Operação
Allied Force
Durante a
operação Allied Force em 1999, ocorreram vários combates
aéreos com várias oportunidades de disparo de mísseis
contra os caças sérvios. Foram várias oportunidades
para os mísseis de longo alcance mostrarem que vieram para ficar.
Desta vez a estrela foi o AIM-120 AMRAAM. Graças ao tamanho do AMRAAM,
caças menores como o F-16 também podiam disparar mísseis
a longa distância.
O primeiro
vôo operacional do AIM-120 foi no fim da guerra do Golfo em 1991 só
se tornando realmente operacional no fim deste ano, abrindo caminho para
desenvolver novas táticas. O AMRAAM precisa de apoio até adquirir
o alvo, e depois a aeronave lançadora pode sair da área. O
míssil reporta sua posição pelo datalink, mostrando
dados no cockpit, com o piloto sabendo onde está o míssil
relativo ao alvo. O AMRAAM precisa de um bom radar para apoiá-lo e não
seria possível em 1991 no Golfo e só depois com o APG-70.
O EID (Enhanced IDentification - Identificação
melhorada) passou a ser a chave para o sucesso nos engajamentos. Os AWACS
não tiveram um bom desempenho em Kosovo assim como seus operadores,
diminuindo a confiança dos pilotos. Os pilotos reclamaram que os
controladores aéreos estavam mal preparados para a matriz de identificação.
Um detalhe
importante a ser considerado neste conflito é que os caças
Sérvios estavam sem condições de operar devido ao embargo
que iniciou em 1991 após o inicio da guerra civil. Em 1999, os Sérvios
tinham 10 caças Mi-29A/B e 30 MiG-21Bis/BisK em quatro esquadrões.
Os MiG-21 foram deixados na reserva para responder a uma possível
invasão por terra da OTAN.
Só o 127 Esquadrão de Caça (127. Lovacka Avijacijska
Eskadrila ou 127. LAE), também conhecida como "Vitezovi", ou Cavalheiros,
entrou em ação. O esquadrão era formado por pilotos
experientes e a maioria era oficiais superiores (maioria major), mas voavam
apenas 20 horas por ano. O 127. LAE usava o MiG-29B que era uma versão
piorada de exportação do Modelo 9.12B. Estavam baseados em Batajnica e dispersos ao redor da base. Os ataques da OTAN foram anunciados
por telefones celulares por espiões próximos as bases da OTAN.
A tática usada pelos Sérvios era tentar atacar as formações
aliadas a baixa altitude sem usar o próprio radar e acompanhando
o alvo pelo controlador em terra. Os caças subiam quase na vertical
contra os caças da OTAN. Os MiG-29 voavam a média altitude
(3 mil metros). Os nove caças em condições de vôo
realizaram 11 missões durante o conflito.
Como sempre, as maiores ameaça eram as defesas integradas (IADS) iugoslavas posicionadas em camadas, muitas nas montanhas, e difíceis de atacar. As defesas aéreas iugoslavas conseguiram duas vitórias no conflito, incluindo um F-117, e várias aeronaves danificadas. Também usaram táticas para conseguir sobreviver as aeronaves de supressão de defesas aliadas.
Os iugoslavos usavam a doutrina soviética, mas se prepararam contra uma força superior como a OTAN e aproveitaram a experiência iraquiana para aprender novas táticas. Os mísseis SA-6 eram muito móveis e não ficavam no mesmo lugar muito tempo. Usavam muito engodo e só atacavam com muita vantagem.
No dia 24
de março de 1999, ocorreram vários combates aéreos.
Um F-15C do 493rd FS/48th, pilotado pelo TC Cezar "Rico" Rodriguez, disparou
um AIM-120C contra um MiG-29 pilotado pelo Major Ilijo Arizanov. Rodrigues
já tinha duas vitórias na Guerra do Golfo.
O Major ILijo Arizanov decolou às 20 horas. Arizanov não
tinha o rádio nem o RWR funcionando. Não conseguiu contatar
o controlador em terra. Detectou alvos com seu radar e enquanto preparava
para lançar um AA-10 quando foi atingido. Só não sabia
que era uma esquadrilha de F-117 bem a frente. Perdeu o controle e ejetou-se
as 20:20h. O
piloto relata ter disparado contra um dos alvos e enquanto manobrava para
reengajar foi atingido. O F-15
ficou dentro do alcance dos mísseis AA-10 por vários minutos.
Rodriguez
fazia OCA (ofensive Counter Air), sobre a cidade de Pristina, escoltando um pacote
que iria atacar o aeroporto de Montenegro e radares de alerta antecipado
para abrir um corredor seguro. Rodrigues era o número três
de uma esquadrilha de quatro F-15 que abririam o ataque que incluía
aeronaves B-2 Spirit, voando 70-90km a frente do pacote.
A esquadrilha logo detectou um alvo que pousou
rápido sendo que a base foi atacada enquanto pousava e pode ter sido
atingido. Depois estavam a esquerda da formação, indo para
o norte, quando detectaram alvos indo para o norte a baixa altitude por
15 milhas. O alvo depois virou para o sul e subiu um pouco. Foi detectado
a 2 mil metros de altura, direção 40 graus e 100km a frente
de Rodrigues. Dois minutos depois fez uma manobra beam a 300 graus e perderam
o acompanhamento com o radar. Rodrigues logo readquiriu e fez NCTR para identificar
o alvo.
Quando o contato estava a 55 km Rodriguez alijou os tanques externos,
subiu a 11 mil metros e acelerou a Mach 1.4. Disparou um AIM-120 que logo
virou fazendo "lead pursuit". Rodrigues fez uma manobra F-Ppole para o sul
para evitar o cinturão de mísseis SAM de Kosovo e continuou
acompanhando o míssil. Quando o míssil estava a 15-16 milhas
do alvo Rodriguez apontou o F-15 para o alvo para avaliar a situação
do míssil, até o cronometro zerar. Quando zerou ocorreu uma
explosão fenomenal com o alvo devendo estar cheio de combustível.
A neve das montanhas refletiu a explosão e todos no pacote viram
a explosão. O que não se sabia na época é que
havia dois B-2 logo acima da área do combate e bem no alcance dos
MiG-29.
No mesmo dia, um F-16AM holandês
(J-063) de uma esquadrilha de quatro em uma patrulha sobre Belgrado, disparou
um AIM-120B contra o MiG-29 do Major Dragan Ilic. O Major Dragan decolou
as 20:12h de Batajanica junto com Arizanov e foi direcionado para interceptar
um míssil cruise. O radar não funcionava. Enquanto era guiado
para outros alvos teve alerta no RWR e foi logo atingido. O míssil
foi disparado numa distância de 18km e o MiG-29 estava se distanciando
e subindo. O seu alvo estava a 4.100-4.500m de altura quando foi atingido
na traseira. Não perdeu controle nem potência do motor, mas
o canopi foi atingido e parecia que ia se quebrar. Pousou as 20:42 após
voar lentamente a baixa altitude. Há dúvidas se o dano foi
das defesas aéreas sérvias. O F-16AM foi vetorado por um E-3D
da RAF. O combate foi frente a frente inicialmente e fora do alcance visual.
O F-15 do 493rd FS/48th FW F-15C, pilotado pelo Cap. Mike "Dozer" Shower,
disparou pelo menos três AIM-120C contra o MiG-29 do Major Nebojsa
Nikolic que foi derrubado. O último míssil foi no alcance
visual. Shower estava escoltando
uma esquadrilha de F-117A
O Major Nebojsa Nikolic decolou de Batajnica as 20:37 para interceptar
a formação de Shower. Voava para o norte com o radar e sistemas
de guiamento de mísseis SN-29 inoperáveis. O RWR funcionava
mas um míssil explodiu perto sem aviso. Um segundo passou mais
perto, disparado com os F-117 logo a frente, e o piloto do Mig iniciou
manobras evasivas. Um terceiro AMRAAM o atingiu em cheio e ejetou as 20:47.
A vitória depois foi confirmada como sendo do TC Cezar "Rico" Rodriguez
que derrubou outro Mig na mesma saída (ver acima). O Major Nikolic
cita ter disparado um AA-8 mas a informação não foi
confirmada.
Um F-16A/MLU holandês do 322o Esquadrão, disparou um AIM-120B
contra o MiG-29 (18106) do Major Predrag Milutinovic. O Major Predrag Milutinovic
decolou as 20:45 em direção ao sul contra um segundo pacote
de ataque aliado. O radar não funcionava mas o RWR sim e logo deu
alerta. Consegui quebrar o contato com manobras evasivas e continuou para
o sul. Em Sjenica recebeu um segundo alerta do RWR que durou 10 segundos.
Sem radar ele resolveu voltar. Em Nis teve o terceiro alerta do RWR de um
radar em terra. O míssil o atingiu 10 segundos depois e ejetou as
21:12h.
No mesmo dia, o Major Ljubisa Kulacin decolou as 20:40. Ao deixar a
pista um míssil atingiu um hangar próximo. Kulacin voava em
direção ao norte. O radar e sistemas de armas não funcionavam
mas o RWR alertou um ataque. Realizou manobras evasivas e quebrou o contato.
Ficou 20 minutos tentando ligar os sistemas. Teve que pousar em Belgrano
pois Batajnica estava sob ataque e consegui evadir um míssil antes
de pousar (provavelmente um AIM-7).
No dia 26 de março, o Major Peric e o Capitão de primeira
classe Zoran Radosavljevic decolaram as 17h em direção ao
norte contra um alvo a 16 mil metros de altura. Os dois MiGs voavam muito
baixo. O radar do Major Peric falhou ao serem vetorado para um novo alvo,
provavelmente um Mirage IVP francês.
Os dois caças subiram e a 7 mil metros o Capitão Radosavljevic
recebeu um alerta no RWR. Perceberam quatro rastros de mísseis em
sua direção e iniciaram manobras evasivas. O Major Peric escapou
de um AIM-120C disparado pelo F-15C do tenente "Boomer" McMurrey 493rd FS/48th
FW, mas foi atingido por um segundo míssil disparado pelo F-15C
do Capitão Jeff "Claw" Hwang e conseguiu ejetar.
Outro AIM-120C disparado pelo Capitão Hawang atingiu a aeronave
do capitão Radosavljevic que foi morto. Os dois MiGs decolaram para
interceptar uma força superior e logo ficaram com informações
limitadas do quadro tático quando seu controlador em terra foi atacado.
As forças da OTAN estavam acompanhando os MiGs a partir dos E-3
AWACS e sabiam o tempo todo onde estavam.
No dia 28 de fevereiro de 1994, um par de F-16C do 86o FS/526
FW com código Bhasher 51 (Capt. Robert G. Wright) e Bhasher 52 (Capt. Scott
O'Grady que foi derrubado alguns dias depois por um SA-6) estavam
patrulhando a zona de exclusão na Bósnia (operação Deny Flight) quando foram
chamados pelo E-3 para interceptar seis caças Soko J-21 Jastreb (ou Galeb),
voando próximo a Mostar na Bósnia, que não responderam aos chamados para
deixar a zona de exclusão e estavam atacando alvos na cidade de Bugojno.
O Bhasher 51 disparou um AIM-120A derrubando um J-21 e depois disparou dois
AIM-9M num intervalo de cerca de 30 segundos derrubando mais dois J-21. O
Basher 52 de apoio passou para ataque quando o líder ficou sem combustível e
engajou outro Jastreb e disparou um AIM-9M que errou ao alvo e teve que
abandonar a perseguição por falta de combustível.
Um segundo elemento de F-16C, Knight 25 e 26, foram vetorados contra os
outros J-21 em fuga derrubando mais um com o AIM-9M. Um dos J-21 que
conseguiu fugir caiu por falta de combustível. Não se sabe se foi atingido
por um míssil que danificou o sistema de combustível. Foram as primeiras
vitórias ar-ar da OTAN.
As estatísticas
do AMRAAM em Kosovo foi:
- Mísseis
disparados: >11
- Vitórias:
5-6
- Perdidos: 5-6
- Danificados: 1
- Prováveis:
0-1
O Pk (probabilidade
de destruição) foi de 45-55%. A taxa de acerto, que é
diferente de Pk, foi de 55-63%. Os dados estão separados do total
devido as condições específicas do inimigo. Apesar
de bem treinados, os sérvios pilotavam aeronaves sem condições
de combater e contra um inimigo muito mais capaz e estavam em inferioridade
numérica.
A estatística
geral do AMRAAM em todos os combates da década de 90 foi:
- Disparados: 21-24
- Vitórias:
9-12
- Danificados: 1
- Prováveis:
1
O Pk foi de 40-60%
no total incluindo um fratricídio. Os dados podem variar muito dependendo
das fontes. Uma fonte cita 37 mísseis disparados. A maioria foi fora
da NEZ e contra alvos a longa distância.
Os americanos usavam
táticas de colocar o inimigo logo na defensiva e tentavam atingir
com um segundo ou até terceiro disparo ao fazer o inimigo gastar
energia e perder a consciência da situação com os primeiros
mísseis. O inimigo fica sem opção de ficar na ofensiva.
Ou evade ou morre. Os americanos têm a opção de disparar
muitos mísseis, rapidamente, e até contra alvos múltiplos.
Operação Iraq Freedom
Durante a Invasão do Iraque em 2003 a frota de caças F-15C
deslocadas para a região foi bem menor que em 1991. Foram deslocados
18 aeronaves do Esquadrão de Caça 492, 13 Esquadrão
de Caça 58 de Eglin, cinco do Esquadrão de Caça 67
e outros da Esquadrão de Caça 71 e 94 de Langley. Os pilotos
do Esquadrão de Caça 58 voaram 2.048 horas e os do Esquadrão
de Caça 67 realizaram 700 saídas em 4 mil horas.
A superioridade aérea foi total sem nenhuma reação
iraquiana. Parecia previsível pois os pilotos de F-16 não tiveram
nenhum treinamento ar-ar antes da operação e realmente não
foi necessário. A ameaça ar-ar foi tão baixa que no
fim os F/A-18 só voavam um Sidewinder.
Os F-15E também apoiavam as missões de defesa aérea.
Um quarto da força de F-15E realizou missões ar-ar. O espaço
aéreo iraquiano tinha cinco estações de patrulha de
combate aéreo. Um F-15E foi atacado por 40 SAM na primeira noite.
Sem ameaça de caças iraquianos, a defesa aérea e escolta
passou a ser feita pelos F-15E da USAF e F/A-18 australianos. No fim da
missões ainda atacavam alguns alvos mostrando a capacidade "dual
role".
Dois dias antes da invasão os Hornet equipados com Sparrow, AMRAAM
e Sidewinder voaram patrulhas de combate aéreo DCA próximo
a al Taqqadum, 70km a oeste de Bagdá. Era a base mais provável para
defender a super-MEZ de Bagdá e atacar aeronaves durante a invasão.
O objetivo era tentar atritar a força aérea iraquiana voando
sobre a base, mas não decolaram para enfrentar os americanos. A operação
durou 8 horas com dois F/A-18 e dois F-14 cobrindo cada "vul window " de
4 horas de cada porta-aviões operando no norte do Mediterrâneo.
Quinta Geração
Na era do canhão a tecnologia
levava a melhorias progressivas nas armas e aeronaves. Com o surgimento
do míssil foi previsto acabar com este paradigma. A prática
logo mostrou ser bem diferente e o desenvolvimento tecnológico continuou
levando a melhores aeronaves, sensores e táticas para acompanhar
a evolução dos mísseis.
Os mísseis de curto alcance tomaram o lugar do canhão
como arma primária e agora está sendo superado pela capacidade
dos mísseis BVR com o amadurecimento da tecnologia. Os mísseis
ar-ar de curto alcance de Terceira Geração eram bons, mas podiam
ser vencidos com manobras agressivas ou flares. Os caças também
precisavam de boa capacidade de manobras para tomar posição
e disparar. Os mísseis de Quarta Geração mudaram este
paradigma com o uso de miras montadas no capacete, uma zona sem escapatória
muito maior, chegando a ter capacidade semi-BVR, e são muito difíceis
de engajar com flares.
Os mísseis BVR agora têm um alcance muito maior e são
difíceis de engajar com interferência eletrônica e manobras
evasivas. Os motores ramjet permitem aumentar o alcance em mais 2-3 vezes.
No futuro novos sensores híbridos, passivos e ativos, tornarão
os mísseis BVR ainda mais difíceis de sofrerem interferência.
A alta velocidade, motor sem fumaça, baixa assinatura e sensor passivo
mostra que a tecnologia dos mísseis BVR está realmente madura.
Outro avanço que está mudando o combate BVR foi a entrada
em serviço do F-22 Raptor com sua capacidade furtiva e supercruzeiro.
Também tem capacidade de supermanobrabilidade com vetoramento de
empuxo para o caso de entrar em combate aproximado.
A tecnologia furtiva mudou o ambiente tático. O F-22A pode ver
sem ser visto, explorando o axioma de Richtoven de se aproximar da vitima
sem ser detectado e disparar por trás sem que o inimigo tome conhecimento.
As táticas de disparar e fugir (hit an run) em emboscadas passaram
a ser fáceis de executar e a grande velocidade permite evitar o combate
aproximado de 5 milhas onde perde a vantagem sendo detectado até
visualmente. Em missões de varredura de caça pode emboscar
as patrulhas aéreas inimigas e suas aeronaves AWACS. Se precisar fazer
identificação visual ainda pode se aproximar por trás
sem ser detectado. A furtividade também ajuda a atuar no território
inimigo sob ameaça de mísseis
SAM e não só de caças.
O F-22A nunca
foi usado em combate, mas os testes do protótipo YF-22 contra um
F-15 pilotado por veterano já mostrou a superioridade clara do F-22.
Os dados destas simulações não estão disponíveis.
A avaliação operacional (OPEVAL) do F-22A Raptor foi iniciada
em abril de 2004. O requerimento era ser duas vezes mais efetivo que F-15C
Eagle. O F-22A Raptor foi testado em cinco cenários com variações
em cada um:
- Primeiro: engajamento um contra um contra o F-16.
- Segundo: dois F-22A deveriam destruir um E-3 Sentry defendido por quatro
F-15 ou F-16.
- Terceiro: dois F-22A tem que escoltando um B-2 contra quatro F-15 ou
F-16.
- Quatro: quatro F-22A defendendo um E-3 sendo atacado por oito F-15 ou
F-16.
- Quinto: quatro F-22A escoltando quatro F-117 contra oito F-15 ou F-16.
Os cenário foram testados várias vezes e poderia haver apoio
ou não de EA-6B e ameaça de mísseis SAM. O F-22A prevaleceu
em todos os engajamentos contra um número superior de adversários.
O F-22A voava contra um número superior de caças F-15 e
F-16. Superou os inimigos consistentemente, detectando e disparando sem
ser visto, e voava mais vezes em um dia. As vezes voava com inferioridade
de 8 x1. Contra 2x1 a vitória é garantida. Geralmente quatro
F-16 podem vencer seis inimigos enquanto o F-22A diminuiu a relação
para dois contra seis.
Em um cenário eram cinco F-15 contra um Raptor. A batalha durou
três minutos com todos os F-15 sendo derrubados e nenhum F-15 viu o
Raptor. Em uma missão de dois F-22A contra seis F-16 os adversários
foram derrubados em 3,5 minutos.
No total foram voadas 188 saídas com seis F-22A durante a avaliação.
Eram geralmente quatro aeronaves e mais um de reserva em cada missão.
Foram testadas a confiabilidade, razão de saídas, disponibilidade
e armamento necessário para derrubar os inimigos. Os resultados foram
usados para simular o desempenho de um esquadrão de F-22A e então
comparar com os requerimentos. O F-22A não foi testado contra alvos
em terra.
A Lockheed calcula que uma combinação de F-22A e F-35 é
cinco vezes mais efetiva que caças da geração anterior
na maioria dos cenários e pode destruir o mesmo número de alvos
com 50 a 70% menos aeronaves. A superioridade aérea pode ser garantida
mais rápida com a destruição de alvos mais rapidamente.
Uma guerra mais longa significa bem menos perdas. Em 2009 as novas versões
do F-22A devem ser quatro vezes melhor que os caças legado.
A USAF tem uma média de 1,25 pilotos por aeronave de caça
e o F-22A deve ter 2,5 pilotos por aeronaves por poder voar mais (maior
disponibilidade). Assim os 381 Raptor planejdos poderão substituir
880 aeronaves do tipo F-15, F-16 e F-117.
Depois de entrar em operação em 15 de dezembro de 2005 foram
realizadas duas operações tipo Global Strike Missions. Oito
pilotos conquistaram 33 vitórias sem perdas. Atacavam junto com os
F-117 e B-2, seguidos depois pelos B-52, F-16 e F-15E com as defesas destruídas.
Caças Su-27 e Su-30 eram simulado por caças F-15.
Nos treinos do F-22A são incluídos ameaças com baterias
de mísseis SA-10 e SA-12 simulados que são atacados com bombas
JDAM. O F-22A treina contra caças F-15, F-16, F/A-18 e F-22. O F-22
simula o Flanker com o datalink informando a posição para
outro F-22 para aumentar o RCS. Uma piada na USAF é que os F-22 estão
tendo dificuldade para conseguir adversários nos exercícios
pois ninguém quer ser derrubado.
O F-22 mostrou ser superior também em outro tipo de treinamento.
Enquanto um piloto de F-15 gasta cerca de 1.000 horas de vôo para
aprender a usar a aeronave taticamente, um piloto de F-22 precisa de apenas
100h para ter a mesma capacidade graças as novas interfaces, não
precisando compilar os dados dos sensores.
Em outro teste,
o F-22A enfrentou três F-16C equipados com o JHMCS e AIM-9X ainda
viu o F-22 derrubando dois F-16 e disparou simultâneo contra o terceiro
com um kill mútuo. No BVR, o primeiro testes contra quatro F-16 contra
um F-22 todos os inimigos foram derrubados. Dias depois foram cinco F-15C
contra um F-22 e todos foram derrubados sem ver o F-22 que sempre manteve
distância.
A capacidade operacional do F-22A foi testada de forma real pela primeira
vez na operação "Northen Eagle" no Alasca em 2006 durante
duas semanas de engajamentos ar-ar. Os F-22A atuaram junto com o F-15
e F-16 contra uma força inimiga formada por caças F-15, F-16
e F/A-18. Mais de 40 caças voavam no ar ao mesmo tempo, junto com
aeronaves de apoio como o E-2, E-3, RC-135 e EA-6B.
O time "azul" conseguiu 241 vitórias contra duas do time "vermelho"
e as duas perdas foram de F-15C e não de F-22. Na Red Flag seria
muita sorte perder menos de 10% das suas forças.
A força "vermelha" podia regenerar e voltar a lutar após
serem derrubados, mas as forças "azuis" não. Em um único
engajamento os "azuis" conseguiram 83 vitórias sem perdas. A força
inimiga gerou ou regenerou 103 aeronaves no combate. O F-22 consegui 144
kill sem perdas incluindo três no alcance visual usando dois AIM-9M
e uma com o canhão mas os inimigos também não sabia
que estavam sendo atacados. Um piloto conseguiu nove vitórias em uma
missão com seis AMRAM, dois Sidewinder e uma rajada de canhão
e ainda sobrou munição no canhão. Este piloto "igualou"
o número de vitórias em uma única missão de David
McCampbell em um F6F Hellcat (o maior número ainda é de Erich
Rudorffer com 13 vitórias).
Os F-22A não usam táticas do F-15, mas táticas
novas, que ainda nem tem nome. Durante os combates os F-22A preferiam voar
muito alto, bem acima dos outros caças, para aumentar o alcance do
radar e sistemas MAG. O alcance do radar do F-22A é o dobro do radar
do F-15 e a próxima geração pode dobrar o alcance ainda
mais. Para identificação o F-22A consegue ser mais rápido
que o AWACS e recebe ajuda do RC-135.
As operações eram voadas em velocidade de cruzeiro econômico
ou supercruzeiro. O supercruzeiro ajudava muito os caças a ficarem
mais tempo no ar, indo e voltando rápido das operações
de reabastecimento em vôo. O alcance e a velocidade das armas também
era aumentada com o supercruzeiro. O F-22 só descia para fazer identificação
visual ou atacar alvos voando muito baixo. Raramente fazia curva agressiva
e tinham poucas chances de usar sua capacidade de manobra. O F-22 deve receber
o AIM-9X em 2010 o que permitirá usar ainda menos a capacidade de
manobras.
O F-22A tem capacidade de atuar como mini-AWACS, voando 250km a frente
dos E-2 ou E-3. Com seus sofisticados sistemas de MAGE passou a apoiar
também o RC-135 Rivet Joint virando uma plataforma completa de vigilância,
reconhecimento eletrônico e ataque. As informações
eram bem mais precisas. Enquanto um AWACS avisa, por exemplo, da presença
de um grupo de aeronaves a 70km ao norte, o F-22A classifica com sendo dois
F-16, mais dois F-16 e quatro F/A-18.
Mesmo usando todo seus oito mísseis, o F-22A ainda não
saia da luta. Protegido pela furtividade, o F-22 voava a frente do resto
da força, usando seus sensores para preencher falhas na cobertura
do AWACS, como vigiar atrás das montanhas. Passavam dados para outros
F-22A pelo datalink e para outros caças por rádio. Atuavam como controladores
aéreos avançados ou como multiplicador de forças de
outros meios como os AWACS e o EA-6B Prowler.
Em outro exercício
os F-22A conseguiram uma razão de troca de 144x0 contra caças
F-15, F-16 e F/A-18 em superioridade de 4 contra 1. Eram pilotos dos esquadrões
Agressores bem experientes.
Na Red Flag 2007-2, 14 caças F-22A atuaram junto com outras 80 aeronaves
em pacotes de ataque, atuando pela primeira vez com o F-117 e B-2. Os F-22A
e os F-15C protegiam os pacotes de contra uma força de defesa superior
composta por 10-16 agressores que podiam "regenerar" até 4-5 vezes.
Os agressores eram parte de uma IADS integrada e também usavam táticas
de interferir nas emissões de GPS.
As escoltas eram formadas por oito F-22A, seis F-15C e seis F-16CJ e tinham
a missão de abrir um caminho para o pacote passar e atacar alvos
em terra. Os F-22A tinham a missão de usar bem seus pontos fortes
e diminuir as fraquezas das aeronaves convencionais. Realizaram a missão
de escolta como se fossem outra aeronave de caça. Usavam pouco a
capacidade de supercruizeiro pois tinham que se adaptar ao pacote e não
o contrário. Tiveram apoio de aeronaves E-3 Sentry, E-8 JSTAR e RC-135
Rivet Joint, além de um Predator "virtual".
Os F-22A também estavam armados com bombas JDAM e realizaram missões
de apoio aéreo aproximado e destruição de defesas aéreas.
Depois de apoiar o pacotes voavam para a área onde era realizara
as missões de treinamento de apoio aéreo aproximado em um
"kill box". Os F-22 realizaram ataque de longo alcance sendo os primeiros
a atacar alvos prioritários, ao mesmo tempo que faziam escolta de
aeronaves de ataque na mesma missão ou auto-escolta.
Os pilotos menos experientes no F-22A derrotavam os F-15 e F-16 inimigos
facilmente. Apenas um F-22 foi "perdido" para um F-16C e mesmo assim era
uma "ameaça surpresa" não prevista. Poucos inimigos sobreviveram
ao F-22 que abria uma brecha para os outros passarem. Os F-22A apoiavam
os AWACS, F-15 e F-16CJ com dados podendo engajar os "leaker", ou aeronaves
que não foram derrubadas pelos F22 e passavam. O F-22A conseguiu confinar
a força vermelha fora dos pacotes. Os atacantes reclamaram de ter
pouca interação com eles. Era bom para concentrar nas ameaças
SAM e realizar a missão com sucesso, mas não treina defesa
contra ameaça aérea dentro do pacote.
Uma tática dos agressores era tentar levar os F-22 para armadilhas
de mísseis SAM em áreas com alta densidade de mísseis.
A força inimiga podia regenerar 4-5 vezes após ser morto,
mas os "azuis" não. Em um mundo real o inimigo perderia bons piloto
e armas primeiro.
Na Red Flag 2007-2 também viu o uso dos radares AESA APG-63(V)3
do F-15C e APG-77 do F-22A pela primeira vez. Os F-15 com AESA tiveram 111
kills contra oito em duas semanas (kill ratio de 14:1). Na Red Flag anterior,
com escolta de F-15 e F-16 com radares convencionais, a varredura inicial
a frente do pacote detectava 75% dos agressores. Com os radares AESA a detecção
era de 96,5% dos alvos.
Os inimigos nos testes contra o F-22 citam ter muita frustração
em não conseguir disparar. Até se tiver o F-22 no visual ainda
tinham dificuldade. Os agressores tentam táticas de sobrecarregar
com numero e ainda falham.
Apesar da tendência de
se criar aeronaves multifuncionais, o F-15 foi otimizado para superioridade
aérea sendo que antes as aeronaves da USAF eram especializadas em
ataque ou interceptação, apesar de focada nas ameaças
soviéticas contra os EUA. Como sempre acontece o F-15 acabou virando
uma aeronave de ataque na forma do F-15E. O A-10 foi outro lição
do Vietnã e era especializado em contra insurgência e passou
a ter papel anti-carro e apoio aéreo aproximado. O F-22A Raptor segue
o mesmo caminho sendo armado com bombas guiadas por GPS tipo JDAM apesar
de ser otimizado para superioridade aérea.
O F-35 não tem todas
as capacidades do F-22 além da furtividade e consciência situacional.
Não tem nada a mais em relação a geração
anterior a não ser também a furtividade e consciência
situacional. Talvez uma das poucas vantagens seja poder voar supersônico
por mais tempo por levar armas internamente.
A agilidade não é tão importante na arena BVR ou
na função de ataque. Os projetistas consideraram um limiar
de agilidade para defender mísseis adversários que o F-35 supera.
Existem manobras especificas, combinadas com contramedidas, quando mísseis
ar-ar o SAM são detectadas. O F-22 é mais ágil devido a relação
peso/potencia e o vetoramento de empuxo.
A tecnologia atual mudou a agilidade para os mísseis de alta agilidade
e alta resistência a contramedidas. Sendo apontados por miras no capacete
não necessário tanta agilidade para o combate aéreo.
Existe até a possibilidade de ser disparado para trás. com
alguns sensores até para trás. Estes mísseis tão
capazes que forçaram o investimento no combate BVR para ter grande
razão de troca, ou seja, tem que evitar que o adversário ganhe
vantagem na arena de curto alcance.
Com a saída de operação do AIM-54 na US Navy, o
próximo míssil americano de longo alcance será o AIM-120D,
a mais nova versão do AMRAAM com alcance aumentado. A outra opção
poderá ser uma versão lançada do ar do Patriot. A Lockheed Martin recebeu em 2006 um contrato de 3 milhões
para estudar a viabilidade de equipar os caças F-15C com mísseis
Patriot PAC-3 na iniciativa Air-Launched Hit-to-Kill (ALHTK) para contrapor ameaças de mísseis cruise e
mísseis balísticos na fase de lançamento. O objetivo
é criar um compartimento externo de armas equipado com o PAC-3. O
F-15C voariam patrulhas de combate aéreo e faria alertas de reação
rápida em terra para defesa dos EUA. O objetivo é avaliar
os custos para comparar com o uso de batalhões de mísseis SAM
ou navios AEGIS. A versão a ser usada será o PAC-3 MSE com
alcance ainda maior e mais manobrável. A US Navy também estudou
a viabilidade de equipar seus caças com o PAC-3 em 2005. Outros estudos
podem testar a instalação no F-16, F-22A e F-35. A aeronave
poderá receber um IRST para ser usado junto com o míssil. O
PAC 3 pesa 315kg e tem 5 metros de comprimento.
Próxima Parte:
BVR na FAB
Atualizado
em 15 de novembro de 2007
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