Aeronaves Composta no Brasil


Nossas forças armadas tem um complicador para realizarem suas missões que é a grande extensão territorial e marítima. As plataformas aéreas têm sempre o alcance como um requisito importante. O alcance geralmente significa uma aeronave grande e geralmente cara. Para complicar, a frota também deveria ser numerosa. Com recursos limitados, o número de aeronaves de pequeno tamanho é grande como a frota de helicópteros Esquilos e os Bandeirantes. O resultado é a limitação para realizar missões adequadamente como transporte e resgate. Também não é comum o uso de sistemas e armas no estado de arte como guerra eletrônica, sensores noturnos, comunicações e mísseis.

Um helicóptero composto é uma tecnologia relativamente barata que seria uma boa proposta para equipar nossas forças armadas com uma aeronave de pouso e decolagem vertical com alcance adequado as nossas necessidades visto que os helicópteros tem alcance limitado. As aeronaves tiltrotor são outra opção, mas o único modelo disponível, o V-22 Osprey, está com problemas de desenvolvimento e tem um custo proibitivo.

Estes helicópteros compostos substituiriam não só os helicópteros atuais como o UH-1H da FAB e SH-3 da Marinha como poderiam substituir outras aeronaves usadas de modo adaptado para realizar missões militares como os Bandeirantes.

A velocidade de um UH-60 composto, usado como referência aqui no texto, é de 350-400km/h e pouco menor que a do Bandeirante, mas com capacidade de carga superior e com a versatilidade de um helicóptero. A carga de 4.100kg chega a se aproximar de uma aeronave maior como o C-115 Bufalo.


Protótipo YSH-60 em construção recebendo as asas do Aerostar e a cauda VTDP usado como referência de aeronave composta no texto.

X49A
X-49A durante os testes de vibração.

X49A
Conceito de um X-49A com asa alta. A asa alta inclinada para baixo diminuiria o empuxo negativo causado pelos rotores.

Também é possível pensar em uma aeronave multifuncional com capacidade além do imaginado para as aeronaves acima. A função de transporte fica sempre mantida, com a vantagem de ser um helicóptero com alcance maior ou uma aeronave com capacidade de pouso vertical.

As aeronaves de transporte são usadas para apoiar tropas além das linhas e realizar operações especiais. Uma aeronave composta adicionaria a capacidade de infiltrar, exfiltrar e suprir tropas numa distância bem maior que a de um helicóptero e com o alcance e velocidade de uma aeronave, tendo a versatilidade do pouso vertical que liberaria o uso de lançar cargas com pára-quedas. Unidades da FAB atualmente operando aeronaves poderiam passar a apoiar operações do EB com helicópteros em áreas não cobertas pela Aviação do Exército (AVEx).

Os Bandeirantes realizam transporte de tropas em cargas em tempo de paz. Em tempo de guerra, com a ameaça inimiga, estas missões passam a se chamar assalto aéreo, tendo necessidade de retornar o fogo inimigo.

Na função de busca e salvamento teríamos uma aeronave de busca com capacidade de pairar sem precisar chamar um helicóptero para a missão ou lançar um pára-quedista do PARASAR. Também teríamos um helicóptero com alcance adequado para busca por longo período.

As missões de resgate de combate teriam o apoio de um helicóptero de grande alcance, velocidade e capacidade de sobrevivência. Missões de evacuação médica (EVAM) seriam otimizadas com uma helicóptero mais rápida e de maior alcance.

Os helicópteros podem ser armados para realizarem missões de ataque e uma aeronave composta não fugiria a regra. Suas asas podem receber cabides e a velocidade permite adicionar bombas como armas de uso regular. Também poderiam ser comparadas favoravelmente a uma aeronave que tem capacidade de pairar rente ao solo para atacar com canhões e mísseis usando as características do terreno para se esconder. A capacidade de decolagem e pouso vertical ou curto significa poder operar facilmente em pistas dispersas, próximo ao campo de batalha. Bases dispersas significa poder cobrir uma área maior (área de influência) e usar a velocidade para diminuir o tempo de reação.

A capacidade armada e a velocidade tornam uma aeronave composta uma boa aeronave para interceptação de aeronave leves ilícitas, missão hoje realizada pelo AT-27 Tucano do Terceiro Grupo (Boa Vista, Campo Grande e Porto Velho).

As aeronaves de transporte e caça tem missões de apoio a aviação geral e comercial em dificuldade (socorro aéreo) sendo que as aeronaves mais leves apóiam aeronaves leves e os caças apóiam a aviação a jato. Uma aeronave composta tem capacidade de realizar esta missão como acontece atualmente com C-95 Bandeirante.

As missões de patrulhas costeiras são realizadas atualmente pelos P-95 Bandeirulha que podem ser substituídos por uma aeronave composta. O alcance não seria tão longo, mas a versatilidade poderia compensar como o uso também para busca e salvamento e a capacidade anti-submarina com o uso de um sonar. A aeronave também poderia usar o convés de um navio de patrulha oceânico (NaPaOc), ainda em fase de estudo pela MB, para reabastecer durante operações de patrulha na parte leste da Zona Econômica Exclusiva. A capacidade ofensiva já citada seria aproveitada nestas operações.

As versões embarcadas para a Marinha teriam as mesmas capacidades já citadas podendo realizar transporte aéreo e assalto aéreo bem distante da costa ou bem dentro do território inimigo. Nas missões ofensivas, as plataformas navais teriam uma plataforma com capacidade de atacar alvos a distâncias mais longas e com maiores cargas, contra alvos no mar e em terra. A velocidade daria certa capacidade de defesa contra helicópteros e aeronaves de patrulhas. Um helicóptero composto seria uma boa plataforma para missões de alerta antecipado podendo voar mais alto e por mais tempo que um helicóptero. As aeronaves embarcadas poderiam usar seus sensores para realizares patrulha marítima a partir de bases da costa complementando as aeronaves da FAB, capacidade que a MB não tem atualmente.

Missões na FAB

A FAB é dividida em pequenas forças aéreas para dividir as atividades operacionais. A Segunda Força Aérea (FAE-2) é responsável por coordenar as operações de SAR, patrulha marítimas, operações de helicóptero e operações aéreas especiais. É formada pelos esquadrões do Oitavo Grupo, Sétimo Grupo e pelo 2º/10º GAV Esquadrão Pelicano e 1º/11º GAV.

Os AT-27 Tucano equipam os esquadrões do Terceiro Grupo dividido em
1º/3º GAV Escorpião em Boa Vista (RR), o 2º/3º GAV Grifo em Porto Velho (RO) e o 1º/3º GAV Flecha em Campo Grande (MS). Os AT-27 estão sendo substituídos pelo A-29A/B Super Tucano. O Terceiro Grupo realiza missões de superioridade aérea (interceptação e ataque), interdição (ataque e reconhecimento armado), apoio aéreo aproximado (ataque e cobertura), reconhecimento visual, ligação e observação (controle aéreo avançado), vigilância de fronteira  e eventualmente operações aéreas especiais.

Os esquadrões do Terceiro Grupo já dão apoio para as brigadas de selva. Com uma aeronave composta poderiam realizar tarefas próprias de um helicóptero, já raro no Teatro de Operações da Amazônia (TOA), e com maior capacidade que os modelos atuais. O T-27 tem uma velocidade de cruzeiro de cerca de 400km/hora, pouco superior a de uma aeronave composta. A autonomia é de 8 horas com dois tanques extras.

Os AT-27 Tucano do Terceiro Grupo, substituídos futuramente o A-29A/B, quando usados para defesa aérea, e os que equipam outros esquadrões, são usados para forçarem uma aeronave suspeita a pousar, mas tem dificuldade de continuarem o trabalho após o pouso da aeronave suspeita. Um helicóptero composto continuaria o trabalho após o pouso e desembarcaria tropas para missões de busca e apreensão no solo. Hoje é necessário o apoio de um helicóptero com alcance e velocidade bem menor que o AT-27 Tucano.

O uso de pista ou pontos de dispersão também multiplica o número de bases e evita que traficantes usem uma rede de alerta nas bases para evitar áreas cobertas pelos Tucanos.


O A-29 será o futuro substituto dos Tucanos. Durante as operações antiguerrilha no norte de Angola e fronteira com Zaire, os pilotos mercenários do Executive Outcome voavam helicópteros Mi-24 e Mi-17 armados com metralhadoras e lança-grandas automáticas. Depois passaram a voar com o PC-7 que mostrou ser bem superior. Mesmo com carga pesada de foguetes podia permanecer 4-5 horas no ar o que era considerado importante onde havia poucas pistas para operar. O PC-7 voava a uma velocidade de cruzeiro de 360km/hora e era considerado ideal para detecção de tropas. O uso de bombas nas selvas fechadas mostrou ser bem eficiente e com melhor resultado que foguetes e metralhadoras. Estas experiências mostraram que a FAB está no caminho certo para missões de baixa intensidade na Amazônia.
Os esquadrões do Sétimo Grupo baseadas em Belém, Salvador, Santa Cruz e Florianópolis realizam patrulha marítima no lado oeste das 200 milhas (Zona Econômica Exclusiva) com os P-95 Bandeirulha. Os P-95 realizam Esclarecimento Marítimo, Interdição Marítima, Reconhecimento, Guerra Eletrônica e Operações Aéreas Especiais equipados com radar e ESM. A capacidade anti-submarina foi perdida com a substituição do P-2 Neptune pelo P-95. Os S-2 Tracker mantiveram uma capacidade limitada depois perdida na década de noventa. Com uma aeronave composta, a FAB pode voltar a ter capacidade anti-submarino com a instalação de um sonar e pode inclusive operar embarcado nos navios da MB. Com FLIR, radar e ESM, uma aeronave composta pode realizar as mesmas missões de um helicóptero naval moderno, mas com desempenho e alcance de uma aeronave convencional

Os P-95 da FAB podem ser substituídos com vantagens por uma aeronave composta que poderia operar a partir de um Navio de Patrulha Oceânico (NaPaO) para reabastecer, esperar por curto período ou emergência.

Os Esquadrôes de Transporte Aéreo (ETA) tem função de apoiar a MB e EB, além da FAB. Seu principal vetor é o C-95 Bandeirante usado para transporte aéreo (18 tropas ou 1700kg de carga), missões de misericórdia (MMI), adestramento, apoio à aviação geral com problemas (socorro aéreo), ligação, infiltração, assalto, ressuprimento aéreo, evacuação médica (EVAM) e reconhecimento visual.

O transporte aeromóvel inclui o lançamento das tropas e carga por pára-quedas e às vezes pouso em território inimigo para extração. O treinamento inclui navegação a baixa altura (NBA). A aeronave faz transporte aeroterrestre para dar mobilidade as tropas. Quando ocorre em território inimigo é chamado de assalto aéreo. O transporte aéreo logístico é a transferência de pessoal e material. O lançamento aéreo é usado para ressuprir e apoiar forças de superfície. O ETA também apóia o Grupo de Transporte Especial em Brasília nas missões VIP.

Uma aeronave composta, como substituto do Bandeirante, irá multiplicar a capacidade de transporte aéreo adicionando a versatilidade do pouso e decolagem vertical. Missões de assalto aéreo que usam pára-quedas seriam substituídas pelo pouso vertical. Os ETA passariam a ter capacidade de apoiar unidades do EB que já tem carência de helicópteros para operar. A capacidade de EVAM seria também melhorada.


Com um custo bem maior que o C-95 Bandeirante, uma aeronave composta precisaria de outra mais barata como complemento. Uma aeronave que pode complementar uma aeronave composta é o C-98 Caravan (foto). A capacidade de carga é de 1500-1800kg, pouco menor que a do Bandeirante, mas com volume bem menor e pode pousar em locais impraticáveis pelo Bandeirante. A tabela de carga versus alcance mostra que Bandeirante é melhor para operar em missões mais longas acima de 650 km. Uma aeronave bimotora ainda é necessária para operar em locais com poucas pistas como o norte do país. Outra aeronave que já é usada é o C-97 Brasília. A versão EMB-120K pode levar 2700kg carga. A FAB quer um sucessor do Bandeirante com maior capacidade de carga, seu calcanhar de Aquiles. A FAB já opera 16 aeronaves Brasília e 17 Caravan.


Helicóptero Cougar com sonda de reabastecimento em vôo. Os helicópteros precisam de reabastecimento aéreo para missões de longo alcance ou serem desmontado para deslocamento a longa distâncias. Uma aeronave composta pode receber facilmente uma sonda para reabastecimento em vôo. Porém, as aeronaves cisternas são escassas em tempo de conflito. A própria aeronave composta passaria a ser uma opção para reabastecer outras no ar.

Os esquadrões do
Oitavo Grupo são equipados com helicópteros usados para busca e salvamento SAR/CSAR, ataque, escolta, ligação e observação, reconhecimento aéreo, transporte aéreo (apoio logístico, EVAM e helitransporte) e operações aéreas especiais. Uma capacidade recente é a de defesa aérea contra alvos de baixo desempenho. Os esquadrões mantêm uma aeronave em alerta defesa aérea H-24 (24 horas por dia) e podem ser usados para controle de área de exclusão aérea.

O 1º/8º GAV de Belém, o 5º/8º GAV em Santa Maria (RS), e o 7º/8º GAV de Manaus usam o UH-1H armado (Sapão). O 2º/8º GAV usa o UH-50 Esquilo que é considerado mais rápido, mas menos capaz. 

O 3º/8º GAV no Rio de Janeiro usa o Super Puma. É sempre usado para apoiar a brigada pára-quedistas e em transporte VIP.

O 2º/8º GAV, esquadrão Poti, usa o UH-50 Esquilo para resgate de combate. São claramente limitados para a missão. Nas missões de resgate são usadas a chamada formação gorila com dois helicópteros para reconhecimento armados com casulos de metralhadora 12,7mm, dois de ataque com foguetes de 70mm e dois de resgate. Esta formação pode ser substituída por uma única aeronave composta com a mesma capacidade de armas e transporte e alcance e velocidade superior, mas as aeronaves CSAR geralmente atuam aos pares. O Poti já operou aeronaves L-42 e depois o T-25.

O 2º/10º GAV esquadrão Pelicano usa o SC-95B junto com o UH-1 pelicano para busca e salvamento. Os UH-1H são armados como os dos outros esquadrões.

As missões de salvamento de combate (CSAR) são importante para moral dos pilotos se souberem que vão ser resgatados caso derrubados. Também tem o fator político de evitar que pilotos capturados sejam mostrados como troféu. As aeronaves de busca e salvamento tem como requisitos básicos a velocidade de cruzeiro alta para reação rápida, grande autonomia, capacidade qualquer tempo e asa alta para dar grande visibilidade.

Uma aeronave composta tem velocidade e alcance adequados para missões CSAR. As operações de CSAR têm mais sucesso se forem realizadas rapidamente. Um piloto tem 45% de chance de ser resgatado na primeira hora após ser derrubado. As estatísticas diminuem drasticamente com o passar do tempo. Uma aeronave composta terá aproximadamente a mesma velocidade do A-29 que servirá de escolta. Como pode levar armamento pesado nem irá precisar de escolta em algumas missões.

A US Navy operava helicópteros SH-3 Sea King a partir de contratorpedeiros em posição avançada para missões de resgate no Vietnã. Com um helicóptero composto isto não seria necessário, nem para diminuir a distância nem o tempo de reação, poupando os navios escoltas de ataques inimigos. A autonomia e alcance de uma aeronave composta permitem que ela já esteja no ar durante um ataque de aeronaves de caça embarcados.

Um exemplo de operações aéreas especiais do Oitavo Grupo incluem a infiltração de patrulhas para vigilância, reconhecimento e ação direta. Também realizam exfiltração e ressuprimento destas patrulhas. Estas missões estão intimamente ligadas as operações de CSAR e às vezes são realizadas por um mesmo esquadrão na maioria dos países.

Uma aeronave composta que substituísse os helicópteros do Oitavo Grupo iria multiplicar a capacidade destes esquadrões para realizarem suas missões. Seriam mais rápidos, com maior alcance, mais bem armados, com maior capacidade de carga ou espaço para tropas. As capacidades dos esquadrões do Oitavo Grupo poderia ser somada com a capacidade dos ETA que também recebessem aeronaves composta.


Um UH-1 escoltado por um AT-27. Todos esquadrões de helicopteros da FAB treinam para CSAR, porém, as tripulações de salvamento (PARASAR) precisam de treinamento especial como primeiros socorros.


A FAB usa o UH-1H armado até hoje com foguetes de 70mm e metralhadoras. A aeronave realiza missões de transporte, ataque, busca e salvamento, observação e operações aéreas especiais.

Uma constante nos esquadrões da FAB é a missão de reconhecimento visual e observação. São reminiscências dos antigos EMRA (esquadrões mistos de reconhecimento e ataque). Esta missão inclui orientação de fogo de artilharia e controle aéreo avançado, além da observação do movimento das tropas inimigas.

O requerimento é de uma aeronave de grande autonomia, armada, com sensores adequados e de preferência uma tripulação bem grande para observação. A FAB usa ou já usou aeronaves dedicadas como o L-42 Regentelo, T-27 Tucano, UH-1 Huey e UH-50 Esquilo. Outras aeronaves são usadas de forma improvisada como o C-95 Bandeirante.

Duas aeronaves que podem servir de exemplo para os requisitos desta missão são o OV-10 Bronco e o OV-1 Mohawk. O OV-1 Mohawk foi projetado para reconhecimento visual, radar e eletrônico. O requisito inicial era do USMC de 1957, mas abandonou o projeto em 1958. Em 1958, o US Army lançou um requerimento para uma aeronave de observação, reconhecimento, regulagem de artilharia, comando e controle e utilitário (com capacidade de ressuprimento de emergência e ligação) com características de pouso e decolagem curta (STOL) e se interessou no projeto. A aeronave deveria ser um projeto conjunto com as outras forças, mas o USMC não queria uma aeronave com sensores sofisticados do US Army e lançou projeto próprio (LARA). Uma versão do OV-1 participou do programa LARA que foi vencido pelo OV-10 Bronco.

O OV-1 foi armado para supressão de defesas, aproveitando dos requisitos de apoio aéreo do USMC, para se manter na área para tirar fotos e para marcar o alvo, e não para atacar. Mas o que o US Army queria mesmo é a capacidade de reagir rápido de uma aeronave. A USAF proibiu o uso de armamento pelo OV-1, mas o US Army continuou usando para auto-defesa. Durante as missões ele encontrava pequenas quantidades de tropas. Se não atacava rápido elas dispersavam. As metralhadoras 12,7mm levadas em casulos eram insuficiente e queriam armar com bombas, napalm e bombas em cacho. Resolveram levar foguetes. Argumentavam que era para auto-defesa mesmo com a proibição de levar armas e era chamado com freqüência para apoio aéreo aproximado por ser rápido e preciso. A capacidade de fotografia aérea foi considerada importantíssima para o planejamento das missões terrestres que não precisavam mais do apoio da USAF. O Mohawk era silencioso e podia se aproximar sem chamar atenção. Era considerado ideal para espotagem de artilharia. Testes no inicio do conflito do Vietnã mostrou que as divisões aeromóveis precisariam de uma frota de 36 UH-1H de transporte e 24 Mohawk para reconhecimento e ataque.

Entre os equipamentos usados pelas várias versões do OV-1 estavam um radar de visada lateral (SLAR) que dava capacidade de vigilância de longo alcance em qualquer tempo, com capacidade de detectar alvos móveis (MTI). O SLAR foi usado para detectar alvos nos rios e litoral. O EV-1 era usado para reconhecimento eletrônico (radar e comunicações). As duas versões tinham datalink para passar os dados para estação em terra. Estas missões de reconhecimento radar e eletrônico são realizados hoje na FAB pelos R-99B.

O OV-10 Bronco foi a primeira aeronave projetada para controle aéreo avançado e com função de ataque leve secundária. Foi escolhida para o programa LARA para reconhecimento, apoio aéreo avançado, escolta de helicópteros e observação, com desempenho entre helicóptero armado e jatos. Tinha capacidade STOL podendo levar 1.500kg de carga no compartimento traseiro para apoiar missões de forças especiais e evacuação médica. Tinha cabides nas asas e fuselagem e foi usado como canhoneiro armado com canhão conteiravel de 20mm. Dava apoio aéreo pesado para apoiar os UH-1C navais no Vietnã. Foi usado na Guerra do Golfo quando recebeu mísseis Sidewinder para autodefesa. Uma aeronave foi derrubada. A modernização na década de oitenta incluiu a instalação de alerta radar, contramedidas IR, chaff, flare e pintura supressiva de calor. Um sistema de alerta de mísseis AN/AAR-47 foi instalado após o conflito no Golfo em 1991. O OV-10D atingia uma velocidade de 460km e tinha um alcance de 2.224 km.


OV-1C Mohawk com sensor IR na asa.


OV-10 nas cores do USMC e torreta FLIR no nariz. Os EUA estudaram retirar o Bronco da reserva para serem usados no Iraque e até reiniciar a fabricação.

Uma aeronave composta pode ter as capacidades do OV-1 e OV-10, aproveitando da capacidade de reconhecimento visual de uma tripulação maior. Com a tecnologia atual, um sensor FLIR pode ser adicionado para reconhecimento de imagem e passar as imagens para uma estação em terra com um datalink. As bandas de comunicação ficam saturadas em tempo de guerra e a tripulação pode escolher quais partes do vídeo devem ser enviadas para economizar banda, o que não é possível com uma aeronave não tripulada (UAV). Casulos com sensores foto, IR e radar podem ser adicionados. Com o armamento pesado é possível fazer reconhecimento armado.

O resultado final seria a transformação de esquadrões especializados em multifuncionais podendo realizar ao mesmo tempo defesa aérea (baixa intensidade), ataque, reconhecimento, observação, patrulha marítima, transporte aéreo e CSAR. Em 1993, o ETA em Manaus teve o nome mudado para Esquadrão de Emprego Tático e Adestramento, que voltou ao original em 1995. Era esperado dotar cada Comando Aéreo Regional de aeronaves para emprego tático. Um dos motivos para que a idéia não "vingasse" foi a criação dos "Terceiros" que cumpririam/cumprem boa parte do papel que seria reservado ao ETA modificado. Esta designação poderia ser novamente adotada.

Até 20 unidades da FAB podem ser equipadas com aeronaves compostas, em esquadrões mistos com outras aeronaves ou só de aeronaves compostas (Terceiro Grupo, Oitavo Grupo, Sétimo Grupo, ETA e  2º/10º GAV). Estas unidades estão concentradas em 14 bases, e algumas bem próximas. As bases em Belém, Recife, Manaus, Campo Grande e as bases próximas ao Rio de Janeiro teriam redundância de meios e missões.

Com estas mudanças, as novas capacidades da FAB, sem considerar mudança da base dos esquadrões, seriam:

- Unidades com capacidade de ataque leve e defesa aérea de baixa intensidade aumentaria de 3 (Terceiro Grupo) para até 19 unidades (em 13 bases) sem considerar unidades de caça de alto desempenho. O número de esquadrões com aeronaves usadas como plataforma de armas passaria de 19 (incluindo os esquadrões de caça) para até 26.

- As unidades com capacidade SAR passariam de 6-7 para 20 (em 14 bases), sem considerar os helicópteros da Marinha e Exército. Além do número de bases com capacidade SAR, a área coberta por cada base aumenta com o aumento do alcance das aeronaves assim como o tempo de resposta e capacidade de dispersão.

- Unidades de helicóptero de transporte da FAB passariam de 7 para 20 (em 14 bases).

- Adicionado a capacidade anti-submarino as unidades de patrulha marítima que também poderão operar embarcadas.

O grande números de esquadrões possíveis de receber uma aeronave composta pode resultar em esquadrões com pequena frota. Pensando em uma média de 5 aeronaves por esquadrões, poderão ser necessário pelo menos 70-100 aeronaves compostas para equipar 14-19 esquadrões da FAB. Alguns esquadrões poderão ter frota maior e outros frota mista com aeronave como o Caravan e Brasília já em operação. Os ETA de Guarulhos (próxima de Taubaté) e Canoas (próximo a Santa Maria) são candidatos a não receberem uma aeronave composta.

Não há necessidade de diminuição de bases ou esquadrões, mas uma melhor distribuição. Porto Velho e Boa Vista teriam capacidade de assalto aéreo para apoiar os batalhões de selva. Manaus tem hoje esquadrões de helicópteros da FAB, EB e MB que podem ser passados para outras bases. Brasília precisa de helicópteros para transporte VIP e apoiar a nova Brigada de Forças Especiais em Goiânia realizando missões de infiltração, exfiltração, ressuprimento, reconhecimento, apoio aéreo aproximado, comando e controle e retransmissão de comunicações.


Uma frota de dez aeronaves C-130 Hercules da FAB recebendo pára-quedistas para uma missão. Após lançados, eles precisarão de reforços e apoio de helicópteros para EVAM. Uma aeronave composta poderia deslocar a mesma força, que não precisaria ser pára-quedista, dar apoio de fogo no local, realizar EVAM, transportar ressuprimento e reforços e para extração e redeslocamento. Os Hercules precisam operar de pistas mais resistentes enquanto uma aeronave composta opera de pistas improvisadas mais próximos do campo de batalha. Os Hercules só fazem EVAM e extração com pista de pouso no local de operação. Os para-quedistas só são lançados em terreno apropriado e sofrem até 10% de baixas por ferimento durante o lançamento enquanto uma aeronave composta tem pouca restrição para pouso vertical ou uso de rappel. As tropas usadas no assalto também não precisariam ser paraquedistas.


Um Bandeirante da FAB lançando cargas por pára-quedas durante um exercício. Com uma aeronave composta as cargas poderiam ser entregues também com pouso vertical.

Próxima Parte: Aeronaves Compostas no Brasil - continuação
Atualizado em 28 de julho de 2006

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