Luta pela Superioridade Aérea

Um dos fatores de sucesso da SAAF contra as defesas aéreas em Angola era a disponibilidade de um sistema de Comando & Controle computadorizado centralizado atuando em tempo real. O sistema era chamado de Jampot e entrou em operação no fim de 1981. O sistema anterior era manual como o da batalha da Inglaterra. Com o Jampot, todas as bases da SAAF estavam ligadas em uma rede digital, e todo comandante tinha um display mostrando o estado de prontidão dos meios. Os comandantes de esquadrões podiam trocar comunicação por dados e voz facilmente.

Em 1983, foi introduzido o sistema Jampot no 310 AFCP (Air Force Command Post) em Oshakati, para apoiar as operações no teatro de operação ao norte durante o conflito. O AFCP controlava a batalha aérea com os recursos disponibilizados como aeronaves, pessoal, radares, sistemas de defesa aérea e as forças de segurança em terra. Cada AFCP tinha uma área de responsabilidade e incluía as batalhas aéreas e terrestres. O posto de comando dos controladores aéreos avançados no MAOT (Mobile Air Operations Team) era controlado pelo seu AFCP que comandava as operações equivalentes, mas não as terrestres.

O MAOT era comandado por um Capitão, mais um Oficial auxiliar, um ajudante, um Oficial de Inteligência e seu ajudante, e uma equipe de comunicação com dois sargentos. Quando acompanhavam as forças terrestres avançando dentro de Angola, as equipes do MAOT avançavam em dois blindados resistentes a minas como os Buffels, Ratels e Caspirs. Os blindados eram equipados com rádios para permitir a comunicação com todos os participantes da ação, em terra e no ar. As armas dos blindados eram retiradas e eram instaladas muitas antenas.

O MAOT fica junto com o Posto de Comando da unidade em terra que estava acompanhando. O MAOT atuava como Controlador Aéreo Avançado com o ASO (Air Support Officer), controle de trafego aéreo, avaliava pistas de pouso, criava pistas improvisada, zona de pouso de helicópteros (HAG - Helicopter Administration Group) para remuniciar e reabastecer os helicópteros apoiando os assaltos aéreos, preparava zonas de lançamento de pára-quedas, e controlava a evacuação aeromédica. Para criar HAGs, as unidades motorizadas levavam combustível adicional nos seus veículos.

Para funcionar bem, todo o sistema dependia de treinamento, logística, controle de trafego aéreo, controle de caças, sistemas de comunicações, operadores de radar, bases funcionando e tripulações em terra bem preparadas.

O treinamento era outro fator do sucesso. O turnaround das aeronaves foi diminuído permitindo realizarem mais missões por dia. O turnaround baixou de 1 hora para 30 minutos, com os caças podendo voar quatro  saídas por aeronave por dia ao invés de três. A relação entre os pilotos e o pessoal de apoio era de 1 para 20.

Os novos pilotos designados para a caça iam para o Impala, depois para o Sabre, e depois para os Mirage III onde recebiam treinamento de táticas ar-ar, ar-solo e reabastecimento em voo. Depois iam para os esquadrões operacionais onde voavam por dois anos e depois voltavam para uma nova fase de treinamento. O resultando era pilotos de grande qualidade. A SAAF usou o conceito israelense que usa muito pilotos de caça de reserva ou trabalhando em tempo parcial para manter a força total de pilotos dos Esquadrões.

O treinamento era o mais realista possível. Para identificação de alvos em terra, treinavam os pilotos com equipamento real capturado, mas até a 100 metros um alvo falso ainda era difícil de identificar, assim com os veículos e armas reais.

Em 1986, nos treinos simulavam cenário no teatro de Angola na própria África do Sul e treinavam com outros esquadrões. Os Mirage III simulavam os MiG-21 e MiG-23. Os pilotos colocavam símbolos sólidos no RWR para simular alertas radar. A guerra virou parte do ciclo de treinamento dos pilotos. Antes os esquadrões treinavam individualmente ao invés de sincronizados. Na operação anual Saamwerk, foi concentrado o esforço com os oito esquadrões de caça e o sucesso levou a um treinamento anual.

O embargo contra a África do Sul foi iniciado após a invasão de Angola em 1975. Sem suprimentos internos começaram a desenvolver sua própria indústria de armas. Os veículos anti-minas são usados até hoje no Iraque. Com a artilharia comunista mais potente desenvolveram os obuseiros G-5 e G-6 de longo alcance. A partir dos lançadores de foguetes BM-21 capturado, criaram o Valkiri de 127mm. Os sistemas de auto-defesa para os caças foram desenvolvidos a muito custo, além de demorar a ficar prontos. Os Chaff e Flares só ficaram disponíveis no fim da guerra, sendo muito necessários no inicio. Em 1988, todos os Mirage F1 estavam equipados com o alerta radar CRWS, Chaff e Flares que podiam ter ajudando muito nas batalhas no Rio Lomba e Cuito. Os mísseis Matra 550 receberam uma nova espoleta da Kentrom para não explodir ao atingir os jatos do escape dos motores. A parceria com outros países, geralmente clandestino, foi com o Chile, Taiwan e Israel, resultando no Cheetah, conversão do Mirage III, se parecendo muito com o Kfir. O embargo acabou em 1989 após 23 anos e reiniciaram o envio de suprimentos para o país.

Os russos acabaram se tornando os principais fornecedores de armas dos sul-africanos devido a grande quantidade de armas e material capturado após as batalhas. Vários mísseis SAM russos foram usados para formar unidades de defesa aérea. Eram tantos lança-foguetes RPG-7 que todas as tropas foram equipadas e treinadas com a arma. Já na primeira invasão em 1975, conseguiram capturar muitas armas, munições e suprimentos, podendo armar e equipar seus aliados da UNITA. Para a África do Sul, as vitórias contra os comunistas também significava, além da captura de equipamentos, que voltariam depois com mais armas e melhores.


Uma unidade de radar móvel (Mobile Radar Unit - MRU), da Marconi, para apoiar as operações de caça foi instalado em Ondangwa. O código de chamada era Dayton. O radar era operado pelo 70 Mobile Radar Groups. Depois foi instalado outra estação em Ombalantu e depois em Rundu nos estágios finais da guerra.

Combates Aéreos

No dia 11 de novembro de 1978, dois Mirage F1CZ estavam escoltando um Mirage IIIR2Z em uma missão de reconhecimento em Namibe, bem ao norte de Angola. Na volta foram alertados pelo radar Dayton, código de chamada do radar avançado, de alvos rápidos indo em direção a formação. Os Mirages fugiram e o contato voltou para sua base.

A ação levou a uma aceleração da produção do míssil ar-ar V-3. O V3B iniciou a integração no Mirage F1CZ em 1974. Já em 1976 já estava liberado e em 1978 foi liberado para uso no Mirage F1AZ. O míssil V3B foi integrado com uma mira montada no capacete de projeto local. A mira teve o projeto iniciado em 1975 e a SAAF seria a primeira força aérea a ter um modelo completamente operacional. Um capacete foi roubado por um espião e copiado pelos russos. Uma versão atual é usada no Rooivalk.

Outro encontro aconteceu em 11 de março de 1979. Novamente os Mirage IIIRZ estavam realizando voos de reconhecimento em torno de Xangongo. Estavam na cobertura do radar Dayton e foram alertados de contatos. Os Mirage não estavam armados e depois os contatos foram determinados como "bandidos" e logo os Mirage voltaram para base bem baixo e rápido.  

Os pilotos logo iniciaram um treinamento intensivo de manobras de combate aéreo (ACM - Air Combat Maneuvering). Israel testou os Mirage IIIR2Z e o Mirage F1CZ da SAAF pois o I queria comprar e Israel queria estar a frente nas informações. Em troca os pilotos da SAAF teriam aulas de combate aéreo com os pilotos israelenses.  

A escalada da guerra em 1980 tornou inevitável o combate contra os MiGs na fronteira. No dia
20 de agosto de 1981, durante a operação Protea, a estação de radar Dayton detectou um jato rápido indo em direção a Ondangwa. Um par de Mirage em alerta armados com lança-foguetes para apoiar missões de apoio aéreo foi acionado. Ao se aproximarem a 40 milhas do alvo, logo após alijarem os caros lançadores de foguetes, os MiGs viraram 180 graus e voltaram para Lubango.

Em 3 de setembro de 1981, após a  operação Protea, foram novamente detectados MiGs no radar. As 9h36min, três contatos se aproximaram das forças sul africanas operando em Angola. Dois Mirage F1CZ foram destacados de uma missão de escolta e foram vetorados para os MiG sem sucesso. Os MiGs sumiram do radar em terra antes de entrarem no alcance dos Mirages. Os pilotos falavam espanhol indicando que eram cubanos. As 15h28min, os MiG reapareceram e dessa vez não tentaram interceptar pois não ameaçavam as forças em terra e o atraso no alerta dava poucas chances de sucesso. A atividade dos MiGs foi alta durante a operação, mas estavam em patrulhas para defender suas bases em Angola. As operações de escuta de rádio até interceptou transmissões de rádio dizendo "MiGs vão para o seus alvos" no dia 5 de novembro, mas nada aconteceu e continuaram na defensiva. Aeronaves voando sobre as tropas amigas não foram encontradas depois pelos caças.

Durante a operação Protea, os Mirage F1AZ escoltados por Mirage F1CZ fizeram reconhecimento armado contra comboios tentando reforçar as forças em Bambi sem encontrar alvos. Voavam a 15 mil pés, acima do envelope dos mísseis SA-7, mas era difícil detectar veículos. Voavam cada um do lado da estada. Um caminhão foi detectado em Tetchamutete indo para o sul pois os pilotos podiam ver a poeira facilmente do alto. De manhã e a tarde, a sombra dos veículos era mais difícil de detectar. Pediram permissão para o ASO (Air Support Officer) para identificar como inimigo e depois mergulharam e destruíram o alvo. Um mergulhou e subiu e o outro continuou baixo após o ataque. Em um certo momento, Dayton avisou de MiGs vetorados para os Mirages. Com os pilotos mergulhando para atacar os alvos em terra, o controlador do radar Dayton pensou que os MiGs os derrubaram.

No dia 6 de novembro de 1981, a atividade dos MiGs aumentou. Dois Mirage F1CZ estavam em alerta e as 7h00min o radar Dayton detectou dois alvos rápidos vindo de Lumbango para o sul em direção a Quiteve e os Mirages foram acionados. Como os MiGs fugiam após os Mirages serem detectados pelos radares de alerta angolanos em terra, os Mirage F1CZ penetraram baixo até o rio Cunene e acelerando depois para a velocidade de combate. O Major Rankin liderava com o Tenente Plessis na ala. Cruzando o rio subiram de 50 para 25 mil pés em 30 segundos sem serem detectados pelos radares inimigos. Plessis viu os MiGs na direção oposta a 3-5 milhas vindo da direita para a esquerda. Eram dois MiG-21MF na mesma altitude dos Mirages. Logo os Mirage alijaram seus tanques e iniciaram uma curva para esquerda para ficar atrás dos suspeitos. Os MiGs estavam separados entre 1.000 a 1.500 metros, com o ala em um cone de 30 graus atrás do líder. Estavam indo em direção ao sol atrapalhando o disparo dos mísseis Matra 550 Magic I. O Major Rankin se aproximou do MiG ala e disparou o canhão de 30 mm a 350 metros de distância, causando uma trilha de combustível vazando. Os MiGs iniciaram uma curva fechada para a esquerda, descendente e alijaram seus tanques. Rankin estava alcançando o Líder e tentou disparar um míssil que não funcionou. Rankin reiniciou a curva para perseguir o ala inimigo e ordenou que Plessis seguisse o líder. O MiG ala então cometeu um erro crucial ao reverter a curva, permitindo que Rankin se aproximasse rapidamente e disparasse novamente seu canhão. O MiG explodiu partindo no meio e o piloto ejetou. Plessis seguiu o MiG líder que entrou em uma curva em espiral descendente. Plessis tentou disparar um míssil duas vezes, mas o míssil não disparou. A curva de alto "g" excedeu os parâmetros de disparo do míssil. O combate resultou no primeiro kill da SAAF desde a Guerra da Coréia, mas não gostaram foi do desempenho dos mísseis Matra R550 Magic I.


Imagens da câmera do canhão de Rankin do seu primeiro Kill contra o MiG do Major Leonel Ponce.


Sequências de eventos do kill do Major Rankin.


Os Mirages sul-africanos cruzando com os MiGs angolanos.

No dia 13 de maio de 1982 a Inteligência citou que haveria um encontro de Estado Maior entre Oficiais cubanos e angolanos em Cuvelai. Dois Mirage F1CZ armados com mísseis Matra R550 decolaram as 16h35min para tentar interceptar o helicóptero de transporte. Depois de decolar de Ondangwa, os Mirages subiram para 20 mil pés indo direito para Cuvelai, chegando 15 minutos depois. Iniciaram uma patrulha de combate aéreo a 16 mil pés para evitar a artilharia antiaérea enquanto procuravam os helicópteros que transportariam os oficiais. Depois desceram para 10 mil pés para facilitar a busca. Circulavam em posição oposta para cobrir um ao outro. Cerca de 15 minutos depois, um Mi-8 foi detectado já no solo ao sul da cidade. Os Mirages se posicionaram para um ataque ao solo com o sol pelas costas. O primeiro disparou e os tiros acertaram a frente do helicóptero e o segundo Mirage atingiu o helicóptero.

Entre 3 a 8 de outubro de 1982, os Mirage F1CZ foram deslocados para Ondangwa para cobrir os voos de reconhecimento em torno de Cahama. No dia 5 de outubro, as escoltas foram alertadas sobre MiGs se aproximando. O Canberra de reconhecimento foi direcionado para o sul e os Mirage F1 para o norte, sendo instruídos a subir a 30 mil pés e acelerar até Mach 0.95. Ficaram de frente aos MiGs a 12 milhas. Rankin detectou dois MiG-21 na mesma altitude a 5 milhas e logo depois alijaram os tanques e ligaram o pós combustor, iniciando uma curva para a direita para perseguir os alvos. Os MiGs disparam antes de cruzarem com os Mirages, mas os mísseis não guiaram. Os Mirage completaram a curva de 180 graus enquanto os MiGs viraram para a direita vagarosamente ainda voando supersônico. Estavam se distanciando e Rankin passou o radar de standby para o modo de transmissão para alertar o RWR dos MiGs e forçar a virar, pensando que estavam sendo atacados. Realmente os MiGs reverteram e os Mirage F1 puderam cortar a distância. Descarregando "g's", os Mirage F1 aceleraram até Mach 1.3, iniciaram uma curva de perseguição e Rankin disparou um míssil Matra 550 sem trancar o radar no alvo. O míssil guiou até chegar próximo do MiG, mas depois desviou. Foi disparado a 3 km e fora do alcance a esta velocidade. Se aproximando mais, Rankin disparou um segundo míssil a 1.500 metros que guiou. O MiG iniciou uma manobra Split-S mas o míssil explodiu atrás do MiG.

O MiG parecia ainda estar controlado e continuou virando para a esquerda antes de voltar em direção ao norte soltando fumaça e conseguiu pousar de barriga bastante danificado. Rankin depois foi atrás do MiG líder que entrou em um Split-S para a esquerda. Rankin conseguiu se aproximar e a 230 metros disparou seu canhão. O MiG explodiu bem a sua frente. A fumaça e o calor causaram um estol de compressor no Mirage de Rankin. Seu ala tinha conseguido chegar perto do MiG a 1.500 metros, mas a 80 graus de ângulo não conseguiu disparar.


Imagem do disparo do primeiro míssil Matra 550 Magic de Rankin sem atingir o alvo.


Imagem do kill de Rankin com o canhão.


Sequência do combate aéreo.


Rankin estava pilotando o primeiro Mirage F1CZ com nova pintura de superioridade aérea.


Desenho mostrando o combate de Rankin. O Mirage de Rankin foi o primeiro a receber uma camuflagem cinza de superioridade aérea que foi logo aplicada em todos os Mirage F1CZ.

Em 5 de agosto de 1983, seis Mirage F1AZ foram deslocados para Ondangwa pois os MiG-21 decolando de Menonque armados com bombas estava atacando as tropas da UNITA e as forças sul africanas. O objetivo dos Mirage F1AZ armados com mísseis ar-ar era forçar os MiGs a reconfigurar para o padrão ar-ar. Foram realizadas três saídas voando bem baixo até o norte de Menonque e subindo até 30 mil pés na cobertura do radar angolano. Um DC-4 de escuta eletrônica monitorava a reação. Após a primeira saída os MiGs pararam de reagir e de atacar as tropas da UNITA.

As tropas angolanas da FAPLA apoiadas pelos cubanos e soviéticos tentaram capturar a cidade de Mavinga em 1985 e 1987 para poder instalar um radar no local. O resto do país e países vizinhos já tinham total cobertura radar e a SAAF estava usando a falha na cobertura local para operar e apoiar a UNITA pelo ar. Era parte da Doutrina soviética usar sempre um radar e controle centralizado para apoiar suas aeronaves. Com a SWAPO falhando no seu objetivo, o conflito virou uma guerra convencional e precisariam de mais cobertura radar.

Kill dos Impalas

O ataque em pinça contra Mavinga em 1985 foi parado pela UNITA com ajuda principalmente dos ataques dos Mirage F1AZ e dos Impalas contra suas linhas de suprimentos. Logo as tropas comunistas ficaram sem suprimentos. Os cubanos operavam de Menonque com quatro Mi-25, dois Mi-8, quatro Mi-17 e vários Alouettes. Foram deslocados quatro Mi-24 e quatro Mi-8/17 operando em Cuito-Cuanavale apoiando a batalha realizando apoio aéreo e escolta.

Após as vitórias da UNITA contra as tropas avançando, e os ataques aéreos contra as rotas logísticas, começaram a usar os helicópteros para evacuar os feridos e levar cargas para as unidades mais necessitadas. Devido a interdição das estradas pelas forças da UNITA usavam muito os helicópteros para apoiar as tropas. Eram voos diários escoltados pelos Mi-25. Nas zonas de pouso, os Mi-25 faziam fogo supressivo em mergulho raso e as vezes usavam os canhões. As patrulhas de longo alcance indicavam que os helicópteros vinham de Cuito-Cuanavale, subiam para 3 mil pés para evitar as armas leves e seguiam os tributários do Rio Longa até as tropas.

Como os pilotos cubanos não conheciam o local, seguiam os rios e as poucas estradas para navegar e o padrão logo se tornou previsível. Os pilotos de helicópteros cubanos eram considerados ruins pois só seguiam rios para navegar e voavam reto para qualquer ponto, além de não voar a noite. Voavam sempre alto e geralmente perdiam a zona de pouso. O planejamento das missões era demorado e a Inteligência sul africana até previa as saídas. A disciplina de rádio era ruim, mas melhorou com os soviéticos liderando as formações. Usavam apenas duas frequências de rádio sendo uma para caças e helicópteros e outra para as aeronaves de transporte.

As formações de helicópteros cubanos voava de 3 a 6 mil pés acima do solo com os Mi-25 de escoltas 2 km atrás. Voavam em "V" e as escoltas em linha separados 500 metros entre si. A ameaça principal eram os RPG e armas leves. Dependendo da ameaça podiam ter escolta de MiG-23 voando a 5 a 6 mil metros e vários quilômetros atrás que voavam alto pois a maior ameaça para os caças era o míssil Stinger.  

Na retirada Angolada de Mavinga, no dia 17 de setembro, foram interceptadas mensagens de rádio dos angolanos pediram apoio dos helicópteros para retirar os feridos. Os russos estavam usando os voos para escapar e eram as forças que planejaram e lideraram a operação Segundo Congresso. Era a oportunidade de ouro para pegá-los. Logo iniciaram planos para atacar os helicópteros. Precisavam de informações sobre as decolagens das aeronaves e enviaram uma equipe de reconhecimento do Batalhão 32 para vigiar a base inimiga.

Escolheram os Impalas para realizar as missões por ter um pequeno raio de curva comparado com os Mirage F1. O Esquadrão 8 já tinha enviado 12 aeronaves para apoiar as operações. Escolheram pilotos experientes e logo passaram a se preparar para derrubar os helicópteros cubanos. Treinaram antes por dois dias contra os Pumas voando o mesmo padrão dos cubanos. Usariam quatro pares de Impalas decolando de Rundu em intervalo de quatro minutos para cobrir a "janela" de oito minutos no local. Três pares seriam usados para reconhecimento e ataque na mesma rota e quarto para CSAR. Um DC-4 de ELINT seria usado para Comando & Controle e um Kudu para Telstar e enviando palavras chaves indicando a situação dos helicópteros e escoltas. Foram escolhidas seis rotas nos locais mais seguros para os Impalas.

A área do alvo estava a 35 minutos de voo de Rundu, a 30 milhas a sudeste de Cuito-Cuanavale. Os Impalas deveriam chegar no local ao mesmo tempo que os helicópteros. Tinham que voar baixo para fugir dos radares e conseguir surpresa. No local teriam 22 minutos para detectar e derrubar os helicópteros.

O ingresso seria a 50 pés acima do solo fora do alcance dos radares cubanos e evitaria alertar os MiG-23. Os Impalas atacariam com os canhões de 30 mm por trás e pouco acima. Com carga externa, os Impalas perdem muita energia após de baixa altitude e ficariam vulneráveis se tivesse escolta de MiGs, então a subida seria em angulo raso. Voariam aos pares e no ataque fariam uma manobra de tesoura, com o líder atacando o alvo mais atrás e o ala atacaria o líder dos helicópteros. Os pilotos só fariam um passe na rota, não orbitariam o local, e manteriam total silêncio de rádio.

Foram várias missões abortadas antes de conseguiram um sucesso. Em uma missão abortada, um Impala viu um MiG bem acima indo na mesma direção, mas não foi visto pelo MiG.

No dia 27 de setembro de 1985, uma equipe de reconhecimento em terra, escondidos próximo a Cuito-Cuanavale alertou sobre a decolagem de uma formação as 16h00min. Os Impalas logo decolaram. Foram para o IP, uma curva do Rio Cubango, a leste de Rundu. Após 32 minutos estavam no local. Ao voar para o segundo tributário viram os helicópteros, com o primeiro par detectando a formação a 2 mil pés. O líder quebrou o silêncio de rádio e avisou o ala dos helicópteros a 5km a frente. O ala iniciou o ataque por estar em melhor posição e atacou o helicóptero mais a traseira atingindo por trás. O piloto pousou com o helicóptero pegando fogo, disparando foguetes e alijando as cargas. O helicóptero líder mergulhou e o Impala líder se aproximou do lado e por baixo disparando 19 tiros. Atingiu o helicóptero que atingiu o solo com nariz alto e explodiu. O ala se reposicionou para atacar seu alvo com uma segunda rajada e atingiu os rotores. O helicóptero explodiu ao atingir o solo.

Os cubanos não desconfiaram do que aconteceu e no dia 29 de setembro a equipe de reconhecimento do Batalhão 32 alertou sobre outra formação decolando. Eram dois Mi-8 com dois Mi-25 na escolta. Os Impalas novamente decolaram. A formação cubana estavam sobrevoando o Rio Lomba a 3 mil pés, com o Mi-8 em trilha, separados 1 km um do outro com os Mi-25 a cerca de 1 km atrás em escalão.

O primeiro par de Impala atacou os Mi-24 derrubando-os. Os Mi-17 foram alertados e um consegui fugir do ataque do segundo par de Impalas pousando na mata, mas o piloto viu os Impalas saindo da área e subiu sendo atacado pelo terceiro par de Impalas. Os últimos Impalas também viram dois MiG-23 sobrevoando os helicópteros derrubados e logo depois os MiGs subiram rápido e saíram da área.

Depois dessa ação os angolanos diminuíram muito as operações de reabastecimento, resgate e evacuação médica. Sem suprimentos, as tropas da FAPLA recuaram e foram perseguidos na fuga com grandes perdas. Para ajudar a esconder o que aconteceu, a UNITA declarou ter derrubado seis helicópteros angolanos com mísseis Stinger.


Um helicóptero Puma usado como sparring pelos Impalas antes das missões reais.


Imagens da câmera de ataque dos Impalas derrubando os helicópteros cubanos em 1985.

Operação Bellombra

Em 1986, a SAAF passou a sentir a falta de cobertura radar para as próprias aeronaves e a falta de instalações fora da base aérea de Rundu para apoiar as operações mais ao norte, apoiando a UNITA. A SAAF então reagiu com um melhor Posto de Comando e um novo radar em Rundu. Melhoraram a base, mas só ficou pronta no inicio de 1987.

Os soviéticos e cubanos estudaram a razão para derrota em 1985 nas operações convencionais. A principal era a falta de um sistema de defesa aérea móvel que evitasse que os caças da SAAF atacassem suas Brigadas avançando. Outra falha era a falta de água pois iniciavam a operação em tempo de seca e não levavam reservas de água adequadas. Sem água, o moral da tropa caia rapidamente. As Brigadas também não tomavam medidas passivas contra ataques aéreos, como enterrar os veículos que ficavam expostos aos estilhaços das bombas e artilharia.

Em abril de 1987, a SAAF começou a planejar emboscadas contra os MiGs angolanos para desencorajar sua aproximação da fronteira com a SWA. Os MiGs antes voavam entre as ferrovias Namibe-Lubango-Matal, 200 km ao norte da fronteira. Nas duas vezes que foram mais ao sul foram derrubados. Agora tinham uma base em Cahama e até chegaram a cruzar a linha de fronteira em Ruacana. A SAAF usaria um Posto de Comando do exército falso para atrair a atenção, então os Mirages dos Esquadrões 1, 2 e 3 baseados em Ondangwa interceptariam os MiGs. A operação foi chamada de Bellombra, para tentar conter o padrão de voo ofensivo dos MiGs.

A idéia era usar pares de Mirages em alerta, que decolariam e voariam baixo até um ponto de espera (holding points) na área de operação dos MiGs, caso os MiGs fossem detectados no radar. O radar avisaria se os MiGs se aproximavam do ponto de espera e os Mirages seriam vetorados até um ponto de pitch-up (subida), acelerando até 600 knots ou mais antes de subir. O controlador dava o tempo e direção até o pitch-up. Os Mirages subiam até 4 mil pés abaixo do alvo, ligariam o radar na subida, e quando os Mirages aparecessem na tela do radar o controlador na estação Dayton daria o vetor final até os MiGs. Uma aeronave Telstar era usada para retransmitir as comunicações.

A operação foi testada com os Mirage F1CZ do Esquadrão 3 contra os Mirages III do Esquadrão 2 agindo como MiGs. Os pontos de espera simulavam posições a partir de Ondangwa, Oshikongo e Ongiva. A ação foi chamada inicialmente de UNCIP (Unconventional Intercept Pofile), depois chamado LIP (Low-level Intercept Profile). O sucesso nos treinos foram altos até que os "MiGs" de ataque passarem a ser escoltados por "MiGs" de escolta e patrulhas de combate aéreo (Roving CAPs). No pitch-up, não sabiam mais se era MiG de ataque ou caça. Os Mirages F1 corriam o risco até de serem cercados.

Nas missões operacionais foram várias tentativas sem sucesso com a mais próxima chegando a 2 milhas dos MiGs. Como o radar em terra não indicava a altitude do alvo, não podia ajudar muito os Mirages a adquirir visualmente e os MiGs fugiam. No dia 23 de junho de 1987, o Esquadrão 3 foi deslocado para Ondangwa para testar o perfil. No dia seguinte pela manhã, um MiG foi detectado e os Mirage F1CZ de alerta logo decolaram, mas sem sucesso pois só seriam ordenados a "pitch up" se o kill fosse garantido.

No dia 28 de junho, foi ordenado outro scramble. O radar Dayton não permitiu o pitch-up pois detectou 22 contatos na mesma área que parecia ser uma armadilha dos MiGs. Geralmente eram apenas uma ou duas formações de MiGs. As análises posteriores indicaram que os angolanos estavam conscientes dos planos e criaram a sua própria armadilha.

No dia 4 de setembro de 1987, o Esquadrão 3 com seus Mirage F1CZ foi deslocado para Rundu para realizar defesa aérea junto com a unidade de radar Rodent. Os MiGs estavam voando acima das tropas sul africanas avançando contras as Brigadas angolanas indo para Mavinga. Os pilotos do Esquadrão 3 modificaram o perfil LIP para as areas ao norte de Rundu.

O radar AR3D estava em uma montanha a 10 milhas ao norte de Rundu, com código Sunset. Os pontos de espera foram determinados e os pilotos ficavam em alerta na cabina dos caças. As distâncias no local eram grandes e os Mirages só chegavam após os MiGs já terem ido embora. O radar só via os MiGs voando a mais de24 mil pés na área de combate, enquanto os angolanos tinham radares em Menonque e Cuito-Cuanavale podendo cobrir todo o local a partir do solo. Então os pilotos dos Mirage iam cegos para o local em plena desvantagem. Mesmo assim o treinamento deixou os pilotos confiantes. Todos queriam derrubar um MiG.

No dia 10 de setembro de 1987, quatro Mirages foram acionados para interceptar caças MiG-23 voando 230km dentro de Angola, entre Menongue e Cuito-Cuanavale. Três pares de Mirage F1CZ decolaram. Após chegarem no ponto de espera foram ordenados a pitch-up e interceptar. O controlador em terra indicou a altitude dos alvos e subiram acima deles. Com a distância diminuindo, o líder mandou alijarem os tanques extras (cita "tank" no rádio) e alijaram os tanques vazios. Antes da interceptação ouviram o piloto van Rensburg citar visual com dois MiG-23. Os MiGs viraram para a esquerda e expuseram a cauda. O piloto Antom logo desceu em espiral atrás dos MiGs. Em seguida disparou um míssil Matra 550 que guiou, mas explodiu no calor dos exaustores a cerca de 10 metros atrás do MiG. Disparou outro míssil que também seguiu o MiG mergulhando. Não conseguiu ver o resultado do disparo pois curvou para realizar uma manobra defensiva. Gagiano não viu a ação e seguiu Rensbur seguindo os MiGs até Menonque. Depois do engajamento os dois voltaram por 163 milhas até Rundu.

No dia 27 de setembro de 1987, as 15h30min, três pares de Mirage F1CZ foram novamente acionados. Os dois primeiros foram em fila até o ponto de espera, com o terceiro par vetorado com uma defasagem de eixo de 40 graus para a esquerda para cortar outros MiGs entrando ou fugindo da área, com os primeiros interceptando. Um par de Mirages foi ordenado a pitch-up para tentar interceptar. Foi um encontro frontal a 30 mil pés, alijaram os tanques extras e viram um Su-22, depois identificado como um MiG-23. Os dois pares entraram em uma curva para a esquerda para se aproximarem frontalmente e se cruzaram com os MiGs 300 pés abaixo. Os pilotos dos Mirages tiveram dificuldade para manter o contato visual a longa distância pois voavam a Mach 1.3. Depois viu o MiG vindo frontalmente as 2 horas. Parecia que ia entrar na mira e preparou para disparar seu canhão, mas viu luzes na asa e via em sua direção. Foi treinado para girar dentro do míssil para criar problemas de acompanhamento e até ultrapassar.

O piloto Artur Piercy gritou "mísseis", ou três, provável AA-8 Aphid angolanos. Um foi visto pela câmera de Gagiano e passou direto por cima do canopy. Os outros foram para Piercy com um míssil explodindo no lado esquerdo e atrás da aeronave e o Mirage logo mergulhou para fugir. Os MiGs desapareceram e Gagiano se juntou a Piercy para ajudar, pois estava com falhas hidráulicas e perdendo combustível. Foram para Rundu e no pousou sem freios, Percy acabou se ejetando acidentalmente e fraturando a coluna. O combate durou 60 segundos do pitch-up até iniciar a fuga.

O incidente mostrou a vantagem tecnológica dos MiG-23 e logo os sul africanos passaram para a defensiva, fazendo mais defesa de base e escolta. As saídas Bellombra foram canceladas. O programa de treinamento de manobras de combate aéreo (ACMI) mudou para prepararem contra mísseis ar-ar com capacidade de disparo frontal. Os AA-7 Apex e o AA-8 Aphid eram a ameaça. Passaram a estudar quando cortar o pós combustor para diminuir a assinatura térmica, mas sem mísseis para treinar ficou difícil. Nem podiam comprar novos mísseis devido ao embargo. Os controladores em terra passaram a posicionar os caças de modo a evitarem um confronto frontal contra os MiG-23.


Sequência do combate de 27 de setembro.


Danos da explosão próxima do míssil na aeronave de Artur Piercy.

Em novembro de 1987, os Pumas não voavam de dia devido a ameaça dos MiGs, a não ser para evacuação médica e com escolta dos Mirage F1. As missões eram realizadas por dois Pumas com apoio mútuo. Se a área tinha muita ameaça de MiGs voavam sozinhos. Os Mirage F1CZ ficava a 5 minutos de voo dos Pumas a baixa altitude e os Impalas apoiavam em missões Telstar.

No dia 11 de novembro de 1987, durante uma missão de evacuação médica em uma posição a 15 km ao sul do Rio Lomba, dois Pumas viram três caças acima, mas os Mirage F1 eram apenas dois. Os MiGs os estavam procurando. Os Pumas passaram a seguir o curso de um rio bem baixo por 15 minutos bem tensos. Após o alerta, outros dois dois Mirage F1 foram acionados para voar acima da cobertura radar angolano e desviar os MiGs, o que funcionou.

Alcance dos Radares

Nas batalhas na região do Rio Longa, os Mirage tinham que atravessar a mesma distância de Rundu até o campo de batalha que os MiGs faziam a partir de Menongue. Os caças dos dois lados voavam a mesma distância e a persistência de combate era a mesma. Os dois lados não tinham cobertura radar com linha de visada no local. Então os combates acima do campo de batalha era em paridade de condições.

Com os sul africanos avançando até o planalto de Chambinga, a batalha passou a dar vantagem para o inimigo. Os Mirage F1AZ estavam a 42 minutos de voo de Grootfontein e tinham apenas dois minutos de autonomia na área, enquanto os MiG-23 operando em Menonque levavam 11 minutos para chegar no local, com autonomia de 45 minutos. O horizonte radar até Chambinga era de 24 mil pés e abaixo estava cegos. Já os radares Angolanos podiam ver até o nível do solo.

Os caças da SAAF tinham que voar muito baixo, e devido a grande distância, não podiam variar muito a direção de ataque e ficaram previsíveis. Carregados com tanques e cargas ficavam limitados em manobras enquanto os MiG-23 podiam voar limpo. Com cobertura radar, os MiGs estavam protegidos com os caças da SAAF praticamente cegos.

As tropas em terra reclamavam que os caças inimigos ficavam o dia todo acima enquanto os caças da SAAF nunca apareciam. Os cubanos e angolanos gostavam da situação. Foi a primeira vez que controlaram os céus. Mesmo assim, a SAAF operava no local e mesmo assim os comunistas perdiam batalhas. Os sul africanos não procuravam enfrentar os comunistas no ar para evitar perdas pois não tinham como repor devido ao embargo, enquanto os comunistas tinham caças em grande quantidade e que eram facilmente repostos.

Em 1988, nos combates em Chambinga, a presença de MiG era uma grande preocupação. As tropas só se moviam a noite e a artilharia não podia dar apoio durante o dia, com a explosão das salvas virando um bom alvo para os MiGs. Em 5 de fevereiro, os sul africanos passaram a interferir nos radares em Cuito-Cuanavale cobrindo os voos dos Mirage F1.

Quando a batalha chegou a região e os comunistas passaram a controlar o ar, as tropas em terra reclamam e com razão. Os Mirage F1AZ do Esquadrão 1 passou a mostrar presença para as tropas para melhorar o moral, mas Mirage F1AZ com tanques e bombas o deixava inferior aos MiG-23 armados com os mísseis Apex e Aphid.

Em 25 de fevereiro, duas saídas dos Mirage F1AZ foram interceptadas pelos MiG-23. No primeiro contato os Mirages engajaram, mas os MiGs fugiram. Na segunda saída de três Mirage F1AZ, foram alertados que estavam sendo espreitados pelos MiG-23 pois os cubanos estavam sendo monitorados por escuta de rádio. Dois pilotos chilenos interpretavam a conversa em espanhol. Indicaram que os MiGs estavam voando a média altitude e tinham visualizado três aeronaves voando baixo. Estavam até descrevendo a camuflagem verde-amarela dos Mirage F1 enquanto desciam e se posicionaram atrás dos Mirages. O controlador em terra ordenou alijaram os tanques extras e quebrar a formação na hora certa, com os pilotos ainda conseguindo ver os dois MiGs passando rápido acima. Conseguiram manobrar e se posicionar, mas não conseguiram solução de tiro depois contra os MiGs fugindo. Mesmo assim, o líder disparou o canhão e mísseis tentando forças os MiGs fugindo a virar. Os chilenos operavam com os sul africanos desde 1987. Entravam nas frequências de rádio e passavam informações falsas para os cubanos.

No defriefing perceberam que a camuflagem do Mirage F1 era muito clara e decidiram modificar para marrom escuro. As aeronaves na base avançada foram modificadas sem autorização, da noite para o dia. Os superiores depois aprovaram a decisão. Depois foi desenvolvida uma nova camuflagem da cor marrom claro na parte de baixo, depois também no estabilizador e lado da fuselagem, e a parte superior com marrom escuro e verde. A camuflagem original era otimizada para ataque terrestre e dispersão em base aérea. Os Mirage com a nova camuflagem chegaram no dia 22 de março de 1988. No dia 23 de março, três Mirage F1AZ realizaram uma saída Vergoi, mas o mau tempo forçou abortarem a missão. Foi a última saída dos Mirage no conflito.


Imagem da câmera de ataque do engajamento de 25 de fevereiro. Os Mirage F1AZ com tanques extras não tinham como alcançar os MiG-23 que foram projetado exatamente para atacar e fugir rápido. Na guerra Irã-Iraque, os mísseis Sparrow e Phoenix iranianos não tinham problemas para derrubar os MiG-23, mas os F-5E não tinha como alcançar pois o MiG-23 acelerava muito, como acontecia com a SAAF. A reação da SAAF foi desenvolver um míssil de longo alcance que resultou no R-Darter.


Após o encontro de fevereiro de 1988, a SAAF mudou a camuflagem amarela e verde original dos Mirage F1AZ por um tom com cinza escuro e azul na lateral e parte inferior e marrom escuro e verde visto por cima. Em 1991, todos os Mirages já estavam com a camuflagem definitiva.


Imagem dos Mirage F1AZ em voo com a camuflagem original. A nova camuflagem provisória mais escura era bem mais efetiva. Os lançadores brancos de mísseis destacam do efeito geral.


Um Mirage IIICZ voando baixo na Namíbia.

A operação Arnot foi criada para dar defesa área para a pista de pouso em Mavinga. O 250th Air Defence Artillery Group (ADAC) enviou dois lança mísseis Cactus (Crotale), um SA-9 e seis canhões 23mm, sendo que os canhões e o SA-9 eram sistemas capturados. Dispararam quatro mísseis e danificaram um MiG, mas funcionou como dissuasão pois nunca mais atacaram Mavinga. Em um disparo do Cactus, o MiG-23 consegui fugir mais rápido que o míssil.

O Cactus operou por duas semanas até o dia 29 de fevereiro no terreno alto em Chambinga durante a batalha de Tumpo. Tentaram atrais os MiGs para longe da força de ataque. Usavam troncos para parecer canos de artilharia e colocavam granadas de fumaça ao redor que eram acionadas para parecer que dispararam os canhões. Quando os MiGs atacassem seriam atacados pelas defesas em terra. Do local as tropas podiam ver os canhões G-5 atingindo a torre principal em Cuito-Cuanavale. Junto operavam analistas de sinais escutando as transmissões de rádio comunistas. Podiam ouvir os comentários dos pilotos e das tropas comunistas. Eram estas escutas que davam alerta "victor-victor" ((vyandelike vliegtuig - ataque aéreo) que permitia que as tropas sul africana se escondessem e que os caças fugissem ao interceptar as comunicações dos caças decolando.

Depois dos combates de março de 1988, os cubanos reforçaram as pistas de Cahama e Xangongo para operar MiGs. Instalaram uma rede de radar e mísseis SAM com 15 baterias SA-8. O objetivo era atacar alvos na Namíbia.

Em março de 1988, a SAAF recebeu cinquenta mísseis Python III israelenses, chamados de V3S Snake na SAAF. Os Mirages F1 equipados com o V3S passaram a voar sobre as tropas para aumentar o moral e chamar os MiGs para o combate, mas os MiGs não apareceram.

Os treinos de combate aéreo ficaram bem mais difíceis, precisando de muita coordenação e prática. A luta se tornou uma sucessão de ligar e desligar o pós combustor, disparar flares de auto-defesa e girar a aeronave, puxa g e manter a visão de lookout constante, além dos contatos de rádio. O treino mostrou que os pilotos enfatizavam as vitórias aéreas, dando pouca importância a sobrevivência. Uma simulação mostrou que tinha que balancear as vitórias a favor e contra. Passaram a pensar também em combate aéreo a longa distancia, disparando Chaff e reagir contra mísseis com guiamento semi-ativos. Passaram a usar os últimos frame do "gun cam" para prever a probabilidade do kill. Não tentariam ver o resultado final do disparo dos mísseis e sim fugir para não serem atingidos.

Os caças também foram melhorados. Os Mirage F1 receberam o alerta radar Compact Radar-Warning Receivers (CRWS), além de Chaff e Flares. A Kentron modificou a espoleta do míssil Matra 550 para não detonar no calor do motor. A mira do canhão foi melhorada. Em 1992, criaram um campo de teste de guerra eletrônica onde testaram os radares russos capturados, melhorando os equipamentos. O míssil V-3C foi testado contra flares em 1992.

Em 2 de maio de 1988, foi realizada a primeira saída de reconhecimento sobre Xangongo e Humbe e depois nas estradas em Monga e Oshikango com dois Canberra voando bem alto (FL 430) para atraís os caças inimigos. O objetivo era desencorajar o sobrevoos de caças inimigos sobre as tropas aliadas em Cuito-Cuanavale. Foram usados os Canberras do Esquadrão 24 e Mirages do Esquadrão 2 e 3, radar do 70 MRU, Impalas para Telstar e os Pumas para SAR. As saídas não atraíram os MiGs.

Em 1988, a batalha empatou no planalto de Chambinga. Os pilotos da SAAF viram 112 disparos de mísseis SAM, voando 794 saídas e lançando quase 4 mil bombas. As perdas inimigas em terra foram estimas entre 4 a 6 mil. Fidel Castro citou 9 mil baixas. A Força Aérea Angolana voou 12.000 saídas em sete meses quase continuamente sobre campo de batalha de Chambinga. Mesmo assim a SADF perdeu apenas quatro tropas e sete feridos para os ataques aéreos. A operação Modular foi considerada um sucesso. A ferocidade dos ataques aéreos da SAAF e da artilharia da SADF surpreendeu as Brigadas 47 e 21, garantindo o sucesso. As operações Hooper e Packer não tiveram sucessos levando a uma batalha de atrito. A SADF não tinha tropas suficientes para cruzar o rio e tomar Cuito-Cuanavale, nem estavam equipadas para a missão e nem era o objetivo da operação.

A luta pela superioridade aérea não ocorria só no ar. Uma incursão da UNITA contra a base aérea de Menongue, em 7 de dezembro de 1985, destruiu um MiG-17 e um MiG-21. No mesmo ano, durante a operação Ale, os Pumas infiltraram equipes de reconhecimento próximo da base aérea de Lubango, no inicio de fevereiro, para sabotar aeronaves e instalações. Ficaram até 25 de março e exfiltraram com os Pumas.

A SWAPO também tentava atingir a SAAF em terra. Em 4 de abril de 1979, a base aérea de Ondangwa foi ataca por morteiros. A precisão era pouca e causavam poucos danos. As defesas da base passaram a disparar morteiros de forma aleatória 2-3 vezes por noite em zonas seguras para atrapalhar os ataques e evitar que os guerrilheiros se movimentassem livremente. As vezes disparavam com a artilharia antiaérea. As vezes o barulho era o inverso e as tropas corriam para os abrigos. Para piorar tinham que se abrigar em um bunker apertado e podiam encontrar muitos homens nus a noite.

A base aérea de Ondangwa ficava a apenas 30 km da fronteira com a Angola e estava sempre ameaçada. Era uma base de forças especiais, equipes Fireforce, radar de controle de caças, além de base avançada de caças. A partir de 1983, o pouso e decolagem de aeronaves de carga era escoltada pelos Alouettes gunship com tática "top cover" contra a ameaça de mísseis SA-7, patrulhando possíveis áreas de risco. Os Alouettes voava um círculo no sentido anti-horário e depois a tática foi usada para cobrir tropas de terra. As aeronaves de carga circulavam até ficarem fora do alcance. A base era protegida por seis pelotões do exército e cinco patrulhas Koevoet, cobrindo uma região de raio de 20 km, com mais seis patrulhas Koevoet ao norte. As aeronaves ficavam espalhadas nos três quilômetros da pista, cada uma com pessoal e equipamento próprio.

No dia 13 de fevereiro de 1988, uma equipe Recce operando atrás da base aérea em Cuito-Cuanavale deu as coordenadas para um ataque de artilharia. Quando os cubanos iniciaram a preparação de um ataque aéreo, os observadores de artilharia chamaram o fogo de apoio dos canhões G-5 e lança-foguetes Valkiri, conseguindo destruir quatro MiG-21 taxiando. Foram disparados 96 foguetes contra a base, sendo um ataque as 22h30min e outro as 01h30min da madrugada do dia seguinte. O G-5 atacou a pista e estruturas ao redor da base por um longo período e evitou que decolassem.

Em 26 de junho de 1988, os sul-africanos lançaram um balão meteorológico com um refletor de radar durante o avanço em Tchipa. Uma bateria de mísseis SA-6 disparou seis mísseis e a posição dos radares foi triangulada. Uma bateria de canhões G-5 respondeu com 200 tiros em quatro horas contra a posição da bateria. No dia 27 de junho, no dia seguinte, os cubanos reagiram com os MiG-23 atacando a represa de Calueque. Um MiG foi derrubado por um canhão de 20 mm.

Nos estágios finais do conflito, os MiGs com mísseis superiores ameaçou os caças da SAAF, pelo menos acima de 4 mil pés, distante dos mísseis Stinger e da artilharia antiaérea. A Força Aérea Angolana não treinava para combate aéreo pois a missão seria das unidades de mísseis SAM e artilharia antiaérea. Os caças fariam mais interdição, mas engoliram o próprio veneno pois os mísseis Stinger operados pela UNITA, fornecidos pela CIA, forçavam os MiGs a voar alto o que atrapalhava a pontaria. A SADF também usava mísseis SA-7 capturados para criar unidades de defesa aérea. Entre agosto de 1987 a junho de 1988, os cubanos e angolanos confirmaram a perda de 15 caças MiG-21 e MiG-23 e quatro Su-22, todos por fogo em terra, principalmente para os mísseis Stinger. Em 1981, a UNITA recebeu os Stinger e em 2 de maio de 1981 o primeiro MiG-21 foi atingido e acidentou-se ao pousar. Outros sete MiG-21 foram perdidos por outras causas.

No fim de 1988, a FAPA-FAR tinha 160 caças sendo 55 MiG-23, 90 MiG-21 e 14 SU-22 além de 80 MiGs da FAR (Cuba). A SAAF tinha 34 Mirage F1, 55 Mirage III, 214 Impalas, oito Canberras e cinco Buccaneer. Os mísseis R-24 (AA-7 Apex) com capacidade de disparo fora do alcance visual e disparo frontal dava vantagem no combate aéreo os comunistas. No fim do conflito, os MiG-23ML atuavam livremente enquanto os Mirages só realizavam incursões bem planejadas. Evitavam combates com os MiGs a qualquer custo e só tentavam engajar em vantagem numérica, tática e em emboscadas. Depois de setembro de 1987, após uma perda em um combate frontal, os Mirages só foram usados como bombardeiro. Se fossem interceptados fugiam. Os voos também estavam relacionados com a meteorologia, para ter surpresa e não encontra MiGs.

Mesmo em vantagem os comunistas perdiam as batalhas terrestres. A reação da SAAF foi aperfeiçoar suas táticas com o perfil de ataque "toss" como o Vergoi e Gatup, além do desejo de enfrentar o inimigo. Por sete meses, os Mirages da SAAF voavam entre 500 e 560 knots muito baixo no campo de batalha, usando o perfil de ataque Vergoi para lançar suas bombas contra os alvos. Os Mirages e Buccaneers atacaram as colunas de suprimentos em entre Menongue e Cuito Canavale e contra brigadas cubanas no rio Lomba. Destruíram três Brigadas atingindo 94 carros de combate e causando 4.700 baixas. O resto das tropas se retirou e levou ao fim da guerra.


Foto tirada por um Mirage IIIR2Z em 14 de setembro de 1987, mostrando a posição da Brigada 47 em uma área de 1.100 por 700 metros. A posição foi atacada depois por quatro esquadrilhas de Mirage F1AZ disparando um total de 98 bombas Mk82 pré fragmentadas. Era uma área ideal para ataque aéreo e de artilharia. Os alvos em 1988 eram concentrações de Brigadas móveis, dispersas em uma grande área e escondidas na mata. Os sul-africanos usavam as suas forças em terra para espremer a Brigada em uma área menor de 2 x 2 km. Depois as equipes dos Recces determinaram as coordenadas. Os Mirages atacavam com bombas pré fragmentadas com espoleta VT (Variable Time). A precisão era de 300 metros, mas era aceitável para atingir a área da Brigada. Uma esquadrilha cobria uma boa área e várias esquadrilhas causavam muito terror nas tropas.

Persistência de Combate

Além de estarem inferiores aos MiG-23 que podiam atacar alvos no setor frontal a longa distância e não terem a mesma cobertura radar, os Mirage também sofriam com a distância. Os Mirage F1 teriam 2 minutos de voo na região de Chambinga tendo que voar com grandes tanques externos, enquanto os MiG-23 podiam voar sem tanques e com autonomia de até uma hora no campo de batalha.

Menongue estava a 165 km de Cuito-Cuanavale e Rundu estava a 300km, enquanto a base de Ondangwa estava a 425km. As distâncias parecem curtas, mas por vários motivos eram longas para os Mirages F1. Voando baixo o consumo de combustível dobrava. Com cargas externas como tanques extras e bombas o consumo também era alto. Os caças raramente voavam em linha reta até o alvo pois era uma rota óbvia onde podiam encontrar armadilhas de mísseis ou postos de alerta. As rotas se distanciavam do alvo e realizavam "dog legs", mudando constantemente de direção para fazer busca de MiGs e atrapalhar caso estivessem sendo atacados. Tinham que variar as rotas para não deixar previsível e evitar áreas povoadas.

O cenário limitava a área de batalha terrestre pois a grande distância até evitava que os caças da SAAF variassem a direção dos ataques aéreos, tornando-se previsíveis. Um Mirage F1AZ foi derrubado no dia 20 de fevereiro de 1988 pois colocaram uma bateria de mísseis no ponto onde subiam para iniciar o ataque, por já ter sido usado anteriormente. O ataque foi contra um alvo próximo ao rio Lomba usando o perfil Vergooi. O líder ouviu o alerta de disparo de mísseis durante o ataque e viu as trilhas dos mísseis. Na volta percebeu que faltava um Mirage que nunca foi encontrado. Presumiram que os angolanos sabiam das táticas e uma bateria foi deslocada para o ponto de pitch-up permitindo que o míssil trancasse no exator e atingisse a aeronave ao voltar para baixa altitude. Neste estágio final a guerra se tornou estática e as táticas previsíveis. Os cubanos citam que o Mirage F1AZ foi derrubado por um Shilka e por um míssil SA-14 disparado pelo soldado Ernesto.

Um caça pode ter uma configuração limpa ou suja. A configuração limpa é quando não tem nada pendurado externamente e com menor arrasto atinge um melhor desempenho em combate, velocidade, carga "g" e manobra. Então os caças geralmente voam "limpo". Como as missões de escolta e patrulhas de combate aéreo duram muito, os caças levam tanques extras. Geralmente voltam com eles, mas se engajam são alijados para passarem para a configuração "limpa". Um Mirage F1 voando com três tanque extras cheios tinha que usar o mini-pós combustor. Se passar para a potência seco máxima a aeronave desacelerava e começava a mergulhar. Só após queimar muito combustível é que o problema era resolvido.

No pouso, os pilotos baixam o trem e flaps então estão "sujos", gastando mais potência. Nas missões de ataque estão muito sujos com tanques e bombas para aumentar o arrasto. Os pilotos usam um coeficiente aerodinâmico para calcular o gasto de combustível conforme a configuração, e para checar o progresso em cada ponto de navegação. Após o ataque, o caça fica muito limpo e pode atuar como caça, a não ser que esteja levando tanques extras. Com o combustível interno o piloto calculado o peso ou minutos de combate na potência máxima antes de retornar para a base. Se o caça tem uma maior persistência de combate que o oponente vai ter muita vantagem. O piloto sabe que o oponente mais cedo ou mais tarde vai ter que voar reto para base e as chances de sobrevivência despenca.

Ao contrário dos Mirage F1AZ, os Buccaneers podiam voa a 480 nós a baixa altitude por duas horas e meia e podia se aproximar de um setor totalmente diferente. Como tinha longo alcance, atacava os alvos mais distantes. A solução para o problema era o reabastecimento em voo (REVO). O REVO é um multiplicador de força clássico. Com o REVO os caças podem encher os tanques na rota, aumentando o alcance ou podem usar o pós combustor na área de combate de forma mais liberal. Em uma região quente e pista curta ,o caça tem que reduzir a carga de bombas e com REVO podem decolar com menos combustível e depois encher os tanques em voo. Em patrulhas de combate aéreo, se ficam sem combustível no fim da patrulha, podem encher novamente os tanques e retornar para a estação de patrulha. A outra alternativa era retornar para a base, pousar, reabastecer em terra e decolar novamente. Os Mirage F1 escoltando os Canberras tinham que enviar várias duplas para cobrir toda a missão. Com o REVO poderiam ficar mais tempo no ar e usar duplas se alternando entre a missão de escolta e o REVO.

O Boeing 707 cisterna do Esquadrão 60 se tornou operacional em 1984 para apoiar os Esquadrões 1 e 24. Antes os Mirages usavam o Buccaneer para se reabastecer em voo. Os Mirage F1 recebendo combustível em voo ficam mais pesados e precisam de mais potência para compensar, além de alterar o centro de gravidade. Carregados de bombas tem que ligar o pós combustor. Só com o mini pós combustor o Mirage gasta 200 litros de combustível por minuto.

Em 1986, um Boeing 707 do Esquadrão 60 ficou pronto para para reabastecimento em voo para apoiar os Mirages do Esquadrão 1 e os Buccaneer do Esquadrão 24. Na mesma época, o Esquadrão 1 estava desenvolvendo a capacidade de ataque noturno e o comandante Rankin se concentrava em operações de longo alcance. A combinação dos esforços culminou no Esquadrão 1 realizando uma missão com quatro aeronaves a noite apoiadas por reabastecimento em voo do Boeing 707 em total silêncio de rádio. As aeronaves saíram de Hoedspruit equipadas com seis bombas e dois tanques extras. Realizaram uma navegação tática até Roodewal para disparar quatro bombas. Depois reabasteceram e voltaram para disparar as duas bombas restantes. A missão durou quatro horas.

Ainda em 1987, nas saídas noturnas Moonshine e Darkmoon de Interdição Aérea, os Mirage F1AZ voavam com apoio dos 707 de reabastecimento em voo. No exercício Golden Eagle, um Boeing 707 ajudou as patrulhas de combate aéreo a ficarem 3 horas no ar.

Em 11 de novembro de 1987, seis Mirage F1AZ decolaram de Grootfontein para atacar alvos a leste de Cuito-Cuanavale. Um Boeing 707 foi usado para reabastecer os Mirage para poderem variar a rota de ingresso e atacar pelo norte, partindo de uma base aérea distante para facilitar conseguir surpresa. Antes usavam o REVO só após os ataques para evitar o uso de bases alternativas. O 707 só tinha a estação central para passar combustível e os pilotos do Mirage F1 não treinaram antes com a aeronave pesada. Tiveram que usar o pós combustor para manter a posição e poucos pilotos tiveram sucesso no reabastecimento. O plano inicial considerava que todos realizassem o REVO antes de passar por Rundu, mas tiveram que reabastecer bem alto devido ao mau tempo. Todos os seis Mirage atrasaram o reabastecimento e os três últimos cancelaram o ataque.


O mapa acima mostra as distâncias percorridas pelos caças da SAAF nas fases finais das operações em Angola.

Ponto de Vista dos Angolanos e Cubanos

Os dados anteriores são do ponto de vista dos sul africanos. Os angolanos e cubanos também realizaram operações aéreas com um ponto de vista diferente em algumas operações.

Os primeiros MiG-21MF angolanos chegaram em janeiro de 1976, operando na capital Luanda. Eram doze aeronaves no total. A primeira ação foi em 8 de fevereiro de 1976, em uma missão de apoio aéreo para uma patrulha cercada pela UNITA. A ação permitiu que a patrulha quebrasse contato e fugisse.

Entre 1976 a 1988, a ação principal dos MiG-21 angolanos foi ataque ao solo. Em 13 de março de 1976, os MiG-21 atacaram a pista de pouso de Gago Coutinho onde a UNITA operava. Um MiG atingiu um Fokker F-27 descarregando armas e outros três atacaram as posições de artilharia antiaérea no local. Depois reabasteceram e remuniciaram para atacar os Hangares e 12 veículos.

Na defesa de Sumbe, em março de 1984, os MiG-21 operando a partir de Huambo realizaram 200 saídas, rechaçando o ataque de 1.500 tropas da UNITA contra a pequena guarnição local.

Na defesa de Canganba, em junho de 1983, a UNITA atacou a Brigada 32 da FAPLA com 16 batalhões e seis baterias de artilharia. Estavam cercados e já sem suprimentos. Em 30 de junho, os MiG-21 escoltaram os Mi-8 para reabastecendo a cidade e atacaram as posições da UNITA. Os MiG-21 partiam de Menonque a 250km de Cangamba. Foram dezenas ataques. Em 2 de agosto, a UNITA iniciou uma nova ofensiva após receber reforços. Mais cinco MiG-21 chegaram de Cuba e novamente atrapalharam a ofensiva da UNITA.

Um piloto de MiG-21 atuou como controlador aéreo em Canganba. Dois Regimentos blindados cubanos foram enviados a Canganba. Entre 2 a 10 agosto, os MiG-21 realizaram 400 sadias de apoio aéreo. Dispararam 400 bombas de vários tipos, 2.741 foguetes e 2.700 tiros de canhão. Tiveram que trazer mais munição de Cuba. A UNITA sofreu 2 mil baixas contra 15 mortos cubanos.

Em 1984, a Força Aérea de Angola recebeu seus primeiros MiG-23ML e MiG-23UB. No total chegou a receber 50 aeronaves. A maioria das missões realizadas pelos MiG-23 no conflito foi de ataque. Os MiG-23 eram apelidados de chouriço pelos cubanos. O MiG-23 tinha o dobro do raio de ação do MiG-21 que foi apelidado de salsichas.

Em julho de 1987, a FAPLA iniciou a ofensiva Saldando Outubro contra a cidade de Mavinga. As Brigadas avançando foram cercadas depois no Rio Lomba. Retiraram-se em outubro até Cuito-Cuanavale e pediram ajuda aos cubanos.

O reforço cubano saiu de Menogue até Cuito-Cuanavale distante 200km. Foram apoiados pelos MiG-21 e MiG-23. Enviaram até os melhores pilotos cubano e outro esquadrão inteiro de MiG-23ML foi enviado de Cuba. Em 15 de novembro, enviaram seus blindados para evitar que os sul africanos tomassem a cidade.

Foram os MiG-23 que garantiram a superioridade aérea no local. Em 27 de setembro, a SAAF perdeu seu primeiro Mirage F1. A SADF foi obrigada a se mover só a noite devido a ameaça dos MiGs e tinha que se esconder de dia. Os canhões G-5 e G-6 passaram a atirar no alcance máximo de 35km. De janeiro a março de 1988, os MiG-21 e MiG-23 realizaram 1.283 saídas em Cuito-Cuanavale, sendo 722 de ataque e 561 de defesa aérea. Foram disparados 358 toneladas de bombas e 4 mil foguetes S-4.

Um Esquadrão de MiG-21 atuava em Menonque a 200km de Cuito. Atacavam blindados, artilharia e tropas. Outros MiG-21Bis chegaram, além de reforços e mil blindados. Os canhões G-5 castigaram a base aérea de Cuito-Cuanavale forçando a retirada dos MiG do local.

Na operação Hooper, os ataques da SADF tinham como objetivo penetrar a cidade com operações entre 12 de janeiro a 14 de fevereiro de 1988. No dia 13 de janeiro de 1988, os sul africanos iniciaram a primeira de várias ofensivas. Esperaram que o mau tempo atrapalhasse as operações dos MiGs. A tarde desse mesmo dia, o tempo melhorou e e os MiGs logo atacaram os blindados sul africanos. A primeira esquadrilha atacou com 1 toneladas de bombas por caça depois voltaram com 2 toneladas de bombas e escoltados por quatro MiG-23ML. No total foram 22 saídas com 32 toneladas de bombas. A SADF teve que parar o ataque.

Em 16 de janeiro, dois MiG-23 realizaram reconhecimento armado e detectaram um carro de combate Olifant a leste Cuito-Cuanavale. Seguiram os rastros das esteiras e encontraram mais veículos. Continuaram simulando não terem visto nada e a 25km de distância e 7 mil metros chamaram mais quatro MiG-23ML armados com bombas. Os seis mergulharam a 60 graus e atacaram o local. Não foram atacados devido a surpresa.

Em fevereiro, os MiGs passaram a caçar os obuses G-5 e G-6 castigando as tropas em Cuito-Cuanavale constantemente. Antes atacavam guiados por angolanos e russo com informações pouco precisas e atrasadas. As tropas da SADF se escondiam bem e paravam de atacar quando os MiGs apareciam. Passaram enviar os MiGs-23ML para reconhecimento armado e chamava grupos de apoio de MiG-23. Um canhão foi detectado e atacado com esta tática. No dia 21 de fevereiro já estavam forçando os canhões G-5 a disparar no alcance máximo conseguindo neutralizar parte da capacidade.

Em 14 de fevereiro de 1988, a SADF iniciou um segundo ataque após se recuperarem. As 9 horas, dois MiGs detectaram o avanço. Mais cinco MiG-23ML atacaram e o ataque terra iniciou as 13 horas com três batalhões da SADF e seis da UNITA com 100 blindados contra a Brigada 59 da FAPLA. Os MiGs realizaram 35 saídas de apoio aéreo e 14 de combate aéreo. No dia 20 de fevereiro, um novo ataque foi rechaçado com apoio dos MiG-23.

No dia 25 de fevereiro, foi iniciada uma ofensiva de madrugada. Os campos minados, os canhões D30 e os blindados T-55 atacaram e rechaçaram a ofensiva da SADF. Os MiG-23 realizaram 52 sadias a partir de Menongue e dispararam 26 toneladas de bombas. No dia 25 de fevereiro, também foi o último encontra no ar entre aeronaves dos dois lados.

O quinto ataque foi no dia 23 de março, sendo chamado de "O Desastre de Tumpo". As defesas em Cuito-Cuanavale estava bem reforçadas. Após três horas de combate os sul africanos se retiram a 16 horas com muitas baixas. A artilharia cubana lançou granadas fumígenas para marcar as posições das tropas fugindo. Os MiG-21 e e MiG-23 atacaram em voo rasante. No combate a SADF disparou 700 projéteis de 155mm e 36 foguetes Valkirie e 66 projéteis de morteiros. Os Mirage F1AZ realizara o último de 638 saídas na campanha.

O último ataque da SADF foi em 23 de março e fracassou. Depois os cubanos passaram a avançar até a fronteira da Namíbia. Foram apoiados por 80 caças. Atacaram Calueque 27 junho de 1988 com os MiG-23.

Em 4 de maio de 1988, uma patrulha cubana com 81 tropa foi ataca por força do Batalhão 101. A coluna sul africana fugiu e foi atacada pelos MiG-23ML operando a partir de Lubango duas vezes. Em 22 de maio, ocorreu um novo encontro em Tchipa. Outra patrulha cubana e da SWAPO foi atacada por uma coluna blindada da SADF. Novamente os MiG-23ML atacaram o inimigo fugindo. Em 27 de junho, uma nova emboscada foi realizada pelo Batalhão 61 e novamente os MiG-23ML foram chamaram e revidaram com um ataque a Calueque

No inicio de junho, Fidel Castro queria passar para a ofensiva para forçar a paz. Pretendia atacar as bases aéreas em Ruacana, Oshakati e Ondangwa pelo ar, além da hidroelétrica de Calueque. Os cubanos planejaram ataques contra as bases aéreas da SAAF no norte da Namíbia desde 1986. No dia 8 de abril de 1988, um MiG-23UB tirou fotos da represa, com escolta de três MiG-23ML. O primeiro par passou a 30 metros de altura de Ruacana e tirou fotos depois de Calueqe. A missão foi repetida no dia 13 de abril com sucesso e nenhuma aeronave foi atacada. Os tanques extras foram alijados em território inimigo com a inscrição "lembrem-se de Cuito".

O ataque a Calueque foi anunciado como uma resposta a emboscada do dia 27 de junho. O ataque foi as 13h com onze MiG-23ML armados com um total 16 toneladas de bombas. Nove aeronaves decolaram de Luganbo e dois de Cahama. Estavam armados com quatro bombas FAB-500 cada. Outros dois MiG-23ML patrulhariam Cahama. Cruzaram a fronteira e giraram 100 graus para noroeste para atingir o alvo de uma direção inesperada. Penetraram bem baixo e atacaram em um mergulho de 30 graus. Um MiG-23UB fez avaliação de danos de batalha depois do ataque. Todos voltaram para a base segundo os cubanos, mas os sul africanos citam que derrubaram uma aeronave. Na mesma noite do ataque, os sul africanos chamaram os EUA para mediar as conversações de paz.

Nos combates aéreos, os comunistas também descrevem os combates de forma diferente. Em 6 de novembro de 1981, os radares cubanos detectaram um par de Mirage penetrando Angola em direção a Lubango. Dois MiG-21MF armados com mísseis K13 (AA-2 Atoll) foram acionados. Foram direcionados a um ponto de interceptação pelo radar em terra tentando pegar os Mirages por trás. Citam que atacaram, mas foram pegos por trás por outro par de Mirage F1 embocando a baixa altitude.

O segundo encontro foi em 5 de outubro de 1982. Um par de Mirage F1CZ escoltava um Canberra. Novamente dois MiG-21MF armado com mísseis K13 foi enviado para interceptar. No giro cerrado, os MiGs perderam os Mirage de vista e um foi atingido com o canhão, mas conseguiu pousar.

Em 3 de abril de 1986, os MiG-23 interceptaram dois C-130 da CIA lançando armas para a UNITA na fronteira do Zaire. Um foi derrubado com um míssil R-24 e o segundo fugiu avariado. As aeronaves da CIA logo deixaram de voar de dia.

No dia 10 de fevereiro de 1987, dois Mirage IIICZ interceptaram 10 caças MiG-23ML, sendo oito em missão de ataque e dois de escolta. Os MiGs pararam o ataque e os Mirages atacaram as escoltas. O guncam do Cap Van Rensburg mostra um míssil Matra explodindo na cauda de um MiG-23 sem anunciar a vitória.

As ações em terra em 1987 levaram a alguns combates aéreos. Em 27 de setembro de 1987, dois MiG-23ML pilotados pelo Major Alberto Ley Rivas e pelo Tenente Juan Carlos Chavez Godoy estavam apoiando uma missão de resgate zona de Cuito-Cuanavale. Foram alertados por radares em terra de caças indo para o norte. Eram os Mirage F1CZ do Esquadrão 3 pilotados por Carlo Gaggiano e pelo Capitão Arthur Piercy. Os MiG-23 logo se posicionaram para realizar uma interceptação frontal. O MiG-23ML de Chavez detectou um alvo a 12km, mas não consegui disparar seu míssil R-24 pois os contatos manobravam. O ala estava equipado só o míssil R60MK. Os caças se cruzaram de frente e viraram na horizontal. Os MIG-23ML conseguiram girar mais apertado e logo estavam atrás do MiG-23CZ de Piercy e disparou um míssil R60MK a 300 metros. O outro Mirage mergulhou e fugiu. Os MiGs tentaram perseguir, mas voltaram sem combustível. No mesmo dia, os cubanos citam quer derrubado um helicóptero Puma com um míssil R-60 (AA-8).

Em 25 de fevereiro de 1988, um MiG-23ML pilotado pelo Tenente Eladio Avila apoiavam caças MiG-21 quando foi ordenado a procurar alvos em terra. Não encontrou e voltava para base já sem combustível. Então se encontrou com um Mirage F1 que fugiram e perseguiu, sem conseguir solução de tiro. Não pode voltar a Menongue e pouso em Cuito-Cuanavale que estava sendo atacada pela artilharia. Também no dia 25, o Capitão Orlando Carbó no MiG-23ML realizava reconhecimento visual ao sul de Cuito-Cuanavale quando foi ordenado por um radar em terra sobre contatos rápidos se aproximando. Era uma emboscada e o MiG-23ML fugiu. Os Mirages disparam três mísseis V-3 Kukri sem sucesso.

 


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