Superioridade Aérea na Guerra da Coréia

Após a Rússia detonar sua primeira bomba nuclear, a prioridade no orçamento da USAF passou para os bombardeiros de longo alcance. A segunda prioridade eram os caças para defesa contra os bombardeiros russos. Não investiam mais em caça-bombardeiros leves e médios e nem em caça de longo alcance. Esta estrutura era inapropriada para a Coréia. O alcance dos novos caças a jato era bem menor que os da Segunda Guerra Mundial. A superioridade aérea acabou sendo ganha em terra conquistando bases avançadas enquanto os comunistas não conseguiram usar suas bases avançadas.

No ar, os pilotos da USAF conseguiram anular a superioridade numérica comunista com um melhor treinamento. Os chineses não podiam ter superioridade aérea e tinham que proteger suas tropas com ocultação, camuflagem e dispersão. Operavam mais a noite. 

Após a invasão chinesa, os pilotos de F-51 e F-80 voando no norte perceberam que estavam em desvantagem contra os MiG-15 comunistas. A Superioridade Aérea conseguida no início do conflito parecia ameaçada assim como as operações de CAS e AI. Logo tiveram que enviar caças F-86A Sabre e F-84 Thunderchief para o Teatro de Operações, mas a experiência mostrou que o F-84 era inferior aos MiGs. 

Os F-80C eram inadequados para fazer escoltas devido a sua limitação no alcance. Se os B-29 demorassem a chegar, os F-80 teriam que voltar para a base. Só continuaram sendo usados pois inicialmente os F-86 eram poucos.

O primeiro kill de um jato na Coréia foi no dia 8 de novembro de 1950.

Encontro entre os Meteor dos esquadrão 77 com MiG-15 em 29 de agosto de 1951. O Meteor era muito inferior aos Migs e não fora muito usados em missões de superioridade aérea.

Após seis meses sendo golpeada, a China limitou suas operações ar-ar a uma região restrita no noroeste apelidado de "Mig Alley". Foi onde ocorreram a maioria dos combates aéreos. As vezes os MiGs iam abaixo de Pyongyang e raramente onde a US Navy e o USMC operavam. A FEAF dava conta sozinha na maioria das vezes. Os dois lados tinham "santuários" no local sendo o da China era a Manchúria e os americanos tinham o Japão. Os MiGs saiam do santuário a 30 mil pés, mergulhavam e fugiam para os santuários novamente. Tentavam pegar os Sabres que estavam no fim da patrulha com pouco combustível. Os pilotos voando na fronteira viam os MiGs decolando na China e não podiam fazer nada. 

Após os MiGs aparecerem, os Sabres foram deslocados para a região. Em março de 1951 eram cinco esquadrões de Sabre na região. Os F-86 estavam limitados em quantidade pois a prioridade era defender os EUA. De 137 Alas da USAF, apenas 17 foram usadas na Coréia. Temiam que a guerra fosse um engodo para deslocar tropas da Europa para a região e iniciar uma guerra na Europa.

No inicio da guerra, a China tinha cerca de 650 aeronaves incluindo 250 jatos, 175 caça-bombardeiros e 150 bombardeiros bimotores. A frota aumentou para cerca de 1.000 caças a jato com a ajuda da Rússia. Os russos também tinham 400-500 caça prontos para usar na Coréia próximos a fronteira. 

No fim de junho de 1951, havia mais de 440 MiGs na China contra 44 F-86A, mas no céu os Sabres tinham uma vantagem de 12x1 nos kill. A disponibilidade dos Sabres era baixa e no fim de 1951 tiveram que enviar outra Ala, mas também com metade dos caças voando. A superioridade numérica dos MiGs era de 500 x 71 no fim de 1951 e 700 x 150 no resto do ano. No ar conseguiram superioridade numérica de pelo menos 2 x 1 para os MiGs com vantagem nos engajamentos. No número total, os Sabres voaram 74 mil saídas e os MiGs voaram 85 mil.

A principal vantagem dos MiGs era o teto mais alto. Voando mais alto, os MiGs podiam controlar o engajamento. Os MiGs subiam mais rápido e tinham uma melhor razão peso/potência, mas era menos manobráveis e com menor alcance.  Os MiGs tinham vantagem de apoio de radares em terra (Ground Control Interception - CGI) enquanto Sabre tinham pouco apoio externo.

Os MiGs tinham a iniciativa e os Sabres ficavam na reação com as BARCAP. Chegavam quatro caças a cada 5 minutos e ficavam 20 minutos no local devido ao curto alcance. Voavam a Mach 0.62 para economizar combustível e ficavam em desvantagem. Tiveram que aumentar a velocidade para Mach 0.85. As patrulhas passaram para 16 aeronaves, em quatro esquadrilhas chegando cada uma em intervalos de 5 minutos em altitudes diferentes. Esta tática também foi usado no Golfo para proteger as tropas em terra. Usavam a formação "fingerfour" com o líder coberto pelo Ala.

Os Sabres voavam em formação de esquadrilha (quatro aeronaves) ou elemento (dois caças). As aeronaves número 2 e 4 cobriam seus lideres voando distante (loose), com uma dupla cobrindo a outra. Se o Ala voa próximo do Líder só consegue ficar olhando o líder. Em combate acabavam se separando. Se o inimigo for atacar será provavelmente por trás ou pelo sol e é onde o Ala deve ficar olhando a maior parte do tempo, enquanto manobra e acompanha o líder.

O Ala está mais susceptível a ataques que o líder por três razões. É o mais próximo para ser atacado, precisa de liberação do líder para atacar, principalmente quando o líder está atacando, e devido a competência do líder pois os maus líderes perdem mais Alas que os bons. Bons Alas gostam de escolher seus líderes e odeiam os "MiG-hungry" que não ligam com os Alas ou os usam como isca quando pedem para o Ala voar mais baixo servindo de isca para atacar quem os atacam. Resumindo, um bom Ala não deve nunca perder o líder de vista e ter disciplina para não abandonar o líder e ir atrás de um alvo de oportunidade. É um trabalho difícil pois só tem chances de atacar se o líder ficar sem munição. 

Os MiGs tinham vantagem tática por poder subir mais rápido e voar mais alto que o Sabre. Podiam atacar de cima e fugir se estivesse em desvantagem. O raio de curva era menor, mas sem roupa "g" ficavam limitados. 

Os MiGs eram bem protegidos, com tanque auto-selante, vidro blindado e boa blindagem atrás do piloto. Era normal voltar para base com 40-50 tiros. A metralhadora 12,7mm dos Sabres eram fracas contra os MiGs. O primeiro kill foram com cerca de 1.000 tiros disparados até conseguir derrubar. 

O poder de fogo dos MiG-15 também era bem maior com dois canhões de 23 mm e um de 37 mm, otimizados mais contra bombardeiros. Os pilotos de Sabre queriam ser armados com quatro canhões de 20 mm, mas a fumaça dos disparos atrapalhava o funcionamento dos motores. Os Sabres tinham que chegar mais perto para conseguir mais acertos e era frustrante para os pilotos atingir o alvo e depois ver subir fugindo.

As metralhadoras 12,7 mm dos Sabres mostraram ser ineficazes contra alvos a mais de 300 metros de distâncias. Os jatos eram menos vulneráveis que as aeronaves a hélice e o combustível que usavam eram menos voláteis deixando a munição perfurante-incendiaria (API) sem utilidade.

O programa Gun-Val, em maio de 1953, testou armamento pesado no Sabre. Oito caças F-86F foram equipados com quatro canhões de 20 mm. O alcance e a potência do impacto aumentou, mas o tempo total de disparo diminuiu de 15 segundos para 4,6 segundos por levar menos munição. O conjunto era 230lb mais pesado e para piorar os gases do disparo provocavam stall compressor e dois caças caíram por isso. Foi proposto a instalação de defletores e só disparar dois canhões de cada vez para dobrar o tempo de tiro. O resultado final foi seis kill em 284 missões, mas usaram pilotos veteranos na avaliação e podiam escolher a hora da missão para ter mais chances de ter combate. Encontrava MiGs em metade das missões contra uma média de 1/3 no geral. A conclusão foi que o arranjo com canhão era 2,8 vezes mais letal, mas não tanto mais efetivo. O canhão só foi instalado na versão F-86H que não entrou em combate na Coréia.

O Sabre tinha um radar de telemetria ajustando a mira enquanto no Mig era com pontaria manual. A mira computadorizada induzia o disparo a longa distância, erravam e alertavam os pilotos inimigos. Outro problema é que foram projetadas para atacar bombardeiros lentos e mostraram ser muito sensíveis contra caças. A mira sofria muita pane e alguns pilotos usavam traçantes que também alertava os MiGs. Nos últimos meses, eram 13% de panes nas saídas.

Para os veteranos eram 100kg de peso morto. Os veteranos podiam ter boa pontaria devido a experiência, mas os novatos se davam melhor com a mira. A razão de acerto era o dobro da mira fixa entre os novatos que gostavam de usar e foi ordenado melhorar o sistema. A metralhadora tinha curto alcance e no futuro as armas teriam maior alcance e teriam que manter o radar. 

Os encontros com os Migs eram frequentes, mas os combates eram relativamente poucos. Os pilotos tentavam levar o combate para onde tinham vantagem. Após a primeira passada os MiGs subiam e os Sabre desciam para onde tinham um melhor envelope de vôo. Os Sabres vencia os MiGs na vertical acima de 30 mil pés. O Mig era melhor acima de 35 mil, tinha pouca vantagem acima de 25 mil e era igual abaixo de 20 mil. Os F-86F tinha uma asa que dava um melhor desempenho geral e foi instalada nas versões anteriores, mas piorava o pouso, mas guerra não era vencida no padrão de trafego. 

O Sabre tinham a mesma potência dos Migs, mas o Mig era 25% mais leve. Foram testados varias modificações para aumentar a potência do motor do Sabre, mas todas aumentavam o desgaste do motor. Em 1952, testaram foguetes auxiliares de decolagem tipo JATO em seis F-86. O peso era de 600lb antes de usar e 450lb depois de usado e com pouco resultado.  

O Sabre era mais rápido voando alto, tinha maior alcance, mergulhava mais rápido e tinha melhor visibilidade. O Sabre era bem mais fácil de pilotar com os Mig sendo mais pesados nos controles. MiGs capturados foram testados e os pilotos os consideraram traiçoeiros.

Mesmo com superioridade numérica e melhores caças, no fim a habilidade era o mais importante com os pilotos americanos conseguindo a superioridade aérea. Eram poucos pilotos conseguindo a maioria dos kill. Os pilotos americanos consideravam os comunistas maus pilotos e taticamente medíocres.

No inicio havia muitos veteranos americanos, mas depois de completarem 100 missões eram muitos novatos nos esquadrões. No fim de 1952, passaram a ter mais vantagem contra os MiGs junto com a retirada das unidades russas veteranas da Segunda Guerra Mundial. 

No inicio, era notado que poucos MiGs engajavam enquanto os outros voavam alto observando. Depois mergulhavam e atacavam. O ciclo se repetia e descobriram que a base aérea de Antung era uma escola de caça e a maioria dos pilotos eram estudantes. Em 1953, não sobrou mais instrutores e os novatos lutavam sozinhos com um péssimo resultado. Nos últimos três meses da guerra foram 164 vitórias contra quatro perdas ou 41x1. Foram 10% de todos os combates aéreos conseguindo 20% de vitórias com 5% das perdas.

Os pilotos comunistas eram apelidados de "tyros" e "ronchos". Os "tyros" eram os pilotos ruins, geralmente chineses e coreanos mal treinados. Os "honchos" eram os bons pilotos, geralmente instrutores, soviéticos ou veteranos. Outros pilotos dos países do Pacto de Varsóvia também atuaram no conflito para ganhar experiência. Os pilotos russos sofreram propaganda contra os americanos sendo doutrinados que a ONU que invadiu a Coréia do Norte e atacavam com barbaridade a população, então estava motivados para lutar. 

Os pilotos russos eram menos experientes, mas o objetivo era parar os bombardeiros e evitavam confronto com os Sabre. Eram voluntários e sabiam o que esperavam. Os novatos substituíam os veteranos e repetiam os mesmos erros. A experiência transmitida era só oral. Os americanos substituíam pessoal e não o esquadrão com os veteranos e novatos voando juntos. Os russos não tinham mentalidade de atacar a causa do problema e apenas substituíam. O segundo grupo de russos já tinha mais veteranos da Segunda Guerra Mundial. 

Os russos viam a guerra como um local de treinamentos. Para a USAF, o treinamento estava no extremo oposto do espectro de prioridade sendo mais metódica no treinamento dos seus pilotos. Os comunistas simplesmente trocavam unidades sem experiência nenhuma e mostrou que a experiência era chave para a sobrevivência. Os pilotos americanos só viravam líder de esquadrilha após 75 missões. Nos últimos seis meses da guerra, 1/3 tempo dos vôos era de treinamento sendo que a precisão na pontaria era alta e diminuiu as perdas. 

Nenhum piloto russo foi capturado. Em uma ocasião chamaram helicópteros para resgatar um piloto, supostamente russo, que caiu no mar. Logo chegaram quatro MiGs atacando os Sabres e depois mais quatro MiGs que metralharam o piloto na água.

Os pilotos americanos veteranos da Segunda Guerra Mundial foram convocados sem querer ir para a guerra. Vários não se adaptaram aos jatos. O Ás Grabeski fazia uma mira com uma goma de mascar presa no pára-brisa enquanto os mais jovens usavam a mira radar sem problemas. 

Ser Ás era bom para levantar o moral e também para as tripulações em terra. O tratamento equivalia a ter medalha de honra. Os pilotos até quebravam regras e iam atrás de MiGs na China, mas escondiam os kill para não serem punidos. Os filmes dos "guncam" de MiGs derrubados na China eram destruídos e falsificavam a localização dos kill. Os pilotos cruzavam a fronteira, mas não atacavam MiGs nas bases aéreas.

Logo nos primeiros encontros com os MiGs, perceberam que atacavam em grupos de quatro e não um de cada vez como ocidente. Em setembro de 1951, os Chineses iniciaram as táticas tipo "bandid train" atacando em bandos de até 100 MiGs, quando queriam, mergulhado nas CAP da USAF, mas a qualidade do pilotos diminuía pois eram poucos russos no total. Os pilotos da FEAF até que gostavam de lutar em inferioridade pois tudo era Mig e podiam disparar sem medo. A probabilidade de fogo amigo era alta pois os caças eram todos parecidos.

Os MiGs defendiam os alvos com um par voando alto contra as escoltas e outro par voando baixo contra os caça-bombardeiros. Alguns pilotos preferiam atacar bem baixo usando o terreno contra os caça-bombardeiros. Outros preferiam ataque de surpresa tipo mergulha-e-foge. Podiam ter grupos de reserva para chamar se necessário.

Os MiGs evitavam combate pois seu objetivo era defender os alvos e a ameaça principal eram os bombardeiros e caça-bombardeiros. Com grandes perdas de B-29 para os MiGs em outubro de 1951, os bombardeiros tiveram que operar só a noite. Os B-29 mostraram ser incapazes de se defender contra os MiGs mesmo com escoltas que estavam sempre superados em número. Os MiGs mergulhavam, faziam passagem de tiro e fugiam em mergulho, como os Me-262 faziam contra os B-17 na Segunda Guerra Mundial. A reação dos chineses foi usar caças noturnos mais para o fim da guerra contra os B-29. 

As táticas desenvolvidas em tempo de paz nem sempre sobrevivem ao combate. Tiveram que revisar para se acomodar as situações locais. Com os B-29 tendo que voar a noite devido a ameaça dos MiGs, tiveram que usar navegação SHORAN para melhorar a precisão dos ataques. A reação foi usar luzes de busca controlada por radar para auxiliar a pontaria da artilharia antiaérea. A reação foi pintar a parte inferior de dos bombardeiros de preto, lançar chaff e e equipar os bombardeiros com jamming. 

Os F-51 também escoltaram os B-29 no norte. Levavam tanques externos e um tanque de Napalm para procurar e atacar alvos na volta. O tanque extra deixava difícil manobrar e podia não alijar. Achavam ridícula a idéia de usar so F-51 contra MiGs, mas ordens eram ordens. Os Mustangs continuaram fazendo CAP no "Mig Alley", mas era para fazer RESCAP se necessário pois eram os únicos com autonomia para a missão.

Em novembro de 1950, os T-6 Mosquito passaram a ser incomodados pelos Yaks. Caças Mustangs operando próximos salvaram. Os Yaks eram mais manobráveis, mas não tinham muito sucesso. Os MiGs faziam "io-io" para atacar ou fugir. Inicialmente os Mustangs tiveram vantagem contra os MiGs, mas os MiGs queriam era forçar os caça-bombardeiros a alijar a carga de bombas.  

Os EUA criaram equipes para tentar pegar um MiG-15. Um Mig foi visto caído em terra e uma equipe foi levada para o local em 17 de abril de 1951 para pegar peças. A equipe incluía tropas dos Rangers coreanos para proteção. Foram de helicópteros H-19 com escolta de Mustang. Pegaram pedaços do motor e da cauda para examinar.

Os caças noturnos F4U-N5 era difícil de operar pois o piloto tinha que operar o radar e pilotar ao mesmo tempo. Já o F7F tinha dois operadores o que facilitava a navegação e a operação do rádio e radar. No verão de 1952, iniciaram as operações dos F3D-2 Skynight do USMC para CAP noturno (NCAP) para os B-29 substituindo os F7 Tigercat e Corsair. O primeiro kill foi no dia 2 de novembro de 1952. Eram oito aeronaves nas missões de escolta devido ao alcance limitado. Um par escoltava até IP, outro do IP até alvo, outro no alvo e outros na volta. As perdas dos B-29 diminuíram após usarem estas táticas. 

Mais para o fim da guerra, passaram a usar os F-94B também no norte. Os F-94B e F3D-2 tinham a vantagem do radar e a simples aparição fazia os MiGs fugirem. No fim da guerra, a China tentou táticas contra as CAP noturna de F3D. Quatro MiG-15 decolavam. Um voava mais alto e ficava de costa para F3D para ser interceptado. Os outros voavam embaixo tentando escapar dos radares americanos. Testavam fazer um sanduíche com os três atacando por trás sem muito alerta e ainda tentavam jamear as comunicações aliadas para evitar avisarem os F-3D.

O F-82 TwinMustang era um caça noturno, mas foi usado inicialmente como caça diurno. No dia 27 de junho de 1950 conseguiram um Kill contra um YAK coreano.

 

A US Navy se preocupava muito com as ameaças aéreas contra seus navios. A TF-77 operavam bem dentro do alcance de aeronaves baseadas em terra como os IL-28, MiGs e Yaks. Estavam ameaçados por ataques coordenados que nunca aconteceram. Os poucos encontros assustaram muito os navios. 

Os radares de busca da época como o SPS-6B podia detectar um B-29 a 180 milhas voando a 20 mil pés. Já um caça tinha 75% de ser detectado a 35 milhas. A Doutrina citava que o alvo tinha que ser interceptado a 25 milhas com o processo levando ao disparo a 10 milhas. Se não for derrubado, o interceptador tinha que deixar o resto para a artilharia antiaérea dos navios. Um problema era a velocidade das aeronaves da época. Um Tu-4 (copia russa do B-29) voando a 350 MPH, tinha que ser detectado a 84 milhas para ser engajado por um Corsair, ou a 78 milhas para ser interceptado pelos Panther. Um MiG-15 ou Il-28 tinha que ser interceptado a 150 milhas para os Panther terem chances de atacar. Os radares em terra tinham os mesmos problemas. Os caças mais rápidos só apareceram depois do fim da guerra para diminuir o tempo de reação. O resultado foi o inicio do desenvolvimento dos caças F-8 Crusader e do F-4 Phantom em 1953.

Os sistemas de IFF (Identificação Amigo-Inimigo) era outro problema. O sistema Mark X ainda dava alertas faltos e todos os contatos não podiam ser considerados como inimigos. Isso era um problema pois a TF-77 estava cercado de inimigos nos três lados. 

Na frente de batalha não foram ameaçados o suficiente para atrapalhar as operações de CAS. Quem mais ameaçou a superioridade aérea da ONU foi o Exército da Coréia do Norte e Chinês que forçou a retirada de bases avançadas para o sul e até o Japão. Os vôos demoraram e atrasavam as missões de CAS. Os jatos tiveram que usar tanques Misawa, trocando carga por combustível. 

A guerra mostrou a necessidade de novas tecnologias, cobertura radar, armas, aeronaves, identificação e capacidade noturna. Mesmo assim achavam que a guerra era uma anomalia e não armaram os próximos caças com canhões. Os bombardeiros e caças da década de 1950 foram feitos para a guerra nuclear e no Vietnã este esforço mostrou ser inefetivo e contra produtivo.



Ataques as Bases Aéreas

Os ataques aéreos iniciais contra a Coréia do Norte foram contra bases aéreas. A Coréia do Norte tinha 170 aeronaves na época sendo 62 IL-10 e 70 caças Yak3. A maioria operava a partir de Pyongyang e Yonpo. Não sabiam é que em duas semanas a maioria estaria destruída no chão e suas bases seriam perfuradas de uma ponta a outra, na maioria das vezes pelos F-51 e F-80. 

No primeiro dia da Guerra, a Coréia do Norte atacou a base Aérea de Kimpo em Seul as 17 horas. Danificaram um C-54 com dois Yak. Outros quatro atacaram aeronaves da Coréia no aeroporto municipal da cidade destruindo sete de 10 T-6 no local, destruindo praticamente o que era a Força Aérea da Coréia do Sul. Duas horas depois outros seis Yak atacaram o C-54 danificado em Kimpo terminando o trabalho. Os outros T-6 que sobreviveram relatam ter destruídos carros de combate T-34 que amedrontavam as tropas, mas parece pouco provável devido ao pouco poder destrutivo dos seus foguetes de 2,5 polegadas. A munição acabou em três dias e depois lançaram panfletos para a população civil. 

No dia 28, os Yak atacaram Suwon destruindo um B-26 e um F-82 em terra. A base foi metralhada novamente nos dois dias seguintes sem achar alvos. A FEAF logo autorizou ataques contra as Força Aérea da Coréia do Norte em qualquer lugar para evitar que voassem em qualquer lugar. No dia 29, atacaram a base aérea em Pyongyang, mas os Yak continuaram a metralhar Swoan em outras ocasiões sem sucesso até parar as operações aéreas. No norte, os comunistas conseguiram kills contra os B-29 e B-26, além de algumas aeronaves de observação L-5. 

No dia 19 de julho de 1950, um RF-80 fotografou a base de Pyongyang e as fotos mostraram 25 aeronaves nas árvores nos limites da base. Foram lançados sete F-80 de Itazuke para atacar e encontraram as aeronaves no mesmo local, conseguindo metralhar 14. No dia seguinte, os B-29 atacaram a pista de pouso.  

As 34 bases aéreas abaixo do Yalu eram atacadas constantemente. Os russos atuavam depois a partir de três bases na Manchúria. Nos três últimos dias da guerra, os ataques aéreos se concentraram contra as bases aéreas para evitar que os chineses tivessem aeronaves ao sul do Yalu na época do cessar fogo ser assinado. Assim não poderiam manter as aeronaves após o cessar fogo com as regras que manteriam as forças no local. Em uma missão, foram 48 F-86F Sabres decolando juntos contra a base aérea em Sinuiju. Os MiGs logo decolavam e fugiam para a China quando percebiam os ataque chegando. 

"Furar" bases aéreas era chamado de "post-holing". Eram usadas bombas de 500lb com espoleta de atraso de até 12 horas para atrapalhar as unidades de reparos e criar pânico nas equipes. Os pilotos estudavam as posições de artilharia antiaérea nas bases aéreas para tentar mergulhar abaixo delas pois não atiravam para baixo. Atacavam em mergulho e fugiam abaixo da artilharia antiaérea. 

Quem mais ameaçou a superioridade aérea da ONU foi o Exército da Coréia do Norte que forçou a retirada de bases avançadas para o sul e até o Japão. Os vôos demoraram e atrasavam as missões de CAS. Os jatos tiveram que usar tanques Misawa. O conflito mostrou a necessidade de bases avançadas para o caso de só ter aeronaves de curto alcance. As bases avançadas viraram a chave para conseguir superioridade aérea. Havia um ciclo de caças conseguindo superioridade aérea no campo de batalha; tropas em terra apoiadas por caças avançam; as tropas avançadas tomavam bases ou constroem novas sendo apoiadas pelo ar; tropas em terra protegem as bases aéreas, e os caças deslocavam para a frente; e reiniciavam o ciclo.

Devido ao alcance limitado dos MiGs, a China iniciou a construção de bases avançadas, mas foram detectadas e logo atacados pelos B-29 escoltados por F-86 entre setembro e outubro de 1951.

Em junho de 1951, a Coréia do Norte iniciou os vôos de encomodação noturna com aeronaves leves, geralmente os Po-2 lançando morteiros, sendo conhecidos como "Bedcheck Charlies". Na Segunda Guerra os russos já usavam mulheres, chamadas "Night Witches", contra os nazistas neste tipo de missão. Os japoneses também faziam incomodação noturna, ou "washing machine Charlie", no Pacífico.
 
Os Po-2 voavam a menos 180 km/h e muito baixo sendo difíceis de detectar e interceptar. Eram feitos de lona e madeira sendo difíceis de detectar por radar. Até um piloto ruim conseguia evitar ser atacado. Os alvos principais eram as bases aéreas na Coréia. No dia 28 de novembro de 1950, atacaram a base aérea de Pyongyang recém tomada e 11 Mustang deslocados para o local foram danificados sendo três com grandes danos. No dia 17 de junho de 1951, um Po-2 lançou um par de bombas de 25 lb e destruiu um F-86 e danificou outros oito em Swong. Em dezembro de 1952, passaram a usar também os treinadores Yak-18 lançando bombas da cabina traseira. No dia 23 de abril de 1953, vários Po2, Yak18 e La-11 destruíram cinco RF-80 em Kimpo.

Os F4U-5N Corsair, F7F-3N Tigercat e F-94B Starsafire, com radar de interceptação, eram usados para interceptar os Po-2. Um F-94B caiu enquanto tentava atacar um Po-2. Um B-26 foi direcionado para interceptar um Po-2 perseguindo a aeronave por 10 minutos que conseguiu escapar. Depois foi visto em um rio que o deixou bem visível devido a lua cheia e foi logo derrubado. Um piloto de Corsair conseguiu cinco kills contra os "bedcheck charlies" a noite. Outra contramedida era atacar as pequenas pistas de grama de onde poderiam operar. As bombas podia ter atraso de até 12 horas para atrasar os reparos. 

As bases aéreas da ONU na Coréia tinham proteção parcial com barricadas e aeronaves camufladas. Parece ter surtido efetivo pois poucos foram danificados pelos ataques noturnos dos Po-2.

 

Reconhecimento Tático

Após a Segunda Guerra Mundial, não se tinha muita informação sobre a Coréia do Norte. A solução foi enviar aeronaves de reconhecimento aéreo. Em operações fluidas e de movimento rápido, o reconhecimento visual e fotográfico são prioridade máxima. As fotos têm que ser processadas e disseminadas rapidamente, mas não estavam preparados. O US Army nem tinha os técnicos necessários para interpretar as fotos. A Doutrina citava que a FEAF deveria ter dois esquadrões de reconhecimento visual e um de reconhecimento fotográfico, diurnos, operando a frente do Exército. 

Quando iniciou o conflito na Coréia havia 25 aeronaves RF-80 de reconhecimento tático na FEAF. Era uma força pequena para a missão. Tiravam foto das tropas invasoras pois a ONU não tinha noção do que estava acontecendo e era missão dos RF-80 coletar inteligência. A primeira missão foram fotos ao redor de Seul. As fotos foram usadas para planejar os ataques aéreos posteriores. A missão era tão importante que os RF-80 tinham prioridade de peças de reposição e aeronaves de reposição em relação aos F-80. Os RF-80 fotografaram a área ao redor de Inchon para calcular as marés e determinar as posições tropas. Foram 2.000 mil foto disseminadas para todos os serviços. 

Aeronave de reconhecimento RF-80 com tanques Misawa nas pontas das asas.

Durante o conflito, a inteligência de imagem (reconhecimento fotográfico) foi usada para analisar as intenções inimigas, situação do inimigo, atividade em alguns alvos, ameaças (como alvos de oportunidades, topografia, movimento de tropas e suprimentos, e esforço de construção), designação de alvos e avaliação de danos de batalha. O objetivo era estar a um passo a frente dos comunistas. Nas 10 primeiras semanas, o inimigo tomou conta das estradas. Eram quatro vias principais de suprimentos cobertas pelo reconhecimento fotográfico. 

A FEAF tinha o esquadrão 31th SRS com os RB-29, o 8th TRS com os RF-80 e um laboratório fotográfico. Os RB-29 eram limitados pela altitude e os RF-80 pelo curto alcance. Pediram os RF-51, mas aceitaram os RF-80 com tanques extras Misawa. Pediram também para enviar o 162th TRS com os RB-26C Invader para reconhecimento a média altitude. Ainda eram insuficientes e os esquadrões de caça precisaram fazer o próprio reconhecimento ou trabalhar com os FAC para aquisição de alvos, mas os caçadores não eram treinados para a missão e nem faziam a tarefa direito enquanto atacavam os alvos. As câmeras de ataque geralmente não funcionavam ou geravam imagens de má qualidade. Então enviaram os RF-51D para reconhecimento a baixa altitude. 

Detalhas das câmeras fotográficas do RF-51D operando na Coréia.

Foto do alvo CT-133 (Charlie Tare 133), um alvo típico das missões Cherokee. O interprete marcou as construções que podem estar sendo usadas para guardar suprimentos.

O 8th TRS operando com o RF-80 e o 12th TRS com os RB-26 chegaram em Taegu em outubro de 1950. Em novembro, foi criado o 45th TRS com os RF-51 que recebeu suas aeronaves no fim de dezembro.  

Em fevereiro de 1951, foi criado a Ala de Reconhecimento reforçada 67th TRW com aeronaves RB-26, RF-80 e RF-51. O 12th TRS foi renomeado 15th TRS ficando responsável por cobrir as bases aéreas e linhas de comunicações, apoiando o US Army e a USAF. O 12th TRS operaria só a noite e o 45th TRS operaria a frente do US Army, familiarizado-se com o terreno e encontrando alvos e mudanças movimentos e posições de tropas. Só no fim de 1951 os meios de reconhecimento eram suficientes para apoiar as operações, mas a frente de batalha paralisou.

Os RF-51 do 15th TRS faziam reconhecimento fotográfico e visual da linha frente e linhas de comunicações a até 80 km da frente de batalha. Os RF-80 do 45th TRS cobriam as bases aéreas e as linhas de comunicações de dia, de 80 km até a fronteira como a China. Os RB-26 do 12th TRS fazia o mesmo a noite em toda a Coréia. No dia 9 de novembro de 1950, um RB-29 foi derrubado, mas com um artilheiro derrubando um MiG-15. Depois só os RF-80 foram para o Yalu. 

Os RF-51D iniciaram suas operações no dia 29 de dezembro de 1950. No dia 15 passaram a voar sozinhos para aumentar a área de cobertura. Os pilotos não gostaram de voar bem baixo sem cobertura voando acima. Se derrubados, as chances de chamar RESCAP seriam praticamente nulas. A maioria das perdas dos RF-51 era fora do alcance do rádio e radar e não sabiam o que aconteceu. No dia 15 de abril, voltaram a voar com cobertura devido ao aumento da artilharia antiaérea. Com as perdas de RF-51 passaram a operar com um F-51 na cobertura do RF-51 voando baixo. Um Mustang fotografou todo o trajeto de uma ferrovia durante 5 horas e meia a baixa altitude com fogo de armas leves o atacando. 

Uma vantagem dos RF-51 era a autonomia podendo esperar para tirar fotos ou ir a qualquer lugar. Com estavam armados com metralhadoras podiam atacar alguns tipos de alvos sem chamar apoio e até se defender de outros caças. Os pilotos gostavam de atirar de volta contra a artilharia antiaérea. Os pilotos eram veteranos e um piloto de RF-51D derrubou sete caças japoneses em uma missão na Segunda Guerra Mundial. 

Em fevereiro de 1950, iniciaram as missões "Circle-10". Os RF-51 observavam uma área de raio de 10 milhas diariamente. O piloto operando na área era sempre o mesmo e se familiarizava com o terreno. Com o tempo qualquer mudança podia ser percebida como a a presença de camuflagem. Mesmo bem camuflados eram fáceis de detectar com olhos bem treinados. Depois chamavam os F-80 e F-84 para atacar. Era uma missão efetiva com os pilotos observando a área por horas e podia até atacar com suas metralhadoras. Os pilotos de caça gostavam do trabalho dos RF-51 pois se chamavam para atacar um alvo é por ser um alvo de valor e não se exporiam a artilharia antiaérea inutilmente. Nem precisavam gastar tempo e combustível pois iam direto para o local onde operavam pois passavas as coordenadas corretamente. 

Em março de 1951, o 45th TRS passou a operar logo de manhã e as vezes a noite, nas missões Circle-10 após detectarem alvos. Depois chamavam os F-80 e F-84. Outra variação era calcular a posição de comboios detectados a noite pelos B-26 baseados em uma velocidade de 10 milhas por hora e determinavam sua futura posição de esconderijo de dia. Depois cobriam um circulo de 10 milhas ao redor, por isso chamado "circle-10". 

A Ala 35 FIG também passou a realizar missões semelhantes ao Circle-10 dos RF-51. Os pilotos tinham áreas especificas para atuar. Cada esquadrão recebia uma área que era dividia em quatro e passada para cada uma das quatro esquadrilhas cobrirem. Com o passar do tempo, passavam a descobrirem cada vez mais alvos na região. Um exemplo era um novo cômodo em uma casa que podia ser um veiculo camuflado. Após um piloto ser derrubado em uma missão de reconhecimento armado a baixa altitude não deixaram mais levar Napalm. Se derrubado o Napalm queimava facilmente. Os inimigos passaram a esperar os vôos e tiveram que mudar a hora do vôo e rota de chegada diariamente. Depois de chegarem no local, a artilharia antiaérea não atirava pois sabiam qual seria a reação se o alvo não estivesse bem posicionado. 

A aeronave realizava a missão voando baixo entre 100-300 pés em potência econômica. Inicialmente a operação era feita com uma aeronave, mas a ameaça da artilharia antiaérea e MiGs forçaram voarem em dupla a partir de abril de 1951. Enquanto um varre o solo a procura dos alvos, a outra fazia "top cover" fazendo cobertura voando mais alto a 500 a 1000 pés ou mais.

Com os danos aumentado, os chineses passaram a levar artilharia antiaérea com os caminhões. O Mustang voavam muito baixo e a artilharia antiaérea forçou a voar em esquadrilhas de quatro Mustang com cada um em uma altitude procurando a artilharia antiaérea. Com o aumento da artilharia antiaérea passaram a voar a 800 pés e o resto a 4 mil pés. Em maio de 1951, foram 11 RF-51 danificados e foram ordenados a voar acima de 1.500 pés. A efetividade diminuiu sendo que antes voavam bem baixo até para olhar dentro de janelas, mas a guerra estava estática e não precisavam mais se arriscar. 

No meio de 1952, após cinco RF-51 serem derrubados, só operavam 6 mil pés ou mais. Em outubro de 1952 foram proibidos de voar abaixo de 8 mil pés a até 27km da MLR. No fim de outubro de 1952, a artilharia antiaérea era tanta que o reconhecimento visual passou para 9 mil pés. Em fevereiro era a 4 mil pés. A eficiência era pouca, mas a capacidade de sobrevivência era alta. Em áreas bem defendidas tinham que voar acima de 12 mil pés. A guerrilha no sul também colocava cabos nos vales para pegar os Mustangs. Eram difíceis de ver nas missões de reconhecimento a baixa altitude. 

Os RF-51 podiam atuar como FAC, como os Mosquitos, levando caças até o alvo atrás das linhas, mas a aeronave não era adequada por ser vulnerável. Para detectar veículos camuflados tinham que voar no topo das árvores e o risco de artilharia antiaérea e armas leves era alto. Depois de encontrar alvos iam até as bases para acompanhar os caças após se reabastecerem. Marcavam a posição no mapa e voltavam depois para atacar. Marcavam os alvos com as metralhadoras por não ter foguetes de fumaça e era uma tarefa difícil. Os pilotos experimentaram levavam apenas munição traçante para indicar alvos ao invés de uma traçadora em cada quatro tiros, mas era arriscado para os pilotos de reconhecimento no mergulho. O reflexo era grande e colocaram as traçadoras só em duas metralhadoras. Mesmo assim ajudava a orientar a pontaria da artilharia antiaérea.

Os RF-51 também faziam reconhecimento armado, reportando o que encontravam enquanto atacavam os alvos encontrados. Outra tarefa do esquadrão era fazer correção de artilharia para os navios da US Navy. 

Em novembro de 1951, foram iniciadas as missões "Topkick". Era igual a Circle-10, mas eram controladas pelo JOC que já enviavam caças na frente esperando no alto até o RF-51 encontrar um alvo, então aturam como FAC(A). Assim funcionou melhor pois os RF-51 não tinha que se comunicar com o JOC e chamar os caças. No dia 17 de janeiro de 1952, uma missão topkick controlou seis caças F4U contra 30 tanques que foram todos destruídos. 

Em agosto de 1951, a 67th TRW foi deslocada de Taegu para Kimpo mais ao centro diminuindo o tempo de vôo e a distância para atingir o norte. A Ala voava 2-3 vezes mais que uma equivalente da Segunda Guerra Mundial. 

Com os F-84 chegando, sobraram mais caças F-80 para apoiar os RF-80 e em agosto de 1952 passaram a receber RF-80 e F-80 nos dois esquadrões, mas os RF-51 continuaram a operar no 45th TRS. O 15th TRS operava também com o RF-80 para reconhecimento visual e fotográfico. Os F-80 receberam câmeras verticais no nariz. Os RF-80s eram considerados inadequados para a missão, com pouca potência, voavam baixo, usando mapas para navegar, alinhamento para foto era sem assistência. Geralmente outro F-80 ou RF-80 voava atrás e do lado para cobertura contra caças e artilharia antiaérea.

Em junho de 1952, os RF-51 iniciaram a conversão para os RF-80 devido ao desgaste das aeronaves, mas os esquadrões continuaram operando até fim da guerra com as duas aeronaves. Os R/F-51D voavam a partir de Taegu, mas com o recebimento dos RF-80 passaram a operar de Kimpo junto com os outros esquadrões da 67th TRW. Em agosto de 1952, enviaram um destacamento para Seul. 

Em outubro de 1952, testaram o uso do RF-80 e RF-51 como uma equipe, para apoiar o mapeamento fotográfico para o US Army. Como o RF-80 era rápido a imagem podia ficar borrada. Então o RF-51 fazia fotos a baixa altitude e o RF-80 a média e grande altitude. O resultado foi considerado ótimo. O US Army queriam 3.600 fotos por dia, da MLR a até 15 milhas atrás no mínimo ou até o rio Yalu se possível. A tarefa era considerada impossível e tentaram cobrir da MLR até onde fosse possível. 

No fim de 1952, a 67th TRW já fazia fotografia aérea pré e pós ataque, cobria as linhas de suprimentos, fazia fotografia e reconhecimento visual a frente do US Army. As operações de fotografia aérea ia de 15 a 20 milhas a frente do US Army. O reconhecimento visual reportava direto para o FSCC (Fire Support Coordination Center) do US Army. 

Os R/F-51D voaram uma média de 666 saídas por mês. O esquadrão 45th TRS perdeu no total 37 Mustangs e 14 pilotos mortos e seis capturados. A experiência na Coréia resultou no requerimento de um jato de reconhecimento tático para sobreviver as defesas. O jato poderia fugir, ou engajar ou derrotar o inimigo sendo que a ameaça era o MiG-15. A USAF queria dobrar o alcance e adicionar mais 100 MPH e o RF-84F era a resposta.

No começo os RF-80 eram suficientes para as missões de reconhecimento tático pois tinham superioridade aérea no local. Com a ameaça dos MiGs e da artilharia antiaérea aumentando o RF-80 passou a ser limitado. Logo viram que não tinham acompanhado o desenvolvimento dos caças e bombardeiros. Para piorar, as câmeras foram projetadas para as aeronaves a hélice e tinham que voar lento para se adequar aos sensores. A missão de fotografia aérea tinha que ser feita mais lentamente e na mesma altitude. Tirar fotos também não era uma tarefa simples. A corrida de foto era reta e nivelada e facilitava o trabalho da artilharia antiaérea.

No dia primeiro de novembro de 1950, um B-26 e um T-6 foram atacados por YAK em Yangsi. Os F-51 próximos foram chamados e derrubaram os Yak. Os RF-80 foram chamados para fotografar uma base próxima e detectou 15 aeronaves. Doze F-80 atacaram a base logo depois. Enquanto isso uma esquadrilha de F-51 era atacada por seis MiG-15 próximo do local que ficou chamado de "Mig Aley". Era um local difícil para os RF-80 trabalharem sem escolta pois não tinha velocidade para fugir, sendo 200 MPH mais lento que os MiGs. Operavam no mínimo aos pares com um só de cobertura. Tiveram que usar escolta pesada de F-86 no fim de 1951, mas mesmo assim eram tantos MiGs que podiam passar e atacar.

Os MiGs gostavam de atacar os RF-80 pois não tinha armas e sempre evitavam as escoltas de F-86. O RF-80 podia se defender mergulhando e usando a manobrabilidade, mas o consumo aumentava. Em uma ocasião, um par de RF-80 mergulhou quando perseguidos e os MiGs foram atrás. Saíram do mergulho bem baixo e os MiGs atingiram o solo, devendo ser estudantes novatos. Foi apenas um RF-80 derrubado com escolta, mas desviava muitas escoltas para a missão. 

No meio de 1951, começaram a estudar um substituto para o RF-80. Primeiro estudaram o uso do RF-84F de asa enflechada, mas não foi entregue. Então converteram dois F-86 para a missão até os RF-84F chegarem. A adaptação foi feita no local. O espaço para as câmeras era bem menor e tiveram que tirar duas metralhadoras. A operação do RF-86A iniciou no dia 8 de dezembro de 1951 contra as bases aéreas de Namsi e Taechon. Logo passaram a voar como parte das CAP dos Sabres para despistar. Próximo ao alvo, o RF-86A saia da formação, fotografava o e volta direto para Kimpo. 

Com bons resultados, iniciaram o projeto Ashtray para modificar mais seis aeronaves com compartimento climatizado e novas câmeras. Alguns tiveram todas as armas retiradas. As fotos frontais eram ótimas, mas as verticais tinham problemas com a vibração. A aeronave mostrou ser ideal para sobreviver as ameaças no norte. O RF-86F com câmeras adequadas chegou só no fim da guerra. 

Uma tática usada era a Dicing com o uso de uma câmera obliqua frontal a baixa altitude. Foi muito usada nos reconhecimento de bases aéreas no Yalu sem ter que entrar na China. As missões Dicing eram apenas 3% das missões, mas eram as mais perigosas. Um RF-86A foi derrubado nesta missão, mas era importante nas bases aéreas no Yalu. Foram mais três quedas sem serem causadas pelo inimigo. Na primavera de 1953, os RF-86A foram trocados pelos RF-86F equipados com quatro tanques extras podendo ir mais longe.

A missão do RB-26C era manter as bases aéreas, depósitos de suprimentos, ferrovias e rodovias sobre constante vigilância a noite. Os RB-26C realizavam três tipos de missões de reconhecimento a noite. Uma era seguir uma rota na costa até o centro da península, vindos do leste, oeste ou região central. Se encontrassem sinais de atividade chamavam os B-26 sendo a sua segunda missão. Os RB-26 permaneciam sobre o alvo e depois do ataque faziam avaliação de danos de batalha. A terceira missão era fotografar as bases aéreas atacadas de dias pois podiam ser reparadas rapidamente a noite. As vezes fotografam alvos de outro serviços. Em dezembro de 1952, os B-26 operavam junto com RB-26 contra o tráfego nas ferrovias. Os RB-26 identificavam os alvos e lançavam três flares para os B-26 atacarem. 

A 67th TRW também controlava os C-47 firefly a partir de maio de 1951, após iniciarem suas operações em janeiro de 1951 para lançar flares e ajudar a detectar caminhões e trens. Atuavam junto com os RB-26. Uma tática usada uma vez foi lançar pregos para furar pneus nas estradas. Depois chamavam os bombardeiros para atacar os caminhões parados. Em uma missão, foram 38 caminhões destruídos. As vezes as aeronaves do USMC ajudavam.

Os NAes da TF 77 tiveram que operar aeronaves para reconhecimento tático para apoiar suas operações. Visitavam as bases aéreas e pontes de quatro em quatro dias e os alvos maiores semanalmente. Depois dos ataques também sobrevoavam os alvos para fazer avaliação dos danos de batalha. Para apoiar as operações de interdição aérea, fotografaram as ferrovias para detectar posições de artilharia antiaérea e planejar os ataques. O Banshee mostrou ser a melhor aeronave para fotografia a grande altitude e o Corsair mais baixo. Voar mais alto tirando menos fotos mostrou ser melhor. 

Outras missões era o reconhecimento meteorológico e o reconhecimento de sinais. O reconhecimento meteorológico é a missão menos apreciada, mas fundamental para operações aéreas. Havia 24 WB-29 de reconhecimento meteorológico no Japão no inicio do conflito.

Em agosto de 1951, chegaram os RB-50G para fazer inteligência de sinais (SIGINT). Os especialistas de guerra eletrônica eram apelidados de Raven. O objetivo era estudar a rede de radares russos no local. No fim de 1951, eram cerca de 60-70 radares em operação. Os americanos consideraram que eram usados corretamente. Os operadores sabiam quando estavam sendo monitorados e desligavam. As aeronaves SIGINT tinham que atuar aos pares para triangular a posição dos radares. 

Alguns RB-26C Invader do12th TRS foram equipados com o analisador de sinais de radar AN/APA-64 do P2V4 Neptune no projeto Buster. O objetivo era procurar radares em locais proibidos. As operações foram iniciadas em dezembro de 1951 e até junho de 1953 foram voadas 187 missões de busca radar. 

Os RB-29 fazia reconhecimento para os B-29, mas logo estavam sem alvos a partir de 26 de setembro de 1951 só havia alvos táticos.

O melhor meio de inteligência foram agentes deixados para trás durante o avanço comunista. As fotos da região eram de má qualidade e não tinham bons interpretadores. A inteligência fornecida pelos caças mostrou ser útil. 

No nível de Divisão, a inteligência vinha de patrulhas terrestres, unidades na frente de batalha, interrogação de prisioneiros, informações de aeronave ataque e observação, e as vezes documentos capturados. Os interpretes eram escassos, principalmente de Mandarim.

A inteligência humana foi tentada com camponeses locais lançados de pára-quedas ou cruzando as linhas. As baixas era altas e tentaram usar botes. As operações pararam antes da invasão em Inchon pois dai em diante estavam vencendo. O objetivo era obter inteligência das intenções e disposição inimiga para preparar as defesas contra as ofensivas.

Após a China entrar na guerra, fizeram HUMINT com agentes. A inteligência melhorou com a China operando blindados, artilharia e rádios. Para coordenar as operações de HUMINT foi criada em dezembro de 1951 a Combined Command for Reconnaissance Activities, Korea (CCRAK) com 2.100 agentes. A CIA também fazia HUMNT e tinha até mais agentes. No Japão havia muitos simpatizantes da Coréia do Norte e as bases aéreas estavam cercadas de agentes comunistas. 

A invasão chinesa foi feita com muito despistamento, movimento em grande número, sem equipamento pesado, evitando estradas principais, e geralmente no escuro. Na segunda fase da ofensiva com 30 Divisões chinesas não foi esperada. Não pensavam que podiam preparar um ataque e esperavam atacar por ar antes. O reconhecimento tático estava fazendo avaliação de danos de batalha das pontes no Yalu que já tinham sido atravessadas pelas tropas. Os chineses sabiam o horário dos vôos e podiam evitar. Marchavam a noite e não usavam tecnologia detectável como veículos e rádios. O reconhecimento noturno não era adequado devido ao mau tempo e terreno. Também não pensaram nas possíveis táticas que usariam e conheciam as táticas de Mao Tse Tung. Inicialmente usaram táticas de engodo para aparecer menor do que eram e depois parecer maior do que eram usando trafego de rádio falso fazendo aparecer ser um milhão de tropas. A Coréia do Norte já tinha usado esta prática contra os japoneses.  

A fase estática virou um briga por colinas. Passaram a necessitar de muitos comboios para suprir as tropas e de rádios para coordenar as ações. Depois o US Army teve que usar muitas patrulhas agressivas para determinar a posição e disposição das forças chinesas na frente. Os prisioneiros capturados eram uma fonte importante de informações, mas era difícil de capturar nas trincheiras. Foi reiniciado o programa de lançar agentes atrás das linhas por pára-quedas e depois por barcos. Os agentes faziam um curso de duas semanas para melhorar a qualidade, mas retornar nas linhas ainda era muito perigoso.

Reabastecimento em Vôo na Coréia

Para aumentar o alcance dos caças as opções eram operar em bases na Coréia, o que só era possível inicialmente com os Mustang; construir bases para jatos, o que foi feito posteriormente; tomar pistas mais próximas da frente de batalha, o que também foi feito durante o avanço para o norte; decolar do Japão e rearmar e reabastecer na Coréia, o que passou a ser uma opção com bases preparadas para receber jatos e eram poucas para só basear; e atacar a partir do Japão com aeronaves de longo alcance como os B-26 e B-29.

Os F-80 tinham que patrulhar usando apenas as metralhadoras, diminuindo a carga de armas por mais combustível. Atacando a partir do Japão, os caças tinham que levar tanques extras no lugar de armas e a autonomia era menor. O F-80 resolveu este problema usando um tanque de combustível maior. 

O alcance do Sabre era maior que o dos MiG-15, mas tinham pouca autonomia quando chegavam no vale do Yalu. O arrasto dos tanques extras diminuía a velocidade máxima em 35-80 km/h dependendo da altitude. Em dezembro de 1950, cerca de 7% dos tanques falharam no alijamento e os pilotos tinham que abortar a missão. Estas falhas estavam mais relacionadas com erros na fabricação, armazenamento e manuseio. Depois congelavam a grande altitude. Com mais fabricantes fazendo tanques, de baixa qualidade, em quantidade o preço diminuiu. Os tanques que atingiram a cauda tiveram esse problema resolvido com uma peça de metal que causava arrasto e forçava descer após o alijamento. Os F-86F podiam levar tanques extras de 200 galões contra os de 120 galões anteriores. 

No caso do F-86F, o problema era mais complicado pois nos mergulhos de ataque, ou encontrando MiGs, tinham que alijar os tanque extras. Na operação, os pilotos diziam "lá se vai um Cadilac" pois o par custavam US$ 5.000 na época. Para piorar, os tanques podiam subir e danificar a asa e o tubo de pitot no alijamento. Os F-86F precisavam dos tanques de longo alcance para ir até o Yalu pois não podiam reabastecer em vôo.  

As operações de reabastecimento em vôo seria outra opção para aumentar a persistência nas operações de CAP e CAS. Seria muito útil no inicio da guerra aumentado o alcance dos F-80 operando no Japão e não precisariam levar os Mustangs para a região. As operações de reabastecimento em vôo foram testadas na Coréia com os F-84 do 116th FBW no programa Hight Tide no inicio de 1952 usando aeronaves KC-29P não usadas mais pelo SAC. Usavam sistema "probe and drogue" e a sonda era instaladas nos tanques externos que podiam ser enchidos e não para encher todos os tanques. A primeira missão foi em 29 de maio de 1952 contra alvos a 500 milhas da base no Japão. O REVO foi feito em Taegu durante a ida. Das 12 aeronaves lançadas, nove fizeram REVO e as outras ficaram sem combustível para o REVO e as outras tiveram falhas técnicas. Foram mais outras duas missões realizadas com apoio de REVO. 

Um KB-29 reabastecendo um F-84 em uma missão de combate na Coréia. As missões eram secretas.


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