APOIO CERRADO NA OPERAÇÃO DESERT STORM

O apoio aéreo as forças combatendo em terra iniciaram no primeiro dia da campanha aérea e foram até o fim da guerra. Inicialmente isolariam o campo de batalha cortando as comunicações e parando o fluxo de suprimentos. Nos combates terrestres, fariam CAS (Close Air Support), ou Apoio Cerrado, a frente das tropas.

As operações de CAS na Operação Desert Storm foram realizadas apenas nas 100 horas finais do conflito e por pouco tempo na batalha de Khafji. A duração da batalha terrestre foi curta assim como as condições dos engajamentos. Junto com as tropas inimigas desmoralizadas tornaram difícil fazer generalizações dos combates. O avanço também foi muito rápido. Foram feitos reconstrução dos engajamentos e não do teatro como um todo.

Duas missões de F-16 e outra de A-10 foram para auxiliar equipes de reconhecimento de Forças Especiais detectadas atrás das linhas e necessitando de extração de emergências. Sem o CAS não teriam sobrevivido ou seriam capturadas.

Batalha de Khafji

A batalha de Al Khafji originou com a intenção iraquiana de forçar a coalizão em um grande engajamento em terra tentando virar a guerra para sua vantagem. Com os ataques aéreos demorando e mais severos que o previsto, Saddam esperava que em terra teria mais vantagem. Com as suas forças ficando enfraquecidas pelos ataques ou deserção, poderia aproveitar o que tinha e até elevar o moral, com os prisioneiros da coalizão capturados sendo usados como fonte de inteligência para determinar as intenções da coalizão. Esta era a interpretação da ação iraquiana e os prisioneiros confirmaram depois.

A batalha de Khafji iniciou duas semanas pós a campanha aérea na noite do dia 30 de janeiro. Os iraquianos cruzaram a fronteira em Ras Al Khafji, Wafrah e Umm Hujul. Apenas em Al Khafji os avanços não foram logo repelidos e ultrapassaram os postos avançados.

A operação iraquiana em Khafji foi uma operação falha desde o inicio. Eram três frentes de sondagem da 5a Divisão Mecanizada até o contato. Três se perderam, mas uma acabou encontrando Khafji e foi destruída.

A cidade de Khafji tinha 3 km de norte a sul e 2km leste a oeste. Na invasão havia duas equipes de reconhecimento do USMC com seis tropas que enviavam notificações da movimentação de tropas iraquianas no local.

O ataque foi centrado em duas divisões pesadas no sul do Kuwait, a 5a Mecanizada e 3a Blindada. Uma Divisão avançaria e outra exploraria a vantagem. O ataque iniciou com três batalhões da 5a Divisão, e seria seguida da 3a Divisão reforçando e depois substituindo. Avançaram em três frentes e duas foram paradas ou voltaram por ação de tropas em terra ou aviação. A terceira atingiu Al Khafji. As unidades de reforço também foram paradas e se retiraram como a 3a Divisão, principalmente pela ação da aviação.

O TACC não reagiu rápido aos primeiros movimentos iraquianos, mas mudou a missão de 140 aeronaves táticas para ataques sucessivos contra os iraquianos. Com as tropas concentradas os ataques foram efetivos. Uma Brigada blindada teve o primeiro blindado na coluna destruído e parou toda a coluna avançando. Depois todos os blindados foram destruídos pelos ataques aéreos. Um veterano da guerra Irã-Iraque disse que sofreu mais em um dia do que em 10 anos contra o Irã. A 3a Divisão Blindada nem conseguiu concentrar devido aos ataques aéreos. A 5a Divisão foi eliminada e se retirou para Basra.

Depois do ataque falhar não tentaram outros mas iniciaram a construção de mais barricadas, cavavam mais fundo, dispersavam suprimentos e iniciaram o uso de pequenos comboios, movimento o posto de comando frequentemente e com uso mais frequente de alvos falsos. O efeito nos comandantes iraquianos foi mais importante. Perceberam que um contra-ataque ou retirada seria impossível devido aos ataques aéreos furiosos da coalizão.

Um ataque de B-52 e dois pacotes indo para a Guarda Republicana no KTO foram desviados para apoiar as operações. Foram mais de 100 blindados destruídos. Os B-52 espalharam os blindados que foram facilmente detectados. Os B-52 foram usados contra intercessões de estradas mais ao norte onde as tropas estariam se preparando e esperavam mais efeito psicológico. O E-8 JSTARS (Joint Surveillance and Target Attack Radar System) participou em operações de vigilância. Detectava, acompanhava e passava alvos. As aeronaves atacando mais ao norte davam informação movimento da Guarda Republicana. O JSTARS vigiava estas unidades de longe. Podia evitar que seriam pegos de surpresa ou por ataques em outra direção com o inicial sendo um ataque de desvio de atenção.

O contra-ataque por terra foi liderado pela Arábia Saudita. A Arábia Saudita não fazia operações de CAS para suas tropas e o USMC forneceria. Os jatos do USMC voavam diariamente sobre as posições sauditas para reforçar que teriam CAS. Os sauditas nem tinham experiência com guerra mecanizada.

Na batalha de Khafji foram realizadas missões de CAS. Operando próximo a costa as tropas tinham um oficial do USMC para chamar apoio de fogo naval. Os sauditas, Qatar e fuzileiros da 3a MAW repeliram o ataque em terra. Os UAV e JSTARS apoiaram assim como vários tipos de aeronaves incluindo os AC-130. Em três dias foram cerca de mil saídas de todos os tipos incluindo os helicópteros de ataque em três Kill Box. As aeronaves usadas na batalha foram os AH-1W, AV-8B, A-10 e AC-130 e os F/A-18. O AV-8B e OV-10 dobraram as saídas diárias. Cerca de 50 blindados foram destruídos pelo ar. Foram 14 fuzileiros e quatro soldados sauditas mortos em três incidentes de fratricídio. O pior foi com um A-10 disparando um Maverick a noite com sete mortos. Um AC-130 e um OV-10 foram derrubados.

Três AC-130 apoiaram a batalha de Kafji. Um estava na estação, um apoiando com REVO (reabastecimento em voo) e um em alerta. Um foi derrubado no amanhecer do dia
31 de janeiro após caçar um lançador de foguetes FROG-7, com todos os 14 tripulantes mortos.

Os helicópteros Cobra e os caças Harrier e Hornet destruírem cerca 40-50% dos blindados em Khafji. Sem este apoio seria difícil conquistar a cidade. Os iraquianos lutaram inicialmente, mas o poder de fogo em terra e no ar da coalizão os fez desistir. O moral das tropas da coalizão aumentou. Os árabes que retomaram a cidade, sauditas e do Qatar, não eram bem treinados e nem conheciam seu próprio equipamento. Simplesmente se concentraram as vistas dos iraquianos, que não aproveitaram para dizimá-los com a artilharia, e atacaram sem coordenação ou sem se comunicar. Venceram o que pensavam ser uma força mais potente e experiente.

A batalha de Kafji também foi seguida de um ataque pelo mar. As lanchas TNC 45 com mísseis Exocet e as lanchas Osas com os mísseis Styx apoiariam o ataque a Khafji. Os navios iraquianos foram logo detectados e atacados por aeronaves A-6E, Jaguar e helicópteros Lynx. Os Lynx da Royal Navy rearmaram em dois contratorpedeiros no norte do Golfo Pérsico e dispararam 25 mísseis Sea Skua com 18 acertos prováveis. Os A-6E viram movimento e dispararam bombas guiadas a laser contra três navios. Os A-6 e F/A-18 atacaram com bombas Paveway, canhão e Rockeye. Foram 11 navios danificados e dois fugindo para o Irã.

A batalha foi importante por passar detalhes sobre as operações iraquianas. A batalha de Kafji mostrou que os iraquianos eram bem menos treinados e equipados que o esperado. Até roubavam e levavam comida da cidade. A falta de cobertura aérea inibia as ações. Apanharam tanto que nem pensaram mais em se mover. As ações em Khafji mostraram o que lhes esperava. No combate terrestre evitou que atuassem além da autodefesa e várias unidades nem tentaram se defender. Em outros apenas forçou a se rendem sem agir.

Para a Coalizão a impressão de Al Khafji foi pouca. Inicialmente foi vista como uma finta e não como um ataque principal. Todos pensavam que seria um ataque de despistamento de outro principal no leste ou oeste. A supressão dos Scud e os ataques a Guarda Republicana ainda era o foco principal das operações aérea. Como os danos foram mais a retaguarda dos iraquianos não sabiam bem que foi intenso.


Avanços iraquianos no dia 29 de Janeiro.


Imagens de Khafji peitas por RPV mostrando bombas caindo sobre alvos na cidade.


Vídeo feitas pelos RPV Hunter vendo blindados avançando em Khafji. Os operadores comentavam sobre a demora dos ataques aéreos.


Preparação para a Guerra Terrestre 

O planejamento da guerra terrestre iniciou em setembro de 1990. O plano incluía usar o Poder Aéreo para deslocar tropas para o oeste da fronteira iraquiana e mascarar os movimentos da Inteligência iraquiana. As operações terrestres foram baseadas em engodo e guerra de manobra rápida. A manobra em gancho para cercar o Kuwait foi planejada desde o inicio, mas só foi escutado após o reforço de um Corpo blindado chegar. Só em novembro foi decidido cortar o inimigo e destruir. O movimento para o oeste duraria duas semanas e os ataques aéreos deveriam esconder a manobra. Com um só Corpo inicial seria um ataque pelo meio da fronteira do Kuwait. O risco de baixas esperadas era alto com um contra-ataque iraquiano.

Os EUA teve que mover um Corpo de Exército por 330 milhas de deserto para realizar o gancho. Um corpo aerotransportado moveu 500 milhas. Junto foi feito uma simulação de desembarque anfíbio para deslocar as forças iraquianas na direção contrária. O deslocamento de uma quantidade tão grande de tropas não seria possível em segredo sem a superioridade aérea.

As manobras para o gancho a esquerda iniciaram em 17 de janeiro. Tinham que esconder o movimento dos iraquianos e precisavam da campanha aérea para isso. No final conseguiram surpresa em relação a direção e intenções do ataque e o avanço pelo flanco oeste pegou os iraquianos completamente de surpresa. Os C-130 ajudaram muito o deslocamento como feito no Vietnã. Levava mais o pessoal do XVIIII Corpo Airborne de King Fahd para Rafha a 700 km. Era um pouso a cada sete minutos em 30 dias. Depois ajudaram na construção de bases logística e transporte de suprimentos. Outra ação era levar itens críticos no deserto garantindo alta prontidão. Levaram 600 mil galões de combustível para bases avançadas (FOL) e bases logísticas para o US Army.

Os comboios e centros logísticos formados eram alvos bem lucrativos. Os iraquianos tinham poucos UAV para a fazer missões de reconhecimento em uma área tão bem defendida, mas não se sabe o que poderiam fazer com a informação. Um piloto do Iraque que penetrasse a fronteira da Arábia Saudita veria milhas e milhas de comboios indo para oeste e aeronaves C-130 e helicópteros de transporte acima.

Bem a oeste do Iraque, o XVIII Corpo Aéreo atacaria bem dentro do vale do Rio Eufrates com o movimento podendo ser interpretado como o primeiro estágio de um ataque a Bagdá. Na verdade era para bloquear e proteger o flanco do ataque principal do VII Corpo no leste. Também viria do oeste contra a Guarda Republicana e o exército iraquiano. A leste a 1a Divisão de Cavalaria atacaria Wadi al Batin e atacaria primeiro para mostrar que seria a direção principal. Duas Divisões do USMC com a Brigada Tiger do US Army com carros de combate M1 Abrams atacaria em direção a cidade do Kuwait. O ataque teria a intenção de sobrecarregar a estrutura de comando iraquiana que não estavam acostumados a gerenciar tanta informação de uma vez só.

O Poder Aéreo apoiaria o avanço das tropas evitando que as tropas iraquianas se concentrarem e o CAS seria usado para facilitar o avanço. Os pilotos foram ordenados a se arriscarem para apoiar as tropas voando mais baixo do que nas fases anteriores. Inicialmente os pilotos foram ordenados a não se arriscar pois nenhum alvo valia o valor da aeronave ou piloto. Após iniciar a ofensiva terrestre as restrições de altitude de ataque foram diminuídas e até eliminadas se as tropas em terra estiverem em perigo. Quando CAS existe a força luta a baixa altitude

A outra estratégia era diminuir o poder de luta iraquiano em 50% das tropas. Algumas unidades sofreram até menos. Em fevereiro, a preparação do campo de batalha era a principal missão principal da guerra aérea. Entre os dias 20 fevereiro ao dia 24 (dia D), os comandantes terrestres queriam mais ataques as forças frontais principalmente os alvos imediatamente a frente do avanço. O comandante Schwarzkopf ainda priorizava a Guarda Republicana. Foram nomeados dois mil alvos, mas só atacaram 300 entre as tropas terrestres. No dia 22 de fevereiro iniciaram ataques intensivos para preparar o campo de batalha. No dia 23 de fevereiro, foram responsáveis por 89% das saídas. Mesmo assim não atingiram 50% dos danos esperado.

O efeito cumulativo foi a falta de água, comida e munição para as tropas. As tropas iraquianas que se renderam logo pediram comida. No fim da campanha aérea os iraquianos já previam que perderiam o Kuwait e era até arriscado perder o exército após a batalha em Khafji. A fuga das tropas iraquianas do Kuwait começou logo com a queda das primeiras bombas. Os alvos eram Centros de Comando, blindados e artilharia que eram a base para medir a efetividade de combate do inimigo.

As unidades de manobra em terra eram excelentes alvos para o bombardeiro em massa tipo "carpet bomb". Estas unidades são efetivas até os membros individuais decidirem que a coesão é necessária ou possível. Os ataques de precisão seriam numerosos e arriscados. O atrito para atacar veículos individuais era efetivo, mas demorava, mas tiveram tempo na Operação Desert Storm. A experiência da Segunda Guerra Mundial já tinha mostrado que o bombardeiro em massa não destruía blindado, mas pode quebrar a coesão das unidades sem destruir. Soldados podem desertar, se render ou não lutar efetivamente.

No fim da guerra, a maioria dos prisioneiros de guerra cita que o B-52, a aeronave com menor precisão, foi a que teve maior impacto na moral. Os ataques de células de B-52 eram realizados a cada 3 horas de dia e a noite. Os prisioneiros não desertaram por terem seus blindados e artilharia destruídos. Até gostavam de saber o que seriam um alvo ao serem avisados com panfletos para ficarem longe. A falta de comida e alimentos contou mais.

Os iraquianos esperavam ataques aéreos por alguns dias e até uma semana. Com a continuação e intensidade dos ataques passaram a perceber que o fim era certo. O medo da morte por bombas era pequeno, mas o medo estava sempre presente. O efeito do ataque era mais uma combinação dos alvos e intensidade. Aumentou de intensidade durante a guerra, primeiro na Guarda Republicana, e depois na linha de frente com cada um dos nove Kill Box recebendo 100 strikes por dia. Os ataques aéreos impediram as tropas de se moverem ou ficaram sem vontade de manobrar. Sem comunicações, atrito material, e destruição do sistema distribuição, ajudavam a diminuir o moral.

Na campanha terrestre, os desertores mostraram que perderam a vontade de lutar. Os que se renderam em direção as tropas disseram que os que ficaram tinham intenção de se render e foi o que aconteceu. Alguns foram voluntários para dirigir até o campo de prisioneiros. Nenhum tentou fugir.

Guerra Terrestre

O assalto por terra iniciou a 1:00 hora da madrugada de 24 de fevereiro de 1991. Os B-52 atacaram pontos de abertura de brecha nos primeiros dias na linha de frente e depois na área do rio Eufrates. Nos primeiros dois dias da ofensiva terrestre, atacavam mais as concentrações de tropas e equipamentos atrás da FSCL (Fire Support Coordination Line) e a noite mais em profundidade com apoio do JSTARS e FAC(A) (controlador aéreo avançado no ar).

Os franceses atacaram primeiro com uma missão de reconhecimento a frente da 6a Divisão Blindada Leve. A Divisão 101 lançou a base avançada Cobra 200 km dentro do Iraque. Os helicópteros Apache atacaram tropas ao redor e os FAC em terra guiaram os A-10 contra as posições inimigas. As 10:30h a base estava pronta para apoiar ataques mais ao norte. A força logística ligou para apoiar por terra. No dia 25, a base já estava a 40 km do rio Eufrates.

O XVIII Corpo Aéreo com a 24 Divisão de Infantaria avançou por último. A meia noite do dia 24/25 atingiu 79 milhas dentro do Iraque. Seria uma força de bloqueio para proteger o VII Corpo. Mais a leste a 1a Divisão de Cavalaria sondou a frente em Wadi al Batin para indicar onde seria a ofensiva principal. Ao contatar o VII Corpo destruiu elementos de cinco Divisões iraquianas.

O USMC no leste, próximo a costa, teriam uma distância menor para cobrir, mas eram defesas mais significativas. Só encontrou um batalhão de tanques e capturou intacta. No fim do dia, atingiu a base de Al Jaber destruindo 31 carros de combate e capturando 3 mil tropas.    

Após a batalha de Khafji, os planos de avanço dos fuzileiros mudaram. Os sauditas ficaram confiantes e queriam avançar pela costa com o USMC mais a oeste indo direto para o aeroporto do Kuwait. Antes o USMC cercaria a cidade e os sauditas viriam atrás para combater nas casas e reconquistar a cidade. Depois receberam um setor próprio para avançar. Então a tropas tiveram que se mover por 100 km para oeste até Al Qaraah.

Três batalhões de fuzileiros treinaram para tomar a base aérea de Al Jaber em um assalto aéreo. A simulação em computador mostrou mais de 80% de baixas e foi cancelado. Precisariam de mais de 70 helicópteros e 10% seriam derrubado. Depois teria que esperar reforço até o dia seguinte chegar por terra no eixo principal. As imagem de UAVs mostraram muitas árvores e trincheiras na base o que dificultaria o assalto. O único assalto aéreo do USMC foi de um batalhão no campo de petróleo de Burgan no Kuwait como parte da TF X-ray.

A missão passou a ser abrir uma brecha com dois batalhões para o resto das tropas passarem e segurar os flancos em uma posição de bloqueio. Seria feito por tropa a pé no deserto. Cada lado seria coberto por um batalhão com um buraco no meio para o avanço principal passar. O campo de minas na fronteira era fino, mas os pontos mais finos podiam estar sendo cobertos por artilharia. Era com os EUA fazia nas suas defesas.

O avanço para a posição de bloqueio do USMC foi feito dois dias antes do ataque principal. As tropas que apareciam eram atacadas com artilharia e mísseis TOW. A aviação atacou pesado a frente para o inimigo ficar parado e só olhar para cima. Os OV-10 voavam acima fazendo reconhecimento a frente e chamaria CAS próximo as tropas.

As tropas foram atacadas a noite e pensaram que foram descobertos, mas era um míssil HARM que atacou um radar de contra-bateria. Um helicóptero de guerra psicológica americano quase foi derrubado, mas a unidade Stinger preferiu identificar primeiro antes de disparar.

O avanço foi as 22 horas em tempo frio e as nuvens acima diminuindo a visão com o NVG a 200 metros. Era até ótimo para penetração. A tropa avançou a até 1 km do campo minado e encontraram um bom local para ultrapassar. Limparam as minas com sondas, depois com veiculo anti-minas e avançaram no campo minado "limpo" pisando na pegada do soldado a frente. A maioria das minas estava na superfície e foram marcadas com bastões de luzes química. O campo minado parecia ser sido feito com preguiça. Simplesmente jogavam as minas no chão e nem armavam direito. As trincheiras iraquianas eram mal feitas e pouco profundas. As armadilhas de arame farpado acionaram explosivos no campo de óleo que queimou e iluminou a posição. Os iraquianos não reagiram.

No avanço principal do USMC a resistência foi pouca e as tropas logo se renderam. Estavam bem armadas e equipadas. Se quisessem poderiam ter dado muito trabalho aos fuzileiros. As tropas mais a retaguarda disparavam nos iraquianos se rendendo e até com morteiros. O FAC em terra enviou um OV-10 para tentar detectar o morteiros pois tinham esta capacidade. Algumas tropas tinham acabado de ser liberadas do Irã em dezembro e foram logo enviadas para a frente de batalha. Receberam armas e roupas novas e foram enviadas para a frente. Se renderam pois queriam é voltar para casa.

O USMC consideraram a tomada do Kuwait bem fácil pois havia cinco Divisões e cinco Brigadas de Forças Especiais direcionada para a costa. Não podiam se movimentar a não ser com ordens de Saddam. Havia uma Brigada no aeroporto do Kuwait. Ao mover para encarar o avanço por terra a guerra já estava praticamente terminada. Na volta para a Arábia Saudita as tropas viam o estrago do avanço com veículos nas laterais da estrada e a estrada toda esburacada pela artilharia. Também viram os lançadores de foguetes Astros destruídos que tanto os incomodavam antes da fase terrestre.

No segundo dia, as tropas do USMC já podiam cercar a cidade do Kuwait e as rotas de fuga. A 101 Divisão estabeleceu uma posições de bloqueio no rio Eufrates a oeste de Nasiriyah na rodovia 8. Foram auxiliados pelos C-130 que lançaram 100 toneladas de comida e água para ajudar os prisioneiros capturados. A leste a 24 Divisão de Infantaria estava em posição para cobrir o flanco do VII Corpo. O terreno molhado atrasou o avanço.

O VII Corpo avançou para o contato. A aérea a frente até 70 km foi atacada pelos A-10 e depois pela artilharia pesada antes de chegarem. Foi apenas um engajamento do dia contra uma Brigada destruída no contra-ataque de 40-45 blindados em 10 minutos.

O USMC teve o avanço atrasado por uma série de contra-ataques. Não precisava ser um avanço rápido ou não daria para cercar com tropas vindas do oeste. O avanço teve muito apoio de CAS dos AV-8B, A-10 e F/A-18.

O dia 25 foi ótimo para voar devido ao bom tempo. Com as tropas em terra varrendo as posições de artilharia antiaérea e mísseis SAM, os A-10 teve o trabalho facilitado. De 239 saídas apenas 89 foram consideradas ineficazes. Voavam baixo podendo atacar com o canhão de 30 mm. Dois pilotos destruíram 23 carros de combate apoiados por um FAC em terra. Em outra ocasião os soldados e seus carros de combate se renderam assim que os A-10 apareciam. Os AV-8B realizaram 274 saídas e em 143 não dispararam as armas.

No dia 25, os Iraquianos devem ter acordado para a catástrofe no campo de batalha. Saddam anunciou a retirada geral do Kuwait mais para salvar o seu exército. Tentaram dois bloqueios para cobrir a retirada. No oeste a Guarda Republicana tentaria barrar a coalizão e uma Divisão blindada no leste tentaria barrar o avanço na cidade do Kuwait.

No dia 26, a 24a Divisão de Infantaria atingiu o vale do rio Eufrates. Fizeram outro bloqueio de estrada na Rodovia 8 e atacaram as bases aéreas de Tallil e Jaliba. Os A-10 apoiaram os ataques em Tallil que foi tomado no fim do dia. O VII Corpo atingiu uma posição ao norte e podia varrer as tropas iraquianas em direção ao leste. O VII Corpo tinha quatro Divisões divididas de norte a sul e um regimento blindado.

Na noite do dia 26/27, as forças de bloqueio do Iraque foram completamente destruídas. O VII Corpo destruiu a 12a e 52a Divisão blindada, a maior parte da Divisão Tawakalna e a 48a Divisão de Infantaria com poucas baixas.

O avanço do USMC quebrou a coesão das defesas ao sul do Kuwait no dia 26. A rodovia para Basra foi atacada pelo ar. Com a cabeça de fuga bloqueada, virou um engarrafamento gigante que foi chamado de "rodovia da morte". A tomada do aeroporto internacional do Kuwait teve resistência mais pesada e os AV-8B e F/A-18 fizeram CAS para amaciar as tropas. No dia 27, as tropas do Iraque atingindo Basra podiam ser atacadas e destruídas, mas o cessar fogo já era esperado.

Os iraquianos esperavam que o avanço mudasse para uma guerra estática com atrito pesado nos dois lados. As tropas avançadas dariam alerta e iniciariam o atrito. Atrás da frente quatro Divisões blindadas contra atacariam para selar a penetração. Mais atrás dois Corpos fariam um contra-ataque pesado. Depois seria seguido da Guarda Republicana para o golpe final. Na prática não tiveram tempo para se concentrar para as ações. Na verdade a infantaria entrou em colapso logo no começo. As reservas confrontaram tropas avançando mais rápido do que o esperado. Não esperavam ataque no oeste e sim do sul percebendo a falha muito tarde. As táticas de atrasar com trincheiras de petróleo já tinham sido anuladas pelos F-117 que atacaram as bombas de óleo.


Descrição do avanço da Coalizão por terra.

Comando e Controle no CAS

O TACS (Tactical Air Control System) deslocado para a Operação Desert Storm apoiaria as tropas de quatro modos: com as ATO (ordens fragmentárias); ações do ASOC (Air Support Operation Center); TACP; e ABCCC. O TACS atua com dois tipos de pedidos de CAS: imediato e pré-planejado, com pedidos para apoiar futuras operações.

O pedido imediato é originado nos níveis mais baixo das tropas ou estrutura de comando até o nível de pelotão ou companhia. O pedido vai para o TACP, depois de validado era passado para o ASOC, e o ASOC dá valor conforme a urgência e plano operacional. O próximo passo pode ter várias rotas. O espaço aéreo pode estar sendo controlado pelo CRC, ABCCC, AWACS, ASOC ou uma combinação. Por exemplo, se o ASOC estiver controlando as aeronaves CAS então simplesmente chama as aeronaves disponíveis e direciona para a área onde o CAS for necessário. Se não tem aeronaves disponíveis então chama o TACC e pede aeronaves disponíveis, podendo ser alerta em terra ou no ar.

Se o ABCCC estiver controlando as aeronaves e o AWACS o espaço aéreo, o ASOC pede aeronaves para o ABCCC. Se tiver aeronave envia e se não pede para o AWACS. Se AWACS também estiver sem aeronaves pede para o TACC. As aeronaves enviadas são indicadas a contatar um FAC em terra ou no ar. O FAC ajuda a identificar os alvos e as tropas amigas.

O CAS pré-planejado é organizado de forma diferente. O pedido se origina na cadeia mais alta de comando. O BCE no TACC prioriza os objetivos das tropas em terra e cria as ATO.

A localização de alvos e controle de saídas além da FSCL era feita por vários meios como o AWACS, ABCCC, JSTARS, Fast FAC e Killer Scout. Os alvos eram áreas de reunião, comboios de estradas, Postos de Comando, artilharia, lançadores de foguetes, e mísseis SSM, além de forças de manobras como blindados e carros de combate. Os UAV foram empregados pela primeira vez em combate sendo usados os Pionner, Pointer e Exdrone.

O JSTARS ajudava a localizando alvos fixos e móveis nos Kill Box e passava as coordenadas para o centro de comando da USAF (ABCCC) e do USMC (DASC). O AWACS e ABCCC controlavam com o C2 as operações nos Kill Box.

Seis C-130 ABCCC operavam no local com um voando em uma órbita próximo a frente de batalha. A aeronave fazia Comando e Controle para as missões de Apoio Aéreo Aproximado e Interdição do Campo de Batalha (CAS/BAI). O ABCCC controlava o trafego entre os Kill Box, e controlava a quantidade e posição das aeronaves na frente de batalha.

Os AWACS ajudavam com conselhos, alertas de ameaças, chamava escolta de supressão de defesas e patrulhas de combate aéreo se necessário, passava frequência dos FAC, e direcionava para o REVO. Os E-3 orbitavam por 12 horas mais 2-3 horas para ir ou vir para a base. O Estado Maior do Airborne Command Element (ACE) ficava no AWACS. O ACE tomava decisões importantes como quem vai reabastecer primeiro se tem muitos caças para fazer REVO e escolhe a prioridade e quem vai para outra aeronave REVO.


Imagem da tela do radar do JSTARS mostrando alvos móveis. A imagem acima é da fuga das tropas iraquianas do KTO, chamada de "a mãe de todas as fugas", depois que Saddam afirmou que a batalha pelo Kuwait seria a "mãe de todas as batalhas".

A FSCL (Fire Support Coordination Line) foi usada para coordenar fogos. O AWACS e ABCCC coordenava o fluxo de informações do JSTARS. O ASOC controlava a informações com o FAC indicando onde havia tropas amigas e inimigas. Em uma ocasião um F-16 Killer Scout notificou o ASOC do XVIII  Corpo Aéreo de uma formação blindado próximo a base aérea de Jaliba. O ASOC identificou como sendo a 24a Divisão de Infantaria. Os caças chegando para o ataque logo foram alertados que os alvos maravilhosos abaixo eram amigos.

A FSCL foi movida sem referencia ao comandante aéreo em várias ocasiões como próximo a Basra e no norte do rio Eufrates. No caso do Eufrates, o US Army planejava realizar incursões de helicópteros Apache contra alvos em Hawar al Hammar e moveram a FSCL para poder atacar. Estavam tentando evitar serem controlados pela USAF. O resultado foi atrapalhar o ataques da USAF e US Navy no norte do Eufrates e rodovias no local a não ser com FAC(A), mas estavam todos concentrados nas missões de CAS no KTO. Mas o mau tempo atrapalharia mesmo se estivessem disponíveis. O TACC conseguiu convencer o alto comando das forçar a mover a FSCL para trás. Demorou 15 horas e enquanto isso os ataques com os Apaches contra veículos fugindo foram poucos.


Movimento da FSCL a frente do avanço do USMC entre os dias 24 a 26 de fevereiro. Os pontos são alvos atacados pelas aeronaves do USMC.

Com poucos episódios de baixas amigas os episódios de fogo amigo puderam ser analisados em profundidade. Boa parte foi fogo amigo e estavam mais relacionados com a rapidez do avanço. O mau tempo também assim como a fumaça do óleo queimando. A movimentação metódica poderia ser uma medida para diminuir as baixas amigas, mas permitindo que o inimigo se organizasse e causasse ainda mais baixas na coalizão.

A coordenação ar-terra próximo das linhas em CAS era feito pelos FAC para evitar fogo amigo. Com um FAC no ar preferiam que o inimigo escapasse a arriscar fogo amigo. Em terra é não atacar se tiver qualquer dúvida que seja amigo ou inimigo. Mesmo assim ocorreram episódios de fratricídio. De 247 mortes em batalha na Operação Desert Storm, 35 foram por fogo amigo. O fogo ar-solo foi responsável por 11 perdas. Estes 4,5% pode ser baixo, mas seria ainda menor se as tropas iraquianas fossem mais eficientes.

A maior perda foi um blindado Warrior britânico atingido por um A-10 matando sete tropas. Era uma aeronave especializada em CAS. O piloto desceu de 15 para 8 mil pés para identificar, não viu o painel laranja acima do veículo. Dispararam mísseis Maverick IR a 8 km e depois enviou as coordenadas do alvo. O ala mandou reconhecer novamente pois viu erro. Podia reconhecer os painéis a 6 mil pés e identificar o alvo a 15 mil pés. O Warrior de engenharia estavam destruindo blindados, viram os A-10 mas pensaram em minas. O alvo real que os A-10 estavam procurando eram 50 blindados T-55 próximos.

Os fuzileiros perderam 24 homens sendo metade por fogo amigo. No Vietnã podiam perder mais que isso em um pelotão emboscado na fronteira com o Vietnã do Norte.

Foram dois blindados atacados por engano, mas a aviação atacou cerca de 10 mil veículos inimigos. Foram mais de 45 mil ataques próximo as tropas com pouco fogo amigo. A maioria ocorreu a noite quando é mais difícil identificar os alvos. No ar foram mais de três mil saídas ar-ar sem fratricídio.

A frase "fogo amigo" é o termo mais sério no vocabulário do CAS. Desde o primeiro dia de treinamento os pilotos aprendem o conceito de fratricídio como sendo a maior falha da missão. Mesmo assim erros são cometidos. O "V" invertido pintado nos veículos funcionava para identificação terra x terra, mas não ajudou os pilotos por ser difícil de ver do ar. A área da Operação Desert Storm era relativamente plana e sem vegetação para ocultar alvos ao contrario de alvos na Europa, Bálcãs e Coréia do norte. Os veículos podiam ser facilmente detectados. Em contato com tropas amigas pode ser difícil saber quem está de que lado.

O CAS noturno era limitado ao uso de bombas de queda livre disparadas paralela a frente, para diminuir o risco de fogo amigo. O míssil Maverick era disparado a 2 km das tropas amigas e o canhão a 1 km. O A-10 não fez CAS noturno pois os OA-10 não podia operar a noite. Os alvos noturnos eram artilharia e blindados em posições fixas ou comboios se movendo. Todos os A-10 estavam equipados com o detector laser Pave Penny, mas foi pouco usado em CAS. Os mísseis Maverick IR e flares eram usados para aquisição de alvos a noite. Disparavam em mergulho raso e altitude mais baixa que de dia para diminuir a efetividade da artilharia antiaérea e MANPADS. Os A-6E foram usados apenas a noite para CAS/DAS e reconhecimento armado.

O uso de FAC em terra foi uma das técnicas para evitar fratricídio no Golfo. Criaram zonas onde os caças só atacavam com controle de FAC em terra. Depois estavam livres a frente da FSCL. No USMC consideram CAS como apoio de FAC e sem apoio de interdição aérea, mas dentro do FSCL.

Os FAC tinham outras funções além de evitar fogo amigo. No planejamento das operações o FAC orientava sobre o uso do CAS. Podia sugerir chamar helicópteros para acompanhar as patrulhas, avanços e fazer vigilância, ou indicar se teriam disponibilidade de CAS de aeronaves. Todo batalhão do USMC tinha um capitão que era um FAC. Antes da operação treinaram SIMCAS (simulated CAS) com os F/A-18 e Harrier. Os FAC tinham disponibilidade de GPS, o que era raro na época e muito útil no deserto.

O rádio dos FAC do USMC não tinha salto frequência Have Quick como os da USAF. O Have Quick muda de frequência automaticamente evitando o inimigo trancar e jamear. Já o rádio criptografado leva 2-3 segundos atrasando as transmissões o que podia ser vital pois era quando os caça mergulhavam e não dava tempo para cancelar. Então não usavam rádio criptografado no final do ataque.

Push
CAS

Para os pilotos, uma guerra curta duraria 3-4 semanas. Esperavam pelo menos duas semanas de guerra. Esperavam rendição em massa devido a AI e o moral baixo. Alguns esperavam que durasse mais, pensando que Saddam queria atritar para causar muitas baixas e vencer pelo cansaço. Outros esperavam que durasse até seis meses. Esperavam fanatismo religioso. Alguns queriam destruir os iraquianos pelo ar por muito tempo, mas tropas em terra estavam impacientes. Já os iraquianos estavam esperando apenas a oportunidade para se render. Os oficiais tiraram tudo de branco dos soldados, mas os soldados guardaram os pára-quedas dos flares do SUU-2 e esconderam.

Antes da guerra terrestre, os pilotos brifados nas missões de CAS. Os F-16 atacariam mais o segundo escalão, ainda como kill zones com apoio dos Pointer. Os A-10 trabalhariam mais com o US Army.

A ofensiva terrestre ocorreu entre os dias 24 a 28 de fevereiro. Com a data planejada, as saídas foram definidas previamente e toda a ação aérea foi direcionada para apoiar a ofensiva em terra. As saídas de CAS e AI no KTO viraram prioridade.

As ATO controlavam e coordenavam o fluxo de missões aéreas. A ATO era responsável por evitar conflito de trafego aéreo, evitar fratricídio no ar e coordenava a fase estratégica, mas para os comandantes em terra as ATO não foram usadas devido a demora de 72 horas no ciclo de decisão, não podendo ser a resposta a sua necessidade na fase de assalto e preparação. Então criaram a tática "push flow" para resolver o problema.

A tática "push CAS" criaria as saídas CAS desejadas em um ambiente rico em alvos. As esquadrilhas chegavam em um local na rota de ataque continuamente, até de 7 em 7 minutos, ao invés das tropa em terra esperarem chegar após pedirem uma missão. Assim o CAS eram "empurrada" para as tropas. Se ninguém precisasse da missão os caças ficavam em órbita por um tempo. Se não fossem chamadas iriam para os alvos secundários de Interdição Aérea ou alvos pré-determinados mais em profundidade. Depois eram substituídos por outra esquadrilha seguindo o mesmo ciclo. As novas aeronaves chegariam para substituir e assim as tropas sempre teriam aeronaves para CAS disponíveis rapidamente se precisassem. O sistema funcionou bem com aeronaves de sobra. Enquanto o "Push CAS" atua com fluxo constante, o "Pull CAS" atua com alerta em terra.

O USMC também realizou seu próprio "Push CAS". A 2a MAW iniciou as operações em 22 de fevereiro, dois dias antes do assalto em terra, quando foi iniciada a preparação para a penetração no Kuwait. As aeronaves decolavam em intervalos previsíveis, sem alvo especifico ou missão. Checavam com o TACC e passava para o DASC. Após checar com o DASC iam para o empilhamento primário esperando uma missão de CAS. Se não aparecesse um alvo em 7 minutos de dia e 15 minutos a noite, eram passados para o F/A-18 Fast FAC para fazer Deep Air Support.


Locais de empilhamentos das aeronaves de CAS. O empilhamento leste foi mais usado pela US Navy e enquanto a USAF era empilhada mais para oeste.

No dia 24 de fevereiro, foram realizadas 550 saídas da USAF e USMC com os A-10, AV-8B e F/A-18 nas missões de CAS. As aeronaves da USAF voaram 381 saídas de AI e 70 de CAS. O USMC adicionou 46 saídas de interdição aérea e 28 de CAS. Foram definidas como CAS por serem próximas a fronteira da Arábia Saudita e não apoiaram tropas engajadas com os iraquianos. As aeronaves da US Navy e outros países não fizeram CAS. As aeronaves também tinham apoio de aeronaves de guerra eletrônica, jameando radares de vigilância, contra-bateria e radar de busca das baterias de mísseis SAM.

No dia 24, uma saída típica era os Jaguar atacando a base aérea de As Salman, os F-16 atacando a base aérea de Al Busayyah, e os A-4 atacando artilharia na área norte.

Foi planejado 50 saídas por hora para uma frente de 200 km e poucas foram usadas. A maioria foi enviada para AI além da frente de batalha pois as tropas não precisaram. Contra resistência leve as tropas usavam mais seus próprios meios de apoio de fogo como blindados e artilharia.

A maioria das aeronaves tinha alvo ao decolar e outros seriam enviadas para o sistema "push CAS", mas sem alvo. As saídas sem alvo de CAS eram direcionadas pelo ABCCC para realizar missões AI. As aeronaves iam para a área sem alvo definido e recebiam um alvo do JSTARS, Killer Scout ou F/A-18D. A tática facilitou o planejamento podendo ajustar a situação tática ainda no ar.

A ofensiva em terra teve poucas oportunidades para as missões de CAS. Os alvos eram menos que o esperado pois os iraquianos se renderam em grande quantidade. As saídas CAS reais foram poucas. Foi citado como 500 por dia nas ATO, mas nos dados do USMC foram 14% dessas saídas. Já na primeira manhã os FAC em terra estavam mandando as aeronaves voltarem para o TACC por não serem necessárias e várias voltaram para a base com armas.

As aeronaves de CAS primário eram os A-10 e AV-8B. Os A-10 foram 316 de 909 sadias ou 35% como disparando bombas. Os AV-8B foram 143 sem disparos e 131 com disparo.

O mau tempo e a fumaça dos oleodutos atrapalhou o disparo visual e atrapalhava a coordenação. O avanço foi rápido assim como a mudança do posicionamento da FSCL e as áreas de interdição também mudavam rápido. A navegação no deserto era difícil e criava mais riscos. Foram muitas operações noturnas onde não ocorreria CAS como já planejado. Ficou difícil distinguir as tropas amigas das inimigas e o CAS ficou perigoso.

No primeiro dia o mau tempo atrapalhou. Voando abaixo as nuvens facilitavam ver a silueta pelos operadores da artilharia antiaérea e os MANPADS viraram uma ameaça real. Foram quatro baixas no primeiro dia.

A resistência foi fraca e com pouca oposição foram gerados poucos alvos com poucos episódios de TIC (tropas em contato). Sem muita resistência no avanço o CAS teve papel periférico na guerra. Todas as forças iraquianas caíram rápido, geralmente sem resistência o com resistência leve. A não ser pouca resistência determinada, como em duas na área do USMC e vários na frente do US Army como a Guarda Republicana, foram poucas onde tropas em terra não deram conta. As tropas em contato foram poucos para mostrar como o CAS era eficiente. O avanço em terra foi tão rápido que os FAC em terra geralmente se recusavam a liberar os ataques devido ao risco de fratricídio. Os pilotos de Apache citam que quando um blindado era atingido os outros eram abandonados pela tripulação que fugia. Na maioria dos engajamento contra blindados os iraquianos estavam parados e não atiravam.

As saídas foram bem mais que o necessário e iam para alvos alternativos a frente do avanço. Foram poucas saídas de CAS reais e o maior estrago foi contra as tropas de reserva e fugindo. A rodovia da morte virou um gargalo do trafego na fuga.

No total foram realizados 23.400 ataques diretos contra as forças iraquianas no KTO. Desse total, 1.050 da USAF e 750 do USMC foram em apoio a forças da coalizão avançando em terra. Em termos relativo pode ser diferente pois foram 550 saídas por dia nas 100 horas de combate em terra, em relação as 23.400 em 42 dias, com uma média de 430 por dia. Quando é necessária o CAS se torna a missão mais importante. No geral foram apenas 6% de todas as missões. Para o USMC eram todas as saídas a até 5 milhas da frente aumentando o número total. Nas contas do USMC 70% das aeronaves faziam CAS e 14% chegaram perto da FSCL e poucas engajara alvos.

O US Army usada o CAS diferente do USMC. O CAS atuavam 40 milhas a frente enquanto a artilharia ou os Apaches atuavam mais próximos. Um exemplo foi um ataque dos A-10 contra a base aérea de Tallil em 27 de fevereiro antes do assalto da 24 Divisão Tawakalna em 26 de fevereiro e depois contra a Divisão antes da batalha da rodovia 73 Leste.  

O US Army pediu pouco apoio aéreo aproximado. Preferiam usar o poder de fogo orgânico como artilharia, helicópteros e carros de combate M-1 Abrams. Os helicópteros de ataque do US Army e USMC também fizeram CAS. Os AH-64 fizeram incursões além da fronteira uma semana antes dos combates em terra, de até 50 milhas ou mais nos dois últimos dias finais da guerra. Faziam o CAS mais próximo por poderem manobrar com as tropas e manter contato.

Os helicópteros viram ação junto com as tropas em frente e de forma independente em ataques profundidade atrás das linhas, principalmente no XVIII Corpo. Foram usados mais em teto baixo e fumaça. Na área mais restrita do USMC atuavam bem próximo as tropas avançando. Foram usadas contra tropas se retirando.

O CAS não foi considerado essencial para cumprir a missão pois o US Army tinha muita artilharia. Já o USMC investiu muito no CAS e precisava pois tinha menos poder de fogo orgânico, mas a resistência foi pouca e não deu para testar o sistema como queriam.


Interdição Aérea na Fase IV

A maior parte das saídas no KTO durante o avanço em terra ainda foi de interdição aérea. O mau tempo impedia a maioria das saídas de CAS então foram desviadas para AI evitando que os iraquianos se movessem, enviassem suprimentos, e atacando postos de comando, estradas e pontes. A noite os Kill Box era atacados pelos F-111, F-15E, A-6 e F-16 com LANTIRN (dois esquadrões) atacando mais ao norte. Os Tornados e F-117 continuaram atacando alvos estratégicos. Os Tornados atacaram bases aéreas e a força na Turquia também atacou alvos estratégicos.

A Interdição Aérea realizada na campanha terrestre foi em mau tempo, com mudança de alvos rapidamente, assim como prioridade de alvos. A área de operação diminuiu com o avanço e os ataques logo saíram do KTO. Foram duas fases, a primeira com o inicio da guerra em terra em 25 de fevereiro atacando as Divisões de reserva e a Guarda Republicana para evitar que se movimentassem. A segunda fase iniciou após o reconhecimento indicar a fuga em massa das tropas do Iraque fim do dia 25 fevereiro. Então o foco até o fim da guerra era perseguir e destruir a força retraindo.

A interdição aérea foi considerada efetiva pois as tropas se concentraram para reagir e fugir e se tornaram alvos lucrativos. Inicialmente atacariam a contra-ofensiva, mas como estavam fugindo a aviação se concentrou na fuga. Os choke points na fuga foram as estrada saindo do Kuwait e outra era Basra onde as pontes estavam derrubadas.

As forças mais atacadas estavam mais ao sul enquanto as mais ao norte tinham mais chances de fugirem intactas. Os choke point era as montanhas de Mutla a oeste da cidade do Kuwait e a estrada para Basra com vários choke point naturais. Os choke point criavam várias milhas de trafego engarrafado fácil de ser atacado e virou rodovia da morte nos noticiários. Estimado mais de 1.400 veículos destruídos, mas encontraram apenas 28 blindados entre eles. Encontraram 200 a 300 mortos na área com resto fugindo ou virando prisioneiros. O terceiro choke point era cidade de Basra. Todas as pontes no canal da cidade foram destruídas e o trafego parou. O local não foi atacado por ser uma cidade, devido ao mau tempo e o risco de atingirem o Irã.

Foi na fase de movimento da Guarda Republicana que sofreram o maior dano em equipamento. Os prisioneiros confirmaram a não ser depois com tank plinking. Um prisioneiro veterano da guerra contra Irã cita que sua Brigada sofreu mais em 30 minutos que em oito anos contra Irã.

A ponte em Hwar Al Hammar era outro choke point principalmente da Guarda Republicana. Foi bloqueada na tarde de 26 fevereiro pelos F-111F e depois seguida por outras aeronaves incluindo helicópteros Apache. As tropas encontraram mais de 500 veículos abandonados no local.

Na guerra terrestre, os F-15E fizeram AI nos Kill Box e road rece, cortando os suprimentos e evitando a fuga dos blindados. Na terceira noite foi uma fuga em massa. Com mau tempo, chamaram os F-15E e pegaram os pilotos que pareciam bons para a missão. Os A-6E e os F-111 não conseguiram voar por baixo e os F-16 atacaram coordenadas. Se as tropas iraquianas fugissem e se dispersassem na região do Eufrates, a guerra podia durar mais duas semanas.

Os F-15E foram em duplas, um esperava e outro fazia rnoad recce. Viam muitos alvos com luzes acessas, como os caminhões alinhados. Um atacou uma intercessão para criar um engarrafamento, para poder atacar uma maior concentração. Os motoristas desligavam e depois religaram as luzes para se movimentar. Havia muita artilharia antiaérea, mas mesmo assim conseguiam disparar visual. Voavam baixo até 3 mil pés. Depois pararam com medo de serem punidos, mas foram ordenados a arriscar. Outros nem puderam "mapear" o local devido a chuva. Dispararam em coordenadas do INS e depois o radar não funcionava devido a muitos retornos de metal. Disparavam string de 12 CBU-87 em 800 metros de estrada.

Após a invasão terrestre, os F-15E tinham kill box para atacar artilharia e concentração de tropas. Em mal tempo voavam baixo, armados com bombas em cacho, contra comboios fugindo do KTO com o JSTARS guiando. Voavam a menos de três mil pés, dentro do alcance da artilharia antiaérea e mísseis portáteis. A tatica de atacar primeiro e o ultimo para parar o comboio.



Rodovia da Morte. Os iraquianos eram bem vulneráveis se movendo, de dia ou a noite, comparado com as tropas entrincheiradas. O JSTARS identificava a trilha de colunas atacando ou retirando, e os caças com munição guiada podia atacar os alvos. Veículos fora de abrigos ou se momento eram susceptíveis a mais armas como canhões e minas aéreas. O sucesso contra as forças móveis foi maior que contra as forças abrigadas, camufladas ou com outras medidas de defesa passiva.


Ataques de Interdição entre os dias 26 a 27 de fevereiro. Os retângulos indicam as áreas com grande concentração de ataques. As saídas dos A-10 e AV-8B não estão incluídas.


Raid
de Artilharia

O USMC temia muito a artilharia do Iraque por ter maior alcance que as suas. As tropas do USMC foram atacadas por foguetes de 300mm do lançador ASTROS. Não esperavam que a artilharia fosse até Khafji. No primeiro ataque, os foguetes atingiram a posição a cerca de 1km de distância a noite. Alguns viram os foguetes caindo sendo cerca de 7 a 8. Caíram na posição das tropas do Qatar sem causar baixas. Depois passaram a ser atacados todas as noites entre as 18 e 22 horas e em mau tempo. O efeito psicológico foi grande. Pelo tamanho da cratera que determinaram como sendo foguetes de 300mm. Os ataques foram apelidados de "washing machine charlie" devido a um programa de TV.

A artilharia iraquiana era considerada efetiva, sendo o alvo prioritário, seguido de carros de combate, blindados e pessoal. Esperavam que os iraquianos concentrassem sua artilharia e até usariam armas químicas. Estudaram o padrão de ação contra o Irã quando usavam táticas de pegar tropas iranianas em ciladas e confinar em "fire-shacks", onde milhares morriam. A coalizão sabia que tinham mais de 1.200 peças a frente dos fuzileiros. Estudaram a posição e parecia que queriam armar ciladas em duas fire-sack durante o avanço. O fogo na área já tinha sido pré-plotado ou pré-disparado e seria bem rápido. Sabiam que a aviação não daria conta de atacar tudo então iniciaram emboscadas de armas combinadas para derrotar a artilharia iraquiana.

Os raids de artilharia iniciaram na noite de 20-21 de janeiro. Provocariam a reação nas forças iraquianas e os atacariam até sair das posições fortificadas e retornar fogo. Radares contra-baterias cobririam a até 40 km. Resultado é que o fogo de contra-bateria teria que ser feito pelos caças. Os EA-6B do USMC apoiariam jameando rádios e radares de contra-baterias iraquianos.

As baterias moveriam a 20-30 km da posição com tropas nos flancos usando peças M-198 de 155mm. Um FAC em terra apoiaria coordenando com aeronaves A-6E e A-10 em caso de contra-ataque por terra. Era mais uma emboscada de artilharia. A bateria tomava posição e esperavam aparecer no alcance. Disparava e muda rápido de posição. Um caminhão tinha INS ia para a posição desejava sem alteração. Com os iraquianos disparando na posição enviaram duas baterias. Disparavam, os iraquianos reagiam, e outra bateria contra-atacava. Depois os ataques diminuíram. Os caças e RPV procuravam veículos se movendo a noite no lado iraquiano.

Os raids de artilharia foram usados para engodo, mantendo os iraquianos fora do foco e testando a resposta iraquiana. O USMC aprendeu que respondiam ao fogo se atacados e era fogo sem precisão. Então a artilharia do USMC avançava e atirava. Os radares, Fast FAC e os caças esperavam o fogo de retorno, localizavam e atacavam. Os prisioneiros citam que o fogo de contra-bateria era tão preciso que disparavam e logo se escondiam esperando o fogo de precisão. Com o avanço continuaram a usar esta tática, mas diminuiu de necessidade.

Os radares contra-bateria do USMC estavam ligados direto com os  F/A-18D FastFAC. No inicio da guerra terrestre, entre 6:00 e 14:00h do dia 24 de fevereiro, foram detectados 42 canhões iraquianos disparando sendo que 24 foram atacados pela própria artilharia do USMC e o resto pelos Harrier guiados pelos FastFAC.

 


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