Aeronaves
Compostas
A Piasecki Aircraft
Corporation (ou PiAC) recebeu um contrato em 2004 no valor de US$ 4,25
milhões
para modificar um SH-60F para YSH-60F, chamado de X-49A SpeedHawk,
usando a tecnologia
Vectored-Thrust
Ducted Propeller (VTDP) como propulsão auxiliar.
A PiAC já tinha recebido um contrato em 2000 no valor de US$26,1
milhões para
desenvolver a cauda de cinco pás de 2,44 metros de
diâmetro que agora será
instalada no YSH-60F que também receberá as asas de um
jato executivo Aerostar
FJ-100. A
aeronave pesará 720 kg a mais, porém, uma asa dedicada
seria mais leve. O
projeto deve estar pronto em 2007. O projeto era inicialmente da US
Navy e
agora também tem a participação do US Army. A PiAC já testou a nova cauda em
terra com resultados
melhores que o previsto.
A tecnologia usa uma hélice em um ducto para propulsão
auxiliar e asas fixas
para tirar a carga da hélice dos helicópteros. O VTDP tira a sustentação do
rotor, permitindo diminuir a velocidade para
evitar o stall de pá que limita velocidade horizontal. Isto
permite que o
helicóptero SH-60 possa voar a até 407 km/h com o impulso
gerado pela cauda. Em
vôo pairado a cauda vetora o fluxo de ar para contrapor o torque
do rotor
principal. Ao retirar a sustentação do rotor
principal não há necessidade
da força anti-torque e a cauda passa a funcionar com impulsora.
O
Piasecki 16H-1 e o 16H-1A Pathfinder voaram no inicio da década
de
60 atingindo
uma velocidade máxima de 405km/h. O rotor traseiro era instalado
em um ducto
que dava
controle direcional e anti-torque. O Pathfinder também podia
decolar no modo
STOL aumentando a carga útil. Agora usa vetoramento e
estabilizador e um
conjunto leme conjunto no ducto. Esta tecnologia pode ser usada para
modernizar
qualquer helicóptero existente. Os helicópteros
estão limitados a uma
velocidade de 270km/h e poderão chegar a 430km/h com o VTDP. A
tecnologia
foi aplicada
depois no AH-56.
A tecnologia VTDP permite
várias
vantagens. Além
da melhora na velocidade e alcance, o VTDP melhora a capacidade de
sobrevivência e diminui os custos.
Ao tirar a carga das hélices em até 50% e passar para as
asas ocorre a
diminuição do desgaste, resultando em menos
vibração, fadiga e cargas. Assim a
vida útil aumenta com a diminuição das
inspeções e trocas, diminuindo os custos
finais, principalmente das hélices. Também
ocorre redução da vibração em 50% o que
melhora a vida útil e diminui a
manutenção. Realizando uma decolagem curta é
possível aumentar a carga útil ou
melhorar a vida útil ao diminuir a carga da hélice.
Um HH-60 teria um raio de
ação de 1.370km na configuração de
decolagem curta (STOVL) ou 930km com
decolagem vertical (VTOL). O raio de ação atual é
de 430km sem reabastecimento
em vôo enquanto o F/A-18E/F Super Hornet tem raio de
ação de 1.200km.
Voando mais longe e/ou mais rápido a mesma missão pode
ser feita mais rápida ou
com menos aeronaves, também resultando no custo final menor.
A manobrabilidade é melhorada com a carga alar das
hélices e asas juntas
diminuídas. A aeronave fica mais estável para disparo de
armas.
Cauda VTDP vetorada
para impulso e como anti-tirque.
Um HH-60 na
configuração composta com cauda VTDP. O UH-60 está limitado
a voar em cruzeiro a 270km/h
na configuração de helicóptero. Na
configuração composta chega a 405km/h.
A capacidade
de sobrevivência aumenta pois se o rotor principal ou traseiro
falha ou é
danificado em combate, as asas podem ser usadas para pousar. A
velocidade e
agilidade também são fatores que influenciam na
capacidade de sobrevivência.
Os Fuzileiros e o US Army usaram simuladores para "voar" o AH-64 Apache e AH-1W SuperCobra
em 1996 (programa VTCAD).
O
desempenho, capacidade de sobrevivência e manobrabilidade
melhorou. O VTDP permitiu
atingir
velocidade de 370km/h; melhora de 50% na aceleração
longitudinal e
desaceleração; 50% de diminuição no raio de
curva e maior agilidade. Em
simulações táticas mostraram ser
superior aos modelos convencionais com 25% de melhoria na velocidade e
podendo
voar 17% mais baixo. O VTDP permitia engajar alvo elevado sem sair do
esconderijo. As aeronaves simuladas mostraram ser bem mais
difícil de derrubar.
As aeronaves ficaram 25%
mais
rápidas e podiam atacar do alto sem usar mascaramento do
terreno. Configurados para combate ar-ar, os helicópteros
puderam apontar
nariz sem perder ou ganhar velocidade. A velocidade também
é importante
para resgate de combate devido a resposta mais rápida.
AH-64 Apache na
configuração composta e equipado com o VTDP do programa VTCAD.
AH-1W SuperCobra na
configuração composta e equipado com o VTDP do programa VTCAD.
O lado
ruim de uma
aeronave composta é o peso extra e a potência
necessária maior. O peso
adicional da asa e cauda chega a 750kg no YSH-60, mas pode chegar a
500kg com
um projeto dedicado. O resultado pode ser a diminuição da
carga útil. O peso
extra cria problemas a baixa velocidade e vôo pairado. As asas
interferem no
fluxo do rotor e cria empuxo negativo.
Uma aeronave composta é muito boa
voando para frente
quando a velocidade é a prioridade, superando as desvantagens em
custo, vôo
pairado e complexidade. É ideal quando o alcance e velocidade
superam as
desvantagens.
Os EUA
estão
prevendo um gasto de US$ 41 bilhões para melhorar a capacidade
de seus UH-60,
UH-1 e AH-64 até o projeto Joint Replacement Aircraft entrar em
operação em
2025. O H-60/VTDP é uma alternativa em estudo para substituir os
HH-60G da USAF
e pode se estender para outros helicópteros.
O US
Army poderia
usar a tecnologia nos seus MH-60 e MH-47. A USAF pode usar nos seus
HH-60 e
pode participar na segunda fase da concorrência para substituir o
HH-60
concorrendo com CV-22. A tecnologia VTDP é considerada uma
alternativa de baixo
custo para aeronaves tiltirotor.
O US Army quase
comprou uma aeronave composta na
década de 60 na forma do AH-56 Cheyenne. O AH-56 venceu uma
concorrência de
1966 para um sistema de apoio de fogo aéreo (AAFSS) de uma
aeronave para
escolta armada, interdição longa alcance, apoio de fogo e
anti-carro,
competindo com o Sikorsky S-66. Na década
de 60 o US Army queria uma aeronave para apoio aéreo aproximado
(cobertura na
FAB) e na época a USAF estava investindo em interceptadores e
bombardeiros para
um cenário de guerra nuclear contra a URSS. A USAF também
achava a função de
apoio aéreo pouco glamorosa. Caças F-100 e F-105 eram
bons para alvos grandes e
bem definidos e não contra pequenas concentrações
de tropas próximas as forças
amigas. O F-105 tinha muito alcance, mas pouca autonomia. O US Army
chegou a
testar caças A-4 Skyhawk, F-156F (virou F-5A), Fiat G91 e
Kestrel (virou
Harrier) dizendo que realizariam missões de reconhecimento mas
não enganou ninguém.
A justiça decidiu que não poderia operar aeronaves de asa
fixa, mas poderia
operar helicópteros de ataque. Logo a USAF lançou o
projeto LAR que virou OV-10
para apoiar as operações do US Army. As perdas com T-28D
no Vietnã mostraram
que só seria usado para controle aéreo avançado. A
aeronave de apoio aéreo provisório
foi o A-1 Skyrider que teve muito sucesso devido a grande autonomia e
grande
carga de armas. Ficava orbitando próximo da ação
em terra e respondia rápido.
Jatos A-37 e F-100 demoravam a chegar mesmo sendo mais rápidos.
Era lento o que
facilitava a aquisição de alvos pois segunda passada
costuma ser mais perigosa
pois inimigo está mais alerta. Ainda na década de 1960 a
USAF lançou o projeto
AX que levou ao A-10. Mesmo assim o US Army lançou o projeto
AAFSS para
realizar apoio aéreo aproximado com requerimento de velocidade
de 400km/h e
capacidade de pairar no ar. Antes do AAFSS entrar em
operação o US Army estudou
uma aeronave provisória para escolta armada do CH-47. Foram
proposto uma versão
armada do CH-47, UH-2 Seasprite armado, Sea king e o Bell 209. O
Bell 209
era Bell 47 para mostrar um conceito de helicóptero artilhado
com tripulação em
fila. A Bell acabou desenvolvendo o HeyCobra por conta própria
que foi
escolhido em 1966 entrando em serviço como AH-1G Cobra. O AH-56
tinha dois rotores traseiros como anti-torque e impulsão. Podia
atingir 407km/h
sem carga externa com alcance máximo de 1.970km. A velocidade de
cruzeiro era
de 288km/h. O
AH-56 mostrou ser
capaz de acelerar até 360km/h em fantásticos 38 segundos
e desacelera na mesma
velocidade até parar em apenas 17 segundos. O rotor rígido
permitia realizar acrobacias. Era equipado com um turboshaft T-64
modificado
com 3.425hp e transferia 700hp para a hélice traseira em
vôo convencional.
Estava equipado com sistemas de navegação sofisticados
como radar de
acompanhamento do terreno para operar a noite e qualquer tempo. O Cheyenne foi concebido
para escoltar o CH-47, mas
logo pensado para fazer apoio aéreo aproximado. O AH-1 mostrou
ser valoroso mas
pouco armado, pouco alcance e sensores pouco sofisticados. O AH-56
tinha autonomia
de 2,5 horas, era muito bem armado com 900kg armas em seis cabides,
incluindo
2.100 tiros de 30mm, 780 de 40mm, seis mísseis TOW e 38 foguetes
de 70mm. Em
local quente so tirariam os mísseis TOW. Estava equipado com
telemetro laser e
FLIR. A capacidade era similar ao AX também em desenvolvimento. O
US Army pretendia comprar 375 aeronaves inicialmente mas o programa foi
cancelando devido aos custos e complexidade. O AH-56 mostrou ser
instável acima
de 320km/h. Era esperado que custasse US$ 500 mil cada e chegou a
US$ 4-5
milhões em 1972 e ainda não teria
capacidade todo tempo. O US Army acabou
lançando o programa AAH
vencido pelo AH-64 Apache para um helicóptero anti-carro capaz
de operar em
qualquer tempo na Europa e com novos sistemas de pontaria e novas
conceitos de
proteção.
Com a derrota do
S-66 a Sikorsky modificou
um S-61 Sea King armado modificado chamado S-67 Blackhawk para tentar
preencher
os requisitos do programa. Foi testado entre 1970 e 1974, mas
não teve bom
desempenho apesar de mostrar ser manobrável e poder levar 15
tropas. O S-67
não era usado apenas para ataque, mas também transporte
de tropas, resgate
armado e ASW. Era chamado e AH-3, mas nunca foi comprado. Foi avaliado
em 1971 pelo
Us Army mas foi considerado insatisfatório para a
competição. O protótipo foi destruído
em um acidente em 1974 em Farnborough.
Uma das propostas
mais incomuns do programa
AAFSS foi feita pela Convair com o modelo 49 em 1967. O Convair 49
não era nada
parecido com uma aeronave nem helicóptero e sim algo
inteiramente novo. A
propulsão vinha de três turbinas Lycoming LTC4B-11 que
atuavam em hélices contrarotativas em um
duto. A Convair considerava o
sistema mais confiável que um helicóptero convencional.
Era tripulado por dois
ocupantes em uma cápsula articulada. Os motores,
combustível, cápsula de tripulantes
e aviônicos eram cobertos por blindagem de aço resistente
a projétil de 12,7mm.
As armas propostas incluíam torretas com minigun M-134 calibre
7,62mm ou
lança-granadas M-74 de 40mm. Cada torreta tinha 12.000 tiros de
7,62mm ou 500
de 40mm. A torreta central era equipada com um canhão M-140 de
30mm com 1000
tiros. A torreta central também podia levar 500 foguetes WASP ou
um canhão de
30mm secundário. As torretas eram móveis e podiam ser
disparadas com a aeronave
pousada, em vôo pairado ou em alta velocidade. A fuselagem tinha
quatro pontos
duros para levar tanques extras de 300 galões, mísseis
TOW em casulo triplo, ou
três mísseis Shillelagh. Outra opção era um
canhão sem recuo M40A1C de 106mm
com 18 tiros contra alvos duros. Os pontos duros eram
móveis.
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