INTERDIÇÃO AÉREA NA OPERAÇÃO DESERT STORM

A fase aérea da operação Desert Storm, a retomada do Kuwait, chamada de operação Instant Thunder, era a antítese da operação Rolling Thunder no Vietnã. Enquanto a Rolling Thunder era uma campanha graduada, de longo prazo, escalando os ataques com o objetivo de conter os movimentos do Vietnã do Norte, a Instant Thunder era uma operação focada, concentrada, com um ritmo intenso de operações aéreas, para incapacitar a liderança e destruir as capacidades chaves do inimigo em um curto período. Era um plano altamente integrado, como as operações aéreas israelenses no vale de Bekka, e mais massivo como a Linebaker II. As armas guiadas eram parte integral dos planos. A experiência anterior no Vietnã já tinha mostrado que a escalada progressiva das ações não surtia efeito sobre o inimigo.

Os EUA desenvolveu uma lista de alvos no Iraque e no Kuwait que priorizavam determinado nível de dano necessário, em porcentagem, para ter sucesso. O planejamento determinava o pacote de armas necessário. Os alvos estratégicos cresceram de 48 para 127 e depois para 178. Em dezembro de 1990 já eram 238 alvos e em janeiro de 1991 já eram 350. O F-117 era ideal para causar efeito no alvo ao invés de nível de dano devido ao uso de armas guiadas.

A ofensiva aérea era baseada em três fases que acabaram sendo realizadas praticamente simultaneamente. A fase I e II seria contra alvos estratégicos e para obter superioridade aérea atacando bases aéreas, postos de comando e radares. A fase III seria contra tropas no campo de batalha. O apoio a invasão por terra seria a fase IV. Na pratica as três primeiras fases seriam executadas ao mesmo tempo com ênfases diferentes em cada momento.

Uma semana após o inicio das operações aéreas foram destruídos praticamente todos os radares de alerta e os iraquianos não podiam mais indicar alvos para seus caças e baterias de mísseis SAM. Os primeiros caças iraquianos a decolar eram logo derrubados e os outros logo voltavam para a base. Com a Superioridade Aérea obtida a coalizão logo passou a se concentrar na fase III que já tinha começado gradualmente já no primeiro dia da Guerra Aérea.

Os comandantes da coalizão esperavam que fosse necessário uma guerra terrestre. Os primeiros alvos estavam relacionados com os meios para o Iraque iniciar uma ofensiva. Então atacaram o centro de comandos de operações aéreas (SOC) no Kuwait, lançadores de mísseis SA-6 móveis e depois os blindados no KTO (Kuwait Theater of Operations).

Conquistar a superioridade aérea foi fácil assim como a diminuição da efetividade SAM radar foi observada, mas não a artilharia antiaérea e MANPADS (mísseis antiaéreos portáteis) que continuara atrapalhando os ataques e influenciando nas táticas, forçando os caças a voarem a  mais de 15 mil pés. Abaixo de 10 mil pés os caças tinham problemas devido a ameaça. A reação foi voar mais alto e atrapalhando a identificação dos alvos, reconhecimento de alvos e a avaliação de danos de batalha.

Na Operação Desert Storm, 81% das perdas de caças foram devido a artilharia antiaérea e MANPADS. Os F-16 e F-15E sofreram relativamente pouco. Já o A-10 sofreu muitas perdas voando baixo, mas também sobreviveu muito devido a blindagem.

A média altitude, a ameaça eram os mísseis SA-2, SA-3 e SA-6. Os meios para contrapor eram os EF-111 de guerra eletrônica e o F-4G de supressão de defesas. As aeronaves nos Kill Box eram acompanhadas por aeronaves de supressão de defesa F-4G para ajudar a destruir baterias de mísseis SAM e artilharia antiaérea. No Iraque, os radares não emitiam e tinham que ser caçados visualmente. Se responderem os F-4G atacavam. A missão era chamada de "Wart Weasel". A maioria dos SAM parecia não ter sido disparado guiado, mas os que fazem medo não são os que são vistos e sim os que não são avistados.


FASE IIII

Os comandantes logo pensaram em usar o Poder Aéreo para diminuir o potencial das tropas terrestres do inimigo, sua vontade de lutar e poder de fogo, e sua capacidade de manobra. A estratégia mostrou ser um sucesso com as perdas aliadas sendo muito baixas na fase terrestre.

O comandante Schwarzkopf desenvolveu uma estratégia para atacar primeiro as forças terrestres no KTO (Kuwait Theater of Operations) pelo ar antes da invasão terrestre. Schwarzkopf queria iniciar a campanha de atrito já em agosto de 1990. Nem pensava em poder de combate ou potencial de combate. O objetivo era diminuir as baixas da Coalizão em uma campanha terrestres se fosse necessária. Na verdade as baixas foram até bem inferiores as melhores estimativas. O resultado em perdas amigas e velocidade do avanço foram muito melhor do que a melhor estimativa.

Os aliados queriam atritar 50% da força iraquiana antes da campanha terrestre. Os ataques aéreos seriam direcionados contra danos mensuráveis como blindados, carros de combate e artilharia. A artilharia seria a ameaça principal. Os alvos não poderiam ser as tropas por serem alvos difíceis, pequenos e bem protegidos. Foi estimado que para atritar 50% da força em cinco dias seriam necessárias 600 saídas por dia. Estimavam que 1/4 das saídas não encontrariam alvos.

Em outubro, estimaram que poderiam destruir 50% dos blindados, carros de combate e peças de artilharia em 23 dias, em bom tempo. Tinham esperanças até de forçar a retirada iraquiana do Kuwait só com ataques aéreos. Concentrando toda a força poderiam atritar a Guarda Republicana em 50% em cinco dias e 100% no nono dia. Contra o exército regular seria necessário 10-12 dias para atingir 50% de atrito. Em 18 dias atingiriam 80 a 100% de atrito no inimigo.

O uso do Poder Aéreo para destruir as forças em terra já tinha sido feito antes, mas nunca para preparar o campo de batalha com 50% de destruição. Mais interessante foi a missão ser dada por um comandante terrestre e o comandante aéreo aceitar.

A execução da Fase III foi bem diferente do planejado. O número de saídas foi menor que o planejado, assim como as armas usadas, e as táticas eram mais difíceis de executar. O atrito foi lento e menor do que esperado. O melhor efeito foi diminuir o moral das tropas iraquianas devido ao bombardeiro prolongado. O plano inicial era realizar 1.500 saídas por dia em 6 a 9 dias. A média real foi 500-600 saídas por dia sendo 200 por dia nos 10 primeiro dias. As três fases iniciaram juntas, mas as saídas necessárias para o nível de atrito estavam sendo usadas contra os mísseis Scud, ataques aos abrigos reforçados de aeronaves (HAS) e contra alvos no mar nas primeiras duas semanas. Depois as saídas aumentaram várias vezes, principalmente contra a Guarda Republicana.

O mau tempo e a caça aos Scud atrasaram os ataques aos alvos estratégicos, mas a Guarda Republicana ainda recebia prioridade máxima nos ataques no KTO. Havia dias honorários como "Hammurabi day" no dia 27 de janeiro. Queriam aniquilar fisicamente uma Divisão de elite para diminuir o moral das outras. Lançaram mais de um milhão de panfletos para estimular a rendição das tropas do exército, mas a Guarda Republicana tinha que ser destruída.

Os ataques contra as força terrestres no KTO iniciaram já no primeiro dia da campanha aérea e foram até o fim do conflito. As operações iniciaram com operações de reconhecimento armado com caças armados com bombas burras. Depois passaram a fazer "tank plinking" a noite com os F-111F armados com as bombas guiadas a laser Paveway. Com a ineficácia das missões de reconhecimento armado, os caças da USAF passaram a ser apoiados pelos Fast FAC nos F-16 como vinha fazendo os USMC com sucesso com seus F/A-18D na sua área de operação.

O mau tempo foi outro fator no atraso. A Operação Desert Storm foi lançada em janeiro por ser a época com melhor tempo na região, mas foi a época com o pior tempo em 14 anos. Era esperado 92% do tempo com teto de seis mil pés, mas foi 38% nas duas primeiras semanas. O mau tempo dava boa silhueta nas nuvens para a artilharia antiaérea fazer pontaria. 

Os seis meses de preparação também deram seis meses para o Iraque se preparar. No fim da guerra ainda havia alvos em todos os lugares, como posições de artilharia ou depósitos de munição. Os iraquianos tiveram mais de cinco meses para cavar e camuflar suas forças e usaram a experiências adquirida contra o Irã. Estavam bem dispersos e era o maior problemas para atacar os carros de combate.

Voo a média altitude

Um dos motivos para o fracasso em atingir os 50% de atrito nas tropas foi a efetividade das saídas comparado com o esperado pela experiência com os nos jogos de guerra realizados no local antes da guerra. Os ataques foram realizados a média altitude, sendo difícil identificar os alvos, e os pilotos não estavam familiarizados com táticas de ataque a média altitude. O mau tempo atrapalhava em boa parte do tempo.

A expectativa de baixas nas operações aéreas previa até 30% das aeronaves derrubadas baseado em dados de conflitos passados. As perdas terrestres previstas também seriam altas podendo chegar a 30 mil tropas. O resultado final foi bem menor pois neste conflito, os Comandantes priorizaram as táticas de vôo a média e grande altitude, maximizando a capacidade de sobrevivência das aeronaves ao invés da precisão das armas.

No terceiro dia, as aeronaves táticas passavam a atacar a média altitude com o trabalho das aeronaves de supressão de defesas funcionando adequadamente, e a maioria das ameaças destruídas. Na prática a ameaça aérea era inexistente. Os pilotos de F-111, A-10 e AV-8 passaram a voar sem seus mísseis Sidewinder. O objetivo era neutralizar a ameaça dos mísseis SAM e a artilharia antiaérea passaria a ser a única ameaça. Voando mais alto, aumentou a sobrevivência dos caças, mas diminuiu a precisão. O moral dos pilotos aumentou com esta tática pois o risco de baixa seria bem baixo.

A política foi um bom compromisso, mas precisava de bom tempo para atacar a média altitude. Em alguns dias, metade das saídas não pode atacar e foi para o alvo secundário.

Um problema é que as táticas de ataque a média altitude não permitia saber se o alvo era uma posição de artilharia ou entulho. O vento e a poeira no deserto não deixavam os pilotos enxergar a mais de 2 km voando baixo. Voando alto permitia ver mais longe e os iraquianos não tinha mesmo onde esconder no deserto plano.

Os sensores das aeronaves eram usados em distâncias onde não tinham desempenho, precisão e capacidade de identificação adequada para atacar com bombas burras. Os caças não podiam atingir os alvos de ponto, que eram os alvos principais. Os pilotos não treinaram antes para atacar a média altitude, apesar de ter sido fácil readaptar.

A cinco mil pés, o símbolo do pipper cobre uma área de 40 metros o que é maior que a maioria dos veículos. As armas guiadas reduzem o problema, mas não ajuda a distinguir amigo de inimigo. É fácil distinguir um carro passando a algumas dezenas de metros, mas a 2 mil metros de altura, camuflado, é muito difícil. Ou se chega perto ou trás para perto e o FLIR pode ser a solução. Os sensores FLIR antigos eram ruins e foram projetados contra alvos grandes para as missões de Interdição Aérea, como no caso de pontes e bases aéreas.

As munições disponíveis foram projetadas para ataques a baixa altitude como as bombas em cacho disponíveis. As armas guiadas não tiveram o desempenho afetado pela altitude ou era até melhor se disparadas a média altitude, mas a maioria das aeronaves não disparou armas guiadas. A média altitude, as bombas guiadas a laser foram disparadas no seu envelope ideal.

Voar a média altitude também dificultava a avaliação de danos de batalha (BDA - Battle Damage Assessment). Quando ocorria explosão secundaria os pilotos podiam confirmar que atingiram o alvo. Os vídeos dos ataques dos F-111F não davam para determinar se o alvo era um carros de combate, blindado de transporte de tropas, caminhão ou artilharia.

Após cinco dias, os ataques aéreos no Kuwait não atingiram 50% dos danos esperados. As saídas eram bem menos que as 600 por dia planejada, com a maioria sendo desviadas para caçar Scud e devido a ameaça de mísseis SA-6 contra os A-10. Era menos de 100 saídas por dia em média e no fim de 10 dias foram 728 saídas. O resultado final foi apenas 24% de atrito em 38 dias.


Um F-16 atacando alvos no KTO em mergulho com bombas MK84. Na Operação Desert Storm, a maioria dos disparos de bombas foi feito em mergulho por facilitar a aquisição do alvo, aumentar o angulo de impacto e permitir usar o pipper. O disparo tende a ser a 1 "g" para a bomba sair estabilizada e nivelada para evitar desviar para outra direção. Na prática, a ameaça da artilharia antiaérea, focar no pipper ao invés de voar, aquisição tardia do alvo, erros de altitude, e tamanho do alvo podem atrapalhar o disparo. A imagem descreve o que os pilotos viam com os alvos queimando, as barricadas em terra e o deserto cheio de alvos.


Um F-16 atacando uma instalação industrial iraquiana. O disparo a média altitude não era problema contra alvos de área.

Bombas guiadas a laser na ODS

Com a tecnologia se desenvolvendo, os eletrônicos foram adicionados nas armas ou aeronaves, permitindo o disparo com precisão. No último caso, a aeronave identifica um ponto tridimensional no espaço onde uma bomba burra poderia ser disparada no alvo com precisão. Em qualquer caso, os parâmetros de disparo e táticas são determinadas pela capacidade do inimigo de negar acesso a pontos críticos no céu onde armas, burras ou inteligentes, podem ser disparadas para destruir um alvo.

O disparo a média e grande altitude de bombas burras sempre foi difícil. Os símbolos do pipper tem 2 miliradianos. A 20 mil pés em um angulo agudo, o pipper se sobrepõe a alvos de até 15 metros e o esconde, adicionando erros de disparos. Uma bomba Mk84 tem dispersão de 5-6 milirads. Somando será até 50 metros de erro mesmo se o piloto fizer tudo certo e os sistemas funcionarem corretamente. Se o erro de altitude der erro de leitura de 200 pés, o erro chega a 40 metros nas mesmas circunstâncias acima. Apenas bombas com área de dispersão maior que o CEP, como as bombas em cacho, podem atingir o alvo em um único disparo, mas o efeito pode não ser desejável.

Na ODS estas fontes básicas de erros foram somadas ao treinamento inadequado. Antes focavam em região central da OTAN onde atuariam a baixa altitude. Na ODS foi mais a média e grande altitude. O resultado foi mostrar a necessidade de meios mais precisos de disparar armas não guiadas a média altitude.

Contra alvos de ponto as bomba guiada a laser tinham vantagens distinta comparados com armas não guiadas bombas burras. O mais óbvio era corrigir erros de disparo em vôo. Com uma arma de precisão, era possível escolher explosivo adequado para alvo com padrão de acerto previsível. Mas os sensores de pontaria por TV e FLIR também tem limitações de pipper e alinhamento do laser. O risco de permanecer sobre o alvo é balanceado com a capacidade de destruir o alvo com um único ataque. Com as Paveway III, era possível disparar fora da área do alvo.

Na Segunda Guerra Mundial, era necessário 150 B-17 para disparar 9 mil bombas para destruir um prédio. 25 anos depois, em 1967-1968, era necessário 177 saídas de F-105 com 380 toneladas de bombas para destruir uma ponte reforçada. No Golfo era possível destruir uma ponte com uma única bomba guiada a laser.

Antes ODS, usavam massa para destruir um alvo especifico. A bomba guiada a laser iniciou nova mentalidade ataque para destruição alvo. O conceito inclui o míssil Maverick, mas a bomba guiada a laser era bem mais barata e mais poderosa. 

A munição disponível na ODS era direcionadas para os cenários da Guerra Fria que enfatizava a anulação da ameaça. A ameaça, o mau tempo, o terreno e as tecnologias existentes influenciavam os planejadores a comprarem e desenvolver aeronaves para ataque a baixa altitude. Outra resposta era evitar sobrevoar o alvo e disparar armas guiadas a longa distância, mas eram caras e estavam disponíveis em pouca quantidade.

As bombas de uso geral eram muitas e ideais para ataque a baixa altitude, mas o erro aumenta com a altitude. Algumas armas só podiam ser usadas a baixa altitude como as bombas em cacho e a JP233. A espoleta era configurada antes do voo tendo que abrir em um certo ponto do espaço. Se os parâmetros e o vento não forem como previsto o resultado será ruim. A densidade do ar pode diminuir e o Pk idem. Os pilotos de F-15E e A-10 citam grande razão de falhas na ODS.

As táticas foram direcionadas para evitar áreas bem defendidas e levou ao desenvolvimento de armas de longo alcance. As primeiras bombas guiadas a laser não tinham muita capacidade stand off e levou ao desenvolvimento do míssil Maverick. O mesmo projeto levou a outras armas. A GBU-24 usa navegação proporcional e controles mais sensíveis. A US Navy usou a Skipper que era uma Paveway com foguetes. O resultado sempre foi custo alto e poucas aeronaves podiam usar. O custo também diminui o treino. 

Devido a dificuldade de disparar as bombas, a reação era aumentar número de armas disparadas, tamanho e poder destrutivo. Ataques múltiplos eram necessário. Essa mentalidade iniciou com a mira Norden e chegou a mira computadorizadas. 

A pontaria visual tinha limitação em ataque noturno ou mal tempo e levou ao usou do radar. O radar funcionava contra alvos grandes como cidades, mas não contra alvos de ponto. Os aliados usaram o radar em 1942 para atacar cidades. O ataque baixo era preciso, mas muito perigoso contra alvos bem Defendidos. As grandes perdas contra Ploesti em agosto de 1943 é um exemplo.

O problema da precisão em todas as altitude foi resolvido com os transistores que permitiu o desenvolvimento das bombas guiadas por TV e as bombas guiadas a laser na década de 1960. Antes só com aeronave grande com muitas armas ou grande pacotes com poucas armas. Eram armas criadas contra grandes alvos fixos e inúteis contra alvos moveis como navios e carros de combate. Em área urbana o dano colateral era considerável. Na Segunda Guerra Mundial, a responsabilidade pelos danos colaterais era passado para o inimigo por ter colocado o alvo em área civil. No Vietnã, os danos colaterais passou a ter valor político e quem ataca passou a ser responsabilizado.

A tecnologia foi capaz de guiar bomba até um DMPI e alvos móveis. O B-52 continuou com valor assim como F-111, A-6 e F-15E, e as vezes os F/A-18 e F-16. O B-52 era mais eficiente e barato contra alvos de área, pouco defendidos. Um alvo na ODS era o complexo de fabricação de armas de Taji, ao norte de Bagdá. Entre os dias 10 a 27 de fevereiro de 1991, os B-52G atacaram Taji em 68 saídas com 3000 bombas. Outros alvos de áreas foram atacados por bombas guiadas a laser mais para limitar dano colateral. As pontes era outro problema. 

Na ODS, aeronaves "inteligentes" disparando bombas burras a baixa altitude conseguiam CEP de 10 metros. Mas as defesas locais, com muita artilharia antiaérea e MANPADS não permitia usar esta tática rotineiramente. Atacando a média atitude, 15 mil pés ou mais, tornava as bombas imprecisas contra alvos que precisavam acerto direto como hangares reforçados, bunkers, blindados e artilharia.

No Vietnã, a bomba guiada a laser foi usada para resolver problemas de atacar chockpoints e o sistema logístico. Na ODS foi usada contra os sistema nervoso central e depois HAS e tank plinking. Eram alvos que nem se pensava ser vulneráveis a bombardeios.

De 990 caças da USAF enviados para o Golfo, havia 125 a 135 caças capazes de disparar armas guiadas. Eram 64 F-111F, 56 F-117 e alguns F-4E. A falta de de designadores laser no norte para os F-111E foi sentida. Só chegaram no fim da guerra. A capacidade aceleraria a destruição de alvos estratégicos no norte da Turquia. Quatro F-4E da 3 TFW voaram duas missões sem sucesso no norte com bombas guiadas a laser.

Preparação do Campo de Batalha

Cerca de um terço das saídas das operações aéreas na operação Desert Storm foram contra unidades iraquianas no KTO. Eram muitas saídas no mesmo teatro ou cerca de 900 a 1.400 por dia. As esquadrilhas de caças fariam reconhecimento armados nos Kill Box. Os F-16 e B-52 atacaram a Guarda Republicana mais ao norte enquanto os A-10 atacariam as Divisões regulares na fronteira do Kuwait com a Arábia Saudita. Os B-52 podiam atacar vários Kill Box na mesma saída.

O ataque aéreo contra as forças iraquianas no Kuwait iniciou já no primeiro dia do inicio das operações aéreas com 24 saídas de F-16 contra instalações de comando. Logo três B-52 atacaram a Divisão Tawalkalna. Seria um ataque de hora em hora, com células de pelo menos três B-52 até o fim da guerra.

No Segundo dia, oito F/A-18 do USMC atacaram a Divisão Hammurabi e no terceiro dia por 32 F-16, seis F/A-18, oito F-15E e doze B-52. No oitavo dia os ataques ultrapassaram 200 saídas por dia no KTO.

Na primeira semana, foram realizadas 75 saídas no KTO. Os ataques focaram em três Kill Box próximos a fronteira do Kuwait com o Iraque onde se concentravam a Guarda Republicana. Estes três Kill Box absorveram quase 1/3 das saídas no KTO.

O ataque contra o KTO aumentou na segunda semana para selar, evitar a entrada de suprimento para dentro e atritar as forças locais. As operações psicológicas foram iniciadas com o uso de panfletos e transmissões de rádio. Na segunda semana foram realizadas 2.800 saídas. O Kill Box AF7, onde ficava a Divisão Medinah e parte da Hammurabi, foi atacado por 88 saídas de B-52 e 579 saídas de F-16. Os F-16 parecem ter destruído poucos alvos nestas saídas. Só com o F-111F armados com as GBU-12 iniciando suas operações que garantiram que os alvos estavam sendo atingidos e os iraquiano nem podiam mais dormir debaixo dos veículos.

No dia 7 de fevereiro, o TACC limitou os A-10 nos Kill Box a duas esquadrilhas e sobraram aeronaves que foram divididas pelo ABCCC para leste e oeste. Após dois A-10 serem derrubados a 100 km ao norte da cidade Kuwait, no meio de fevereiro, ficaram restritos aos Kill Box mais ao sul. Os A-10 passaram a preparar pontos de penetração, atacar peças artilharia e bombas óleo enchendo as trincheiras com petróleo. Dispararam foguetes iluminativos para queimar o petróleo sem sucesso.

No inicio de fevereiro ,com a dificuldade de reconhecer alvos no deserto nos Kill Box, foram iniciadas as operações dos Fast FAC nos F-16, chamados de Killer Scouts (o código de chamada era Pointer). A ATO deslocava esquadrilhas em cada Kill Box em intervalos regulares. Os caças chegava no local e checava com o F-16 "pointer" equipado com GPS, trabalhando na área. Os Killer Scout passavam os alvos para os "Killer Bee", ou outro caça como o F-16 ou A-10. O trabalho foi facilitado pela artilharia antiaérea diminuindo e com os F-16 e A-10 podendo voar mais baixo. Os F-16 passaram a disparar abaixo de 8 mil pés.

A pressão aérea resultou em uma resposta iraquiana na batalha de Khafji. A Coalizão estava tendo sucesso nos ataques aéreos, destruindo bunkers, desacelerou os ataques dos Scud e não parecia que haveria um ataque por terra logo após o atrito aéreo as tropa. Os ataques aéreos mostraram aos iraquianos que seria uma campanha aérea longa e então tomaram a iniciativa em terra.

Na terceira semana, foram 3.500 saídas no KTO. Na quarta semana, foram 500 saídas a mais que a anterior sendo 360 de F-111F com as GBU-12. Os Kill Box a frente do USMC foram atacados mais pelos caças do USMC e os da Guarda Republicana pelos F-111F. No sul, os MC-130 com as BLU-82 fizeram operações para diminuir o moral dos iraquianos. Na quinta semana, foram 4.048 saídas no KTO. A Guarda Republicana foi o alvo principal assim como as tropas em frente ao USMC.

Inicialmente, estimaram 100 mil mortos e 300 mil feridos no KTO pela ação dos ataques aéreos. A estimativa caiu para 700 a 2 mil mortos e 3-7 mil feridos em 1993. Não encontraram cemitérios nem hospitais cheios de feridos para comprovar as estimativas iniciais.

A Guerra do Golfo foi considerado a primeira vez que uma campanha terrestre apoiou uma campanha aérea. O Poder Aéreo atingiu a expectativa esperada pelos seus defensores. Foram observadas inovações como os ataques dos B-52 contra os comboios blindados em Kafhi e incursões de Apache de longo alcance que foram táticas improvisadas.


Disposição de tropas iraquianas no deserto. As tropas eram difíceis de esconder e bem fáceis de encontrar.   


Total de strikes nos Kill Box no KTO. Cada strike é um ataque realizado com disparo de armas contra um alvo. É diferente de saída pois pode ter strike nenhum ou até vários strikes por saída.


Peça de artilharia de campanha iraquiana abandonada no KTO. A peça não parece danificada e nem está protegida com barricada.


Peça de artilharia atacada no KTO. Os veteranos lembravam do Vietnã quando atacavam a artilharia inimiga. Era bem difícil acertar e logo eram colocados novamente em operação. Era mais fácil atacar locais de armazenamento de munição de artilharia. Os pilotos preferiam destruir blindados. Os comandantes em terra queria priorizar a artilharia pois os carros de combate era fáceis de deter com alcance maior dos seus blindados e movimento seria fácil depois. Mas a artilharia era considerada a maior ameaça.

Defesas Iraquianas 

Saddam permitiu que a coalizão organizasse a invasão e na verdade nem esperava que invadissem o KTO para retomar o Kuwait. O Iraque esperava três opções para a coalizão para o caso de uma invasão. Podia ser um assalto anfíbio direto no Kuwait, um avanço na costa do Golfo ou uma ofensiva vindo do oeste até Wadi al-Batin. A última opção era considerada improvável por ser um local inóspito e teriam o mesmo medo que os iraquianos tinham de operar por lá. Não viram movimentos para o local até o dia 17 de Janeiro e depois nem dava tempo de procurar. Foi exatamente o que os aliados fizeram.

Os iraquianos fizeram uma defesa no KTO em três linhas, similar a doutrina soviética, e como a praticada contra o Irã. Na fronteira com a Arábia Saudita e na costa do Golfo Pérsico, usaram a infantaria de reserva em posições defensivas com trincheiras, campos minados, arame farpado e até buracos com petróleo para ser queimado. Atrás desta posição ficava a artilharia para disparar em distâncias predeterminadas. Como defesa inicial, esta camada seguraria e atritaria um ataque e as reservas se concentrariam para o contra-ataque.

Logo atrás das divisões de infantaria ficavam as divisões mecanizadas e blindadas do exército regular. Sua missão era contra-atacar de imediato em qualquer avanço da coalizão. Por fim, se a coalizão passar pelas defesas e pelo contra-ataque, a Guarda Republicana, na reserva posicionada na fronteira com o Kuwait, lançariam um novo contra-ataque. Os blindados ficaram dispersos em uma grande área para ficarem menos vulneráveis aos ataques aéreos. Esperavam que pudessem se concentrar rapidamente para um contra-ataque.

Devido a experiência de guerra de trincheira contra o Irã, preferiram esta tática de defesas fixas. Preferiam a proteção a mobilidade o que fazia sentido contra as ameaças regionais. Provavelmente os iraquianos esperavam ataques de infantaria em massa como acontecia contra o Irã e não precisariam muito de blindados na frente de batalha.

A quantidade de tropas iraquianas ainda era indeterminada. No papel as tropas eram muitas sendo estimado que havia no KTO 31 Divisões de Infantaria, oito Divisões Blindadas e três Mecanizadas. A USAF estimava que havia 40 Divisões iraquianas no Kuwait. Outra fonte cita que eram 23 no país, nove como reforço e 18 na reserva. As Divisões pesadas eram estimadas em 18. Era estimado um total de 540 mil tropas, 4.280 carros de combate, 2.870 blindados de transporte de tropas e 3.110 peças de artilharia. A USAF também estimava que havia 3.800 carros de combate, 2.600 blindados e 2.700 peças de artilharia no KTO.

Na realidade era bem menos. As Divisões iraquianas na região não estavam completas e tinham moral baixo. Mesmo assim não arriscaram e não consideraram estes problemas. As forças de reserva estavam bem desfalcadas. 20% das tropas estavam sempre em férias constantemente como política para valorizar o serviço militar e não voltaram após iniciar os ataques aéreos. Até a campanha iniciar perderam mais tropas para deserção, desgaste e baixas. Algumas unidades tinham até 50% de desfalque nas tropas.

As tropas reais eram cerca de 336 mil e caiu para 220 mil antes da campanha terrestre. As armas reais eram 3.475 de carros de combate, 3.080 blindados de transporte de tropas e 2.475 peças de artilharia. A reputação das tropas também era maior que a realmente demonstrada em combate devido a experiência contra o Irã.

Um dos centros de gravidade identificados foram as sete Divisões da Guarda Republicana em reserva na fronteira do Iraque com o Kuwait. As forças da Guarda Republicana eram quatro Divisões de infantaria, duas blindadas, uma mecanizada e uma de forças de operações especiais. As Divisões da Guarda Republicana foram as primeiras a invadirem o Kuwait e depois foram deslocada para a retaguarda como reserva. Eram a guarda pessoal de Saddam e eram consideradas o centro de gravidade no local. Também bloqueariam a fuga do exército ou deserção.

As Divisões da Guarda Republicana eram bem defendidas com artilharia antiaérea e mísseis SA-6 e SA-13. Estavam bem dispersas e entrincheiradas. Por estarem mais distantes seriam difíceis de atacar por terra e pelo ar, e sofreram menos no conflito. As Divisões pesadas eram a Tawakalna, Medinah e Hammurabi. Eram o terceiro escalão e atuavam como reserva estratégica. A infantaria era o reforço como parte da reserva tática, protegendo a costa e a parte central do KTO contra um assalto aéreo. Contra o Irã, a Guarda Republicana era usada como reserva estratégica para selar e barrar as investidas iranianas, e levou a vitória em contra-ofensivas que terminou o conflito.

Outro problema que as tropas iraquianas no KTO teriam que enfrentar era o controle centralizado. O atraso nas ações seria longo e a campanha aérea tinha este objetivo de atrapalhar a cadeia comando e comunicações já nos primeiros ataques.


Unidades Iraquianas no KTO.


Interdição Aérea do KTO

A experiência na Segunda Guerra Mundial, Coréia e Vietnã mostraram que era difícil derrotar um exército em campo só com a Interdição Aérea (AI – Air Interdiction). O efeito era mais intenso quando ofensivas terrestres forçavam o inimigo a consumir muitos suprimentos.

A Interdição do Kuwait não era considerada muito importante, pois o Iraque teve tempo de armazenar muitos suprimentos no local antes da operação terrestre. Tentariam atrofiar as forças na linha de frente, matando de fome e sede, com pouca munição e combustível, evitando o fluxo de suprimentos para as tropas. Outro objetivo era forçar a deixar o KTO e parar o movimento de tropas.

Como em outras campanhas, a necessidade das tropas era bem menor que a capacidade disponível. O sistema logístico iraquiano usava 10-20% da capacidade de transporte disponível. Então a AI tinha que ser bem eficiente.

Como era estimado que havia 500 mil tropas e 4 mil carros de combate os iraquianos precisariam de muitos suprimentos. Foi estimado que em 10 dias ficariam sem água e comida. Depois teriam que se retirar, iniciar um ataque com suprimentos limitados ou se enterrar até ter que sair para sobreviver. Bloquear o reforço não era necessário, pois tiveram tempo de enviar muito reforços antes do conflito iniciar. Evitar a fuga após o conflito era mais importante. A Guarda Republicana não fugiu após iniciar os ataques aéreos como temia Schwarzkopf.

Inicialmente só atacaram as pontes ferroviárias, pois eram muito usadas no transporte de blindados e depois passaram a atacar as pontes rodoviárias. As pontes eram o gargalo, pois o deserto facilitava a mobilidade de forças blindadas. Mas ainda assim as pontes podiam ser importantes no futuro e eram alvos prioritários. Um dos objetivos era atrapalhar a fuga dos iraquianos e não só o fluxo de suprimentos.

A distância de Bagdá até o KTO era de 600 km, com 126 pontes rodoviárias e nove pontes ferroviárias no caminho. Metade estava na lista de alvos. Eram alvos atrativos pois eram limitadas em quantidade, fáceis de localizar, vulneráveis a armas guiadas, difíceis de reparar e difíceis de contornar.

Foram 800 strikes contra pontes feitas pelos F-111F, F-15E, F-16, F/A-18, F-117, Tornado GR-1 e A-6E. Estavam armados com bombas burras e guiadas. As bombas guiadas foram usadas em 45% dos strikes. Nas duas últimas semanas da guerra, as bombas guiadas foram usadas em 20% dos ataques contra 65% nas primeiras quatro semanas. O objetivo era causar dano estrutural para evitar usarem novamente. As vezes o local era minado, como no final da campanha, e incluía o uso de bombas Mk82 com espoleta de atraso e a CBU-87. Foram enviadas bombas GBU-11 de 1.360kg, mas chegou depois do fim da guerra. A GBU-10 de 900kg não podiam destruir todos os alvos e queriam bombas maiores.

Contra pontes, as ações inicias eram mais para cortar os cabos de fibra ótica que passavam na estrutura. Os F-111F realizaram 180 saídas com bombas burras contra as pontes, e como Vietnã, não funcionou. Um estudo mostrou que era melhor mirar no apoio próximo a beira do rio. As GBU-15 eram disparadas nos vãos e duas GBU-10 nos apoios. As GBU-24 não funcionou inicialmente. Os pontões depois instalados também foram atacados. Logo havia 20 pontes destruídas.

As pontes foram inicialmente atacadas com aeronaves inteligentes com bombas burras. Foram realizadas 200 saídas com caças F-16 , F/A-18E e A-6 sem derrubar um único vão de ponte com bombas burras. Com os F-117 e F-111F, um vão era derrubado a cada duas saídas. Os F-117, F-111F e F-15E e A-6 depois atacaram com as Paveway. Como no Vietnã, as Paveway mostraram ser o melhor meio de atacar pontes. As pontes eram resistentes. As GBU-10 derrubavam apenas meio vão e tinham que atacar várias vezes para dificultar os reparos. Algumas pontes não tiveram vão derrubado.

Foram as bombas guiada a laser que dominaram a campanha no campo de batalha, contra pistas, sistemas de comando e liderança e anti-ponte. Com a precisão das Paveway era possível escolher o número de bombas necessárias visto que pode-se considerar que a grande maioria irá realmente atingir o alvo. A logística foi simplificada pois era necessário menos bomba por avião transportadas até a frente de batalha.

O risco de atacar novamente o mesmo alvo ou ser atacada por várias aeronaves com armas convencionais também deve ser considerado, ainda mais com caças custando dezenas de milhões de dólares. Com a guerra acabando rápido tem economia em escala com o uso das Paveway. As pontes eram resistentes. As vezes precisava de 8 bombas de 900kg para ser destruída. Apontavam no buraco dos ataques anteriores aumentando o buraco até ficar inoperável.

No final, foram 37 pontes rodoviárias e nove ferroviárias inutilizadas. Nove sofreram danos pesados. Foram 41 pontes principais e 31 pontes flutuantes destruídos de 54 pontes identificadas como importantes e apenas cinco sobreviveram. A grande maioria ficava entre Bagdá e o KTO. Sem a disponibilidade de munição guiada, o trabalho teria sido bem mais difícil.

A reação iraquiana foi mudar as rotas, criar pontes temporárias e pontes anfíbias, ou encher o local de passagem com terra. Com mais pontes destruídas mudar de rota ficou difícil e encher canais com terra era bem mais fácil. Alguns canais foram tampados com terra para virar pontes. Tinham que ser atacados a cada dois dias, pois eram facilmente reconstruídos e tiveram que minar a área. As pontes flutuantes eram ainda mais fáceis de construir e reparar e bem mais numerosas.

No meio de fevereiro, foi iniciado as missões de "river recce" para limpar os locais de travessia nos rios. A noite, os F-111F e F-15E usavam os casulos FLIR para detectar pontes flutuantes sendo montados. Os F-16 faziam o mesmo de dia com busca visual. Se não encontrassem alvos passavam para os alvos alternativos. As missões de reconhecimento de rio patrulhavam as hidrovias para garantir que não estavam sendo cruzados em outros locais. Atacariam qualquer ponte que encontrassem ou pontes flutuantes. A reação iraquiana foi esconder as pontes flutuantes em árvores, submergir seções para simular danos e manter paralelo a margem até ser necessário. Foram 31 pontes flutuantes destruídas.

Os ataques contra pontes no Iraque canalizaram o movimento das tropas iraquianas e criaram gargalos. Análises posteriores indicaram que a capacidade de mover suprimentos entre Bagdá e Kuwait diminuiu de 2.160 mil toneladas por dia, por seis rotas principais, para apenas 20 mil toneladas em duas rotas,. Foi uma diminuição em 91%. As armas de precisão destruíram 41 de 54 pontes chaves, além de 31 pontões, em quatro semanas.

A Inteligência descobriu um link de fibra ótica entre Bagdá e o KTO que acompanhava os oleodutos. Não atacariam os oleodutos para não esparramar o óleo. Havia estações solares que alimentava as linhas. Então atacariam as estações de transmissão do dia 18 de fevereiro em A Samawah, próximo a base aérea de Tallil. Tinha que ser com armas guiadas pois os F-16 erravam muito.  Na missão mapearam o local com o radar, designaram com a tela radar. O radar viu painéis solares em arranjo do tamanho de um campo de futebol. Olharam com depois com o LANTIRN e já estava apontado, mas o mau tempo não deixava ver. Desceram até 9 mil pés e dispararam as bombas com modo toss. Apontou na base da torre que foi atingida facilmente. Outro F-15E era reserva e fariam buddy laser se a primeira errasse. A tática de buddy laser só não funciona contra estrutura vertical com laser apontando um lado e arma disparando de outra. Era chamado de "poddium effect".


Linhas de Comunicações até o KTO.


Veículos atacados em uma seção elevada de rodovia próximo ao Rio Eufrates. As operações de bridge buster parou devido o efeito na população.


Veículos contornando uma ponte destruída em Al Madinah no dia 28 de janeiro.

Sete pátios ferroviários estavam na lista de alvos, mas não atrapalharia muito o trafego e as pontes eram os alvos prioritários. O sistema férreo tinha choke points fáceis de derrubar e conseguiram diminuir para 1/10 da capacidade de transporte. As ferrovias eram mais fáceis de conter por ser uma única. A ponte em Muftal Wadan era difícil de contornar e cortou o fluxo para o KTO. Outras duas ferrovias foram cortadas e não reparadas.

A Interdição Aérea nas últimas duas semanas se concentrou no KTO quando absorveram 90% dos ataques. Até os F-117 foram usados para atacar estações de bombeamento de óleo nas trincheiras.

Foi estimado que os iraquianos necessitavam de  50 mil toneladas por dia de suprimentos para apoiar uma ofensiva e 10-20 mil toneladas para atuarem na defensiva. O Iraque tinha 40-55 mil caminhões militares apoiados por mais 200 mil veículos civis fora os capturados no Kuwait. Os Aliados não tinham estoques de munições guiadas suficientes para destruir todos estes veículos e por isto as pontes foram consideradas vitais para atrapalhar sua circulação. Foi estimado que seriam necessários 1.000 bombas em 200-300 missões. Como o Iraque reagiu com o uso de pontes flutuantes montados nos rios, foram gastos cerca de cinco mil armas guiadas em cerca de 1.000 saídas para realizar a interdição.

Os ataques aos veículos se movendo era uma fonte importante no colapso da logística iraquiana. Os comboios barrados em pontos congestionados eram fáceis de atacar. Em fevereiro, os F-16 voavam missões de reconhecimento de estrada até o KTO destruindo vários comboios e forçou a se esconderem. A resposta foi trafegar a noite e esta capacidade foi logo foi anulada com a capacidade noturna da coalizão. A reação foi atuarem em menor número ou sozinhos sendo menos detectáveis e menos lucrativos que os comboios, mas ainda diminuiu o fluxo de suprimentos.

Mesmo com as perdas, a frota de caminhões ainda era suficiente para suprir o KTO. Antes eram 40 a 55 mil caminhões militares, 190 mil comercias e 120 mil do Kuwait. Apenas 7.500 caminhões militares leves a médios tinham capacidade de carga de 90 mil toneladas. Depois da campanha ainda contavam com 30 mil caminhões. Antes já era considerado suficiente para suprir o KTO em posições estáticas e sem combate. Até antes da campanha terrestre podiam sobreviver com os suprimentos disponíveis.

Nos cinco meses anteriores, os iraquianos estocaram grande quantidade de munição, combustível e alimentos no KTO. Era mais para a uma campanha terrestre demorada como a realizada contra o Irã. Gastaram apenas uma fração até iniciar a campanha terrestre. Como a coalizão sabia deste estoque não investiram contra a interdição do fluxo de suprimentos para dentro do teatro. Os ataques contra as ferrovias de Bagdá a Basra e pontes foram mais para evitar a fuga das tropas. Mesmo assim o fluxo foi interrompido em grande parte.

Então, a estratégia era negar a mobilidade e evitou usarem seus estoques e distribuir. O transito veículos de dia foi paralisado. As aeronaves nos Kill Box atacavam tudo que se movia. A noite nem tentaram a não ser contra grandes comboios com auxilio do E-8 JSTARS (Joint Surveillance and Target Attack Radar System). O fluxo dos depósitos para as tropas diminuiu e começou a faltar comida e combustível no fim da campanha aérea. As tropas na frente estavam famintas mesmo ao alcance dos suprimentos.

A Interdição dentro do KTO era contra os caminhões das unidades militares e nas estradas da região. Os prisioneiros citam que cerca da metade foi destruído. Eram mais fáceis de destruir que carros de combate e não eram escondidos nas barricadas. Os ataques contra os carros de combate, blindados, artilharia também destruía caminhões no campo que eram confundidos com os outros alvos.

Os caminhões trafegando era atacados por F-16, F-15E, F/A-18 e A-10 e os ataques eram mais intensos dentro do KTO. Depois dos ataques as pontes, passaram a atacar veículos engarrafados no local. Com os veículos passando a circular a noite e em pequenos grupos ainda eram vulneráveis aos F-16 com os Flir dos casulos LANTIRN de navegação apoiados pelo radar com modos de detecção de alvos móveis (GMTI). Os motoristas ficaram com medo de trafegar mesmo a noite após as baixas. O trafego de caminhões de dia parou logo no primeiro dia, mas a noite não havia esforço consistente para parar o trafego. O JSTARS monitorava os movimentos e as vezes enviava os caças disponíveis, mas não era prioridade.

Os radares do JSTARS permitiam detectar concentrações de caminhões que eram alvos lucrativos. Monitorando o local de partida e chegada era possível saber onde estavam as unidades iraquianas, os centros logísticos, as rotas usadas e os estacionamentos de caminhões. Todo o trabalho já estava mapeado antes da guerra.

As unidades iraquianas tinham cerca de 30 dias de comida disponível. O suprimento de água incluía uma estação de desanilização. Os estoques de munição foram pouco afetados pelos ataques por estarem bem dispersos. As reservas de combustível era suficiente para 35 a 45 dias de combate ou 300 dias de defesa estática sem combate. Os dados são bons, mas os prisioneiros citaram falta de tudo e até de água. As vezes de combustível e munição. O problema era a ineficiência do sistema logístico. As unidades menos importantes recebiam menos. A maioria dos prisioneiros que reclamaram eram de unidades de infantaria na linha de frente. A Guarda Republicana e as unidades blindadas tinham prioridade e estavam mais próximos dos centros de suprimentos mais ao norte. Depois da campanha aérea iniciar, passaram a ter mais problemas devido ao corte das linhas de comunicações.

Na campanha aérea o consumo era mais de comida, água e artilharia antiaérea. O combustível foi pouco consumido por ficarem mais parados. A falta de comida e água ajudou a diminuir o moral, junto com os ataques aéreos constantes, maus tratos dos oficiais, condições de vida ruim, medo da superioridade da coalizão, doenças, e discordar com a política de Saddam.

As tropas capturadas citam que logo que o bombardeiro iniciou começaram a entrar em colapso. Com o sistema de transporte desestruturado ficaram sem combustível, água, comida e peças de reposição. Algumas unidades tiveram seus estoques atacados e derruídos. O treinamento no deserto cessou. As tropas saíram de perto do seu equipamento para não serem atacados. A maioria pensava que os ataques aéreos durariam alguns dias ou uma semana no máximo e logo depois seria iniciado a campanha terrestre. Com os ataques aéreos continuando incessantemente, e de forma eficiente, o resultado da guerra passou a ser uma derrota previsível.

O som das bombas dos B-52 criava duvidas por não saberem se atingiram tropas amigas próximas. Os panfletos anunciavam antes que seriam atacadas para aumentar o terror. Os problema não era a precisão, mas não saber onde bombas iriam cair. As condições de vida pioravam com o aparecimento diário dos F-16 e A-10. A deserção foi cerca de 50% mesmo sabendo que a reação do regime colocaria sua vida e da família em risco.

Os postos de comando e comunicações também eram alvos da interdição aérea. Se usassem seus rádios eram logo localizados e atacados. A reação foi usar mensageiros e usar comunicações por fios. Os fios eram fáceis de reparar. Com as tropas se movendo as comunicações se deterioraram. Se usassem os rádios eram jameados não conseguindo coordenar as ações. Sem comunicações adequadas acentuou a distribuição irregular de suprimentos.

Os F-111F da 48a Ala de Caças Táticos (TFW) eram os burros de carga da campanha de interdição profunda, realizando ataque as bases aéreas, pontes, alvos estratégicos, bunkers e blindados. Todos estavam equipados com o casulo designador de alvos AVQ-26 Pave Tack e armados com armas guiadas em grande quantidade. Os F-111F voavam em grupos de 4 a 6 aeronaves na primeira noite com as aeronaves espaçadas 60-90 segundos e armadas com bombas guiadas a laser, GBU-15 ou CBU-89.

No fim de janeiro os F-111F passaram a interditar estradas e pontes, atacando 52 pontes e destruindo 12. Os F-111FWaggon Whell" e atacavam os suportes das pontes com bombas usavam o padrão de órbitas " GBU-24 guiadas a laser e GBU-15 guiada por TV. Em vôos com mau tempo levavam duas bombas burras Mk84 e duas GBU-10. Se o tempo continuasse ruim disparavam as Mk84 contra alvos de área. Se o tempo ficasse bom usavam as GBU-10 contra alvos de ponto em ataques de precisão. Também fizeram reconhecimento armado nos rios a procura de alvos de oportunidade como pontes flutuantes. As pontes flutuantes eram alvos fáceis para as GBU-10. Se não encontrassem alvos atacavam alvos secundários.

Bunker Busting

Os alvos mais difíceis eram os bunkers. Havia bunkers de comunicação, comando e abrigos QBN. Eram de quatro tipos. O primeiro eram os construídos abaixo de prédios. A arma tem que penetrar o prédio antes de penetrar o bunker e geralmente detona antes. O segundo tipo era o bunker coberto de terra com 7 metros de terra acima do concerto de 2 a 3 metros. Era resistente até a armas nucleares. O terceiro eram cavernas naturais nas montanhas no norte Iraque. Eram difíceis de localizar e destruir por serem profundos e bem camuflados. O quarto tipo eram os abrigos reforçados de aeronaves (HAS - Hardener Aircraft Shelter). 

A arma primária contra bunkers era a BLU-109 com 550 libras de tritonal contra 945 libras da mk84. Foi projetada para disparo a baixa altitude, mas recebeu o kit de guiamento Paveway. Atingindo o alvo em angulo agudo criava o fenômeno de gancho, movendo mais na lateral do que para baixo e diminui a capacidade de penetração. O F-117 disparava uma a uma enquanto o F-111F dispara um ou dois pares por vez. O F-111F inicialmente disparavam duas bombas para cada HAS. Confiando mais na arma e passaram a atacar com uma bomba por HAS ou dois strikers por saída.

A BLU-109 (I2000) terminou os testes em 1988 para receber kits de guiamento e como bomba guiada para o F-16. Tinha características balísticas similar a Mk84 para simplificar emprego. Seria usado contra alvos lucrativos como bunkers e HAS que tinham que ser penetrados. Com kit de guiamento a laser virou uma grande arma. A BLU-109 não era boa contra pontes explodindo dentro com pouco danos.

A GBU-28 foi desenvolvida a partir de um cano de canhão. Aumentaram interior e diminuíram o exterior e adaptaram kits de guiamento laser. O primeiro teste foi no dia 24 de fevereiro e penetrou 100 pés de deserto. Testes em trenó dois dias depois penetrou 22 pés de concreto e continuou por uma milha. Mandaram uma bomba para o 492 TFS em Ta if para disparar contra o bunker de comande de al-Taji no dia 27 de fevereiro, pouco antes cessar fogo. No disparo das GBU-28, o F-111F levava uma bomba Mk84 do outro lado e dispara depois contra um alvo de area. O F-111F subiram com o pós combustor ligado antes para dar mais energia cinética.

Os bunkers subterrâneos seriam locais seguros na Segunda Guerra Mundial ou no Vietnã. Com as armas guiadas se tornaram perigosos, enquanto os locais pouco protegidos ficaram seguros.

Operações Noturnas

Desde a Primeira Guerra Mundial que os pilotos desejam operar 24 horas por dia, ou seja, também a noite. Na Operação Desert Storm, a proporção de aeronaves capazes de atacar a noite era alta. As vezes atuavam até mais a noite do que de dia em alguns alvos como a capacidade do F-117 contra Bagdá.

Para atuar a noite, a aeronave precisa ter capacidade de voar e navegar com precisão. O radar é usado desde a Segunda Guerra Mundial para auxiliar as missões noturnas. Já na década de 1960 o radar de mapeamento do terreno e o radar de acompanhamento do terreno são usados nas missões noturnas. A primeira aeronave com esta capacidade foi o A-6 Intruder em 1965, e depois o F-111 em 1972 na operação Linebaker II. Os dois podiam penetrar abaixo do radar inimigo e atingir alvos a noite com precisão.

Outro meio usado nas operações noturnas é a visão noturna. Foi usado primeiro no AC-130 em 1968, mas operava só em ambiente permissível. O próximo passo foi colocar o FLIR junto com um designador laser. Antes os caças só conseguiam precisão voando baixo. Com um designador laser, podiam atacar com precisão a média altitude. Iniciou com o casulo Pave Spike no F-4E, com capacidade noturna limitada. O casulo Pave Tack, mais capaz, foi usado no F-111F. O Pave Nail do OV-10 designava alvos para outros caças e foi usado no fim da guerra do Vietnã, mas poucas aeronaves estavam disponíveis.

Na Operação Desert Storm, várias aeronaves tinham seu próprio FLIR como o F-117, F-111F, F/A-18 e o A-6E. Os F-16 e F-15E podiam usar o casulo LANTRIN, mas poucos estavam disponíveis. O míssil AGM-65D dava capacidade FLIR limitada aos A-10 e F-16 para encontrar alvos, mas era melhor que os LANTIRN de navegação usados pelos F-16 Block 40.

Várias armas podiam ser disparadas a noite como as Paveway, Maverick IR e a GBU-15. Dois esquadrões de F-16 com casulos LANTIRN de navegação podiam disparar bombas burras a noite a baixa altitude. Os mísseis cruise TLAM e CALCM também podiam ser usadas a noite, mas foram usados mais de dia em Bagdá para manter a pressão contínua na cidade.

As bombas Paveway podiam ser usadas para atacar alvos a noite, mas não com mau tempo. Com mau tempo tinham que usar o radar e apenas contra alvos de área. O TLAM era um meio qualquer tempo, mas os F-111F, A-6 e F-15E tinham boa capacidade qualquer tempo com o radar contra alvos com bom retorno radar e as vezes usavam os B-52.

Poucas unidades tinham capacidade de operar 24 horas por dia simplesmente por falta de pilotos e pessoal de manutenção. Operavam mais de dia por isso. Então algumas unidades operavam de dia e outras só a noite.

Os F-16 operou mais de dia pois a maioria dos esquadrões foi designado para operar de dia. Só dois esquadrões de F-16 com casulos LANTIRN de navegação foram designados para operar a noite. O problema era o desgaste muito maior para quem operava a noite. As vezes os pilotos tinham que fazer o trabalho administrativo de dia.

O esquadrão de caças F-16 421th TFS foi designado para atuar só com o casulo LANTIRN de navegação. Havia poucos pilotos qualificados e o sistema ainda não tinha sido completamente testado. Testaram sobre o mar e dunas de 300 metros no local. No mar, os pilotos forçavam para baixo da altitude programada e o LANTIRN forçava a subir. O radar de evitamento de terreno cobre 36 mil pés a frente da aeronave, seguindo o Set Clearance Plane (SCP) programado.

O conceito do LANTIRN originou de lições da guerra do Vietnã. O Vietnã tinha 5 mil peças artilharia antiaérea, a maioria de 37mm e 57 mm apontados oticamente. Eram péssimos na pontaria, mas podiam derrubar aeronaves a até 18 mil pés. Os canhões de 85 e 100 mm guiados por radar podiam derrubar a até 40 mil pés. A artilharia antiaérea foi responsável por cerca de 80% das perdas na operação Rolling Thunder durante a guerra do Vietnã.

Os mísseis SA-2 forçou os caças a voar baixo com mascaramento do terreno. Antes de atacar o piloto faz pop up, disparavam e desciam novamente. Funcionava de dia, mas a noite era praticamente impossível. Então os vietnamitas passaram a atuar na trilha a noite. Os F-4 buscando alvos com flares tinham dificuldade de encontrar alvos a noite. Então iniciaram o uso de aeronave com radar de acompanhamento do terreno para atacar a noite, gerando o F-111.

Após o Vietnã, a ameaça era a URSS na Europa. Queriam derrotar os russos a noite e a aeronave principal novamente era o F-111. No inicio da década de 1980, o F-111 começou a ficar velho. Escolheram o F-15E em 1984 para complementá-lo. Um contrato de US$ 2,9 bilhões foi dado a Martin-Marieta para produção de 561 casulos LANTIRN para equipar a nova aeronave. Mesmo com o F-16XL perdendo a concorrência, resolveram testar o LANTIRN no F-16. A aeronave custava bem menos que o F-15. Os testes foram em 1985 com sucesso. Esperavam que o LANTIRN entrasse em operação ainda em 1990 nos F-16. O objetivo era permitir atacar baixo a noite como se estivesse voando de dia. O FLIR seria o único meio dos pilotos de F-16 encontrar e atacar alvos a noite.

Com o LANTIRN, o piloto voa manual no ingresso e a partir do IP (ponto inicial) vai automático para evitar que o piloto crie erros de inclinação. A 4,7 milhas do alvo a aeronave sobe em angulo de 50 graus e depois mergulha a 10 graus. Se bem programado o "diamante" de pontaria deve estar sobre o alvo. Na saída do alvo deve estar a 5 segundos de disparar. O pull up é feito a 5 g´s e nivelado e vira em direção da base. O piloto ativa o radar de acompanhamento do terreno e volta a baixa altitude. O ataque dura menos de 1 minuto

Logo que chegaram na Arábia Saudita, os pilotos perceberam que o mascaramento no terreno no deserto local seria impossível e começaram os treinos a média altitude, fugindo da barragem de artilharia antiaérea. Voariam a noite em fila, com separação de 8 milhas, acompanhando a aeronave da frente no FLIR ou TACAN. A distância permitia manobrar sem se preocupar em colisão e ainda permitia apoio mútuo. O calor do motor facilitava ver o caça da frente no FLIR.

Os testes mostraram que era melhor atacar a noite iniciando a 25 mil pés, mergulhando a 45 graus, ao invés de 20 graus. O IP seria a 4,5 milhas do alvo. Invertiam para mergulhar, desaceleravam para não atingir a velocidade supersônica, e tinham 20 segundos para identificar e alinhar com o alvo.

Os testes mostraram que o ataque deveria ser de quatro aeronaves. Se a ATO pedia mais aeronaves então seria em uma rota paralela. Também atacariam de direções diferentes pois a artilharia antiaérea concentra na direção do último ataque ou o som da turbina. Se passar no mesmo local de outra aeronave o piloto irá pegar fogo de barragem de artilharia antiaérea.

O esquadrão 69 TFS Werewolfs foram depois deslocados para para al Minhad para também atuar com o LANTIRN. As missões a noite seria com três bombas Mk82 com espoleta de contato e três com espoleta airburst. Era uma combinação boa para alvos moles. Procuravam alvos móveis, os "movers", com modos de detecção de alvos móveis no radar (GMTI). Se encontrar alvos móveis atacaria com metade das bombas. Faziam um mergulho leve para disparar alto acima do alvo com modo CCRP para disparo automático. O HUD mostrava indicações para alinhar com o alvo.

Em 16 de fevereiro, os F-16 receberam mísseis Maverick modelo G, guiados por imagem infravermelha (IIR). O LANTIRN de navegação não é tão bom para distinguir alvos como o sensor IIR do míssil Maverick. Não conseguia distinguir as barricadas com ou sem blindados. Então usariam o sensor do míssil para encontrar alvos como faziam os pilotos de A-10, com a vantagem de poder ser apontado pelo radar contra alvos móveis. 

A primeira missão foi em 22 de fevereiro, com oito duplas atuando no Kill Box AG-6. O líder levaria o míssil e o ala levaria quatro bombas CBU-87. Foram para o norte no Kill Box com o ala 8 milhas atrás. No norte do Kill Box fariam uma curva 180 e reverteriam de papel, com o líder apoiando o ataque do ala. Seguiriam uma estrada no meio do Kill Box procurando alvos. Esperavam que a missão durasse 20 minutos incluindo duas passadas para um míssil Maverick, a primeira e a terceira passadas, apoiadas pelo modos GMTI.

Com modo GMTI, primeiro o radar detecta alvos móveis que é mostrado no mostrador multifuncional esquerdo, se estiver no alcance. O piloto coloca um cursor em um dos contatos e liga o TMS (Target marquer Set). Depois checa se o "master arm" está em "Arm". Com o botão "uncage" do acelerador o piloto desacopla o sensor do míssil que deixa de olhar para onde o radar aponta. O míssil ligado mostra sua imagem no mostrador multifuncional direito. O piloto ainda confere no HUD se a "caixa" de designação de alvos (Target  box) está onde se espera, no topo da estrada mostrado no FLIR do LANTIRN projetado no HUD. Se o alvo for um veículo o piloto coloca o sensor no modo Weapon (WPN) e pode dar zoom na imagem do sensor do míssil. O piloto coloca o portão de acompanhamento do alvo do míssil no alvo e tranca. Confere se é um contato estável. Tudo é feito com o F-16 em um mergulho leve e pode disparar com o alvo a 10km de distância

O Maverick tem um motor de aceleração de 10 mil libras que queima por 0,5 segundos e um de sustentação de 2 mil libras que queima por 3,5 segundos. Os controles de voo iniciam meio segundo apos a ignição do motor assim como o piloto automático. O piloto faz uma curva para o lado para sair do área do alvo e sobe. O disparo é feito a cerca 5 mil pés.

Quando são quatro aeronaves a noite, duas esperam 15 minutos no reabastecimento em voo até as duas primeiras terminarem seu "vul" de 30 minutos no Kill Box. A noite os pilotos ficam esperando a 15 milhas da frente de batalha. No dia 23 de fevereiro foi a segunda missão com o Maverick IIR. O míssil seria levado pelo líder de esquadrilha o resto armado com bombas Mk84 com espoleta airburst configurada para explodir a 15 pés.


A imagem acima é de um vídeo de uma missão noturna com o F-16 equipado com o LANTIRN e Maverick IR. Uma busca no Youtube com as palavras "viper in the storm" e "keith Rosenkranz" permite encontrar vários vídeos semelhantes.

Dos seis esquadrões de A-10 deslocados para o Golfo, apenas os 24 A-10 do esquadrão Falcon fariam interdição noturna. Treinaram entre outubro a dezembro. Eram poucos e chamaram os A-10 do esquadrão Flying Tiger. Os Flying Tiger começaram as operações de dia por duas semanas e depois só atuaram a noite.

A noite havia poucas defesas. De 10 mil armas iraquianas, apenas 100 poderiam ameaçar as aeronaves voando a noite. A lógica das operações noturnas é "se não pode ser visto, não pode ser atacado". O turbofan do A-10 faz pouco barulho. Só era ouvido abaixo de 5 mil pés. Foi testado com FACs no Golfo, mas já fizeram testes semelhantes na Coréia. Então a noite era furtivo. Antes pensaram que só seria ouvido bem baixo.

Os pilotos veteranos do Vietnã queriam esta missão. A experiência no Vietnã mostrou que era bem mais seguro pilotar a noite e logo foram voluntários. Nem um A-10 foi atingido nem por estilhaço. Reagir contra mísseis SAM era difícil a noite. Era difícil ver se o míssil estava alto ou baixo, sua direção e se aproxima. A reação era fazer uma manobra Split-S ou vira dentro da trajetória do míssil.

Voar a noite era muito mais difícil no A-10 pois não tinha piloto automático. Era difícil ver o mapa e pilotar ao mesmo tempo sem referência externa. Faziam copia preto e branca do mapa pois era mais fácil de ver a noite. Até a luz era difícil focar. A formação fica em trilha. usavam TACAN no modo ar-ar para saber onde está o ala. O piloto não olha rápido para ver ala pois causa vertigem, nem para ver o efeito das bombas.

A tática de ataque a noite era diferente. O Ala fica 5 km atrás e 5 mil pés acima. Até a fronteira segue as luzes da aeronave a frente e depois usam o TACAN n o modo ar-ar. O piloto aperta o microfone 5 segundos para apoiar o Diretion Finding, mas os iraquianos também podiam detectar e evitavam esta técnica.

A noite, as dupla atuavam também nos Kill Box. Se havia duas duplas dividiam o local em norte e sul. Com erro no INS a busca podia demorar. Faziam várias passadas ao redor das coordenadas e podia durar 20 a 30 minutos. As vezes era difícil achar alvos e erra fácil. No inicio eram muitos alvos. Havia um par atuando até meia noite e outro depois no mesmo Kill Box.

O conflito de tráfego a noite era outro problema. Era frequente voarem próximos de outras aeronaves. Os A-10 eram controlados pelos ABCCC e os F-16 pelos JSTARS a noite, criando mais conflito. Os A-10 viam o pós combustor dos F-16.

Se a artilharia antiaérea disparava nos A-10 eram facilmente vistas. Os A-10 contra atacavam sem serem vistos. Depois de disparar as bombas, geralmente uma posição de artilharia, se dividam e atacavam blindados. Depois iam para o REVO e voltavam para disparar mais dois mísseis Maverick.

Os A-10 usaram o sensor FLIR do míssil Maverick para fazer busca de alvos como se fosse um FLIR improvisado. Foram ensinado que não era FLIR, mas usariam pois já tinha sido bem testado pelos pilotos baseados na Coréia do Sul. Dava segurança, não colidindo ou sendo derrubado. Antes da guerra treinaram o trancamento do sensor em dunas, árvores e camelos.  O campo visão era de 3 ou 6 graus contra 100 graus do campo de visão do piloto de dia, ou só direto a frente e abaixo do nariz. Após disparar todos os mísseis, o piloto perde o sensor FLIR.

Fazer busca de alvos com o FLIR do Maverick era como olhar em um canudo de papel. A busca é feita com zoom de 3 vezes. A 16-20 milhas do alvo o líder desce lentamente olhando a tela e vendo a distância no INS. Se detecta fontes de calor, aproxima a imagem com zoom de 6 vezes para ver um site de artilharia facilmente. O sobrevoo do alvo será a 5-6 mil pés após o mergulho. Se o alvo for um blindado, atacam na segunda passada. Se o alvo se move o piloto logo tranca no alvo e dispara.

Alguns lançam flare a 10 milhas do alvo. Queima por 30 minutos em terra, sendo usado como referência. O líder pode marcar o alvo no INS. Coloca o ala em um lado da linha do INS. No alvo, o piloto sobe e pode lançar flares com o SUU-2. O Ala pode atacar logo com bombas e o líder também. Pode até metralhar depois com o canhão.

A artilharia antiaérea no inicia ativara no flare e os A-10 metralhavam. Se via site de artilharia antiaérea em terra também metralhava. Era bem mais seguro mergulhar na artilharia antiaérea a noite do que de dia.

No inicio, o disparo dos mísseis Maverick parecia o disparo de mísseis SAM para outros pilotos próximos. Faziam manobras evasivas e disparavam Chaff e Flares. Os pilotos de A-10 passaram a avisar do disparo para não assustar. A noite era difícil perceber que o míssil descia ao invés de subir, mas no inicio do disparo podia subir.

Depois de disparar os Maverick, os pilotos continuam iluminando alvos com flares normais. Além dos dois mísseis, levavam seis bombas Mk82 com espoleta radar FMM-113 para explodir 0-25 pés acima do solo. Os flares eram o LUU-2 e MJU-3 IRCM, LUU-1/3/6 marcadores de alvos. Foram usados 5.488 flares do SUU-25 (LAU-10 modificado). Foram centenas de alvos destruídos com um único acerto retorno.


Imagem de um ataque de um A-10 contra um comboio iraquiano com mísseis Maverick IR. A imagem foi tirada do Youtube (
Operation DESERT STORM: A-10 Cockpit Video).


A noite, a artilharia antiaérea de 57mm eram 4 tiros. Os canhões S-60 de 57mm tinham teto de 22 mil pés com munição explosiva de tempo. As de 37 mm era cinco traçadores e as de 23 mm era longa com 1 para 4 sem traçadores, como visto na CNN (foto).


 

 


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