Guerra da Fronteira no Sul da África

Recentemente, tivemos uma Copa do Mundo na África do Sul. O que muitos desconhecem é que o país esteve em guerra com seu vizinho do norte por 23 anos durante a Guerra Fria, entre 1966 a 1989. A fase final do conflito já tinha virado uma campanha convencional onde a Força Aérea Sul Africana teve que combater um inimigo mais numeroso e bem equipado, ao mesmo tempo em que sofria um embargo que já durava duas décadas. Mesmo assim, os sul-africanos conseguiram se impor graças a competência de seus pilotos que puderam tirar o máximo proveito das aeronaves disponíveis.

A raiz do conflito entre a África do Sul e Angola é a teoria do chokepoint. O fluxo mundial de comércio naval passa por vários chokepoint. O canal de Suez e o canal do Panamá são dois bem conhecidos e por isso são locais cheios de conflitos. Pelo estreito de Hormuz no Golfo Pérsico passa boa parte do petróleo mundial. O estreito de Sumatra entre a Malásia e a Indonésia esteve em confronto na década de 1960 pelo mesmo motivo. A África do Sul é outro chokepoint pois os superpetroleiros não podem passar pelo canal de Suez, então quem controlar o local controla o trafego no sul da África.

O Comunismo nos países vizinhos já tinha até tomado o lugar do colonialismo na África e estava se espalhando. A URSS era obsessiva com a teoria do chokepoint . Em 1961, a URSS apoiou os Egípcios. Após perderem o apoio egípcio foram para a Eritréia e Etiópia no sul do Mar Vermelho. Depois de controlarem o estreito de Madagascar, Angola seria a base para o controle do Atlântico Sul do lado da África. O controle da Tunísia, Argélia e Líbia apoiaria ações no sul do Mar Mediterrâneo.


Áreas de operação das aeronaves de reconhecimento naval soviéticas em 1965 e em 1986. Os pontos escuros são bases as bases de operação no exterior. As ações em Angola tinham como objetivo parar esta expansão.

A África do Sul também tem minerais estratégicos para produtos de alta tecnologia e motores de aeronaves que só estão disponíveis na Rússia. O controle desses minerais seria uma grande vantagem contra os EUA e o resultado foi a África do Sul se tornando um bom alvo para o expansionismo da URSS. Angola e Moçambique já estavam sob controle comunista e o próximo passo seria a África do Sul. A Namíbia e a Rodésia eram uma proteção até chegarem ao país. Os russos não escondiam que queriam dominar o mundo e apoiavam os movimentos separatistas em todos os continentes.

A Namíbia, na época chamada de South West África (SWA), era uma colônia da Alemanha que foi passada para a África do Sul. O terreno da Namíbia variava de deserto montanhoso a oeste, uma região central plana e a caatinga pouco densa no leste. O Owamboland no centro era um planalto de 500 por 500 km, difícil de navegar pelo ar, com terreno de areia de praia sem pedras, difícil de caminhar e fácil de atolar na areia.

A temperatura no local podia variar de 0 graus centigrados a noite a 40 graus no meio do dia. O calor podia causar insolação e desidratação que podia ser adicionado as moscas atacando as tropas e a poeira entrando nos equipamentos e comida.

A SWAPO (South West Africa People Organization) foi criada em 1960 para levar a independência da SWA. Iniciou sua campanha por meios políticos e logo passaram para as ações militares. Em 1962, criou o PLA (Peaple Liberation Army) que virou seu braço armado. Eram apoiadas por Angola onde ficava suas bases. Eram treinadas por tropas do bloco comunista da Europa Oriental e armados pelos russos e chineses.

A guerrilha da SWAPO iniciou em 1965 com um ataque terrorista em Rundu. Os ataques eram assassinatos e espancamento de civis com pouco resultado, mas virou a guerra da fronteira que durou até 1988. Em 1966, ocorreu o primeiro contato entre militares com insurgentes da SWAPO. Depois o conflito iniciou uma escalada. Os terroristas evitavam contato por serem mais fracos e preferiam plantar minas, sabotar postes telefônicos, intimidar a população com espancamentos, assassinatos, e seqüestrar crianças para seu exército. Os terroristas atacavam mais na época das chuvas, quando havia muita água e vegetação para se esconderam. Durante a seca, se refugiavam nas suas bases em Angola para descansar, treinar e remuniciar. Então o conflito se tornou cíclico. Em 1982, os russos, alemães e cubanos iniciaram o treinamento de unidades especiais da SWAPO chamada Volcano para criar uma "erupção" de violência na África do Sul. Na prática não tiveram muito resultado comparado com as outras unidades.

A principal arma ofensiva da SWAPO era a guerra de minas por poderem ser plantadas sem riscos. Eram detonadas quando os guerrilheiros já estavam bem longe, evitando contato com as forças de segurança. A África do Sul reagiu com blindados projetados especialmente para suportar as explosões das minas. Funcionava bem se os ocupantes estivessem bem amarrados. A reação foi empilhar duas ou três minas, mas mesmo assim os veículos conseguiam proteger os ocupantes. A mesma tecnologia está em uso atualmente no Iraque e Afeganistão.  

Na década de 1970, Angola se tornou ingovernável. Em novembro de 1975, os portugueses se retiraram do país deixando o país no caos sem ter meios para se administrar. Portugal combatia a insurgência em Moçambique, Guiné-Bissau e Angola e estava custando muito caro. As superpotências logo tomaram a frente e virou uma luta de tribos rivais, como é freqüente na África.

Portugal se retirou do país sem conseguir unir as três facções locais. A MPLA (Movimento Popular para Libertação de Angola) em Luanda tinha apoio comunista e a FNLA (Frente Nacional para Libertação de Angola) ao norte e a UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola) ao sul se opunham. Portugal passou o poder para o MPLA que não aceitou realizar eleições diretas. A China apoiava a FNLA e a UNITA. A MPLA apoiava a SWAPO. Cuba logo enviou tropas para apoiar a MPLA, seguida de consultores russos. Fidel Castro queria mostrar sua força agindo na região. Devido ao fim da guerra do Vietnã, os EUA já tinham decidido que não entrariam em guerras na África, enquanto os russos estavam se atolando no Afeganistão.

A CIA entrou para ajudar apoiando com mercenários e pediram ajuda para a África do Sul intervir e queriam até uma invasão até Luanda. A hidroelétrica no rio Cunene, próximo a fronteira Angola, foi o pretexto para a invasão de 1975. A Força Aérea Sul-Africana (SAAF) já atuava na Rodésia ativamente.

Em 1974, a MPLA criou a Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA) que em dois anos passou de uma força de guerrilha para uma força convencional. Em 1975, a UNITA declarou guerra formal a MPLA/FAPLA. Então foi iniciada uma guerra civil em Angola que duraria 30 anos, com a Guerra Fria alimentando o conflito.

A África do Sul passou a agir em Angola já em 1966 quando a SWAPO começou a atacar a SWA. A África do Sul queria evitar a presença de países comunistas na sua fronteira e já tinha apoiado a Rodésia e Moçambique. Então naturalmente ajudaria a UNITA contra a MPLA. A partir 1974, foram enviados 13 batalhões para proteger a fronteira. A partir de 1978, atacaram Angola atrás da SWAPO com ataques preventivos contra centros treinamento e bases logísticas.

Devido a guerra civil em Angola, já começaram a prever uma luta convencional contra tropas cubanas bem armadas pelos russos. Mao Tse Tung ditava que a revolução comunista deveria seguir quatro passos, passando pela organização, terrorismo, guerrilha e guerra convencional. Os sul-africanos não esperaram. Em 1974, a SADF (South Africa Defence Force), Forças de Defesas da África do Sul, passou a ter função anti-guerrilha com uma postura defensiva para não escalar o conflito. A SWAPO entendeu como fraqueza e aumento os ataques até o centro da SWA. A SWAPO passou a atacar a liderança anti-SWAPO, o que elevou a uma postura mais ofensiva pois a SADF passaria a caçar a SWAPO em Angola.

No lado comunista, em 1975 foi observado que só apoiar a FNLA, armando e treinando, era insuficiente. Pelo menos apoio de Comando & Controle e apoio logístico seria necessário. Então iniciariam apoiando o planejamento e controlando as operações. Angola passou a receber grande quantidade de armas russas. A ajuda militar russa para Angola chegou a US$ 4 bilhões entre 1977 a 1987. Só em 1987 foram US$ 1 bilhão de ajuda em armas. Entre as armas enviadas estavam 550 carros de combate e 55 caças MiG-23. O General Konstantin Shaganovitch dirigia todas as forças de Angola, inclusive a FAPLA, a partir de 1985. Cuba também deslocou tropas para o local. Cuba já tinha enviado tropas para 19 países do Terceiro Mundo tentando agir como liderança do Terceiro Mundo, propagar a ideologia comunista, ganhar experiência militar e pagar os russos pelo auxilio a sua economia. Cerca de 250 consultores cubanos chegaram em Angola em 1975. Até 1987, mais de 37 mil cubanos estavam em Angola e em 1988 chegou a 50 mil.

Em 1977, a África do Sul mudou sua estratégia de defensiva para ofensiva, tentando caçar a SWAPO em Angola, levando a mais um passo na escalada da guerra. Já tinham percebido que não era possível proteger toda a fronteira contra a infiltração da SWAPO e as tropas eram insuficientes. Fariam ataques preventivos contra as bases da SWAPO sendo mais custo-efetivo. A SAAF daria cobertura aérea. A intensidade aumento em 1981 durante a operação Protea. A SWAPO foi varria como ameaça séria entre 1983 a 1984.

Os Russos estavam tendo dificuldade no Afeganistão e só podiam ajudar apoiando os Cubanos. Após as baixas contra a primeira incursão da SADF, as opções dos cubanos eram se retirar ou reforçar maciçamente suas tropas. Fidel Castro decidiu pela intervenção militar em grande escala tentando mudar uma derrota potencial para uma vitória total, enviando 30 mil tropas em 1975, incluindo os novos lança-foguetes BM-21 para a defesa de Luanda e um Batalhão de Forças Especiais. A guerra terminou com uma campanha convencional em Cuito-Cuanavale e no Rio longa, no sudoeste de Angola em 1988. Com derrota em 1988, e devido as grandes perdas, o conflito foi levado para o campo político e terminou no mesmo ano.

Guerra Anti-Guerrilha

O fundamento da guerra de guerrilha é estabelecer bases no país a ser atacado e depois expandir a campanha a partir dessas bases. Então os sul-africanos mantinham a SWAPO em movimento até mesmo no norte de Angola.
Tinham que incomodar a SWAPO o máximo possível, dando poucas opções de vitórias para o inimigo. Como estavam sendo caçados, não podiam ter iniciativa. Entre 1981 a 1983, foram cerca de 3.500 terroristas mortos contra 230 baixas amigas.

A principal área de operação era no setor 10 de Owamboland, onde ocorria 90% da ação, ou ao norte da fronteira. Neste estágio, os guerrilheiros podiam ser detectados em três dias operando após atravessar a fronteira. As informações de moradores locais eram uma ótima fonte de inteligência. Depois os terroristas eram perseguidos pelas unidades da polícia Koevoet e pelas unidades Romeo Mike.

As Forças de Defesas da África do Sul (SADF - Shout Africa Defence Force) usaram a tradição britânica de criar batalhões étnicos e funcionou. O primeiro foi o Batalhão Owambo, com oficiais e sargentos sul-africanos. Os Owambos mostraram serem excelentes soldados, tendo habilidades que os soldados da SADF não tinham. Conheciam bem o local, falavam a linguagem local e conheciam os hábitos do inimigo. Eram leais e orgulhosos da unidade, defender seu povo e o território. Virou uma unidade efetiva apesar das dificuldades iniciais. Foi o começo da história do Batalhão 32 (Buffalo), baseado em Bagani, sendo o Batalhão mais ativo na guerra.

Junto com o Batalhão 32, a SAAF criou as operações Butterfly, pegando as tropas da SWAPO nas suas bases, com a inserção de tropas com helicópteros Puma. As operações Butterfly era uma tática de busca e destruição criado na Rodésia. Uma Companhia protegia a base avançada, outra ficava em alerta e uma terceira, chamada Fireforce, estava em operação com os Pumas e Alouette. Depois de identificados os locais para atacar com fogo especulativo, os helicópteros levam a Fireforce até a área do alvo fazendo busca de terroristas pelo ar. Se os terroristas fossem detectados, os helicópteros Alouettes gunships davam cobertura e os Pumas desembarcavam as tropas. Os Puma ser retiravam para pegar mais tropas, ou faziam evacuação médica, e depois voltavam para atacar outro alvo. As primeiras ações logo tiveram muito sucesso.

As ofensivas Fireforce, baseada no conceito Fireforce usado pela Rodésia, eram operações aeromóveis que usava helicópteros Alouette gunship, artilharia, Comando & Controle no ar, aeronaves Bosbok de reconhecimento visual e retransmissão de comunicações, helicópteros Puma para assalto aeromóvel e inserção de grupos de bloqueio. As tropas geralmente eram os pára-quedistas Parabats.

Uma companhia de Parabats sempre estava posicionada na base aérea de Ondangwa como força de reação para o caso de contados das patrulhas dos quatro Batalhões que operavam no local. As equipes Fireforce reforçavam as patrulhas ou seguiam os insurgentes se quebrassem contato. O grupo era o Hawk Group (Valkgroep) em alerta com 22 tropas. Voavam em dois Pumas e eram acompanhados por pelo menos dois Alouette III, sendo um gunship armado com um canhão de 20mm e outro "Command Ship" com duas metralhadores 7,62mm e um comandante de Companhia ou o segundo em comando para coordenar as operações do ar com rádios. Podiam posicionar grupos de 5 ou 20 tropas até cercar e derrotar os insurgentes. Varias equipes Hawk ficam em vários níveis de alerta e a próximo automaticamente entra em alerta máxima se a anterior for acionada. No final do conflito, um segundo grupo Hawk podia ser lançado de pára-quedas com o DC-3. As forças também passaram a ser apoiados pelos jatos Impalas operando da base para apoio aéreo.

As forças da polícia Koevoete eram as melhores na caçada de insurgentes. Atuavam com o conceito de equipes Zulu (Zulu Team) usando a mobilidade, flexibilidade e ações ofensivas. A equipe era composta de quatro blindados Caspir, com um quinto blindado levando suprimentos para manter o pessoal por uma semana em patrulhas independentes na caatinga. Era comandado por um sargento e tinham uma área para operar. Usavam membros do povo Owambo para falar com a população e assim coletar a própria inteligência que também era passada para outras equipes Zulu. Os rastreadores da equipe detectavam trilhas suspeitas e podiam determinar o tamanho da equipe inimiga, a carga levada, velocidade e a idade das pegadas. Depois perseguiam seguindo a trilha, avançando em formação de caça ou "combat spread". O líder segue a trilha e o resto apóia. O rastreador vai na frente. Eram tão habilidosos que corriam na trilha. Cansavam e eram substituídos por outro para poder se aproximar rápido.

A idade da trilha era sempre reavaliada. A equipe Zulu mantinha a SAAF informada para pré-posicionar seus helicópteros Alouette se necessário. O tempo de resposta era de cerca de 20 minutos nas bases avançadas. Com o tempo de contato diminuindo as tripulações eram brifadas sobre a missão. O alerta passa até para a cabina. A 20 minutos do inimigo, as aeronaves são lançadas, significando que os caçadores estavam a 1 km da caça a pé. Quando encontrados, os insurgentes se separam em pequenos grupos em várias direções (tática bombshell) pois a equipe Zulu não podia seguir todos. Depois podem se separar mais ainda permitindo escapar, mas o poder de fogo diminuía muito. As equipes Zulu eram determinadas e raramente o esforço falhava. Koevoet significa alavanca, mas é entendido como acabar com a resistência.

Na caatinga, a visibilidade era pouca, mas a chegada dos Alouette favorecia as forças de segurança, permitindo que os blindados avançassem rápido com apoio mútuo e cercar os inimigos. No contato, o caos se instalava. Eram armas automáticas de um lado, com apoio dos canhões de 20 mm do Alouette, contra as AK-47 e RPG dos insurgentes. Os contatos duravam poucos minutos. O veiculo logístico vai atrás e a equipe de segurança pode criar um ponto de reabastecimento e rearmamento dos helicópteros que podem retornar para a batalha rapidamente sem ter que voltar para a base principal. Se o inimigo for numeroso ou muito bem armado, a equipe Zulu pode chamar apoio de outras equipes próximas. Até quatro equipes Zulus já operaram junta em combates contra a SWAPO.

Os terroristas capturados eram uma boa fonte de inteligência. As baixas também eram altas. Os insurgentes criavam emboscadas nos dois lados de trilhas e estradas e instalavam minas POMZ para causar baixas nos rastreadores. Os comandantes dos blindados Caspir podiam personalizar suas armas. Gostavam dos canhões de 20mm dos estoques da SAAF e das metralhadoras M2 de 12,7mm. Um comandante colocou caixas de som para ouvir durante a batalha.

A equipe Zulu era composta por 40 tropas. Eram comandados por sargentos por serem experiente, com mais de 10 anos de ações no local. Os jovens tenentes não tinham experiência, como chamar apoio aéreo rapidamente e alertando os insurgentes. Em agosto de 1983, as equipes Zulu passaram a operar mais a pé para evitar alertar a SWAPO com o barulho dos veículos.

Em 1983, informações de guerrilheiros capturados mostraram que foram instruídos a novas táticas de fuga para usaram quando perseguidos por tropas em terra apoiados por Alouette gunship. A tática era correr para trás a 45 graus da linha de avanço do Alouette, tentando evitar as forças em terra e ao mesmo tempo saindo do campo de busca do Alouette.

Outra força de reação rápida móvel do exército era a Romeo Mike (Reaksie Mag) do Batalhão 101, com quatro blindados Caspir e outro de reserva logístico. Também podem atuar independentemente, mas geralmente são mais efetivos em operações subseqüentes com outras equipes RM. O conceito foi copiado das unidades policiais Koevoet.


Imagem aérea de uma equipe Koevoet em operação na caatinga. Em uma operação normal, o helicóptero não estaria presente. As operações da Koevoete resultou na morte de 750 terroristas com apenas 22 tropas perdidas. A área de operação era muito grande, mas a SWAPO tinha locais preferidos de operação que podiam ser vigiados ou emboscados. As táticas foram aperfeiçoadas e as patrulhas começaram a operar mais a pé a partir de 1983, com os blindados mais a retaguarda. Operavam a pé para não fazer nenhum barulho para não alertar o inimigo pois a surpresa é um dos princípios fundamentais da guerra. Em uma guerra de atrito, se o inimigo fugisse seria uma vitória.


Os Recces eram as forças especiais da SADF usados para guerra não convencional. Eram treinados para realizar patrulhas de longo alcance e ação direta contra alvos estratégicos. Os sul africanos coletavam muita inteligência em escuta de rádio e os Recces iam checar. A infiltração podia ser de submarinos, navios e até a pé, andando 200km. A SADF tinha três unidades, o 1 Reconnaissance Regiment (1th Recce), o 4th Recce e o 5th Recce, cada um com uma área de operação diferente. O 1th Recce era mais naval atuando com a Marinha. O 5th Recce era citado como os mais temidos pelos inimigos. O ambiente da unidade era totalmente oposto ao Apartheid, com várias etnias e línguas ao mesmo tempo e sem preconceito. Os brancos tinham até dificuldade de infiltrar no meio onde só encontrariam negros e ficariam fáceis de serem identificados. Nos contatos, os guerrilheiros se concentravam o fogo nos membros brancos pois eram os líderes. Uma operação famosa dos 4th Recce foi em 5 de junho de 1986 quando atacaram o porto de Namibe. Vieram em botes pelo mar e depois foram mergulhando até a praia. Colocaram minas limpet em tres cargueiros e tanques de combustível no porto. Afundaram um cargueiro cubano, danificaram dois cargueiros soviéticos e destruíram dois tanques de combustível.


A operação Lunar consistia no uso de equipes aeromóveis levadas de helicópteros para dar "batidas" nos pequenos comércios próximo a cut-line para tentar detectar terroristas infiltrados na população. A operação cuca, nome dos bares locais, era o equivalente realizado por terra com apoio no ar de forças de reação rápida dos Parabats. As operações bakkie eram batidas contra pickups com o mesmo nome que eram usadas pelos terroristas.

No meio de 1983, a guerra passou de ações anti-guerrilha para uma guerra semi-convencional, após a SWAPO passar a atacar a região do Kavango e Owamboland, dobrando o tamanho da fronteira a ser defendida. Com uma fronteira grande, a ação era reativa, com as forças usando a mobilidade de veículos e helicópteros. Estava custando caro e era pouco efetivo. A África do Sul estava usando cerca de oito tropas para conter cada insurgentes e os custos incluía manter a força fora do mercado de trabalho. Passaram a pensar em negar a liberdade de movimento da SWAPO em Angola a até 50km dentro da fronteira.

Durante as principais incursões eram usados até 15 destacamentos da SWAPO, com 40 a 100 tropas cada, na fronteira ao mesmo tempo. Podia ser uma infiltração por toda a fronteira oeste em cerca de 900 km. Os terroristas eram armados com fuzil AK-47, minas, morteiros, RPG-7, foguetes Katyusha (Grad-P) lançado de tripé e sempre com mísseis SA-7.

Sem reação contra seu país, a FAPLA e os cubanos pensavam que estavam seguros. As ações em Angola iniciaram com a operação Protea em 1981, planejada para atacar as bases logísticas da SWAPO e da FAPLA com forças convencionais. A operação ocorreria na estação seca entre agosto e setembro com um invasão por terra com tropas mecanizadas. O objetivo era evitar as infiltrações na estação chuvosa entre dezembro e abril. As incursões em Angola contra as bases da SWAPO passaram a seguir esta uma rotina. A guerrilha descansava, treinava e se equipava na seca e atuava no sul na época de chuva.

A época das chuvas era ideal para a SWAPO operar pois tinham água no caminho e muitas vegetação para se esconder. As chuvas também limpavam as trilhas que deixavam para trás. Então as ações iniciavam em janeiro e paravam no fim de abril quando a água acabava. Depois se retiravam, descansavam e treinavam para as operações no ano seguinte. Como estavam concentrados nas bases na época de seca, então era uma boa oportunidade para atacar. A mobilidade dos veículos também era menor em terra na época das chuvas. 

Em 1983, a UNITA também expandiu a guerra passando de incursão para ações de grande escala contra as forças da FAPLA e Cuba. A UNITA era apoiada pela África do Sul pois dominava o lado sudeste de Angola e cerca de metade da fronteira com a SWA. A aliança com a UNITA economizava tropas, mas por outro lado não podiam ter muito domínio militar na região. Em 1985, a guerra passou a ter uma frente ocidental em Owamboland e a frente oriental ao norte de Rundu na região do Kavango. A frente ocidental era mais anti-guerrilha contra a SWAPO enquanto a oriental passou a ser mais convencional com a guerra civil entre a FAPLA contra os rebeldes da UNITA apoiados pela África do Sul. Os MiGs já patrulhavam o local constantemente.


Mapa da área de operação na SWA (Namíbia) e Angola.


Outro mapa da área de operação.

O moral das tropas era diferente nos dois lados. No fim de cada ano terminava o serviço militar obrigatório na África do Sul. Após dois anos os soldados se retiravam e eram substituídos por novos recrutas. O processo criava uma parada nas operações, mas a força permanente gostava do descanso pois as operações prolongadas desgastavam muito as tropas. Durante as operações, as tropas operavam por três meses e era pouco tempo para assimilar o que aprendiam em combate. As tropas americanas operavam por 12 meses no Vietnã. Então em 12 anos foram 12 guerras, com as próximas tropas cometendo os mesmos erros, e ficando eficientes na hora de ir embora. Churchill já dizia que um soldado voluntário vale tanto quanto 10 conscritos.

Já do lado comunista, o moral costuma ser bem baixo. As tropas cubanas eram todas voluntárias, mas se não aceitassem ir para a guerra teriam problemas depois para conseguir emprego. Cuba ficou famosa pois tinha a conta bancária em Angola, passavam férias no Caribe, moravam em Miami e o cemitério era na África. Tropas da FAPLA capturadas e trocadas por prisioneiros sul-africanos eram depois fuziladas como castigo por terem falhado. Os prisioneiros queriam até passar para o lado da UNITA ou SADF.

 

Operações Convencionais em Terra

As forças da África do Sul realizaram dezenas de operações de pequena e grande escala contra os comunistas em Angola e nos países vizinhos. Serão citadas as operações principais de forma resumida para dar uma visão geral dos acontecimentos.

As Forças de Defesa da África do Sul (South African Defense Force - SADF) entraram em Angola em 1975 na operação Savanaah com uma pequena força apoiando ex guerrilheiros da FLPA, mas conseguiram avançar até ver a capital Luanda. Estavam próximo a Luanda com armas inadequadas e logo chegaram os cubanos com canhões D30 e BM-21. Tinham avançado 4 mil km na ida e volta. A SAAF não preparou um plano de Apoio Aéreo para apoiar o avanço devido as grandes distâncias. Apoiavam com transporte aéreo e evacuação médica. Na operação, um Cessna 185 foi derrubado no dia 25 de novembro com três mortos. Um Puma foi derrubado pela artilharia antiaérea em Cela, com os pilotos fugindo por 22 horas até serem resgatados.

Uma saída de bombardeiro de Canberra foi realizada em apoio a as tropas da FNLA no Rio Bango. Foi realizada a média altitude e foi inefetiva. O ataque em terra falhou. Os Russos logo passaram a enviar grande quantidade de armas para a MPLA, assim como observadores, seguido de tropas cubanas.


Operações convencionais principais realizadas nos primeiros anos de operações em Angola. As setas são as principais rotas de infiltração da SWAPO até a SWA. 1 - Reindeer (maio de 1978); 2 - Saffron (agosto de 1979); 3 - Sceptic (junho de 1980); 4 - Klipkop (agosto de 1980); 5 - Protea (agosto de 1981); 6 - Daisy (novembro de 1981); 7 - Super (março de 1982); 8 - Mebos (julho de 1982); 9 - Askari (dezembro de 1983).

 

Operação Reinder

Durante a operação Bruilof, em abril de 1978, foi detectado uma base da SWAPO em Cassinga, 250 km dentro de Angola. A distância dificultava o uso de tropas mecanizadas pois os guerrilheiros podiam fugir bem antes de chegarem. Devido a distância, os guerrilheiros achavam que estavam seguros. Para ter surpresa, os sul-africanos resolveram atacar com uma operação de assalto aéreo.

Com uma força de sete cargueiros C-130B Hercules e nove C-160Z Transal, a SAAF podia levar mais do que a força necessária de pára-quedistas, mais de mil tropas, mas a limitação estava nos helicópteros com apenas 12 Pumas e cinco Super Frelon disponíveis, mais dois de reserva. Os helicópteros só poderiam exfiltrar 230 pára-quedistas de cada vez. Então criariam uma HAG (HAG - Helicopter Administration Group) em Angola, a 22 km de Cassinga, para diminuir a distância. A base provisória também teria que ser protegida por dois grupos Hawk, teriam que levar 86 tambores de 200 litros de combustível para o local e serviria como base para o serviço médico e um MAOT (Mobile Air Operations Team) para Comando & Controle. Consideraram que seriam necessário duas viagens da força de helicópteros para levar 377 tropas, mais os prisioneiros e 900 kg de carga.

O ataque, marcado para 4 de maio, seria iniciado com um ataque aéreo realizado por quatro Canberras e quatro Buccaneers para "amaciar" o alvo. Outro Buccaneer seria usado para Apoio Aéreo Aproximado armado com 72 foguetes de 68mm e outro não pode participar por falhas nos freios. Um DC-4 de guerra eletrônica voando na fronteira foi usado para monitorar e interferir nas transmissões de rádio e dar alerta das atividades aéreas. Esperavam atividade de MiGs no local, então os Mirage IIICZ fariam cobertura para as aeronaves de transporte e helicópteros. Outra tarefa dos Mirage III era apoio ofensivo. Foram deslocados quatro Mirage IIICZ do Esquadrão 2. Antes da operação, os pilotos treinaram manobras de combate aéreo e ataque em mergulho.

As 8:00h, os Canberras atacaram do norte para o sul em dois pares voando 500 pés acima do solo, disparando 300 bombas Alpha cada. Foram seguidos de quatro Buccaneer armados com oito bombas de 450kg cada. As poeira e fumaça das bombas dos dois primeiros Buccaneer mascararam o ataque do segundo par. Um quarto Buccaneer atacariam o campo de recrutamento mas errou o alvo. Os Mirages também atacariam, mas só um identificou seu alvo e atacou. O Buccaneer com foguetes chegou depois e ficou circulando para dar apoio aéreo se necessário. O ataque aéreo foi seguido de um assalto aéreo com 250 pára-quedistas ao redor do alvo.


Um Cessna 185 de reconhecimento chegou quando o ataque aéreo iniciou e tirou esta foto do ataque dos Camberra (fumaça rasteira) e dos Buccaneer (fumaça mais alta). O Cessna atuaria como plataforma de observação e retransmitiria as mensagens de rádio dos pára-quedistas. Como a artilharia antiaérea no local era intensa, teve que se retirar.


Foto da câmera de ataque de um Mirage ao atacar uma linha de trincheira com uma posição de artilharia antiaérea na frente do avanço dos pára-quedistas.


Imagem de um canhão ZU-23-2 em Cassinga. A peça foi uma das maiores ameaças encontradas no local e o mesmo se repetiria em outros combates. Uma posição manteve o avanço dos pára-quedistas parado por duas horas. Os canhões antiaéreos ameaçavam não só as tropas em terra, mas também as aeronaves então passaram a ser alvos prioritários dos ataques aéreos. A doutrina soviética dita o uso da artilharia antiaérea atuando em grupo com várias peças juntas e com vários modelos de canhões ao mesmo tempo. Operavam em pelo menos três peças. Os canhões de 23 mm capturados foram usados por várias unidades da SADF, como o Batalhão 32, as unidades Koevoet e unidades antiaéreas da SAAF. Angola acabou sendo o maior fornecedor de armas da África do Sul devido ao embargo internacional.

Durante o avanço, um controlador aéreo em terra pediu uma missão de apoio aéreo contra um alvo pesadamente armado a frente do avanço. Os Mirages não conseguiram ver o alvos, mas as tropas conseguiram superar o alvo sozinhos.

Um episódio de fogo amigo ocorreu com o Buccaneer. Um Posto de Comando cubano foi atacado por morteiros antes dos pára-quedistas entrarem no local. O controlador aéreo em terra ouviu o Cessa 185 indicar que os morteiros estavam caindo 200 metros antes do alvo e resolveu chamar o Buccaneer para atacar sem consultar o comandante da operação em terra. O Buccaneer disparou 39 foguetes no alvo, mas os pára-quedistas já tinham invadido o local com dois soldados sendo feridos. 


A imagem acima mostra o ataque do Mirage IIICZ de Ollie Holmes do Esquadrão 2 atacando a coluna blindada cubana. Os blindados mais a esquerda da foto serão atacados pelo Mirage de Gerrie Radloff. A imagem está meio borrada devido a vibração causada pelo disparado dos canhões DEFA de 30mm.

A maior ameaça a operação eram as tropas cubanas em Tetchamutet, a 22km do local. Uma coluna blindada foi detectada indo para Cassinga. O pelotão anti-carro enviado tinha 22 tropas e estava armado com 10 lança-granadas RPG-7. Plantaram cinco minas na estrada e armaram uma emboscada. O primeiro T-34/85 passou por uma mina e o primeiro BTR-152 foi pego na emboscada. O pelotão anti-carro logo fugiu ao ouvirem o barulho dos blindados vindo mais atrás. Os pára-quedistas se retiraram para uma zona de pouso de emergência e chamaram Apoio Aéreo. Logo chegaram dois Mirage e um Buccaneer em alerta em Ondangwa, a 10 minutos de distância de voo. O controlador aéreo em terra dirigiu os ataques.

Os Mirages metralharam seis BTR, mas o seu canhão DEFA de 30mm não conseguia danificar os T-34. Os Mirages estavam configurados para defesa aérea e não tinham outra arma adequada. A primeira salva de 12 foguetes do Buccaneer destruiu o T-34 na frente da coluna e um segundo ataque destruiu outro carro de combate. Um segundo ataque dos Mirage atacou a mata ao lado da estrada onde os BTR se esconderam. Sem combustível, os Mirages atacaram outra vez mais quatro BTR e voltaram para Ondangwa. Os caças foram atacados pelos blindados. Os pilotos gostaram quando pararam para disparar, mas estavam é preparando para usar suas metralhadoras. Uma peça antiaérea de 14,5mm foi preparada no fim da coluna e o Buccaneer a silenciou com o resto dos seus foguetes.

Na zona de pouso de helicópteros, os pára-quedistas correram para os helicópteros em pânico com a chegadas dos blindados. Entraram sem controle e disciplina nos helicópteros e tiveram que jogar fora armas, munição e deixar prisioneiros para trás. Dois T-34 se aproximaram da zona de pouso e começaram a disparar nos helicópteros. O Buccaneer já sem munição começou a fazer rasantes bem baixo, voando próximo a Mach 1 para fazer muito barulho, para tentar assustar os cubanos. A tática funcionou pois os blindados se esconderam na mata.

Após a extração um Mirage IIICZ ainda voltou e metralhou as posições cubanas destruindo três veículos. Foi seguido de outro Mirage e outro Buccaneer destruindo outros veículos. Depois ainda reabasteceram para atacar novamente no fim da tarde. Os pára-quedistas perderam quatro tropas e 11 feridos enquanto a SWAPO perdeu cerca de mil tropas. A operação mostrou que o Apoio Aéreo disponível era insuficiente. Cassinga foi um marco na escalada da guerra como a introdução dos caças nos combates. A mensagem que queriam passar com a operação era sugerir que os cubanos deveriam ser retirar de Angola, mas a reação foi reforçar suas forças.

 

Operação Protea

No fim de 1980, a SWAPO passou a atacar a região do Kavango e Owamboland, o que dobrou a extensão da fronteira a ser defendida. Com uma fronteira muito grande a ação era reativa, com a mobilidade sendo feita por veículos e helicópteros. Estava custando caro e era pouco efeito. Novamente teriam que atacar a SWAPO enquanto se concentrava em Angola para evitar os mesmos ataques no ano seguinte. Passaram a pensar em negar a liberdade de movimento da SWAPO em Angola a até 50km dentro fronteira de Angola.

O objetivo da operação Protea, em 1981, era atacar a SWAPO no sul de Angola levando a guerra ao inimigo destruindo as  forças e logística no sul Angola . A SADF criou dois grupos blindados chamados Task Force Alpha e Task Force Bravo. A TF Alpha, com blindados Ratel e Buffel, realizou a parte principal da operação atacando as cidades de Xangongo e Ongiva. A TF Bravo avançaria mais em profundidade no flanco oriental contra campos de treinamento suspeito e centros logístico ao norte de Cassinga. Cada TF teria um MAOT (Mobile Air Operations Team) apoiando as operações aéreas atuando junto com o comandante da TF. 

A parte aérea da operação Protea foi a operação Konyn com o objetivo de atacar a Força Aérea Angolana e suas defesas aéreas atacando estações de radares em Chibemba e Cahama para conseguir superioridade aérea. Outra função era apoiar as tropas com Apoio Aéreo Aproximado. A SAAF reuniu o maior contingente de aeronaves desde a Segunda Guerra Mundial com 12 Mirage F1AZ, oito Mirage F1CZ, sete Mirage IIICZ, seis Mirage IIID2Z, 16 Impalas, cinco Buccaneer e cinco Canberras. Para reconhecimento foram usados um Canberra, três Mirage IIIR2Z e dois Impalas. As tropas foram apoiadas por 19 helicópteros Alouettes de transporte e gunships, 17 Pumas e dois Frelons. As aeronaves de transporte foram oito Kudus para ligação, sete Dakota e três C-160/C-130 para transporte. Onze Bosbok atuariam como apoio navegação, Telstar e reconhecimento visual. 

Os Mirage III foram deslocados para defesa aérea, mas aturam na função secundária de ataque e treinaram para a missão antes. Treinaram perfil de ataque com um mergulho a partir de média altitude a 20 mil pés acima do terreno, em um angulo de 30 graus, para evitar a artilharia antiaérea e os mísseis SA-7. O disparo dos foguetes era realizado a 10 mil pés, saindo do mergulho com o pós combustor ligado e voltando rapidamente para a segurança da média altitude. Na saída do mergulho iam até 7 mil pés dentro do envelope das defesas, mas voando acima de 450 knots podiam fugir rápido dos mísseis.

No dia 21 de agosto, as 20h30min, dois Impalas em uma missão de reconhecimento noturno foram chamados para realizar uma missão de Apoio Aéreo para elementos da TF Bravo em Xangongo. O Batalhão 31 foi emboscado por tropas da SWAPO e da FAPLA. Dois ataques de foguetes do norte para o sul permitiu que as tropas quebrassem contato e os feridos foram evacuados. Esta foi a primeira missão de Apoio Aéreo noturno dos Impalas.

No dia 24 de agosto, os ataques aéreos realizados pelos Buccaneers, Mirage F1AZ e Mirage F1CZ focaram em instalações militares em Peu-Peu, Humbe e Xangongo apoiando a TF Alpha. Os Buccanners atacaram com mísseis AS30 o Posto de Comando na área. Os Mirages tinham alvos como trincheiras, linhas defensivas e peças de artilharia antiaérea. Depois a TF Alpha atacaria a área por terra.

As 11h05min, quatro Impalas atacaram posições de artilharia antiaérea em Peu-Peu com foguetes. 10 minutos depois, dois Impalas atacaram outras posições de artilharia antiaérea em Humbe a partir do noroeste. As 11h45min, quatro Buccaneer atacaram o que pensaram ser o Posto de Comando da Brigada em Peu-Peu com mísseis AS30. O alvo não estava protegido e o prédio foi destruído por três dos quatro mísseis disparados, mas era um quartel e não um posto de comando.

As 11h50min, os mesmos Buccaneers foram a primeira de seis ondas de aeronaves atacando prédios e posições de artilharia antiaérea em Xangongo. O míssil AS30 disparado pelo líder atingiu o prédio principal e outros três falharam sendo dois por falha técnica. As 11h54min cinco Canberras lançaram bombas a média altitude contra seus alvos na cidade seguido de oito Mirage F1AZ, seis Mirage F1CZ e quatro Mirage IIICZ atacando seus alvos em mergulho. As 12h10min oito Impalas atacaram seus alvos com foguetes. Os ataques aéreos foram seguidos por um assalto terrestre.

Durante a batalha, dois Mirage III em alerta foram chamados as 14h30min para atacar focos de resistência como posições de artilharia antiaérea de 23mm que estava sendo usada contra as tropas em terra. Um segundo par foi chamado as 15h20min, mas não pode atacar pois as tropas amigas estavam próximas do alvo. A TF Alpha conseguiu atacar e manter o inimigo com a cabeça baixa, mas uma posição de canhão antiaéreo de 23mm manteve o avanço parado. Um Bosbok usado para reconhecimento e spotter de artilharia em Xangongo viu a posição de 23 mm e atacou com seus foguetes de 68 mm, destruindo a posição.

No dia seguinte, a TF Alpha consolidou sua posição. A ponte no rio Cunene foi danificada e a FAPLA não pode trazer reforços. Um Alouette Gunship foi derrubado por um canhão de 23 mm que manteve a disciplina de tiro e só atirou a curta distância. A TF Bravo capturou Ionde com a pista local sendo usada para operar aeronaves DC-3 e depois 12 Pumas e os Bosbok.

No dia 27 de agosto de 1981, caças da SAAF atacaram posições de artilharia antiaérea em Ongiva apoiando o avanço em terra da TF Alpha. Um Mirage III e um Mirage IIID2Z atacaram uma posição de artilharia antiaérea ao norte da pista de Ongiva com foguetes. Se aproximariam a 20 mil pés e fazendo o roll in do leste com o sol pelas costas. Uma aeronave em missão Skyshout foi enviada para alertar a população local no dia anterior para fugirem e lançando com panfletos. Com pouca visibilidade, os Mirages tiveram que sobrevoar primeiro a pista para confirmar a posição do alvo. O sol estava baixo e deve ter facilitado a visualização da silueta da aeronave.

O primeiro Mirage mergulhou e disparou 36 foguetes no alvo e fugiu rápido. Ao olhar para baixo na saída do mergulho para ver o resultado do ataque o piloto viu foi um ponto vermelho subindo, sem movimento relativo, mas crescia de tamanho. O piloto logo mergulhou na direção do míssil e desligou o PC para diminuir a assinatura térmica. Não adiantou muito e foi logo atingido. Os alertas da cabina foram todos acionados. O piloto passou a se afastar do local, mantendo o controle da aeronave, para não ter que ejetar sobre o local que acabou de atacar. Estava perdendo pressão hidráulica, mas ainda podia controlar a aeronave com movimentos lentos e conseguiu pousar em Ondangwa a 15 minutos de distância. Pousou sem freios e conseguiu usar o nariz alto e o pára-quedas para desacelerar a aeronave.


Danos no Mirage atingido em 27 de agosto de 1981 por um míssil SA-7.


Tropas da SADF esperam enquanto as aeronaves da SAAF atacam as posições inimigas a frente. Em 1981 os Mirage F1 Esquadrão 2 treinaram com controladores aéreos do exército para designar alvos. Os caças iriam para um ponto de espera e contatariam o controlador aéreo que depois descreveria o alvos e as defesas no local. Então passava a direção do ataque e o tempo para o piloto voar a partir do ponto de espera. Nos primeiros treinos, os controladores aéreos citavam detalhes como olhar um grupo de árvore próximo a um campo verde, mas de 1500 metros de altura o piloto vê dezenas ou centenas de áreas semelhantes. O objetivo era exatamente treinar o controlador aéreo a falar com os pilotos.


Mísseis SA-7 capturados durante a operação Protea. Os mísseis foram usados depois para criar unidades de defesa aérea na SADF.

O ataque a Ongiva iniciou as 07h45min com quatro Mirage F1AZ mergulhando contra posições de artilharia antiaérea na base usando foguetes de 68 mm. Uma posição estava a 700 metros ao sul da outra e outra 1 milha a leste do alvo. No ataque, os pilotos viram trilhas de fumaça dos mísseis SA-7 e explosões de artilharia de 57mm. As 07h48min, quatro Mirage III atacaram posições de artilharia antiaérea na cidade com foguetes de 68 mm. As 7h52min, quatro Mirage III atacaram sites de artilharia antiaérea ao norte do alvo sendo atacados pela artilharia antiaérea e mísseis SA-7. As 08h00min, um Buccaneer e um Canberra atacaram Ongiva a média altitude armados com bombas de 450 kg e 250 kg. Não contataram o MAOT pelo rádio e atacaram o alvo errado, mas tiveram efeito pois a artilharia antiaérea parou de atacar. As 8h1min, seis Mirage F1AZ atacaram alvos na base aérea da cidade com bombas Mk82 com espoleta airbursting. As 08h15min, foram mais seis Mirage F1CZ atacando o Posto de Comando da Brigada com as mesmas armas. Cerca de 80% dos alvos foram destruídos.

A TF Alpha iniciou o assalto por terra do oeste para o leste no complexo de alvo. O Apoio Aéreo em alerta foi acionado várias vezes no dia para atacar blindados, posições de morteiros e lançadores de foguetes de 122 mm, além de posições inimigas atrapalhando o avanço. As 11h45min, dois Mirage F1AZ atacaram um carro de combate em uma posição protegida. A artilharia antiaérea atrapalhou, mas o alvo foi neutralizado. O inimigo cavava fundo para seus blindados ficarem só com a torre para fora sendo uma ótima posição para defesa, protegendo as partes mais vulneráveis da esteira.

As 12h45min, dois Mirage F1AZ atacaram uma posição artilharia em Ongiva que incomodava muito o avanço das tropas. Desconfiavam que o Posto de Observação da peça estava em uma torre de água na cidade pois o terreno local era bem plano. Atacaram a torre bem do alto com uma salva de 72 foguetes de 68 mm. Apenas um foguete atingiu a torre e outros atingiram o prédio ao lado, mas foi suficiente para calar os ataques. A resistência das defesas foi grande. O segundo Mirage mergulhou e na saída viu um míssil SA-7 se aproximando. Ao ficar as 6 horas para o míssil o piloto reverteu a curva com uma manobra de alto G.

Na volta para a base o ala foi avaliar a aeronave do líder e viu que a ponta das cabeças dos mísseis ar-ar estavam danificadas. O piloto não alijou os mísseis com medo da espoleta de proximidade detonar. Depois descobriram que os mísseis se partiram com o alto G das manobras.

As 15h00min, um comboio com cerca de 20 veículos foi detectado fugindo da cidade. Foram parados 15 km acima pela Companhia C do Batalhão 32 da TF Bravo que estava posicionada como força de bloqueio. Pararam o comboio a 100 metros de distância e dois Mirages atacaram, mas como estavam próximos de tropas amigas não dispararam. As tropas da FAPLA se espalharam e um Bosbok chamou os Impalas para atacar. Ao ficarem sem munição, mais quatro Alouette operando a partir de Ionde foram chamados e depois mais três da TF Alpha. Um Impala atingiu um veículo, um Alouette atingiu 12 veículos e as tropas em terra destruíram três veículos. Inclui dois carros de combate T-34 e vários blindados BTR. Quatro russos foram mortos e um sargento capturado.

No dia 28 de agosto, dia D+4, as 08h05min, as últimas missões de apoio aéreo aproximado foram realizadas contra alvos em Ongiva quando seis Impalas armados cada um com quatro bombas de 250kg atacaram o último ponto de resistência. Sem artilharia antiaérea no local a resistência foi quebrada. Na TF Bravo a maioria das bases atacadas estavam vazias. As 10h30min, o aeroporto de Ongiva foi tomado e a pista reparada para ser usado pelas aeronaves da SAAF.

Em 28 de agosto, foi realizado um ataque contra uma base logística em Mupa com 10 Mirage F1AZ e quatro Mirage F1CZ. Chegaram nos alvos a baixa altitude e no roll-in usaram fotos para facilitar a identificação do alvo. A frente de batalha foi marcada por fumaça de fósforo branco. As tropas entraram depois no local sem oposição. 

No total, foram voadas 1.112 saídas de ataque e disparados 333 toneladas de bombas e 1.774 foguetes de 68 mm, além de 18 mísseis AS30. Um Mirage IIICZ foi danificado e um Alouette derrubado. A SADF usou 5 mil tropas. Capturaram 3 mil toneladas de armas e suprimentos que foram passados para a UNITA. Entre os equipamentos estavam oito carros de combate T-34, três PT-76, três BRDM, um BM-21, 23 canhões de 76mm, 16 canhões ZU-23-2 e duzentos caminhões.

Após a operação Protea, a SAAF continuou com as operações de Interdição com os Impalas e Mirage para atrapalhar a logística dos terroristas. As transmissões de rádio interceptadas indicaram falta de comida, indicando o sucesso da missão. As tropas da SWAPO foram varridas da  região onde não podiam mais ser protegidas. O lado negativo foi a substituição das armas capturadas da FAPLA por armas mais novas e melhores. A UNITA se estabeleceu no local para evitar a presença da SWAPO e as ações terroristas diminuíram. A distância das novas bases da SWAPO até a SWA passou para 200 km a partir do novo centro de comando em Techamutete. Depois tinham que voltar a mesma distância a pé. A SWAPO também passou a se esconder próximo das bases da FAPLA, aproveitando a defesa aérea para se proteger dos ataques aéreos.

Operação Daisy

Para atrapalhar os planos dos ataques da SWAPO para o ano de 1982, foi iniciada uma operação para destruir o Posto de Comando da SWAPO em Bambi, chamada operação Daisy. A operação seria em maior profundidade a 150 km da fronteira da SWA.

A força de caças de apoio seria maior pois havia duas bases áreas em Lubango e Menonque com MiGs ameaçando a operação. O apoio aéreo seria feito por 15 Impalas, nove Pumas, dois Frelons e 10 Alouettes. O apoio de transporte, ressuprimento e evacuação aeromédica seria feito por quatro DC-3, seis C-130/160 e um DC-4. As missões de Telstar, navegação e reconhecimento seria realizada por nove Bosbok. Dois Mirage IIIRZ fariam reconhecimento tático. A defesa aérea seria feita por 10 Mirage F1CZ/AZ dos Esquadrões 1 e 3. Três Buccaneers estavam a postos para atacar bases aéreas se necessário. 

A base das forças em terra seria em uma pequena pista de pouso em Ionde, a 120 km dentro de Angola, após ser tomado. Uma MAOT atuaria no local e cada uma das três equipes da TF terrestre (Alpha, Bravo e X-Ray) teria um par de controladores aéreos acompanhando as tropas. No dia 1 de novembro, se posicionaram em Angola e uma HAG foi instalada para apoiar os Pumas e Alouettes.

A TF mecanizada cruzou a fronteira no dia 1 de novembro de 1981. A operação iniciou no dia 2 de novembro com as equipes de reconhecimento sendo lançadas para reconhecer a pista em Ionde que foi tomada no dia 3 por um assalto aéreo com seis Pumas. No mesmo dias dois Mirage IIIRZ escoltados por dois Mirage F1CZ fizeram uma missão de reconhecimento em Cahama pois havia indicação de que um radar estava novamente operacional no local, o que foi confirmado. Planejaram um ataque contra o radar para um dia após iniciarem as operações. 

As 06h15min, seis Pumas com escolta encontraram a pista de Ionde deserta. As 10h45min, um Posto de Comando e um MAOT foi estabelecido em Ionde. As 15h20min, o primeiro Dakota pousou no local seguido dos Bosbok e equipes Hawk. No dia 4 de novembro, dia D, foi iniciada a operação as 03h00min, com seis C-130/C-160 lançando três Companhias de Parabats. A zona de salto não foi iluminada a tempo e caíram bem distante, mas sem feridos sérios. Os Bosbok foram lançados continuamente para apoio a navegação, spotter de artilharia e como Telstar para o Batalhão Mecanizado 61, Batalhão 201, além dos pára-quedistas. 

As 08h15min, três Buccaneer atacaram o Posto de Comando da SWAPO com perfil toss, com oito bombas de 450kg cada, com espoleta airbust e contato, atacando do norte para o sul. A partir do IP, voando a 580 knots, o pipper estava exatamente na fumaça das fogueiras em terra das tropas tomando o café da manhã, resultando em uma boa precisão no disparo.

Um minuto depois, quatro Mirage F1AZ mergulharam no alvo vindo do noroeste. A artilharia antiaérea no local não reagiu, mas o número 4 da formação viu uma trilha de míssil SA-7 quando saiu do mergulho. Cerca de 30 segundos depois, mais três Mirage F1CZ com 24 bombas Mk82 atacaram com muita artilharia antiaérea disparando, além de mísseis. As 08h17min, mais quatro Mirage F1AZ e Mirage IIICZ mergulharam nos seus alvos seguidos 30 segundos depois por mais quatro Mirages. Todos estavam armados com quatro bombas, mas a fumaça dos ataques anteriores atrapalhou a visão do alvo. A última formação foi atacada por mísseis SA-7 e canhões de 23 mm.

Mesmo "amaciados" pelo ar, as tropas inimigas na base se defenderam bem. As 08h55min, dois Mirage F1CZ em alerta de Apoio Aéreo, armados com foguetes, foram chamados por um controlador aéreo (ASO - Air Support Officer) para atacar as posições de artilharia antiaérea ainda disparando nos Bosbok. Ao sair do mergulho, viram disparos de artilharia antiaérea e um míssil SA-7 sem serem atingidos. As 09h30min, dois Mirage F1CZ armados com foguetes foram acionados para atacar duas novas posições de artilharia antiaérea a frente do avanço. Entre as 10 e 12 horas, os Impalas foram chamados para atacar posições de artilharia antiaérea ainda resistindo. As ações nos dias posteriores foram poucas.

Entre 12:00 e 14:00 horas, várias missões de reconhecimento e interdição de estrada foram realizadas pelos Impalas e Mirage F1 entre Cassinga, Techamutete, Bambi e a área do alvo, para cortar reforços indo para o local, mas não detectaram nada. As tropas em terra tiveram pouca resistência nos alvos e outros alvos tinham sido abandonados. As ações posteriores foram poucas.

No dia 5 de novembro, as 07h00min, 14 Mirage F1 decolaram de Ondangwa. Doze Mirages estavam armados com bombas de 250 kg com espoleta airburst para atacar um radar Sidenet e depósitos de combustível em Cahama, atingido o alvo com sucesso. O resultado foi confirmado pelo DC-4 de guerra eletrônica. Dois Mirage F1CZ foram usados para escolta.

Operação Askari

A operação Askari foi planejada com o objetivo de prevenir que forças especiais da SWAPO realizassem incursões no sul em 1984. A operação iniciaria em novembro de 1983 na região entre Cahama, Mulondo e Cuvelai. Inicialmente foi planejada como uma operação de pequena escala que logo cresceu para quatro TF mecanizadas de 500 tropas contra os alvos detectados pelo reconhecimento aéreo e terrestre. Neste estágio do conflito, as forças da FAPLA já estavam bem treinadas e equipadas.

A operação foi dividida em quatro fases iniciando com um reconhecimento em profundidade pelos Recces, seguido de ataques aéreos da SAAF na base Typhoon-Volcano em Lubango entre 1 de novembro e 30 de dezembro, seguido de um reconhecimento ofensivo para isolar Cahama, Mulabo e Cuvelai a partir de 16 de novembro. A fase 3 iniciaria em fevereiro de 1982 e dominaria a área oeste do rio Cunene. A fase 4 tinha como objetivo parar as incursões da SWAPO no sul.

A operação foi o maior esforço dos Recce em terra da guerra. Equipes foram deslocados para Cahama, no leste e oeste, Mulondo e Cuvelai, e reconheceriam a área ao redor de Lubango. As equipes faziam inteligência tática sendo uma missão difícil e perigosa. O Comando & Controle era difícil pois cada equipe tinha seu C2 próprio, cada um com um MAOT no PC exército para apoiar e ficava difícil coordenar o apoio aéreo se fosse necessário. Se todas tivessem problemas ao mesmo tempo seria difícil priorizar.

A Brigada 2 da FAPLA estava entrincheirada em Cahama. As posições no local foram sondadas várias vezes por terra e as posições de radar e artilharia antiaérea na base aérea da cidade foram atacadas. O Batalhão Mecanizado 61 com apoio de artilharia atacou o local, com sondagem, fintas e bombardeio de artilharia. Equipes ofensivas dos Recce cortariam as rotas logísticas entre Cahama e Chibemba e a SAAF atacariam os alvos identificados. O objetivo era forçar a retirada ou deserção das tropas.

A ofensiva iniciou em 16 de dezembro com o avanço a partir de Quiteve. No natal, os Canberras bombardearam Cahama a noite. As tropas em terra lançaram uma trilha de bombas de fósforo para indicar a direção do alvo. Os Canberras dispararam bombas Alfa nivelados a 24 mil pés. Não queriam precisão e sim espalhar as tropas em terra.

Em Mulombo, a Brigada 19 da FAPLA enviou suas unidades de reconhecimento que detectaram a TF mecanizada indo para o local. A pressão no campo político forçou pararem as ações em 31 de dezembro. Cahama não foi tomada e as tropas locais pensaram que fizeram os sul-africanos fugirem. Caiundo seria alvo de ataques diversionários. Foi atacada na noite de 19 de dezembro com sucesso. Tentaram tomar a cidade por 21 dias sem sucesso.

Uma TF foi enviado contra um Posto de Comando e uma base logística 5 km a noroeste de Cuvelai. A Brigada 11 da FAPLA e dois Batalhões cubanos estavam próximos. Esperavam que não ajudariam a SWAPO, mas não foi o que aconteceu. Com o risco de serem cercados enviaram o Batalhão Mecanizado 61 (61 Mech) de Cahama para reforçar. Chegaram em 16 horas e logo entraram em combate. Na noite do dia 3 de janeiro já estavam atacando posições de artilharia antiaérea e artilharia de campanha.

O assalto foi precedido de um ataque aéreo com 10 Impalas seguidos de quatro Canberras. No total foram disparados 60 bombas de 120kg, 18 de 250 kg, 2 de 460kg e 600 bombas Alpha. A segunda onda de Impalas lançou 32 bombas de 250 kg e foram muito bem sucedidos. Ao entrarem na cidade, após quatro dias de luta, após passarem por campos minados, viram que estava vazia e os comunistas fugiram. As transmissões de rádio interceptadas indicou que os angolanos estavam pedindo reforços e tiveram 75% da artilharia destruída.

Um alvo dos Impalas era um site de artilharia antiaérea de 57mm guiado por radar a leste de Cuvelai. Na saída do mergulho, o Líder da formação viu disparos de mísseis e logo iniciou manobras evasivas. Um SA-9 atingiu a cauda do Impala e a aeronave entrou em parafuso. O piloto conseguiu tirar a aeronave do parafuso ainda acima do alvo e conseguiu voar para Ondangwa. Estava perdendo altitude mas a perda diminuía com a densidade do ar aumentando e conseguiu pousar. Todos os pilotos da formação continuaram o ataque apesar da ameaça pois ouviram a conversa do líder durante o ataque.

O Batalhão 32 foi usado para cercar a cidade e capturou um grande número de tropas fugindo para o norte. Capturaram muito material no local como uma bateria de mísseis SA-9, apesar de não conseguirem capturar uma bateria SA-8 operando no local. A cidade estava cercada de minas e perceberam que seria comum.

Capturaram quatro T-55 e prepararam tropas amigas para operá-los contra os comunistas, mas as negociações cancelaram as ações. As tropas que treinaram no T-55 o consideraram até melhor que o Oliphant em vários aspetos como velocidade, manobrabilidade, altura e poder de fogo secundário. A metralhadora interna era bem mais simples e as falhas bem menos numerosas. Devido a presença dos T-55 perceberam que precisavam de melhores defesas anti-carro.

A SWAPO perdeu 916 tropas em 1984, sendo 361 durante a operação Askari. A África do Sul teve 39 mortos sendo 13 na Askari. Capturam muito material em Cuvelai. A FAPLA perdeu muitas tropas e equipamentos e tiveram apenas um sucesso fora de Caiundo contra um pelotão bem a frente atacado por uma Companhia. A SWAPO nunca passou para a ofensiva como antes da Askari. Tiveram mais de 500 mortos em 1984 o que indica que não tiveram sucesso em evitar a infiltração. A SWAPO também deixou de ser a ameaça principal.

O resultado da operação Askari foi levar os dois lados para a mesa de negociações. Os angolanos gostaram para poder descansar, planejar, reequipar etc. A África do Sul saiu de Angola, mas os angolanos continuaram a apoiar a SWAPO. A FAPLA passou a ser o inimigo principal e a guerra se sofisticou virando um conflito de média intensidade com a África do Sul, SWA e UNITA contra a FAPLA, SWAPO e cubanos com apoio de conselheiros soviéticos. A FAPLA recebeu muitos sistemas de defesa aérea sofisticado sendo inferior apenas aos países do Pacto de Varsóvia. A UNITA não tinha como contrapor o equipamento pesado da FAPLA. A frente de batalha agora passou a ser o norte do Woamboland a norte de Rundu.

Documentos capturados mostram a intenção da FAPLA de dominar a África do Sul. Primeiro derrotariam a UNITA e uma arma era reforçar o Poder Aéreo de Angola. Sabiam a limitação de alcance dos caças da SAAF e consideravam ser viável dominar os céus. Cuba já tinha enviado as primeiras tropas de um total de 50 mil tropas incluindo pilotos. A rede de radar ao redor da África do Sul era a maior prova dos planos futuros.

 

Ofensivas de 1985

 A MPLA tentava destruir a UNITA desde 1975. Mesmo assim a UNITA conseguia controlar grande parte de Angola. Em 1985, os conselheiros soviéticos conseguiram convencer os angolanos a organizaram uma ofensiva contra a UNITA em Mavinga na operação Segundo Congresso. A MPLA atacou Moxico e Cuando Cubango. Eram duas frente formando uma pinça contra Cazombo no rio Cuito indo para o leste e depois para o sul e contra Mavinga no Rio Lomba, indo para o sul a oeste de Mavinga. A coluna do norte era uma finta. A ofensiva principal seria pelo sul e depois separaria novamente em pinça. 

  A operação foi iniciada em 2 setembro, na época da seca. Após tomar Mavinga, usariam o local como base logística e aproveitariam a pista de pouso. Depois iriam para Jamba onde ficava o Posto de Comando da UNITA no sul de Angola.

No total foram usadas 12 Brigadas com 20 mil tropas da FAPLA, apoiados por caças MiG-23 e Su-22 e helicópteros Mi-24, usados em combate pela primeira vez, e blindados T-62.

Foram usadas 20 mil tropas controladas pelo General russo Konstantin Chaknovich. Russos controlava tudo até nível de batalhão. Os oficiais russos operariam a artilharia, sistemas de defesa aérea e chamariam apoio aéreo. Os soviéticos sabiam que UNITA não tinham defesas aéreas e anti-carro e pensavam que seus caças e blindados poderiam vencer o inimigo. Mesmo sendo uma força de guerrilha a UNITA conseguiu desacelerar o avanços com incursões, emboscadas e campos minados. A UNITA retirou suas forças, levando colunas blindadas para bem dentro da caatinga, onde podiam atacar seus flancos.

A UNITA não tinha como contrapor os blindados avançando e pediu ajuda aos sul africanos. Deram apoio inicialmente com transporte aéreo para enviar reforço para a pista em Gago Coutinho e Cazombo, que se transformou na operação Magneto. Um MAOT foi posicionado em cada pista. As operações eram realizadas a noite devido a ameaça dos MiGs. Entre 23 de agosto a 10 de setembro, as aeronaves de transporte voaram 200 horas enquanto os Puma voaram mais 30 horas. Os assentos eram retirados e as tropas sentavam no piso da aeronave. A carga aumentava cada vez mais ao ponto de um Hercules deslocaram 183 soldados de uma pista para outra.

No meio de setembro, as forças avançando estavam no Rio Lomba. As forças da SADF passaram a apoiar a UNITA com artilharia e transporte aéreo levando a operação Wallpaper. Entre 11 de setembro a 8 de outubro de 1985, os C-130, C-160, L-100 e DC-4 voaram 310 horas nas operações de apoio logístico ou transporte de tropas na operação Wallpaper. Devido a ameaça dos MiGs, as missões tinham que ser muito bem planejadas. As falhas na rede de radares angolanos ajudou a evitarem os MiGs. As missões eram realizadas a noite, evitando a lua cheia, para ajudar a evitar a detecção visual.

Os voos de suprimentos saiam de Waterkloof para Grootfontein e depois para a zona de lançamento em algum lugar em Angola. Depois voltavam para Waterkloof. Voando aos pares, a meia lua ou menos, em formação em linha, desciam para 500 pés acima do solo após cruzar a fronteira. As luzes de navegação acima da aeronave eram bem fracas e mantinham contato com o TACAN. O ala tentava manter uma distância de 0,2 a 0,3 milhas, voando mais alto ou abaixo. Menos que isso tinha margem de erro perigosa.  As rotas mantinham as aeronaves sempre abaixo da cobertura radar durante o voo e em local controlado pela UNITA. Podiam subir e descer sem chamar o rádio.

As pistas eram de areia e sem apoio no pouso. Usavam latas de cerveja com areia e parafina para marcar a pista com luzes improvisadas. No fim da pista descarregavam e carregavam rapidamente as aeronaves. O C-160 nunca desligavam os motores em terra, mas o C-130 podia decolar com três motores e desligava. Se não decolasse no por do sol teriam que ser queimados para evitar serem fotografados pelos satélites americanos e russos.

Na zona de lançamento, se as cargas fossem lançadas de pára-quedas, usavam sinais luminosos ou fogo em terra para marcar a posição. As cargas eram lançadas com a técnica PLEDS (Platform Extraction Delivery Sytem). Cada palete pode levar quatro tambores de 200 litros. Antes de chegarem na zona de lançamento, a formação entrava em formação em coluna mais afastada. O "run-in" era a parte mais vulnerável pois estariam voando reto e nivelado a 1.000 pés acima do solo e a 130 knots. As luzes em terra também iluminavam a aeronave. No lançamento, o centro de gravidade da aeronave mudava para trás. O piloto tinha que controlar a aeronave sem referências externas usando apenas os instrumentos. Depois descia novamente para 500 pés e aceleravam para fugir do local.

Os MiGs angolanos atacavam a pista de pouso em Mavinga por onde chegava os reforços da África do Sul. A cobertura veio de Mirages e Impalas. A operação Weldmesh era um plano de ações de Apoio Aéreo Aproximado para ajudar a UNITA a parar o avanço de Cuito-Cuanavale até Mavinga com as missões ocorrendo entre 16 de setembro a 9 de outubro de 1985. Lança-foguetes BM-21 capturados foram enviados e ajudaram a quebrar o avanço.

As equipes dos Recces logo iniciaram ações de incomodação e emboscadas nas linhas de comunicações entre Menongue e Cuito-Cuanavale. As tropas da UNITA eram apoiados por tropas sul africanas. Os Recces e tropas do Batalhão 32 foram usados para reconhecimento e emboscadas.  Indicavam alvos para a aviação de ataque e as brigadas foram atacados pelos Canberras (69 saídas), Buccaneers (37 saídas), Mirage F1CZ (33 saídas), Mirage F1AZ (171 saídas) e Impalas (241 saídas). A precisão da artilharia também contribuiu, forçando a retirada das tropas para Cuito-Cuanavale.

As equipes de reconhecimento dos Recces determinaram as posições das Brigadas Angolanas ao sul do Rio Lomba. A pinça da direita passou por terreno de areia que diminui a velocidade do avanço e foram atacados. A pinça da esquerda foi enviado para ajudar. Ao mover, foram atacados por artilharia e caças. As tropas da UNITA em Cazombo enviadas para sul e apos três dias de luta os comunistas se retiraram. Estavam dispersas, mas antes de atacar se concentraram em uma região de dois quilômetros quadrados. Depois foram atacados pelos caças e pela artilharia. No dia 16 de setembro, os ataques dos Canberras, Buccaneer, Impalas e Mirage F1AZ atacaram as brigadas, seguidos pela artilharia com canhões e foguetes. Os Mirage F1CZ davam cobertura de caças. No dia seguinte foram realizados novos ataques. Uma Brigada inteira da FAPLA foi perdida e outras fugiram e foram atacadas por terra e pelo ar.

Na operação foram usadas pela primeira vez bombas Mk81 pré fragmentadas de 120kg. Cada uma tinha 17 mil balins de aço. O raio letal era de 100 metros com espoleta limbo (airburst). O primeiro disparo foi em 30 de setembro com oito Mirage F1AZ. Os sinais de rádio interceptados citaram altas baixas no lado inimigo. Os russos desprezaram a possibilidade de ajuda da África do Sul e tiveram que recuar. Como não havia mais alvos de ponto para os caças, com as tropas fugindo dispersas, passaram a atacar com perfil de ataque Vergoi com bombas fragmentadas e formação mais espalhada.

Em outubro, as forças especiais realizaram a operação Cerebus. Os  C-130 levaram dois SA-9 capturados para Mavinga e foram posicionados ao redor, mas parece que o angolanos descobriram pois não voaram na área.

Em dezembro, os sul-africanos realizaram as operações Jerry 1 e 2 para incomodar a FAPLA. Atacaram as posições angolanas com foguetes e os ataques foram tidos como sendo da UNITA.

Em 18 de dezembro, os C-130 levaram sete veículos Unimog Sabre e 50 tropas dos Recces para Mavinga para realizarem a operação Abrasion. A operação duraria até a metade de fevereiro de 1986 com as tropas realizando incursões tipo "hit and run" junto com as tropas da UNITA entre Menonque e Cuito-Cuanavale. Os Pumas operando em Rundu foram usados para evacuação médica e os Impalas para retransmissão Telstar. Os Kudu faziam apoio Telstar para as operações de curta distância com os helicópteros.

Após a operação Weldmesh, a intensidade do conflito diminuiu. Os dois lados passaram a planejar novas ações. A SAAF aproveitou para treinar e melhorar suas táticas.

 

Operação Modular - 1987

No fim de 1986 e inicio de 1987, os angolanos recuaram para treinar, remuniciar e reforçar suas forças. Chegaram novos radares, mísseis SAM, caças MiG-23 e helicópteros Mi-25. As tropas cubanas aumentaram para 50 mil, além de 1.000 conselheiros soviéticos para aumentar o Comando & Controle da FAPLA. Novamente queriam retomar Jamba e destruir a UNITA. As defesas aéreas nas colunas indicavam que queriam conter a SAAF.

A SADF logo planejou a operação Asterix, dividida em várias operações menores como a Ministerix e Hagar. O plano incluía um avanço de forças terrestres até o lado oriental do rio Cuito para tomar a cidade de Cuito-Cuanavale. O plano foi cancelado pelo governo por ser muito agressivo e poderia ser cancelada por pressão política da ONU. Provavelmente estavam corretos, mas evitaria sete meses de guerra convencional que se iniciaria de qualquer forma no ano seguinte.

Em 1987, os sul-africanos detectarem uma grande concentração de forças em Menonque e Cuito-Cuanavale. Os comunistas concentraram cinco Brigadas em Cuito-Cuanavale antes do avanço para tomar Mavinga. A URSS apoiava os angolanos com grande quantidade de armas no estado de arte. Em 1987, os angolanos tinham 80 caças MiG-23, MiG-21 e Su-22, além de 123 helicópteros. Os caças MiG-21, MiG-23 e Su-22 foram deslocados para Menonque enquanto helicópteros Mi-8/17 e Mi-25/35 estavam em Cuito-Cuanavale.

A base aérea de Menonque estava protegida por mísseis SA-3 enquanto a força avançando era protegidas por mísseis SA-6, SA-7, SA-8, SA-9, SA-13, SA-14 e SA-16. As tropas estavam equipadas com 40 carros de combate T-54 e T-55, lança-foguetes BM-21 e blindados BRDM, BMP e BTR. A artilharia estava equipada com canhões D-30 e M-46 com alcance de 30 km.

Os angolanos e cubanos cruzaram a ponte de Cuito-Cuanavale e avançaram em direção a Mavinga, como fizeram em 1985. Agora estavam mais bem preparados e com melhores defesas aéreas para as suas tropas, assim como levaram água. Avançaram novamente em pinça. A UNITA novamente pediu ajuda ao seu aliado sul africano para defender o gancho da direita contra Mavinga contra duas Brigadas angolanas pois não tinham como parar os blindados Angolanos.

O avanço principal foi realizado com as Brigadas 16, 21, 47 e 59 com as outras Brigadas apoiando a logística e a retaguarda. As Brigadas se moveram em um avanço metódico para o sudeste em direção Mavinga. A Brigada 47 iria atravessar o rio para abrir caminho para outras. A infantaria foi na frente para limpar o local de emboscadas da UNITA. Esperavam avançar seis a oito km por dia. No fim do dia se entrincheiravam e dormiriam a noite. As Brigadas atacaram em pinça no rio Lomba, 36 km ao norte de Mavinga. As Brigadas 47 e 59 tomariam o lado sul e as Brigadas 16 e 21 cruzariam o rio em abril para depois todas atacarem juntas no assalto final em agosto. Com a UNITA atacando, as Brigadas logo se entrincheiraram.

Novamente os russos não consideraram a reação da SADF que novamente atacaram as linhas de comunicações com a ajuda de unidades de ligação com a UNITA. A reação das tropas da SADF veio com a operação Modular que tinha como objetivos observar e incomodar a FAPLA, nas suas posições e avanços, tentando parar antes de chegarem até Mavinga, e se possível, destruir as forças envolvidas. As forças sul africanas enviadas tinham tres missões. A Modular era para parar e reverter o avanço. A operação Hooper para infringir muitas baixas nas forças em fuga. A operação Packer para forçar recuar para oeste do Rio cuito.

Primeiro tinham que avaliar as forças angolanas e lançaram missões de reconhecimento fotográfico com os Mirage IIIR2Z. Logo viram que era uma força móvel com blindados e mísseis SAM autopropulsados, e uma grande cauda logística.

O campo político impediu a intervenção no avanço angolano a não ser quando ameaçassem Mavinga diretamente. Apenas poucas tropas estavam ajudando a UNITA a incomodar o avanço. Criaram um círculo imaginário de 50 km ao redor de Mavinga e iniciariam a operação Modular apenas se os angolanos a ultrapassassem. As condições impediam a ação, manobra, surpresa e flexibilidade das forças da SADF. A falta de alvos era outro problema pois as Brigadas estavam manobrando e espalhadas em uma grande área (5 a 8 km2), dificultando os ataques pelo ar e pela artilharia. Apenas quando as Brigadas se aproximando e se concentrando no Rio Lomba que os ataques foram viabilizados. Duas Brigadas estavam no local sem poder se apoiar mutuamente devido a distância. As ações das tropas da UNITA forçaram a se concentrarem em uma área de dois km2, cada um de um lado do rio, em um terreno difícil, e os ataques aéreos tornaram-se viáveis.

A primeira fase da ofensiva foi de 4 de agosto a 5 de outubro. Os angolanos concentraram cinco Brigadas em Cucusee para tomar Cangamba e Lumbala, mais oito Brigadas e dois Batalhões/grupo tático em Cuito-Cuanavale. Duas Brigadas protegiam Cuito-Cuanavale e uma protegia as linhas logísticas de 160km entre Menongue e Cuito-Cuanavale.

A forças da UNITA no norte não tinham ajuda da SADF, mas mesmo assim o avanço comunista entrou em colapso devido as falhas logísticas e defesas agressivas da UNITA. O fronte sul foi bem diferente pois a UNITA não tinha armas pesadas para contrapor os blindados das Brigadas 16, 21, 25, 47 e 59. A SADF respondeu inicialmente com oficiais de ligação para planejar as defesas anti-carro. Logo viram que seria necessário mais ajuda.

O avanço iniciou em 14 de agosto com as Brigadas 47 e 59 indo juntas para o sul e as Brigadas 16 e 21 indo para o leste em direção a Tumpo e depois para o sul em direção Mavinga. O avanço era muito lento a cerca de 4 km por dia devido ao terreno difícil e a falhas na logística. Depois passaram a se mover concentrados pois facilitava a defesa aérea e melhorava a proteção em caso de contra-ataque da SADF com força mecanizadas.

O contra-ataque iniciou com a bateria de morteiro de 120mm e foguetes de 127mm apoiando a UNITA. Depois foram reforçadas com mais tropas para proteção, mas ainda não era suficiente. Receberam mais forças do 61 Mech e uma Bateria com oito canhões G-5 e virou a Brigada 20. Um mês depois de iniciado os combates, as forças dos dois lados se encontraram em combate direto.

Inicialmente, a operação Modular usaria uma força de 700 tropas, chamada Brigada 20, que depois recebeu reforços do Batalhão Mecanizado 61 (61 Mech), do Batalhão 101 e baterias de artilharia. A força nunca passou de 3 mil tropas.

A Brigada 20 tinha três elementos e manobra e um componente de artilharia. Um era o Batalhão 32 muito experientes. Estavam atuando no local há anos e eram muito experientes. Eram a Legião Estrangeira da SADF. Era formado por sete Companhias, um Pelotão de morteiros e um destacamento de reconhecimento em 1983. Em 1984, receberam o Ratel 90, lança-foguetes Valkirie de 127mm, morteiro M-5 de 120mm, canhões antiaéreos de 20mm, uma Companhia de apoio com canhões sem recuo de 106mm, morteiros de 81 mm, e lança-mísseis Milan. Já na operação Modular eram um Batalhão Mecanizado.

O Regimento 61 Mech foi criada em 1979 para realizar operações externas em Angola. Era formado por duas Companhias de infantaria, equipados com 55 blindados Ratel de vários tipos e 126 veículos de apoio. O terceiro elemento de manobra era o 4o Batalhão de Infantaria (4 SAI) que era um Batalhão Mecanizado. O Batalhão 101 era usado mais para ações anti-guerrilha. Tinha quatro Companhias de equipes RM e duas participaram da Operação Modular.

A artilharia era formada pela bateria Quebec com oito canhões G-5 e dois pelotões do Batalhão 32 para segurança, quatro equipes de mísseis Stinger da UNITA, dois de SA-7 da SADF e oito metralhadoras de 14,5mm. A bateria Papa com uma unidade de lança-foguetes de 127mm, uma Companhia do batalhão 32 para segurança, canhões de 20mm , duas equipes de mísseis Stinger da UNITA e 24 de mísseis SA-7 da SADF. A bateria Sierra tinha morteiro de 120mm e um pelotão do Batalhão 32 para segurança.

Tropas dos Recces operavam atrás linhas e fariam observação de artilharia. Um MAOT acompanhava as unidades de manobra e chamariam apoio aéreo e evacuação médica. Havia cinco equipes de MAOT na Brigada 20. O apoio aéreo foi insuficiente e nem respondia em tempo hábil. Na maioria das missões de apoio aéreo era de ataque pré-planejados contra alvos localizado pelas equipes dos Recces. A interdição aérea nas linhas de comunicações entre Menogue e Cuito-Cuanavale tiveram bons resultados pois geralmente atingiam os alvos. A SAAF não tinha tecnologia e número para conquistar a superioridade aérea no campo batalha, mas o planejamento, treino e táticas permitiram complementar os fogos da artilharia

A UNITA era uma força de guerrilha que virou um exército convencional. Tinha Forças Especiais, uma força de guerrilha para incomodação, meios de inteligência e logística, batalhões semi regular com apoio de fogo orgânico apoiando as forças da SADF e Batalhões regulares. Os últimos tinham os melhores soldados e meios anti-carro, artilharia antiaérea, blindados e artilharia pesado. Os equipamentos foram capturados da FAPLA nas batalhas anteriores. A CIA ajudou a UNITA com mísseis Stinger e TOW.

As Brigadas da FAPLA eram semelhantes aos Regimentos Motorizados do Pacto de Varsóvia formados com 1.900 homens divididos em três Batalhões Motorizados, uma Companhia de carros de combate com 10 blindados e um Batalhão de Artilharia. A Companhia de reconhecimento era equipada com os blindados PT-76 e BRDM2. Cada Batalhão Motorizado tinha três Companhias de infantaria transportados em caminhões ou blindados BTR-60. A força de apoio incluía um Pelotão com seis morteiros de 82mm, seis lançadores de mísseis Sagger ou canhões sem recuo B10, seis lançadores de granadas AGS-17 e um pelotão de defesa aérea com três lançadores de mísseis SA-7 e quatro metralhadoras calibre 14,5mm. O Batalhão de artilharia tinha duas baterias com seis canhões D30 de 122mm, duas baterias com quatro canhões de 76mm, uma bateria com oito lança-foguetes BM-21 de 122mm e uma bateria com seis morteiros pesados de 120mm. A doutrina da FAPLA era a mesma dos soviéticos. As tropas nunca foram bem treinadas para usar as forças das metodologias ofensivas soviéticas. Sem treino e liderança não conseguiam aproveitar todo o potencial dos equipamentos. A ajuda de outros países não compensava.

No dia 10 de setembro de 1987, uma força de reconhecimento do Combat Group Bravo (TF Bravo) viu tropas da Brigada 21 cruzando o rio Longa. Esperaram e quando um T-55 passava pela ponte e iniciaram o ataque com um míssil anti-carro disparado por um Ratel. Depois o Ratel disparou um míssil no veiculo lança-ponte. Depois caçaram os T-55 ao redor do rio. Chamaram a artilharia e no fim do dia um Batalhão da FAPLA estava todo destruído e o resto das tropas fugiu. Três blindados T-55 foram destruídos. A maior parte dos danos foi causada pela artilharia.

Entre 13 e 14 setembro, a TF Bravo encontrou mais dois Batalhões e outro destacamento de carros de combate da Brigada 47. Duas companhias do Batalhão 101 e equipes de canhão iniciaram a luta. A TF Charlie concluiu a batalha em oito horas durante a noite. A Brigada 47 perdeu 300 soldados e três blindados T-55. Dois dias depois ocorreu um novo encontro com a Brigada 47 e a TF Alpha, mas a visibilidade e fogo indireto frustrou o assalto. A Brigada 47 foi atacada na junção rio Lomba e Cuzizi. Foram pegos de surpresa pois esperavam um ataque vindo do leste onde estavam a Brigada 16 e 21, e não um ataque vindo do sul.

Em 13 de setembro, a Brigada 59 tentou novamente cruzar o rio Lomba. Os sul africanos atacaram com o Ratel 90 com munição anti-pessoal contra a concentração de tropas e depois com metralhadoras. Os T-55 apareceram e os blindados da SADF fugiram para a mata fechada. Responderam com munição perfurante e começaram a manobrar ao redor dos T-55 para atacar por trás, vencendo as forças da FAPLA. O T-55 podia disparar em movimento, mas os Ratel eram mais manobráveis.

Entre 14 a 23 de setembro, as tropas da SADF não cruzaria o rio e sim bloqueariam o avanço. A artilharia e os caças da SAAF atacariam as posições da FAPLA principalmente as posições de artilharia antiaérea.

No dia 16 de setembro, a SAAF iniciou uma ofensiva aérea contra a Brigada 47, fugindo para a posição da Brigada 59, com os Mirages disparando cerca de 100 bombas Mk82 pré-fragmentadas. O Batalhão Mecanizado 61 tentou perseguir, mas era difícil ver direito na mata fechada e foram atacados pela artilharia da FAPLA.

No inicio de outubro, após várias trocas de fogos de artilharia e ataque aéreos, a FAPLA tentou remuniciar suas Brigadas no rio lomba. A Brigada 21 empilhava suprimentos na sua posição. Os Recces mantinham o local em observação constante, as vezes a 50 metros de distância, e guiavam os ataques das peças G-5 até as posições da FAPLA. A Brigada 47 foi parada pela artilharia e pelos caças da SAAF, só conseguindo se mover 1 km por dia.

No dia 3 de outubro, a TF Alpha e Charlie emboscou a Brigada 47 no rio Cuzizi e Lomba. Os angolanos perderam 250 soldados e muito equipamento deixado para trás. A SADF recuperou 18 blindados T-55, três BMP-1, 24 BTR-60, dois veículos lança-pontes TMM, quatro lança-mísseis SA-8, um radar flat face, seis Shilka, quatro BM-21, três canhões D30 e 85 caminhões. As Brigadas 21, 47 e 59 perderam 1/3 do seu poder de combate.

Na manhã do dia 4 de outubro, as tropas sul africanas capturaram um lança-míssil SA-8 abandonado junto com veículos BTR-60 de comando e logística. A UNITA queria entregar o equipamento para a CIA, mas os sul-africanos usaram para pesquisas próprias e desenvolver contramedidas eletrônicas.

A Brigada 59, agora reforçada, montou pontes no rio Cunzumbia. No dia 3 de outubro, tentaram fugir pela ponte. As equipes dos Recces próximos viram os cubanos se concentrar e chamaram os ataques dos canhões G-5. Foram dois dias chamando artilharia quando tentaram fugir até a 61 Mech chegar. Os cubanos chamaram artilharia e os MiGs para apoiar a fuga. A reação SADF foi atacar e não fugir. Estavam em desvantagem de 4x1, mas as forças da FAPLA logo fugiram para tentar cruzar o rio e os lança-foguetes Valkiri atacaram dois Batalhões tentando fugir e foram destruídos. A Força Aérea angolana realizou 60 saídas de MiGs, mas voando alto devido a ameaça dos mísseis Stinger tinham pouca precisão.

A segunda fase da batalha ocorreu entre 6 de outubro a 27 de outubro de 1987, com as Brigadas angolanas passando a se retirar em direção a Cuito-Cuanavale. O 4 Batalhão de Infantaria (4 SAI) apoiados por blindados Ratel e Olifant e apoiados por mais uma bateria de canhões G-5 e outra com três canhões G-6 adicionados a Brigada 20. A SADF ordenou a destruição da FAPLA a leste do rio Cuito. A SADF reforçou para aproveitar o sucesso até Cuito-Cuanavale. Podiam atacar a cidade ou cortar as linhas de suprimento com forças móveis, mas as forças eram ainda insuficientes até para conter um contra-ataque a cidade. A Brigada 20 da SADF passou a atacar o sistema logístico e evitar que se retirassem. A operação passou de uma defensiva para ofensiva. A TF Charlie foi incorporado a TF Alpha e um destacamento do Batalhão 32 passou a agir atrás das linhas para atrapalhar as linhas logística a leste de Cuito-Cuanavale sendo denominado de TF Delta.

Após duas semanas estavam próximos a cidade de Cuito-Cuanavale e iniciou sete meses de bombardeio de artilharia. Os jatos baseados no local foram logo retirados e passaram operar de Menongue.

A SADF tinha objetivos incompatíveis de derrotar a FAPLA a leste de Cuito, mas sem poder receber reforços. Os cubanos passaram a ajudar com 3 mil tropas na defesa de Cuito-Cuanavale incluindo mísseis SA-8. Após El Alamein em 1942 a batalha de Cuito-Cuanavale foi a maior batalha convencional na África. Eram 8 mil tropas da UNITA e 3 mil tropas da SADF contra 18 mil tropas da FAPLA e Cuba. A FAPLA perdeu 4 mil tropas e todo seu equipamento sendo a terceira derrota seguida desde 1985.

Em 17 de outubro, as TF Alfa e Bravo localizaram a Brigada 59 no rio Mianei. Não havia muito espaço de manobra e se retiraram com apoio da artilharia. A Brigada 59 ficou na posição por mais duas semanas sendo atacados continuamente pelo ar e pela artilharia.

A terceira fase da operação foi entre 28 de outubro a 5 de dezembro de 1987. Foi criado o grupo Charlie com as novas forças. O objetivo principal era limpar a cabeça de ponte no rio. Iniciou em 9 de novembro com o Batalhão da TF Charlie atacando a Brigada 16 entre os rios Chamingo e Hubre. As tropas desembarcaram dos Ratel e uma Companhia avançou 500 metros a frente. As 06h30min, os Mirage F1AZ atacaram o alvo para amaciar seguido de um ataque de artilharia por 10 minutos. Com contato com os T-55 chamaram seus blindados OIifant. Foi a primeiro combate de blindados na África desde a Segunda Guerra Mundial.  As 11 horas um ataque pesado de foguetes de MiGs permitiu a Brigada 16 quebrar o contato. Às 14 horas a posição foi tomada e capturaram muito material, mas a maioria das tropas fugiu. Capturaram 33 carros de combate, dois lança-foguetes BM-21, dois canhões de 76mm, quatro de 23mm, 24 mísseis SA-14, uma metralhadora de 14,5, um morteiro de 82mm e 32 caminhões. A Brigada 16 foi deslocada da posição com 75 mortos e seis prisioneiros contra 16 mortos.

No dia 11 de novembro, TF Alfa e Charlie atacaram o Grupo Tático 2 e a nova posição da Brigada 16.
As tropas foram 300 metros a frente e detectaram as posição. Os Ratel com seus canhões de 20 mm criaram um "fire belt action" para atacar simultaneamente as posições e param só quando a infantaria chegava no local para tomar a posição. A reação foi um novo ataque de MiGs que dispararam bombas por 9 horas em 56 saídas, mas a mais próxima caiu a 100 metros das tropas da SADF. A FAPLA perdeu 15 carros de combate, três blindados, três peças de artilharia antiaérea, 12 caminhões e 294 tropas. A SADF perdeu dois Ratel.

Entre os dias 13 e 17 de novembro, a Brigada 20 atacou a Brigada 21 da FAPLA no sul do rio Hube para não ligar com outras forças em Cabinga. Não conseguiram parar a retirada e fugiram perdendo sete T-55, um BTR-60, dois BM-21 e quatro caminhões, além de 131 mortos.

O ataque final foi entre 25 e 26 novembro, ao norte do rio Cambinga. Um Batalhão UNITA foi usado como esforço principal com a TF Bravo e Charlie apoiando. Atacaram defesas bem preparadas com muita artilharia e não tiveram sucesso.

Após os primeiros ataques pesados da SAAF contra as Brigadas ao sul do Rio Lomba, os comunistas não iniciaram a retirada como esperado. Os sul africanos tiveram que realizar mais bombardeio de artilharia e caças até outubro continuamente até fugirem a pé. Na "limpeza" do campo de batalha viram que seus veículos estavam todos perfurados pelas bombas Mk-82 pré-fragmentadas e dos projéteis de artilharia com munição airburst. Os motores, radiadores e pneus estavam furados e os veículos estavam imobilizados. As mensagens de rádio interceptadas mostraram que os pedido de comida e munição foram substituídos por pedido de radiadores e pneus.

No fim de dezembro, estavam reforçando Cuito-Cuanavale. Grandes comboios logísticos foram enviados de Menonque. Foram atacados nas estradas e forças de reconhecimento em terra infiltraram. Passaram as posições dos comboio por rádio e foram parados. Os ataques eram no inicio ou fim da noite. Os angolanos nao voavam bem a noite e raramente eram vistos. Os ataques dos caças era com disparo Toss longo.

Os combates foram pesados, intensos e convencionais. Os ataques da artilharia contra as Brigadas 21 e 47 eram precisos e prolongados. Os ataques com os Buccanner, Mirage, Canberra e Impala com bombas pré-fragmentadas com espoleta airbursting dizimaram as duas Brigadas. Em poucos dias o inimigo sofreu muitas baixas e o moral foi quebrado. As tropas da Brigada 47 abandonaram todos os seus veículos operáveis e fugiram a pé no rio e se juntaram a Brigada 21 também fugindo. A ameaça contra Mavinga, Jamba e UNITA foi frustrada novamente.

No campo de batalha encontraram 61 carros de combate, 53 blindados BTR-60, sete BMP1, 23 BRDM2 e 20 lança-foguetes BM-21 lança foguetes. As tropas comunistas tivera 1.059 mortos e 2.118 feridos. A África do Sul  perdeu 17 tropas e 41 feridos. A SAAF perdeu um Bosbok e quatro Seeker para os mísseis SAM. A operação Modular foi considerada um sucesso e a operação passou a ser incomodar o inimigo durante a fuga.

As rotas de suprimentos até Cuito-Cuanavale estavam protegidas. Cada comboio de suprimentos tinha cerca de 100 veículos com média de um comboio por semana. A UNITA e a SAAF atacaram com alguns sucessos, mas não pararam os comboios.


Os combates entre os blindados em Angola eram todos a curta distância devido a mata. A imagem mostra um T-55 em uma posição defensiva sendo rebocado por um Olifant. Um Ratel pode ser visto na foto. Os T-55 atiravam em movimento, mas os Ratel tinham que parar para atirar. Manobravam por trás, atiravam e fugiam para uma nova posição. A SADF investia em blindados sobre rodas para dar maior alcance. Eram grandes, altos e resistentes a minas. A visão do alto dava vantagem na mata. A infantaria avançava nos veículos até o contato ser iminente e depois atuavam como infantaria convencional. A ameaça de armas anti-carro era muito alta para lutarem dentro dos veículos. Os blindados também foram usado para levar suprimentos por alguns dias.


Um carro de combate T-55 cubano fugindo durante a operação Modular passa em frente a um blindado Ratel. A imagem mostra como eram os encontros a curta distância na mata angolana. O terreno e a mata enfatizava o tiro instintivo ao invés dos processos sofisticados de tiro a longa distância. A cooperação com a infantaria também era necessário pois o terreno ocultava os blindado dois lados. O Ratel 90 mostrou ser fraco para combater os T-55 mesmo a curta distância. Os Ratel 90 disparavam sempre que permitia tendo que atingir até 7-8 vezes antes de destruir os blindados russos.  O reflexo rápido e usar cobertura para disparar e esconder salvava os blindados. A SADF acabou tendo de enviar seus carros de combate Olifant para a frente de batalha.


Os canhões G-5 enviados pela SADF eram modelos de pré-série com alcance de 40 km e grande precisão apoiados por computador. A artilharia da SADF era de primeira qualidade com morteiros M-5 de 120mm, canhões G-5 (foto), canhões auto-propulsados G-6 de 155mm e lança-foguetes Valkirie de 127mm. 

Em 2001, durante a operação Enduring Freedom no Afeganistão, as equipes de Forças Especiais americanas aturam com a guerrilha local para derrotar seus inimigos. As equipes usavam seus aliados para detectar as posições inimigas e depois designar os alvos para aeronaves armadas com bombas guiadas. Na guerra da fronteira os sul-africanos já tinham usado um conceito semelhante com suas equipes de Recces atuando coma as forças guerrilheiras da UNITA para detectar as unidades inimigas e depois atacar, mas não com armas guiadas e sim com a artilharia dos canhões G-5 e com os Mirage disparando bombas burras.

A artilharia criou o maior estrago nas tropas comunista e virou a estrela da batalha com seu longo alcance e precisão. As baterias atacavam sem medo de retribuição. A quantidade era desproporcional para o tamanho com duas baterias G-5 com 16 peças, uma com três G-6, um com 12 lança-foguetes Valkiries e uma com oito morteiro M-5 de 120mm. No total eram 39 peças que era o dobro do poder de fogo de uma MEU (Unidade Expedicionária de Fuzileiros) do USMC que tinha cinco vezes o tamanho da Brigada 20.

A artilharia foi usada contra as Brigadas angolanas com grande efeito. No dia 17 de agosto de 1987, uma bateria de canhões G-5 foi deslocada para Angola na operação Modular. O G-5 tinha capacidade de disparar um projétil de 47 kg a 39km de distância a uma razão de três tiros por minutos. A bateria atuou por oito meses aterrorizando as tropas cubanas e angolanas. Não foi a quantidade de canhões que impressionou e sim a qualidade. Eram muito precisos e com longo alcance. A contra-bateria não dava conta. Os radar russos determinavam a direção dos disparos, mas não a distancia. Os MiGs também não encontravam os canhões. 

A atividade dos MiGs passou a ser caçar as peças de artilharia continuamente de dia e só puderam disparar a noite. A reação foram medidas de defesas passivas como camuflagem e disciplina de tiro. As peças em divididas em tropas e não em baterias para diminuir vulnerabilidade. Eram reposicionavam a noite para evitar que fossem localizadas. Usavam muita camuflagem e ficavam bem escondidas na mata, com pouco campo de tiro. As peças silenciavam se os MiGs decolavam. A FAPLA gastou muita energia para tentar localizar e destruir a artilharia da SADF sem sucesso.

Os sul africanos usaram posições falsas para enganar os pilotos e induzir a gastar suas armas em alvos falsos. Usavam morteiros para simular disparos próximos. As equipes de mísseis Stinger estavam próximos para disparar nos MiGs. O projétil de fumaça de 120mm também era disparado na mata e até nas posições da FAPLA induzindo os MiGs a atacar alvos lucrativos atingidos antes pelos ataques aéreos. Os Mirages se aproximaram para induzir os MiGs a decolar. Ao sair dos abrigos eram atacados pelos canhões G-5. Um MiG, um canhão ZPU-2 e um caminhão foram assim a destruídos.

Sem sucesso, os MiGs passaram a bombardear a área onde operavam a artilharia sul africana de forma aleatória, com bombardeiro especulativo, com esperança de atingir as peças. Depois que um MiG foi derrubado por um míssil Stinger e devido a ação da artilharia antiaérea, os MiGs passaram a voar acima de 4 mil metros dificultando em muito a detecção e a pontaria.

Foi em Cuito-Cuanavale que o efeito dos G-5 foi mais sentido. Unidades da SADF se aproximaram do rio Cuito e tiveram uma boa visão da cidade e da base aérea local. Tinham fotos áreas das posições no local. A missão era destruir um Posto de Comando, dois radares e três aeronaves. A prioridade máxima era destruir unidades de artilharia inimiga no local. Transmissões de rádio confirmaram o efeito dos ataques. No dia 1 de novembro, uma mensagem citava a destruição de quatro helicópteros, dois lança mísseis SA-8, seis blindados, cinco lança-foguetes BM-21, dois radares, dois MiG-21 e um An-12 ao redor do aeroporto.

Martelados pelo ar e pela artilharia, o moral das tropas da FAPLA baixou muito. O ataque contra Brigada 59 foi outra ação com sucesso. Foram tão amedrontados que os ataques contra as outras Brigadas não precisaram de tantos disparos. Prisioneiros citam que estavam tão vulneráveis que toda sua artilharia foi neutralizada quanto tentaram atacar os G-5.

A versão autopropulsada G-6 foi deslocada com a função principal de disparar contra blindados a longa distância. No dia 10 de setembro, detectaram tropas atravessando uma ponte TMM e uma unidade de reconhecimento chamou a artilharia. Um blindado estava a 35 km de distância e foi atacado pelo G-6 até ser destruído. Um MiG-21 foi chamado para atacar a bateria e errou feio atingido uma unidade amiga.

Os observadores avançados usavam táticas de "infestação", com pequenas equipes operando atrás linhas com fogo precisão. O comandante das unidades de artilharia foi morto no inicio da campanha quando sua aeronave de reconhecimento foi derrubada. Depois usaram os RPV Seeker para detecção e ajuste de artilharia. Os canhões G-5 atacavam veículos com tiro único com correção de 45 metros. Em uma ocasião, foram necessário 12 retransmissões de rádio para passar informações por 38km.

A artilharia atacava durante as manobras, e até sem batalhas, levando a muita demanda da logística. Em novembro, os canhões G-5 dispararam uma média de 90 tiros por dia por peça. Era atípico para o padrão histórico. Eram necessários cinco caminhões por dia para apoiar apenas três canhões. A pista de Mavinga recebia 45 toneladas de cargas por noite, sendo a maior parte de munição de artilharia, mas não tinham caminhões suficientes para levar para a frente. O caminhão Samil-100 podia levar metade da sua carga e ainda percorrer o terreno local. Como as baterias se movimentavam muito, a munição não era deixada no local e só voltavam para Mavinga após descarregar tudo. No fim de outubro, ficaram sem munição e apenas um canhão disparava até o sistema voltar a funcionar. O canhão G-6 criava sua própria trilha na mata e não teve pneu furado em 1800km percorrido. Dois canhões G-5 tiveram seu cano atingindo o fim da vida útil no fim de outubro e três no dia 13 de novembro. No fim da campanha, 10 dos 16 canhões G-5 estavam danificados e cinco precisando trocar o cano.

As ações diretas das equipes dos Recces também contribuiu com os fogos. Em setembro, seis tropas do 4th Recces e um observador de artilharia foram inseridos 40 km a noroeste de Cuito-Cuanavale. Foram até o rio Cuito e moveram 42 km rio abaixo até a ponte de Tumpo e explodiriam a ponte. Não foi destruída completamente, mas atrapalhou o trafego de veículos pesados pelo resto da campanha.

A interferência eletrônica também era um tipo de fogo não letal. Interferiam nos circuitos de Comando & Controle da FAPLA e seus carros de combate não conseguiam coordenar os ataques. Um blindado Casspir de ELINT monitorava as comunicações táticas na frente de batalha. Os interceptações indicavam estatística de baixas, moral e planos de movimento. Podiam até ajustar artilharia ao ouvir indicação de locais de ataque para o posto de comando. Na fronteira, equipes com melhores equipamentos coletavam dados das comunicações entre Luanda e a frente de batalha. Raramente as informações estavam criptografadas e nem pareciam consciente de que o sinal estava sendo explorado. Junto com equipes dos Recces operando próximo a base de Menongue, davam alertas de MiGs decolando o que dava tempo para a tropas se esconderem.

As operações psicológica também eram outro tipo de fogo. Em 18 de setembro, enviaram blindados Casspir com auto-falantes para enviar mensagens de áudio. Incluía gritos de hienas que irritavam os dois lados. Anunciavam onde seriam os ataques da artilharia para aumentar o efeito que podia ser salvas noturnas ou lançamento de panfletos.

A operação Modular foi considerada um sucesso por mostrar o que seria necessário para os comunistas vencerem. Convenceu os angolanos que só seria possível uma vitória com ajuda maciça de Cuba e russos, em terra e no ar. Os custos era maiores do que podiam pagar.

Rommel aprendeu em El Alamein que uma grande linha logística tornava impossível apoiar as operações. Napoleão em Moscou ficou na mesma situação e que piorou com a chegada do inverno. A SADF estava em uma situação similar mantendo suas forças bem longe em Cuito-Cuanavale. O transporte aéreo ia até Mavinga e os helicópteros levavam tropas e peças reposição para a linha de frente.

Durante as ações em 1987, os MiGs novamente impediam que as aeronaves de transportes voassem de dia, então voavam apenas a noite. A pista de terra em Mavinga era importante, mas os MiGs voando CAPs acima evitavam que a usassem de dia. O reverso das aeronaves de transporte também levantava muita poeira o que também evitava o uso de dia para não atrair os MiGs. Foi assim por sete meses com 6-7 voos por noite.

A pista não tinha nem um beacon móvel para auxiliar o pouso, mas também podia ser usado para atrair os cubanos. Usavam a precisão na navegação e anunciavam no rádio quando deviam ligar as luzes de caminhões na pista. No fim da pista viravam 180 graus para decolar, abriam a rampa e descarregavam e carregavam rapidamente. As tripulações e as tropas na pista acabaram treinando e descarregando rapidamente as aeronaves quando pousavam. Tinha que ser por pouco tempo devido a ameaça de MiGs.

As pistas eram todas de leste a oeste devido ao vento local. A noite não tinha muito vento então pousavam na direção oeste e decola em direção ao leste fugindo das posições angolanas. As forças locais eram alertadas por mensagem de rádio codificada da chegada de uma aeronave. Sem apoio de um beacon era difícil pousar a noite. Era difícil ver a pista a noite a distância e manter a direção. Então o navegador indicava um ponto até 5 milhas na direção da pista. O piloto voava até 1 milha por instrumentos enquanto o co-piloto olhava para fora. Cerca de 5 minutos antes acendiam as marcas na pista e eram apagadas logo depois de pousar. Depois levaram um gerador para iluminar pista, depois luzes com parafina e velas com soldados que era acionado a pedido dos pilotos sendo designado UNITA Flare-path illumination System (UFIS). Como os soldados se moviam de medo, causando vertigem nos pilotos, pregaram a iluminação na pista. Neste estágio da guerra, a força de transporte mantinham sempre uma aeronave baseada em Grootfontein por uma semana. Alternavam entre os C-130 e o C-160. O recorde foi voar 74 horas por semana com um C-160.

A logística era um limitador de combate. A África do Sul não podia apoiar um força grande e tinha que ser uma campanha barata. As linhas de comunicações eram grandes com uma distância de 200 milhas de Rundu até Mavinga mais 100 milhas até o campo de batalha. As estradas e rios eram inadequados. Eram trilhas primitivas até Mavinga, que era uma base avançada, todas controladas pela UNITA, mas a FAPLA tentou minar e emboscar as rotas. O terreno e a vegetação aumentavam o consumo. As aeronaves de transporte levavam combustível até Mavinga e depois era transportado por três caminhões indo e voltando até o campo de batalha. As colunas móveis levavam combustível para os helicópteros, mas na operação Modular só operavam a noite e foram poucas missões para evacuação médica.

A ponte de Cuito-Cuanavale era vital para apoiar os veículos pesados e a cauda logística. Em maio de 1987, dois comandos dos Recces fizeram um reconhecimento pelo rio para ver se podia ser destruída. Foi decidido realizar a operação de demolição depois da ofensiva quando as tropas sofreriam mais os efeitos. A SADF logo iniciou a Operação Coolidge, com os Pumas levando 12 Comandos a partir de Rundu até o norte de Cuito-Cuanavale na noite de 24 de agosto de 1987. Foram inseridos 70km acima do local para evitar as patrulhas. Descerem o rio por três horas em canoas Klepper em duplas até o amanhecer para se esconder. Na noite seguinte, foram em duplas com equipamento de mergulho. Os Recces nadaram até a ponte por cinco horas e depois mergulharam. Os dois primeiro foram detectados e fugiram com um ferido.O par seguinte colocou suas cargas com granadas explodindo ao redor. As outras três duplas também colocaram suas cargas. O último par foi detectado e atacado. O ponto de encontro ficava uma hora rio abaixo. O ponto secundário ficava a 7 horas nadando ou 20 horas a pé. Os dois outros podiam ir para outro LZ secundário. Duas duplas se perderam e foram atacados por crocodilos. Uma dupla perdida foi direto para o segundo LZ e foi atacado por um crocodilo e usou a faca para escapar. No final, evadiram as ameaças em terra e na água, mas tiveram que percorrer mais 20 km até o ponto de extração levando os dois feridos. A exfiltração no dia 26 de agosto foi cancelada devido ao mal tempo. Tentaram novamente na noite seguinte pois os MiGs evitavam as tentativas diurna. O problema complicou com os angolanos levando tropas com os Mi-8 e Mi-25, forçando os Recces a se retiraram da zona de pouso ficando difícil indicar a nova zona de pouso, mas lançaram luzes que foram avistadas. Como um helicóptero não pode participar da missão, tiveram que deixar material para trás e os três restantes ficaram sobrecarregados. A ponte no final ficou bem danificada pelas cargas explosivas e tiveram que usar helicópteros para passar cargas.

Operação Hooper

A operação Modular acabou em novembro 1987 e foi seguida da operação Hooper, iniciada em 27 de novembro de 1987. Neste estágio, as forças da SADF tinham atingido o planalto de Chambinga. O objetivo da operação Hooper era destruir as forças da FAPLA a leste do rio Cuito até 31 de dezembro. Por vários motivos a data passou para 13 de março de 1988.

A batalha foi mais do que tomar território pois incluía o lado político. O objetivo principal de Cuba era evitar perder a cidade de Cuito-Cuanavale. Enviaram seus melhores pilotos de MiGs para proteger os comboios logísticos até a cidade e para defender contra os ataques da UNITA contra a Brigada 21. Em 23 de novembro, foram enviadas 20 aeronaves que chegaram em 10 de dezembro. As primeiras 40 tropas, o Grupo Tático Cubano, avaliariam o campo de batalha.

Até dezembro de 1987, havia cinco Brigadas da FAPLA no leste do rio, em duas camadas defensivas, no rio Cuito. A primeira camada com três Brigadas viram a maioria da ação. No sul, a Brigada 25 guardava a ponte no rio Chambinga. A Brigada 59 acima protegia o flanco esquerdo e a Brigada 21 foi posicionada duas milhas ao norte no rio Cuatir. A segunda camada de defesa era o Triangulo de Tumpo, com as cidades de Cuito, Tumpo e o Rio Dala, defendido com as Brigadas 16 e 66. A Brigada 66 guardava a ponte no rio Cuito e do outro lado estava posicionada a Brigada 16, o Grupo Tático Cubano e um Batalhão de T-55, outro de artilharia e outro de infantaria mecanizada. A artilharia de campanha e antiaérea guardava a cidade de Cuito-Cuanavale. No total eram 4 mil tropas com 45 carros de combate T-55, 65 blindados e 10 lança-foguetes BM-21.

O moral das tropas parecia baixo depois de seis meses de ataques de artilharia. As tropas cubanas reforçaram as unidades mais fracas. As defesas foram reforçadas com bunkers, trincheiras e campos minados. Com a artilharia da FAPLA localizada e destruída foram reforçadas com os BM-21. Até o fim de dezembro chegaram 300 peças de artilharia.

Em 14 de dezembro, a Divisão 50 cubana iniciou seu avanço para o norte de Cunene, com o objetivo final de forçar as negociações no campo político. No fim de janeiro de 1988, havia 3.500 tropas cubanas em Cunene.

Tentaram reparar a ponte no rio Cuito, mas foi atacada por bombas guiadas H2 em 3 de janeiro de 1988, ficando inoperável por um mês. Usaram helicópteros para compensar, mas a capacidade de transporte era limitada.


Na batalha de Cuito-Cuanavale, a SADF usou os ARP Seeker ajudando a detectar e identificar as posições das Brigadas da FAPLA. Mesmo com os blindados usando a proteção das árvores, os Seekers podiam ver facilmente as trilhas de blindados e veículos. Os Seekers logo viraram alvos prioritários e os angolanos conseguiram derrubar três Seeker com os mísseis SA-8. O primeiro a ser derrubado foi visto pelas tropas da UNITA que ficaram dois dias procurando o piloto, até serem informados que não era tripulado. Os Seeker eram acompanhados pelos radares, mas eram muito difíceis de derrubar. Foram disparados 17 mísseis SAM no primeiro Seeker até ser atingido. Cada SAM disparado contra o RPV era um a menos a ser disparar nos caças da SAAF. O Seeker já tinha sido usado contra a base aérea de Xangongo e Cahama, detectando pela primeira vez os SA-8. Foi atacado por três mísseis com erro próximo. O terceiro míssil danificou o domo do FLIR. Todos que estavam vendo o vídeo se abaixaram ao verem os mísseis passando. Também contaram cerca de 250 tiros de 23 mm disparados contra a aeronave. Foi o que levou a tentarem capturar o lançador de mísseis SA-8 na operação Askari. Em 25 de novembro de 1983, o Gharra, código dos ARP Seeker foram deslocados para Xangongo com controle do MAOT para monitorar a região ao redor de Cahama para apoiar a operação Fox, com o objetivo de detectar, localizar e captura um lançador SA-8 deslocado para o local. A operação Fox fazia parte da operação Askari. O SA-8 foi detectado a dois km a sudoeste da cidade, próximo a estrada para Ediva. As ações pelo ar e o bombardeio de artilharia forçaria a bateria SA-8 a mover sua posição para o sul, forçando sair da proteção de Cahama e sites artilharia antiaérea no local. Depois as tropas tentariam capturar a bateria. A missão era prioridade pois era a primeira vez que um SA-8 foi deslocado fora da URSS e teria grande valor de inteligência. Realmente o lançador se moveu duas vezes para o sul, mas a pressão política forçou pararem as ações antes de conseguirem capturar o SA-8.


Uma bomba disparada por um MiG-23 que caiu perto de um posto de comando da SADF. Os MiGs disparavam a média altitude para evitar a ameaça dos mísseis Stinger e assim não tiveram muito sucesso.  


Um blindado Olifant atolado nas fases finais da batalha em torno de Cuito-Cuanavale (visível ao fundo).

O primeiro avanço da Brigada 20 sul africana foi entre 13 a 14 janeiro de 1988 contra posições da FAPLA a leste do rio Cuito. A Brigada 21 foi bombardeada pelos canhões G-5, lança-foguetes e morteiros. As tropas usadas foram da UNITA, 61 Mech, 4 Batalhão de Infantaria e foram logo atacados por artilharia ao atingirem um campo minado. Tomaram a posição após uma hora, mas foram atacados pelo ar por dúzias de saídas de MiG-23. O avanço continuou contra os bunkers da Brigada 21 até fugirem para Tumpo protegidos pela Brigada 16. No dia seguinte continuaram o avanço e foram atacados pelos MiG-23, com um MiG sendo derrubado por um míssil Stinger da UNITA. As tropas da SADF acabaram se retirando para Chambinga deixando as tropas da UNITA no local por não terem condições de continuar o ataque contra as Brigadas 66 e 69.

No dia 6 de fevereiro, o Esquadrão 24 usou seus Buccaneers escoltados por Mirage F1AZ para atacar a ponte no rio Cuito com bombas guiadas H2.

O segundo assalto da SADF foi em 14 de fevereiro. As tropas tinham se retirado para reagrupar e se preparar para atacar a Brigada 25. A UNITA não atuava direito e a SADF tinha que tomar a frente. Iniciaram o ataque com um bombardeiro de artilharia e  caças para a 61 Mech e a UNITA manobrarem entre as Brigadas. Ambas pediram reforços causando confusão no posto de comando da FAPLA enviando tropa cada hora para uma, indo e voltando. Os reforços de carros de combate teve sua comunicação interceptada e os blindados da 61 Mech se posicionaram para interceptar, levando a primeira batalha de tanques da guerra. A visibilidade era pouca e o combate foi a curta distância, cerca de 100 metros. Apenas o T-55 do comandante cubano sobreviveu ao entrar na mata e camuflar fugindo no fim do dia. As 14h00min, os Olifants varreram as posições avançadas da Brigada 59 e tomaram o posto de comando da Brigada.

O próximo passo seria atacar o triangulo de Tumpo. A Brigada 20 atacou a Brigada 50. No dia 19 de fevereiro, iniciaram o ataque com apoio da artilharia seguido do avanço dos Ratel e Olifant. Foram atacados por artilharia e depois por 30 saídas de MiGs. Atingiram um campo minado e tiveram que se retirar, o que foi desmoralizante para a SADF. Podiam ter tido sucesso pois a Brigada 59 fugiu da posição ao escurecer e foram forçados a voltar depois.

O terceiro assalto iniciou em 25 de fevereiro. Os MiGs já tinham aumentado suas ações e um foi derrubando no dia 19 de fevereiro. Dois dias depois bombardearam um comboio da SADF a leste do rio Cuito. Os alvos prioritários no avanço eram as posições dos canhões de 23 mm pois causavam a maioria das baixas. Então enviaram os blindados Olifant na frente. A operação iniciou com um assalto falso da UNITA e do Batalhão 32. As tropas foram atacadas por artilharia e 60 saídas de MiG-23. No fim do dia, pararam o ataque devido ao por do sol e se retiraram, aumentando o moral da FAPLA.

O quarto ataque foi em 29 de fevereiro. Enviaram mais engenheiros para limpar os campos minados, mas marcavam o caminho e os cubanos colocavam mais minas a frente. Os blindados tinha sofrido muitas falhas, com apenas 17 de 28 funcionando. Estavam atacando 800 tropas da FAPLA com sete T-55 e três BM-21 contra as tropas da 61 Mech, Batalhão 32 e tropas da UNITA vindo do norte. Os Olifant foram equipados com esteiras anti-minas (mine rollers) que os deixava difíceis de manobrar. A chuva forte e a mira noturna com pane em vários blindados atrapalhou o avanço noturno. A leste de Tumpo havia 15 mil minas ou obstáculos explosivos. A reação foi novamente ataques de artilharia e MiGs. Um MiG foi derrubado e caiu em Longa. Próximo ao rio, as forças na linha de frente detonaram algumas minas e começou o combate terrestre que durou horas. Com muitas falhas mecânicas e fogo pesado, principalmente das peças de 23 mm, os sul-africanos se retiraram. A 61 Mech chegou a atingir a posição da Brigada 25, mas estavam desertas. 

No dia 12 de março de 1988, foi iniciada a operação Paeker para destruir a FAPLA no Rio Cuito. A operação foi realizada pela Brigada 82 composta por dois Batalhões mecanizados, dois Esquadrões de carros de combate Olifant e um de Ratel, uma Bateria de canhões G-5, G2, lança-foguetes e artilharia antiaérea. Atacariam Cuito-Cuanavale pelo norte para forçar as forças angolanas a passarem para o lado leste do rio, mas o objetivo só foi atingido no dia 12 de maio.

O ataque final seria no dia 23 de março. No dia 20 de março, observadores de artilharia se infiltraram ao norte de Cuito e atacaram as posições da FAPLA. As defesas estavam bem preparadas com campos de minas, posições de canhão defensiva, e blindados na reserva. As tentativas sempre foram frustradas e os ataques de despistamento no sudoeste não funcionavam. Com o combustível dos blindados acabando, manobrando nos campos minados, e muita poeira no campo de batalha, as tropas se retiraram com três blindados abandonadas. Perceberam que tomar o local causaria muitas baixas. Foram trocados 4 mil tiros de artilharia e foguetes entre dos dois lados. As negociações no campo político forçou uma parada nos combates terrestres.

As operações Hooper e Packer foram planejadas rapidamente e tiveram sucesso. Os dois lados reforçaram as forças no local. A África do Sul usou seus carros de combate pela primeira fez enquanto os canhões G-5 e G-6 foram usados enquanto ainda estavam sendo desenvolvidos, assim como os ARP seeker.

A batalha atingiu um ponto de culminante. As linhas de suprimentos sul africanas estavam muito estendidas. Arriscavam muito com pouco retorno. Não corriam risco de perder a campanha após o sucesso no Rio Lomba, mas o esforço não tinha retorno. As perdas inimigas foram 4.392 mortos e feridos. Perderam 377 veículos logísticos, 84 blindados, sete baterias de mísseis SA-8 e três SA-9, dez lança-foguetes BM-21 e cinco radares. A África do Sul perdeu 40 mortos mais 114 feridos, sendo apenas quatro para os ataques aéreos.

O gradualismo ocorreu em toda a guerra. Iniciou com apoio de conselheiros russos. Depois a operação Segundo Congresso em 1985, seguida da superioridade comunista que foi contraposta pela UNITA apoiada pela África do Sul.

No fim da operação Parker, a Divisão 50 cubana lançou um ataque blindado de Lubango em direção a Calueque e Ruacana. Os caças começaram aparecer no radar de dia e a noite e passaram a se aproximar a 30km da fronteira. Dois caças chegaram a cruzar a fronteira. As tropas cubanas pararam a 50km da fronteira e se continuassem também estariam no fim de uma grande cadeia logística. Então os sul-africanos passariam a estar em vantagem.

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