BATALHA DO VALE DE BEKAA

O sucesso israelense na batalha do Vale do Bekaa no Líbano em 1982 remonta a acontecimentos ocorridos 25 anos antes. Em 1967 Israel realizou 3.300 saídas contra o Egito, Jordânia e Síria destruindo 400 caças em terra e no ar. A principal causa do sucesso foi ter conseguido surpresa durante o ataque.

Com Israel mostrando ter facilidade de conseguir superioridade aérea no ar, a resposta árabe foi tentar vencer no chão e montaram uma rede de mísseis SAM.

Na Guerra de Atrito entre 1967 a 1970 ocorreram combates frequentes entre caças israelenses e mísseis SAM egípcios. Israel cita ter perdido 22 aeronaves mas o Egito cita 21 apenas em julho de 1970. Enquanto contra caças tinham uma vantagem de 1 para 40, contra mísseis a vantagem israelenses era de 1 para 2. Os Árabes passaram a investir mais em SAM que em caças.

Em 1973 o Egito tinha 20 baterias de mísseis SA-6 móveis, 70 de SA-2, 65 de SA-3, 2.500 baterias de artilharia antiaérea e 3 mil mísseis portáteis SA-7. A Síria tinha mais 34 baterias de mísseis SAM. O resultado foi 50 baixas em 1.220 saídas nos três primeiros dias da guerra ou uma taxa de atrito inaceitável de 14%. Esta taxa rivaliza com os primeiros bombardeios aliados na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial. No total Israel perdeu 53 dos seus 170 A-4 Skyhawk e 33 dos seus 177 caça-bombardeiros F-4 Phantom. Em combate aéreo perderam apenas cinco aeronaves para os MiGs.

A ameaça dos mísseis SAM restringia a capacidade de interditar o Exército inimigo e podiam criar um cinturão para o disparo de mísseis balístico como o SS-21. A lição foi simples: descobrir uma forma de destruir as baterias de mísseis SAM. O Exercito israelense logo passou a investir na sua artilharia para não depender muito da Força Aérea para apoio aéreo aproximado.

Após as perdas altas para os mísseis SAM em 1973, e a experiência semelhantes dos americanos no Vietnã, Israel começou a preparar as contramedidas para os guarda-chuvas de mísseis árabes. A doutrina israelense era derivada da guerra dos Seis Dias quando a ameaça de SAM não era um fator importante.  Em 1981 Israel estava pronto para usar sua nova doutrina e táticas de supressão de defesas aéreas.

Em 28 de abril de 1981 Israel derrubou dois helicópteros sírios enquanto cobriam ações contra as milícias cristas no Líbano. A Síria reagiu deslocando três baterias de mísseis SA-6 para o Vale de Bekaa. Israel reagiu como sendo uma violação ao acordo sobre a presença de tropas no Líbano e como ameaça aos seus vôos de reconhecimento. Apesar da ameaça de remover as baterias a força, a crise foi abafada diplomaticamente.

A Força Aérea Israelense passou a realizar reconhecimento com aeronaves não tripuladas e passou a treinar seus pilotos no Deserto de Negev contra posições SAM idênticas as encontradas no Líbano. O Exército de Israel passou a desenvolver planos para invasão do norte do Líbano para conter as incursões da OLP.

Em junho de 1981 já havia 19 baterias de mísseis SAM sírias no Vale de Bekaa. Os operadores já estavam até acostumados com os vôos dos UAVs e não camuflavam nem mudavam de posição mais. No total eram três Brigadas de mísseis, com 200 mísseis e 400 canhões para defender as baterias de mísseis SAM.

A tentativa de assassinato do embaixador israelense em Londres foi a desculpa para iniciar as operações chamada Operação Paz para a Galiléia. O objetivo era destruir a infra-estrutura e base da OLP no sul do Líbano.

No dia 9 de junho de 1982 Israel iniciou a operação Artzav (grilo) contra os mísseis SAM sírios no Vale do Bekaa. Antes do ataque aeronaves RPV Mastiff e BQM-34 foram usadas como iscas simulando a assinatura de aeronaves para forçar os sírios a ligarem seus radares. Israel sabia a freqüência de operação dos radares dos mísseis SAM sírios e sua área de cobertura radar.

Pouco depois das 14 horas, uma força de 26 caças F-4E Phantom II atacou os centros de comando e radares de mísseis sírios com mísseis AGM-65 Maverick e AGM-45 Shrike. Forças em terra lançou mísseis Zeev (Standard lançado de terra) de curto alcance 10 minutos após os caças terminarem seu trabalho. As baterias de mísseis logo ficaram cegos e não podiam atirar. Depois uma frota de 40 caças Phantom, Kfir C2 e A-4 Skyhawk bombardearam os lançadores de mísseis com mísseis Maverick, bombas burras, bombas em cacho e até bomba guiadas GBU-15. A força atacou e destruiu 17 das 19 baterias SAM no vale. A missão foi completada as 14:35 horas e foi seguida de uma terceira fase que era atacar posições sírias na frente de combate. Os A-4 foram usados mais para lançar cortinas de chaff. Os A-4 e Kfir também voavam na costa do Líbano esperando serem chamados para dar apoio aéreo para as tropas terrestres que invadiam o sul do Líbano.

Os F-15 e F-16 deram cobertura contra os interceptadores sírios conseguindo derrubar 29 MiGs no que é considerado a maior batalha aérea depois da Segunda Guerra Mundial. A Síria cita ter conseguido 16 kill. Na manhã do dia 10 as duas baterias restantes de mísseis SA-6 foram destruídos. Os F-15 e F-16 derrubaram mais 28 aeronaves sírias neste dia. Três eram helicópteros que tentavam atacar as colunas blindadas israelenses penetrando o vale de Bekaa e com os MiGs também tentando atacar também as tropas israelenses em terra.

No inicio dos ataques os sírios pousaram suas patrulhas aéreas para criar zonas de tiro livre para os mísseis SAM. Não arriscariam seus caças como no passado. A Síria acabou tendo que enviar seus MiGs após perder seus mísseis SAM. Mais de 60 caças sírios decolaram no primeiro dia, ou mais do que o esperado. No fim de julho já eram 87 baixas sem perdas para Israel em 42 engajamentos. Apenas um RF-4E, um A-4 foram perdidos para os SA-7 portáteis, além de alguns helicópteros.

Os Sírios relatam ter derrubado 19 caças israelenses com a perda de 60 caças. Não mencionaram danos aos mísseis SAM na época e suas vitórias podiam ser alvos falsos lançados por Israel. No dia 9 de junho, um MiG-23 puxando 8,5 g's foi derrubado por um F-15, mas o Eagle foi atingido logo depois por um Aphid que atingiu a entrada de ar dianteira produzindo vários buracos fuselagem e quatrocentos buracos menores. O F-15 conseguiu pousar.

Os fatores da esmagadora vitória israelense foram várias. As mais visíveis são a utilidade e capacidade dos sistemas de armas como os mísseis ar-ar. A Síria só tinha o MiG-21 e MiG-23 já obsoletos. A batalha do Vale do Bekaa foi o batismo de fogo do MiG-23 que seria resposta russa ao F-4, F-111, F-14, F-15 e F-16. Foi projetado para ser mais rápido e com maior carga de armas que o MiG-21 e teria capacidade BVR semelhantes ao F-4. Como todo aeronave russa teria capacidade de operar e em pista de dispersão. O radar foi baseado no AN/AWG-10 do F-4 capturado no Vietnã (derrubado). Os russos pensaram em usar as táticas dos MiG-21 de atacar rápido e dos F-4 usando velocidade e melhor radar. Assim o MiG-23 foi otimizado para táticas de "atacar e fugir" dos MiG-21 usados no Vietnã. Era péssimo em manobras e com péssima visibilidade na cabina, sendo muito difícil de manter.

Israel estava equipado com o F-15 e F-16 uma geração a frente, mas ainda usava o F-4 e Kfir ainda efetivos. Após a Guerra do Iom Kippur, Israel adquiriu os caças F-15 Eagle na época o melhor do mundo, para evitar outro ataque surpresa pelo ar. Pela primeira vez Israel operava uma aeronave com uma geração a frente dos países da região.

O F-15 e F-16 foram projetados especificamente para a tarefa de superioridade aérea. Tinham relação peso:potência de 1:1, melhor radar e boa visibilidade na cabina, detectando sempre primeiro e com alerta rápido de ataque. Estavam equipados com as ultimas versões dos mísseis ar-ar americanos como o AIM-7F, AIM-9L e com o canhão Vulcan apontado pelo radar.

Os mísseis AIM-9L e o Python 3 conseguiram a maioria dos kill devido a capacidade todo aspecto. Podiam ser disparado de qualquer angulo e até de frente contra o inimigo. A taxa de acerto dos mísseis guiador por infravermelho passou de 10-19% no Vietnã para 88% nas Malvinas e 73% no Bekaa. A síria ainda usava o Atoll da década 60 que só disparavam na traseira do alvo e recebeu os AA-8 e AA-7 considerados inferiores aos equivalentes americanos e israelenses pois também só engajavam alvos por trás. Os israelenses tinham facilidade para disparar e viram poucos disparos de retorno.

Israel também tinha vantagem clara nos sistemas de Comando & Controle (C2). Foi o primeiro país a usar aeronaves AWACS em combate com o E-2 Hawkeye. O E-2 vetorava caças para o alvo e gerenciava toda a batalha aérea. Era capaz de monitorar 200 contatos simultaneamente e controlar 130 engajamento ar-ar a até 400km de distância. O sistema de apoio eletrônico ALR-59 era capaz de detectar radares a 800km. A capacidade do E-2 de detectar os caças Sírios assim que decolavam foi declarada como existente na época, mas era feito pela rede de SIGINT e COMINT. Esta capacidade só passou a existir com a entrada em serviço do 707 Phalcon. Monitorando suas comunicações podiam estimar quem eram, quantos e onde estavam.

O F-15 foi usado como mini-AWACS na retaguarda para gerenciar engajamentos ar-ar. Os caças eram vetorados para atacar o lado cego dos MiGs que só tinham radar para vigiar a frente e alerta radar na parte traseira. O resultado era ataques furtivos de Israel.

Já os sírios tiveram seus radares de controle de caça e seus rádios cegados por interferência eletrônica dos Boeings 707 adaptados para a função de interferência de longa distância (Stand-Off Jammer - SOJ). As cadeias de montanha no Líbano também atrapalhavam a visão e os caças israelenses se aproveitavam para se esconder. Os caças sírios ficaram sem chances de atacar ou evadir com eficiência. As formações se tornaram um caos. Os sírios chegavam a ponto de voar figuras em forma de oito tentando adquirir os caças israelense visualmente.

Os caças israelenses estavam equipados com os interferidores da série EL/L-8000 para se protegerem. Os caças também estavam equipados com rádios de salto de freqüência para se proteger de escutas e interferência.

Scout
O veiculo aéreo não tripulado Scout fazia inteligência em tempo real para os israelenses. Uma reação a guerra de 1973 foi a introdução de aeronaves não tripuladas para acompanhar os ataques transmitindo imagens de vídeo em tempo real. Outros simulavam caças e saturava as defesas. Já em 1981 Israel vigiava as bases Síria continuamente. Sabiam que os MiG-25 operavam apenas de duas ou três bases e, com vigilância continua dos UAV, sabiam quando iam decolar e podiam preparar armadilhas. Também vigiavam as bases de MiG-21 e sabiam quando decolavam. As imagens eram passadas para os E-2 que controlava a interceptação ordenando os caças a engajar ou fugir de acordo com a situação. Em 1973 Israel teve que usar os A-4 biposto para dar alerta visual de lançamento de mísseis para os caças voando mais baixo e a frente.

Bekaa
Mapa do vale de Bekaa no Líbano.

O treinamento das tripulações de solo fez o turnaround das aeronaves ficar em cerca de para 10 minutos com uma grande disponibilidade para o combate. As distâncias da área de operação também facilitavam com as bases em Israel ficando a no máximo 140km do campo de batalha ou 10 minutos de vôo.

O treinamento de combate aéreo israelense é muito realista. Os ensaios foram exaustivos e estavam muito bem preparados para a missão. Também conheciam bem a área do alvo onde a sobrevoavam por vários anos antes do conflito. As aeronaves de reconhecimento e vigilância fizeram um bom trabalho de reconhecimento dando a posição correta das baterias sírias.

Os pilotos sírios eram muito ruim em treino, táticas e equipamentos. Os pilotos eram muito dependentes de radares de controle de caças (GCI) e não tinham iniciativa nos combates o que fez muita falta. Nem sabiam usar o MiG-25 direito. Até os sírios mesmo reconhecem que se tivessem caças melhores não faria diferença devida as táticas pobres. Os pilotos israelenses perceberam que os sírios pilotavam como se soubessem que seriam derrubados e só esperavam o resultado.

A doutrina soviética segue o principio de dominar céus com superioridade numérica e a Síria seguiu esta doutrina. Esta tática requer superioridade numérica sobre o inimigo que Pacto tinha sobre a OTAN, mas Síria não tinha. No cenário europeu os russos não conseguiriam derrubar todos os caças da OTAN, mas conseguiriam fazer as tropas em terra avançar sem se preocupar tanto com ataque aéreo. Até os russos sabem que a iniciativa no ar é importante e não pensam em viver sempre por conta dos GCI.

A função da Força Aérea Soviética era apoiar um exército avançando. Era esperada grande perda mas compensado com superioridade numérica. Esta tática foi exportada junto com armas, mas o desempenho foi ruim devido a mudança do contexto. Já o MiG-15 foi usado no cenário onde foi planejado de defesa de ponto durante a guerra da Coréia e com pilotos russos bem treinados foi um sucesso, mas com pilotos coreano mal treinados virou apenas um alvo. Já os Vietnamitas desenvolveram táticas próprias. Mesmo com inferioridade numérica os ases apareceram por aprenderem a operar sem apoio externo.

Os mísseis SAM russos eram bons, mas foram mal operados pelos sírios. Ficavam em posições fixas, com os radares nos vales ao invés de montanhas. Não tinham as posições camufladas e usaram fumaça para esconder o ataque o que só facilitava detectar os alvos a distância. Os sírios não seguiram a doutrina russa de manobra e camuflagem. Os manuais russos citam alternar a posição de tiro, realizar emboscadas defensivas, posições falsas e reposicionamento regular para confundir a inteligência inimiga.

 
A batalha do Vale do Bekaa foi a primeira oportunidade para por em prática as lições do Vietnã com o uso de caças e mísseis de nova geração.


Outra arte mostrando um Eagle israelense engajando um MiG-23 sírio.

As informações disponíveis não são muitas, mas o resultado pode ser até melhor do que parece. Os Esquadrões de caças israelenses até que tinham ordens não oficiais para não atirar sem identificação visual positiva. Em uma ocasião um piloto cita que foi autorizado pelo controlador em terra, resolveu fazer a identificação visual e era amigo. Mas com o uso do Combat Tree e os E-2 detectando os sírios já na decolagem é possível deduzir que podiam realizar disparos a longa distância. O número de AIM-7 disparados até sugere que isto aconteceu. Foram cerca de 200 AIM-7 Sparrow disparados contra 75 mísseis AIM-9 e Python 3. Outra fonte cita 23 mísseis disparados com uma vitória BVR. Não seria nenhuma surpresa se alguém descobrisse que Israel está escondendo suas táticas. 

Os F-15 conseguiram 40 vitórias, os F-16 derrubaram 44 MiGs e um F-4E conseguiu uma vitória. Foram seis vitórias com o canhão (menos de 6% do total) e cerca de 24 com o Sparrow (menos de 12% de acerto). A maioria foi para os AIM-9L e Python 3. Os Sidewinder tiveram um Pk de 70 a 90%. O papel dos F-15 e F-16 era exclusivo para combate aéreo durante a batalha. Um único piloto sírio relata ter se desviado de 15 mísseis Sparrow em três dias.

Uma explicação para a inexistência de perdas israelenses foi que durante os combates aéreos os controladores de caça coordenavam as esquadrilhas de quatro caças no Vale de cada vez. os caças ficavam alguns minutos e voltavam para o mar. Eram ciclos constantes. O objetivo era evitar ficar muitos caças ao mesmo tempo no mesmo local e perder a consciência da situação lutando por muito tempo. Podiam ter ficado mais tempo e conseguido mais vitórias, mas perderiam aeronaves no processo. No fim das contas conseguiram um bom número de vitórias ao mesmo tempo em que minimizavam suas próprias perdas.

Nova Geração

Israel desejava comprar o F-15 desde 1973 após sofrer mais de 100 perdas em 19 dias de combate, ou 25% da sua força de caças. Com o embargo de armas os israelenses iniciaram o projeto RAAM (trovão) que resultou no Nesher e Kfir. Os EUA começaram a liberar aeronaves para Israel com o A-4 Skyhawk substituindo o Mystere e Ourugan. Depois liberaram o míssil SAM Hawk.

Os Israelenses sempre queriam operar aeronaves americanas de ultima geração mas sem sucesso. Em 1956 queriam o F-86 Sabre contra os MiG-15 árabes, mas tiveram que se contentar com o Mystere francês. Em 1967 queriam o F-4 contra o MiG-21 e tiveram que combater com o Mirage III com a mesma capacidade. A escolha dos caças sempre foi política. Com o F-15 quem escolheu foram os pilotos que queriam o melhor. Em 1969 Israel já tinha um requerimento para um sucessor do F-4E e RAAM B na década de 80. O caça seria avaliado entre 1971 a 1973. Alguns chefes queriam o melhor com Hi-Lo-Mix de F-15 e F-16 e não um caça indígena que seria o Lavi.

A reação árabe a superioridade aérea israelense na Guerra dos Seis Dias foi tentar ganhar no chão. Primeiro com ajuda russa com uma rede de mísseis SAM, artilharia antiaérea e caças MiG-21 apoiados por uma rede de centros de comando e uma rede de radares de alerta. Estes sistemas já estavam operando em 1968 e em 1969 o Egito iniciou a guerra de atritou. Os F-4E conseguiram abrir brechas e passar pela rede de mísseis SAM. A reação foi colocar operadores russos no país e até uma Brigada de MiG-21. Os russos queriam evitar a derrota material das armas comunistas. O balanço da guerra passou para o Egito no meio do ano de 1970 com cinco F-4E derrubados e dois danificados. Era a vitória necessária para o cessar fogo.

Os soviéticos também investiram neste conceito para contrapor a OTAN. Um Exército Soviético estava equipado, só em sistemas móveis guiados por radar, com dois lançadores de mísseis SA-4, três de mísseis SA-6 e quatro de mísseis SA-8. Em termos de mísseis seria o equivalente a 45 F-15 com quatro Sparrow cada. Os lançadores de mísseis guiados por infravermelho eram nove lançadores de mísseis SA-9 e vários lançadores portáteis equivalente a 256 F-16 voando baixo para proteção com quatro Sidewinder cada.


A Força Aérea de Israel passou a usar aeronaves equipadas com câmeras de longo alcance (LOROP) para monitorar a proliferação de mísseis SAM além da fronteira. Os MiG-25R coletavam os dados para os árabes e eram operados pelos russos. Os F-4E não conseguiam interceptá-los e a primeira reação foi melhorar o desempenho do F-4E.

A USAF contratou a General Eletric para realizar o programa PCC (pre compressor cooling) resultando no F-4X. O PCC consistia em instalar dois tanques conformais acima da entrada de ar do F-4E, cada um com 2,5 mil litros de água e as bombas necessárias. A água era injetada na entrada de ar a grande altitude e alta velocidade aumentado a potencia em 150%. O arrasto dos tanques era grande, mas o resultado compensava em muito. A USAF queria atingir uma velocidade máxima de Mach 3.2 e uma velocidade de cruzeiro de Mach 2.4. Com o F-4X ameaçando o Programa FX os recursos foram desviados para o novo caça. Israel tentou financiar o F-4X sem sucesso e passou a também se interessar no F-15.

Em 1970 o Raam A virou Nesher. O Raam B com a J-79 voou em 1974. Nenhum podia interceptar o MiG-25R ou superar o F-15. Os israelenses iniciaram o projeto de um sucessor do Raam B para um caça da década de 80 que seria o Lavi. Uma ala não queria um sucessor indígena do Raam B por precisar de motor e aviônicos externos. Eram os mesmos que defendiam o F-15 e aceitavam o F-14 como alternativa por ter entrado em serviço em 1972 na US Navy. A guerra de 1973 acelerou a aquisição do F-15 que estava previsto para o inicio da década de 80.

Em 1967 o kill ratio foi de 10 por 1 ou 450 vitórias para 46 perdidos. Em 1973 o kill ratio foi de 4 por 1 ou 433 vitórias contra 109 perdas. Mantendo um kill ratio alto em 1973 poderiam ter feito o conflito ficar mais curto, ou cerca de seis dias ao invés de três semanas e diminuir as próprias perdas. Um motivo das perdas é não conseguir dissuadir a agressão e tinha relação com as perdas no fim da Guerra de Atrito para o Egito que mostrou que os mísseis SAM eram efetivos. Israel precisavam de um caça uma geração a frente para manter a superioridade no campo de batalha. O treinamento e táticas não eram mais eficientes contra os mísseis SAM e caças de uma IADS moderna.

Em junho de 1974 foi lançado um requerimento de 50 caças. O F-14 e o F-15 foram avaliados. Os pilotos de teste acharam o F-14 pesado nos controles e o motor sensível não permitiria voar agressivamente como nos caças que tinham.

O conceito dos dois era diferente. O F-15 foi projetado para superioridade aérea no campo de batalha enquanto F-14 para defender um porta-aviões. Um era monoposto e o outro biposto. A capacidade de superioridade aérea do F-15 sempre foi considerada mais importante que a capacidade de interceptação do F-14. Os dois podiam operar com apoio mínimo de radares em terra. Só não gostaram do tamanho do F-15 e preferiam uma aeronave menor. Também avaliaram custo ciclo de vida.O F-15 custaria US$ 628 milhões para uma frota de 50 aeronaves contra US$ 870 milhões do F-14. O custo direto operação era de US$ 1.073,00 para o F-15 e US$ 1.689,00 para o F-14.

Os caças foram testados em cenários de superioridade aérea no campo de batalha, capacidade de escoltar pacotes de ataque e a capacidade de interceptação certos alvos desde helicópteros voando lento e muito baixo até o MiG-25R voando muito alto e rápido, além de jatos de ataque rápido ou Tu-16 com mísseis de longo alcance.

Os americanos não aceitaram a realização de testes de um contra o outro, mas contra o A-4 e F-4. O F-15 era sabidamente mais ágil e o F-14 foi testado para saber se competiria com o F-15. Os israelenses sabiam que o F-14 tinha menos visibilidade na cabina, uma relação peso:potência menor e era otimizado para combate a longa distância.

Os pilotos israelenses consideram sempre que a geração a frente era superior. O Super Mystere ganhava do Mystere e que eram vencidos pelo Mirage. A geração a frente sempre tinha uma melhor relação peso:potência, mas era menos ágil. Em um combate dissimilar a aeronave superior tenta realizar um combate em curva enquanto a inferior tenta manter a energia. Os pilotos israelenses foram preparados para este tipo de teste. O F-15 era bom no quesito peso:potência e agilidade em relação ao F-4 e A-4. O F-14 mostrou ser menos ágil que A-4 com o F-14 sendo inferior e o A-4 superior. Ter dois tripulantes era considerado uma vantagem, mas a capacidade multialvo era considerada irrelevante nos cenários locais. O F-14 era considerado com melhor potencial de crescimento e realmente estava em produção.

Os políticos acharam estranho comparar o F-15 com o F-4 que também era um bimotor armado com oito mísseis. O fato de ser mais manobrável e ter um radar melhor na capacidade "look down/shoot down" era difícil de explicar. Ficava mais difícil ainda com um custo de US$ 50 milhões. A capacidade ar-solo era melhor que a do F-4E sem reabastecimento em vôo e por isso que foi escolhido. O sucessor do F-4 foi o F-16 que era multifuncional. O F-15 era único da classe sendo chamado de Baz em Israel (um falcão local).

A diferença entre os caças de segunda e terceira geração era gritante. Os Mirage III israelenses eram usados como "Red Force" treinando os F-15 simulando o MiG-21 que tinha desempenho similar e era o principal adversário provável na época da entrada em operação. Os F-15 vinham sendo usados para ensinar os outros esquadrões a se defender de futuros caças de Terceira Geração. Um F-15 perseguido por um Mirage III levava 20 segundos para entrar no six do Mirage e eram pilotos novatos comandando os Eagle. Geralmente eram dois F-15 contra três caças inferiores e eram derrubados em 2-3 minutos. Era esperado que o F-15 superaria também futuras ameaças. Queriam criar um "gap" tecnológico por muito tempo com os vizinhos.

A vantagem do F-15 era em todos os aspectos na arena ar-ar. Os pilotos de F-15 continuavam a voar sua patrulha de combate após um engajamento enquanto os Mirage III e F-4 tinham que voltar para base por falta de combustível.

O F-15 entrou em operação cheio de problemas na estrutura da ponta da asa, vazamento de combustível e falha na partida do motor. Os problemas foram logo superados. Os F-15 bipostos eram usados para escolta de longo alcance e disparo de armas de precisão. O segundo lote era composto de seis F-15D e nove F-15C para estas missões. Os F-15 de Israel foram armados com armas ar-superfície bem antes do F-15E americano.

Todas as missões de ataque de Israel tinham escolta de caças. O padrão era similar as emboscadas da guerra de atrito: uma patrulha aproximada, uma patrulha distante e caças de alerta na base. Os pilotos era sempre os melhores e tinham apoio total de radares em terra, interferência de radar, SIGINT e COMINT em tempo real. As emboscadas era um subproduto das missões de ataque. Se os sírios não reagiam tudo bem. Se reagiam o ataque era cancelado e a emboscada começava. Os ataque eram contra posições da OLP no Líbano.

O primeiro kill do F-15 foi em 27 de junho de 1979 durante um ataque contra o Líbano. Quatro F-15 faziam patrulha aérea com a esquadrilha de apoio formada por dois F-15 e dois Kfir. A formação mista foi introduzida no inicio da guerra de atrito com os F-4E usando o radar para apoiar os Mirage. Era padrão dar chances para todos os esquadrões de conseguiram um kill. O apoio de SIGINT logo detectou três formações sírias decolando. O ataque foi cancelado e as aeronaves ordenadas a voltar. Logo depois os radares sírios detectaram nova formação no Líbano e vetoraram os MiG-21 para engajar. Os rádios sírios logo foram jameados e os radares sírios viram o F-15 subindo sem poder avisar. Os dois primeiros F-15 dispararam o Sparrow além do alcance visual e viram os mísseis desaparecer sem conseguir um kill. Logo iniciaram o combate visual manobrando para a traseira dos MiGs e dispararam seus mísseis Python 3 sem reação. O líder não observou que um MiG-21 o estava atacando, mas foi salvo pelo seu ala que derrubou a ameaça. Outra formação de quatro MiGs foram engajados pela patrulha de apoio. A esquadrilha de apoio voava baixo e ficava 50km atrás da patrulha de grande altitude. A esquadrilha engajou sem ordem e estavam abaixo da primeira patrulha quando dispararam e viram os MiG-21 quebrar a formação. O líder disparou em um de dois MiGs fugindo em fila que estavam sendo engajados por outro da patrulha alta. O F-15 voando alto engajou o líder depois com o canhão. Em menos de 1 minuto foram quatro kill com Sparrow, Phyton 3, AIM-9G e canhão de 20mm. Outro kill foi dividido por um Baz e um Kfir que dispararam no mesmo alvo ao mesmo tempo. A vitória foi depois dada para o Kfir pois os F-15 já tinham quatro kill.

Outra embocada logo foi planejada para o dia 24 de setembro de 1979. Dois F-15 serviram de isca simulando uma aeronave de reconhecimento. Outros quatro F-15 estavam de apoio. Logo a Síria enviou dois MiG-21 seguidos de mais quatro. Em 77 segundos quatro MiGs foram derrubados. Um com o Python 3, um com AIM-7, um com o canhão e outro com o AIM-9G.

Bekaa
Imagem da câmera do canhão da vitória de 24 de setembro. Foi o primeiro de dois kill do mesmo piloto. No primeiro foi com um Python 3 a 6,5 g´s e no segundo com o canhão. O TDB (Target Designation Box) facilita detectar e identificar o alvo visualmente dizendo ao piloto onde olhar com auxílio do radar.

Mesmo com um saldo de 9x0 contra, os sírios continuaram voando sobre o Líbano. Os MiG-23 e MiG-25 eram inferiores e pouco numerosos. O F-15 mostrou ser o inicio da vitória dos EUA na Guerra Fria.

No dia 24 de agosto de 1980 dois RF-4 em uma missão de reconhecimento no sul do Líbano foram interceptados por MiG-21 sírios. Dois F-15 e dois Kfir engajaram os MiGs. Um mig foi atacado de frente por um Sparrow e foi derrubado.

No dia 31 de dezembro de 1980 os sírios lançaram quatro MiG-21 para interceptar dois F-15 e dois F-4E. Um MiG foi derrubado com o Python 3. O líder dos F-4 engajou outro MiG e disparou dois mísseis que falharam. O ala disparou outro míssil ao mesmo tempo que um Baz e a vitória foi dividida..

A esperança de vitória Síria era conseguir derrubar um RF-4 sobre o Líbano. Eram alvos indefesos e de alto valor, mas nunca operavam sozinhos sem escolta. O MiG-21 não podia subir rápido o suficiente para interceptar o RF-4 voando alto e rápido. O MiG-23 tinha capacidade e mísseis de longo alcance.  Em uma ocasião os MiG-23MS perseguiram e quase derrubaram um RF-4 no Líbano. Dispararam três mísseis que foram evitados com manobras evasivas, mas todos explodiram perto do Phantom.Quando a Síria colocou o MiG-25 em operação em 1979 logo tentariam usar contra o RF-4. A monitoração SIGINT e COMINT de Israel mostrou que a operação do MiG-25 iniciou no fim de 1980. Também detectaram várias tentativas de interceptar os RF-4 nos meses seguintes. A resposta seria uma emboscada aérea.

No dia 13 de fevereiro de 1981 os israelenses lançaram a missão. O mau tempo podia significar que não ocorreria a interceptação. Com mísseis de longo alcance funcionaria bem. Logo detectaram um alvo no radar. O caça sírio estava em rota de interceptação e a velocidade e altitude mostrava que era um MiG-23 ou MiG-25. Os F-15 estavam voando sobre o mar da Galiléia quando foram chamados. Subiram para 30 mil pés a 100km do alvo com um vetor para o alvo. O RF-4 foi ordenado a cancelar a missão. O primeiro AIM-7 foi disparado a 25 milhas e outro a 21 milhas. Quando o F-15 lançou o terceiro míssil pode ver uma explosão. Não conseguiu identificar o alvo e já estava sobre a Síria. Os soviéticos confirmaram depois ser um MiG-25P.

Superada totalmente no ar a reação síria foi construir uma IADS no sul do Líbano como feito pelo Egito no Sinai. Israel reagiu preparando uma operação de supressão de defesas e passou a ser uma operação secundaria a uma futura operação de invasão do sul do Líbano.

No dia 29 de julho de 1981, a Síria tentou novamente interceptar um RF-4. Dois MiG-21 e dois MiG-25 foram vetorados. Um F-15 disparou um Sparrow e atingiu um MiG-25. Ao mesmo tempo a formação síria se separou e tentaram perseguir sem sucesso. Outro MiG-25 disparou quando um F-15 virava para o sul e os mísseis foram evadidos.

Em julho de 1980 Israel iniciou o recebimento dos seus F-16. Não tinha a capacidade BVR do F-15, mas era mais mortal no combate aproximado. Israel seguia o padrão americano de ter uma força Hi-Lo-Mix. Em 1980 Israel tinha um esquadrão de caças de Terceira Geração e em 1981 eram quatro esquadrões. O resultado foi duas vitórias para o F-15 e três para os F-16 em 1981.

Israel levou quatro anos para iniciar treinamento dissimilar entre os F-15 e F-16. Os comandantes temiam que os pilotos de F-16 tentassem provar que não eram frustrados por não terem sido escolhidos para voar no F-15. O combate dissimilar sempre foi perigoso e todos queriam gravar o F-15 na câmera de ataque. No único teste realizado quando os F-16 chegaram o "viper" mostrou ser melhor no combate visual no 1x1, mas perdeu no 2x2 contra o Eagle.

As estações de SIGINT e COMINT na fronteira síria permitiu montar a ordem de batalha síria. Também permitiu perceber o padrão das missões reais sobre o Líbano e o padrão de treinamento. As aeronaves também eram monitorados por radares em terra. As aeronaves E-2 Hawkeye que entraram em operação em 1978 mostrou ser inútil para detectar alvos voando sobre a terra. Ao contrario do que foi informado na época, não foram o E-2 e os Boeing 707 que realizavam as missões de alerta antecipado e interferência eletrônica e sim estações em terra de radar. Em alguns cenários a cobertura radar do F-15 era melhor que a rede de radares em terra.

O objetivo declarado para a invasão do Líbano em 1982 era criar uma zona de segurança de 40km fora do alcance dos foguetes katyusha da OLP. A intenção real era cortar a rodovia Beirute-Damasco no leste, capturar Beirute a oeste, retirar a OLP do Líbano e passar o controle para os cristãos no Líbano. As forças síria teriam que ser atacadas no Líbano para atingir estes objetivos.

Os F-15 do esquadrão "Double Tail" fariam patrulha de combate e escolta fora da proteção dos mísseis SAM sírios no Líbano. Até oito caças ficavam em alerta na base de Tel Nof. No primeiro engajamento no dia 7 de junho, os pilotos de F-15 não encontraram o alvo e deram meia volta para o sul quando iam entrar no alcance dos SAM. Um piloto, o número quatro da esquadrilha, logo viu o alvo, um MiG-23 com asa aberta a 8-10km de distância. O MiG também tinha virado para o norte, na direção contrária, sem encontrar seu alvo (os F-15). O piloto logo anunciou que trancou no alvo e disparou um Sparrow. O Sparrow errou e disparou um Python 3 a 1,5 milhas e 300-700 metros abaixo olhando para baixo. O piloto logo fez uma curva para o oeste para evitar os mísseis SAM ou o ala do mig. Não viu o resultado do próprio disparo, mas foi confirmado por outros pilotos na formação.

No dia 8 de junho Israel atacou tropas sírias em locais sem proteção de mísseis SAM. A reação síria foi interceptar e jamear os rádios dos F-15 e F-16 israelenses interceptando MiGs sírios. A reação israelense foi diminuir as comunicações por áudio e dividir a formação em duas duplas que seria mais difícil para os sírios acompanhar. As táticas israelense funcionaram melhor em dois de cinco engajamentos no dia. A primeiro patrulha da manhã engajou um alvo no setor de Beirute. Um F-15 trancou em um alvo voando baixo a 15 milhas. A 5 milhas identificaram o alvo e parece que o MiG-21 também fez o mesmo pois dei meia volta e fugiu. Os dois MiGs foram atingidos por mísseis Sparrow disparados a 3,5km. Outro MiG-23 foi derrubado por dois Sparrow disparados por dois F-15 horas mais tarde.

Nas primeiras 72 horas da guerra foram sete MiGs derrubados no Líbano, mas o melhor resultado foi destruir a IADS. A supremacia dos F-15 e F-16 já tinha sido provada entre 1979 a 1981 e teve impacto direto em 1982. Um engajamento típico era o vetoramento para engajar, aquisição do alvo com o radar, trancar no alvo, identificação visual, curva e disparo das armas. As vezes o míssil errava e a maioria atingia. Não ocorreram dogfighting entre os F-15 e F-16 contra os MiGs sírios.

A reação Síria foi construir uma IADS no sul do Líbano e Israel tinha que destruí-la antes para conseguir superioridade aérea ao invés de simplesmente limpar céus dos MiGs. Israel já tinha preparado as táticas, sistemas de guerra eletrônica e armas com as lições aprendidas no conflito de 1973. Funcionou perfeitamente bem no dia nove na operação Artvaz (Grilo). Os F-15 não ajudaram, mas foram beneficiados. Os sírios logo lançaram dúzias de MiGs para salvar a IADS e foram derrubados sistematicamente aumentando ainda mais a vitória israelense. Foram 25 caças derrubados sendo 11 pelos F-15.

Um mig voando baixo no sul de Beirute foi trancado por um F-15 a 36km de distância. Virou para o leste e foi identificado a 2500m como sendo um MiG-23. Foi derrubado por um Sparrow e outro passou pelos destroços. Três formações conseguiram mais nove kill em quatro engajamentos na manha. Dois foram sem armas com manouevre kill. Eram dois MiG-21 que fugiram para nuvens e bateram nas montanhas logo abaixo.

Em outro engajamento eram quatro F-15 contra dois MiG-23 com um sendo derrubado por um Sparrow e outro por um Python 3 do ala após o líder ter uma falha técnica. Na volta para a estação de patrulha o número 3 e 4 da esquadrilha foram atacados por dois MiG-21 cujos mísseis erraram o alvo ou falharam em guiar. Os F-15 reagiram e um foi derrubado por um Python 3 e outro por canhão.

A tarde em um engajamento o número 3 e 4 trancaram no alvo a 35km e atacaram. Um MiG-21 foi atingido por um Sparrow. O outro teve que manobrar para fugir da artilharia antiaérea e perdeu o trancamento do Sparrow. O ala derrubou o outro MiG com um Python 3. A esquadrilha foi ordenado a desengajar devido a ameaça da artilharia antiaérea na área e um MiG-21 disparou a queima roupa na frente de um F-15. Reverteu e ameaçou novamente. O F-15 desacelerou, fez uma curva apertada e logo estava atrás do MiG-21. Disparou um míssil e errou. Depois um Python 3 com sucesso. Enquanto observavam o alvo cair sem explodir, um F-15 foi atingido por um míssil disparado por um Mig que explodiu dentro do motor direito. A aeronave conseguiu pousar e voltou a voar 2 meses depois.

No dia 10 de junho os combates continuaram intensos com os F-15 derrubando 13 MiGs sírios. As tropas em terra entraram em combate no vale ao sul da rodovia Beirute-Damasco. Sem proteção da IADS os sírios tiveram que usar seus caças. Também atacaram posições israelenses com caças e helicópteros no dia 10. No primeiro engajamento um F-15B derrubou dois MiG-21 e um MiG-23 na mesma saídas. Foi o primeiro kill triplo de um F-15. Logo depois um F-15 derrubou um helicóptero Gazelle com um Python 3, mostrando a capacidade de trancar em alvos baixo e lento.

A capacidade do F-15 era incontestável. A sorte passou ser o principal fator de sucesso para os pilotos israelenses ou estar lugar certo e na hora certa e não sofrer falhas nos sistemas e armas. Alguns pilotos percebiam que quando entravam no Líbano os MiGs sumiam. Alguns sempre viam engajamento ou derrubavam e outros nuca e ficavam desesperados para conseguir um kill antes da guerra acabar.

No dia 11 de junho uma dupla traqueou um alvo voando a 63 mil pés a 90 milhas de distância. Foi informado que era U-2 americano monitorando a luta embaixo. Depois foram vetorados para um alvo voando leste a 25 milhas que logo foram identificados como sendo dois MiG-23. O disparo do Sparrow mostrou ser ruim na posição frontal e para baixo e prepararam um disparo traseiro. Perseguindo não tinham opção a não ser para baixo. Estavam a duas milhas em perseguição em perseguição e não conseguiam se aproximar mais para disparar o Python 3.Estava fora do envelope nominal do AIM-7F, mas tentou um disparo assim mesmo. O lock on era firme mesmo com ruído de fundo do solo  tentou um disparo "look down/shot down". O piloto pensava que não ia acertar no ala mas atingiu. Logo disparou um segundo Sparrow no líder que também foi derrubado em menos de 30 segundos.

O ultimo kill de foi de dois F-15 vetorados contra MiGs voando a leste. Não conseguiram um "lock" contra o alvo voando mais baixo. Cruzaram e reverteram rápido ficando atrás dos MiG-21. Um F-15 disparou um Python 3 que errou e depois outro acertou a 1 milha. O líder viu o piloto ejetar enquanto o ala engajava o outro MiG-21.

O Esquadrão Double Tail voou 316 saídas na batalha, algumas do tipo "scramble", conseguindo 33 kills contra três aeronaves danificadas sendo uma grave. Cinco vitórias foram BVR e a maioria a curta distância. Vinte e nove vitórias foram com mísseis e dois com canhão, além das duas com manobras. Dezenove kills foram com o Python 3 e o resto com o AIM-7F. No inicio as vitórias foram uma de míssil IR contra 5 de mísseis SARH antes das IADS serem destruídas e depois passou de 18 para 5 após a destruição das IADS sírias.

No dia 11 de junho foi feito o cessar fogo, mas a luta continuou com missões de apoio aéreo aproximado. No dia 24 de junho dois F-15 engajaram dois MiG-23 e dois MiG-21 após um ataque israelense que gatilhou a ação síria. O caça atacando engajou um MiG-23 com um Sparrow frontal a 4km e o ala engajou o mesmo alvo com um Python 3 a 800m e 45 graus de angulo "off boresight" e atingiu o alvo primeiro. Depois virou para engajar outro mig por trás também a 45 graus "off boresight" com um Phython 3. O combate durou 30 segundos. No dia 21 de agosto a OLP foi retirada do Líbano e levada para a Tunísia.

Bekaa
Foto do kill do combate de 11 de junho. No primeiro kill (acima) o F-15 estava voando a 3.350 pés a 600 nós. No segundo kill (abaixo) estava a 1900 pés a 620 nós.

Bekaa
Montagem do kill da imagem anterior.

Os sírios continuaram a usar o MiG-25R em missões de reconhecimento sobre Beirute e imediações. Voavam a 70 mil pés e Mach 2.5 acima do envelope dos mísseis I-Hawk israelenses. Eram apelidados de Nestling. Os israelenses tentaram colocar uma bateria nas montanhas altas do Líbano. O teto de vôo do Hawk era 55 mil e tentavam compensar disparando de um lugar mais alvo. No dia 12 de agosto tentaram interceptar um vôo. O I-Hawk nem conseguiu um lock por ser otimizado para alvos voando alto e lento ou baixo e rápido. Em 31 de agosto tiveram uma nova chance. Com modificações no software trancaram e lançaram dois mísseis que explodiram próximo do MiG-25. Desceu lançando fumaça e foi engajado por dois F-15. Os destroços foram capturados por tropas israelenses no Líbano.

Depois da invasão os RF-4 eram acompanhado por trás por quatro F-16 e de longe por quatro F-15. Os sírios tendem a interceptar de frente e depois os dos lados tentavam convergir por trás. A 10-15 milhas os controladores sírios mandavam voltar. No dia 19 de novembro de 1985, quatro F-15 estavam fazendo escolta aproximada atrás de um RF-4 com os F-16 na patrulha distante. Foram ordenados a engajar dois MiG-23 que voltaram após ordenados a voltar. Os dois F-15 perseguiram e tentaram disparos BVR com o Sparrow sem sucesso. Se aproximaram e derrubaram um MiG com um Python 3.

No total os F-15 israelenses colecionaram 51 kill. As armas usadas foram manobra (2), Python 3 (25,5), AIM-9G (2), AIM-7F (15,5), canhão (4). Destas vitórias seis foram divididas com outros F-15, Kfir ou I-Hawk.

O F-15 mostrou ser resistente durante os combates e também em tempo de paz. Um conseguiu pousar com apenas uma asa após uma colisão com um A-4 durante um treino. No dia 1 de abril de 1988, dois F-15 voltando para base optaram treinar combate 1x1 ao invés de alijar o combustível antes de pousar. Sem desligar corretamente os mísseis, o líder apertou o gatilho e disparou um míssil que atingiu o ala. Mesmo com danos o F-15 voltou para base.

Os F-15 israelenses estão sendo modernizados progressivamente. A primeira modernização foram modos TWS para o radar e a capacidade de disparar o AMRAAM. As aeronaves receberam novos aviônicos desenvolvidos para o Lavi, datalink, GPS, novo capacete DASH e sistemas de guerra eletrônica. Está previsto a capacidade de disparar bombas JDAM.

Bekaa
Um F-15 perseguindo um MiG-23 sírio que desertou em 1998 durante testes. O F-15 mostrou que usar uma aeronave mais avançada que a do inimigo dava uma vantagem esmagadora no combate aéreo.

Guerra das Malvinas

A Guerra das Malvinas não teve muita novidade em termos de combates aéreos. Apenas validou as táticas já usadas e a maturidade dos mísseis ar-ar com a entrada em ação dos Sidewinder de terceira geração.

O melhor treinamento e táticas da OTAN empregadas pelos britânicos, junto com os ataques de surpresa e o apoio de controladores de caças nos navios foi o suficiente para os britânicos conseguirem superioridade aérea. Pelo menos local. Os caças empregados nas batalhas não estavam equipados com mísseis de médio alcance.

Os Sea Harrier conseguiram 31 vitórias sendo sete com o canhão e 24 com os Sidewinder que tiveram um Pk de 88% e era bem superior aos Magic I e Shafrir 2 dos Argentinos. Um Pucará argentino derrubou um helicóptero Scout com seus canhões. Foram poucos combates aéreos e a maioria dos alvos foi pega de surpresa por trás.

A principio os Mirages e Dagger eram superiores aos Sea Harrier, mas a habilidade dos pilotos e a combinação com o AIM-9L venceu. Os Sea Harrier eram mais manobráveis e tinham aviônicos superiores. Os britânicos temiam que os argentinos evitassem combate em curva e que fossem atacados de varias direções, em ataques tipo 'hit and run", com os argentinos aproveitando a superioridade numérica e a velocidade superior dos Mirages. O Sea Harrier era melhor a media altitude em combate em curva.

No primeiro contato eram 6 Mirages contra 2 Sea Harrier. Eram dois Mirages 24km a frente de um par com outro par mais atrás. Os argentinos voavam alto e não desceram para engajar os Sea Harrier. Só foram realizadas manobras defensivas com os Sea Harrier voando mais abaixo. O primeiro engajamento real foi com os Mirages voando a media altitude. Os Sea Harrier estavam separados em 1,5km na defensiva. Os Mirages voavam muito juntos o que só justifica se estivesses sendo usadas como isca para outro par atacar os Sea Harrier. Os Mirages atiraram primeiro de frente a longa distância e erraram com os Sea Harrier revertendo e atacando por tras com sucesso. No mesmo dia um Dagger disparou contra um Sea Harrier que evitou o míssil mergulhando.

A capacidade "all aspect" do AIM-9L foi usado em um engajamento quando um Camberra foi derrubado com um Sidewinder disparado de frente a 7.300m de distância. Outros dois fugiram e os AIM-9L não alcançaram os alvos. Outro C-130 foi atingido por um Sidewinder mas foi derrubado depois com os canhões.

O Reino Unido tentou atingir o radar de busca argentino em Port Stanley com um Vulcan armado com mísseis Shrike. O objetivo era atrapalhar os controladores de caça argentinos e deixar os caças sem apoio externo. Até que conseguiu atingir o alvo mas o com dano foi mínimo e logo reparado. Os Harrier tiveram que voar muito baixo e só subiam a cerca de 80km dos porta-aviões devido a este radar, mas mesmo assim o acompanhamento permitiu determinar a área provável de operação dos porta-aviões.

Como sempre a ameaça dos mísseis SAM e artilharia antiaérea era a principal ameaça. Os argentinos perderam 24 aeronaves para os caças e 45 para os mísseis SAM e artilharia antiaérea. Todas as baixas de aeronaves britânicas foram para a artilharia antiaérea e mísseis SAM argentinos.

Próxima Parte: Guerra do Golfo

Atualizado em 15 de novembro de 2007


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