Aviação Naval

Uma aeronave composta também seria interessante para a Marinha. O futuro substituto do SH-3 Sea King passaria a ter as capacidades já citadas, porém, operando embarcado. Também complementariam a pequena força de Super Puma que apoia os Fuzileiros Navais.

Com sua capacidade ofensiva, poderia ser usado em cenários de baixa intensidade ou quando não há ameaça aérea. Teria capacidade ofensiva contra helicópteros (caça-helicópteros) ou aeronaves de patrulha mais lentas ou poderia fugir facilmente de outros helicópteros.

As capacidades de transporte, CSAR, operações especiais e assalto anfíbio seriam multiplicadas. O alcance contra alvos no mar seria bem maior assim como o de vigilância.

As missões anti-submarina poderiam ser prejudicadas em parte pois não aproveita muito da velocidade. A capacidade lembra mais a do S-2 Tracker em missões anti-submarina e lançando sonobóias.

A MB poderia passar a ter uma certa capacidade de patrulha marítima quando operasse a partir de bases em terra apoiando os navio de patrulha ou os futuros navios de patrulha oceânicos. Atualmente ela faz isso com os Bell 206 Jet Ranger apoiando os navios de patrulha costeira.

Operando a partir de fragatas, atualmente não possível, uma aeronave composta poderia decolar para a missão e ser apoiado por outro que a reabasteceria em vôo para aumentar o alcance ainda mais.


A versão naval do Apache, conhecida como Gray Thunder, foi proposta para operar de fragatas e navios anfíbios. Os grupos anfíbios que operavam fora de cobertura de porta-aviões poderiam precisar de um helicóptero com capacidade de defesa aérea e ofensiva limitada. Faria escolta de força tarefa anfíbia, ataque anti-navio, patrulha de combate aéreo armado com seis mísseis AIM-9 Sidewinder, aquisição de alvos além do horizonte, vigilância de longo alcance, patrulha costeira de longo alcance, apoio aproximado para tropas em terra, suporte para forças especiais (SEALs), anti-carro, controle aéreo e direção de apoio de fogo naval, escolta de helicópteros de transporte e resgate. O Gray Thunder receberia um radar APG-65 e sonda de reabastecimento. Teria alcance de 200 milhas ou autonomia de 4 horas. Uma aeronave composta adequadamente equipada poderia cumprir as mesmas missões com capacidade superior, mantendo a capacidade ASW, transporte, ligação, assalto aéreo, SAR etc. Poderia até mesmo ser uma aeronave do Sétimo Grupo da FAB operando nos navios da MB. Os P-95 Bandeirulha alugados para a Argentina em 1982 e que operaram nas Malvinas detectaram emissões dos radares dos caças Sea Harrier e depois do conflito descobriram que operavam nas rotas dos caças até a ilha. Chegaram a realizar manobras evasivas para se esconder nas nuvens em várias ocasiões, mas não viram caça nenhum durante as operações.


O S-2 Tracker está sendo cogitado para ser a nova aeronave de alerta aéreo antecipado da MB. Uma aeronave composta poderia realizar esta missão com a vantagem de ser uma plataforma padronizada. O S-2E tem alcance de 1.900 milhas e autonomia de 8 horas. Leva 32 sonobóias e realiza patrulha a 230km/h a 500 metros de altura. Após a Segunda Guerra Mundial, a US Navy usara o TBM-3W e TBM-3S em duplas de hunter-killers para caçar submarinos. Foram seguidos do AF-2W e AF-S Guardian. Se uma aeronave dava problema a missão não poderia ser cumprida. A US Navy queria um bimotor e então surgiu os requerimentos do S-2. Os S-2 não operaram nas Malvinas por não terem autonomia e alcane suficientes para atingir a ilha a partir do continente. Foram substituidos pelos P-95 Bandeirulha alugados.

Na MB uma aeronave composta poderia realizar missões em complemento aos Esquilos dos esquadrões utilitários. Estes esquadrões realizam missões de helitransporte, apoio logístico, patrulha fluvial e naval, Controle de Área Marítima restrita, esclarecimento marítimo, inspeção naval (IN) e ambiental, SAR no mar (SAR na terra é responsabilidade da FAB), EVAM, ligação e observação, apoio as operações especiais como defesa de porto, terminais e plataformas,reconhecimento armado, ataque e espotagem de artilharia. O Esquilo é limitado em alcance, autonomia, carga e quantidade de pessoal resgatado. É considerado adequado para cenários de baixa intensidade com inimigo sem defesa antiaérea. O Esquilo faz 80-90% as missões diárias em tempo de paz, mas em tempo de guerra uma aeronave mais capaz seria necessária.

AVEx

O EB tem uma frota de helicópteros respeitável para apoiar operações aeromóveis (assalto aéreo e apoio logístico) concentrada em Manaus (AM) e Taubaté(SP). Antes era apoiada pela frota de helicópteros da FAB que ainda é grande por isto, mas as duas juntas ainda podem ser consideradas insuficientes. Os planos iniciais do EB era ter uma força de cerca de 350 helicópteros de todos os tipos.

Já foi discutido a vantagem de substituir os helicópteros e algumas aeronaves da FAB por uma aeronave composta que diminuiriam estas dificuldades trazendo capacidade aeromóvel para unidades do EB que ficam longe da área de influência da Aviação do Exército.

As aeronaves de transporte da AVEx (Aviação do Exército) são o Pantera e o Cougar. O Pantera foi adquirido em grande quantidade (36), mas só consegue levar meio grupo de combate. O Cougar leva pelo menos dois GC.

Outro problema é que o EB pode ser considerada a força que menos precisa de uma aeronave composta pois a AVEx realiza operações aeromóveis geralmente de curta distância. Algumas capacidades como o uso de uma aeronave artilhada e operações especiais podem carecer desta necessidade. Os cenários também podem exigir como operações no Teatro de Operações da Amazônia. A capacidade de deslocamento rápido a longa distância assim como assalto aéreo na retaguarda inimiga atualmente feito com pára-quedistas também podem ser uma exigência para a futuras aquisições do EB,

A Doutrina Delta, que é usada para conflito convencional limitado no continente e fora do teatro de operações da Amazônia, cita nos seus princípios que as perdas humanas devem ser mínimas e deve-se lutar em toda  profundidade no campo de batalha, incluindo infiltração na retaguarda do inimigo. 

A evacuação médica (EVAM) é uma missão obrigatória e prioritária em qualquer conflito. Israel só usou sua frota de UH-1 para assalto após diminuir a necessidade de missões EVAM. Uma aeronave composta teria vantagens nesta missão como a reação rápida, cobertura de grande área e poder operar bem longe da base.

A importância do helicóptero para o EB pode ser medida pela frase do General britânico Walter Walker após a campanha na Malásia entre 1963-1966: "um batalhão de infantaria com oito helicópteros vale mais que uma brigada sem eles, e nós tínhamos os helicópteros operando na linha de frente com as tropas na selva".


Os Soviéticos rejeitaram o conceito de helicóptero artilhado puro e desenvolveram o conceito de helicóptero de assalto capaz de levar tropas e os apoiar depois do assalto com armamento pesado. Os estudos americanos sobre o uso de helicópteros no Vietnã influenciou os Soviéticos junto com as experiências do IL-2 Sturmovick na Segunda Guerra Mundial. Resultou em um helicóptero pesadamente armado e blindado, usado como plataforma móvel capaz de atacar alvos em terra e blindados, sem limitação de terreno e barreiras como campos minados. O resultado foi um helicóptero bem maior que os similares ocidentais. Um dos grandes defeitos do Hind é o seu curto alcance carregado (180km). O Mi-24 da foto operando na Chechênia está armado apenas com um canhão e leva tanque extra nos cabides. Os Mi-24 foram raramente usado como transporte de tropas, geralmente para infiltração e exfiltração de comandos como Spetsnaz. A blindagem e assentos eram retirados para diminuir o peso. No calor do Afeganistão voavam com 2/3 combustível e só dois casulos foguetes, geralmente suficiente para a maioria das missões. Atuavam em par inicialmente com um ajudando o outro em caso de queda. Depois aumentou para 4 a 8. Usavam táticas como a "roda da morte" com as aeronaves circulando e atacando quando aponta para o alvo, e a "assembly line" voando em linha em direção paralela ao alvo e virando em direção ao alvo atacando todos ao mesmo tempo. Depois separam cada um em uma direção como nas acrobacias. Outra tática é par voando baixo em zig-zag e outro alto dando cobertura e alerta. As aeronaves eram separadas mais de 1000m um do outro para evitar que a mesma artilharia antiaérea atingisse os dois e permite evadir ou o outro atacar.


Um AH-64 transformado em aeronave composta. Um helicóptero de ataque dedicado seria bem vindo, mas o preço muito caro e a limitação de recurso força o EB a empregar aeronave polivalente para escolta e ataque.

Cenários 

Os cenários em que uma aeronave composta pode atuar vão deste conflitos de baixa intensidade até alta intensidade. No pior caso, uma aeronave composta poderia ser usada em combate de resistência contra uma potência estrangeira, com a frota da FAB, MB e EB usando a capacidade de penetração e dispersão para apoiar operações na retaguarda inimiga. As aeronaves deverão estar equipadas com sistemas sofisticados de alerta radar e autodefesa.

Outra forma de cenário de alta intensidade é atuar em uma coalizão contra uma grande ameaça. As missões de paz a princípio não precisam de equipamento sofisticado, mas algumas operações mostraram que até aeronave de carga precisam de sistemas defensivos sofisticados que antes só estavam disponíveis para aeronaves de combate. O motivo é operar bem próximo a área de conflito e não em área de retaguarda.

Os locais de operação podem ser desde o território nacional até deslocamento para o exterior. O alcance seria importante para deslocamento dentro do território. A capacidade de reabastecimento em vôo poderia ser usada para deslocar para o exterior sem necessitar de uma grande aeronave de transporte.

O desempenho de uma aeronave composta lembra os requisitos do V-22 Osprey, JVX na época, para o USMC que queria uma aeronave de transporte rápido entre os navios e a cabeça de praia a longa distância. Caças fariam MiG-CAP e as defesas em terras seriam esparsas em cenários do Terceiro Mundo que seriam cobertos pelos USMC na época da Guerra Fria. O requerimento de desempenho e carga/distância eram os mais importantes e seria apoiado pelo helicóptero CH-53E e pelo hovercraft LCAC.

Na mesma época, o US Army pensava em um cenário de alta intensidade na Europa com concentração de força contra uma invasão blindada dos soviéticos. O US Army usaria helicópteros Apache e Cobra armados com mísseis e aeronaves A-10 da USAF para caçar os blindados. Helicópteros de reconhecimento detectariam os alvos para os helicópteros de ataque. O US Army queria uma aeronave para apoiar as zonas de reabastecimento das aeronaves próximas a linha de frente. Estavam mais interessados no helicóptero pesado ACR para substituir o CH-47 capaz de levar grandes cargas. O LXH seria a nova aeronave de reconhecimento. O programa JVX tinha carga bem inferior ao ACR que seria próximo a do C-130. Operando próximo a linha de frente era melhor uma aeronave lenta para tentar fugir aos radares dos caças com vôo lento e bem baixo. A velocidade não era necessária neste cenário.

Nossa realidade estratégica está mais para os cenários do Terceiro Mundo do JVX que o de uma invasão por superpotência na Europa, com as forças tendo de cobrir um cenário local de dimensão continental.

Sensores e Armas

As armas de uma aeronave composta são praticamente as mesmas que podem ser usadas por um helicóptero ou aeronave de ataque leve, mais a vantagem de poder lançar bombas como uma aeronave convencional.

Durante o conflito do Vietnã, os UH-1 testaram vários tipos de armas como metralhadoras em casulos, laterais e em torretas no nariz, canhões em casulo ou tiro lateral, lança-granadas e casulos de foguetes. As metralhadoras Minigun de tiro frontal com foguetes de 70mm foi a que teve mais sucesso junto com metralhadora de tiro lateral e são usadas até hoje. As Minigun 7,62mm de tiro lateral eram consideradas bem potentes.

O míssil AGM-22B (Nord SS-11) com 3km de alcance também foi testado e entrou em serviço em 1965 sendo usado por pouco tempo. Outro míssil usado no Vietnã pelos UH-1B foi o TOW que destruiu 26 blindados vietnamitas na invasão da primavera de 1972.

Uma aeronave composta pode ter 2-3 cabides em cada asa e metralhadoras laterais calibre 7,62mm ou 12,7mm. Os cabides podem levar casulos com metralhadoras/canhões, bombas, foguetes ou mísseis. Os AH-1J Cobra do USMC receberam bombas MK115 bombas, bombas explosivo ar CBU-55 e mísseis Hellfire. O Sidewinder foi instalado para contrapor a ameaça de helicópteros russos. O modelo AH-1W usa mísseis Maverick, Sidearm antiradar, foguetes pesados Zuni, bombas Mk-81 e Mk-82. Os Mi-24 russos também estão equipados para disparar bombas convencionais e em cacho com espoleta de tempo (32 segundos). A velocidade de uma aeronave composta melhora a capacidade para disparar armas balísticas. As táticas do US Army é usar táticas de pairar a baixa altitude e engajar e funciona com mísseis Hellfire e TOW. Os OV-10 no Vietnã podiam acertar uma cratera de bombas com foguetes quando disparados em mergulho. Os Cobras atiravam quase nivelados e lentamente e tinham péssima pontaria. Os russos também disparam mergulhando e consideram os foguetes precisos até a longa distância.

Uma aeronave composta tem grande versatilidade para missões de ataque com a capacidade de atacar nivelado de grande altura, em mergulho, pairado ou circulando o alvo com tiro lateral. O perfil dependeria do cenário e do alvo. Uma versão de patrulha marítima em cenários de baixa intensidade só precisaria de uma metralhadora 12,7mm de tiro lateral para atacar alvos no mar a 1.800 metros, bem longe de armas leves embarcadas, sem sobrevoar o alvo. Outra vantagem em relação as aeronaves convencionais é a opção de operar em base avançada sem precisar de uma pista normal.

Um Bandeirante só tem a capacidade de evitamento e fuga em caso de combate. No caso de uma aeronave composta poderá revidar sem ter a frustração de servir de alvo. Se tomar a iniciativa do ataque se expõe mais.

A capacidade ar-ar na forma de mísseis, metralhadoras e canhões deve ser considerada pois é bem provável que em cenários futuros haja encontro com helicópteros inimigos e podem estar armados. A capacidade ar-ar também inclui treinamento. Os UH-1 já treinam "mata pato" contra alvos aéreos rebocados.

Testes do US Army mostraram que a agilidade a baixa altitude era mais importante no combate helicóptero versus helicóptero. Quem vira mais rápido tem mais chances de conseguir uma vitória. Os Mi-24 foram armados com mísseis R-60 (AA-8 Aphid) apontados pela mira do piloto. Quando testado contra helicóptero com supressor IR o alcance era de apenas 600m e menor ainda contra aeronaves a pistão. Em grandes temperaturas era mais problemático ainda. O Mi-24 acabou não recebendo mísseis ar-ar.

No conflito Irã x Iraque foram 118 engajamento aeronave versus helicóptero e 56 engajamento helicópteros versus helicópteros incluindo 10 engajamentos de Mi-24 versus AH-1J SeaCobra. Os AH-1 usavam mísseis TOW a longa distância se conseguisse atacar primeiro. Se errasse tinha que fugir rápido pois era mais lento, indo atrás de cobertura antiaérea ou chamava caças.  Já o Hind subia e mergulhava tentando pegar por trás. Os Cobra conseguiram as primeiras vitórias com os TOW, mas no geral foram 10 x 6 de vantagem para os Mi-24.

Uma vantagem das aeronaves composta sobre os helicópteros é a persistência combate devido a maior autonomia e carga de armas. Os A-1 Skyriders eram apreciados no Vietnã devido a estas características.


Metralhadoras e foguetes são as armas normais dos helicópteros artilhados, mas bombas também podem ser adicionadas como esta MK-81 de um helicóptero de El Salvador. Sem experiência com o uso de helicópteros, o US Army teve que aprender na prática. As táticas do Vietnã iniciou com a formação de equipes de caçadores-matadores (hunter-killers) e helicópteros de transporte de tropas. A equipe detectava e cercava as tropas inimigas e também faziam alerta para resgate. O OH-6A Loach voa baixo e lento (cerca de 100km/h) em local suspeito. O tripulante traseiro usava uma metralhadora M-60 e tinha uma granada de fumaça na mão. Se o helicóptero fosse atacado, o piloto virava a cauda para a ameaça e fugia. A granada de fumaça era lançada para marcar o local para ser atacado pelos UH-1C armados ou AH-1G Cobra que sabia que a direção contraria da fuga do OH-6 era a direção do fogo inimigo. Os helicópteros só reagiam a ameaças de armas leves. Se o inimigo usava armas pesadas a equipe chamava apoio de aviação. O OH-6 preferia atacar com a metralhadora lateral de longa distância e evitava sobrevoar o local. O AH-1 era bem mais rápido e difícil de detectar e mergulhava para atacar passando sobre o alvo como as aeronaves de asa fixa. Os pilotos de UH-1 armados que passaram a pilotar o AH-1G Cobra relataram a falta dos olhos dos artilheiros laterais e que era difícil ouvir som de disparos do solo com a cabina fechada. Os artilheiros laterais cobriam os lados e a parte de baixo da aeronave com fogo de metralhadora, além da cobertura visual.


O UH-1 artilhado é usado até hoje nos EUA. O UH-1N entrou em serviço em 1979 no USMC. A versão modernizada UH-1Y terá raio de ação de 200km para inserção de 8 tropas com 30 minutos no local. Estão equipados com o FLIR AN/AAQ-22 SAFIRE. O Safire foi escolhido para equipar o A-29 com 15 adquiridos em 1999 por US$ 7 milhões. O UH-1N é usado para EVAM, utilitário, ataque artilhado e observação. Durante os desembarques anfíbios é usado para comando e controle aéreo das embarcações de desembarque. Com o equipamento de navegação avançada pode saber se estão no local certo. O UH-1N também pode servir como posto de comando aéreo com uma estação com vários rádios.

A história dos helicópteros armados data da Segunda Guerra Mundial com o Focke-Achgelis Fa223 armado com metralhadora MG15 de 7,7mm e de teste da Sikorsky com o R-4 armado com bombas de profundidade em 1940. Os EUA chegaram a pensar em usar como destruidor de blindados. O crédito foi para os franceses uma década depois na Argélia.

Os primeiros helicópteros de resgate eram armados pois era esperado encontro com resistência e as armas seriam usadas para auto-defesa. O R-4 foi usado com sucesso em Burma pelos EUA nesta missão. Durante a Guerra da Coréia, o US Army passou a considerar helicópteros armados para operações ofensivas. Em 1954, baseado na experiência da Coréia, O US Army iniciou estudos sobre a utilização de helicópteros armados para escolta de transporte  e que também deveriam penetrar no território inimigo ou para resgate. O Bell H-13 foi o primeiro a testar armas seguido do Sikorski H-34 e Piaseki H-21 armados com canhões e foguetes. O protótipo do UH-1 foi testado com lança-granadas, metralhadoras e foguetes e mostrou ter desempenho bem superior.

Os helicópteros armados mostraram ter desempenho bem pior que as aeronaves de asa fixa, mas foram julgados necessários para apoiar tropas aerotransportadas. Os testes não eram oficiais e quando se tornaram oficiais a USAF reclamou que iriam cumprir missão de apoio aéreo. O US Army afirmou que era para auto-defesa, mas chegou a testar mísseis SS-11 no CH-34 Choctaw e depois no UH-1B em 1961.

No inicio do conflito do Vietnã, os helicópteros eram escoltados por T-28 Trojan e B-26 Invaders que não podiam atacar alvos muito próximos as tropas como os helicópteros. Os foguetes e metralhadoras disparados pelo piloto foram completadas por metralhadoras laterais. O resultado foi o aumento do peso junto com a blindagem adicional. Resultou no aumento da potência com a introdução do UH-1C. A US Navy e a USAF passaram a armar seus helicópteros para ataque ou auto-defesa. Os estudos das experiências no Vietnã mostrou que UH-1 era lento (120km/h em cruzeiro), pouco potente, de curto alcance e leve para ser um bom helicóptero artilhado. Não tinha velocidade para escoltar os CH-47 bem mais rápidos e não pode servir como helicóptero artilhado e transporte ao mesmo tempo. Em 1964 havia 200 UH-1 no Vietnã. Nos últimos anos eram 2.500. Ao invés de ir a pé a infantaria voava pelo país. Tomavam o terreno em busca de guerrilheiros e voltavam para a base. Logo os Viencongs tomavam novamente o terreno. As perdas também mostraram ser menores que o esperado. O número total de perdas foi alto, 2.281 helicópteros perdidos sendo cerca da metade em acidentes, mas em número de horas de vôo foi um para 6.629 horas.

A capacidade defensiva de uma aeronave composta já pode ser considerada superior devido ao alcance e velocidade pelos mesmos motivos já descritos para as aeronaves tiltrotor, considerando que a aeronave composta é cerca de 15-20% mais lenta.

No caso do substituto do Bandeirante, é bom considerar que pode ser uma aeronave militarizada enquanto o Bandeirante (e o Super Puma) são aeronave civis adaptadas para uso militar. Os conceito de blindagem, rusticidade, redundância e controle assinatura são superiores.

Nem todas as aeronaves precisam de equipamentos defensivos sofisticados e nem há recursos para isso. Sistemas defensivos como MAWS, RWR, chaff e flare podem ser obrigatório em esquadrões que vão operar em cenários de alta intensidade como salvamento de combate e operações especiais.

Em um conflito convencional só as aeronaves ataque estão em risco. Os helicópteros e aeronaves de transporte atuam com relativa segurança na retaguarda. Apenas os helicópteros de operações especiais e CSAR atuam em território inimigo.

Nos cenários de baixa intensidade e missões de paz a realidade é diferente. O risco de emboscada e ataque surpresa é uma constante. Até os helicópteros de ataque estão pouco protegidos para estes cenários. Nas emboscadas o inimigo atira e fogem não dando chance de contra-ataque.

Não só sistemas defensivos são usados para aumentar a capacidade de sobrevivência. Os UH-1 americanos no Vietnã receberam sistemas de proteção térmica para se protegerem dos SA-7 que apareceram no fim do conflito, mas melhor defesa era voar abaixo de 15 metros. Durante os pousos de assalto e resgate, eram injetados produtos no exaustor que criavam uma cortina de fumaça.

Os helicópteros são sensíveis ao peso e a blindagem é limitada a pilotos e partes vitais. O uso de blindagem em maior quantidade leva ao uso de aeronaves maiores e potentes. Os sistemas defensivos acabam focando nos mísseis antiaéreos portáteis (MANPADS).

No Iraque o SA-7 e os RPG são a grande ameaça. A guerrilha local sabe que a melhor posição para disparo é a 100m a frente de um helicóptero vindo em sua direção, mas tentam disparos contra alvo a 700-800 em tiro cruzado. Os chechenos usaram contra russo e inclui disparo a partir de túneis com túnel adicional para absorver o jato traseiro. Os americanos observaram que estão usando espoleta de autodestruição mais curta para explodir mais perto dos helicópteros.

No Iraque os helicópteros ficam separados em pelo menos 500 metros para ter campo de tiro para atacar tropas com RPG se identificados. Os Apache passaram a disparar mísseis Hellfire em movimento e não mais em vôo pairado. Nas operações de assalto aéreo partiram para táticas de criar um "anel de aço" na zona de pouso. A barragem de artilharia dura cerca de 4 minutos e cobre um circulo de 2km de diâmetro. Depois os Apaches cobrem um perímetro de 8km adicional com apoio aéreo adicional de aeronaves. Esta tática foi iniciada durante a invasão do Iraque apo a emboscada em Karbala onde 32 Apaches foram atingidos .


Um helicóptero de ataque que voa mais rápido é mais seguro como mostrado recentemente no Iraque. Os AH-64 Apache do US Army operavam baixo e voavam lentamente. Os AH-1 Cobra do USMC voavam rápido (manoeuvring attacks ou running attacks ou diving fire) ao invés de ataque pairado e sofreram menos perdas (foto). A história do Cobra começou em 1958 quando a Bell projetou e testou o modelo D245 Combat Reconassainse Helicopter que foi escolhido como helicóptero de ataque provisório antes do programa AAFSS (AH-56) ficar pronto. A experiência no Vietnã resultou no uso de tanques auto-selantes, blindagem no compressor, sistema de combustível e sistema hidráulico e proteção para os tripulantes. O Cobra era bem mais ágil e tinha maior angulo de mergulho e velocidade que o UH-1C armado. Era usado para escolta armada, reconhecimento armado e apoio aéreo aproximado. Em algumas ocasiões o Cobra chegou a levar aviadores derrubados no paiol de munição do canhão. Mesmo com as melhoras ainda era considerado pouco potente e opera com carga de armas limitadas em tempo quente.


Um SH-3 da MB armado com um míssil AM-39 Exocet. Nossos Sea King não tem equipamentos defensivos, mas isto pode se tornar necessário em tempo de Guerra. Os SH-3 canadenses usados na operação Friction (nome da operação Tempestade do Deserto canadense) receberam chaff, flare, contramedidas IR (IRCM), alerta laser (LWR), alerta radar (RWR) e metralhadora lateral para operar Golfo Pérsico. Nas missões ASW a aeronave precisa pairar por cerca de 6 minutos durante as dipagem do sonar.


O Sea King já foi testado como aeronave composta com dois turbojato J60P-2 com 1300kg de empuxo cada, rotor de torque reduzido, asas com 9,75m de largura, cauda com área aumenta e leme chamado NH-3A. Vou em maio de 1965 e atingiu 390km/h. Destacamentos de SH-3 eram deslocados em contratorpedeiros em posição avançada e usados para CSAR no Vietnã. Com a tecnologia composta isto não seria necessário.

Os sensores de uma aeronave composta são os mesmos que podem ser usados em um helicóptero e dependem da missão. Casulos de radar, FLIR, reconhecimento e guerra eletrônico encolhidos de acordo com a missão. Um radar pode ser padronizado como o SCP-01 do A-1M ou o Grifo F do F-5EM/FM e instalados em casulo nas asas para missões de patrulha marítima, ataque e operações especiais/CSAR. Modos de acompanhamento do terreno é desejável. O FLIR pode ser desde um modelo sofisticado e caro como um casulo Litening ou uma torreta FLIR mais barata como o Star Safire já em uso nos A-29B. Junto com o NVG, o FLIR permite operar a noite e mal tempo, aumentando a capacidade de detecção e de sobrevivência. Um HUD e HMD seriam necessários para as missões de ataque, para apontar armas e sensores, e usar modos de ataque como CCIP e CCLP.

A AVEX tem dois Fennec equipados com FLIR Star Safire capaz de gravar imagens ou transmitir para uma estação terrestre em tempo real. É considerado caro e o seu emprego é restrito e poucas aeronaves devem ser equipadas com o mesmo. O sistema é chamado de Olho da Água, mas foi apelidado de "ovo da águia" porque sempre tem alguma coisinha quebrada nele.

Em 2004, após o aumento da resistência no Iraque, o USMC substitiu o UH-1N pelo AV-8B equipado com o casulo Litening II AT nas missões de escolta de comboio terrestre. Além de levar armamento superior, com o Litening o Harrier mostrou ser capaz de identificar explosivos no caminho (IED - Improvised Explosive Devices) e podia transmitir as imagens para uma estação em terra. Cerca de 65% dos IED são identificados antes de detonarem. Também passaram a auxiliar incursões de forças especiais.

Os UH-1 no Vietnã só voavam a noite em boas condições de tempo e em terreno plano. Para atacar a noite iniciou com uso de flare. O projeto IFANT usou câmeras sensíveis a pouca luz (LLLTV) que mostravam imagem no painel. Deixou-se de usar luzes no painéis e munição traçantes. Os UH-1 também testaram alguns modelos de FLIR. Os sensores eram acoplados as armas. Agora já ficou mais fácil com o uso de óculos de visão noturna.


Custos

Os custos com o uso de aeronaves compostas devem aumentar por substituir aeronaves bem simples como o Bandeirante, mas o custo-benefício, bem mais difícil de calcular, deve compensar no fim das contas. O custo da hora de vôo do UH-60 Blackhawk é de cerca de US$ 2.800 e bem maior que a de uma aeronave bimotora do porte do Bandeirante.

Entre as medidas para economizar é poder desligar um motor durante o vôo. Isto não é viável em aeronave bimotora devido ao efeito ao torque assimétrico, mas possível em um helicóptero que tem uma transmissão única para os motores.

Em um helicóptero convencional os motores atuam em alta potencia para manter as hélices girando em alta velocidade o que não é necessário em uma aeronave composta. O resultado final pode ser a diminuição dos custos de manutenção dos motores e economia de combustível. Isto já é feito no helicóptero Merlin (trimotor) voando alto em cruzeiro e no P-3 Orion que desliga dois dos motores em patrulha.

Uma parte dos custos está relacionado com o treinamento que é a missão mais voadas em tempo de paz. Um piloto de uma aeronave multifuncional precisa de mais horas de vôo que um piloto especializado. Isto forçaria os esquadrões a terem algum tipo de especialização pelo menos a nível de tripulação. Os esquadrões poderiam ter função primária (CSAR, ataque, patrulha etc) e funções secundárias em todos (transporte e SAR). Por outro lado, um menor número de modelos de aeronaves significa menos tempo para fazer a conversão dos pilotos. O número de pilotos qualificados como piloto de combate de helicóptero seriam muito alto e daria novos atrativos além da aviação de caça. O treinamento para operações ar-ar também resultaria em uma melhor capacidade de se defender de ameaças aéreas.


BV347
O CH-47 Chinook teve uma versão de testes com asas (BV-347) e outra artilhada (ACH-47). O Grupo de Combate é unidade considerada para operações aeromóveis e o Chinook deveria apoiá-los. No Vietnã, apenas o UH-1 apoiava as tropas em missões de assalto aéreo e o Chinook era usado para transportar cargas pesadas como apoiar posições de artilharia, lançar pára-quedistas, apoio de engenharia e infiltração. O transporte de tropas é arriscado pois se a aeronave cai as perdas serão muitas de uma vez só. Em 1964, o US Army estudou o uso do CH-47 artilhado para substituir o UH-1. A US Navy se opôs pois iria competir com aeronaves de asa fixa. O ACH-47 artilhado tinha oito tripulantes sendo que cinco operavam as metralhadoras laterais e traseira. Tinha blindagem pesada e estava armado com cabides laterais com dois canhões de 20mm e foguetes e um lança-granadas no nariz. Era uma aeronave potente e com boa autonomia. Depois de muitos acidentes foi cancelado. O MH-47 é uma versão das forças especiais usada para penetração em profundidade e qualquer tempo. Uma versão composta do CH-47 concorreria em capacidade com o C-295 recém adquiridos pela FAB para substituir os Buffalos. O CH-47 foi estudado para o programa CHX da FAB.  O CASA C-295 foi escolhido para substituir o Buffalo da FAB mais devido ao preço. Enquanto o Casa custava US$ 22,5 milhões, o do C-27J ficava em US$ 40 milhões. O russo An-32 custava apenas US$ 15 milhões mas não foi selecionado. Os russos tentaram oferecer o An-74 na última hora por US$ 25 milhões.

Atualizado em 28 de julho de 2006


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