CAS no Pacífico

Na época do ataque a Pearl Harbor a USAAF não tinha nenhuma experiência em CAS. O termo nem mesmo existia sendo chamado de "air-ground cooperation". O B-17 apareceu e era mais rápido que os interpretadores da época podendo se defender só com a velocidade e fugindo. A mira Norden também apareceu na mesma época tornando os ataques de precisão a média altitude possível. Esta capacidade ia de encontro as idéias de Giulio Douhet que favorecia atacar o coração do inimigo como suas fábricas de armamentos. As táticas e aeronaves de caça-bombardeios foram até negligenciadas por isso. As escoltas de bombardeiros, ataques a baixa altitude, observação e reconhecimento foram todos negligenciados mas o CAS foi o mais negligenciado de todos.

A US Navy e o USMC já tiveram experiência de CAS na Nicarágua, mas tiveram que novamente treinar na Segunda Guerra Mundial. O desempenho foi ótimo na missão. Seria sua missão principal nas operações anfíbias. Antes só pensavam em apoiar a frota. Atacariam navios no mar e apoiariam o USMC em terra. Não discutiam se fariam CAS, mas quando e como.

Na Nicarágua, na década de 20, 37 marines foram cercados por rebelde. Foi a primeira missão de CAS das aeronaves no local. Eram cinco De Havilland lançando bomba leves. Os danos foram suficientes para aliviar as tropas. Isso levou a integração das aeronaves nas operações terrestres. As lições foram passados para o primeiro manual de assalto anfíbio em 1935. A aviação do USMC apoiaria a US Navy que também fariam CAS. As aeronaves do USMC operariam de bases em terra quando disponíveis.

Em 1939, após vários exercícios, foi criado um sistema de C2 inicial e um manual. O treinamento e o equipamento ainda eram inadequados. Um problema poderia ser a falta de bases em terra tendo que precisar apenas da US Navy no inicio.

A doutrina foi desenvolvida com a experiência de time de tropa e aeronaves nos conflitos com a Nicarágua, Haiti e San Domingos foi testada em Tarawa em novembro de 1943. As tropas na linha e frente eram acompanhadas por um oficial de ligação. Os comandantes selecionam os alvos e o FAC envia dados para o centro de comando.

A US Navy não aceitava o conceito da USAF de priorizar ataques a alvos estratégicos. A US Navy treinava seus pilotos para fazerem apoio aéreo aproximado e era bem mais capaz que a USAF. Na USAF é a ultima função depois de obter superioridade aérea, interditar suprimentos e destruir a infra-estrutura inimiga. Cada Batalhão de fuzileiros navais tinha uma equipe de FAC no TACP mais o do comando da Divisão. Na USAF eram disponibilizados quatro TACP por Divisão.

Durante a campanha do Pacífico o USMC fizeram um bom uso do CAS que virou uma arma potente para auxiliar os assaltos anfíbios. Antes da Segunda Guerra Mundial o USMC realizava o CAS com limitação de recursos. Depois a limitação de tempo era a limitação para aperfeiçoamento. O CAS foi uma das funções dadas as aeronaves gerando uma grande capacidade de massa para as armas de fogo indireto para as tropas cruzarem os últimos metros até a posição inimiga. O problema principal do cenário no Pacífico eram as distâncias que atrapalhavam a logística e diminuía a velocidade das ações tanto no mar quanto no ar. Os ataques dos bombardeiros a cidades sitiadas e contra navios são sempre bem lembradas enquanto as missões de. CAS não e ainda somam os episódios de fogo amigo.

Operaçao Watchtower - Guadalcanal
 
Guadalcanal era uma ilha japonesa entre o Havaí e a Austrália. Uma base aérea em construção em Guadalcanal permitiria proteger a frota japonesa e a região e por isso entrou na lista de alvos a serem invadidos. A inteligência sobre o local era pouca e nem puderam enviar aeronaves de reconhecimento para não alertar os japoneses. A US Navy faria CAS para o USMC com três NAes, mas pouco planejamento foi feito antes da invasão. Os pilotos eram veteranos de Midway, mas sem treino para realizar CAS. Os pedidos seriam passados para o navio de comando e depois para o NAE ou aeronaves em vôo.
 
O USMC tinha os caças P-400 (P-39 de exportação), os SDB e F4F. Os P-400 e F-4F eram inadequados para CAS e levavam poucas bombas. O SDB era mais lento e com rádio para o tripulante traseiro. Os dois esquadrões do USMC na região também estavam bem longe para poder atuar no apoio aos CAS. 

O assalto anfíbio foi sem oposição e não precisaram de CAS. Apenas uma missão foi realizada atacando um alvo no avanço pré-planejado. As aeronaves do USMC logo foram deslocadas para a base de Handerson, mas com pouco combustível no local não puderam decolar. Um contra-ataque japonês a base levou a realizarem uma missão de CAS. Os pilotos foram brifados pelo comandante em terra já no avião por estarem bem próximos do combate. Não havia meios de coordenar pelo ar. Os pilotos foram ordenados a ter iniciativa ao decolarem. Atacaram botes tentando desembarcar por trás das tropas em terra com sucesso. No dia 13 de setembro três P-400 decolaram para atacar uma Brigada japonesa preparando um assalto a "blood ridge". Os caças decolaram e já metralhavam a baixa altitude. Dois pousaram por danos por armas leves e outro atacou até ficar sem munição. As tropas em terra conseguiram repulsar o resto do ataque. Os pilotos foram novamente brifados em terra pois o comandante estava próximo. Também sentiram falta de bombas e foguetes nas aeronaves.
 
O desembarque em Guadalcanal foi a primeira grande operação anfíbia e incluía a previsão para CAS. O CAS foi usado nas pequenas ilhas adjacentes, mas não na ilha principal. Os ataques foram mal feitos incluindo fogo amigo, mas mostrou que precisavam de mais frequências de rádio, todos deveriam estar no alcance do rádio e tropas em terra devem ter contato com aeronaves de ataque por rádio. A experiência mostrou que o treino para CAS era inadequado e se concentravam no combate aéreo. Sentiram falta de comunicações adequadas e um sistema de ligação ar-terra. Os P400 apoiaram tropas mais por não terem oxigênio para voar alto ou não teriam CAS nenhum. Marcar alvos era mais eficiente com morteiro com fumaça. Os pilotos iam para frente para se familiarizar com alvo depois voltavam para a base de Henderson para realizar a missão. Sem muitas armas usavam até cargas de profundidade. Nas batalhas seguintes os japoneses contra-atacaram e os caças se concentraram na superioridade aérea e missões anti-navio.
 
Operação Galvanic - Tarawa

Tarawa era outra ilha no avanço americano no Pacífico. A base aérea no local viraria uma base de bombardeiros americanos. Desta vez foram meses de ensaios antes da operação prevista para 20 de novembro de 1943. O alvo dos Marines era Betio, um atol de 3 metros altura de terra plana, de meia milha quadrada, com 4.800 tropas japoneses em abrigos de concreto e sacos de areia, preparadas contra desembarques anfíbios. 

Os USMC usaram veículos anfíbios LVT no desembarque da primeira vaga pois eram poucos sendo seguidos de lanchões LCA. Os LCU lançariam blindados para apoiar o desembarque. O apoio de fogo naval e os bombardeiros seriam integrados aos fogos durante o assalto. Para coordenar usariam os Air Liaison Parties (ALP) formado por um Air Liaison Officers (ALO) da US Navy - ou Air Coordinators, precursor do FAC - e um Shore Fire Control Officer (SFCO). O ALP acompanhariam o posto de comando do Batalhão e Regimento. Os ALO seriam pilotos e passariam pedidos de CAS para o Air Support Command Unit (ASCU) em um navio de comando. O ASCU repassaria o pedido para o porta-aviões ou aeronave CAS em alerta no ar. As aeronaves iriam para uma posição marcada em uma divisão da ilha em uma quadricula no mapa. As tropas marcavam suas posições com painéis. O CAS seria feito pelos caças F6F e bombardeiros de mergulho SDB. As comunicações dos ALO com o posto de comando seria com rádios TBY que eram difíceis de operar e não eram a prova d'įgua. Depois o USMC adotaram rádios do US Army.

Os pilotos da US Navy fariam CAS, mas sem treinamento e nem participaram dos ensaios. A prioridade era fazer CAP. O fogo de preparação por navios e aviação seria feito por dois dias antes da invasão. A barragem foi pesada, mas os japoneses sofreram poucas baixas. Na fase de preparação os japoneses atiraram com seus canhões de 203 mm contra a frota e o fogo de contra-bateria de 406mm criou uma cortina de fumaça na ilha que dificultou a visualização dos alvos. A correnteza e o peso extra diminuiu a velocidade dos LVT. Estava planejado o metralhamento pela aviação nas praias pouco antes do assalto. De 87 LVT apenas 64 conseguiram voltar para buscar mais tropas devido as perdas. Os LCA de segunda vaga encalharam e tiveram que desembarcar as tropas a 300 metro da praia sendo atacados até chegar em terra. De 14 blindados desembarcados apenas cinco chegaram na praia. Vários caíram em crateras. 

Os rádios TBY molharam e tiveram que ser desmontados e secados. As tropas ficaram sem apoio pela manhã do primeiro dia e não puderam chamar CAS. Os primeiros pedidos foram de metralhamento contra casamatas a frente das praias. Não puderam lançar bombas devido a distância das tropas amigas. As metralhadoras eram inúteis contra casamatas de concreto e toras de madeira. Os fuzileiros nem marcaram suas posições com medo de expor a posição. Com o fogo amigo iniciando pararam o metralhamento. Com o avanço para o interior virou ataques contra casamatas no caminho. O CAS foi até desviado para outros bolsões de resistência com o ALP funcionando como planejado. 

Os ALP mostraram ser eficientes em ligar as tropas com as aeronaves. O uso de aeronave de ligação no ar foi outra inovação podendo monitorar progresso da batalha, do apoio de fogo naval e do CAS. As armas disponíveis mostraram ser ineficazes devido ao solo e casamatas.

Outras Batalhas

Na batalhas na Nova Guiné , Nova Geórgia e Salomão tiveram menos sucesso. Foram campanhas rápidas e os pilotos nem tiveram tempo para se familiarizar com o terreno. Tropas japoneses capturadas mostraram nos seus diário que mais temiam eram os morteiros, depois a artilharia e por último o metralhamento e bombardeiros.

As missões sempre tinham problemas com o mau tempo, falta de mapas adequados e grandes distâncias. As tropas usavam vários tipos de marcações para indicar alvos e marcar a posição mas sempre com dificuldade. A selva tornava difícil ver alguma coisa e a umidade interferia com os rádios VHF dos FAC. Se funcionava era difícil indicar alvos que não podiam ver.

No assalto anfíbio na baia de Milne em Rabaul foram apoiados por 11 esquadrões de B-24 e nove de B-25 realizando ataques antes do assalto anfíbio enquanto três esquadrões de A-20 estavam em alerta durante o assalto. Os B-25 metralhavam a frente do avanço das tropas e do desembarque. Os A-20 disponíveis não foram necessários. A única falha foram dois B-25 derrubados por navios aliados durante um ataque japonês. A operação foi um grande sucesso e as técnicas empregadas na operação foram usadas novamente em outras operações.

Em Bouganiville foram poucas missões realmente de CAS. Um FAC foi atingido por um sniper e um alvo foi marcado por uma aeronave de ligação com granada de fumaça. De dia dois SDB orbitaram a batalha indicando alvos para a artilharia e atacando alvos indicado por FAC em terra. O CAS foi usado mais contra posições de artilharia. As posições eram difíceis de atingir e as vezes só evitavam que disparassem. As vezes o apoio durava dias para vir. Geralmente ajudava no assalto final na posição inimiga.

Os FAC em terra eram equipes com 5-6 homens e um Jeep com rádio SCR-193. Operavam com a Divisão, Brigada, Regimento e as vezes com o Batalhão. Os pedidos de CAS demoravam. A codificação demorava entre 5-8 horas para terminar a mensagem. Podia ser cancelado em vários níveis, mas na selva o atraso de um dia geralmente não era problema. 

No teatro do Pacífico o USMC usaram FAC australianos emprestados a nível de Batalhão ou Regimento. O FAC era um piloto do Esquadrão No 4 da RAAF que realizaram a primeira missão de FAC da história. A primeira vez que os FAC atuaram no ar foi em fevereiro de 1943, durante batalhas ao redor de Wau na Papua. Logo o USMC estavam usando seus próprios FAC e não eram pilotos. O próximo passo foi usar aeronaves de reconhecimento na missão. As aeronaves eram modificadas para fazer reconhecimento visual de longo alcance para a artilharia e chamavam aeronaves de ataque. Encontrava com as aeronaves de ataque e levava para os alvos.

Os australianos tinham aeronaves Boomerangs e Wirraways, equivalentes ao AT-6, armados com duas metralhadoras. Faziam reconhecimento tático e observação de artilharia. Em uma ocasião uma aeronave viu japoneses preparando uma posição. O Boomerang voou para base e chamou os P-40. Os pilotos foram brifados enquanto voavam para o alvo. Foi uma das poucas ocasiões onde pilotos de caça viram japoneses enquanto atacavam. 

No dia 19 de dezembro de 1943 um Boomerang guiou quatro caças P-40 contra concentração de tropas em uma colina. Metralharam com tropas amigas a menos de 150 metros do alvo sem incidente de fogo amigo. Foi seguido de um novo ataque de 17 caças P-40. A posição chave logo foi capturada. O uso de aeronaves de reconhecimento tático foi uma grande inovação. Virou frequente até o fim da campanha. Os EUA operavam só com FAC em terra. Os  L-5 em Mindanao realizaram a missão lançando granadas de fumaça nos alvos.

Antes do desembarque o Posto de Comando fica nos navios. Depois da cabeça praia garantida passava para a terra. Os ASP receberam rádios SCR-299 para comunicação de longo alcance mais para o final da campanha durante invasão da Hollandia, dois SCR0193 menos potente e um SCR-193 em Jeep, e um VHF SCR 634 de linha de visada muito bom para comunicações direto com aeronaves sem interferência. Ocorreram poucas missões de CAS na operação com tropas já desmoralizadas com o apoio de fogo naval. O CAS também foi difícil devido a selva.

Na batalha de Lone Tree Hill após o desembarque sem oposição em Arare foram perdidos 400 vidas americanas. A operação teve muito apoio de CAS de P-47 baseados em Wakde. Em geral o CAS contribuiu menos que a infantaria e menos que artilharia na campanha em Biak mesmo sendo numeroso. A invasão de Naemfoor foi feita com boa preparação de apoio de fogo naval e bombardeiros. As tropas em terra ficaram tão confusas que não reagiram nem fugiram. No desembarque havia B-25 e P-40 em alerta aéreo com pouca necessidade.

Os B-24 foram usados mais como arma anti-cerco. Todas as aeronaves disponíveis foram usadas para CAS e os caças-bombardeiros foram usados cada vez mais. No fim de 1944 receberam Napalm sendo boas contra tropas entrincheiradas. Os P-39 foram retirados de operação no inicio de 1945. Os P-40 foram substituído pelos P-51 sendo que os dois levavam 500lb de bombas ou a mesma carga do SDB enquanto o P-47 e P-38 podiam levar bombas de mil libras. O P-47 podia levar duas bombas de 454kg a curta ditancia ou a mesma carga do bombardeiro leve A-20 e quase a mesma do B-25 fora o volume. Antes da Segunda Guerra Mundial a USAAF usava o A-20 e aeronaves de observação. O O-49 mostrou ser vulnerável e foi subsituido por caças e pelo L-4. Em uma ocasião um P-47 alijou seu tanque de combustível extra contra um alvo e incendiou o combustível com sua metralhadoras. O napalm era disparado nivelado. A precisão melhorou com as técnicas de bombardeio em mergulho. O Napalm fazia tropas saírem da proteção ficando vulneráveis a metralhadora e artilharia. As bombas auto-explosivas não matavam muitos mas deixava confusos. A infantaria tinha que atacar logo depois para aproveitar com reação sendo menor e dos organizada. Em cinco minutos já voltavam ao normal.

Filipinas a Iwo Jima

Na invasão de Leyte no fim de 1944 foi feita com pouca oposição. O objetivo era isolar de fontes matérias primas. Após a tomada das Filipinas o objetivo era cortar as fontes da matérias primas da China e Formosa até o Japão. Os japoneses reagiram com os Kamikazes. Atacar aeronaves no solo passou a ser importante pois é mais fácil que no ar. Assim os caça-bombardeiros diminuíram suas operações e atuavam mais como caças em patrulhas de combate aéreo. O ataque a Luzon teve mais resistência principalmente no ar. Os japoneses não opuseram o desembarque e usaram mais os kamikazes. O USMC usou doze equipes de ASP na missão. Cada equipe tinha dois oficiais e 12 tropas. Cerca de 85% das saídas entre 9 de janeiro e o fim da guerra foi para apoiar tropas ou 47 mil de 55 mil. A superioridade aérea era completa nas Filipinas. Poucas aeronaves japonesas atacaram a noite e eram logo derrubadas. 

Em Iwo Jima foi a primeira vez que o USMC operaram embarcado sendo que antes só operaram de bases em terra apoiando os assaltos anfíbios. Em outras operações anteriores como Bouganville tiveram a oportunidade de refinar suas táticas de CAS. Novos planos incluíam o uso de ALP que acompanharia as tropas, com pilotos atuando constantemente em terra em ciclos semanais. O CAS logo virou uma arma adicional para os fuzileiros que passaram a conversar direto com as aeronaves realizando CAS. Um coordenador aéreo sobrevoava o campo de batalha em uma aeronave TBF para marcar alvos e ligar as comunicações.

A AAF tinha um SAP (Support Air Party) para cada Divisão. O CAS demorava e as tropas não conversavam direto com as aeronaves. No US Army e US Navy o CAS era a última prioridade após a superioridade aérea, bombardeiro estratégico e Interdição Aérea (na época chamado de ataque tático). Já para o USMC era a primeira prioridade e virou função principal.

Na tomada de Manila nas Filipinas, a 1a Divisão de Cavalaria seria coberta a direita pela 37 Divisão de Infantaria e o flanco esquerda Marine Air Group (MAG) do USMC. Era uma operação audaciosa do tipo usando a aviação para cobrir o flanco de avanço. As tropas em terra estavam acompanhados por ALP que contatavam a aviação e apoiavam com reconhecimento de rotas, identificação e ataque a alvos e pontos fortes no caminho, e encontravam rotas alternativas. Os SBD atacava até bem próximo as tropas. O US Army inicialmente não aceitava ataques a menos de 1.000 metros de suas tropas, mas a precisão era tamanha que deixaram a até 100 metros. O Exército temia a proximidade dos disparos enquanto o USMC nem se importavam com a distância. 

Eram sete esquadros de SDB dos USMC no local mais as aeronaves do exército. No dia 2 de fevereiro de 1944, um Esquadrão de Cavalaria foi bloqueado por um batalhão japonês em posição bem defendia em uma estrada. Os ALP chamaram o CAS dos SDB, mas devido a distância só fizeram passagens bem baixa para não atingir também as tropas amigas. Os japoneses previram o metralhamento e se esconderam. As tropas aproveitaram para avançar e tomar a posição. As tropas do exército que viram a eficiência do ALP e SDB queriam equipes para acompanhar suas tropas. O USMC perceberam a importância do controle descentralizado pelo ALP feito pelas tropas em terra.
 
A ilha de Iwo Jima foi importante pois ficava no meio do caminho dos ataque vindo das ilhas Marianas. O local dava alerta radar e interceptadores pelos japoneses. Três Divisões de Fuzileiros iriam tomar a ilha de oito milhas quadradas que depois seria convertida em base de bombardeiros. O fogo de preparação duraria 72 dias com apoio de fogo naval e ataque de bombardeiro. Os três dias antes da invasão seria bem mais intenso. O USMC fariam CAS a partir dos NAes. Os problemas em Guadalcanal e Tarawa mostrou a necessidade de operarem embarcados. Nos exercícios anteriores a guerra já mostravam esta necessidade, mas foi a diminuição da ameaça da marinha japonesa que permitiu a operação embarcada.

A US Navy tinha 10 grandes porta-aviões (CV), nove médios (CVL) e 35 de escolta (CVE). Os CV eram usados em missões principais enquanto os lentos e pequenos CVE eram usados para apoio aéreo de operações de menor escala. O USMC operaria a partir dos CVE. 

A aeronave usada para CAS pelos USMC agora era o F4U Corsair que era rápido, com boa carga de armas, boa precisão e foge rápido. Os TBF Avenger tinham boa carga de bombas e podia ser usado para coordenação aérea com boa autonomia. As bombas de Napalm foram usadas pela primeira vez em Tiniam em 1944. Era usada para destruir obstáculos de madeira e outros materiais inflamáveis além de posições inimigas. Misturado com olho de motor perceberam que queimava por mais tempo.
Podiam usar o incêndio para proteger as tropas avançando. No fim de 1944 passaram a usar foguetes de 127mm para atacar posições reforçadas e blindados sem precisar de canhões de grosso calibre com grande recuo. Uma nova capacidade foi a disponibilidade de armas pesadas. O apoio de fogo naval não tinha precisão suficiente contra pontos fortes ou não podia atacar atrás de colinas. Com precisão em ataques em mergulho e treinamento, as bombas de 454kg resolveram estes problemas.

O USMC agora tinham um Fire Support Coordination Center (FSCC) com um Landing Force Air Support Coordination Unit (LAFASCU) para coordenar as missões aéreas na área de um Corpo de Exército e fazer desconflito com o apoio fogo em terra. O LAFASCU tinham rádios SCR-299 de longo alcance e SCR-199 para falar com as aeronaves de CAS e ALP. O Air Support Control Unit (ASCU) controlava o CAS no desembarque. Depois o LAFASCU vai para praia e ficava sob controle do ASCU.

O ataque aéreo contra a ilha começou com 24 caças F4U e 24 caças F4F do USS Essex atacando com metralhadora, foguetes e napalm. No desembarque metralhavam 200 metros a frente das tropas e depois passaram para a espera. Depois de duas horas os japoneses iniciaram um contra-ataque. Foram 26 pedidos de CAS no primeiro dia. Os ALP usaram uma rede de rádio para conversar direto com os pilotos e direcionar os ataques ao invés da rede original. A demora das missões de CAS variava entre 15 minutos a 2 horas.

Operação Iceberg - Okinawa

Okinawa era uma ilha a 350 milhas ao sul do Japão com três bases aéreas e seria usada como base avançada de uma suposta invasão ao Japão. O USMC usariam três LAFASCU na invasão da ilha. Cada um era composto por 22 oficiais e 65 tropas. Introduziram o conceito de Push CAS pois as tropas estavam concentradas e próximas. Os pedidos do batalhão vão para o respectivo LAFASCU. O ALP divisional monitorava e aprovava mantendo silencio. O LAFASCU do Corpo era passado pelo LAFACU-3 que enviava para o ASCU. O sistema foi testado em Iwo Jima e agora atuariam com dois Corpos ao invés de um Corpo de Exército. Ainda sofriam de falta de comunicação direto entre o ALP e CAS. O problema era evitar um caos nos céus com cada ALP controlando as suas próprias aeronaves.

As aeronaves de CAS disponíveis eram o Corsair, Hellcat, Avenger, P-47 e P-51D. O P-47 iniciou suas operações como interceptador e virou uma ótima aeronave de ataque. O P-51 iniciou como aeronave de ataque e foi modificado se transformando em um ótimo caça. O treinamento de CAS melhorou o desempenho com estas aeronaves no CAS. A US Navy ainda controlava as aeronaves do USMC e a prioridade era fazer CAP.

No assalto inicial as aeronaves CAS atacaram alvos pré-planejados como posições de artilharia e depósitos de suprimentos. A resistência na praia era muito pouca. Cinco dias após os ataques Kamikazes eram 355 saídas de CAS e a prioridade foi o CAP no total. Os quatro esquadrões da US Navy em dois CVE fizeram CAS e foram 4.130 missões em abril sendo 609 de CAS. Ironicamente o USMC acabou defendendo a US Navy que apoiava o USMC em terra.

No dia 19 de abril ocorreu uma grande batalha contra a linha Shuri. Foram 650 saídas no dia incluindo coordenação de artilharia. Na colina Charlie Hill ocorreu uma batalha com o inimigo a 100 metros das tropas. As aeronaves de CAS conseguiram baixar a cabeça do inimigo e as tropas avançaram para tomar a posição mas com 300 baixas. No dia 11 de maio as bases aéreas em terra receberam aeronaves CAS.

Em cerca de 10 mil saídas CAS foram cerca de 10 episódios de fogo amigo. Os pedidos dos ALP foram apenas 37% dos CAS total e raramente controlavam as aeronaves de CAS. Com treinamento adequado e controle puderam evitar vários episódios de fratricídio. A invasão do Japão seria a operação Olympic. Estava planejado o uso de oito MCVG (grupo embarcados em um CV cada) do USMC.

As melhorias na doutrina, táticas, aeronaves, armas e sistema de Comando & Controle fez o CAS virar uma arma tática flexível e eficiente, podendo concentrar um grande poder de fogo em pontos críticos da batalha. O ALP e LAFASCU foram grandes desenvolvimentos no C2 permitindo integrar as tropas em terra com as aeronaves no ar. Operar embarcado diminuiu o tempo de resposta e mostrou a importância de operar próximo. 

As aeronaves de CAS passaram de ineficazes para eficientes. O F4U no final do conflito podia levar cargas pesadas com precisão, longo alcance e com rapidez. Com o F4U-4 foi introduzido o canhão de 20mm que era bem melhor para metralhamento que as metralhadoras. As metralhadoras calibre 12,7mm eram mais adequadas para o combate ar-ar enquanto o calibre de 20mm era mais adequada para alvos bem protegidos sendo uma solução de compromisso. Os foguete replicou a capacidade da artilharia com precisão se disparado do ar. O Napalm era bom para limpar praias, posições inimigas, queimar camuflagem e apoiar o avanço das tropas. O P-47N levava o dobro da carga do F6F. O AD-1 Skyraider voou em março de 1945, mas era tarde para participar da guerra. Seria próprio para CAS levando 6 mil libras de armas e quatro canhões de 20mm. Foi usado com sucesso depois no Vietnã e levou ao A-10 que vai operar até 2028 na USAF.

A experiência mostrou que a superioridade aérea é necessária pelo menos no local. As aeronaves sendo atacadas não podem fazer CAS para as tropas. Nos períodos que os japoneses podiam aparecer as aeronaves foram direcionadas para fazer CAP. A ameaça dos kamikazes ocupou a maior parte do esforço sobrando pouco para fazer CAS. Usar os caças contra linhas de comunicações era mais proveitoso se existirem, em terra ou no mar, como no caso do Pacífico. Reforços e suprimentos em navios eram mais fáceis de atacar.

A identificação de alvos era difícil devido a selva. Estradas, costa e grandes rios ajudam. Alvos de área também eram atacados. A experiência do piloto na área contava muito. As aeronaves de reconhecimento tático estavam mais familiarizadas ainda e lideravam ataques sendo o melhor meio. Marcar alvo com fumaça mostrou se o melhor meio. Marcavam as linhas amigas com fumaça vermelha e os quatro cantos do alvo com fumaça branca. Os japoneses também lançavam granadas de fumaça para confundir, mas geralmente estavam desorganizados. O talk-on com as aeronaves com rádio iniciou apenas em 1944. No inicio era feito com os FAC, ASP e era mais para enviar pedidos de CAS. Os rádios da época eram primitivos e pouco confiáveis.

No inicio os pilotos não podiam usar mapas pois a selva era sempre a mesma. Depois usaram um sistema de referencia em colunas para determinar a localização das tropas amigas e inimigas. A ênfase em segurança e a grande demanda atrapalhavam mais ainda. Os ataques eram geralmente para o dia seguinte. Em Luzon a disponibilidade era bem maior e o tempo chegava minutos. As vezes com alerta aéreo para ficar mais rápido. Ocorreram casos de comandante em terra pedindo para atacar uma coordenada sem interesse só para garantir que teria CAS disponível quando realmente necessitasse e já tendo uma saída planejada para isso. 

Próxima Parte: CAS na Coréia


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