator chega a centenas de unidades, a produção de um mini-ARP como o Raven já chegou a 19.000 unidades.

O primeiro a entrar em operação nas forças americanas foi o Desert Hawk, como resultado de um requerimento da USAF para proteção de bases aéreas de 1999, mas foi logo usado em operações de combate com sucesso.

O RQ-11A Raven é um ARP de 2 kg que iniciou suas operações em 2006. Cada um custa US$ 35 mil, mas é comprado como um sistema com três ARP, duas estação de controle e peças sobressalentes por US$ 240 mil.

O Raven é bem popular entre as tropas, sendo usado para encontrar e acompanhar o inimigo, segurança perimetral e escolta de comboios. As tropas preferem a capacidade dos ARP maiores, mas como nem sempre estão disponíveis, o Raven é usado em nível de Companhia e Pelotão para ver além da colina e construções, fazendo reconhecimento aproximado e vigilância. O tempo de resposta é pequeno e não precisa de muito apoio logístico. As Forças de Operações Especiais gosta de usar o Raven a noite apoiando suas incursões. Outra função é apoiar ataques aéreos, voando antes e após a missão de ataque para coletar informações, preparar a missão e depois avaliar os dados. Os Talibãs capturados citam que odeiam os mini-ARPs pois ficou difícil se esconderem ou fugir.

O Raven pode ser desmontado e levado em uma mochila. Depois de montado pode ser lançado a mão. O destacamento é composto por três operadores com três Raven e dois sistemas de controle. Para manter a operação constante estão sempre lançando, controlando e recuperando os Raven. Basta trocar a bateria e lançar novamente. Cada Brigada americana tem 35 sistemas de mini-ARP.

O sensor pode ser uma câmera de vídeo colorida diurna ou uma câmera de baixa luminosidade noturna, além de um apontador laser. As câmeras têm que ser trocadas para ser usado a noite. O vídeo pode ser gravado e as fotos e vídeo podem ser transmitidos para outras unidades ou centro de comando. O operador pode ordenar que a aeronave circule um local com a imagem trancada no terreno abaixo. Existe a opção de ser pilotado manualmente como no caso de perseguição de tropas inimigas.

O Raven tem autonomia de 80 minutos, mas quanto mais alto voa menor será a autonomia, pois usa mais potência no ar rarefeito. A velocidade máxima é de 90 km/h, mas geralmente voa a 40-50 km/h. Voam a cerca de 150 a 300 metros acima do terreno. O Raven funciona a bateria sendo bem silencioso e praticamente invisível por ser muito pequeno. O raio de ação é de 15 km voando um padrão pré-programado por GPS. A estrutura é de kevlar podendo realizar cerca 200 pousos forçados antes de alguma coisa quebrar. Alguns foram derrubados, mas a maioria das perdas foi por falha no link de comunicação ou software.

Um simulador é usado para treinar novos operadores e para mostrar as suas capacidades para os comandantes em terra. A efetividade do Raven depende do treinamento do operador e o conhecimento do comandante sobre o seu uso correto. O treinamento dura três semanas e depois os operadores voam pelo menos uma vez por semana para treinar.

Até 2010, mais de quatro mil foram entregues com 900 operando com as forças no Afeganistão e Iraque, realizando mais de 40 mil saídas. O USMC usava o RQ-14 Dragon Eye e mudou para o Raven B desde 2007. A USAF usa o Desert Hawk de 3 kg e também mudou para o Raven. A Itália, Austrália, Espanha, Dinamarca e vários outros países também usam o Raven. Os britânicos também passaram do Desert Hawk para o Raven. Em 2009, o SOCOM comprou 179 sistemas. Em 2012, o US Army comprou mais 424 sistemas por US$ 70 milhões.

O Raven B é o modelo mais novo estando disponível desde 2007. Entre as melhorias estão o modo "fail safe", para voltar ao local de onde foi lançado no caso de perder o contato por rádio e recebeu um beacon para facilitar ser encontrado se cair. Um novo data link digital com vídeo criptografado permite operar 16 Raven no mesmo local ao invés de apenas quatro. A partir de 2012, o US Army iniciou o uso de uma câmera móvel e um designador laser. O peso aumentou um pouco, mas sem atrapalhar o desempenho.

O US Army estuda o desenvolvimento de uma família de mini-ARP para dar capacidade de "binóculos voador" para as tropas devido a experiência com o Raven. Será lançado a mão, com propulsão elétrica, e poderá ser descartável. Deve pesar menos de seis quilos e ter autonomia 2 horas.

Recentemente o US Army comprou 20 sistemas RQ-20A Puma, basicamente um irmão maior do Raven. O objetivo é equipar cada Companhia de Infantaria com um sistema Puma, com um total de 18 por Brigada, além dos Raven. A principal diferença é a câmera móvel, com zoom e melhor definição da imagem. Também é mais estável por ter o triplo do peso. O US Army quer um micro-ARP mais efetivo e tão fácil de usar quanto o Raven. Devido a melhor definição da imagem, o Puma mostrou ser melhor para esclarecimento de rota, indo a frente a procura de emboscadas, detecção de explosivos improvisados e varredura de minas. No deserto plano do Iraque, o Raven operava melhor que no terreno montanhoso do Afeganistão. O Puma pesa 5,9kg com raio de ação de 15 km. Atinge uma velocidade de 87 km/h com uma velocidade cruzeiro 37 a 50 km/h. A altitude máxima de operação é de 3.800 metros e a autonomia de 120 minutos. A portabilidade do Raven ainda é necessária enquanto em algumas situações exige um ARP mais capaz.


Um operador prepara um Puma para ser lançado. A imagem mostra as feridas na estrutura devido a técnica de pouso brusca. O SOCOM já tem opera um sistema Puma com três ARP desde 2008 e conhecem bem sua capacidade. (foto US Army)


Imagem da câmera de um ARP Dragon Eye durante uma missão de vigilância em uma cidade iraquiana.(foto USMC)


ARPs no Brasil

O uso de ARPs deverá ser acelerado com o programa Sistema Integrado de Monitoramento das Fronteiras (SISFRON) e pelo Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz), orçados em cerca de R$ 11 bilhões. Os dois devem estar concluídos em 2019. Os meios estudados para o SISFRON e SisGAAz incluem o uso de ARP nas missões de vigilância, além de satélites e aeronaves. 

As Forças armadas brasileiras já têm experiência com o uso dos ARPs. Os estudos iniciais das três forças indicaram a necessidade de um mini-ARP de 3 a 5 kg e alcance de até 5 km, um ARP tático de 800 kg com autonomia de 15 a 20 horas, e um ARP estratégico de 1,5 toneladas com autonomia de mais de 20 horas.

A Polícia Federal pretende operar 14 ARP Heron I sendo que dois já foram recebidos em 2009. O contrato inicial foi de R$ 51,23 milhões sendo metade para o treinamento dos operadores. A PF pretende usar os Heron no combate ao crime, tráfico de drogas e armas, contrabando e crimes ambientais. Todos devem ser entregues até 2014 operando a partir de quatro bases. 

A FAB colocou em operação o 1/12 GAv, Esquadrão Hórus, em Santa Maria, em 26 de abril de 201, para operar com ARPs. Inicialmente foi equipado com dois Hermes 450 com capacidade de carga 150 kg e autonomia de 15 horas. O Hermes 450 da Elbit/AEL venceu a concorrência contra a BAE Systems, SAGEM e IAI. 

O Hermes irá realizar missões de busca, reconhecimento e Controle Aéreo Avançado, operando junto com outras aeronaves de reconhecimento da FAB como o R-99, R-35 e RA-1. Desde janeiro de 2011 que a FAB já realizava testes com a aeronave e já participou de vários exercícios e operações militares desde que entrou em operação. A FAB também planeja criar outras unidades no Norte e Centro-Oeste do país.

O Corpo de Fuzileiros Navais usa o mini-ARP Carcará, produzido pela Santos Lab desde 2006 pelo PelVant (Pelotão VANT) do Batalhão de Controle Aerotático e Defesa Antiaérea de Fuzileiros Navais. O Carcará é uma asa delta com 1,6m de envergadura, pesa dois kg, propulsado por motor elétrico, com autonomia de 60 a 95 minutos. A velocidade máxima é de 75 km/h e a de cruzeiro de 40 km/h, com raio de ação de 8 km. O Carcará é lançado manualmente. A estação de controle pode controlar até quatro ao mesmo tempo. Enquanto um está realizando vigilância, outros podem estar voltando ou indo em direção ao alvo. A navegação é feita por GPS, seguindo ordens pré-programadas. O piloto automático é israelense. 

O Carcará pode ser equipado com câmera diurna ou noturna, com zoom de 10 vezes. A câmera gira 360 graus e é retrátil. O operador pode clicar no alvo e será seguido automaticamente. As imagens indicam as coordenadas do alvo e podem ser gravadas na estação de controle. Por usar motor elétrico, o Carcará é bem silencioso, sendo inaudível acima de 100 metros. A bateria pode ser recarregada em um carro ou em tomadas comuns. Um sistema com três aeronaves, estação de controle e meios de apoio custa de R$ 200 a 250 mil reais, sendo um terço de sistemas equivalentes estrangeiros.

O Corpo de Fuzileiros Navais usa o Carcará em missões de reconhecimento de itinerários e reconhecimento de ponto, mostrando ser capaz de diminuir a exposição dos fuzileiros na coleta de informações. A MB também usa o Carcará para patrulha do litoral, evitando deslocamento de embarcações. A Santos Labs já vendeu 40 unidades, sendo três para apoiar as missões da ONU no Haiti onde está em uso desde 2007.

A Santos Labs está comercializando o Carcará II bem mais capaz. Tem 2 metros de envergadura, autonomia de 2 horas e pesa 4,3kg. O custo do sistema é de R$ 500 a 600 mil, mas com opção de ser equipado com câmera infravermelha. O raio de ação é de 125 km, o teto de 3.500m, mas a câmera tem melhor resolução voando a 300m acima do alvo. Três foram vendidos a ONU para apoiar as forças atuando no Haiti.


O Hermes 450 está em operação na FAB desde 2011. (foto FAB)


O Carcará pode ser desmontado e levado em uma mochila, junto com a estação de controle. (foto Santos Labs)


O Carcará II é a mais nova versão do mini-ARP da Santos Labs. (foto Santos Labs)


Pelo menos 13 empresas nacionais estão trabalhando com o desenvolvimento de ARP para o mercado civil e militar. A Avibrás está desenvolvendo o ARP Falcão de 800 kg. O objetivo é designar alvos para as baterias de lançadores de foguetes Astros, mas poderá realizar operações de vigilância/reconhecimento, vigilância marítima e reconhecimento armado. A aeronave deve voar ainda em 2012. O Falcão terá autonomia de 15 horas e poderão ser equipados com sensores eletro-ótico, radares e link por satélite. O raio de ação será de 1.500km. A carga será de 150 kg. Em setembro de 2011, a Embraer se juntou a Elbit/AEL para desenvolver o APR de reconhecimento estratégico Harpia, com capacidade semelhante ao Heron e do Predator.

Outra empresa nacional é a Flight Solutions que produz o ARP tático FS-01 Watchdog de 65 kg, o mini-ARP FS-02 Avantvision de 5,5kg com propulsão elétrica e o FS-03 Starcopter de 240 kg. O FS-01 tem 4,7m de envergadura, capacidade de carga de 25 kg, teto de operação de 20 mil pés, raio operacional de 70km e velocidade de cruzeiro de 190 km/h. O Exército já comprou três FS-01 para avaliação, sendo um projeto derivado de um projeto da Universidade Federal de Minas Gerais de 2005. O custo do FS-01 estava estimado em US$ 200 mil em 2007. O Exercitou contratou a Flight Solutions em 2011 para fornecer três FS-01, chamado VT-15, para pesquisa e treinamento. O Exército estuda ARPs com raio de ação de 15 km (VT-15), 30 km (VT-30) e 70 km (VT-70)

O FS-02 é lançado a mão, pesa 5,5 kg e tem propulsão elétrica. O Exército também usa o FS-02 que preencheu o requerimento de um ARP de apoio ao combate Categoria 1. O FS-02 é operado por dois soldados, pode ser levado em mochilas e é lançado a mão. O terceiro produto da Flight Solutions é o helicóptero não tripulado FS-03 Starcopter com capacidade de carga de 113 kg e raio de ação de 250km. 

A Gyrofly produz o Gyro 500 de decolagem vertical. Pesa 1,5kg e tem quatro rotores tipo "lift fan". Tem 1 metro de diâmetro, autonomia de 20 a 30 minutos e carga de 200 gramas. O raio de operação é de 1.500 metros. O custo varia de US$ 10 mil a 30 mil cada um. A Xmobots produz o Apoena 1000 de 32 kg com autonomia de 8 horas e o Apoena 3000 com autonomia de 24 horas.


O Falcão da Avibrás foi mostrado durante a LAAD 2011 no Rio de Janeiro. (autor)


O Harpia é o mais novo produto em desenvolvimento pela Embraer. (Embraer).


O FS-01 Já está em operação no Exército Brasileiro. (foto Flight Solutions)


Gyrofly pretende ver o seu Gyro 500 sendo usado nas operações de segurança durante a Copa do Mundo de 2014. (Gyrofly).


Sistema ARP

A plataforma em si não é o item mais crítico pois  um sistema de ARP tem quatro subsistemas principais:
- a aeronave em si
- os sensores e armamentos
- os equipamentos de comunicação e transmissão de dados
- a estação terrestre, de onde a operação é conduzida

A OrbiSat desenvolveu um radar de abertura sintética (SAR) operando na banda P e X, capaz de ver entre as árvores. Foi testado no  SARVANT da empresa AGX que pesa 140 kg, velocidade de 200 km/h e autonomia de 10 horas. 

O IAE/CTA desenvolveu o Acauã na década e virou o projeto Vant em 2005. Foi usado para o desenvolvimento de um sistema de navegação e controle e um sistema de pouso e a decolagem automatizado. A tecnologia será usada no Falcão da Avibras. 

A falta de satélites de comunicação estacionários sobre o Afeganistão e Iraque levou a USAF a usar aeronaves tripuladas C-12 para realizar as missões de vigilância dos Predator. A aeronave virou o MC-12W equipada com os mesmos sensores dos ARP, além de sensores de escuta eletrônica. Um total de 37 MC-12W foram comprados pela USAF e os britânicos seguiram com o Shadow R1. Cada MC-12W custa o dobro do Predator. 

A falta de satélites de comunicação pode ser um gargalo na operação de ARPs de reconhecimento estratégico no país. A solução talvez já esteja em operação. Os A-29 Super Tucanos são a plataforma ideal para realizar as tarefas dos ARP. Com o alto custo de se operar APR com satélites, os tripulantes do A-29 podem ser os operadores da torreta FLIR, mas ainda mantendo a capacidade de enviar imagens para uma estação em terra por satélite. As imagens transmitidas seriam apenas as consideradas importantes. A autonomia do A-29 é de 6 horas e a aeronave pode ser armada com uma grande variedade de armas. O A-29 tem algumas vantagens comparado com os ARP, como poder realizar ataques com metralhadoras e foguetes, fazer passagens baixas, e outras missões de ataque. 

O A-29 também não tem restrição do uso de espaço aéreo e é capaz de se defender. Se atacados, o Predator/Reaper não fazem nada por serem lentos e não manobram bem. A estrutura suporta no máximo dois g´s e se manobrarem rápido podem perder a comunicação por satélite, que é uma causa de quedas anteriores. 

O custo pode ser outro fator pois um telefone por satélite custa por minuto satélite de 2 a 3 reais (média de 2 dólares). A taxa de transmissão é de cerca de 2,4 kbs. Para transmissão de vídeo seria necessário dezenas de canais ou um custo de pelo menos 3.000 dólares por hora para uma taxa de transmissão de 256kpbs. 

Custos de Operação

Os ARP tem várias vantagens comparando com as aeronaves tripuladas. Uma das vantagens dos ARP é o baixo custo de operação, mas pode não ser o caso dos ARP maiores. O custo de operação dos ARP é calculado de forma diferente das aeronaves de combate. Um Reaper custava US$ 11,2 milhões em 2011, enquanto o Predator custava US$ 4,5 milhões. O preço é maior considerando as estações de controle e meios de apoio. Em 2012, uma CAP com quatro aeronaves e duas estações de controle custava US$ 120 milhões.

No caso dos caças, o custo de operação é calculado pela hora de voo. No caso do ARP é calculado para toda a CAP e para a missão completa. O custo da hora de voo do Reaper era de US$ 3.624 em 2011 contra US$ 17.780,00 do A-10C e US$ 20.809,00 do F-16C, mas com a missão durando muito mais o custo por missão pode se igualar. O custo de manutenção anual é de US$ 5,1 milhões para o Reaper ou US$ 20,4 milhões por CAP. Já o custo anual de manutenção do A-10C é de US$ 5,5 milhões e do F-16C de US$ 4,8 milhões. Os custos incluem a operação das estações de controle, satélites e unidade operando em base avançada. Um estudo sobre o uso de balões cativos para vigilância cita o custo por hora de voo do Predator como sendo US$ 5 mil. 

O estudo "Big Miguel" comparou o uso dos ARP e aeronaves leves para vigilância de fronteira. Cita o custo de voo por hora do Reaper em US$ 3.600,00, do US$  Hermes 450 em US$ 1.351,00 e a do Hunter de US$ 923,00. O custo foi considerado o dobro de uma aeronave convencional e era bem menos efetivo nas missões comparado com um Cessna equipado com um FLIR. 

Os operadores dos ARP trabalham em turnos de quatro horas, o que significa que são necessários bem mais tripulantes comparado com os caças. Por outro lado, os ARP operados por satélite podem ter parte dos operadores fora da frente de batalha e manter tropas longe das bases custa caro, principalmente fora do país. 

Outro fator a ser considerado é a vida útil das aeronaves. Os ARP costumam durar menos que as aeronaves tripuladas e caem com mais frequência. Em 2010, a USAF perdia sete Predator para cada 100 mil horas de voo. É o dobro da perda de caças, mas é a mesma razão de perda dos monomotores civis. De 500 Predator e Reaper construídos, quase 100 já foram perdidos. As perdas já chegaram a uma razão de 30 por 100 mil horas de voo para o Predator enquanto o Reaper chegou a 15 em 2010.

Em 2009, a frota de Reaper perdeu 16,4 aeronaves no terceiro ano de serviço enquanto o Predador voa desde a década de 1990. A taxa de atrito vem melhorando com o tempo pois os modelos anteriores caiam muito mais. Na década de 1980, o RQ-2A Pionner tinha 363 quedas por 100 mil horas, mesmo assim foi muito útil na Guerra do Golfo de 1991. A razão de atrito do Predator era de 5% por ano em 2009. Oito Predator caíram Iraque em 2007 e até aquele ano a USAF já tinha perdido 53 de 139 Predators entregues. Cada um voa em média por mais de uma década. 

A maioria das perdas é por falha mecânica, de eletrônicos, software, interface inadequada ou falha do operador. Perdas por fogo inimigo é raro. A falta de piloto na aeronave é uma das causas e cerca de 80% das quedas é causada por erro humano. Em 2006, seis Predator caíram e todos por problemas no motor. O operador não sente as alterações na aeronave, ou comportamentos e barulhos estranhos.