APOIO AÉREO APROXIMADO NA GUERRA DA CORÉIA

 



A Guerra da Coréia ainda foi bem parecida com a Segunda Guerra Mundial que tinha ocorrido a mais de uma década atrás. As tropas a pé, a artilharia e os carros de combate eram as armas decisivas, mas uma nova arma se sofisticou muito: as aeronaves de combate que passaram para a maioridade. Isso aconteceu principalmente devido a introdução dos jatos e novas táticas.

O Apoio Aéreo Aproximado (Close Air Support - CAS) foi desenvolvido a um nível que não podia ser imaginado antes. Os primeiros caça-bombardeiros a atuar na missão de CAS foram os F-51 Mustang, F-82 TwinMustang e o F4U Corsair a hélice. Em poucas semanas, os jatos se juntaram na forma do F-80 Shooting Star, F-84 Thunderjet e o F9F Panther. Todos foram usados em missões de CAS e AI.

No dia 25 de junho de 1950, a Coréia do Norte invadiu a Coréia do Sul em direção a capital Seul. Os dois países queriam unir o outro a força, mas entre os motivos da invasão estavam a detonação de armas nucleares pela Rússia em 1949 e a retirada de tropas americanas do país.

A Coréia do Norte tinha 180 mil tropas apoiadas por cerca de 500 carros de combate T-34 e artilharia. Eram 13 Divisões e incluía veteranos que lutaram contra o Japão. A sua Força Aérea incluía 60 aeronaves IL-2/IL-10 e 70 caças La-7, Yak-3, Yak-7, Yak-9 e Yak-18.

A Coréia do Norte já fazia ataques na fronteira para treinar e obter informações sobre as forças da Coréia do Sul. A invasão foi feita por 90 mil tropas de oito Divisões e centenas de carros de combate T-34. No dia da invasão, quatro caças Yak-9 metralharam a base aérea de Kimpo. A Coréia do Sul tinha uma "força de segurança" de 82 mil tropas com seis Divisões. A arma mais pesada eram morteiros de 81 mm. Foi pensado em criar uma força aérea com 99 aeronaves na Coréia do Sul, incluindo 25 caças Mustang, mas acharam que poderia ser usada contra o norte. Sua frota se baseava em 10 aeronaves de treinamento T-6.

Os EUA tinha três opções em relação a invasão. Podia não fazer nada e esperar o inevitável; iniciar uma escalada nuclear; e enfrentar os comunistas com tropas convencionais. Escolheu a última opção e foi a primeira vez que os americanos enfrentaram forças comunistas. O que estava em jogo era o prestígio dos EUA e o que se poderia esperar deles em situações semelhantes.

O cenário não era considerado importante e não havia planos de contingência. Nem tiveram tempo para se preparar como os seis meses antes da Guerra do Golfo em 1991. Em uma guerra nuclear, a função do US Army seria guardar bases áreas e ocupar território após a guerra. As forças no Japão estavam mal treinadas, com unidades desfalcadas, poucas armas e com material obsoleto. Não podiam contar com apoio de fogo como carros de combate e nem usar táticas normais. Os americanos pensavam que o local era ruim para guerra blindada e não havia carros de combate e armas anti-carro em quantidade suficiente para conter os T-34. Os soldados se alistaram esperando aprender um oficio. Nem esperavam entrar em guerra.

A Guerra da Coréia pode ser dividida em quatro fases: a invasão pela Coréia do Norte; o contra-ataque da ONU em setembro de 1950; a invasão chinesa de novembro até janeiro de 1951; e a guerra balanceada até julho de 1953 com a frente praticamente estagnada.

Nos dois primeiros dias, as tropas da Coréia do Norte avançaram sem resistência e nem esperavam que a ONU reagisse. O mau tempo também evitou o usou da aviação. O foco inicial da ONU era evacuar Seul por navio e aviões. As operações aéreas iniciaram com caças F-82 dando cobertura a baixa altitude e os F-80 a média altitude. O primeiro problema logo apareceu na forma da pouca autonomia dos F-80. A superioridade aérea foi mais fácil de conseguir. Dois dias depois da invasão, iniciaram os combates aéreos com seis kill para a USAF. Em três semanas foram 21 kill e os comunistas não mais apareceram até novembro com a chegada dos MiG-15.

No dia 28 de junho, a capital Seul foi tomada e a Far East Air Forces (FEAF) logo foi ordenada a fazer CAS e AI contra a Coréia do Norte contra bases aéreas, quartéis, depósitos de munição e tráfego nas estradas. No primeiro ataque, uma CAP de F-80 detectou um comboio de 3 km tentando atravessar pontes flutuantes e atacou após conseguir permissão. Os pilotos usaram táticas de atacar a traseira e a frente da coluna para parar o movimento. Não foram atacados por artilharia antiaérea o que facilitou o disparo com precisão. O reconhecimento aéreo posterior feito pelos RF-80 mostrou que o comboio foi bem atingido pelos F-80 e F-82.

No dia 30 de junho, foi realizada a primeira missão de jatos da US Navy com os F9F-3 Panther com oito aeronaves atacando a base aérea de Pyongyang. Dois Yak-9 foram derrubados ar e vários destruídos em terra.

A FEAF estava equipada com 365 caças F-80, 25 RF-80, 32 F-82 e 25 B-26. Os F-82 Twin Mustang e B-26 Invader eram os únicos caças a hélice da FEAF. A primeira reação FEAF foi enviar bombardeiros B-26 e B-29 e até os caças noturno F-82 para fazer CAS. No inicio, o F-80 mostrou ser ineficiente por ter curto alcance e foram os F-51 que chegaram depois e os B-26 que salvaram as tropas em terra.

Uma das primeiras reações foi enviar 10 Mustangs para a base aérea de Taegu, conhecidos como Bout-One, sendo os únicos caças operando de bases na Coréia. Antes eram usados para reboque de alvos. A autonomia era de 2-3 horas o que facilitava procurar alvos. Em Pusan, a frente estava muito próxima e o tempo de resposta era pequena.  

Os B-29 foram usados primeiro para CAS de tão desesperada a situação e até que atuou bem. Apenas em agosto passaram a atacar alvos estratégicos que acabaram em seis semanas. Em agosto, foram 7.397 missões de CAS realizadas pelos F-80, F-51, B-26 e B-29. O CAS serviu para mudar a maré a favor dos americanos.

Nas seis primeiras semanas, os F-80 voaram 70% das saídas. Não podia operar a partir da pista de terra em Taegu e a autonomia era de 15 minutos a partir do Japão. Com tanques extras Misawa, a autonomia foi aumentada para 45 minutos comparado com as 2-3 horas dos F-51.

Os B-26 faziam CAS no perímetro de Pusan 24 horas por dia enquanto as outras aeronaves operavam só de dia. De dia, os FAC marcavam os alvos com morteiro com munição de fósforo branco. Os B-26 criavam um corredor de bomba paralelo as tropas amigas e depois metralhavam em várias passadas até a munição acabar.

No meio de julho, o avanço da Coréia do Norte já chegava a 100 milhas ao sul do Paralelo 38 com as tropas chegado próximo a base aérea de Taegu. Os pilotos na base podiam ver os colegas disparando suas bombas nas posições próximas enquanto reabasteciam e rearmavam suas aeronaves até a sua vez de atacar.

O CAS não era novidade para tropas e pilotos. Já tinha sido praticado na Segunda Guerra Mundial de rotina. As alterações era atingir as próprias tropas. Os problema do CAS era a demora e a falta de qualidade. Nada irritava mais os comandantes em terra do que ficar sem CAS. O CAS era como uma arma adicional para tropas e não para substituir a artilharia, mas foi necessário inicialmente. As missões de CAS atacariam as posições que artilharia não podia atingir ou atuaria coordenado.

A segunda fase da guerra foi a invasão anfíbia de Inchon no dia 13 de setembro de 1950. O objetivo era cortar as linhas de comunicações da Coréia do Norte e abrir um segundo fronte para ajudar o contra ataque no sul. Um dos objetivos era tomar a base aérea de Kimpo para ser usada como base de aeronaves CAS e CAP. A FEAF apoiaria atacando bases aéreas e faria reconhecimento armado e CAS para as tropas avançando a partir do sul. A frota da US Navy foi para o lado oeste da península durante a operação.

A US Navy, através da TF 77 (Força Tarefa 77), usaria 10 esquadrões de Corsair e três de Skyraiders para CAS. Quatro esquadrões de F9F Panther fariam CAP e ataque. As operações iniciaram com ataques de preparação ao redor de Seul. No desembarque não queriam repetir os problemas de Omaha onde os fuzileiros não tiveram apoio de CAS. Inicialmente, 38 caças Corsair apoiaram as embarcações de desembarque até a praia com o CAS sendo feito a até 50 metros a frente das atropas. No fim da noite já havia 13 mil tropas nas praias. No primeiro dia foram 302 saídas do NAes com duas perdas. Os Corsair e Skyraiders foram vitais para parar os carros de combate T-34. Os Tigercat iniciaram suas operações no dia 20 de setembro fazendo CAS diurno e incomodação noturna.

Após 12 dias,  foi estimado que apenas 25 mil das 70 mil tropas da Coréia do Norte voltaram para o Paralelo 38. A ONU autorizou o avanço das suas tropas além do Paralelo 38 e um desembarque ao norte de Wunsam não foi feito, pois a área estava muito minada. A cidade foi tomada por pára-quedistas da Coréia do Sul em 10 de outubro. No fim do mês virou uma base aérea do USMC.

No dia 12 de setembro, a Coréia do Norte já tinha iniciado a retirada pouco antes de Inchon. Apoio do CAS do USMC mostrou que estavam mais bem preparados para CAS com seus próprios TACP, FAC e CAS em alerta. A USAF usava mais alerta de caças em terra para CAS e demoravam a responder aos pedidos. O USMC tinham que ter qualidade pois tinham pouca artilharia e dependiam mais do CAS. Por outro lado, em Inchon havia poucas tropas do USMC em contato com inimigo enquanto a FEAF cobria uma frente de 150 milhas.

Após o desembarque em Inchon as tropas do 8o Exército iniciaram o avanço a partir de Pusan. No dia 18 de setembro, foram 42 ataques de B-29 e 286 saídas de CAS para apoiar as tropas. No dia seguinte foram 361 saídas de CAS com os F-80, F-51 e B-26. No dia 22 a Coréia do Norte entrou em colapso e iniciaram o avanço até o Paralelo 38. No avanço para o norte, as missões aéreas foram direcionadas para retardar a fuga das tropas da Coréia do Norte. Os B-26 e B-29 equipados com flares atuavam em pares a noite contra colunas de suprimentos. Os F-51, F-80 e B-29 trabalhavam de dia contra blindados e tropas.

Em dezembro de 1950, o USMC pediu 40 saídas de CAS por dia. Em dezembro foram 679 saídas para apoiar suas tropas enquanto outras Divisões do US Army recebiam menos de 350. O US Army queria CAS citando a falta de artilharia, mas uma pesquisa posterior mostrou que era muita comparada com Mediterrâneo e Pacífico.  

No avanço para o norte, além do Paralelo 38, as aeronaves de CAS voltaram a operar a partir da Coréia do Sul. Com o avanço chegando mais ao norte, os caças tiveram que levar menos armas e mais combustível externo e realizar menos missões por dia. A tomada de bases aéreas ao norte resolveu o problema com os caças passando a operar destas bases. As bases logo ficaram lotadas e eram limitadas.

No dia 20 de outubro, foi realizado um assalto aéreo de pára-quedistas em Sukchon e Sunchon a 30 milhas ao norte Pyongyang. Foram 2.860 pára-quedistas lançados de 111 cargueiros C-119 e C-47. O objetivo era cercar as tropas fugindo para o norte após o desembarque em Inchon. Foram apoiadas por 75 caças F-51, 62 F-80 e cinco B-26. Foram 2.700 tropas da Coréia do Norte mortos e 3 mil capturados, mais os veículos destruídos.  

Outro salto foi a operação Tomahawk em 23 março de 1951, apoiados pelos C-46 e C-119, em Munson-ni. Novamente o objetivo era cortar a fuga de chineses entre Seul e Kaesing. Foram 800 saídas de apoio com CAP e CAS. O objetivo era cercar 60 mil tropas, mas quase todas conseguiram escapar.

 

Invasão chinesa

Após cinco meses de conflito as tropas ONU estavam chegando na China. No dia 24 de novembro de 1950 a ONU lançou uma ofensiva contra o norte. As tropas avançavam 5-8 milhas por dia contra resistência leve até o dia 26 quando a China entrou na guerra. A presença dos chineses já tinha sido detectada pelos B-26 a noite e caças noturnos do USMC. Os RF-80 voavam em horários fixos e os chineses sabiam como evitar. Os chineses fizeram um ataque frontal com 50 Divisões, ou cerca de 260 mil tropas. A força era tão intensa que as tropas da ONU foram forçadas a recuar. Boa parte das tropas chinesas eram formadas por veteranos, mas era praticamente um exército da Primeira Guerra Mundial atuando sem apoio de artilharia e blindados. A partir da a invasão chinesa a guerra mudou e o conflito que parecia terminar duraria mais 32 meses.

O estilo chinês era diferente do estilo russo de ataque mecanizado maciço. Os chineses se escondiam em túneis e cavernas, usavam camuflagem natural e artificial, faziam posições bem profundas para as tropas e armas coletivas se protegerem. Os assaltos principais eram feitos geralmente a noite. O objetivo era minimizar o efeito das armas de fogo indireto da ONU mesmo com altas perdas. As tropas chinesas atacavam bem a noite, no inverno, com operadores de morteiro e metralhadoras habilidosos. Entre as tropas chinesas foram detectadas tropas a cavalo. Os pilotos de Mustang que atacavam estas tropas dizem que os chineses não desciam do cavalo ou se escondiam quando eram atacados.

As linhas de comunicações da ONU estavam tão esticadas que os chineses aproveitaram para infiltrar na retaguarda e a guerrilha atuou fazendo bloqueio de estradas. Na fuga da 2a Divisão de Infantaria, cobrindo a retaguarda do 8o Exército, as tropas ficaram cercadas em uma passagem chamada "The Pass". Era um grande bloqueio de estrada de 16 km de extensão. Foram 5 mil baixas só da 2a Divisão de Infantaria e a maioria no passo. O CAS foi intenso para poder salvar as tropas em retirada.

A primeira reação aérea a invasão Chinesa foi o CAS, suprimento aéreo e evacuação médica. A retirada não foi coordenada com apoio aéreo devido ao sistema de controle deficiente. O mau tempo piorou ainda mais a situação diminuindo as missões de CAS. Os pilotos logo perceberam que os alvos atacados nas missões de AI eram equipamentos da ONU abandonado. Foram os ataques do CAS que permitiram o avanço nos bloqueios de estradas contra as posições inimigas. Tiveram que fazer CAS noturno com os B-26 de tão desesperadora era a situação das forças retraindo. Os B-26 eram apoiados por radar e granadas de flares em terra.

Os Corsair do USMC voavam sempre acima das tropas recuando da represa de Hungnam e eram os salva-vidas enquanto os fuzileiros se retraiam até a costa leste para serem evacuados. Os Corsair foram apelidados de "ambush-busters". Os bloqueios de estradas chineses foram logo atacados e depois as tropas tomavam a posição. Uma aeronave R5D Skymaster (C-54) voava sempre acima atuando como um "super Mosquito" controlando as operações de CAS de dia. Com a coluna de fuzileiros retraindo, o CAS e o sistema de controle eficiente foi citado como ter destruindo sete Divisões chinesas até serem evacuados. Com a invasão chinesa e a ameaça dos Mig-15, as operações das aeronaves navais pareciam ameaçadas. Antes não havia ameaça no ar para atrapalhar.

A força de Mustang que foi deslocada para bases mais ao norte foi novamente forçada a retrair para bases mais ao sul. Em uma ocasião os caminhões de suprimentos chegando nem foram descarregados foram ordenados a voltar para bases mais ao sul.

O aparecimento do MiG-15 logo forçou ao uso de caças melhores. Os esquadrões de F-51 passaram converter para o F-80 e F-84 levados para o TO. Nas missões de escolta, o F-84 logo mostrou ser inferior e passou a atuar mais para CAS e AI.

Entre janeiro a maio de 1951, foi uma guerra de movimento para o sul. Do verão de 1951 até o fim da guerra, a frente se estabilizou em torno do Paralelo 38 com a guerra típica das trincheiras da Primeira Guerra Mundial. A frente estava coberta de trincheiras, bunkers, campos minados, e arame farpado. A linha de frente era chamada de MLR - Main Line of Resistance. Sem poder ganhar terreno, objetivo dos chineses era ganhar algumas milhas de terreno até o cessar fogo no final do conflito.

A artilharia tomou a frente contra as posições estagnadas, mas ainda com oportunidades para missões de CAS. A experiência da Segunda Guerra Mundial já mostrou que o CAS funciona melhor em guerra fluida com o inimigo se movendo e não em posições preparadas e camufladas. A guerra estática era melhor para a artilharia. A FEAF se concentrou nas missões de interdição aérea (Air Interdiction – AI), mas contra um inimigo na defensiva a AI tinha pouco efeito. Nessa fase, foram realizadas 155 mil saídas de AI e 47 mil de CAS.

No dia 22 de abril de 1951, foi iniciado a quinta fase da ofensiva chinesa com 340 mil tropas. Os chineses criaram incêndios em todo o fronte para tentar mascarar com fumaça, mas não preveniu a realização de missões de CAS. No dia 23, foram 340 saídas de CAS, a terceira maior da guerra. Foi uma média de 96 saídas por dia para apoiar o 8o Exército ou oito saídas por Divisão. Na Segunda Guerra Mundial era uma média 5-8 saídas de CAS por dia para cada Divisão na Europa. A capacidade de saída por dia era de 300 só da USAF fora o USMC e US Navy. As perdas eram de uma aeronave derrubada para 382 saídas e danos de uma de cada 26 saídas. Na época, foi estudado criar um grupo de CAS para cada Corpo de Exército do US Army. Como tinham cerca de 100 Divisões seria necessário 7.000 aeronaves para satisfazer o requerimento.

Em maio de 1951, foi observado que para avançar seria necessário deslocar muito mais tropas para a região e passaram a procurar uma trégua. O mesmo foi pensado pelos comunistas. As negociações iniciaram em julho de 1951 e duraram dois anos. A guerra foi bem localizada e sem grandes ofensivas terrestres. Com as tropas bem entrincheiradas, as operações de CAS ficaram difíceis e perigosas. A partir de agosto de 1951, o foco das operações foram as missões de AI. Seriam apenas 96 saídas de CAS para 8o Exército. Em dezembro, reclamaram que as bases estavam longe da frente e os pedidos de CAS atrasavam.

Nos dois anos seguintes, com a guerra estática, os pilotos iam mais atrás de alvos lucrativos, ou fazer missões de AI, e as tropas acostumadas com o CAS não gostaram. Um comentário do comandante do 8o Regimento de Cavalaria sobre o CAS era o seguinte: "se você precisa, não consegue; se consegue, ele não te encontra; se encontra, não identificava o alvo; se identifica o alvo, não atingia; e se atingia o alvo não criava muito dano". As tropas em terra querem as bomba nas trincheiras inimigas, mesmo sabendo que as missões de superioridade aérea, caças multifunção, controle centralizado do Poder Aéreo, e o valor da AI e ataque estratégico são argumentos legítimos. Em terra, querem CAS como prioridade, bons rádio, e aeronave dedicada.

As operações de CAS na Coréia eram consideradas importantes e eram letais. A artilharia da ONU era fraca e precisavam muito de CAS. Em algumas ocasiões as tropas em terra encontravam centenas de mortos nas posições inimiga atacadas pelo ar antes de serem atacadas por terra. Os prisioneiros norte-coreanos e chineses citam que seus planos eram direcionados para evitar os ataques aéreos. A ofensiva de inverno dos chineses foi parada pelo CAS chegando a serem realizadas 400 saídas por dia. Os prisioneiros confirmam este dado. O US Army cita que foi a ação dos Mustang operando de bases próximas a MLR que salvaram a frente. Até os bombardeiros atacavam com apoio de radar a noite.

No dia 18 de novembro de 1950, os Mustang da RAAF começaram a atacar um batalhão Chinês que após quatro dias se rendeu. Foia primeira vez que tropas se renderam para a aviação. Em outras duas ocasiões as tropas se renderam após o ataques dos Mustang com metralhadoras e Napalm.

Uma operação de CAS famosa foi a operação Smack em 25 de janeiro de 1953. Uma posição chinesa em uma colina chamada "T-bone Hill" foi atacada por vários dias pela artilharia e depois por aeronaves CAS. Depois foi tomada por uma Companhia blindada. O objetivo era capturar prisioneiros para interrogatório. A imprensa e autoridades acompanhariam o ataque. Foram realizadas 92 saídas em duas horas antes do ataque incluindo o uso de Napalm. Durante o ataque terrestre, os chineses saíram dos bunker e repeliram o ataque com metralhadoras e granadas. As tropas sofreram 77 baixas e não capturaram nenhum prisioneiro.

Os caça-bombardeiros operando na Coréia realizavam quatro tipos de missões. Havia as missões pré-brifadas contra alvos especificas e as JOC, com os caças em alerta sendo chamados por um FAC na frente de batalha. Estas duas missões são realizadas por esquadrilhas de quatro aeronaves.

Um esquadrão de 12 caças colocava dois pares de caças em alerta de dois minutos, quatro em alerta de 5 minutos e quatro em alerta de 15 minutos. No dia seguinte faziam missões pré-planejadas com bombas. Mais para o fim da guerra, com muitos pilotos novatos, treinavam no terceiro dia. As táticas nos ataque eram um caça mergulhar enquanto os outros fazem cobertura no alto. Os ataques terrestres eram feitos em fila com a formação preparada antes de iniciar o ataque.

O terceiro tipo de missão era a pré-brifada de Esquadrão, geralmente de 12 aeronaves e raramente até 48 aeronaves, contra um alvo mais importante.

O quarto tipo era a "late light recce" com a esquadrilha decolando pouco antes do por do sol para fazer corte de estrada. Depois de duas aeronaves atacarem um trecho de estrada, a esquadrilha voa para o norte pouco antes do por do sol e voltava em 15 minutos para atacar com metralhadoras os veículos parados pelo corte na estrada com as outras duas aeronaves ainda armadas com bombas. Os F-80 levavam duas bombas de 454kg e quatro de 227kg com espoleta instantânea e de impacto. As bombas de fragmentação atingiriam pessoal e veículos ao redor do engarrafamento. As bombas de 1000lb seriam disparada contra as junção de estrada. Estas missões atrapalhavam o tráfego noturno e as patrulhas matinais ainda podiam atingir os veículos danificados para evitar reparos.


Caças Mustangs atacando concentração de tropas comunistas.


Os ataques dos F-80 eram feitos a baixa altitude durante o disparo das bombas de Napalm.


Caças Mustang atacando um posto de comando da Coréia do Norte.

Comando e Controle
 
Para controlar as missões de CAS de acordo com os manuais da USAF, foi criado o JOC (Joint Operational Center) em 5 de julho, duas semanas após iniciar o conflito. No dia 14 de julho, o JOC foi baseado em Taejon na Coréia. O código de chamada do JOC era Angelo. O JOC era o nível mais baixo do escalão de comando para determinar as prioridades das missões de CAS, cooperando com o US Army.

O Air-Ground Operations System (AGOS) era o elemento do US Army no JOC com a função de receber e avaliar os pedidos de CAS chamados de TAR (Tactical Air Requests). O Elemento da USAF era o TACC (Tactical Air Control Center) responsável pela decisão final na distribuição dos meios e direcionar o ataque através do TAC (FAC) ou TACP.

O JOC ficava junto com o Posto de Comando da 24a Divisão de Infantaria para coordenar com as operações em terra. Inicialmente o 8o Exército não criou o AGOS pois não tinha os rádios para criar a rede de rádios. O JOC liga os Tactical Air Request (TAR) das unidades em terra com o TACC (Tactical Air Control Center) que enviava os pedido de missões para as bases aéreas. O TACC faz as tarefas de comunicações e alerta para a USAF.

A doutrina citava que os caças só disparariam se soubessem com certeza a posição das tropas amigas, com apoio dos controladores em terra. Para isso, a USAF tinha duas agencias de controle aéreo: o Controlador Aéreo Avançado (FAC - Forward Air Controller) operando como parte do Tactical Air Control Parties (TACP) que atuam em terra; e o TAC (Tactical Air Coordinator) operando no ar, atualmente também chamados de FAC. Os TAC e TACP são formados por pilotos com experiência em missões de CAS.

As equipes de FAC/TACP foram enviados para a frente de batalha para controlar as aeronaves nas missões de CAS. Os alvos encontrados pelo FAC/TAR eram passados para o Posto de Comando da Divisão como sendo um pedido de CAS. O pedida ia depois para o Posto de Comando do Exército e depois para o JOC que ficava do lado. Se o pedido de CAS for aceito, o TACC chamava os caças em alerta nas bases aéreas. Próximo da linha de frente, os caças contatavam o FAC/TACP em terra ou o TAC/FAC no ar antes de atacar. Enquanto os TACP eram similares ao ROVER da Segunda Guerra Mundial, os TAC eram similar ao Horsefly nos L-5 Sentinel.
 
No inicio da guerra, as operações de CAS eram realizadas sem coordenação nenhuma, repetindo esforços, sem preparo e com muita confusão. No inicio, as comunicações eram inadequadas e tiveram que usar canais de emergência. Os caças navais acima das tropas não atacavam por não pode ser comunicar.

A primeira missão de CAS foi realizada no dia 28 de junho com oito aeronaves atacando uma posição inimiga. As primeiras missões de CAS foram difíceis pois os FAC eram formados por pessoal do exército e não sabiam como descrever o alvo para os caças. Chamavam o ataque contra um T-34 e podia vir todo o esquadrão ou nenhuma aeronave. Os FAC em terra brigavam pelas frequências de rádio e controle das aeronaves no ar.

No dia 3 de julho, chegou o primeiro TACP da USAF na Coréia que foram enviados para a frente de batalha. Como os TACP eram insuficientes, com dificuldade de chegar na frente de batalha, e quando chegavam eram atacados, o JOC resolveu colocar os FAC no ar em uma aeronave lenta atuando como TAC. No dia 9 de julho, um trio de aeronaves L-5 Sentinel decolou de Taejon até a linha de frente. Os F-80 que chegaram não sabiam e ficaram surpresos quando foram chamados no rádio pelos L-5. Aceitaram a missão e tiveram bons resultados.

Um Yak-3 atacou um L-5 que escapou. No dia 10, voaram com os T-6 mostrando mais habilidade. Os TAC nos T-6 foram apelidados de Mosquitos que era seu código de chamada. Os T-6 resolveram os problemas do CAS, pelo menos em grande parte. Sem o AGOS, o US Army passou a usar o Mosquito para pedir CAS para o JOC e o Mosquito logo virou um elemento chave do sistema de CAS. As aeronaves de observação do US Army logo passaram a controlar aeronaves de ataque. O resultado foi encher os canais de comunicações e os Mosquitos passaram a voar também além da linha de frente.

No dia 22 de julho, o USS Boxer chegou com 145 Mustangs. O número de aeronaves para realizar CAS era grande, junto com três NAes na costa, mas as comunicações não permitiam que as operações funcionarem com eficiência.

As primeiras operações dos TACP em terra foram desastrosas com perdas de tropas e rádios destruídos pelo inimigo ou terreno. Logo ficaram mais a retaguarda atuando mais como ligação até o TACC apoiando os Mosquitos. Os Mosquitos nos T-6 voando na frente de batalha usavam seus rádios para pedir aeronaves para o TACC diretamente. Foram 269 saídas dos Mosquitos em julho e cerca de 1.000 por mês até o fim de 1950. Até o fim do ano foram controlados 90% das saídas de CAS com perda de 18 tripulantes e 24 aeronaves T-6. As perdas foram consideradas pequenas comparado com os resultados.

Já as táticas de "Call Strike" não funcionavam. Os F-80 e B-26 em bases no Japão estavam longe para reagir a tempo contra os alvos detectados. Passaram a lançar esquadrilhas em intervalos determinados, geralmente de 15 em 15 minutos. As equadrilhas contatavam o JOC que passava para um FAC que tinha alvos. Sem FAC com alvos, as esquadrilhas eram enviadas para fazer reconhecimento armado atrás da MLR. O CAS podia chegar em até 20 minutos e se não tivessem alvos, ou desaparecessem, o FAC também podia liberar para fazerem reconhecimento armado. O principal problema continuava sendo a falta de rádios.

Mesmo com a pouca autonomia do F-80, o controle eficiente dado pelos Mosquito permitiu que voassem a maioria das missões de ataque de forma eficiente. No dia 15 de março de 1951, foi a primeira vez que os pilotos de F-80 e F-84 foram brifados sobre um TACP especifico. Assim podiam otimizar a carga para o alcance e a missão. Antes levavam mais combustível que armas para compensar o tempo perdido encontrando alvos ou esperando serem designados para um TACP com alvos.

As equipes de FAC em terra tinham capacidade de chamar CAS e artilharia. Os pilotos que fizeram um tour em terra passaram a ter outra visão das missões que realizavam enquanto no ar. Passaram a conhecer seu papel nas missões de CAS e como apoiar as tropas em terra. Os pilotos selecionados para atuar como FAC em terra eram mal preparados para a função. Era uma boa experiência apesar dos riscos. Inicialmente atuavam por pelo menos duas a três semanas e depois passou para 60 dias.

Inicialmente, os FAC não recebiam vantagem pela missão, deixando de ganhar pontos por não voar. Atuando como FAC os pilotos iriam atuar na guerra por seis meses ao invés de três meses e meio. Inicialmente selecionavam os pilotos que tinham voado 20 missões e passaram a selecionar os que voaram 60 missões para ir direto para casa depois de atuar como FAC. Também havia o risco de perder a proficiência de piloto. Os pilotos achavam que valia a pena por poder se comunicar com os caças acima. Devido as grandes perdas na invasão chinesa, os FAC em terra raramente acompanhavam as patrulhas, que continuavam detectando concentrações de tropas preparando ações.

Os TAC/FAC podiam atuar a noite em aeronaves C-47. Em um ataque de caça-bombardeiros contra um pátio ferroviário encontraram dezenas de vagões ferroviários cheios de munições no fim da tarde. Os ataques continuaram a noite pois o fogo deixava o alvo bem visível. Eram muitas aeronaves atacando e com muito risco até um FAC chegar. Era a munição de uma das últimas ofensivas chinesas e foi parada com este ataque. Nem sempre era possível ter FAC em certos locais e mesmo assim os caças atacavam durante as ofensivas chinesas se soubessem claramente onde estava as posições inimigas.

No dia 22 de setembro de 1950, uma esquadrilha de Mustang atacou uma posição britânica por engano. Os norte-coreanos aproveitaram e tomaram a posição com 76 Scout Guards mortos. Os Mustang estavam controlados por FAC e Mosquitos, mas atacaram a posição errada a 7 milhas da posição do FAC terrestre. Em toda guerra foram 108 episódios de fogo amigo do ar. Nos últimos três meses da guerra ocorreram vários episódios de ataque contra posições amigas. Os caças passaram a atacar apenas com apoio de FAC na frente e esta regra é válida até hoje. Evitar fogo amigo passou a ser uma das tarefas dos FAC.


Uma posição de um TACP junto com tropas da Coréia do Sul. O local está marcado com painéis colorido vistos no canto inferior direito para facilitar a identificação pelas aeronaves de ataque voando acima.


Uma equipe de TACP operando na frente próximo a Seul no inicio da guerra.



Uma equipe de TACP na Coréia. O Jipe está com o pára-brisa cobertos para não refletir sol e denunciar a posição.


Ataques dos Mustang contra uma posições da Coréia do Norte próximo a Seul no começo da guerra. A foto foi tirada por um FAC.



CAS Naval

A guerra naval na Coréia variou do uso de caças a hélice obsolecentes aos primeiros jatos imaturos. Viram a ênfase no uso de aeronaves de alerta aéreo antecipado (AEW) e anti-submarino embarcado contra possíveis ameaças no mar e em terra. Havia a constante ameaça de submarinos soviéticos. Após a Segunda Guerra Mundial, já se questionava a resistência dos NAes contra as armas nuclear e armas guiadas. Sabiam que suas defesas não eram impregnáveis.

No fim da Segunda Guerra Mundial, a US Navy tinha 98 NAes e 29 mil aeronaves. Na época da guerra da Coréia, eram 15 NAes e 9.400 aeronaves. As aeronaves eram projetadas para que um piloto novato de 21 anos pudesse pousar com segurança após uma missão difícil. Não faziam caças para serem mais rápidos ou mais manobrável, e sim com capacidade de voltar para o navio. Os testes entre o F-80 contra o Bearcat mostraram que os caças mais lentos não conseguiam tirar a iniciativa do ataque do jato ficando sempre em desvantagem. O Bearcat foi projetado para relação peso-potência e vencia o Mustang facilmente, mas não valia muito contra a velocidade dos jatos.

As forças navais locais se juntaram na TF 77 (Força Tarefa 77) incluindo os britânicos. A força incluía caças Panther, Corsair e o novo Skyraider. Os britânicos usaram o Firefly e o Seafire. Foi combinado com a USAF que atacariam alvos em Pyongyang como bases aéreas, ferrovias e pontes. O primeiro ataque naval foi no dia 3 de julho. Os Panther foram lançado depois para chegar na base aérea antes dos Corsair e Skyraider sendo a primeira missão real de um jato naval. O alvo era a base aérea de Haeju a 200 km de distância do NAe. Os Panther derrubaram um Yak e outros três foram destruídos em terra. Os Corsair e Skyraider depois destruíram os hangares sem perdas. No dia seguinte, atacaram um pátio ferroviário e depois uma ponte ferroviária, com todos os alvos atacados com sucesso.

Sem ameaça de chineses e russos, os NAes puderam operar próximo a costa. A primeira missão de CAS foi no dia 22 de julho. Logo foi iniciado um debate sobre como deveria ser o CAS entre a USAF e a US Navy. Cada sistema tinha qualidades e defeitos. Primeiro que o conceito de CAS era bem vago.

No primeiro ano de operações, a TF77 realizou 3.300 saídas por mês com razão de jatos versus aeronaves a hélice de 1 para 2. No fim do segundo ano era uma média de 4 mil saídas com razão de 2 jatos para 3 aeronaves a hélice. Em fevereiro de 1953, foram realizadas 4.500 saídas com razão de 1 para 1. No armistício, foram 5.200 saídas com razão de 4 para 3. Os Skyraider ainda operou embarcado até 1968. A principal contribuição dos NAes era compensar a falta bases aérea no inicio do conflito e durante o desembarque em Inchon. No total, os NAes foram responsáveis por 30% das saídas.

Em outubro de 1952, a TF 77 iniciou as operações de ameaça de desembarque, conhecida como simulação Kojo, por ser feita ao redor de Kojo. O apoio de fogo naval forçaria as tropas comunistas para o local que poderiam ser atracadas pelo ar. A US Navy simularia um assalto anfíbio, a FEAF simularia um assalto aéreo e o 8o Exercito simularia uma ofensiva pelo sul. Apenas os oficiais generais sabiam que era uma simulação enquanto o resto achava que era uma preparação para uma operação real. O inimigo não reagiu de acordo e a operação foi um fracasso, mas mostrou que podiam desembarcar onde quisessem.

O caça Banshee mostrou ser melhor que o Panhter para ataque. Era mais resistente, tinha dois motores, levava mais bombas e tinha 30 minutos a mais de autonomia. O problema era dobrar as asas com os tanques externos cheios. A precisão mostrou ser melhor. Os jatos forçaram mudar as táticas pois eram mais susceptíveis as explosões das bombas. Não podiam disparar a menos de 3 mil pés e evitavam também a fixação no alvo. A precisão piorou. Tentaram usar espoleta de atraso com disparo mais baixo, com o mergulho feito a 35-40 graus, iniciando a 12 mil pés a 260 MPH. O freio aerodinâmico ficava aberto e usavam 75% de potência. O disparo era feito a 1.800 pés. Na saída do mergulho puxavam 5 g´s, aceleravam a toda potência e fechavam o freio aerodinâmico. Sempre faziam manobras evasivas após o lançamento as bombas. A precisão melhorou muito, mas com muita exposição a artilharia antiaérea leve e armas leves.

Em relação a Segunda Guerra Mundial, a carga de bombas dos caças embarcados por missão aumento de 14 toneladas para 74 toneladas (lançamento de todo componente aéreo). Os Skyraider e Corsair tinham uma capacidade carga bem maior e geralmente voavam sem escolta com mais caças fazendo ataque. Em dois anos, foram mais bombas disparadas que todas na Segunda Guerra Mundial. Uma consequência foi a dificuldade na logística que era cinco vezes maior por NAe comparado com a Segunda Guerra Mundial.

Os NAes da US Navy mostraram ter capacidade de operar onde a aviação baseada em terra não conseguia. A ameaça de submarinos e aeronaves de ataque em terra era real e não apareceu. Os NAes tinham que operar a 50-100 milhas para realizar as missões. Em 1953, a US Navy operou aeronaves com Centro de Informação de Combate próprio na TF77 na forma do PB-1W (B-17 AEW) para dar alerta de ataque aéreo. Depois da guerra a US Navy acelerou o desenvolvimento do WV-2 Warning Star e do WF-1 Tracer.

A guerra da Coréia influenciou o desenvolvimento de mísseis superfície-ar, ar-ar e ar-superfície. Os mísseis Terrier e Sidewinder estavam em desenvolvimento durante o conflito e viraram prioridade. Durante o conflito, desenvolveram o míssil Bullpup entrando em serviço em 1959. Para ataque noturno desenvolveram o A-6 Intruder.

Os caças Panhter eram bem inferiores aos Mig-15, mas se deu bem nos combates aéreos devido a capacidade dos pilotos. A inferioridade dos caças navais contra o o MiG-15 levou ao desenvolvimento dos mísseis SAM e dos caças F-8 Crusader e F-4 Phantom e todas as gerações posteriores. Para interceptação noturna surgiu o F-4 e depois o F-14. No conflito surgiram as técnicas de pouso em convés em ângulo, sistema de pouso com espelho e pouso automático. Os helicópteros passaram a ser usados em resgate, operações especiais, caça-minas, ligação, correção de artilharia, evacuação médica e assalto de combate.

A USMC e US Navy eram mais entusiasmados com as missões de Superioridade Aérea devido a experiência na guerra do Pacífico. Primeiro protegeriam a frota, mas nas operações em terra as operações de AI e CAS eram igualmente importantes. A experiência levou a criarem um sistema que fazia o CAS chegar em minutos. As aeronaves embarcadas operam próximas da costa e podem manter o fluxo constante de aeronaves. Na USAF, os caça-bombardeiros ficavam em alerta em terra e demoravam a responder aos pedidos de urgência.

A US Navy entrou em combate em julho de 1950 e o USMC em agosto. Na primeira missão, a US Navy teve problema pois os mapas usavam um sistema de coordenadas diferentes da USAF e os nomes dos locais era difícil de pronunciar no rádio. Os piloto tiveram que procurar alvos por si se não conseguissem contatar o JOC com os canais saturados. Nem os rádios da USAF eram compatíveis para conversar com a TF 77.

No próximo dia já conseguiram atacar mais alvos, mas ainda com desapontamento geral pois não conseguiam contatar os FAC para receber alvos. A disciplina de rádio não era respeitada. Se alguém queria dizer algo simplesmente falava. Eram muitos pilotos no mesmo local e virava uma confusão. A prioridade era dada para os F-80 que gastava mais combustível enquanto os Corsair e Skyraider ficavam esperando mais alto. O resultado foi ter que coordenar com a USAF através do JOC a partir do dia 15 de julho, procurar mapas e usar os Skyraider como TAC/FAC(A) para auxiliar os Mosquitos. O pessoal do USMC indicavam suas capacidades para futuras operações. A US Navy era iniciante e não podia autorizar ainda. Após encontro em 3 de agosto de 1950 entre vários comandantes, a US Navy passou coordenar com a FEAF e recebeu mapas.

Os caças Corsairs e Skyraiders tinham maior carga e autonomia que os jatos da USAF. Operando embarcados atacavam todos juntos, as vezes dois esquadrões ao mesmo tempo, sobrecarregando os Mosquitos quando chegavam todos juntos na frente de batalha sem aviso. Os Mosquitos controlavam primeiro os jatos da USAF e depois as aeronaves embarcadas por terem maior autonomia. Sem alvos, os caças navais tinham que procurar alvos de oportunidade.

Entre julho e novembro foram realizadas 151 saídas de CAS ou 13% do total apenas. Um dia típico era lança oito Corsair e oito Skyraider de 3 em 3 horas. As cargas eram variadas. A noite as aeronaves da US Navy lançavam flares na frente de batalha para cobrir os ataques.

No inicio, a TF 77 preferia atuar sozinha. Os ataques na maioria das vezes eram descoordenados. Para piorar, a TF 77 operava em silêncio de rádio para não serem detectados. Após a retirada das tropas do USMC do reservatório de Chosin durante a invasão chinesa, a TF 77 enviou representantes para o Posto de Comando da FEAF para coordenar as ações. A TF77 passou a enviar 18 saídas por dia para o sistema JOC-Mosquito. A US Navy cobriria o leste, a FEAF o oeste e o USMC apoiaria suas tropas. Com aeronaves de curto alcance a Royal Navy operava bem próximo a costa. No inicio de 1951, o USMC passou o controle do CAS para o JOC. Em 1953 a coordenação dos ataques era feito com a participação de unidades táticas da FEAF, TF 77, B-29 e B-26 noturnos. A TF 77 tinha prioridade para pedir alvos devido as suas limitações.  


Um esquadrão com 15 Skyraider descarrega sua carga contra tropas comunistas na MLR em 1953. O terreno montanhoso da Coréia sempre tinha tropas amigas e inimigas próximas.

CAS do USMC

As missões de CAS realizadas pela aviação do USMC mostrou ser bem melhor. Era sua função principal e estavam bem treinados e equipados. Os pilotos até iam nas posições das tropas em terra para verem o terreno e planejar os ataques com o comandantes no local em missões pré-planejadas. Os pilotos eram praticamente amados pelas tropas e odiados pelo inimigo (relatos dos prisioneiros).

Na USAF, o CAS era auxiliar da artilharia atacando alvos fora do alcance, enquanto na US Navy e USMC era um substituto da artilharia. Em um desembarque, os fuzileiros não teriam o apoio de artilharia que o US Army têm enquanto a artilharia não desembarcasse. Várias situações podem até limitar o apoio de fogo naval como o terreno, contornos do litoral e profundidade das ações. O USMC já considerava o apoio dado pelo CAS melhor que a artilharia de campanha e o apoio de fogo naval.

O CAS do USMC incluía resposta rápida, usando NAes ou bases avançadas em terra, e controle de TACP a nível de batalhão. O "close" também era bem próximo das tropas enquanto para a USAF o "close" era fora do alcance da artilharia de campanha.

Antes da guerra, o USMC treinou e se preparou para realizar CAS adequadamente. Foram para guerra para apoiar suas tropas em terra. Ironicamente, os pilotos foram para o USMC devido a propaganda da guerra sobre suas vitórias ar-ar e queriam ser piloto de caça e desconheciam a função principal da aviação dos USMC. O treinamento e doutrinação foi importante incluindo servir em terra com fuzileiro antes de ser piloto. Durante os treinos e manobras, os caças estão trabalhando constantemente com tropas em terra para aperfeiçoar as comunicações e e coordenação necessária. Cerca de 70% dos pilotos eram veteranos da Segunda Guerra Mundial e com treinamento especializado em CAS. Cada batalhão tinha um FAC terrestre, um TACC na Brigada, e rádios melhores que os da USAF.

Várias mudanças foram implementadas para melhorar o desempenho. Os Corsair receberam rádio de 10 canais (contra quatro anteriormente), passou a ser adaptado para levar bombas e foguetes, recebeu canhões de 20 mm ao invés de metralhadoras e virou um caça-bombardeiro verdadeiro. Na Segunda Guerra Mundial, já tinham desenvolvido armas adequadas para CAS como o Napalm, bombas com espoleta de tempo, foguetes e canhões de 20 mm.

O USMC era único serviço com FAC próprio, chamados de "Ground Coordinator", que controlavam os ataques aéreos acompanhando os batalhões avançando. Atuar como FAC era até parte do currículo para melhorar a carreira. Como a força era relativamente pequena, pilotos e FAC geralmente se conheciam.

Em agosto, o USMC tinha seu próprio ASOC (Air Support Coordination Center) em Pusan apoiando suas tropas com três esquadrões de Corsair. Depois chegaram mais dois esquadrões embarcados com menor tempo de resposta. No USMC, os pedidos de CAS iam para o DASC.

O TACP do USMC era formado por dois pilotos e oito tropas. Ficavam em contato direto com o TACC nos navios ou na praia. Os TACP enviavam os alvos para o Posto de Comando da Brigada que chamava o CAS via TADC. O TADC então contatava o NAe. O TACC contatava um TAC (Tactical Air Coordinator - FAC no ar) que ligava com o FAC. O FAC, TAC e aeronaves de ataque devem estar ligados por rádio. Se o FAC não vê o alvo, o TAC tomava o controle.


Uma equipe de FAC terrestre do USMC controlando operações de CAS contra posições chinesas no fim de 1950. O USMC preferia que o FAC em terra controlasse pois era onde estava a ação. No avanço acima do paralelo 38 a 1a MEF tinha 12 TACP e a 7a Divisão de Infantaria tinha nove TACP incluindo os do USMC. Em dezembro de 1950, três Divisões do X Corpo tinha 37 TACP enquanto as cinco Divisões do 8o Exército tinham apenas 12. O uso dos FAC variava muito. Uma Divisão do 8o Exercido pedia CAS como parte dos planos de ataque e outras só quando havia problemas.

O equivalente dos Mosquitos do USMC eram os OY-1 Grasshopper de ligação com dois tripulantes do esquadrão VMO-6. Os OY-1 faziam missões de observação e reconhecimento. Tiveram tanto sucesso nas escoltas de comboio em terra que passaram a manter um OY-1 acima das tropas na frente de batalha. Os OY-1 chegaram a atacaram um carro com seu revólver e tropas com granadas para responder ao fogo de terra. O VMO-6 também estava equipado com helicópteros para operações de resgate. As aeronaves e helicópteros foram usados para resgate atrás das linhas, inteligência atrás das linhas, ajuste de tiro de artilharia naval, transporte de tropas e cargas e evacuação médica.

Outro esquadrão noturno equipado com os caças F4U-5N operava a partir do Japão. Nas operações de Night Close Air Support (NCAS), com os F7F Tigercat do 1 Marine Division, eram usados um FAC no ar para controlar as missões. Os caças chegavam na frente e checavam com o FAC. Usavam dois faróis apontados para uma montanha próximo que era usado como referência. Os caças disparavam uma bomba tipo firebomb que espalhava o conteúdo antes de explodir. A explosão era usada como referencia para a próxima bomba. Após oito disparos a montanha estava toda em chamas. Os caças atuavam em pares com o primeiro disparado bombas e o segundo metralhando logo atrás. Esta tática diminuía a ação da artilharia antiaérea se atacassem pois viravam os alvos. Os ataques iniciavam a 5 mil pés e as bombas eram lançadas a mil pés.

Durante o assalto anfíbio em Inchon, o USMC pôde colocar seu sistema de CAS em atuação. Uma Brigada de fuzileiros foi apoiada pelos TACP em terra que controlavam as aeronaves CAS. Eram  4-10 aeronaves voando acima continuamente, com controle aéreo no ar feita pelo TAC. Também havia com duas CAP protegendo a frente contra ameaças aéreas. Eram dois NAes fornecendo um Esquadrão de Corsair cada.

Eram lançados formações de 12-24 Corsair e Skyraider, quatro vezes por dia, assim como quatro forças de oito caças Panther para defesa aérea. Os Panther só faziam CAP pois a falta de vento atrapalhava decolar com bombas e as catapultas da época não eram muito potentes. Os pilotos do USMC tentaram fazer missões de CAS noturno e já tinham experiência de interdição noturna no local com os Corsair e Tigercat. Os P2 Neptune voavam sobre as posições do USMC a noite lançando flares para apoiar as operações de CAS.

A tropas do US Army operando do lado das posições do USMC observavam as operações de CAS dia e noite e ficavam impressionadas. As aeronaves do USMC chegavam rápido e devastavam as posições defensivas inimigas, formações móveis e posições de artilharia. Metade das saídas eram contra tropas a menos de meia milha das próprias tropas. Era o que os fuzileiros esperavam, mas foi uma revelação para os oficiais do US Army que acompanhavam os fuzileiros. Na USAF, o CAS era feito a até 1.000 metros das tropas e na US Navy e USMC treinavam para disparar a até 50-200 metros. Os pilotos do USMC eram especialistas em CAS enquanto na US Navy também fariam CAP, ASW, anti-navio, etc.

Em Inchon, o tempo de resposta de 5-10 minutos após o pedido também chamou a atenção devido a distância curta até os NAes e alerta no ar. Já a FEAF voava vários tipos de missões e preferia manter alerta em terra e o CAS atrasava em pelo menos 45 minutos. A chegada dos esquadrões do USMC em NAes operando próximo a costa e mostrando seu sistema CAS impressionou US Army. O MAG-33 operava para apoiar o USMC e não reportava para o JOC. Se não apoiava tropas podia passar para o US Army que começaram a comparar o tempo de resposta e precisão do CAS entre os fuzileiros e força aérea.

Eram 48 Corsair só para CAS em dois NAes, com grande carga e autonomia. Havia uma boa relação entre os pilotos com os FAC em terra. Os FAC direcionavam as aeronave até a posição geral do alvo em mergulho para tentar indica o alvo. Depois liberava os ataques. Os alvos eram posições atrapalhando o avanço. O pequeno tamanho da frente do USMC também ajudava enquanto a FEAF apoiava uma frente de 250 km.
 

CAS da Coréia do Norte

No inicio do conflito, a Coréia do Norte tinha capacidade de fazer CAS contra as tropas da ONU com sua frota de 130 aeronaves, incluindo os IL-10 Sturmovik. O IL-10 era difícil de ser derrubado pela artilharia antiaérea devido a blindagem e os Yak eram bem manobráveis para assediar os Mustangs. Parece que esperavam que a guerra terminaria rapidamente e não usaram toda a capacidade ou não se prepararam. Nem esperavam uma reação rápida e intensa da ONU.

No dia 15 de julho, a Coréia do Norte realizou uma missão de CAS metralhando tropas da Coréia do Sul em Taejon com quatro YAK. Em outras ocasiões, os Yak também fizeram passagem contra aeronaves de observação e tentaram atacar os F-80 voltando para o Japão.

No dia 22 de setembro de 1950, uma esquadrilha de Mustang atacou uma posição britânica por engano. Os norte-coreanos aproveitaram e tomaram a posição. Este exemplo mostra como os Coreanos poderiam devastar as posições da ONU se tivessem CAS, mas não tinham como ter superioridade aérea na frente de batalha.

Os chineses perceberam que poderiam ter vencido com uma força aérea melhor. Planejaram realizar missões de CAS ao observar a experiência da ONU. Usariam dos Regimentos de IL-10 Sturmovik. O problema é que a escolta dos MiG-15 não podia ir longe com um raio de ação 100 milhas. Para tentar conseguir superioridade aérea teriam que construir bases aéreas mais ao sul.

Havia bombardeiros a jato IL-28 na região em 1951 e a ONU temia ataque as suas bases e navios, mas nunca se materializou. Até as bases de B-29 em Okinawa estavam ameaçadas. Esta ameaça serviru para manter parte da frota em alerta para defesa aérea do Japão e da TF 77 a não se comprometer nos ataques. Sabiam da importância da ameaça pois nos exercícios de defesa aérea, bombardeiros a jato leves como o Camberra eram bem difíceis de ser interceptados quando voavam muito alto.

Conclusão

No total a ONU voou 1 milhão de saídas na Coréia sendo 123 mil de CAS, no sentido de ataque coordenado com tropas na frente de batalha. De 667 mil saídas de caça bombardeiros, cerca de 18%, ou 123 mil, foram de CAS. Cerca de 319 mil, ou 47%, foram de interdição aérea. A FEAF foi responsável por 46% das missões de CAS e o resto foi feito pelos caças navais.

Até o fim de 1950, as aeronaves disponíveis tinham que fazer superioridade aérea, interdição aérea e CAS. Eram poucas aeronaves para as três missões. A superioridade aérea foi fácil de ser conquistada e depois passaram a fazer AI e depois CAS. Foram 41 mil saídas de AI e CAS pela FEAF mais 13 mil pelo USMC e US Navy até o fim de 1950. O CAS aumentou na Coréia em relação a Segunda Guerra Mundial, mas as missões de AI ainda era mais frequente.

Em agosto de 1950, foram 7.397 saídas ou 238 saídas de CAS por dia na FEAF. Em setembro foram 6.440 no total. Entre janeiro e junho de 1951 a FEAF voou 54.410 missões de AI e 22.800 missões de CAS.

Foram destruídos cerca de 74 mil veículos, 9.800 vagões de trem, 1.200 carros de combate T-34, e estimado 180 mil baixas no inimigo. O custo foram 619 caça-bombardeiros de 725 aeronaves perdidas no total. A maior ameaça ainda foi a artilharia antiaérea.  

Saídas de Combate entre 1950 a 1953:

Tipo de missão
US Navy/USMC
USAF
Total
Interdição Aérea
Apoio Aéreo Aproximado
Defesa Aérea
Reconhecimento
Anti-submarino
Ataque Estratégico
126.874
  65.748
  44.607
  26.757
  11.856
-
192.581
57.665
79.928
60.971
-
994
319.455
123.413
124.535
87.728
11.856
994
Total
275.842
392.139
667.981

A USAF perdeu 971 aeronaves e a US Navy e USMC perderam 1.033, mas pouco mais de 10% foram perdidas em combate ar-ar. Nas contas americanas, os comunistas perderam 792 Migs e outros 143 prováveis. O kill ratio para os Sabres era de 7x1 e não foi contestado. O resultado foi considerado bom já que estava em desvantagem numérica.

O Mustang era o mais lento e vulnerável de todos os caças da FEAF operando na Coréia. Os Mustang voaram 62 mil saídas e o F-80 98 mil. Foram 341 Mustangs perdidos contra 143 F-80 para o inimigo, ou 5,5 por mil saídas contra 1,4 por mil saídas. No total foram 474 Mustangs perdidos por todas as causas contra 373 F-80. As perdas em pilotos foram praticamente a mesma. Os Corsair e Skyraider também tinham problemas com o refrigerador de óleo em posição vulnerável e tiveram que blindar o locam. A Royal Navy também preferia aeronaves com motor radial como o Sea Fury devido a vulnerabilidade dos motores refrigerados a ar. Foram até produzidos um pequeno lote de Corsair para ataque a baixa altitude com muita blindagem adicional que operou em 1952.

Os Mustangs dispararam 13 mil toneladas de bombas atrás em quantidade ao F-80 e F-84. Os Mustangs dispararam 183 mil foguetes ou 2/3 a mais que os três jatos em operação combinados.

A US Navy e o USMC perderam 594 aeronaves no conflito sendo apenas cinco para os Migs. Outros 684 caíram por outras perdas incluindo fixação do alvo e explosão da própria bomba. Foram 312 Corsair e 124 Skyraider perdidos, ou 400 caças e 140 aeronaves de ataque. Na Segunda Guerra Mundial, um caça custava cerca de US$ 60 mil contra US$ 250 mil na Coréia. Em média, cerca de 10% das aeronaves de um NAe era derrubadas ou perdidas em um deslocamento. As missões embarcadas na Coréia logo mostraram que em dois meses um esquadrão a jatos teve 35 pousos com problemas, mas apenas um atingido pela artilharia antiaérea. Logo passaram a imaginar quem era o inimigo. A pista de pouso em ângulo resolveu boa parte dos problemas.

A Doutrina de CAS foi revista após a guerra. Os estudos da época mostraram que faltava colocar a Doutrina em prática com um Estado Maior de comando, agências de controle e sistema de comunicações. Precisavam de melhores rádios, FAC mais bem treinados, melhores aeronaves para o TACC, e melhor treinamento para os esquadrões de caça e FAC. Depois da invasão da China, os TACP receberam jeeps com reforço e colchão para apoiar os rádios, geradores mais potentes para apoiar o rádio, beacon e novos rádios. Os FAC em terra passaram a atuar por oito semanas ao invés de três para melhorar a eficiência. Em outubro de 1951, foi pedido o desenvolvimento de aeronave dedicada para CAS e a criação de um centro de apoio conjunto para coordenar, pesquisar, treinar e criar doutrina CAS. Em dezembro de 1951, foi proposto um esquadrão para cada Corpo de Exército que comandariam, mas foi negado devido a Doutrina de época.

Depois do assalto anfíbio em Inchon, e com a experiência do CAS do USMC, o US Army pediu um TACP para todo batalhão, mas a falta de rádios e canais tornou impossível inicialmente. Em janeiro de 1951, cada batalhão já tinha seu TACP. Em março de 1951, foi sugerido ligar o TACP com o Fire Support Coordination Center (FSCC) para atuar coordenado com a artilharia.  

A discussão inicial era entre sistema CAS da USAF e USMC e qual seria mais adequado na Coréia e na Europa. A USAF considerava o sistema de CAS da US Navy ideal, operando próximos das tropas nos ataques, e podiam operar bem sem ameaça aérea. A USAF percebeu que as aeronaves em alerta aéreo era anti-econômico, os jatos eram mais precisos que as aeronaves lentas, e que os comandantes terrestres não precisavam de cota de CAS permanente. Já a experiência do USMC mostrou que os FAC em terra controlavam o CAS melhor que os Mosquitos voando próximos as tropas e que as aeronaves em alerta no ar davam resposta mais rápida.

O USMC e a USAF evitaram discutir a Doutrina sobe CAS, principalmente devido a guerra na Europa tendo necessidades diferentes. A Doutrina da Coréia era para a guerra errada e na hora errado. Os exercícios nos EUA em 1951 e 1954 tiveram os mesmos erros que ocorreram na Coréia em relação ao CAS. As missões demoravam, faltava pessoal e treinamento adequado. Testaram FAC em helicópteros, mas foi considerado arriscado. O consenso era não considerar a importância do CAS no futuro.

A experiência mostrou que o Corsair e Skyraider tinham mais carga e autonomia que os Mustang e F-80, reforçando para o US Army a necessidade de uma aeronave CAS dedicada. Nem precisavam de jatos. Após a guerra, percebendo que a USAF não desenvolveria uma aeronave dedicada para CAS, o US Army iniciou estudos de helicópteros de ataque para realizar missões de CAS.

O resultado final para os EUA foi considerado uma vitória voltando a situação que estava antes da Guerra. Para a Coréia do Norte foi uma derrota pois o objetivo de anexação falhou, seu exército foi destruído, a capital foi para a idade da pedra e sofreu mais de trezentos mil  baixas. A China perdeu 420 mil tropas. Especialmente desmoralizante foi a incapacidade de 120 mil tropas chinesas de vencer 25 mil fuzileiros, mesmo cercados, no reservatório Chosin. Para a ONU foi uma grande vitória mostrando que tem utilidade em organizar uma força mundial, comandar e atingir um objetivo e que dura até hoje. Foi a primeira de várias guerras limitadas da Guerra Fria e deu credibilidade para evitar que os russos calculassem mal as intenções americanas, e evitou a guerra nuclear. A Coréia funcionou como referência de como os EUA atuaria em conflitos limitados durante a Guerra Fria. A guerra foi conduzida para não escalar contra a Rússia, não usariam armas nucleares e a guerra seria restrita a Coréia.

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