Míssil anti-navio Exocet

O Exocet é um míssil anti-navio de médio alcance, disparado de plataformas navais, aéreas e terrestres, capacidade qualquer tempo, perfil de voo sea-skimming (a flor das ondas), guiamento dispare-e-esqueça por radar ativo e velocidade transônica. Inicialmente era um míssil superfície-superfície disparado de navio (MM38) que gerou uma família de mísseis disparados de aeronaves (AM39) e submarinos (SM39).

O objetivo era equipar navios com um míssil com capacidade qualquer tempo para atacar outros navios. Pode ser instalado até em pequenas embarcações de patrulha e hidrófilos. Seria um meio econômico contra embarcações equipadas com mísseis como Styx ao atacar o lançador ao invés de tentar interceptar os mísseis inimigos no ar.

Foi o ataque de um míssil P-15 (SS-N-2 Styx) das lanchas Komar egípcias contra o contratorpedeiro israelense Eilath em outubro de 1967 que levou a França a encomendar um míssil com as seguintes características:

- lançador, munição e instalação de disparo
- container fechado para armazenar disparo e transporte do míssil. O contêiner só abre para disparar. 
- Sensor radar ativo monopulso ADAC, operando na banda X. Opera a distancias de 5km, 8km ou12km, a escolha do operador.

A Nord já trabalhou nos projetos de mísseis ar-superfície AS20 e AS30, desenvolvidos junto com a MBB que desenvolveu o míssil anti-navio Kormoran. O AS30 tinha uma versão navio-navio proposto para a França, mas não foi comprado pois não tinha requerimento de uma arma do tipo na época. Outro projeto da Nord foi a participação do míssil CT-20 que virou o MM20 sueco. O MM20 era chamado de Rb08 e operou até a década de 1980.

O desenvolvimento do Exocet inicio em 1967 pela Nord com o míssil anti-navio chamado MM38 (Mer-Mer 38 - para 38 km) com radar ativo da Electronique Marcel Dassault (ESD). Depois foi chamado de Exocet (peixe voador em francês). O nome foi dado por M. Guillot, diretor técnico da Nord.

Em 16 de junho de1969 a França decidiu ir a frente com o projeto Exocet. O Exocet concorreu com o Mercure 4S da Thompson-CSF e Mer-Mer 4 da Matra. A marinha francesa já tinha estuda o projeto de um míssil anti-navio em 1956 chamado Malaface. O projeto foi abandonado após poucos testes.

Na época sabiam que para destruir um navio grande precisariam de míssil grande, mas um míssil grande só poderia ser levado por navio grande. A outra opção seria usar vários mísseis pequenos. Um míssil menor com 700-800kmg, rápido e com uma cabeça de guerra de 160kg poderia causar danos devastadores. O efeito seria comparável a um projétil de canhão de 400 mm de um couraçado. Sem explodir, o efeito incendiário já mostrou ser devastador. O objetivo era deixar fora combate e não afundar o navio, o que seria possível com míssil menor.

Então o Exocet foi projetado para atacar navios pequenos e médios como fragatas, corvetas e contratorpedeiros, mas seria necessários vários acertos para ser efetivo contra navios maiores como um porta-aviões.

Em janeiro de 1970 a Aerospatiale, agora MBDA, foi criada com a fusão da Nord, Sud Aviation e SEREB, e tomou a frente no projeto.

Desenvolvimento

O primeiro disparo do MM39 foi em 8 de julho de 1970. Oito dias depois foi disparado de uma lancha La Combattante. Foram realizados mais cinco disparos depois e passaram para o navio Ile D´oleron com o míssil equipado com um sistema inercial em 19 de fevereiro de 1971. No dia 17 de novembro de 1971 ocorreu um disparo contra um contra navio real, o Gustave Zede, com acerto a 37km. Marinha francesa disparou um míssil em 26 de janeiro de 1972 e depois foram realizados 18 disparos até janeiro de 1974 com apoio da Alemanha e Reino Unido. O centésimo disparo foi em outubro de 1978. O míssil foi logo comprado por outros países como a Grécia , Alemanha e Reino Unido (300 mísseis em 37 sistemas chamado GWS 50). No total 19 países compraram o MM38, incluindo a MB para equipar suas fragatas classe Niterói.

Descrição do MM38

O corpo básico do Exocet é baseado no míssil guiado AS30 da Nord. Todos os mísseis da família Exocet tem o mesmo layout. A forma básica dos mísseis é a mesma. A maior diferença são as asas. Todos tem quatro asas delta no meio do corpo e barbatanas de controle na traseiras.

Na seção frontal fica o seeker ADAC Mk1, computador de guiamento, piloto automático, INS, radar altímetro e espoleta de proximidade. A espoleta de atraso é usada para explodir dentro do casco do navio. A espoleta de proximidade é usada como backup se o míssil sobrevoar o alvo e não explodir com impacto. O objetivo seria causar danos na ponte, antenas e aeronaves do convés.

Na seção 2 fica a cabeça de guerra. Pesa 165kg, sendo do tipo carga moldada com efeito incendiário e fragmentação. O explosivo usado é o Hexolite.

Na seção 3 fica o motor de dois estágios e a bateria térmica.

Na seção 4 ficam instalados os atuadores da ECAN-Ruelle e as aletas de controle da Jaegeur ao redor do exaustor. As aletas de controle são alimentadas por pilhas térmicas.

O míssil é controlado no navio pelo ITS (Instalação de Tiro Padrão), composto dos seguintes sistemas:

· Console de comando e sistemas eletrônicos associados
· Rampas duplas com interfaces, pesando cada una 5.750kg e inclinadas 12º
· Container de lançamento, de 750kg de peso e medindo de 5,5m x 1,2m x 1,2m. Cada container guarda um míssil ligeiramente pressurizado com um precisão de 1kg/cm2. Com a pressurização o míssil pode se manter armazenado por vários meses sem necessitar de manutenção.

As informações necessárias antes do disparo são a distancia do alvo, posição, direção, velocidade e referencia vertical, os parâmetros de ativação do sensor e de busca e distancia de desligamento, abertura da janela de busca do sistema de guiamento do míssil, altitude terminal e modo de detonação (impacto ou proximidade). A direção e velocidade da plataforma de lançamento também são consideradas. Os dados de alvos podem ser passadas de qualquer plataforma, não apenas pelo navio lançador.

Após carregar os parâmetros no sistema de guiamento o míssil pode ser disparado. O tempo de reação do sistema é de 60 segundos - tempo para aquecer o magnetron do radar.

As versões embarcadas são armazenadas em container selado, com asas dobradas no caso do MM40. O container também é o lançador. A rampa está inclinada em 12 graus. O míssil atinge 30 a 70 metros após o disparo. Um míssil com motor foguete não precisa disparar tão alto como no caso dos mísseis com propulsão por turbojato, sendo mais dificil de detectar a fumaça do disparo.

O motor de aceleração SNPE Vautour, com 100kg de combustível e duas aberturas de queima, queima por 2 a 2,5 segundos com o míssil atingindo uma velocidade de Mach 0,93 ( 310 m/s - 1.134km/h) no caso do MM38.

O motor de cruzeiro é ligado e mantém a velocidade de MACH 0,93. O míssil desce para a altitude de cruzeiro de 9 a 15 metros e continua com controle da plataforma inercial simplificada Thomson-CSF RE576.  O motor de cruzeiro SNPE Epervier contem 151kg de combustível sólido de base dupla. O motor em si mostrou ser muito letal causando muitos incêndios ao atingir o alvo. O motor sustentação é derivado do motor do míssil Martel.

O motor de cruzeiro queima por cerca de 93 segundos permitindo um alcance máximo de 40km. O alcance MM38 equivale ao alcance do horizonte radar dos radares ou ESM do navio lançador. A queima do motor de sustentação aumenta no AM39 e SM39 para atingir uma distância 50 km em 4 minutos.


Lançador de um MM38 em uma lancha rápida alemã. O MM38 foi projetado desde o inicio para poder ser levado por embarcações pequenas.


Disparo de um MM38 a partir de uma lancha rápida grega.


Disparo de um MM38 a partir de uma fragata classe Niterói.

Vídeos no youtube mostrando o disparo de várias versões do Exocet:

http://www.youtube.com/watch?v=GAYKXoDxb2A

http://www.youtube.com/watch?v=BYDartUAar4

 

A 12 a 15 km do alvo o míssil desce a atitude de ataque de 8 a 2,5 metros (dependendo do estado do mar). O radar de guiamento é ligado no ponto de ativação pré determinado. Ao detectar o alvo o míssil toma uma direção de colisão até o alvo descendo para até 2 metros de altura dependendo do estado do mar para evitar interceptação.

O Exocet foi o primeiro míssil anti-navio com capacidade sea skimming. Voar baixo foi escolhido para evitar as defesa, mas tem que ser alto o suficiente para adquirir alvos. Com uma fase final bem baixa, cerca de 2 metros acima da água para aumentar proteção contra defesa ativas navios, a MBDA cita que só seria detectado a 6km do navio. O tempo de reação muito curto contra esse tipo de ameaça levou ao desenvolvimento de sistemas Close-In Weapon Systems (CIWS) como o Phalanx.

O radar ADAC Mk 1(Auto Directeur Anti Clutter), fabricado pela ESD, atua na banda I com antena tipo Cassegrain. O radar é capaz de detectar um navio com RCS de 100 m2 a 15km. Leva 2 segundo para trancar nessa distancia. O computador de guiamento é o Aerospatiale EOG desenvolvido a partir do sistema usado no míssil Kormoran.

A carga combate de hexolite Luchaire GP1A de 165kg tem espoleta de impacto retardada SERAT para assegurar a penetração do míssil no casco do navio, onde o efeito da explosão será maior.

O Exocet não tem espoleta de proximidade, mas o radar altímetro Thomson-TRT AHV-7 FM pode ser usado par detonar o míssil quando sobrevoa o alvo. Outro modo é o pseudo proximidade usando o radar de busca que calcula o ponto teórico de impacto e a distância a que se encontra o alvo. O modo detona a carga explosiva a 0,015 segundos de alcançar o alvo. Por outro lado, o modo de pseudo proximidade pode ser acionado por Chaff, explodindo alto ou antes da nuvem e não passa a buscar outro alvo ao atravessar a nuvem de Chaff.

Descrição do Exocet
1 - radome
2 - radar ADAC
3 - seção de eletrônicos
4 - cabeça de guerra
5 - espoleta
6 - motor de sustentação/cruzeiro
7 - asas
8 - exaustor do motor de sustentação/cruzeiro
9 - motor de aceleração
10- exaustor do motor de aceleração
11- aletas de controle/estabilização
12- servos das aletas de controle - baterias térmicas
13- tampa do VSM
14- corpo do VSM
15- sapatas do lançador
16- motor de sustentação/cruzeiro
17- asas dobradas
18- motor de aceleração
19- aletas dobradas
20- motor do VSM
21- container
22- seção de eletrônicos
23- motor de sustentação/cruzeiro
24- asas dobradas
25- motor de aceleração

 

Dados Técnicos:

  MM38 AM39 MM40 SM39
Comprimento (m) 5,21 4,69 5,79 4,69
Diâmetro (cm) 0,35 0,35 0,35 0,35
Envergadura (m) 1,0 1,1 1,13 1,1
Peso (kg) 735 655 875 655
Alcance (km) 4-42 50-70 4-70 50

 
A produção do míssil (todas as versões) foi feita pela Aerospastiale entre 1979-1999, Aerospastiale-Matra entre 1999-2001 e MBDA de 2001 até a atualidade.
O MM40 Block 2, AM39 Block 2 e SM39 Block 2 ainda são produzidos. O MM40 foi comprado no ano 2000 pela África do Sul para equipar suas corvetas Meko A-200. Em 2001, a Turquia para equipar as corvetas classe A69 compradas usadas da França.

O milésimo Exocet foi entregue em outubro de 1980. As encomendas até 1986 foram MM38 (1575), MM40 (470), AM39 (809), SM39 (62). O custo do Exocet em 1986 era em dólar da época: MM380 (450 mil), AM39 (650 mil), SM39 (850 mil para a França) e MM40 (600 mil).

No total foram fabricados 3.300 Exocet sendo 1.260 MM38, 800 MM40, 1.100 AM39 e 140 SM39. Mais de 700 foram disparados operacionalmente.

O Exocet foi usado em 35 países. As versões superfície-superficie do MM38 e MM40 foram comprado pela Argentina, Bahrain, Bélgica, Brasil, Brunei, Camarões, Chile, Colômbia, Chipre, Equador, Alemanha, Grécia, Indonésia, Iraque, Costa do Marfim, Coréia do Sul, Kuwait, Malásia, Marrocos, Nigéria, Omã, Paquistão, Peru, Qatar, Arábia Saudita, Taiwan, Tailândia, Tunísia, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e Uruguai.

O AM39 foi comprado pela Argentina, Brasil, Egito, Grécia, Índia, Iraque, Kuwait, Líbia, Omã, Paquistão, Peru, Qatar, Arábia Saudita, Singapura, África do Sul, Emirados Árabes Unidos e Venezuela.

A MB comprou 8 lançadores e 22 mísseis MM38. Depois comprou 25 mísseis MM40. Os mísseis equipas os navio da classe Niterói, Inhaúma e Type 22.

A MBDA oferece um programa de modernização dos MM38 substituindo componentes obsoletos e reformando os mísseis. O motor tem vida útil de 10 anos.


Disparo de um MM38 de uma bateria terrestre BC38. A versão terrestre do MM38 e MM40 foram designados BC38 e BC40. As baterias costeiras foram usadas pelo Chipre, Arábia saudita, Qatar, Tailândia e Reino Unido. A versão de defesa costeira do MM38 é chamada Excalibur no Reino Unido. Foi usado em Gibraltar entre 1985 a 1997.


Bateria terrestre BC40 com quatro MM40.

 

MM40

A segunda geração do Exocet de disparo de superfície foi reprojetada para equipar navios menores e chamado MM39. O projeto foi abandonado em favor de uma versão maior, com alcance planejado de 40km e chamado MM40 (agora chamado MM40 block 1). A produção iniciou em 1980 com várias melhorias em relação ao MM38 como um novo radar, computador de guiamento, sistema de controle, capacidade de manobra na fase terminal e melhor controle de altitude.

O novo motor de aceleração SNPE Gerfault e motor de cruzeiro SNPE Altair permite um alcance maior com maior tempo de queima. O alcance máximo aumentou para 70 km. Geralmente o míssil é disparado a um alcance menor para dar margem para manobras do míssil ou do alvo. Para detecção de alvos além do horizonte (OTH) é necessário o apoio de uma aeronave, helicóptero ou navio próximo do alvo.

Logo após o disparo o míssil pode fazer uma curva de até 105 graus, podendo atacar alvos bem fora do eixo do lançador, comparado com apenas 30 graus do MM38. Por isso é melhor para ser usado em baterias costeiras. Durante o voo pode fazer correções de até 15 graus. No disparo o míssil alcança a altura máxima de 30 metros no lançamento, diminuindo a probabilidade de detecção hostil.

O MM40 pode ser lançado em salvas de pelo menos quatro mísseis em 10 segundos. A salva de mísseis pode ser coordenada para seguir várias rotas e convergir de várias direções e ao mesmo tempo sobre o alvo para saturar as defesas, usando pontos de balizamento e "dog-legs".

O MM40 Block 2 recebeu o novo radar Super ADAC (ADAC Mk 2), operando na Banda J (10-20GHz). O novo radar tem agilidade de frequencia, melhor capacidade para discriminar alvos múltiplos devido a nova lógica de identificação de alvos, capacidade de identificar alvos falsos e características costeiras. O radar Super ADAC tem rotinas de busca de alvos após atravessar nuvem de Chaff. O novo radar pode ser instalado nos MM38 como nos mísseis chilenos modernizados.

Um novo radar altímetro Thomson-TRT RAM 01 foi instalado podendo atingir altitude terminal mais baixa para evadir a detecção e diminuir a probabilidade de interceptação. O novo computador de guiamento tem novos perfis de voo como se auto adaptar a altitude do "sea-skimming", sentindo o estado de mar até o estado 7 e fazer manobras evasivas pré programadas para evitar defesas, como manobras em "saca-rolha". Estas manobras podem ser efetivas contra canhões antiaéreos.

O voo de cruzeiro pode ser a até 100 metros, ideal para cruzeiro e aquisição, ainda sendo uma altitude com boa probabilidade de não ser detectado. Ao detectar alvo o míssil desce para 9 a 15 metros na fase de aproximação e depois para 8 a 2-5 metros em mar calmo para fase terminal sea-skimming.

O Sistema de Controle de Tiro ITL 70 permite designar vários alvos ao mesmo tempo, ou disparar uma salva contra mais de um alvo simultaneamente ou realizar salvas convergentes contra um único navio, com mesmo o tempo sobre o alvo. O sistema é mais fácil de operar e pode ser usado com versões anteriores do míssil.

O console Cat-Visac permite operar dois Exocet simultaneamente. Pode atacar alvos múltiplos divergindo e convergindo salvas. Os alvos são adquirido pelo sensor navio e o operador alinha eixo dos giros na direção dos alvos e inicia sequencia que pode levar até 60 segundos. Um datalink permite atualizar a rota por um navio ou helicóptero.

As aletas e asas dobráveis permite o uso de um container menor de fibra de vidro pesando 1.150kg carregado, podendo dobrar o número de mísseis disponíveis. Dois MM40 ocupam o mesmo espaço de um único MM38.

O projeto do MM40 foi iniciado em 1976 com entrada em serviço em 1981. O MM40 Block 2 entrou em serviço em 1992. A versão original  é chamada Block 1. A versão seguinte é a Block 2 apresentada em 1991 com menor RCS com o uso de material RAM nas asas e um radome modificado. Recebeu novo INS com giroscópio laser e mantém o mesmo computador digital do Block 1. O MM40 Block 2 tem guiamento digital e por GPS.


Lançador do MM40. Quatro container do MM40 podem ocupar o mesmo espaço de um lançador do MM38.


Um container de um MM40 em uma fragata da classe Niterói.


Detalhes de um MM40 modernizado pela AVIBRAS mostrado na LAAD 2013.


No dia 3 de maio de 2012 foi disparado da Corveta Barroso um míssil MM40 com novo motor de fabricação da AVIBRAS em conjunto com a MBDA. Foram investidos R$ 75 milhões no projeto desde 2008. A cabeça de combate foi substituída por um sistema de telemetria fabricado pela MECTRON. A Thales está ajudando a desenvolver o radar de buscado do que pode ser uma versão nacional do MM40 chamado MANSUP (míssil anti-navio disparado de superfície). O míssil também é chamado de MAN-1. O Projeto de Desenvolvimento do Míssil Nacional Superfície-Superfície (MSS) prevê em uma primeira fase a remotorização e qualificação de mísseis Exocet da Marinha do Brasil. Os motores atuais estão completando a sua vida útil. Também participam deste programa as empresas Mectron (qualificação dos sistemas de telemetria e guia) e a AVIBRAS (propelente e motor).


Veja o links dos vídeos do lançamento no youtube:

http://www.youtube.com/watch?v=yQ5HoJQZBzc

http://www.youtube.com/watch?v=fn0_6SLzcb8

http://www.youtube.com/watch?v=qWOzPUxlaq0

 

MM40 Block 3

Em fevereiro de 2004, a DGA contratou a MBDA para desenvolver o Exocet Block 3, a quarta geração do Exocet. Seria uma versão com maior alcance com o motor foguete sólido sendo substituído por um motor Microturbo TRI-40 com combustível JP-10. Além do motor turbojato, o motor acelerador sólido foi mantido. O alcance aumento para até 180km.

O projeto existe desde 2004, mas apenas em 2008 a DGA entrou oficialmente no programa. A proposta de aumentar o alcance do Exocet existe desde 2002. O Exocet sempre teve alcance menor que os competidores. O Harpoon 1C tem alcance de 125km contra os 70km do MM40. Por outro lado, o motor foguete é mais barato e simples de manter.

Um receptor de GPS foi foi adicionado para apoiar o sistema de navegação inercial. O GPS permite que o míssil tenha capacidade secundária de atacar alvos em terra e facilidade para operar próximo do litoral, com navegação de meio curso bem recortado entre ilhas e outros obstáculo.

Os mísseis anti-navio atuais (ASCM – Anti-Ship Cruise Missiles) estão sendo transformados em mísseis de cruzeiro (LACM - Land Attack Cruise Missiles) e o Exocet agora também tem esta capacidade. Pode ser até mais barato que mísseis dedicados com o SCALP naval e o Tomahawk. O guiamento por GPS e/ou Galileo permite que o míssil tenha um CEP de 5 a 15 metros.

O míssil ficou menor e mais leve que as versões anteriores. O peso diminuiu em 130 kg com novo motor. Foram adicionados quatro entradas de ar ao redor da fuselagem para auxiliar manobras alto G. Além de melhorar alcance, o míssil tem mais energia para realizar manobras nas fases finais do voo.

O Block 3 foi otimizado para baixa assinatura. O novo motor tem uma assinatura infravermelha bem menor que o motor foguete. Os gases do motor foguete sólido também aumentam a assinatura radar. O RCS foi diminuído com material RAM nas asas ao redor do radar.

O Block 3 usa os mesmos tubos de lançamento do Block 1 e 2 e os sistemas de controle de tiro. O míssil poderá ter capacidade de ser disparado de lançadores verticais como o Sylver A70 ou Mk 41. O míssil pode ser integrado em baterias terrestres.

A versão aérea e submarina será chamada AM39 Block 2 Mod2 e SM39 Block 2 Mod2 respectivamente, com sistemas digitais substituindo os atuais analógicos para integração com novas aeronaves e submarinas. Também receberão o receptor de GPS. A versão aérea e submarina mantém o booster para manter o alcance.

O primeiro disparo de testes foi no dia 25 de abril de 2007 e a produção iniciou em outubro de 2008. O disparo embarcado foi em 18 de março de 2010 da fragata Chevalier Paul.

Um total de 45 MM40 Block 3 foram comprados pela marinha francesa em 2008 para equipar as fragatas da classe Horizon e Aquitaine. Não são mísseis novos e sim uma conversão dos MM40 Block 2. O MM40 Block 3 foi comprado também pela Grécia, UAE, Peru, Qatar, Omã, Indonésia e Marrocos.

Em 2010, o Qatar comprou o Block 3 para equipar seus quatro barcos patrulha classe Vista.


Comparação do MM40 Block 3 com o MM40 Block 2 e MM38.


Montagem com o disparo de um MM40 Block 3 durantes os testes.


Disparo de um MM40 Block 3. A entrada de ar do tubojato está visível entre as asas.


Lançador de MM40 em uma fragata FREEM francesa.


O AM39 Block 2 Mod2 foi testado no Rafale F3 em 19 de setembro de 2012. A aeronave foi lançada do porta-aviões Charles de Gaulle. O disparo foi a 27 mil pés. O míssil mergulhou e depois atingiu o alvo fazendo manobras evasivas. Em 2011, a MB escolheu o AM39 Block 2Mod2 para equipar o helicóptero UH-15/15A (EC-725BR).


Link para um vídeo do MM40 Block 3 no youtube: http://www.youtube.com/watch?v=m5OVbx5-Up0&feature=player_embedded

 

AM39

O desenvolvimento de uma variante disparado de aeronave do Exocet foi proposto como AM38 em 1970 para equipar aeronaves da aviação naval francesa. Depois foi iniciado o novo AM39 em 1972. Objetivo era atacar navios fora do alcance das defesas. Seria instalado inicialmente dos Super Etendard.

O primeiro disparo real foi em junho de 1973 usando uma célula similar ao MM38 chamado AM38. Ante foi realizado um disparo inerte de um Super Frelon em abril 1973. Em junho foram realizados lançamento com carga reduzida. O AM38 tinha um atraso na ignição do motor de aceleração de 1 segundo para cair cerca de 10 metros e separar da aeronave. O conceito mostrou sucesso e novo míssil desenvolvido.

Em maio de 1974 foram iniciados a produção do AM38 pra a Aeronavale, mas a Aerospatiale decidiu mudar o formado das asas do míssil para melhorar o transporte em velocidades transônicas. Foi instalado um motor de aceleração Condor que gera 20.000Kgf em 2 segundos. O motor de cruzeiro Helios queima por 150 segundos, gerando uma potência de 380Kgf durante.

Unidade de guiamento foi mudada para o Super ADAC e foi instalado um novo computador de guiamento. O novo AM39 entrou em produção em julho de 1977 e entrou em operação no Super Etendard em 1978. O AM39 foi a segunda versão desenvolvida do Exocet.

O alcance do AM39 é de 52km disparado de um helicóptero voando a 110kmh a 100 metros ou 70 km disparado de SUE. Um Atlantic disparou um Exocet a grande altitude que planou por 70km antes de ligar os motores.

Após o disparo o perfil de voo e engajamento é igual para todos os modelos. Na primeira faze de voo o míssil é controlado pela plataforma inercial e desce para altitude de cruzeiro com apoio do radar altímetro, como nas versões anteriores.

Para disparar a aeronave tem que detectar o alvo no radar e passar os dados para o míssil, como velocidade, distancia, posição e outros. Durante o disparo, o míssil cai em queda livre por cercar de 10 metros durante 1 segundo para separação. O motor de aceleração é ligado durante 2 segundos até o míssil atinge velocidade quase supersônica. A velocidade é mantida até o impacto.

O radar Super ADAC ativa a 12-15km o alvo e calcula a posição do alvo. A altitude ataque varia conforme o estado do mar. Ao trancar no alvo o míssil toma direção de interceptação. O ponto fraco do míssil vem sendo a espoleta com vários casos a espoleta de contato não sendo acionada. Apenas o motor do míssil ainda em combustão causa incêndios catastróficos como no caso do HMS Sheffield.

O sistema de controle de tiro do AM39 é chamado de ITA (Installation de Tir Aéroportée) e opera junto com o radar Agave no Super Etendard e Mirage F-1, ou pelos radares RDM do Mirage 200 EG ou Thomson-CSF Anemone dos Super Etendard Modernisé (SEM). Os helicópteros usam o Thomson-CSF Varan e ORB-32, enquanto os Sea King argentinos usam o SMA APS-705. No caso do Super Etendard, as caixas pretas do ITA são instaladas no local onde ficam os canhões que tem que ser retirados. A versão mais recente é AM39 Block 2 com melhor radar e melhor ECCM.

O AM39 B2 Mod 2 está em uso em 14 aeronaves de vários países. Foi integrado no Super Etendard, AMX, Mirage F1, Mirage 5, Mirage 2000, Jaguar e Atlantique, além dos helicópteros Sea King, Super Frelon e Super Puma. O QATAR usa o AM39 nos seus Westland Command Mk.2/3. A versão Block2 foi testado Atlantic 2 e Super Etendard em 1993.


Um AM39 em um cabide central de um Mirage F1EQ-5 iraquiano. A imagem mostra detalhes dos exautores duplos do motor de aceleração e do exaustor menor do motor de sustentação.


Os Mirage 5PA3 do Paquistão foram equipados com o radar Thompson-CSF Agave no lugar do Cyrano para poder disparar o AM-39.


Um Sea King paquistanês com um Exocet, permitindo aumentar significativamente o alcance do míssil comparado com os mísseis embarcados em navios.


Os Mirage 2000EG-S3 grego são capazes de disparar o AM39. Podem levar um míssil em cada asa. Os Mirage 2000EG Gregos equipam os esquadrões 331 Geraki e 332 Aegeas baseados em Tanagra. A função principal dos esquadrões ainda é superioridade aérea. Os alvos são adquiridos pelo radar RDM3.


A MB usa o AM39 nos Sea King e Super Puma e pretende integrar nos novos EC-725. A imagem é de um disparo de testes em um Sea King no dia 11 Novembro de 1992. O Sea King decolou do navio de desembarque G-31 "Rio De Janeiro e disparou o míssil contra o casco do Ex-CT "Mato Grosso". O disparo foi realizado a uma distância de 20,2 milhas náuticas (37,4 km). Desde antão mais três AM-39 foram lançados. O último contra o ex- Contratorpedeiro Alagoas. Os três mísseis acertaram o alvo.


Os Puma da marinha chilena operam com o Exocet AM39. Os Puma da MB também tem esta capacidade.


As aeronaves de patrulha Atlantic podem disparar o Exocet de dentro do compartimento interno de armas. Outro míssil está visível no compartimento.


Como nas outras versões, o míssil fica armazenado em um container com gás inerte, mas tem que ser retirado e instalado na aeronave para ser disparado. Na imagem o container está aberto e as asas superiores do míssil foram instaladas.

Link para um vídeo no youtube do lançamento do AM39: http://www.youtube.com/watch?v=UkjbcXpM5o8


SM39

O SM39 é a versão disparada de submarino do Exocet. O SM39 é disparado de uma cápsula submarina com propulsão e guiamento chamado VSM (Véhicule Sous Marin). O VSM é disparado do tubo torpedo de 533 mm.  O VSM tem propulsão submarina com motor foguete baixa potencia para se afastar do submarino permitindo disparar o SM39 sem revelar a posição. O VSM é ejetado por gás e tem capacidade de boiar. Não se sabe limitações de velocidade e profundidade do submarino para disparar o VSM.

Ao se aproximar da superfície, o VSM aciona o motor acelerador e ao sair da água ejeta o míssil e o motor de cruzeiro é ligado com o míssil já a 30 metros de altura para diminuir a assinatura e evitar que a posição do disparo seja facilmente detectada. O Sub Harpoon atinge 600 metros após ser disparado de um submarino, sendo mais fácil de ser detectado.O alcance é de 50km, mas chega a 70km se o míssil subir a 10 mil metros.

O SM39 pode ser disparado com modo "bearing only", com a distancia sendo mais difícil de determinar com sonar e MAGE. Os dados de alvo podem vir de várias fontes como sonar, MAGE, radar, periscópio e datalinks com o submarino usando o periscópio. Após o disparo, o míssil segue o mesma sequência das outras versões até atingir o alvo.

O projeto do SM39 foi iniciado em 1979 e completado em 1984. Os teste foram no submarino Agosta em 1981. A entrada em serviço foi em 1985. Os mísseis foram modernizados para o padrão Block 2. A França usa o SM39 nos submarinos Le Triomphant, L'Inflexible, Rubis e Agosta. O Le Terrible usa o sistema controle de tiro SAT com módulo DLA 4A para disparar o Exocet.

O Paquistão comprou SM39 em 1995 para seus submarinos Khalid (Agosta). O primeiro disparo foi em março de 2001. Em 2005, a Índia comprou o SM39 para os seus seis novos submarinos Scorpene.


Sequência de disparo de um SM39. O SM39 tem 4,69 metros de comprimento e pesa 655kg. O VSM pesa 1.345kg.

 


Voltar ao Sistemas de Armas


 

2013 ©Sistemas de Armas
Site criado e mantido por Fábio Castro

 
     Opinião

  Fórum -  Dê a sua opinião sobre os assuntos mostrados no Sistemas de Armas
  Assine a lista para receber informações sobre atualizações e participar das discussões enviando um email
  em branco para
sistemasarmas-subscribe@yahoogrupos.com.br