COMBATE AÉREO A LONGA DISTÂNCIA
No dia 26 de março de 1999,
os capitães Hwuang e McMurray faziam DCA (Defensive Counter Air)
na Boznia-Herzegovinia com seus caças F-15C Eagle quando tiveram
um contato radar a 37 milhas que voava a 6 mil pés, em direção
ao sul a 600 nós, as 16:02h. Hwuang não conseguiu fazer EID
(identificação do alvo melhorada) e o alvo também não
foi detectado pelo AWACS. Passaram a voar paralelo ao alvo e aceleraram
a Mach 1 em direção ao sul voando dentro da fronteira.
Depois de um minuto, cobrindo
cerca de 10 milhas, Hwuang e seu ala viraram para oeste tentando cortar o
caminho do contato que estava a 70 graus, a 37NM de distância, voando
a 23mil pés, voando direto para eles para oeste. A 30NM o contato
foi classificado como sendo um MiG-29. O ala manteve o acompanhamento e fez
busca de área para sanitizar o espaço aéreo ao redor.
O alvo desceu para 10 mil pés, virando para noroeste. Hwuang passou
a ficar atrás na manobra para perseguir e comandou o alijamento dos
tanques externos. O AWACS anunciou que eram dois contatos em fila.
Neste momento os contatos estavam
a uma distância de 20NM e voavam a 18 mil pés quando o ala
McMurray chamou Fox 3 (disparou um AMRAAM). Hwuang travou no líder
a 17NM e disparo outro AMRAAM no modo HDTWS (High Data Track-while-scan) a
16NM. Logo depois passou para o outro alvo (segundo Mig) e disparou outro
AMRAAM. Hwuang manteve o modo HDTWS até 10NM.
Os alvos estavam virando para
sul e descendo não parecendo que tiveram um aviso de alerta radar.
Os F-15 inverteram e se direcionaram para os Mig para manter o designador
de alvos dentro do HUD na descida em "pure pursuit". Hwuang desacelerou
e viu o alvo a 6-7NM. Pensando ser o ala passou a procurar o líder
a frente. Tentou disparar um AIM-9 mas não conseguiu um tom. Pouco
depois viu o líder explodir na altura da estrutura do canopi e o ala
logo explodir depois a frente. O míssil de McMurray não conseguiu
atingir seu alvo e Hwang conseguiu o primeiro kill duplo com o AMRAAM. Os pilotos iugoslavos Major Slobodon
ejetou e o capitão de Primeira Classe Radosavljevic foi morto.
Hwuang e McMurray seguiram a doutrina da USAF: manobra para deslocamento, checar EID, disparo, manobra F-Pole, deslocamento novamente ou direto para o alvo se ele estiver a menos de 10 NM, e prepara para entrar em combate aproximado se necessário. Os dois não fizeram F-Pole pois estava vencendo e não estavam sendo atacados, e estava a cerca de 10NM, não podendo virar e correr com o F-15.
Descrição da comunicação da Tripulação do combate:
Dirk One (F-15C, número de série
86-0156)
- Piloto: Capitão Jeffrey C. J. Hwang (Dirk1)
Dirk Two (F-15C, número de série 84-0014- Ala
- Piloto: Capitão J. "Boomer" McMurray (Dirk2)
Magic Seven-seven - AWACs E-3 Sentry (Magic77)
Termos:
Bogey/Bandit- Aeronave inimiga
Bullseye- Código secreto de localização dado uma
certa direção do centro dobullseye, distancia do centro,
altitude, e direção de vôo. Ex: 254 (direção),
45 (milhas), 23 centenas (altitude), para o oeste (direção)
Fox Three- Anunciando que um AIM-120 foi lançado
Picture- Situação atual (alguma ameaça ao redor)
Splash- Kill e número de kill (ex. Splash Two significa dois
inimigos destruídos)
Transcrição:
Magic77- "All clean, Magic Seven-seven, Magic, clean, bulls, zero-three-zero,
forty-five.
Magic77- "Magic break break. All clean. Magic, picture, bogey bulls
zero-two-zero, forty-five, westbound, twenty thousand, radar track."
Dirk1- "Verify contact there. Arm hot. Magic, Dirk, request purple onion."
Magic77- "Standby."
Dirk2- "Contact there."
Dirk1- "(? walked on) two MiG-29's."
Dirk2- "One-four, forty-five, twenty-three thousand!"
Magic77- "Magic, the same contact, bogey, radar, twenty-two thousand."
Dirk1- "Dirk Two, Threat hostile, hostile. Dirk Two, engage there. Bogey,
bandit maneuvring northbound."
Dirk2- "Two show's same. Two's engaged."
Dirk1- "Press."
Dirk2- "Zero-five-five, twenty-four BRA, twenty thousand."
Dirk1- "Dirk come back in."
Magic77- "Maneuvring north, twenty-four thousand. Magic has two contact."
Dirk1- "Copy, two contacts there."
Dirk2- "Fox Three!"
Magic??- "I have, ah, Frank Three-five up. That's about it. It's all
yours. Ahw, he's descending to two-three-zero, if he's not there already."
(extranious comm, not related to incident. It is from an AWACs flight, a
combat air controller is switching shifts, and his relief is giving him the
picture. The recorder of this comm might have switched frequencies, and
in the mean time, Dirk1 probably launched his 2 AIM-120s, since there is
no mention of this till "Splash 2!")
Magic77- "One bandit is turning hot. (?) Forty-one."
Dirk2- "Eighteen thousand, nose eight miles."
Dirk1- "Dirk One, tally one nose."
Magic77- "He's at, twenty-four thousand, southbound."
Dirk1- "Splash Two! Splash Two! MiG-29! Bullseye, three-six-zero, thirty-six!
? radar."
Magic77- "You copied the Splash Two?"
Dirk1- "A-firm, Splash Two!"
Magic77- "Eighty-five, picture clean, picture clean. Clean, give me
the bogey's position. Magic, roger, bulls zero-zero-five, thirty-five east
bound."
Depois de quatro décadas de promessas de combate aéreo
a longa distância (BVR - Beyond Visual Range), finalmente o conceito começa
a se tornar uma realidade. Os primeiros mísseis tiveram problemas
pois tinham pouca manobrabilidade e só eram bons contra alvos voando
a grande altitude, com grande assinatura e pouco manobráveis como
bombardeiros.
O F-86 entrou em combate durante
a Guerra da Coréia. Foi o primeiro caça capaz de
voar mais de 1.000km/h e acima de 12 mil metros, mas ainda era armado com
seis metralhadoras. Com muitas aeronaves no ar ainda precisavam de identificação
visual para atacar, mas com armas de alcance limitado o fratricídio
era raro. A tática era adquirir o inimigo visualmente, ejetar os
tanques e manobrar para posição de tiro. A aeronave era uma
plataforma de canhão aéreo. Para ter sucesso era necessário
conseguir manobrar no setor traseiro do inimigo, ou se atacado, conseguir
manobrar para o kill ou fugir.
O combate BVR fez o combate aéreo ficar muito mais complicado
e com muito mais variáveis a observar. Na época da Coréia,
com o aparecimento dos mísseis, pensava-se que seria uma troca de
tiro entre dois lados o que mostrou ser totalmente incorreto durante o conflito
do Vietnã por diversos fatores. Agora
é mais complicado que um jogo de xadrez, e não só com
uso de manobras especificas. É um combate bastante fluido e dinâmico,
em um ambiente que muda constantemente.
O conceito de combate BVR (Beyond Visual Range) sempre considerou que o combate
seria dominado pelos sensores internos, sensores externos, armas e guerra
eletrônica, enquanto o combate aproximado era dominado pela relação
peso:potência e carga alar que determinam a manobrabilidade de um
caça.
A superioridade aérea é
a missão primária de uma Força Aérea moderna.
Por isso os mísseis ar-ar são um fator crítico que
podem determinar o resultado de uma batalha aérea. Mesmo o caça
mais ágil equipado com sistemas excelentes tem pouca utilidade se
não estiver equipado com as armas adequadas.
O paradigma da superioridade aéreo
é dirigido pelos avanços da tecnologia. Uma mudança
em uma tecnologia leva a adaptações em outros. Na época
que os caças eram equipados apenas com um canhão, era melhor
ter um canhão melhor, e uma aeronave melhor com um motor mais potente
para atingir o alvo. Este era o padrão até o fim da Segunda
Guerra Mundial e Guerra da Coréia. Com o surgimento dos mísseis
ar-ar tudo começou a mudar.
O surgimento dos mísseis profetizou o fim dos caças na
década de 1960, mas este conceito foi precipitado. Já na
Segunda Guerra Mundial e Guerra da Coréia se previa que o combate
aéreo seria na base do aperto de botões e disparo de mísseis.
A Guerra do Vietnã mostrou que a manobrabilidade era ainda importante
para se evadir dos mísseis. Isso resultou na evolução
da fuselagem, propulsão, sensores e táticas para acompanhar
a evolução dos mísseis.
Detecção
O processo de detecção começa com os serviços
de inteligência dando alertas de futuras operações,
estado de alerta e prontidão do inimigo, ordem de batalha e até
alerta de decolagem. Este processo é chamado de "conscientização". Primeiro é preciso saber se pode
existir aeronaves inimigas próximo e se podem ser detectadas. A
detecção é a confirmação de um alvo
no radar ou indicado por outro meio. Convém lembrar dos B-2 decolando nos
EUA ou caças na Itália, para atacar a Iugoslávia em
1999, e foram alertados por telefone por espiões colocados próximos
as bases.
Os métodos
primários de detecção são o radar e visual.
O método visual é irrelevante no combate BVR. O alerta e detecção de teatro
são dados principalmente por radares em terra (GCI - Ground Control
Interception) e aeronaves de alerta antecipado (AWACS). Foi o AWACS que deu
a primeira capacidade de ataque furtivo aos caças americanos podendo
atacar sem ligar seus radares. O motivo é bem simples, com um radar
ligado o alerta radar (RWR) inimigo vai detectá-lo e até identificá-lo
no dobro da distância do alcance do seu radar. Com um AWACS fica
relativamente simples armar emboscadas para o inimigo sem ligar seu próprio
radar. Outro método são os sistemas de inteligência
de sinais (SIGINT) e de comunicações (COMINT) que podem mostrar
dados detalhados sobre tipo de aeronave, intenção e direção.
Os caças podem fazer busca com seu radar, mas tentam evitar
para não dar alerta ao inimigo sobre a quantidade e tipo de aeronaves.
O padrão de busca dos radares
de caça são vários. Os caças podem dividir os
campos de busca com outros caças, ou área, e atuar junto com
radares GCI e AWACS.
O ponto fraco do radar é o operador.
A incapacidade de detectar está geralmente ligado ao fato de olhar
para o lado errado do céu. Antes do vôo é preparado
um plano de varredura. O céu a frente de uma esquadrilha é
dividido em blocos de altitude e alcance para cada membro do vôo cobrir
em cada parte do vôo. No caso de duas aeronaves o líder pode
varrer a média e grande altitude e o ala baixo a media altitude. Se
fazem parte de um pacote de ataque podem deixar a varredura de longo alcance
para as escoltas. Em uma BARCAP pode ser alternado a direção
em uma órbita maximizando a cobertura. No caso de quatro aeronaves
a divisão é mais complexa podendo ser duplicado a proposta
acima, mas mudando para a lateral esquerda e direita. Varrer a mesma área
é perda de recurso e o inimigo detecta quatro aeronaves com seus
sistemas de alerta radar.
O modo de radar TWS (track-while-scan) ,ou varre
enquanto busca, foi um grande avanço com os caças podendo
atacar e fazer busca ao mesmo tempo, não dando alerta de ataque ao
inimigo. Mas o modo TWS é um compromisso pois a qualidade do sinal
depende da quantidade de alvos. É bom para ter boa consciência
situacional, mas não tão bom para resolução de
tiro como o modo STT (Single Target Track). Modos de avaliação
de incursão permite determinar se um contato é na verdade duas
aeronaves voando coladas e evitar algumas surpresas desagradáveis.
No combate aéreo aproximado, a detecção visual
é feita a 5-9km. Com o radar é feito a até 50-100km.
Com dados passados de fonte externa, o alcance pode chegar a várias
centenas de quilômetros. A manobra para engajar (aproximação)
é feita a 250m/s. Uma distância de 10km é coberta em
40 segundos. Todo tempo ganho passa a ser uma vantagem.
Com um datalink protegido contra interferência para trocar informações
de sensores entre os usuários, as informações necessárias
como quadro aéreo tático, situação terrestre
e eletrônica adicionais também passaram a serem mostradas na
cabine. Os datalinks não costumam ser bom para operações
com pacotes com muitas aeronaves agrupadas em uma pequena região.
O radar do AWG-9 do F-14 pode rastrear 24 alvos, mas o mostrador TID
(Tactical Information Display) mostra apenas seis para poder ser lido de
forma compreensível. O alcance máximo mostrado no TID é
de 740km com os dados recebidos pelo datalink. Outros F-14, aeronaves E-2
e o navio-aeródromo também podiam "datalincar" outro alvos.
Os russos usam muito táticas de ataque BVR com uso de sensores
passivos para detecção de alvos (RWR e IRST) com uso de datalink
a partir de um radar GCI ou AWACS. Uma formação de quatro
caças (chamado Zveno) MiG-31 com cada um a 200km um do outro cobre
uma frente de 800km com o radar Foxhound. As quatro aeronaves agem como mini-AWACS
de apoio mutuo para criar um grande quadro. Os dados são passados
pelo datalink e podem ser repassados para o AK-RLDN. Podem atacar os alvos
detectados com 16 mísseis R-33 disponíveis na formação
sem se preocupar em engajar o mesmo alvo. O MiG-31 pode fazer engajamento
cooperativo passando alvos para os MiG-29. Possivelmente o líder
pode "voar" outras aeronaves na formação enviando comando de
guiamento que são entrados nos pilotos automáticos SAU-155M
das outras três aeronaves. O MiG-31 também pode fazer interceptação
semi-automática por oficial controlador em terra (geralmente um
piloto qualificado), que passa comando de guiamento pelo datalink 5U15K-11.
A tática dos MiG-31 russos é ter uma boa separação
lateral em áreas sem cobertura GCI ou AWACS. Os alvos previstos eram
bombardeiros B-52, B-1B, F-111, mísseis cruise e até aeronaves
P-3 ou F-16 da Noruega devido a área de atuação. O
alerta pode ser a decolagem nos EUA. Nestes cenários os MiG-31 não
precisam de manobrabilidade, mas de um bom radar, longo alcance e boa carga
de mísseis. As regras de engajamento favorecem os ataques a longa
distância pois tudo que vem do outro lado é inimigo.
As táticas básicas de interceptação
soviética usam controle centralizado. Estas táticas enfatizam
a interceptação a partir de uma boa posição
para disparo com mísseis de guiamento infravermelho. O MiG-29 e Su-27
podem receber indicação de tiro no HUD por datalink de radar
em terra. O caça pode usar o IRST para acompanhar o alvo sem emitir.
O sensor IR também compensa a pobre capacidade de contra-contramedidas
eletrônicas (ECCM) dos radares russos. Com o disparo de mísseis
aos pares, cada de com um tipo de sensor, contra um único
alvo, também maximiza as chances de acerto.
Com o uso de datalink é possível usar apenas um caça
fazendo busca ativa com o radar enquanto os outros ficam só na escuta.
Os datalinks táticos permitem que uma aeronave fora do alcance dos
mísseis passe dados para outra aeronave próxima do inimigo
e com seu radares desligado. Esta tática é chamada de ataque
silencioso. Com datalink o piloto não precisa dizer para outro onde
o inimigo está. Os datalinks passam dados rapidamente, direto no sistema
de controle de tiro do ala e são difíceis de interferir. O
líder da formação sabe qual alvo cada caça está
engajando e evita que dois caças ataquem o mesmo alvo.
Os F-16AM belgas realizaram manobras com os F-15 da USAF em 1998, sem
que os pilotos americanos soubessem qual o modelo de F-16 estavam combatendo.
Os pilotos dos F-16 realizaram ataques "silenciosos" com o AMRAAM usando
o datalink IDM e deram uma susto desagradável nos pilotos dos Eagles.
Os F-15 também caíram vítimas do Link 16 em 1997.
Nos exercícios em Nellis, os Tornados F.3 da RAF equipados com o
JTIDS/Link 16 e controlados pelos E-3F da RAF derrotaram os F-15 da USAF
nos testes do datalink. O E-3F usava o radar e o sistema ESM para detectar
os alvos e passava as informações por JTIDS para os Tornados
planejarem seus ataques. Um após o outro, os F-15 eram derrotados
pelos Tornados. Os Tornados ficavam passivos e disparavam o AMRAAM sem ativar
o radar. Os pilotos americanos não sabiam o que estava acontecendo,
ao contrário dos britânicos. Os caças F-15 tiveram pouco
ou nenhum alerta e não puderam se defender. Os testes com o Link
16 mostrou que ele pode aumentar o "kill ratio" ar-ar em três vezes
de dia ou quatro vezes de noite.
O datalink permite proteção
contra escuta das transmissões de rádio por sistemas de SIGINT/COMINT
evitando que sejam usadas pelo inimigo, ao mesmo tempo que permite que sejam
transmitidas transmissões de voz não encriptadas para confundir
o inimigo.
Tela do visor multifuncional
do F-5EM da FAB no modo de visão horizontal. O F-5EM está
equipado com um datalink que permite aumentar o alcance de busca de alvos,
facilitar o processo de designação alvo evitando duplicação,
facilitar as táticas de formação, otimizar a cobertura
dos radares, diferenciar amigos de inimigas e facilitar a contra-detecção.
A tela tática pode mostrar a NEZ dos próprios mísseis
e a provável NEZ dos mísseis inimigos para facilitar a tomada
de decisão durante um combate aéreo a longa distância.
A ilustração já mostra a NEZ de uma bateria de mísseis
SAM (pontilhado em vermelho). O alcance do radar Grifo F do F-5EM é
de cerca 50km contra caças, mas com datalink chega a centenas de
quilômetros recebendo dados de radares em terra e do R-99A. O F-5EM
só vai precisar ligar o radar para fazer pontaria e disparar mísseis.
O display tático também serve para evitar que o caça
voe por cima de baterias de mísseis SAM com posição
conhecida, evitando táticas de arrastar para “SAM trap”. Em 1995 os
americanos perderam um F-16 na Bósnia por voar sempre na mesma rota
diariamente. Os iugoslavos prepararam uma "sam trap".
As táticas de controladores de caças para os caças
de Terceira e Quarta Geração é muito diferente das
gerações anteriores pois estes caças tem um radar e
mísseis bem melhores. Antes era praticamente ajudar em um posicionamento
traseiro para disparo com canhão e depois com mísseis (eram
tail aspect apenas). Os pilotos agora podem escolher as táticas de
acordo com as regras de engajamento, com o líder escolhendo os critérios
de execução, geometria de interceptação, filosofia
de disparo e designação de alvos graças ao maior alcance
e novos modos de operação dos seus radares.
Durante o briefing os pilotos detalham as tarefas
como quem procura que lado e em qual altitude; se um ataca o outra sanitiza
a área ao redor com o radar para evitar emboscada. Caso seja necessário
um caça pode tentar conversão para identificação
visual por trás e outro ataca de frente.
A capacidade dos radares de caças variam muito de um modelo
para outro devido a requerimentos de projeto. O AWG-9
do F-14 foi projetado para ver através de uma grande barragem de
interferência enquanto o APG-63 do F-15 Eagle seria auxiliado por
radares GCI ou AWACS. A potência de saída do AWG-9 era
de 10.2. kW contra 5.2kW do APG-63 e 1.0kW do F-4J da US navy. O F-14 tinha mais capacidade de operar de forma autônoma
bem longe dos porta-aviões e para isso tem dois tripulantes enquanto
o F-15 era menos autônomo e monoposto por operar geralmente com apoio
externo.
Como nem todos os caças tem bons radares, alguns países
agrupam tipos diferentes de aeronaves para otimizar suas capacidades. Os
alemães colocavam seus MiG-29 para atuar junto com os F-4F Phantom.
Os F-4F cobriam a arena BVR onde tinham um radar e mísseis melhores
enquanto o MiG-29 cobre a arena a curta distância onde é mais
manobrável e tem melhores armas (R-73 e mira no capacete). O Irã
faz o mesmo com o F-14 e seus MiG-29.
O uso de caças como mini-AWACS está se tornando freqüente
com caças equipados com radares melhores. O Irã adaptou alguns
Tomcats para a missão e eram usados para direcionar outros caças.
Os Israelenses usaram o F-15 como mini-AWACS em 1982 no Vale de Bekaa para
dar uma visão mais detalhada ao redor dos combates. Ficava a distância
e sanitizava a área de combate sobre a presença de caças
e pontos cegos do AWACS. O F-22A é a mais nova aeronave a ter esta
capacidade por ter um ótimo radar e já testou em exercícios
apoiando os F-15 e F-16.
Ter um bom radar é sempre bom pois em geralmente não
se tem apoio de aeronaves AWACS ou radares em terra nas missões de
penetração a longa distância. Israel criou uma rede
de radares em terra que permitiu substituir os E-2 Hawkeye, mas comprou
o G550 AEW para apoiar missões ofensivas em território inimigo.
Possivelmente pode operar em território inimigo o que raramente ocorre
com as aeronaves AWACS.
O uso de radares de varredura eletrônica ativa (sigla AESA em
inglês) permite desenvolver novas táticas. Uma tática
nova é ter dois caças trabalhando junto com seus radares.
Enquanto um usa a antena do radar para jammear, cegando inimigo, o ala usa
o radar para detecção e atacar.
Conseguir surpresa pode ser impossível com os novos radares
e sensores de alerta radar (RWR). Os dois lados sabem da presença
do inimigo com as emissões de radar sendo detectadas pelos MAGE e
RWR. Sistemas mais modernos podem até dar a posição
aproximada e identificar o alvo com precisão. As vezes apenas a emissão
do radar é suficiente para o inimigo fugir de medo como aconteceu
com as emissões dos Mirage 2000 do Peru em 1996 contra o Equador,
ou dos MiG-29 e Mirage 2000 da Índia contra o Paquistão no
conflito de 1999 em na região de Kargil, ou dos Flanker chineses contra
os caças de Taiwan, e funcionou com freqüência com os Tomcats
iranianos contra os caças iraquianos na década de 1980.
A tecnologia de mísseis que permite o combate aéreo a
longa distância (BVR) existe desde da década de 50, mas suas
vantagens táticas tem sido subtilizadas por motivos políticas
e operacionais: não convém disparar seus mísseis se
não souber ser o alvo é realmente inimigo. O motivo é
evitar fogo amigo, fratricídio ou "blue-on-blue", situação
considerada inaceitável. No Vietnã os caças estavam
equipados com mísseis de longo alcance, mas para evitar fratricídio
não ocorreram combates a longa distância e foram poucos engajamentos
noturnos.
Depois de detectados os alvos
tem que ser avaliados se são amigos ou inimigos, quantos são,
tipo de formação e o que estão fazendo. Sistemas de
IFF, modos de radar NCTR, apoio do AWACS e aeronaves de vigilância
eletrônica, planejamento de missão e gerenciamento de batalha
ajudam a identificar o alvo. Enquanto radares de longo alcance (GCI) e AWACS
dão informações genéricas como informar sobre
a presença de um grupo de aeronaves em uma certa posição,
os radares dos caças devem ser mais precisos para avaliar quantos
são e de que tipo.
Decidido a continuar o engajamento (push
para continuar
ou bug out - fugir), o próximo passo é dividir os alvos.
Cada membro deve estar consciente e ter identificação positiva
do alvo na área de responsabilidade. Esta parte pode ser complicado
pela comunicação. Os pilotos usam técnicas breves como
a classificação lateral usando a tela do radar para descrever
a situação tática. Também pode ser separação
vertical (lead e trail). O objetivo sempre é evitar atacar um alvo
com duas aeronaves e deixar outra sem ser atacada.
O sistema OSF do
Rafale permite identificar alvos a longa distância. Na foto da esquerda
é possível ver uma aeronave de passageiro a 31km de distância
e na foto da direita um Rafale a 50km de distância.
As táticas
de formação de combate estão relacionadas com a manobrabilidade,
opção de curva, e cobertura visual e não é
só "seguir o líder". As aeronave de caça atuam pelo
menos em dupla (elemento na USAF ou seção na US Navy) ou duas
duplas (esquadrilha USAF e divisão na US Navy).
Estudos da BAe System de 1996, sobre os mísseis
BVR do futuro, mostram que a mais de 40km o inimigo está livre para
manobrar sem se preocupar em ser engajado. Existe uma máxima que
diz que não existe míssil que não possa ser evitado
com manobras quando disparado no alcance máximo. Além de 40km
os mísseis estão sem energia para derrotar manobras evasivas.
Com as armas da época os engajamentos seriam entre 15 a 40 km na maioria
das vezes. Os mísseis mais antigos eram letais a apenas 8km por terem
menos energia. Entre 8 a 15km os caças ainda podiam evitar um encontro
se estiverem em posição desfavorável.
Este estudo, feito com simulações em computadores, levou
a adoção do míssil Meteor no programa BVRAAM. O Meteor
terá alcance maior e maior energia a longa distância, com
zona sem escapatória (NEZ) bem maior. Ainda pode engajar com sucesso
alvos a 80km. O míssil terá datalink de duas vias para confirmar
se encontrou o alvo. A França realizou estudos semelhantes e chegou
a mesma conclusão, passando a equipar os Rafale com o Meteor complementando
o MICA.
Os britânicos também concluíram
que o ASRAAM deveria priorizar a velocidade para destruir o inimigo antes
que este tenha oportunidade de disparar seus mísseis de curto alcance,
além de ser bom em manobrabilidade para combate aproximado. Mísseis
como o IRIS-T e AIM-9X priorizam apenas a manobrabilidade no combate aproximado.
O objetivo da interceptação
é se aproximar do alvo e colocá-lo dentro do envelope das armas,
ao mesmo tempo em que não dá chances do inimigo fazer o mesmo.
No caso dos canhões o objetivo era ficar na traseira do alvo. Com
os mísseis BVR é bem mais fácil por terem um envelope
muito maior, mas tem que considerar também o envelope dos mísseis
do inimigo, junto com todos os fatores que influenciam estes envelopes,
o que vai complicar tudo. São vários os fatores que influenciam
a fase de aproximação e manobra como altitude e velocidade
da aeronave lançadora e envelope de utilização dos mísseis.
A altitude e velocidade são importantes para os caças
e mísseis ar-ar. Os mísseis são mais efetivos contra
alvo voando alto ou a baixa velocidade. Também é mais seguro
voar baixo e rápido. O dilema é buscar a combinação
de altitude, velocidade e geometria de encontro para maximizar as próprias
forças e minimizar as do inimigo.
A altitude de operação é dividida em tem alta
(acima de 30 mil pés), média (entre 10 a 30 mil pés)
e baixa (menos de 10 mil pés). Voar alto otimiza o alcance de detecção
contra alvos voando baixo e aumenta o alcance dos mísseis. Subir
e acelerar são duas medidas para melhorar o alcance das armas, aumentando
a energia cinética com o caça sendo usado como segundo estágio
dos mísseis. O alcance dos mísseis aumenta ainda mais se a
aeronave acelerar. O problema é que voar muito alto atrapalha a manobrabilidade
tornando a aeronave muito vulnerável em caso de ataque. O Rafale,
por exemplo, tem uma razão de curva sustentada de 3,3 graus por segundo
voando a Mach 1.4 a 40 mil pés, contra 19,2 graus por segundo a
Mach 0,7 no nível do mar, ou seja, consegue fazer uma curva de 180
graus em cerca de 9 segundos a baixa altitude contra 55 segundos a grande
altitude.
Em um cenário de aproximação,
um caça pode subir para forçar o outro a subir e perder energia.
Quem sobe bem tem vantagem nesta manobra. O caça que perder muita
energia não vai ter muita energia para disparar seus mísseis
ou evadir mísseis e o ar rarefeito atrapalhar mais ainda as manobras
evasivas.
Voar baixo é ideal contra inimigos sem apoio de aeronaves AWACS,
para evitar detecção, e funciona melhor ainda se os caças
adversários não forem equipado com radares com capacidade
de olhar e disparar para baixo (look down/shot down) ou se estiverem desligados.
Em um combate contra os MiG-23 líbios em 1989,
os F-14 desceram para ficar abaixo dos caças líbios para que os
seus radares tivessem mais dificuldade de detectar um alvo no meio dos retornos
do ruído de fundo.
Voar baixo também diminui o alcance dos
mísseis de longo alcance tanto para quem atira para baixo quanto
para quem vai atirar para o alto. Em uma perseguição por trás
a baixa altitude o alcance dos mísseis de médio alcance gira
em torno de 5 km. A baixa altitude sempre se considera que haverá
um "merge" após o disparo devido a pequena NEZ dos mísseis
nesta altitude.
No Vietnã os MiGs voavam a baixa altitude para explorar estas
fraquezas das armas americanas. Os radares não tinham capacidade
de olhar e disparar para baixo, os AWACS também não tinham
esta capacidade e os mísseis funcionavam mal a baixa altitude. Israel
também usa táticas de voar baixo, lançar nuvens de
chaff, ligar as contramedidas eletrônicas e depois subir atrás
dos MiGs sírios. Os Iranianos também voavam baixo pois os
caças iraquianos não eram bons para engajar alvos voando baixo.
No caso de uma aeronave com grande energia agilidade/combustível
mas pouca autonomia para lutar, o piloto pode escolher um vôo de
curta duração e grande energia ou prolongar a luta voando
baixo e com pouca energia. Voando baixo o piloto fica na defensiva, mas
com duração de combate similar a de uma aeronave de grande
energia.
O excesso de potência (ou SEP) é
vital tanto no combate aproximado quanto na arena BVR. Velocidade supersônica
raramente é importante. Isto já foi percebido no Vietnã
quando os caças conseguiam manobrar para evitar os mísseis.
Um caça deve ser bom para acelerar em linha reta e subir no perfil
ótimo no inicio do engajamento. O objetivo é conseguir uma
posição superior. Ter capacidade de sustentar curvas sem muita
perda de energia também é ideal para o combate BVR.
Voar a média altitude é um bom compromisso entre alcance
dos mísseis e capacidade de defesa, tendo a opção
de subir ou descer de acordo com o cenário.
O piloto tem sempre que reconhecer o cenário em ofensivo (em
posição de vantagem), defensivo (em posição
de desvantagem) e neutro. Existem manobras para cada cenário. Sempre
deve lançar chaff e/ou flare no defensivo ou após disparar
para atrapalhar a reação do inimigo.
Cenários onde a aeronave pode se encontrar em posição
defensivas com freqüência é voar patrulhas de combate
(CAPs), BARCAP, escolta de pacotes de ataque. Cenário ofensivo típico
é fazer varredura de caças e interceptação.
O local onde a batalha ocorre também influencia as táticas.
Sobre terra é possível usar o terreno como proteção
contra detecção. O Chile usou o conhecimento do terreno
contra US Navy em manobras no deserto de Atacama em 1996 com sucesso. A
Suíça usa os Alpes para se esconder e atacar. Paises pequenos
levam vantagem para usar o terreno ao seu favor, podendo até navegar
no visual. Sobre o mar é mais difícil se esconder. Em mar
aberto é possível deduzir que tudo que vem em uma certa direção
é inimigo e facilitar o disparo de mísseis BVR. No mar não
existe muito problema de aviação civil e fronteiras para se
preocupar.
Condição de vantagem pode estar relacionada com o número
de aeronaves no engajamento, podendo estar em inferioridade ou superioridade
numérica ou em igualdade (os pilotos devem ser sempre bons em fazer
contas). O tamanho da força pode ser local ou no teatro de operações.
Por exemplo, no Vietnã, os vietnamitas estavam sempre em inferioridade
numérica no ar e nunca decolaram com força total para superar
os americanos em número absoluto o que seria relativamente fácil.
Os MiGs preferiam usar táticas de atacar e correr contra os americanos
devido a falta de bons pilotos e era bem eficiente.
A superioridade numérica pode ser superada pela superioridade
qualitativa com sensores, armas e treinamento melhor. Os Tigres Voadores
que lutaram na China durante a Segunda Guerra Mundial estavam quase sempre
em desvantagem contra os japoneses. Os inimigos dos P-40 eram os Ki-27
"Nate" e Ki-43 "Oscar". Eram caças leves, mal armados e muito manobráveis.
Os pilotos japoneses treinavam muito para combate aproximado e seriam melhores
nesta arena. A resposta dos Tigres Voadores era só atacar se estivessem
em posição de vantagem e atacavam e mergulhavam para acelerar.
Os japoneses ficavam na defensiva com manobras e não conseguiam fugir
ou perseguir por serem mais lentos. Os Tigres Voadores podia fazer ataques
repetidos com pouco risco. Os Tigres Voadores conseguiram 230 kills em
sete meses e a maioria dos alvos eram caças (80% era Ki-27).
Durante o engajamento os pilotos têm
duas opções: perseguir ou defender. A decisão depende
dos recursos como armas ar-ar, escoltas no pacote, defesas de caças
e baterias de mísseis SAM amigos próximos. No caso de uma
aeronave em missão de ataque dentro de um pacote, se o líder
opta em atuar defensivo, pode desacelerar para deixar as escoltas engajar
ou mudar de direção ou reverter curso por algum tempo. Pode
até voltar para base.
Se resolve engajar irá aumentar a carga de trabalho do líder
drasticamente. O ponto fraco sempre é a comunicação.
Se a aeronave estiver carregando bombas não será boa para
o combate aproximado, mas dependendo do inimigo pode não ser problema.
Um F-16 pesado ainda não é problema para um MiG-23 no combate
aproximado e pode conservar os mísseis de longo alcance escolhendo
a arena visual para o combate. Os americanos usam classificações
genéricas para os caças para fazer comparações.
As categorias variam de 1 a 5 (Cat 1 a Cat 4) cada uma lembrando uma geração
de caças. Assim o F-16C seria de Quarta Geração (CAT
IV) e o MiG-23 de Segunda Geração (CAT II). Desse modo é
possível prever que o inimigo não tem um bom radar pulso-Doppler
nem tem manobrabilidade superior..
Na resposta defensiva deve considerar as prováveis armas inimigas.
Se o inimigo tiver a mesma capacidade BVR deve iniciar logo o disparo dos
mísseis até os mísseis se tornarem ativos (pitbull)
e fugir. Se o inimigo for mais fraco deve continuar e preparar para engajar
o inimigo na defensiva que escapou dos primeiros mísseis.
A qualidade das aeronaves inimigas leva a pensar em dois cenários principais de engajamento. Depois de determinar o tipo de alvo, é preciso determinar que tipo de armas deve estar usando e pensando sempre no pior. Se o alvo não tem mísseis BVR, só é necessário se aproximar, e melhor ainda contra alvos voando baixo. Ter um míssil melhor sempre gera menos demanda do piloto.
O cenário mais difícil é
quando o alvo está armado com mísseis BVR tipo "dispare-e-esqueça",
podendo disparar e fugir. Se o alvo estiver armado com mísseis de
guiamento semi-ativo de longo alcance, não vai ser possível
fugir depois de disparar. A vitória vai depender mais de trabalho
em equipe e táticas. O combate vai lembrar o "jogo da galinha". As
duas aeronaves voam em direção a outra e disparam um contra
o outro. Se continuam voando para atualizar o míssil também
voa contra o míssil inimigo. Por isso o trabalho em equipe é
importante assim como disparar dentro da NEZ.
A outra tática é tentar um ataque de surpresa por trás
e disparar, mas é efetivo só com as aeronaves furtivas. Radares
GCI e AWACS tem a função de evitar ataques de surpresa para
os dois lados.
Na fase de manobras o inimigo logo percebera o ataque. Serão
três cenários possíveis. Primeiro o inimigo não
reage ou não sabe que está sendo atacado e vai ser pego de
surpresa. No segundo cenário ele foge, o que é bom pois negou
o uso do espaço aéreo pelo menos momentaneamente ou não
irá cumprir sua missão. Se
fugir será perseguido até evitar o uso do espaço aéreo
o máximo possível. Forçar
o inimigo a abortar uma missão pode ser suficiente sendo chamado de
"mission kill". No terceiro cenário o inimigo aponta o nariz
em sua direção e tranca o radar o que significa que também
está engajando. Nesta situação é bom ligar as
contramedidas eletrônicas e supor que o inimigo deve estar fazer o
mesmo.
Se for determinado que o inimigo deve estar equipado com mísseis
BVR, e este míssil tem alcance maior que os seus, então é
preciso pensar em jogar na defensiva. Em um cenário com o inimigo
em posição indicativa de disparo, ainda sobram 12-15 segundos
para evasão no alcance máximo. O que fazer nesta situação?
A primeira tática é fazer "beaming". O piloto faz uma
curva rápida de alto "g" de 90 graus a esquerda ou direita para destruir
a mudança Doppler do radar inimigo. O radar irá quebrar o
trancamento e o míssil não conseguirá engajar se estiver
sendo guiado por datalink. Fazer beaming também funciona contra mísseis
que se tornam ativos. A manobra beaming também é chamada de
"using de notch" (para Doppler Notch) sendo feita por curto períodos
e tem que reavaliar o que o RWR mostra. Se o míssil ainda o persegue
é melhor fugir e acelerar o que funciona a cerca de 20km de distância
do míssil. Se a manobra beaming funcionar, é só voltar
para readquirir o alvo e também engajar. Se não for possível
ter boa consciência da situação é melhor fugir.
A manobra beaming consiste em
manter uma direção em 90 graus em relação com
o radar alvo. A manobra funciona por apenas alguns segundos.
O efeito da manobra beaming ao radar é conhecido pela USAF desde
1978 durante os exercícios AIMVAL/ACEVAL em Nellis para determinar
os requerimentos de mísseis ar-ar de próxima e que levou as
especificações do AMRAAM e AIM-9X. A manobra beaming contra
um caça pode ser na horizontal. Contra radar GCI ou mais de um radar
inimigo tem que ser na vertical. Convém lançar chaff enquanto
realiza a manobra.
Em um exercício entre os F-16 da USAF contra os MiG-29 da Hungria,
os F-16 eram direcionadas um par contra cada MiG e atacariam com o AMRAAM.
Na primeira missão, os MiG-29 usaram apoio de radares GCI, seu RWR
e não emitiam com o radar. Voava a 200 metros de altura e lento,
cerca de 400km/h, para evitar se detectado voando baixo. Ao chegarem a 40km
de distância dos F-16 iniciaram as manobras beaming que funcionava
a 60 graus voando lento. Sem detecção continua, e sem acompanhamento,
os F-16 voando a 5 mil metros foram se aproximando. Um MiG-29 conseguiu contato
visual contra o sol, em perfeito beaming a 90 graus e esperou os caças
americanos passarem por cima. Depois engajou o pós-combustor, ligou
o radar no modo de combate aproximado e realizou uma curva de 9 "g´s"
atrás dos F-16. Foi quando os americanos conseguiram contato visual
e fizeram um break iniciando combates a curta distância, mas já
era tarde e o MiG disparou um R-73 a 2km. O ala estava longe e não
pode ajudar.
Os MiG-29 não usaram jamming e nem chaff.
Os húngaros nem podiam usar o chaff pois os animais comiam ao chegar
no chão. Os americanos simplesmente esperavam um engajamento frente
a frente e com um kill fácil com o AMRAAM. Na próxima missão
o MiG-29 disparou o R-27R e os F-16 o AMRAAM. Nestes exercícios os
F-16 não tinham apoio de aeronaves AWACS e sem ele a capacidade superior
no BVR não ajudava muito.
Em 1997, durante a manobra Mistral I, os Mirage IIIE da FAB conseguiram
ótimos resultados contra os Mirage 2000C franceses usando a manobra
beaming na vertical. Os Mirages da FAB não tinham um bom radar e
nem RWR e apenas o apoio de radares GCI que dava a indicação
de direção e posição do inimigo. Era esperado
uma derrota feia, mesmo sem o uso de mísseis BVR na missão,
mas conseguiram vantagem no inicio apenas com o uso de táticas e
foram perdendo a vantagem depois com o inimigo descobrindo o truque.
Uma tática praticada pelos pilotos russos para se aproximarem
de aeronaves AWACS e outras aeronaves de alto valor é usar um ou
dois pares de aeronaves voando bem próximas em alta velocidade com
o ala a cerca de três metros lateralmente e 15 metros para trás,
podendo seguir sinais visuais do líder. Enquanto estão além
da distância onde as técnicas de processamento de sinais no
modo de avaliação de incursão possa ser usada pelos
defensores para determinar que os dois alvos adquiridos sejam na verdade
quatro aeronaves, os dois líderes sinalizam uma parada, pouco antes
dos radares Pulso-Doppler ou AWACS iluminarem seus sistemas de alerta radar
em toda intensidade. Eles então iniciam manobras Split-S Doppler negativas,
Cobra ou Hook, antes de mergulharem para baixa altitude, fazendo beaming
na vertical, e acumulando energia no processo.
Enquanto
isso, as duas aeronaves despistadoras mantêm a direção
para fazer o AWACS pensar que está tudo em ordem, e depois fogem.
Isso induz a uma certa complacência nos operadores do radar. Durante
esses preciosos segundos, os dois caças "snipers" se aproximam à
baixa altitude para o abate. Antes de serem adquiridos ou antes de outros
caças inimigos serem vetorados para a interceptação,
as duas aeronaves snipers se aproximam, trancam no alvo, passivamente, e
lançam vários mísseis ar-ar guiados por radar ou as
primeiras salvas de mísseis de longo alcance como o R-77.
Os pilotos ocidentais são muito dependentes de aeronaves AWACS e esse cenário levaria a uma considerável confusão. Os mísseis ar-ar russos são otimizados para pilotos "snipers" e incluem meios de adquirir o efeito Doppler, criado pela rotação das pás de um helicóptero. Por isso, eles podem derrubar aeronaves AWACS à média altitude e bombardeiros através de técnicas home-on-jam.
Quando o Beaming é usado como manobra ofensiva é chamada de tática bravo. A tática alfa é uma separação horizontal de 45 graus entre o líder e o ala. Se o inimigo escolhe um como alvo, o outro cerca pelo lado livre tentando colocar o inimigo em um “sanduíche”.
A manobra "coração
polonês" é a manobra de abrir a formação e tentar
virar contra o alvo por trás para identificação e ataque.
A manobra lembra o formato de um coração. No combate de janeiro
de 1989, os Tomcats da US Navy contra os MiG-23MF líbios dispararam
seus Sparrow e erraram. Depois fizeram o "coração polonês",
atacando cada lado dos líbios. Estavam dentro do envelope dos R-23 mas
os MiG-23 não tinha capacidade de ver e atacar alvos voando mais
baixo.
Ataque
Richthofen tinha oito
mandamentos no combate aéreo. Um era disparar apenas a curta distância e com
alvo na mira. O major Erich Rudorffer, Ás da Luftwaffe na Segunda
Guerra Mundial com 222 Vitórias (13 em uma missão), cita que
a melhor tática era mergulhar com velocidade, fazer uma passada, disparar
rápido e subir. O segredo é fazer tudo em uma passada, de
lado ou atrás, abrindo fogo a 50 metros. O alcance dos canhões
atuais é de 2000 metros, mas ainda é melhor disparar curta
distância, com um Pk maior devido a menor dispersão. O mesmo
vale para mísseis onde o alcance máximo não tem Pk alto.
O termo moderno para este fundamento de Richthofen é a WEZ (Weapon
Engagement Zone), ou zona de engajamento de armas, é a região
onde um tiro valido é possível. A WEZ é dividida em
distância mínima e máxima em relação
a outra aeronave baseado no tipo de arma, velocidade, altitude, carga G
e geometria. A WEZ do canhão é bem pequena comparada com
mísseis e difícil de manter, mas fica a uma curta distância
onde os mísseis não podem ser disparados efetivamente.
A WEZ dos mísseis são bem maiores que a do canhão. O alvo pode entrar na WEZ só apontando para o alvo e o alcance mínimo pode ser de pelo menos 300 metros e depende mais do tempo para armar a espoleta de proximidade. Se o alvo está virando, o alcance mínimo diminui pois o míssil tem que manobrar. O míssil tem que manobrar muito nestes disparos a curta distância, mas se o inimigo for muito ágil o disparo nem pode ser possível.
Mísseis tipo "dispare-e-esqueça" de médio alcance como o AMRAAM expandem o envelope do caça nos engajamento em relação aos guiados por radar semi-ativos. O modo "dispare-e-esqueça" é bom contra alvos armados com mísseis com guiamento por radar semi-ativo, mas pode ser um problema contra alvos com a mesma capacidade.
As simulações mostram que um caça armado com um míssil ar-ar de radar ativo de longo alcance tenta dispara o míssil e fugir rapidamente. O alvo pode contra-atacar com outro míssil BVR e tentar evadir perdendo altitude e levando o míssil para atmosfera mais densa. Se depois subir rápido, o míssil em perseguição terá dificuldade em subir novamente para acompanhar.
Um dos requerimentos do Meteor britânico era o lançamento furtivo, com o piloto inimigo recebendo alerta mínimo que o míssil foi disparado, reduzindo a oportunidade de ação evasiva. A aeronave lançadora deve ter capacidade de engajar, disparar e desengajar rápido para aumentar a capacidade de sobrevivência.
Um combate BVR contra caças com mísseis
"dispare-e-esqueça" seria de disparos BVR múltiplos, caracterizado
por várias ações ofensivas, seguida de manobras defensivas,
com oponentes disparando e fugindo ou evadindo, sempre fora do alcance visual.
O encontro é seguido com uma série de troca de mísseis
(se não houver derrota antes). O perdedor geralmente será
o que perde muita altitude primeiro, ou voa subsônico e fica se opções,
fica sem armas ou combustível e foge. A combinação
superior vence, derrubando o inimigo ou consegue fugir por falta de arma
ou combustível.
Antes do disparo o míssil precisa "ver" o alvo, ou no caso de
combate BVR, pelo menos saber onde o alvo está, assim como ter dados
de velocidade e direção do alvo (modo fly out). No guiamento
semi-ativo a atualização é contínua. Os mísseis
guiados por radar ativo não precisam de atualização
contínua da posição do alvo, quando disparados no
modo "dispare-e-esqueça" mas a pratica é diferente. Apoiar
um míssil significa manter o acompanhamento do alvo por muito tempo
para saber o que o alvo esta fazendo a longa distância. O Pk é
maior neste modo. Na prática os mísseis têm capacidade
"dispare-e-esqueça" parcial com apoio externo.
Os Tornados F-3 da RAF foram modernizado com o programa AMRAAM Optimisation
Programe (AOP) permitindo uma operação mais automatizada,
permitindo que o operador de sistema passe mais tempo com o datalink JTIDS.
Enquanto o piloto é responsável pelo combate aproximado o operador
de sistemas controla o combate a longa distância, criando um espaço
de batalha a distância, decidindo quem ataca quem na formação.
Com o AIM-120C5, o Tornado F.3 passou a ter capacidade de engajar até
quatro alvos simultaneamente. Testes com o AMRAAM sem usar o datalink mostrou
que seria menos efetivo que o Skyflash. Quando o AMRAAM passa de modo controle
datalink para "dispare-e-esqueça" o piloto chama "pitbull" no rádio.
Um caça deve ter capacidade multi-alvo. "Datalincar" vários
mísseis ao mesmo tempo também é desejável.
Se um caça tem aviônicos superior como designação
de alvos por terceiros ou datalink, isto requer a formulação
de táticas. Também requer boa coordenação
e disciplina de formação.
A capacidade multialvo permite enfrentar incursão
de vários caças, mas testes em simulações e
combates reais com o AMRAAM contra vários alvos mostraram que esta
capacidade é pouco usada.
Os mísseis com guiamento por radar ativo
adicionaram a vantagem de poderem ser disparados com menos alerta o que
não acontece com os mísseis com guiamento semi-ativo. As aeronaves
furtivas como o F-22 não teria sentido sem o AMRAAM por darem alerta
ao inimigo e não poderiam usar direito sua capacidade de atacar com
surpresa.
Em um combate BVR o ideal é disparar os mísseis no alcance
máximo. Depois do disparo o piloto faz uma manobra "F-Pole" ou foge
(manobra cranking). A manobra "F-pole" consiste em desviar para a esquerda
ou direita mas ainda mantendo o alvo no envelope do radar. O objetivo é
aumentar a distância entre a aeronave e o alvo quando o míssil
atinge o alvo para evitar um disparo a curta distância do inimigo. O F-22 tinha previsão de receber
antenas de radar na lateral da fuselagem para apoiar manobras F-Pole com
cobertura de 220 graus. As antenas foram canceladas, mas o espaço
está disponível ainda.
Com o F-Pole os mísseis do oponente vão ter que manobrar enquanto nosso míssil vai direto para o inimigo. Se o inimigo manobra não pode atualizar seu míssil. Se o inimigo manobra pode perder a consciência situacional e pode até perder o contato com o radar. Nosso míssil erra, mas não é muito prejuízo contra um alvo de alto valor com capacidade BVR que pode valer até muito mais de dois mísseis.
Um problema no combate BVR é saber se o míssil conseguiu um kill. Com bom tempo pode ser visualizado o impacto com o alvo ou a luz a noite. Nesta hora é bom virar para o alvo para tentar visualizar o impacto e as vezes tem que procurar o ala inimigo. Esta manobra é feita como continuação da manobra "F-Pole". O HUD mostra dados para realizar a manobra como tempo para ativar e tempo para o impacto previsto (TTA - Time to Active e TTI - Time to Impact).
Sem confirmação se corre
o risco de ser pego por trás. O alvo pode sair do radar, alerta
radar e fumaça pode ser outra coisa como flare ou míssil
inimigo. O inimigo pode estar apenas danificado. Estes dados ainda são
confirmação de um bom kill. Com explosão secundária,
pára-quedas e destroços a confirmação é
melhor ainda.
Em um exercício entre os MiG-29N (MiG-29SD) da Malásia
e os F/A-18A australianos simulando disparo de mísseis R-77 e AIM-7
Sparrow, respectivamente, os MiGs chamavam "Fox 3", código de rádio
para disparo de mísseis de longo alcance, a cerca de 55-60km, enquanto
o Hornet fazia o mesmo a 45-50km. A "F-Pole" do R-77, distância entre
o caça e o alvo na hora do impacto, era de 13-15km maior que a do
Sparrow.
O ASRAAM foi otimizado para ser muito rápido para atingir o
alvo antes da manobrabilidade ser necessária sendo considerado um
míssil "F-Pole".
Contra os iraquianos, os iranianos sempre tentam iniciar o engajamento
a longa distância (mais de 25km) com o Phoenix disparado do F-14.
Os Mirage F.1EQ, MiG-23ML e MiG-25P iraquianos sempre tentam ficar a longa
distância e sempre disparam seus mísseis com guiamento semi-ativa
na maior distância possível. O resultado era um Pk muito baixo
o que era bom para os iranianos.
Um F-16 faz uma manobra "F-Pole"
para a direita após disparar o míssil. O alvo ainda continua
no campo de visão do radar para apoiar o míssil. Com um datalink
é possível realizar a manobra sem manter o alvo no campo de
visão do radar e só voltar se o piloto perceber que o alvo
está se movendo. Se virar para o outro lado irá correr o risco
entrar no envelope dos mísseis inimigos mais cedo.
Um Sparrow vira em direção ao
alvo após ser disparado. Isto ocorre quando o alvo não está
diretamente a frente da aeronave. Estas manobras gastam energia e o piloto
pode receber indicação da melhor posição de
disparo no HUD para economizar energia. Isto também vale para disparo
no modo "loft" com o míssil sendo disparado em uma subida.
A "No Escape Zone" A NEZ é um grande área em forma de gota em frente a aeronave em que a percentagem de interceptação de um míssil é muito alta. O míssil irá acerta a não ser que seja interferido ou tenha algum defeito. Qualquer alvo nesta zona não consegue escapar com manobras ou fugir acelerando. Geralmente se considera que o alvo irá fazer uma curva instantânea de 6,5 g como manobra evasiva na fase final ou tentar fugir acelerando a 500km/h a mais que a velocidade em que se encontra na hora do disparo.
O alcance é o fator de desempenho
que mais se considera, mas na verdade é o menos relevante para se
julgar a capacidade de um míssil. Os mísseis atuais devem ser disparados
a 35-45km e tem que manter a própria energia se quiserem acertar.
O PK (pronuncia P sub K) depende do aspecto (frontal, cruzado ou perseguição),
altitude, velocidade do míssil e do alvo, capacidade de manobras
do alvo etc. Se o míssil tem muita energia durante a fase terminal,
as chances de acertar são maiores. O Pk diminui se disparado a longa
distância, ou forçado a manobrar e fica sem energia para perseguir
o alvo.
Quando atacados,
os caças tendem a realizar manobras evasivas. É por isso
que AIM-7 não tinha bom desempenho no Vietnã, apesar de ter
um bom alcance, e era susceptível a contramedidas. Em 1991, apenas
36% dos mísseis Sparrow acertou o alvo. O AIM-54 tem um bom alcance,
cerca de 150km, mas foi feito para atacar bombardeiros que não manobram.
O ângulo de
aspecto do alvo tem muito impacto no alcance efetivo dos mísseis.
A figura mostra que o alvo indo em direção cobre parte do
alcance. O míssil pode ser disparado antes pois soma com a distância
percorrida pela aeronave. Já por trás o alvo esta fugindo.
Se o alvo está a 10km, até o míssil atingir esta distância
a aeronave já se afastou. Mísseis são bem mais rápidos,
mas também desaceleram muito rápido. O alcance do míssil depende da
altitude, não mostrada no gráfico, que dobra subindo do nível
do mar para 7 mil metros.
O conceito de NEZ apareceu na década
de 80 sendo que o primeiro míssil a ter este foco foi AMRAAM.
Os dados de alcance são
estimados e até em exercícios são usados dados de alcance
falsos para não dar idéia do desempenho aos países
estrangeiros. A NEZ e o alcance dependem da velocidade e da altitude da aeronave.
Um F-22 voando a grande altitude (15 mil metros) e em supercruzeiro (Mach
1.5) irá aumentar em cerca de 50% a NEZ do AMRAAM em relação
a um caça subsônico na mesma altitude.
Os mísseis ainda podem ser disparados fora da NEZ, com menor
chances de acerto, ou para tentar influenciar as manobras o inimigo. Um
míssil perdido é chamado de "spoiler", sendo usado para forçar
o inimigo a reagir ou se defender. Ele "spoils" (atrapalha) seu plano de ataque.
Se quem disparou não for atacado enquanto foge ainda pode voltar para
apoiar o míssil. Os spoilers podem ser usados para forçar
o inimigo a ficar longe, protegendo aeronaves de um pacote de ataque. Contra
um inimigo com poucos mísseis pode ser uma boa tática se
forçá-lo
a fazer o mesmo.
Os mísseis com guiamento semi-ativo não tem a opção
de serem disparados no modo "dispare-e-esqueça" como os spoilers,
mas a iluminação "a seco" do alvo, sem disparos, passa a ter
a mesma função e com menos custos. Se o inimigo não
tiver meios de saber se foi realmente disparado um míssil terá
que fazer manobras evasivas ou disparar rapidamente um míssil "dispare-e-esqueça"
para criar sua própria tática de spoiler.
Um F/A-18 australiano armado
com três AMRAAM e um Sparrow. A presença do Sparrow pode ser
usada para táticas de tiro "seco", forçando o inimigo a
realizar manobras evasivas após serem iluminados, para depois serem
pegos com o AMRAAM. Nem é necessário levar o missil e apenas
iluminar o alvo. O tiro real pode ser com o AMRAAM. O inimigo pode concentrar
a ECM modo SARH.
Um MiG-35
armado com mísseis de curto e longo alcance com vários modos
de guiamento. Para otimizar as táticas de combate a longa distância
as aeronaves devem estar armadas com armamento com vários tipos de
guiamento.
Os russos usam a tática de lançar
mísseis com guiamento por radar e calor, atrapalhando as contramedidas
inimigas e criando confusão, mas também tem a lógica
de não deixar carga assimétrica nas asas. O AIM-4 Falcon americano,
que entrou em operação em 1956, era usado por aeronaves interceptadores
que disparava modelos com guiamento por radar semi-ativo e calor para aumentar
as chances de acertar. Os franceses usam o mesmo conceito com o MICA com
guiamento por infravermelho e radar ativo.
O sistema de IRST do Su-27 e MiG-29 podem ser usados como sistema de
alerta de aproximação de mísseis no setor frontal
em um combate BVR. Mesmo com tecnologia antiga, podem detectar o disparo
de mísseis BVR a longa distância dando aviso de um ataque
e facilitando as manobras de combate a longa distância. Os mísseis
BVR produzem muita energia durante o disparo e são facilmente detectados.
Com o aviso o piloto pode esperar para lançar seus mísseis
no melhor momento possível sem se preocupar em ser pego de surpresa
por um disparo inimigo ou forçar o inimigo a usar táticas
de "spoiler". Os sensores de imagem infravermelha dos mísseis atuais
também podem realizar esta tarefa. Uma contramedida é ter mísseis
falsos para simular disparo de míssil real como um foguete ar-terra
potente. Outra opção, caso esteja indo direto para o inimigo
(in hot), é disparar contra o inimigo na mesma hora sem um "lock"
(modo mad dog) e fugir.
No caso de um ataque contra duas aeronaves voando em fila, a prioridade
é atacar o de trás da fila ou se corre o risco de ficar no
"sanduíche" entre dois inimigos. O segundo (trail) é sempre
considerado inimigo por associação sendo atacado a longa distância
após a confirmação do primeiro (lider) como inimigo.
Era tática comum dos MiGs do Vietnã voar em fila para tentar
induzir o inimigo a virar no alvo da frente e pagá-lo depois no sanduíche.
O combate
BVR não se dissocia do combate a curta distância pois existe
sempre a possibilidade de ocorrer uma conversão de combate por radar
para o visual. Pode acontecer de todos os mísseis de longo alcance
errarem, e até mesmo os de curto alcance, e ocorrer um combate com
canhões.
Depois da
Guerra do Golfo e Kosovo, o combate visual passou a ser considerado secundário,
mas a USAF ainda prevê que 25% das vitórias do futuro ainda
serão a curta distância. Em nenhuma vitória do AMRAAM
até hoje o ponto de detonação foi a longa distância.
Os combates recentes mostraram que mais de 50% dos combates ocorrem em curto
alcance, ou a menos de 3km.
Os europeus
já tentaram até mudar a carga de armas do Eurofigher de quatro
mísseis de longo alcance e dois de curto alcance para o inverso.
O RAF até já estudou uma variante do míssil ASRAAM equipado
com datalink com capacidade LOAL. Israel ainda treina muito combate visual
e dá prioridade a este tipo de combate. Jatos rápidos e regras
de engajamento ainda podem forçar o combate a curta distância.
A maioria dos países nem tem recursos avançados como AWACS e datalink.
No combate BVR as táticas de formação são
mais complicadas e simples ao mesmo tempo. A cobertura traseira não
serve para se defender contra inimigos armados com mísseis BVR que
podem ser disparados a até 15km de distância por trás.
Por outro lado é esperado que uma força aérea equipada
com mísseis BVR tenha acesso a boa cobertura de radares em terra,
AWACS, RWR e até datalink. O datalinlk permite que o líder saiba
a posição do ala a distância simplesmente olhando na
cabina e vice-versa enquanto a ameaça está geralmente a frente.
Durante o ataque os pilotos usam o conceito de "Double Attack" e "Loose
Deuce". Quando um alvo é detectado, quem está na melhor posição
ataca e não o líder da formação. O ala passa
a ser o que apóia formando o conceito de caça de ataque (engaged
fighter) e caça de apoio (support fighter). A obrigação
do caça de ataque é não perder muita energia e do caça
de apoio é vigiar ameaças próximas e posicionar para
apoiar o caça de ataque poder tomar ofensiva. No "Double Attack"
um ataque e outro sempre apóia e o caça de apoio só
ataca se ordenado enquanto no "Loose Deuce" o caça de apoio pode atacar
também por iniciativa.
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