Apoio Aéreo Aproximado na Operação Iraq Freedom

 

Já durante a Guerra do Vietnã a USAF passou a levar o CAS mais a sério levando ao desenvolvimento das aeronaves A-10 e AC-130, junto com novas armas e sensores, mas a USAF ainda era dominada pelos pilotos de caça. 

 

A USAF ainda considerava o CAS uma tarefa secundária e pouco custo-efetivo. Atacar alvos fixos era considerado mais efetivo que fazer "tank plinking". Até no treinamento o CAS era secundário assim como para conseguir fundos. Os pilotos de A-10 e F-15E nem eram considerados pilotos de caça sendo relegados a fraternidade de pilotos de bombardeiros. Em terra, a carreira dos ROMAD (TACP e tropas de apoio) era desconhecida. Atuar como ALO (Oficial de Ligação Aérea) era o purgatório dos pilotos  de caça sendo evitado como uma praga. 

 

A propaganda do CAS na OEF levou a uma mudança de direção, mas ainda assim a USAF considerava a OEF uma aberração e queriam voltar aos negócios normais. Na OIF o Poder Aéreo deveria atacar mais alvos fixos pois no Iraque havia mais que no Afeganistão.

 

Os planos da OIF foram criticados por usarem poucas tropas. O tamanho do Iraque exigia mais de duas Divisões na frente de batalha. Mas ao contrario de outras guerras o Poder Aéreo não se concentrou nos alvos estratégicos e nem o Poder Terrestre avançou sozinho. O plano era simples: o Poder Aéreo destruiria tudo a frente do avanço e as tropas passariam por cima. Só avançariam depois do inimigo ser destruído pelo ar. O objetivo era diminuir as baixas nas tropas amigas ao mínimo.

No Vietnã um Capitão entrou em Hue com 147 tropas e apenas sete saíram com ele. De 14 membros do seu grupo de combate sete morreram. Depois passaram a usar manobras e armas para devastar o inimigo com menos custo em vida.

A Doutrina Air-Land da década de 80 era uma mudança da mentalidade do Vietnã de busca e destruição. Passaram a buscar meios de derrotar os soviéticos. No Vietnã o USMC sofreu mais perdas operando próximos a fronteira com o Vietnã do Norte e não podiam ir atrás do inimigo que fugia. Foi criada uma cultura de não lutar e só levava a feridos e mortos. As tropas não desenvolveram uma teoria da vitória. O USMC tinha que ser mais leve que o US Army para operar em navios. Não operaria na fronteira com o Pacto de Varsóvia do outro lado onde era necessário fortes forças blindadas e artilharia. O USMC passou a pensar em guerra de manobras tentando atacar os pontos críticos e vulnerabilidades do inimigo. Na batalha de Hue atacaram quadra por quadra e na nova doutrina tentaria atacar o centro de comando inimigo. A velocidade era a chave do sucesso.

TACP

A teoria "shock and awe" não considerou um terceiro aspecto da Operação Desert Storm – a efetividade das equipes terra-ar que aumentou muito. As imagens da precisão das bombas guiadas a laser na Operação Desert Storm jogou o US Army e o USMC contra a USAF na luta por orçamentos. Na luta cada serviço tinha  uma visão correta da sua posição e faz caricatura das capacidades e posição do oponente. A virtude está só do meu lado e o outro é visto com um demônio. O US Army chamavam a operação Desert Storm de Guerra das 100 horas para mostrar como foram competentes no solo e desprezavam o que aconteceu antes. As tropas em terra citam não terem visto blindados iraquianos destruídos por aviões durante seu avanço na Operação Desert Storm.

Os estudos de CAS na Operação Desert Storm mostraram que na batalha de Khafji, o JSTARS mostrou uma Divisão iraquiana lançando uma ofensiva no dia 29 de janeiro. Alguns fuzileiros na cidade chamaram CAS enquanto o JSTARS coordenava a interdição aérea contra as unidades iraquianas fora da cidade. Foram esforços suficientes para parar o assalto. Já o US Army negava a utilidade do JSTARS mostrando como o inimigo poderia negar a sua capacidade ao invés de aproveitar e integrando suas capacidades nas suas operações.

 

O sucesso do trabalho em equipe na OEF foi considerado mais como uma guerra anormal. Os dois serviços tentaram minar as lições da guerra. Depois da guerra o comandante das operações de Comando & Controle de CAS da OEF criou a "Tiger Team" para informar o Pentágono das novas capacidades. Então a USAF descobriu os SOF TACP. Ficaram chocados em descobrir que alguns dos seus membros viviam, trabalhavam e lutavam com as tropas do US Army. Também estavam ganhando medalhas.

 

O US Army passou a integrar o CAS nos treinamentos de grande escala no NTC e JRT. A USAF também levou o CAS mais a sério aprendendo com a experiência no Afeganistão. As lições da operação Anaconda foram passadas aos oficiais para não repetirem os mesmos erros. Foi falha do US Army em não considerar o Poder Aéreo no planejamento da operação. As tropas não conheciam a historia real e tinham idéias como “USAF é isso, USAF é aquilo etc”.

Interface entre as tropas em terra e no ar foi o TACP. Os TAPC controlariam os ataques evitando fratricídio e ataques contra civis. Também ligavam o comandante em terra com o Poder Aéreo. Mas ocorreu que podia controlar o FAC no PC com sensores que nunca usaram antes. Geralmente usam mapas ou imagem para colocar o olho do piloto no alvo. Podia também ser a imagem de um UAV Hunter ou Predator. Tinha que interpretar a imagem térmica e era necessário treinar pois não estavam acostumados com casulo IR. Outro problema é não ver o todo e só parte da área.

O plano de ação do TACP inicia com uma boa foto de satélite da área. Geralmente era um lugar onde estimavam ter unidades iraquianas. Depois enviavam aeronave para reconhecimento. Se o piloto inicia encontro de alvos, é liberado para atacar. O piloto nomeia 15 alvos como hostis. O CAOC valida como hostis e libera o ataque. Usaram rádios satélite para download inteligência nos seus Laptops (software Falcon View). Analisavam o terreno, e discutiam sobre os chokepoints no caminho.

O CAS iniciou com planejamento, treinamento e preparação. Na OEF não teve muito. O plano iniciou um ano antes com uma pequena célula. O treinamento foi muito e integrado com as outras tropas. A 3 Divisão de Infantaria treinou antes na NTC e JRTC, mas o melhor treinamento ainda foi no deserto do Kuwait. Treinaram com uma Divisão inteira como lutariam na guerra.

 

O 15th ASOS (Air Suppor Operations Squadron) apoiou a 3 Divisão de Infantaria com seus TACP. Só a 1 Brigada (BCT) tinha 20 equipes TACP. Em combate os TACP se movem em M-113 ou HUMVEE. Como a maioria das unidades na OIF eram mecanizadas então usaram mais o M-113 que tinham dificuldade em acompanhar os Bradley e M-1. Avançar nos HUMVEE era outra opção para poder acompanhar. Poucos TACP conseguiram colocar rádios nos Bradley.

 

Os militares gostam de modificar equipamentos e veículos para resolver problemas durante a guerra e com os TACP não era diferente. Geralmente violam regras e ordens. Tiveram que colocar antenas fora do caminhão e galões de água dentro. Não podiam ter carregador de bateria por não ser padrão então faziam ilegalmente.

 

Os Comandantes em terra foram fundamentais em formar as equipes ar-terra. A USAF ajudou com apoio de CAS generoso. Tiveram que resolver o problema de falta de conhecimento de CAS no CAOC como observado na OEF e então criaram uma célula no CAOC dedicada para CAS. Não seria formada por um piloto de F-15E que não entendia do assunto. Também criaram uma célula conjunta com o US Army, US Navy e USMC no CAOC.

FSCL

Toda guerra tem uma campanha aérea e outra terrestre. As duas tem que ser coordenada sem conflitos. O Comando Central Americano usou o conceito de FSCL (Fire Support Coordination Line) para controlar as operações de apoio de fogo no avançado das tropas.

 

A FSCL era uma linha imaginaria onde todos os meios de apoio de fogo como helicópteros, artilharia e caças estavam sob controle das tropas em terra (V Corpo do Exército ou 1a MEF dos USMC). É a linha que separa as duas esferas do campo de batalha dividindo o campo de batalha em relação a como o apoio de fogo, como o Poder Aéreo, deve ser coordenado.

 

Além da FSCL o controle seria feito pelo JFACC (Joint Force Air Component Commander) da USAF e todos podem atacar alvos com identificação positiva (PID) sem autorização do comandante em terra. Dentro do FSCL tem que coordenar com as tropas em terra e pedir autorização. O arranjo é mais político do que técnico.

 

Na Segunda Guerra Mundial usavam a "bomb line", substituída pela FSCL. A "bomb line" ia até o alcance da artilharia, mas podia ser aproximada para fazer CAS. Agora chega a 30-40 km ou até mais se necessário como previsto em um avanço rápido, operações aeromóveis, assalto anfíbio e operações especiais. A FSCL era baseada nas características do terreno, mas agora os pilotos usam sistemas de navegação por GPS e INS ficando mais fácil e viabilizou o uso dos Kill Box. O piloto já sabe que pode atuar naquela área sem risco de fogo amigo e fica fácil operar em um avanço rápido.

 

O conceito de Kill Box foi usado para facilitar a atualização da FSCL sem precisar usar coordenadas o que foi bom com o avanço rápido das tropas. Antes era só o JFACC que controlava e o AWACS não saberia rapidamente do avanço da tropa e resultaria em um maior risco de fogo amigo.

 

Na Operação Desert Storm a FSCL foi ultrapassada quase em uma ocasião e em outras as tropas estava muito a frente atrapalhando os ataques aéreos. Por isso foi substituído pelo conceito de Kill Box.

Na OIF o V Corpo colocou a FSCL a 140 km além da frente de batalha e não tinham meios de usar todo espaço. Do lado dos fuzileiros a MEF colocava a FSCL logo a frente das tropas e abriam todos os Kill Box a frente resultando em um uso mais eficiente do Poder Aéreo.

Antes da Operação Iraq Freedom as operações de CAS eram controladas pelos AWACS e JSTARS que ficaram saturados. Antes eram controladas pelo ABCCC que era dedicado e foi retirado de serviço.

Na coordenação das missões de apoio aéreo aproximado, KI/CAS, SCAR e FAC(A) do USMC o nível mais alto era o TACC (Tactical Air Control Center) do USMC, com código de chamada "tropical", que acompanhava os Marines em terra. Era o equivalente ao AWACS/ABCCC. No V Corpo era feito pelo ASOC (Air Support Operation Center) com código de chamada "Warhawk".

O TACC também coordenava as operações de defesa aérea, coordenação do espaço aéreo e de ataque aéreo no avanço do USMC. Depois foi integrado ao CAOC tendo acesso a mais recursos de inteligência disponíveis. O Tropical era a célula Time Sensitive Target (TST), o mesmo que alvos de oportunidade, do TACC e passava as coordenadas para os F/A-18C atacarem com bombas JDAM.

Os caças chegam no Iraque e fazem check-in/check-out com o TACC dizendo o armamento e queria alvo em tal lugar (alvos no leste do Iraque por exemplo). O TACC passa os caças para o DASC (Direct Air Suppport Center) que era o nível mais abaixo da cadeia de comando do Tropical. O comboio do TACC avançava junto com o MEF e era formado por blindados LAV, AAV7 e HUMVEE que paravam e depois avançavam rápido para acompanhar o avanço.

O próximo nível era o DASC que indicava o FAC com quem o caça operaria com os fuzileiros que era o nível mais baixo da ponta de lança do MEF. O DASC controlava diretamente os AH-1W, os AV-8B e os F/A-18 do USMC.

O DASC ia junto com as tropas sendo formado por 12-17 oficiais e tropas auxiliares. O DASC coordenava os ataques até 18 milhas a frente da Divisão (não da MEF) ou o alcance da artilharia de 105 mm. Os pilotos gostavam do DASC do USMC, pois passava alvo bem mais rápido que o ASOC do US Army. Os pilotos da USAF operando com o US Army logo calculavam o combustível para ir para o DASC do USMC.

O USMC também tinha um DASC(A) (Airborne) voando em um KC-130T continuamente próximo a linha de frente. O objetivo era cobrir as falhas na aquisição de alvos se o "tropical" terrestre perder contato com o alvo ou se estiver fora do alcance de rádio com as aeronaves táticas. O DASC(A) tinha código "sky chief" enquanto os DASC era o "chieftain" e "blacklist" para cada Divisão do USMC.

O DASC(A) operava no campo de batalha por horas em perfil de vôo econômico. Tinha ótima visão do campo de batalha funcionando como um satélite a baixa altitude. Conversava com todas as unidades em terra e passava as coordenadas de alvos para as aeronaves táticas que o apoiavam.

Enquanto o TACC e DASC estavam sempre procurando alvos para atacar e passar para os caças os equivalente da USAF e US Army não parecia fazer o mesmo. O pessoal equivalente na USAF parecia atarefado com o grande o numero de aeronaves para passar alvos e não sabia da capacidade do Hornet mandando identificar alvos como se tivesse a mesma capacidade dos Litening dos F-15E.


O DASC é um sistema de C2 e controle aéreo responsável pela direção das operações aéreas em apoio as tropas em terra. Funciona de modo descentralizado, mas supervisionado pelo TACC. O DASC processa pedidos de CAS, coordena o emprego de aeronaves com outras armas de apoio, apóia meios de apoios e serviços de combate e controla UAVs e aeronaves no espaço aéreo. Não apóia aeronaves fazendo DAS, mas apóia o TACC na missão.

O ASOC do V Corpo tinha código de chamada Warhawk. As vezes o ASOC (Warhawk) ficava surpreso com caças aparecendo para apoiar e não usavam os FAC(A) corretamente. Já o DASC passava CAS e FAC(A) para quem precisava corretamente. Se ninguém precisava passam para kil box aberto para fazer SCAR e reconhecimento armado.

Os E-2 ajudava a saber onde estavam as aeronaves CAS para mandar para os FAC(A). Era como um mercado com vendedores e compradores. As aeronaves táticas vendiam armas e era perecível com o combustível acabando. As tropas em terra eram compradores e compravam o mais "perecível". As aeronaves embarcadas operando no Golfo contatavam o controlador aéreo no NAe, depois o controlador aéreo no Kuwait, depois no AWACS, depois o AWACS apoiando as operações de reabastecimento em vôo, depois a aeronave REVO, depois o AWACS avançado, depois o ASOC do V Corpo ou o TACC do MEF e depois o FAC em terra. As vezes uma agencia não passava informações correta para frente e virava uma bagunça.

Uma função dos ABCCC/TACC era evitar fogo amigo, mas no dia 3 de abril ocorreu um episódio de fogo amigo com uma GBU-12 disparada de um F-15E atingido uma posição amiga matando 3 e mais 5 feridos. O AWACS tinha confirmado que não havia tropas amigas no local.

Antes o ABCCC tinha código de chamada "bookshelf" e controlava o CAS. O ABCCC diz para o caça com quem falar e fala com a unidade em terra e decide quem precisa de CAS e como melhor usar.

Os esquadrões tinham contato com o sistema de Comando & Controle com o oficial do OG (Operation Group) da AEW (Ala Expedicionária). O OG integra o esquadrão no sistema, decidindo sobre razão de saída, emprego operacional da aeronave, seleção de armas e mantém os recursos necessários para ter sucesso. Também passa relatórios do esquadrão para o CAOC. O esquadrão recebe as tarefas na forma de ATO (Air Task Order) ou ordens fragmentárias.

O uso de Email seguro facilitou o trabalho de passar as ATO (ordens fragmentarias) para os Esquadrões. As comunicações por voz, dados e teleconferência acelerou em muito o processo de decisão. Mais informações chegavam até 24 horas antes da saída.

Na US Navy o briefing geral era realizado 2,5 horas antes da missão, depois no esquadrão meia hora antes e depois pela dupla de pilotos/tripulantes 15 minutos antes de entrarem na aeronave. Os briefing nos NAe permite lançar um pacote maior pois todos os pilotos estão juntos no planejamento. Na pratica se dividem em pacotes menores para cobrir o "Vul" e evitar colisão.

Na Ala embarcada CVW-3 operando no norte do Iraque, a equipe de planejamento foi dividida em equipes de 10 pessoas para apoiar os pacotes. Os membros da equipe planejavam e brifavam como um ciclo dia após dia. O CV-63 USS Kitty Hawk era o NAe dedicado para CAS com a ala CVW-5 operando no Golfo Pérsico. Os NAes operavam em ciclos de lançamento e recuperação pré-programados e não como as bases aéreas em terra abertas 24 horas continuamente.

Um ataque alfa era planejado da mesma forma que na Coréia, Vietnã e Golfo. A seção de inteligência planejava a maior parte e os pilotos focam no alvo o que é bom para aperfeiçoar as táticas. Pode ser bom para CAS e BAI, pois está tudo no kneeboard, e apenas alguns tripulantes ficam horas preparando a missão. Tudo é feito junto com outros equadores. A seção de inteligência passa as ATO, cartões de joelho (kneeboard), imagem do alvo, posicionamento das formações amigas, ameaças e onde o ultimo SAFIRE (Surface to Ar FIRE) foi visto.

As informações usadas no planejamento de missão incluíam envelope de ameaça, armas a serem usadas, técnicas evasivas, perfil de ataque, frequências de rádio, pontos baliza, meteorologia, estações de reabastecimento, alvos alternativos e critérios de cancelamento. Estas informações eram vitais para sobreviver e cumprir a missão. As ATO considera muito evitar colisões e os pacotes de 50 aeronaves tornavam esta possibilidade muito alta. Os planejadores criaram rodovias tridimensionais no ar, pontos de reportagem, e diferença de altitude. No inicio o planejamento durava 6-8 horas, com o tempo foi diminuindo para 30 minutos pois não tinham nem mais alvos fixos para atacar. Os alvos eram passados pelos FAC(A) durante os vôos.

Novos Conceitos Operacionais

Três novos conceitos operacionais também apareceram durante a OIF: SCAR, KICAS e Corps Shaping. As missões dos FAC(A) apoiavam as missões de Apoio Aéreo Aproximado (CAS) e os pilotos também faziam Interdição do Campo de Batalha (BAI), interdição de Kill Box (KI), KI/CAS e SCAR.

Com o A-day e G-day apressados, para chegar em Bagdá mais rápido, os ataques contra alvos fixos logo deu lugar as missões de KI/CAS e interdição do campo de batalha (BAI - Battlefield Air Interdiction). O CAOC já esperava que os caças ficassem sem alvos fixos em poucos dias após a invasão. As táticas KI/CAS foram planejadas pelo CAOC antes da guerra. Funcionou muito bem na guerra convencional no sul.

As aeronaves táticas no local realizavam cerca de 2.000 saídas por dia no auge das operações para apoiar as operações de CAS. As aeronaves que não recebem alvos para CAS eram enviadas para fazer KI/CAS, SCAR ou reconhecimento armado nos Kill Box abertos.

 

Uma idéia veio da célula de CAS no CAOC que criou o conceito de operação KICAS CONOPS (pronuncia Kick-ass con-ops). KI significa Kill Box Interdiction. Nas missões de KI as aeronaves tinham duplo papel de "on-call CAS" (XCAS), podendo ser chamadas para outro Kill Box para fazer CAS. A missão passou a se chamar KI/CAS ou KICAS.

 

O conceito estava relacionado com problemas doutrinários da FSCL. Quando operando próximo a linha o comandante aéreo tem que coordenar os ataques aéreos com o comandante em terra, e do outro lado, o comandante terrestre tem que coordenar os movimentos com o comandante do componente aéreo. Cada lado quer o máximo de liberdade possível nas suas decisões. A coordenação gasta tempo e interfere com a fluidez das operações ou o aproveitamento rápido de oportunidades. Então cada lado queria a FSCL colocada onde lhe daria mais vantagem.

 

O problema era que cada espaço do lado do US Army fora do alcance das suas armas podia se tornar um santuário para o inimigo pois os ataques aéreos não podiam tomar a frente sem coordenação. Mas o US Army ainda gostaria que estas forças fossem atacadas pelo ar, mas a resposta geralmente não seriam flexíveis o bastante. O KICAS resolveu a preocupação e mostrou ser bem efetiva.

No novo plano, toda a área de combate seria dividida em setores chamados de Kill Box de 30x30 milhas, criando um grid básico, e cada um nomeado por ordem. Cada Kill Box seria dividido novamente em grid de 10x10 milhas com nove no total. Ficou como um teclado telefone e então nomeados de pad (teclas).

 

A missão KI consistia em patrulhar um Kill Box onde usavam táticas SCAR. As aeronaves voavam a média altitude procurando alvos de oportunidade. Se encontrar um alvo o líder chama o Ala voando 5 km atrás para atacar primeiro. O líder faz identificação positiva de alvos (PID) e avaliação de danos colaterais (CDE) e libera o alvo. O padrão de ataque era do tipo "bow tie" dando tempo para o Ala atacar.

 

Cada Kill Box ou pad no lado da FSCL podia ser aberto pelo US Army como um Kill Box se não tiver tropas dentro. Quando um pad é aberto as aeronaves táticas podem atacar tudo que encontrassem. Se o comandante em terra quer mover as tropas para o local, bastava fechar o Kill Box/pad para desligar os ataques. Os ataques aéreos no Kill Box ainda podem ser realizados, mas serão controlados como CAS com  alguém liberando alvo (cleared hot).

 

Era fácil e rápido abrir e fechar os Kill Box graças a célula CAS no CAOC. Era bem mais rápido que as linhas de fases e FSCL. A FSCL ainda foi mantida, mas o conceito de Kill Box/pad era mais simples e fácil para todos entenderem. Os Kill Box/pads eram passado para uma esquadrilha ou dupla de caças.

 

As missões nos Kill Box abertos eram como missões de interdição de campo de batalha sem planejamento. As aeronaves decolavam em duplas ou esquadrilhas, passavam as comunicações por varias agências e recebiam informação de Kill Box aberto para apoiar. Chegavam no local contatavam quem estava antes. Quem sai podia designar o alvo com laser e identificar o alvo para quem chega. O mau tempo atrapalhava metade dos Kill Box. As vezes os pilotos que esperavam não respondia e os caças que chegavam tinham que "ir as compras" procurando alguém pára responder. Era bom ter uma boa imagem do Kill Box para saber se tinha sido "trabalhado" antes. O ideal era enviar um FAC(A) primeiro, 15 minutos antes, ou as aeronaves de ataque acabavam fazendo SCAR e passando alvos para quem chegava 15 minutos depois.

 

SCAR

 

Outro conceito era um meio mais efetivo para as aeronaves encontrarem forças em terra e dirigir os ataques. Novas tecnologias facilitaram a capacidade de detectar alvos, mas ainda havia limitações e podiam ser enganados. Quando o JSTARS ou Predator encontravam um alvo suspeito, ainda precisavam identificar antes de autorizar um ataque. O problema já tinha sido reconhecido antes no Afeganistão. Então usaram conceito do SCAR (Strike Coordination And Reconnaissance) ou busca e destruição pela coordenação de ataque e reconhecimento.

 

O SCAR era baseado em idéias como FAC(A) e Killer Scout, mas como novas sensores e datalinks. A reação podia ser tão rápida quanto alguns minutos. Se um Kill Box era aberto significa que não havia tropas para encontrar inimigo e passar a localização e toda aeronave teria que encontrar seu alvo. A tática de SCAR tornou mais fácil a tarefa.

 

As táticas de SCAR e KICAS foram uma grande inovação para facilitar o uso do Poder Aéreo contra as forças em terra, mas ainda faltava algo. O SCAR e KICAS eram modos de operação descentralizados com as aeronaves atuando por si só procurando agulhas no palheiro. Mas tinham vantagens. Primeiro que estariam procurando alvos como na Primeira Guerra Mundial e as táticas sempre tiveram sucesso. Os P-47 e P-51 atuando na França em 1944 eram efetivos o suficiente para dificultar a movimentação dos alemães de dia em bom tempo. Os novos caças tem até novos sensores e armas para encontrar e atacar alvos mais facilmente em qualquer tempo. Também não iam para o local cegos tendo dicas de várias fontes como o JSTARS e outros estavam conversando com o pessoal em terra.

 

Era difícil encontrar forças dispersas pelo ar e podiam se esconder facilmente. A Inteligência podia usar várias fontes para poder estimar os locais prováveis. O esforço ficou voltado para encontrar unidades, identificar e enviar notificações de várias fontes de Inteligência para formar a ordem de batalha das unidades. O pessoal da Inteligência não gostava pois todo seu esforço para detectar alvos e seu produto era depois explodido. 

 

Uma aeronave realizando SCAR está para Interdição Aérea e Ataque Direto, como meio de Comando & Controle, assim como o FAC(A) está para Apoio Aéreo Aproximado. O objetivo era encontrar, identificar e passar alvos para outras plataformas e fazer avaliação de danos de batalha (BDA). Era uma missão semelhante ao FAC(A), mas com aeronave rápida e não lenta e sem contato com tropas em terra. Se tivesse tropas controlando seria uma operação de FAC(A). A missão de SCAR nem precisa de um FAC(A) para ser feita, mas era melhor se fosse feita por um FAC(A).

As missões SCAR foram apoiadas pelos F-15E, B-52, B-1B, F/A-18, F-14 e AV-8B. Os F/A-18 e F-14 já faziam esta missão por vários anos (chamavam de hunter-killer) e depois foi copiada pela USAF. Os pilotos qualificados em FAC(A) eram poucos e todos podiam fazer SCAR e reconhecimento armado.

Os F-15E da USAF tiveram um bom desempenho nas missões SCAR sendo que antes treinavam mais para interdição profunda. Os pilotos de F-15E da USAF aprenderam as táticas SCAR a partir da experiência da US Navy. O F-15E era ideal para a missão por ter dois tripulantes e devido aos sensores, autonomia e carga de armas. Os pilotos aprenderam a passar alvos, fazer identificação positiva e estimativa de danos colaterais. Era difícil treinar até em tempo de paz pois tem que aprender a identificar alvos. Os tripulantes só treinavam antes contra alvos fixos com a identificação do alvo já sendo feita pela inteligência.

As aeronaves fazendo SCAR chegavam primeiro nos Kill Box e faziam identificação positivo do alvo (PID), Collateral Damage Estimative (CDE) em alvos com civis perto dependendo das armas das aeronaves de ataque. Os alvos eram passados para outros que chegavam a cerca de 15 minutos depois.

As aeronaves fazendo SCAR operavam a média altitude. O objetivo era procurar alvos de oportunidade. O operador de sistemas (WSO no F-15E) identifica o alvo e passava para outras aeronaves enquanto o piloto controlava outras aeronaves na área e falava com o AWACS. O trabalho é bem mais difícil do que parece.

Antes decolar os F-15E eram informados sobre os Kill Box onde fariam SCAR. Recebiam indicação de alvos e alvos secundários onde poderia lançar as bombas antes de voltar. Os alvos tinham uma hierarquia de prioridade como artilharia, blindados, armas pesadas etc. Havia 10 Ground Liasion officer (GLO) na base dos F-15E em Al Udeit no Kuwait que ajudavam na inteligência e a entender a guerra em terra.

Os F-15E
em missões SCAR primeiro fala com AWACS para ir para o Kill Box. O operador de sistemas (WSO) da aeronave líder (Bravo 1) checa com os caças na área e o WSO do ala (Bravo 2) procura alvos com ajuda do radar e casulo Litening e determina as coordenadas do alvo para ataque. O piloto de Ala (Alfa 2) faz cobertura para o piloto líder (Alfa 1) pois os dois tripulantes na aeronave líder ficam olhando para dentro da cabina. Com os alvos distribuídos o Alfa 1 checa os vôos das aeronaves de ataque para a área e o Bravo 1 fala com o Bravo 2 passando alvos. Se Bravo 2 acha alvos passa para o Alfa 1. O F-15E pode usar o datalink JTIDS/FDL para facilitar os ataques entre eles.

Se forem atacar um alvo detectado o Ala ataca primeiro com o líder fazendo PID e CDE. O Ala voa 5km atrás e acaba economizando combustível disparando primeiro pois geralmente usa mais potencia para acompanhar o líder.

Os pilotos usam o termo "cleared to engaje" e não "cleared hot" como nas missões de CAS, o que significa que as aeronaves ataque também tem que fazer PID e CDE. É a diferença para FAC(A) que é o único responsável pelo PID e CDE. O B-52 era exemplo de aeronave incapaz de realizar PID e CDE por voar muito alto e não ter sensores adequados e por isso precisada de um FAC(A) para a missão. Os pilotos foram liberados para fazer PID e CDE para os B-52 e B-1 que não tinham esta capacidade, mas alguns pilotos se recusavam a passar as coordenadas.

As duplas voam em posição "wedge" com o Ala ficando em um "cone" de 30 graus atrás do líder a até 5km para proteção. O Ala vigia ameaças em terra com os olhos e ameaças no ar com o radar. Uma outra função do Ala é tentar ver a explosão do alvo. Munição penetradora não dá para ver nada a não ser com o casulo FLIR. Caso a dupla seja atacada por um míssil SAM disparado no modo balístico eles não atacam o local. Determinam as coordenadas e mudam de local pois pode ser uma "SAM trap" e não se aproximam.

Os F/A-18D de alguns esquadrões do USMC tinham pilotos qualificados em FAC(A). Faziam SCAR nos Kill Box, indo e vindo para o REVO e orquestrando outros meios de ataque apos detectarem e identificarem alvos. Operavam como equipe hunter-killer (caça-ataque). O ataque podia ser desde helicópteros até os B-52.

Os F/A-18 em missão KI/CAS entram na região a 15 mil pés. Se não encontram alvos descem para 10 mil pés. O Ala fica dois mil pés acima e bem atrás cobrindo principalmente contra artilharia antiaérea e MANPADS (Man Portable Air Defense Systems). Se detectam  míssil, "chama" a ameaça e manobras evasivas. O líder se concentra em encontrar alvos e pode fazer buddy laser. Pode até mergulhar a cinco mil pés e até menos para encontrar e identificar alvos. É taticamente estúpido fazer varias passadas cada vez mais baixo sobre um alvo assim, mas com tropas em perigo não tinham escolha. O mesmo é feito a noite para ajudar o FLIR e identificar alvo.

As regras de engajamento (ROE) de ataque era simples com o WSO tendo que mover o cursos para onde deveria estar o alvo correto em coordenada errada. Se tiver errado não ataca. Outras ROE eram não atacar alvos 15 metros fora da coordenadas se for um alvo fixo, ou qualquer alvo no Kill Box se não for feito PID e CDE e sem tropas amigas próxima.

As missões de SCAR e KICAS eram efetivas, as vezes com 100% de eliminação dos alvos no Kill Box, com destruição ou deserção. As operações psicológicas também ajudavam. 

 

Corps Shaping

 

O ponto fraco do SCAR era a falta de centralização para focar em um objetivo importante e integrar com o esquema de manobra em terra. Em Karbala foram massas de aeronave em SCAR contra alvos na cidade. A operação foi chamada de “corps shaping”. Foi usado para coordenar operações inteiras. No nível tático o ASOC cria um novo posto para avaliar operações de rotina, o Air Boss, atuando como CCO (Chief of Combat Operations) no AOC para o ASOC. O Air Boss segue os alvos chegando. Escolhe as armas, faz controle trafego, mantém o quadro geral para quem ataca o que e quando. O Air Boss tem muita responsabilidade ao aplicar este conceito na área do Corpo. Atuavam próximos e as tropas confiavam muito na capacidade. Duas vezes por dia recebiam o BUB (Battle Update Brief) com as prioridades do alvo. Diziam a prioridade do Corpo e executavam.

 

A segunda parte era integrar o "corps shaping" no esquema de manobra terrestre no nível operacional. O objetivo era aplicar o Poder Aéreo de forma a apoiar o esquema manobra do comandante terrestre. Concentraram o esforço a frente da trilha projetada da 3 Divisão de Infantaria ou onde prováveis batalhas iriam ocorrer.

 

No caminho atacaram cinco cidades principais pelo ar. Não tomaram as cidades. Os ataques forçavam as tropas a sair de posição e depois eram atacadas pelo ar. Os “cinco ataques simultâneos” iniciaram no dia 31 de março e tinha o objetivo de forçar o inimigo para o campo aberto. Mesmo se dispersos e escondidos ainda ficariam vulneráveis ao V Corpo.

 

As Divisões Medina e Hammurabi da Guarda Republicana foram dizimadas com esta abordagem. Após 4 dias e meio de interdição aéreo a Divisão Medina foi reduzida e diminuiu sua efetividade de combate de 96% para 92%. Após 10 dias de corps shaping diminuiu para 29%. A Interdição Aérea também diminui a efetividade da Hammurabi de 97% para 73% após 13 dias, mas após cinco dias passou para 23%. Era considerado que com 50% se torna inefetivo.

No avanço do sul até Bagdá, as tropas do USMC avançaram rápido passando por An Nasiria, Al Kut e An Najaf, com as aeronaves táticas tendo o trabalho de conter a resistência das tropas nestes locais. Os Kill Box abertos nos flancos do avanço passaram a ser protegidos pelas aeronaves táticas e incluía destruir pontes para imobilizar forças blindados e atacar concentrações de tropas. O objetivo era usar menos tropas em terra desviando de cidades e usando as aeronaves táticas para manter os pontos sobre pressão. Isso também permitiria avançar rápido, mas mesmo assim a velocidade média era equivalente a de tropas andando a pé. As missões KI/CAS foram usadas como força de manobra aérea e evitou que os iraquianos se dispersassem e tiveram que se concentrar o que facilitou o ataque terrestre.

O MAG-11 (Marine Air Group) com seus cinco esquadrões foi usado como unidade de manobra no ataque a Al Kut para atacar a divisão Bagdá da Guarda Republicana. A partir de 1o de abril a unidade foi atacaram por três dias por todos os cinco esquadrões. Três FAC(A) operavam continuamente na região. Os caças decolavam de 45 em 45 minutos e voavam por até seis horas. Passavam alvos até para B-52 e B-1B. O próximo alvo foi a Divisão Blindada El Nida que protegia o lado leste de Bagdá. Novamente a MAG-11 foi chamava para atritar a Divisão. O Poder Aéreo conseguiu parar o IV Corpo do Iraque, destruindo ou desertando, sem disparos de armas em terra.

A interdição incluía o uso de operações psicológicas (Psiops). Foram consideradas tão importantes quanto a destruição cinética. As aeronaves usavam container de bombas em cacho designadas Mk129 para lançar 15 mil panfletos cada. Os F-16CG do Esquadrão 524 (FS) lançou 31 Mk129 antes do inicio da guerra e 108 depois de iniciado a ofensiva. Eram lançadas manualmente e treinaram no local. O objetivo era neutralizar uma Divisão sem desviar as tropas que iam para Bagdá. Lançaram panfletos avisando para se renderem em dois dias ou seriam atacados. Depois atacavam. O ataque era seguido de aviso que se ainda não se rendessem continuariam a ser atacados. A Divisão nunca entrou em ação. Também foram lançados panfletos pelo C-130, A-10, F/A-18 e B-52. No total foram laçados 31,8 milhões de panfletos.

Entre janeiro e fevereiro de 2003 os F/A-18 também lançaram panfletos com instrução para não atirar nas aeronaves e alertava aos comandantes a não usar armas de destruição em massa. Lançavam até dois containers por saída e os Hornet lançaram dois milhões de impresso (todos impressos nos NAes).Os Hornet subia a 35 mil pés e uma esquadrilha lançavam 180 mil panfletos na imediação das cidades e consideravam a direção do vento. O vento e a altitude ajudavam a ficar fora o envelope dos mísseis SAM e artilharia antiaérea.

FAC(A)

Havia muitos alvos no Iraque e muitas aeronaves para atacar, mas poucas para identificar alvos. Os FAC(A) mostraram ser necessários. Eram os FAC(A) que conversava com as tropas em terra para encontrar os alvos, liga com os controladores aéreos e faz busca no campo de batalha a procura de alvos com os próprios sensores.

Os FAC(A) eram a fonte primária de alvos fazendo reconhecimento visual nos Kill Box. Até as aeronaves CAS como os F/A-18 do USMC também foram usadas para fazer reconhecimento visual a frente das tropas sendo muito usados nesta função. Os carros de combate M-1 tinham a vantagem do alcance contra os T-72 e ficava sem utilidade se não saberem o que tem na frente. Os TACP/FAC em terra podia pedir para os FAC(A) e aeronaves CAS para fazer reconhecimento de rota nas estradas a frente do avanço.

Outra tarefa importante dos FAC(A) era fazer controle de ataque (SC - Strike Control). Para exemplificar a importância do controle de ataque, em uma ocasião, um F/A-18D do  USMC atuando como FAC(A) tinha que reabastecer logo após detectar vários blindados atrás de barricadas e instalações. Avisou o AWACS para já enviar as aeronaves de ataque e esperarem acima dos alvos. Enquanto reabasteciam os pilotos dos F/A-18D ouviram a confusão das aeronaves querendo atacar sem ordem e de forma confusa. É um exemplo de como os FAC(A) era necessário para organizar ataques. Ao voltar para o Kill Box o FAC(A) rapidamente "empilhou" as aeronaves de ataque em várias altitudes de 15 a 31 mil pés, em dez seções. O FAC(A) voava mais baixo a até 15 mil pés. Marcavam os alvos com foguetes de fumaça Zuni de 127 mm para os caças que não tinham casulos de designação de alvo ou com dificuldade de identificar o alvo. Podiam fazer buddy laser para os alvos para os que não tinham designador próprio. O FAC(A) davam ordens, tipo "duas passadas para lançar tudo e vai embora e não volta mais". Um FAC(A) novo na área foi ordenado a ir para cima para receber a função de controlar o Kill Box até o combustível dos F/A-18D acabar.

A necessidade de FAC(A) na operação era tão grande que a US Navy enviou dois F/A-18F Super Hornet com tripulantes qualificados como FAC(A) e dois F/A-18E para a região. Eram do esquadrão VFA-41 que operaram com o VFA-115. Primeiro fizeram vôos de familiarização com os F-14D. Os Super Hornet faziam dois Vul de cerca de uma hora cada.


Os F/A-18D podiam marcar alvos com foguetes de fumaça (na foto com os lançadores chamuscados), ou identificar o ponto de pontaria ou determinar as coordenadas do alvo para bombas JDAM e Paveway. Fazer PID e CDE também era função dos FAC(A). Como eram poucos pilotos qualificados como FAC(A) voavam com Ala não qualificado como FAC(A). As aeronaves FAC(A) tinham prioridade para REVO e ficavam mais tempo nos "vul".


Uma dupla de snipers dos Seals da US Navy. A dupla está armada com fuzil M-40 de ferrolho, um Mk12 semi-automático com silenciador e uma M-4. Sua arma principal ainda é o rádio por satélite com laptop que pode ser usado para chamar artilharia e apoio aéreo aproximado. Durante a invasão do Iraque em 2003 os EUA usou cerca de 1.000 operadores das forças de operações especiais para controlar o norte do país e evitar que os três Corpos de Exército na região fossem deslocados para o sul. Foram ajudados por cerca de 10.000 guerrilheiros curdos que conheciam. As equipes se comunicavam com um centro de comando com rádio de satélite que passava as informações para as aeronaves táticas (TACAIR) da posição dos controladores aéreos. A comunicação com as TACAIR era por rádio de curto alcance. As equipes usavam lasers para indicar alvos para as aeronaves. A maioria das equipes era formada por duplas de snipers, armados também com fuzil pesado, e se movimentavam com motos que era ideal para a região. Operavam a partir de uma base maior escondida que apoiava várias duplas. O treino de sniper era útil para se esconder e para realizar reconhecimento e vigilância, além de dar uma boa capacidade de defesa contra tropas em número superior.


Um piloto de caça da USAF atuando como FAC com um designador laser se comunica com as aeronaves acima. O FAC está usando óculos, mas é do tipo que protege contra raios laser, e não significa que a USAF aceita pilotos de caça que usam óculos.

Casulos Litening, LANTIRN, LTS e Nite Hawk eram meios importantes nas missões de CAS e FAC(A). O apontador laser era operado junto com as tropas em terra equipados com óculos de visão noturna ou óculos especiais para mostrar onde estavam fazendo pontaria. O objetivo era confirmar que não estavam errando o alvo ou evitar fogo amigo. As tropas em terra também podiam usar apontadores laser para que os F-15E e A-10 equipados com o Litening detectassem o alvo mais facilmente. Era bem mais rápido comparado com o uso do rádio.

Os pilotos do USMC voam um tour e ficam outro em terra e uma opção é atuar como FAC. Os FAC do USMC conheciam os pilotos acima enquanto a USAF não conhecia os FAC do US Army ou FOpEsp que nem tinha experiência de vôo. Para ser FAC(A) tem que ser experiente no jato e boa capacidade de manter consciência da situação. O curso dura pelo menos três meses e meio e tem que ser qualificado como FAC em terra primeiro. Havia até três pilotos de F-15E como FAC em terra acompanhando o US Army e USMC. Os pilotos de FAC(A) treinaram com FAC em terra antes no Kuwait.

O USMC tinha dois FAC e um oficial de ligação para cada três Companhias. Em 30 dias, um FAC cita que controlou 72 seções de aeronaves CAS e 30 dispararam armas. Estava em um carro de combate M1 e foi atingido varias vezes por tiros de metralhadores. Um M1 a 25 metros foi atingido por uma RPG. Ficava muito exposto fora e observando alvos.

Os FAC do USMC em terra eram considerados muito bons. Caças da USAF e US Navy logo queriam trabalhar com eles visto que os FAC terrestres do US Army chamava mais artilharia e carros de combate, e as vezes Apache, quando precisavam de apoio de fogo. Não chamavam muito os caças. Os pilotos eram designados para atuar com um FAC específico em terra, mas procuravam outros FAC que precisavam de ajuda. Os pilotos de F-15E logo aprenderam a dizer para os FAC do US Army que estavam sem combustível e depois procuravam um FAC do USMC para disparar suas 10 Paveway em 15-30 minutos.

Os pilotos de A-10 iam para as tendas do USMC saber em qual Kill Box os FAC(A) atuariam. Os FAC(A) nos F/A-18D geralmente trabalhavam com três seções/duplas de Hornet e as vezes 1-2 de Tomcat, mas logo chegou os caças da USAF. Os FAC(A) gostavam dos F-15E pois levavam 10 GBU-12 e tinham que achar alvos para todas.

As aeronaves em missões de CAS iam para o FAC do US Army e eram notificados que não eram necessários. Os caças iam para um canal aberto chamar outro FAC que precisavam de bombas para não voltar com bombas.

Os FAC do US Army eram mais treinados para chamar helicópteros de ataque. Não treinaram com os caças antes. No inicio a conversa era simples, com "estamos aqui, disparem as armas ali". Era comum indicar um alvo que estava "na colina". Os pilotos não viam nada e perguntavam o tamanho. A resposta foi "15 metros" o que era muito difícil de identificar voando a 7 mil metros. Funciona bem com helicópteros, mas não com caças.

Para atacar alvos "cegos" era preciso muita fé do piloto. O FAC tinha que acreditar que os pilotos entravam as coordenadas corretas e os pilotos rezavam para receber a coordenada correta. Um erro pode ser fogo amigo ou civil. Ocorreu uma vez no Afeganistão com um Operador de Forças Especais colocando a própria coordenada como alvo após trocar as pilhas do GPS.

Os FAC terrestres foram renomeados JTAC (Joint Tactical Air Controllers) em 2004 após o fim da Operação Iraq Freedom. Os pilotos já passaram a gostar da capacidade dos JTAC do US Army, enquanto no Iraque tiveram desempenho horrível. Foram treinados para considerar detalhes necessários pelos pilotos, já que não eram pilotos, como a dificuldade de detectar alvos enquanto voavam a 7 mil metros. A doutrina mudou do ataque com as Paveway para as JDAM como arma preferida.


O USMC fizeram Slow FAC com o AH-1W Super Cobra e UH-1 Huey (foto). Atuaram junto com os Fast FAC nos F/A-18D cobrindo a 1a MEF (1st Marine Expeditionary Force). Os Hornet não queriam fazer CAS urbano. O USMC preferia usar o AH-1W Super Cobra para CAS urbano por causar do menor dano colateral das suas armas mais leves. O casulo Nite Hawk tinha definição muito ruim em cidades. O ATFLIR seria a solução, mas chegou tarde. Os binóculos estabilizados eram até melhores. 


Os OH-58 eram considerados bons para FAC, mas a US Navy operou no norte onde os Scout só operaram no fim do conflito. Alguns pilotos só descobriram que o designador laser era de OH-58 quando o FAC em terra falou que está era a fonte. O piloto nem viu o Scout e nem sabia que podia designar. Os pilotos de helicópteros podiam ver de bem perto, mas hoje seria possível para os caças com o ATFLIR.

Um piloto de Hornet cita que 25% dos alvos que atacou eram pré-planejados sendo uma missão bem rápida. Nas outras 75% eram de apoio aéreo (CAS). Também cita que cerca de 25% do CAS era contra tropas com risco de serem derrotadas. Em outros 25% estavam em contato, mas sem risco, e 50% eram FOpEsp que encontravam alvos sem terem contato nenhum com o inimigo. O piloto deduziam a situação pela voz  no rádio e tiros e explosões no fundo.

No cerco a Bagdá os FAC(A) davam alerta as tropas em terra melhorando a consciência da situação, além de coordenar o apoio aéreo as tropas em terra.

Os pilotos que cobriam o norte do Iraque esperavam alguns riscos para defender as 65 mil tropas que invadiriam a região. Com o cancelamento da invasão no norte esperavam ser mais fácil sem muitas tropas em constante risco. Alguns FAC pediam para metralhar alvos e era o risco maior.

Os blindados iraquianos no norte foram parados com a destruição de pontes seletivamente. No dia 2 de abril os americanos foram alertados sobre a presença de uma coluna blindada indo para Bagdá. Logo foi decidido destruir a ponte em Tikrit para barrar a coluna com sucesso.

Nas missões FAC(A) e CAS no norte partindo dos NAe, os pilotos tinham um comandante de pacote que brifavam todos antes de decolar. Não tinham alvos fixos. Atualizavam a meteorologia, órbitas de REVO, frequências de rádio e ameaças. Um pacote típico tinha 2-4 F-14 e 6-8 F/A-18, além do Prowler e escolta de supressão de defesas. Reabasteciam na fronteira do Iraque para um Vul. Se disparasse todas as armas voltava direito para o NAe. Se não fazia novo REVO e voltava para um novo Vul. Depois voltavam obrigatoriamente para dar a vez a outro pacote.

Os caças se separavam em duplas e as vezes em esquadrilhas. Chamavam o E-2 Hawkeye avisando que estavam prontos. Informavam o tipo de aeronave, se era qualificado como FAC(A), armas e estado do combustível. Recebiam uma tarefa junto com coordenadas da estação, frequência do FAC terrestre dedicado, ou estação KI se não tiver FAC disponível. Os pilotos levavam vários livros com códigos de rádio. Passavam de um para outro e tinham que conferir frequência. Exemplo, Maule 18, depois Purple 6, etc.

Havia entre 40 a 50 Kill Box no norte. Os Kill Box incluíam alvos fixos que podiam ser usado para lançar bombas ao invés de voltar com a carga para o navio. Ao chegar no Kill Box os pilotos pediam permissão para abrir o Kill Box. Se não permitido era por ter FOpEsp no local.

Os pilotos indo para Kill Box recebiam a frequência de rádio do TACP. As instruções passadas em canais abertos são nomes códigos como "blue 16" ou "beige 24". O código era decifrado pelo kneebord por questões de segurança. Cada TACP tinha dois rádios com frequências únicas para conversar com os caças. As Forças Especiais só tinham um rádio portátil para se comunicar com os caças e os pilotos tinham que sobrevoar para se comunicar. O alcance do rádio portátil era pior ainda em locais montanhosos. Um rádio de longo alcance por satélite era usado para conversar com o CAOC que passa a tarefa para o AWACS que passa para os caças.

Uma equipe de FOpEsp atuando como FAC em terra era geralmente uma dupla ou trio com fuzil AMR .50, laser Viper com zoom de 50x, usavam roupas civis e atuavam com os curdos que conheciam a região. As FOpEsp atuando como FAC falavam rápido e com poucas palavras. Tropas do SAS e SARS também atuaram no norte. Quando atuavam sozinhos podiam usar motos. Os binóculos com laser tipo Viper, junto com a experiência no Afeganistão, permitia passar alvos rapidamente e com maior precisão. Os FAC do US Army não tinham estes meios e demoravam a passar o alvo e sem total certeza.

As FOpEsp de outros paises operavam diferente. Por exemplo, o SAS identificava o alvo e deixavam a área para ser atacada. Depois perguntavam para os caças se atingiram ou não o alvo. Os americanos ficavam no local e diziam o resultado dos disparos. O SARS australiano atuou com duas equipes no norte.

Na captura de duas bases no oeste do Iraque, em 20 março, foram realizados muitos treinamentos preparatórios entre os FAC(A) e caças da USAF com as Forças Especiais em terra. A coordenação foi muito boa. Foram varias operações similares contra represas, palácios e campos de petróleo.

Os pilotos usavam um protocolo nove linhas (itens) para conversar com o FAC em terra ou com aeronaves de ataque. O protocolo tinha os seguintes itens descritos resumidamente:

1 - IP onde a aeronave de ataque irá iniciar o ataque
2 - Bearing/off set - Direção do alvo em relação ao IP (esquerda/direita)
3 - Distância. Em milhas náuticas do alvo em relação ao IP
4 - Elevação do alvo. Em pés ou metros acima nível do mar
5 - Descrição do alvo
6 - Localização do alvo - coordenada
7 - Marcação do alvo. Pode ser visual, laser, apontador laser. Feito pelo FAC em terra.
8 - Tropas amigas no local. Direção e distancia das tropas amigas mais próximas em relação ao alvo. Não é coordenada para evitar confusão.
9 - Rota de Egresso. Direção e IP que a aeronave deve tomar após o ataque.

Os FAC em terra ou no ar ainda podiam enviar mais informações adicionais como tempo sobre o alvo (TOT - Time On Target) e Final Attack Heading/Cone (arco ou direção para disparar armas). O piloto escreve os dados acima passados pelo rádio, ou datalink, no kneeboard e repete para ser confirmado. Depois insere as coordenadas do alvo no computador da aeronave e inicia o ataque.

Os pilotos já tinham um padrão de disparo brifado antes de decolar. O piloto falava "wing level" mostrando que está pronto para ataque e o FAC autoriza com as palavras "cleared hot". Os pilotos sempre tentam identificar a posição do FAC antes para evitar fogo amigo.

Junto com Kill Box foram três tipos de controle CAS enquanto antes eram dois tipos. O Tipo 1 era a "velha escola" usando os métodos de nove linhas com aquisição visual da aeronave e alvo. O Tipo 2 envolvia a geração de coordenadas a partir do solo e não precisa que do TACP para ver a aeronave, ou a aeronave ver o alvo. O Tipo 3 era similar a "armed recce" além FSCL ou SCAR. Um TACP identifica um alvo, indica para a aeronave e permite destruir sem restrição.

A OIF mostrou que os TACP eram uma função importante e foi pensado em integrar os TACP a nível pelotão. O problema era treinar tantos postos e depois coordenar muitas aeronaves em uma área pequena, se conseguissem muitas aeronaves necessárias.

Operações de CAS na OIF

A vantagem americana em sensores e armas de precisão de longo alcance dava vantagem em campo aberto, mas poderia ser anulada se tivessem que lutar com a Guarda Republicana nas cidades. A Interdição Aérea focou em atacar a Guarda Republicana reposicionando nas cidades. A MEF apoiava o V Corpo evitando que as unidades no flanco leste manobrassem para afetar o esforço principal. A combinação letal dos A-10, F-15E, F-16, F/A-18, B-1B, B-52 e outras aeronaves contribuíram para o sucesso em terra. Os ALO e ETAC nas unidades foram usados com sucesso. Cerca de 79% das operações aéreas foram de CAS ou KICAS (15.592 de 19.989 saídas) apoiando as manobras da coalizão e evitou que a maior parte das forças convencionais fossem para as cidades, destruídos no caminho ou induzindo os soldados a abandonar o equipamento.

Até o dia 31 de março 60% das saídas aéreos foram em apoio ao US Army, USMC e SOF e 14% contra regime C2. Foram nomeados mais de 17 mil DMPI sendo mais de 15 mil atacados como alvos CAS e BAI, ou quase 57% do total. Os ataques aéreos contra a Guarda Republicana resultaram em deserção em massa, ou pelos ataques, ou por saber que não tinham como resistir. Poder Aéreo não conseguiu atingir a liderança, mas foi muito eficiente contra as tropas, mesmo muito próximo de tropas amigas. Nas cidades só usavam armas guiadas com pouco dano colateral e penetrava o alvo facilmente.

No CAS os preferidos eram os A-10, mas os F-15 e F-16 também eram bons. Os A-10 mergulhavam para metralhar alvos e o canhão mantinha o inimigo de cabeça baixa ao redor. Voando acima dava segurança as tropas e pavor levava ao inimigo.

Na OIF o US Army foi apoiado por CAS dos próprios helicópteros de ataque e pelos caças da USAF, USMC e da Coalizão. O USMC só foi apoiado mais pelos próprios caças. A 3 MAW (Marine Air Wing) tinha 130 caças Hornet e Harrier e 60 AH-1W Super Cobra. Usavam muito CAS para diminuir a logística da artilharia. Eram cerca de 120 saídas de caças e 100 saídas de Cobra por dia para apoiar o avanço do USMC.

Inicialmente planejaram o uso de quatro Divisões em quatro direções. No final foi usada apenas uma Divisão no oeste como esforço principal e uma MEF no leste apoiando. O Comandante era único da 3 Divisão de Infantaria na frente US Army. O plano CAS foi fácil de executar pois só apoiariam a 3 Divisão de Infantaria e teriam muito CAS disponível. O ataque estratégico ficou em segundo plano. Planejaram CAPs continuas de duas aeronaves acima das tropas e planejaram situações de urgência podendo aumentar para 4-6 aeronaves se necessário.

   

As aeronaves atuando no CAS ficariam em padrões de espera, conhecidos como stacks, acima da batalha. Seria um stack para o USMC e dois para o US Army. Um apoiaria a 3 Divisão de Infantaria diretamente e outro apoiaria as operaçõs de "corps shapping" do V Corpo de Exército, mas era reserva para a 3 Divisão de Infantaria se necessário. Os Stacks não poderiam interferir com outros fogos de artilharia e morteiros, mas estaria próximos o suficiente da luta para resposta rápida. O controle de espaço aéreo seria feito por 3-4 homens em uma mesa avançando junto com tropas e assim foi executado e funcionou corretamente.

O TACP em terra tendo consciência da situação em terra e com o CAS poderia ajudar. Sabiam chamar CAS e quando cancelar para evitar fogo amigo. Em terreno urbano chamavam CAS a 400-600 metros e iam aproximando (caminhando) os ataques como feito pela artilharia.

Os TACP treinaram antes com OH-58 para "talk on". Depois foi fácil com os caças. No Vietnã os TACP já voavam em helicópteros, mas as lições foram esquecidas. A 101 Airborne colocava o TACP no assento direito dos Kiowa. O helicóptero se movia mais rápido e tinha uma melhor perspectiva do campo de batalha escolhendo as características do terreno mais proeminentes para o "talk on" com os caças. Os blindados LAV do USMC e os M-2 BFIST podiam designar alvos com laser para a aviação. Em algumas ocasiões os blindados M-2 chegaram a usar seu canhão de 25 mm para designar alvos.

Os pilotos de caça atuavam como ALO ficavam no TAC e o ASOS se movendo. Serviam como BALO (Brigade ALO). Outros atuavam mais a frente como TACP.  Eram pilotos inexperientes recrutados. Era a atitude da USAF em relação ao CAS não dando importância para a missão.

Os FAC nos fuzileiros avançavam nos blindados atuando temporariamente como comandante de tripulação. Geralmente atuam na posição do carregador, assumindo que é uma tarefa mais fácil que pilotar. No Vietnã, Cabos em patrulhas de reconhecimento chamavam apoio aéreo. Depois as regras só permitam que a tarefa fosse realizada por pilotos. Os pilotos não gostavam da restrição. Mesmo assim as tropas podiam chamar ataque aéreo chamando FAC ou carregando blindado.

Os helicópteros Apache do US Army cobriam os flancos do avanço. Faziam cobertura,  CCA (Close Combat Attack), reconhecimento a frente do avanço e escoltavam helicópteros de Evacuação médica. Foram planejadas algumas operações de ataque profundo. A primeira foi cancelada, a segunda em Karbala falhou e os helicópteros da 101 Airoborne realizaram uma com sucesso. Os Apache Longbow com o radar APG-78 teve pouca utilidade pois não havia muitos blindados manobrando. Podiam usar para acompanhar os comboios amigos.

A 11 AHR operando em uma FARP em Najaf atacaria a Divisão Medina no norte do passo de Karbala no dia 28 de março. A Divisão Medina era a maior força no caminho do V Corpo. A doutrina Airland já previa este tipo de ataque em profundidade considerada de risco moderado. A operação dependia de supressão de defesas aéreas, outra tática do air land battle. Os helicópteros voariam bem baixo para evitar as defesas no local. A supressão de defesas viria do ATACAMS que saturaria a artilharia antiaérea conhecida no caminho. Outros caças ajudariam acima. Fariam uma rota cheia de "doglegs" para evitar as cidades.

Com o atraso a supressão de defesas também foi perdida. Os caças não viram os Apache chegarem e pensaram que o ataque foi canelado. As luzes das fazendas no caminho tornaram os NVG inúteis. Os Apaches detectados por civis e fedains que os viram indo para o norte. Logo viram luzes brilharem no chão em todo lugar e depois as traçantes. Um após outro os Apaches foram atingidos com vários pilotos feridos. Alguns abortaram e outros continuaram. Logo foram novamente embocadas a frente. No final apenas uma unidade atingiu objetivo encontrando 30 T-72 enterrados. O fogo em terra era intenso e se retiraram sem disparar. De 30 Apaches que decolaram 29 foram atingidos e um derrubado com falha hidráulica por dano. Os dois pilotos foram tomados como prisioneiros. A maioria tinha pelo menos 15 tiros de armas leves e alguns de RPG. No resto da guerra a 11 AHR só realizou operações limitadas.

O CAS ainda não foi considerado adequado na OIF. As armas usadas nem sempre eram adequadas ao alvo e demoravam a atacar. Um exemplo era ter que usar arma guiada contra tropas. Os OH-58D iluminando alvos era meio frustrante pois geralmente não treinavam na missão antes. Os TACP geralmente guiavam com "talk on" o que demorava. Geralmente durava 5-10 minutos até o piloto ficar confiante. Os TACP também vêem de uma perspectiva diferente do alvo. O resultado foi o CAS reagir mais lento que os morteiros e artilharia. As tropas gostavam do A-10 e AC-130 por ficarem mais tempo no ar e pela familiarização com CAS.

Para evitar fogo amigo todo piloto tinha que estar em uma rede der rádio ao atacar próximos as tropas. Ocorreram erros como um M-1 atacado por engano no dia D, os AMTRACs atacados em Naisiria e ataques aos LAVs próximos a Bagdá. No dia 23 de março, em Nasariah os A-10 engajaram os AMTRACS do USMC durante CAS com controle Tipo 3 sendo mais devido a perda de controle das próprias tropas. Foi o pior dos 17 episódios de fogo amigo investigados na OIF com nove mortos. No dia 4 de abril, no cruzamento do rio Diyala, um F-14 fez passagem bem baixa na posição dos LAV do RCT-5. Não identificou como amigos e atacou em mergulhou errando. O piloto também não conseguiu contato de rádio antes do ataque.

A artilharia teve papel mais de contra-bateria pois o CAS não reagia a tempo contra a artilharia iraquiana. No USMC era chamado de "fire capping" mantendo sempre uma bateria e um radar contra-bateria em posição o tempo todo durante o avanço. O radar estava ligado digitalmente a bateria e a resposta era em minutos. O fogo de contra-bateria deve ser de dois minutos após disparo inimigo para ser efetivo. Os iraquianos podiam usar sua artilharia em junções de estrada, mas raramente disparavam com medo do fogo de contra-bateria. Os americanos usavam radares contra-bateria TPQ-36 ou TPQ-37 chamados de Q-36 ou Q-37 para encurtar.

Armas Táticas

As armas preferidas para CAS eram as bombas guiada a laser Paveway. As vezes usavam as JDAM devido ao mau tempo. Os Hornet podiam decolar para a missão com os dois tipos de bombas. Um piloto armado com JDAM e Paveway resolveu disparar a Paveway primeiro. Quando foi atacado durante o lançamento não pôde reagir por estar iluminando o alvo. Concluiu que era melhor disparar a JDAM primeiro para fugir se necessário. Também não era bom ser o segundo na área pois as defesas estavam bem alertas.

Os pilotos navais foram treinados para falar com o FAC, ver o alvo e mergulhar com bombas burras. Com a JDAM puderam ficar longe e disparar acima das nuvens. Era muito fácil disparar as JDAM até com os monopostos. Uma missão CAS típica era lançar um JDAM em coordenadas onde havia inimigo atirando. Lançavam sem ver o alvo e depois recebiam informações que o inimigo parou de atacar. As JDAM que não eram disparadas tinha que esperar 20 minutos para alijar. Era o tempo de duração da bateria ou a bomba tentava atingir o alvo mesmo se fosse balisticamente impossível.

Durante a OSW foram usados UAV para identificar os alvos, passavam a coordenadas para o CAOC que mandava um caça armado com as JDAM. Os pilotos viraram um "bomb truck" disparando contra um alvo que não viam, mas era uma tática ruim contra alvo móvel e ruim para CAS e SCAR onde era melhor usar as Paveway, Maverick, Hellfire e canhão. Mas as JDAM era boa em mau tempo ao contrario das outras armas.

Em uma ocasião caças Tornados GR4 não sabiam onde atacar pois havia muitos alvos já atacados na área. Estavam equipados com as EGBU e os F-14D FAC(A) passaram as coordenadas do alvo que fez a tarefa ficar fácil e minimizou muito o "talk-on".

As Mk82 ainda foram usadas para CAS pelos F/A-18 e  A-10. Eram disparadas em mergulho para melhorar a precisão. Os pilotos de F/A-18 treinam muito em tempo paz com as Mk82 por ser barata comparada com as Paveway e JDAM. Basta colocar o "diamante" de pontaria alvo e a Mk82 é precisa até disparada acima do envelope de mísseis SAM e artilharia antiaérea. Já a Mk83 era ruim para CAS pois o raio da explosão era de até 900 metros.

Na Desert Storm os Harrier do USMC disparam cerca de 500 bombas Mk77 de Napalm. Na OIF foram apenas 24 Mk77 disparadas e mais pelo efeito psicológico de desmoralizar o inimigo. As primeiras foram lançadas a grande altitude e sem bom efeito com as seis bombas. O segundo ataque foi perto da base aérea de Tallil a baixa altitude com seis jatos disparando três bombas cada. 

Os A-10 usaram muito seu canhão Avenger de 30 mm com mais de 300 mil tiros disparados. Geralmente era a baixa altitude. Os F-15E fizeram passagem baixa a noite em emboscadas e dispararam o canhão no outro lado estrada onde estavam as tropas amigas.

Ações de mostra de força, ou guerra não cinética, era outra arma. A aeronave voava muito baixo e a noite lançando flare. Se o alvo suspeito é amigo logo avisam o que evita fogo amigo.

Os iraquianos, procurando equipes do SAS, foram sobrevoados por um F/A-18 a noite. Achando que seriam atacados, os iraquianos voltaram para os veículos e fugiram. A equipe tinha sido inserida no oeste do Iraque para caçar lançadores de mísseis Scud. Foi descoberta logo no primeiro dia de operação, dia da guerra, e perseguidos até o centro do Iraque.

TACAIR

As aeronaves deslocadas para a Operação Iraque Freedom foram 250 F/A-18 Hornet, F-16CJ (71), AV-8 Harrier (70), A/OA-10 (60), F-16 (60), F-14(56) e F-15E (48). Os bombardeiros que operaram na campanha foram o B-52 (28), B-1 (11) e B-2 (4).

Os B-1B voaram 5% das missões na OIF disparando 40% das bombas. Cinco anos depois eram 24% a mais de saídas e considerado aeronaves mais valorosa na OIF. tropas voltando do Iraque consideram o B-1B suficiente para manter inimigo de cabeça baixa. bastava mostrar força voando baixo e lançando flares para intimidar inimigo. Agora vai receber um casulo Sniper XR para facilitar a missão. Enquanto os B-1B, B-52 e F-15E da USAF apoiavam as tropas, os F-16 que se concentraram nos ataques estratégicos sendo que foi planejado o contrário. Isso ocorreu devido a dificuldade das operações de apoio aéreo que precisa de pelo menos dois tripulantes para melhorar a eficiência.

O requerimentos da aeronave ideal para realizar as missões de FAC(A), KI/CAS e SCAR era para um caça bimotor, com dois tripulantes, bons sensores, longo alcance, boa carga de armas, datalink com outros plataformas incluindo plataformas de Comando&Controle. Com bons rádios as aeronaves FAC(A) também eram usados para retransmissão de comunicações. As preferidas eram o F-14D e o F-15E.

Aeronaves monopostas como o F/A-18 ficava saturado fácil com a operação de rádios, encontrar REVO, evitar zona engajamento dos mísseis Patriot e navegar em mau tempo. Depois tinha que evitar a artilharia antiaéreo, mísseis SAM e disparar suas armas. No rádio tinha que checar com uma dúzia de agências, mudava de frequência em todas, tinha evitar colisão e as vezes passa bem próximo de outras aeronaves a noite.



Os iraquianos colocavam suas armas em colocaram barricadas para proteger de acertos próximos como na operação Desert Storm, mas com as armas guiadas só facilitou detectar e destruir como mostra esta foto de um Kill Box em al Kut.


Outra imagem de um Kill Box no Iraque.

F-15E

Os F-15E iniciaram o conflito disparando mísseis AGM-130, atacando bases aéreas, interdição e atacando alvos fixos, mas a maioria das missões era de KI e KI/CAS com táticas de SCAR nos Kill Box.

Os F-15E Eagle eram as únicas aeronaves táticas da USAF com alcance, sistemas de auto-proteção e capacidade de detecção para voar livremente no sul e norte do Iraque. As missões complicadas eram melhor realizadas com dois tripulantes e era melhor em mau tempo. O WSO encontrava alvos e falava com outras aeronaves de ataque enquanto o piloto coordenava com o AWACS e controlava a posição de outras aeronaves próximas.

Quando havia pouco REVO disponível, como nas duas primeira semanas de combates, os F-15E também tomavam a frente. Os F-15E faziam "No Gas Kick Ass", pois não precisavam de REVO na ida até os Kill Box. Só fazia REVO se voassem mais para a região central e norte do Iraque. Esta capacidade foi importante para apoiar o avanço entre Kut e Basra onde havia risco de contra-ataque da Guarda Republicana, mas tinham que voar duas vezes por dia para proteger o avanço e cobrir os flancos. A proteção era bem vinda pelas tropas em terra. O lado ruim era ter que voar duas vezes por dia para dar cobertura. Os pilotos passaram a fazer reabastecimento "quente" no Kuwait para voar mais longe no Iraque. O contra ataque acabou vindo do sudeste de Basra e as colunas blindadas foram dizimadas pelos F-15E. Eram cerca de 100 veículos e blindados sendo a única tentativa de ataque em massa dos iraquianos. Foi estimado que os F-15E destruíram 60% força da Divisão Medina da Guarda Republicana, centros das IADS e C3 na super MEZ em Bagdá e fizeram CAS.

Os pilotos dos F-15E passaram a gostar mais da GBU-12 por ser menor, mais precisa e causando menor dano colateral. Antes a arma preferida era a GBU-10 de 900kg. A carga normal era de nove GBU-12 e geralmente voltava sem nada. Uma dupla levava 18 GBU-12. Levavam quatro GBU-12 com espoleta instantânea em um lado e atraso no outro. Foi uma iniciativa das tripulações pois as ordens fragmentarias (ATO) não especificada o tipo de espoleta e funcionou bem. Podiam escolher a espoleta adequada para cada tipo de alvo com blindado (contato) e depósito de munições (atraso).

A USAF deslocou 55 caças F-15E dos esquadros esquadrões 335th FS "Chiefs" e 336th FS "Rocketeers" para a operação Iraque Freedom. Cada aeronave tinha duas tripulações completas. Os F-15E do Esquadrão de Caça 336 voaram 5.837 horas, sendo 4.788 horas em 1.768 saídas, com 84% de prontidão. Antes os esquadrões de F-15E treinava ataque em profundidade e interdição, até com arma nuclear. Agora o treino foca em FAC(A), KI/CAS e SCAR. No Iraque a missão primaria era caçar Scud e membros do partido. Os F-15E fizeram SCAR nas bases aéreas destruindo 67 aeronaves iraquianas, além de artilharia antiaérea, posições de mísseis SAM, depósitos, centros de comando, etc.

O esquadrão 335th FS disponibilizou 10 tripulações para apoiar as operações das Forças Especiais da TF-20 Tawny. Atuavam em Kill Box "black" e usavam rádios seguros encriptados KY-58. As Forças Especiais usavam luzes estroboscópicas para serem facilmente visíveis nos NVG e faziam buddy laser para os F-15 com seus designadores portáteis. No dia 2 de abril vários lançadores Scud foram atacado e destruído. Os alvos foram designados pelas Forças Especiais a 1500 metros do alvo. Foram outros 10 alvos atacados no local.

Os F-15E também mostraram sua capacidade "dual role" com configuração ar-ar para defesa aérea, substituindo os F-15C da USAF e F/A-18 da RAAF. Levavam duas GBU-12 para procurar e atacar alvos no fim da missão.

F-16

O esquadrão de caça 524 e 352 com aeronaves F-16CG Block 40 equipados com o casulo LANTIRN foram deslocados para a base de Al Jaber no Kuwait. As aeronaves realizariam missões de apoio aéreo aproximado (CAS) armados com bombas JDAM e Paveway e atacariam blindados, depósitos de suprimentos, postos de comando e sítios de comunicações. Na pratica também fizeram alerta contra alvos com premência de tempo (TST - Time Sensitive Target) e ataques de decapitação. Não estava planejado seu uso na zona protegida em torno de Bagdá (Super MEZ - Missile Engagement Zone).

Na base de Al Jaber havia um total de 20 F-16CG, 50 A-10, um esquadrão de AV-8B, cinco de F/A-18 e dois de Harrier GR7 da RAF. Era a central de CAS que ficava no Kuwait. Os A-10 fariam CAS mais próximo com canhão e mísseis Maverick. Os AV-8B e F/A-18 do USMC fariam CAS para as próprias tropas.

O treino anterior a operação enfatizou as missões de CAS e ataque em profundidade. Os pilotos de F-16 não tiveram nenhum treino de combate aéreo na preparação para a invasão. Antes treinavam penetração noturna a baixa altitude com os casulos LANTIRN de navegação. Agora só atuam a média altitude com proteção de casulos de guerra eletrônica e escolta de interferência eletrônica.

Os F-16 block 40 que operam no Kuwait dispararam um total de 372 bombas GBU-12, 23 GBU-10, duas GBU-24, 244 GBU-31 JDAM, 108 Mk129 de lançamento de panfletos e 568 tiros de 20mm. Os alvos destruídos foram 69 blindados, 44 peças de artilharia, 82 caminhões, 47 postos de comando, 35 quartéis ou caches de munição, 14 mísseis SAM ou sites de artilharia antiaérea e 14 aeronaves em terra. Tudo isso em 597 saídas em 1.438 horas.

A base aérea de Azraq na Jordânia recebeu a Ala Expedicionária 410 (AEW) com três equadores da Guarda Aérea Nacional e um da reserva com 40 aeronaves F-16 (ANG). Estas aeronaves fariam caça aos Scud (ou C-TBM - counter, theater balistic missile) e apoiariam Forças de Operações Especiais da TF-20 atuando no deserto. Na pratica também realizaram CAS, defesa aérea e ataque a bases aéreas. Os pilotos treinavam caça a lançadores Scud incluindo identificação visual e com casulos de designação de alvos de várias direções.

Foram realizadas 1.322 saídas em 6.504 horas com o disparo de 518 GBU-12, 24 Mk82 e 89 GBU-31. Os pilotos usavam mais a GBU-12 e depois um par de GBU-12 e uma JDAM. Com o estoque de munição acabando passaram a levar bombas Mk82.

A-10

Os A-10 realizaram missões de CAS, FAC(A) e ataque e a novidade foi o uso do casulo Litening II passando a ter capacidade de FLIR de longo alcance, TV e designação laser.

Os esquadrões de caça 103 e 104 com 18 aeronaves cada voaram 3.100 horas em 900 saídas. Boa parte eram missões secretas apoiando Forças de Operações Especiais atuando atrás das linhas. A guerra no oeste do Iraque foi mais secreta e até o uso de bases avançadas é desconhecido. Primeiro fariam alerta contra alvos com premência de tempo (TST) apoiados pelos JSTARS e outras aeronaves com casulos de longo alcance para identificar as zonas de operações dos mísseis Scud. Os A-10 deveriam prevenir o lançamento, mas a maioria dos Scud lançados foi mais ao sul. Depois passaram a realizar apoio aéreo aproximado e resgate de combate (CSAR). Fizeram alerta de ataque, reconhecimento de estrada, patrulharam a fronteira da Síria para evitar fuga da liderança americana e sempre mais focado no oeste para apoio das forças de operações especiais.

Os pilotos eram divididos em diurnos e noturnos para respeitar o ciclo de sono. Sempre realizavam um REVO antes de entrar no Iraque. Atuavam em duplas e as vezes em quatro. Mesmo não sendo treinados como FAC(A) acabaram realizando a missão e usavam o Litening para direcionar outras aeronaves para o alvo. Nas missões de busca e resgate de combate (CSAR) procuravam tropas em perigo no solo e o Litening ajudava a ver mais fácil aumentando a consciência da situação. Os A-10 ainda levavam bomba burras Mk82 e podiam atingir qualquer alvo com elas e o Litening facilitava mais ainda. O canhão também era outra arma de precisão.

F-14

Em 1991, dez esquadrões de F-14, ou 100 caças, tiveram pouca atuação a não ser para reconhecimento. Durante a Guerra Fria não era esperado que os Tomc
at iria operar com aeronaves aliadas. Usariam suas bases, mas não aturariam juntos. Uma lição da guerra do Golfo foi a necessidade de aprender a operar junto. O resultado é que na OIF os 52 Tomcat fizeram CAP, ataque de precisão, FAC(A) e reconhecimento com sucesso. Já nas operações OSW e ONW os F-14 mostraram ser muito úteis devido ao longo alcance e a capacidade do TARPS para monitorar. Os pilotos não gostavam da missão, mas era até mais ativa que as missões de CAP.

Os esquadrões tinham tripulações especializadas em FAC(A), piloto e RIO, cerca de cinco por Esquadrão, e receberam reforços de novas tripulações durante o conflito.

A primeira vez que os Tomcat atuaram como FAC(A) foi em 1999 na operação Allied Force em Kosovo e  mostrou ser bom para FAC(A) e SCAR. Tinha alcance, velocidade, carga de armas, sensores, dois tripulantes, bons sistemas defensivos e sistemas de comunicações para esta missão de alta demanda.

A US Navy e USMC foram pioneiros no uso de FAC(A) em jatos. Foram usados no Vietnã com o TF-9J Cougar e TA-4F. Atualmente operam com o F/A-18D/F. A US Navy seguiu o USMC com o F-14D. Os Esquadrões tem pilotos/RIO com curso especializado. Os pilotos encontravam alvos para outras aeronaves ou comunicava com FAC em terra. Os caças precisavam de alvos que eram poucos.

Os F-14D equipados com datalink JTIDS facilitou a tarefa dos pilotos atuando como FAC(A). O F-14D tinha dois rádios seguros VHF/UHF e dois canais JTIDS. Um era para se comunicar com o Ala com som alto para alerta, outro com tropa em terra e outro com a rede de comando com o AWACS. O F-14 podia saber de noticias bem antes dos outros caças. Os Hornet voando de Ala ficavam maravilhados com a capacidade "psíquica" pois iam para um Kill Box e depois recebiam noticia com seu rádio que o Kill Box ia ser aberto.

O JTIDS mostrou ser muito importante para auxiliar na consciência da situação e nas comunicações. Mostrou ser ótimo para SCAR e FAC)(A). Boa parte do trabalho do FACA é ter boa consciência da situação que se aprende com o tempo.

Os pilotos dos Tomcat percebiam que havia "desinc" (desincronização) no JTIDS e avisava o AWACS. No desinc os pilotos chamavam e não havia resposta sendo que o AWACS achava que o canal estava calmo. As outras aeronaves não tinham canal JTIDS para avisar.

Os F-14 atuando como FAC(A) atuavam aos pares, mas pode ir sozinho com apoio de aeronaves CAS na área. Os pilotos faziam busca visual e com o designador LTS e um par de olhos adicionais mostrou ser importante para detectar fogo inimigo. As ECM também e o F-14D tinha equipamentos dos bons. O designador LTS permite passar as coordenadas do alvo rápido e sem risco de erro ou fogo amigo para aeronaves armadas com as JDAM. Os pilotos usam o HUD para apontar o FLIR do LTS para a artilharia antiaérea que atirava e que eram atacados como alvos de oportunidade.

Contra alvos fixos os F-14 treinaram com três JDAM e tanques cheios e era difícil voar. Os outros caças só operavam com duas JDAM. A guerra mostrou que o treino valeu a pena. Os F-14 levavam quatro GBU-12 para fazer SCAR o que facilitava na volta para o NAe se não disparar as bombas. O canhão era o último recursos se ficar sem armas e também era usado para alvos muito próximo as tropas. Nas missões de reconhecimento com TARPS voavam com bombas burras para o caso de alguém precisar.

Nas operações de CAS o FAC(A) conversa com o FAC no solo. O RIO controla o rádio e o piloto voa a aeronave. As  coordenadas do alvo são inseridas no sistema e aponta o LTS automaticamente. Os tripulantes estudam rápido a melhor tática de ataque. Geralmente seguem o manual para cada tipo de alvo. A simbologia no HUD mostra quando disparar as Paveway ou JDAM com o LTS apontado para o alvo. A autorização final é do FAC em terra (com sinal cleared hot).

Os F-14 voavam 3-4 ondas por dia. As duas primeiras eram pesadas e outras mais leves no fim do dia. Os Esquadrões de Tomcat mantinham 4-6 jatos prontos de um total de 10. As missões duravam 4-8 horas, mas as tropas em terra operavam por 12-18 horas. Um esquadrão tem pilotos especializado em CAS e FAC(A) e treina os outros se necessário.
 
Alguns F-14 operaram do Qatar para FAC(A). A maioria dos pilotos não gostou de operar em terra achando que a USAF estava certa operando de terra. Outros achavam que mostra a flexibilidade de operar do mar e em terra enquanto a USAF não pode. Operando em terra facilitou o briefing e debrifing com outros esquadrões principalmente com os F-14A e F-15E apoiando as operações de Forças Especiais do TCT/TF-20. As aeronaves faziam reconhecimento, CAS, SCAR, FAC(A), escolta, defesa aérea e ataque de precisão. Desenvolveram novas táticas, técnicas e procedimentos para operar com as Forças Especiais. Brifavam as equipes diretamente.
A US Navy brifa sempre junto enquanto na USAF é separado e se junta no ar.

O esquadrão VF-154 equipado com F-14A operando no Golfo Pérsico foi reforçado com sete aeronaves e 10 tripulações do CV-63. Um destacamento de cinco aeronaves foi enviada para terra em Al Udeit no Qatar com cinco tripulações de FAC(A). Os tripulantes voava a mesma aeronave continuamente tornando mais rápido a preparação pois não precisa ler livro registro da aeronave. O apoio em terra foi feito pela Guarda Nacional da USAF e pelos australianos.

O destacamento teve 100% de prontidão pois grande parte da frota de F-14A foi retirada de serviço e sobrou peças de reposição únicas para o modelo F-14A. Já o F-14D era mais difícil de manter pois estavam todos operando. Os F-14A realizaram mais de 300 missões disparando 98 GBU-12 em 21 dias. Cada missão durava entre 3 a 3 horas e meia.

As missões Time Critical Time em apoio as Forças Especiais da TF20 eram secretas e de alta demanda. Eram voadas só por tripulações FAC(A) como os F-14A de Al Udeit. Eram alvos oportunidade como liderança, mísseis Scud e mísseis SAM. Os FAC(A) treinaram antes com as Forças Especiais e criaram conceitos de operação. Também treinaram escolta dos MC-130, MH-60 e MH-53.

Todos os F-14 faziam buddy laser para os F/A-18 que não tinham casulos bons como LANTIRN Target System (LTS). Primeiro disparavam suas bombas, geralmente quatro GBU-12. Com as JDAM não precisavam ver os alvos fixos para atacar, mas usavam o LTS para avaliação de danos de batalha. Viam as armas falharem ou atravessaram alvos sem explodir.

Os F-14 que operavam no norte faziam um REVO na Turquia e voavam mais 45 minutos no Iraque. Se não disparava todas as arma faziam um REVO novamente e lançava o resto. Cada onda tinha dois F-14 e até quatro duplas de F/A-18. Eram apoiados por um E-2, um EA-6B e S-3 de REVO nos NAes.

Uma das primeiras missões foi apoiar um assalto aéreo noturno na base aérea de Irbil no dia 26 de março onde apoiaram com CAS e defesa aérea a força de mil pára-quedistas da 173a Brigada. Como não houve reação pelo ar ou terra e lançaram bombas em alvos pré-planejados em Kirkuk. A operação foi a maior do tipo após a Segunda Guerra com apoio de 15 C-17, escoltados por três ondas de caças do CVW-8. A força depois atacou por terra as cidades de Tikrit, Mosul e Kirkuk. O apoio aéreo era a única arma pesada que tinham.

Perto de Mosul um F-14 disparou uma Paveway contra um comboio de curdos e Forças Especiais de 18 veículos. Foram mortos 18 curdos, quatro americanos, um ajudante de uma equipe da BBC e 80 feridos.O disparo foi liberado contra um alvo sem coordenadas. O piloto disse que viu uma estrada e uma interseção onde havia blindados e veículos. O FAC liberou depois disso. Estavam sobre estresse do ataque.

Os F-14 foram retirados de serviço e substituídos pelos F/A-18E/F que agora estão assumindo a missão de FAC(A) sendo bem mais capazes com novos radares e casulos ATFLIR. Os dois tripulantes tem capacetes JHMCS que podem ser usados para apontar o ATFLIR rapidamente para o alvo sem apontar a aeronave.


Um F-14 trabalhando alvos no Iraque.

Hornet

A OIF foi a guerra dos F/A-18 Hornet. Eram 250 Hornet no conflito ou a maior frota de caças. O USMC enviou 84 Hornet e a RAAF mais 14.

Na Operação Desert Storm o USMC operou com sete esquadrões de Hornet. Em 2003 eram dois de F/A-18C e três de F/A-18D de esquadrões do MAG-11 (Marine Air Group) operando na base aérea de Al Jaber no Kuwait. Os Hornet apoiaram as missões de CAS para o USMC enquanto a USAF apoiava primeiro as unidades do US Army. O USMC não tinha função de fornecer saídas para a campanha geral como na Desert Sstorm.

Em 30 dias de combates os cinco esquadrões de F/A-18 do MAG-11 voaram 2.700 saídas das 4.000 voadas no total de KI/CA, SCAR e BAI. Eram 120-130 vôos por dia em média em 30 dias. As missões eram de interdição, X-CAS e X-INT. O primeiro era contra alvos fixos e os outros precisavam de autorização para disparar.

O USMC tomou os campos petrolíferos de Rumaylah e logo tomaram a Rodovia 8 em direção a An Nasiriyah atuando contra a Divisão Mecanizada 51 e Divisão de Infantaria 11 do Iraque. O avanço foi apoiado por CAS de cinco esquadrões de F/A-18, mais os AV-8B Harrier e Tornados GR4 e Harrier GR7 da RAF. Todas estas aeronaves eram controladas pelos FAC(A) nos F/A-18D.

Os FAC(A) nos F/A-18D também foram usados para fazer SCAR nos Kill Box a frente do avanço do USMC. Controlaram de helicópteros Super Cobra ao B-52. Isso permitiu fazer uma "blitzkrieg" ao redor de pontos fortes na rota até Bagdá com as aeronaves táticas cobrindo os flancos do avanço em Kill Box abertos.

Os FAC(A) nos F/A-18D do USMC eram fontes primárias de alvos chamando fogo de morteiro, artilharia e apoio de caças e helicópteros de ataque. Atuavam como retransmissor de comunicações.

Antes das missões os FAC(A) primeiro coletam informações na tenda de inteligência para saber onde poderão operar. Os pilotos raramente têm ordens para atuar direto com um FAC em terra. No ar contata o TACC e depois o DASC. Um dos dois passa para um FAC em terra ou o DASC passa para um Kill Box aberto para fazer SCAR e se torna uma plataforma SCAR. Os pilotos torcem para que o Kill Box seja um dos que esperavam atacar. Se encontra um FAC(A) no local recebem informações do Kill Box quando saia. Sem FAC(A) logo passam a estudar as fotos do local que levaram junto e procuram alvos. Tentam ver se os alvos já foram atacados. Depois procuram aeronaves táticas para trabalhar.

Os FAC(A)/SCAR geralmente chegam 15 minutos antes dos caças que vão chegando a cada 15 minutos. O objetivo do FAC(A) e plataforma SCAR era ajudar os caças a colocar bombas nos alvos antes do combustível acabar. Atuando com caças armados com bombas Paveway ou Maverick Laser e sem casulo de designação os FAC(A) tinham que encontrar, colocar os caças como ala e ir até o alvo para apoiar.

Duas unidade do USMC operaram embarcados no norte (VMFA-323 e VMFA-115) no CVN-75. O esquadrão VMFA-115 voou 251 saídas com 1.241 horas de vôo entre 20 de março a 20 de abril, lançando 300 mil libras de bombas. O esquadrão VMFA-323 voou 262 saídas com 842 horas de vôo com 12 Hornet e 18 pilotos entre 20 de março a 15 de abril disparando 319 mil libras de armas incluindo 67 GBU-12, 8 GBU-16, 96 GBU-35, 41 GBU-31, 23 GBU-109, uma Mk82, um Maverick Laser e um SLAM-ER, além de 1.368 tiros de 20mm.

Caças F/A-18 do USMC ficavam sempre de prontidão no solo para atacar alvos com premência de tempo (TST). Podia ser da liderança do regime, ou artilharia que era muito frequente, alem dos mísseis SAM. Bombas em cacho foram disparadas poucas vezes como no caso de aeronaves em alerta TST contra mísseis e artilharia.

Entre os dias 19 de março a 18 de abril as aeronaves táticas US Navy voaram 5.568 saídas sem perdas. Os F/A-18 e F-14 lançaram 5.300 bombas sendo que 5.000 eram guiadas. As JDAM e JSOW foram preferidas no inicio contra alvos fixos. Depois usaram mais as Paveway para missões de apoio aéreo aproximado por ser mais flexível. As Paveway podiam ser apontadas também por helicópteros OH-58 e AH-64 além de FAC em terra.

Os Hornet da ala CVW-3 dispararam 366 GBU-12 e 50 GBU-16, mas nenhuma GBU-24. Os F/A-18 do esquadrão VFA-37 voaram 1.271 horas em 297 saídas com 100% de prontidão, lançando 144 toneladas de armas e 9.400 tiros de 20mm.

Os F/A-18+ do esquadrão VFA-201 voou mais de 1.200 horas em 400 saídas (14 saídas por dia) disparando 250 mil libras de bombas incluindo 56 GBU-35, 35 GBU-32 e 31 GBU-31. Era a única unidade da reserva naval com o modelo mais antigo do Hornet na região. O esquadrão tinha 18 pilotos sendo 14 com curso Top Gun e seis de Comandante de Guerra Aérea. Foram responsáveis por 30% das saídas das aeronaves táticas da ala CVW-8 com 100% de disponibilidade.

A Ala embarcada CVW-3 lançou 78 GBU-31, 216 GBU-35 enquanto a CVW-8 lançou 32 GBU-31 e 262 GBU-35 respectivamente. As aeronaves da ala CVW-3 dispararam 37 bombas Mk82 e 86 Mk83, mas só com bom tempo visualizado o alvo. Também dispararam 1.218 tiros de canhão de 20mm.

Na ida para a área de operação os pilotos embarcados tiveram muito tempo para treinar. Em tempo de paz é comum voar com aeronaves com defeito, como um radar fraco ou FLIR que não funciona, mas preparando para OIF tiveram que caprichar na prontidão das aeronaves. Os pilotos também treinaram com FOpEsp atuando como FAC em terra contra alvos em estande de tiro na Albânia, Bósnia, Grécia e Turquia com bom proveito em combate pois geralmente só treinam contra alvos no mar. Também só treinaram com as armas que usariam Iraque pois o arsenal é bem amplo.

No caminho até o Iraque podiam escolher com quem treinar. Eram muitas opções para treinar no mundo e focaram nas piores ameaças existentes e que havia no Iraque. O treinamento de combate aéreo foi contra os Rafale e Super Etandard franceses e contra os F-16 e F-4E turcos. O treinamento foi mais intenso foram as táticas defensivas contra mísseis SAM e artilharia antiaérea que era a maior ameaça opção e deixava os pilotos ansiosos, mas a realidade foi bem mais fácil. Em combate varriam o céu com radar e olhos e olhavam o RWR a procura de Mig, SAM e artilharia antiaérea e o silencio era total. Os pilotos temiam muito os mísseis Roland por ser bem rápido. Depois de atacar já moviam e subiam rápido para evitar a artilharia antiaérea. O REVO com mau tempo, constante na área, era até mais amedrontador que as IADS.

Diferente dos treinamentos em combate colocaram pilotos experientes com ala inexperiente em configuração permanente chamado par tático. Assim puderam voar missão operacional desde o inicio das hostilidades. As aeronaves navais voaram 6.500 saídas até abril sendo 64% para CAS e ataque. 

Os Hornet australianos foram bem vindos por padronizar a logística e armas. O treinamento conjunto anterior mostrou que tinham boa proficiência. As aeronaves equivaliam aos F/A-18A+ americanas. As aeronaves foram tiradas dos três esquadrões sendo recentemente modernizadas e revisadas. Os pilotos também eram de todos os esquadrões. Ficaram baseados em Al Udeid no Kuwait. Treinaram ataque com Paveway, REVO e manobras defensivas 4x4 com os F-16CJ antes do inicio das operações. No primeiro dia da operação, 20 de março, fizeram patrulhas de combate aéreo. Três duplas se revezavam entre a órbita da CAP e o REVO. Em uma ocasião foram chamados para avaliar um alvo 50km a nordeste da posição, mas não pegaram nada no radar e voltaram para a CAP. As CAP no sul do Iraque duravam 5-6 horas com 3-4 REVO. No inicio a configuração era DCA/TST, com três tanques externos, três AMRAAM e uma bomba GBU-12. Dois dias depois passou para "swing mission" com uma GBU-12 substituindo um AMRAAM ou duas GBU-10 no lugar dos AMRAAM. Para ataque levavam duas GBU-10 e um Sidewinder para defesa e três tanques externos. Para CAS levavam só GBU-12 no lugar das GBU-10. Os F/A-18 da RAAF voaram 670 saídas com 2.300 horas de vôo incluindo 350 saídas de combate em 1.800 horas disparando 122 bombas Paveway.

Super Hornet

No fim de março chegaram reforços para a frota de Hornet com mais dois esquadrões de F/A-18E de ataque e dois de F/A-18F com tripulações qualificadas como FAC(A) do CVN-72 USS Abrahan Lincoln. O Super Hornet já tinha feito seu debut no fim da OSW. O Super Hornet podia levar quatro GBU-31, como o F-14, enquanto o F/A-18A/C/D anterior tinha limitação de alcance. O F/A-18E/F também tinha maior disponibilidade e menor manutenção (8-9 horas por hora de vôo). Como não estavam qualificados para disparar as GBU-12 operaram apenas com a GBU-16.

O F/A-18E/F tem mais pontos duros, pousa com mais carga externa ("bring back") e fica mais tempo na estação com parado com o Hornet. Podem levar quatro JDAM ou atacar 16 alvos com uma esquadrilha. Em 1990, na operação Desert Storm, eram necessários quatro jatos e 12 bombas para destruir um alvo fixo. Agora um jato pode atacar dois alvos ou dois pontos de pontaria. Atacando mais alvos em menos tempo melhora a capacidade de sobrevivência diminuindo a exposição dos pilotos com menos saídas. A lista de alvos fixos também acaba rápido. O uso maciço de armas guiadas como as JDAM deve fazer a lista de alvos fixos acabar em 2-3 dias em guerras futuras. A reação é dispersar e mover os alvos "fixos".

A maioria das missões do F/A-18F na OIF foi de FAC(A) apontando tropas em terra. Com sensores melhores tornou mais amigável. O F-14 precisava de mais trabalho para ler os instrumentos. O casulo ATFLIR e o datalink MIDS foram bem vindos.

AV-8B Harrier

A falta de bases na Arábia Saudita favoreceu os AV-8B Harrier por poderem operar de navios anfíbios no Golfo Pérsico. No inicio da OIF havia sete esquadrões do USMC com 16 Harrier cada. No total foram 76 AV-8B deslocados para a região sendo 60 operando de quatro navios de assalto anfíbio. Outros 16 estavam em bases avançadas no Kuwait. No geral estavam bem próximos das tropas inimigas para poderem realizar sua missão principal de apoio aéreo aproximado. Decolavam da costa do Kuwait, atacavam e rearmavam em Al Jaber para novo ataque. Depois voltavam para os navios.

Em 1991 perderam cinco Harrier por voarem muito baixo durante os ataques. Em 2003 estavam equipados com novos sistemas sofisticados como o radar APG-65 e o casulo Litening II que aumentavam a capacidade ofensiva e defensiva. O Litening ajudava na missão de inteligência ajudando nas missões de reconhecimento e vigilância. A capacidade de avaliação de danos de batalha também era respeitável.

Em al Kut detectaram um batalhão de blindados e os Harrier destruíram um após o outro antes das tropas entrarem na cidade graças ao Litening iluminando alvos para as bombas guiadas a laser. O ataque contra as posições na cidade durou sete dias. A Divisão Bagdá da Guarda Republicana operava no local.

O plano original requeria que a força de Harrier realizasse 136 sadias por dia. Conseguiam atingir 120 saídas por dia se a distância até o alvo era de 290 km. Com a área dos alvos expandindo para próximo de Bagdá e até o norte de Tikrit, o número de saídas passou para 70 por dia.

Nos três primeiros dias os esquadrões VMA-223 e MVA-542 se concentraram em alvos ao redor de Basra e Nasariyah. O VMA-211 apoiou os britânicos no sul atacando a 10 Divisão Blindada iraquiana ao redor da base aérea de Qalat Sikat.

Em uma ocasião um comboio teve seus blindados avançando mais rápido e passaram por um ponto de emboscada que não disparou. Quando o comboio de veículos de rodas passou foi atacado. Era noite e o FAC no comboio logo chamou "Slingshot" o que significa que todos os caças deveriam ajudar a unidade prestes a ser derrotada. Dois Harrier que chegaram puderam identificar os alvos facilmente graças ao NVG e ao apontador laser do Litening II.

Com as forças se aproximando de Bagdá as aeronaves de reabastecimento em Vôo ficaram saturadas para apoiar os caças voando mais longe. Os Harrier contribuindo podendo operar em bases avançadas. A base de An Numaniyah foi preparada como FOB (Forward Operating Base) e reabastecia os Harrier. No dia 8 de abril um Harrier pousou a noite na base se tornando a primeira aeronave tática americana a pousar no Iraque. Como a pista tinha sido destruída apenas os Harrier tinha capacidade de decolar dos pequenos trechos ainda intactos.

Os Harrier dos USMC voaram quase 2 mil saídas em 26 dias, com mais de 3 mil horas de voo. Lançaram 343 toneladas de bombas sendo que 78% das bombas disparadas eram guiadas com 68% de sucesso.  Foram cerca de 1.300 alvos atacados sem perdas.

Global Hawk

Durante a guerra do Golfo a USAF queria uma plataforma de vigilância e reconhecimento para dar cobertura 24 horas em apoio a caçada aos Scuds e acompanhar as forças iraquianas. Em Kosovo o problema continuava tendo que orquestrar os meios disponíveis como o U-2, satélites e outras plataformas de reconhecimento para ter os dados necessários. O UAV Predator ainda tinha capacidade limitada. Em um grande campo de batalha o meio de vigilância deve ter grande autonomia e grande campo de visão, com datalink de grande banda para analise. O resultado foi o UAV Global Hawk em 2003 e teve um bom desempenho nos exercícios.

O Global Hawk foi usado na operação Enduring Freedom para dar grande cobertura de longo alcance. O radar SAR tinha alcance de 180km e os sensores óticos tinham alcance de 50km. A aeronave era controlada do CAOC. O operador clica onde quer que a aeronave voe e o operador de sensor clica no alvo desejado. O alcance facilitava o tempo de reação. Ficou fácil acompanhar inimigos que se movem a noite. Durante o ataque a Tora Bora o Global Hawk estava bem acima. Mostrou imagens em detalhes das cavernas e depois os AC-130 atingindo os alvos. Na operação OSW ajudou a localizar mísseis SAM e posições dos mísseis Scuds.

Na OIF ajudou nas missões SCAR. Ficar olhando na imagem do LANTIRN era ruim para cobrir uma grande área. Já o Global Hawk voava nos Kill Box três horas antes do ataque e indicava as áreas mais prováveis de ter alvos ou unidades. O radar mostrava veículos entrincheirados entre estradas, prédios e arvores.

A imagem era enviada aos EUA, depois ao CAOC e depois os alvos eram passados por voz para o AWACS que direcionava os caças para o local com o rádio VHF. O ataque era realizado em poucas horas após a detecção do alvo. Durante as tempestades de areia ainda podia usar o radar e indicar alvos para as JDAM. O Global Hawk ajudou a localizar e identificar mais de 300 blindados, 13 posições de mísseis SAM, mais de 50 lançadores de mísseis SAM, mais de 300 canister de mísseis SAM e mais de 70 transportes de mísseis SAM.

REVO

Uma fase crítica das operações aéreas da OIF foi o reabastecimento em vôo (REVO). As aeronaves operando no Iraque contavam com o tempo de vulnerabilidade (Vul), ou o tempo na zona de combate, e não com horas totais ou missões voadas. As missões eram feitas com vários Vul e entre eles realizavam os REVO. Foi o REVO que permitiu que as operações de CAS e FAC(A) fossem viáveis ou precisariam de muito mais aeronaves para realizar as missões ou de mais tropas em terra para cobrir missões feitas pelas aeronaves táticas. A falta de REVO foi o principal fator na geração de saídas. O tamanho dos pacotes era delimitado pela disponibilidade de REVO.

O número de aeronaves cisternas na OIF foi 149 KC-135, 33 KC-10, quatro Tristar e oito VC-10K. Foram 51 KC-135 a menos comparado com a Desert Storm. A limitação estava não na falta de aeronaves, mas na dificuldade de conseguir bases na região para as aeronaves REVO.

No inicio das operações a Ala CVW-2 teve que fazer cinco pacotes contra alvos fixos sem REVO da USAF com apoio de todos os oito S-3 para REVO. A coordenação teve que ser precisa. A falta de uma aeronave cisterna penetrante foi sentida pois o S-3 ajudava pouco.

As aeronaves REVO ficavam entre 20 mil a 25 mil pés, empilhados em órbitas próximas a fronteira com o Iraque em intervalos de 2 mil pés se necessário. Eram encontrados com ajuda do radar. A regra de segurança era uma milha de visibilidade, mas no Iraque era bem menos na pratica. Os pilotos tinham que descer para fazer o REVO e soltar bombas era até a parte mais fácil.

As aeronaves navais gostavam de fazer REVO com o KC-10 era mais fácil pois a cesta era grande e fácil de acertar permitindo muitos erros. A do KC-135 era ruim e dura.

Os F/A-18 operando no sul faziam REVO no sul da Arábia Saudita. Voavam uma hora até o REVO, uma hora para ir e voltar até do alvo até o REVO e uma hora do REVO até o NAe no Golfo Pérsico. Os F/A-18 recebiam 8 a 10 mil libras de combustível nos REVO antes de entrar no Iraque. A maioria recebia até quatro REVO quando operavam em NAes no Mar Mediterrâneo.

Os F/A-18 raramente voa com três tanques extras que é uma configuração para deslocamento. O Hornet voa com dificuldade com três bombas JDAM e cheio de combustível. Os Hornet a grande altitude voavam próximo a velocidade de estol com carga pesada, sem margem para manobra devido ao ar rarefeito. Os pilotos relatam que era como andar no gelo. Se tenta algo rápido corre risco de cair de "costas". O mau tempo no Iraque forçava a voar muito alto. Além do risco de estol, havia o problema de pouco tempo de reação contra disparos de mísseis SAM devido a cobertura de nuvens e bombardeavam alvo as cegas. Era difícil voar próximo, encontrar aeronaves amigas e o pior de tudo era reabastecer.

O REVO ficou critico quando as tropas se aproximavam de Bagdá. O alcance do F/A-18 era ruim nesta área e o REVO foi limitado. O tempo de espera diminuiu assim como o apoio as tropas. Tiveram que usar três tanques externos ao invés de dois tanques para aumentar o tempo de espera para mais 30-40 minutos, mas com a aeronave ficando mais "letárgica".

No fim da guerra as aeronaves cisternas voaram dentro do sul do Iraque e o REVO era feito a 20 minutos de Bagdá. O tempo de espera dos caças aumentou muito. Os FAC(A) tinham prioridade para REVO para ficarem mais tempo nos Kill Box.

O F/A-18E também apoiaram as operações de REVO com cinco tanques extras sendo um para passar combustível. O F/A-18 geralmente voa 45 minutos até o REVO e recebe 8 mil libras de combustível para ir até Bagdá. Na volta recebe mais 8 mil libras, resultando em 3 horas e 45 minutos para colocar as bombas no alvo. Com apoio do Super Hornet para REVO só precisava de 6 mil libras pois o REVO era feito mais alto e não desce atrás das aeronaves cisterna e sobe novamente. O Super Hornet como aeronave cisterna tática permite ir junto e reabastecer mais perto do alvo. A Ala CVW-14 fazia mais saídas por isso e deixou de usar as aeronaves cisternas da USAF. Um Super Hornet apoiava dois Hornet. O REVO era feito 45 minutos antes de Bagdá. Na volta recebem mais combustível dos S-3 para pousar com pouco combustível.

O REVO com os Super Hornet eram posicionados para operações estratégicas e faltava para apoiar operações de CAS. Um esquadrão de 12 F/A-18E passou a usar quatro aeronaves para apoiar as outras como aeronave cisterna tática. Um Super Hornet de REVO acompanhava uma seção de F/A-18 ou F-14. O REVO era feito logo apos decolar com os S-3, depois a 200 km antes da área do alvo com os Super Hornet que voltavam sozinhos. Na volta os caças faziam REVO com o S-3 fora do Iraque.

Os F/A-18E de REVO voavam 18-20 vezes cada um por dia. Decolavam em ciclos de 1 hora e meia com as aeronaves de ataque decolando em ciclos de três horas. O F/A-18E de REVO pousa, enche os cinco tanques e decola para outro ciclo com dobro da razão das aeronaves de ataque. Os pilotos revezavam de REVO para ataque entre as aeronaves. Os pilotos dos Super Hornet de REVO eram veteranos pois na fase de REVO assumem posição de líder de seção. A configuração de cinco tanque extra também é difícil de operar. O F/A-18E usa o mesmo casulo buddy-buddy do S-3, modelo Aero D704 Aerial Refueling Store, mas reforçado para suportar maior carga "g". Pode até usar o mesmo do S-3 se necessário. Os F/A-18E e F/A-18F também tinham que fazer REVO no meio da missão (mid cicle) de uma horas como os F/A-18A/C para cumprir os "vul".

As operações de REVO no norte do Iraque eram apoiados por aeronaves cisternas estacionadas em bases no Chipre, Bulgária e Creta. A Turquia recusou a operação no país e diminuiu as opções de bases em 25%.

Um pacote típico no norte consistia de dois Tomcat, 4-6 Hornet, um Prowler e dois S-3 para REVO. Os S-3 eram lançados primeiro, depois os F-14 e depois os F/A-18. Os Hornet faziam REVO primeiro. Os S-3 seguiam o pacote até a Turquia ser liberada para vôo o que economizou 700km e os S-3 foram liberado para não seguir mais os pacotes. Voar pela Turquia não diminuiu o tempo das missões. Ficavam sim mais tempo no Iraque. As duplas operam separadas 1-2 milhas e mantém contato visual um com a outra para evitar colisão. Atacam alvos separados, mas voam na mesma aérea geral. As vezes usam o mesmo FACA em terra com múltiplos alvos.

O Tomcat vai direto para REVO na Turquia antes de entrar no Iraque. Os Hornet recebiam 2 mil libras de combustível dos S-3 logo após decolar e enchiam o tanque após os Tomcat na fronteira antes de entrar no Iraque. Os F-14 entravam no Iraque seguido dos Hornet 15 minutos depois. Dois jatos fazem escolta e supressão de defesa e duas duplas procuram alvos como FAC(A) em locais separados. Voltam para o REVO para novo "vul" que dura mais ou menos uma hora. Depois faziam mais um REVO e voltavam para o NAe. Até aeronaves de escolta de caças levavam bombas e são chamadas para atacar alvos em terra. Quem disparava suas bombas tomava o lugar dos CAP.

Os F-14 tinha 20 mil libras de combustível e o Hornet 14 mil libras dando cerca de 15 minutos a mais nos Vul. Os F-14D atuando como FAC(A) raramente realizavam o terceiro REVO na volta para o NAe. A Exceção era com trafego pesado que atrasava o retorno. Os F/A-18 sempre realizavam três REVOs sendo o último na volta. O assento ejetor do F/A-18 foi projetado para um vôo de uma hora. Era muito desconfortável voar seis horas e os pilotos voltavam com dores nas costas.

Os F-14 em missão de escolta eram os primeiros a serem lançados nos NAes. Assim como os Hornet, procuram as aeronaves cisternas com o radar e não com o rádio. Enchem o tanque enquanto esperam os outros lançarem. O combustível permite escoltar dois grupos de F/A-18 no local em fila. Um entra e é substituído pelo outro com o Tomcat tendo o dobro do alcance, mas faz REVO na volta para pousar com segurança. Uma missão típica durava 4 horas.

Dentro do Iraque os caças voavam em velocidade tática e altitude tática que gasta mais combustível, obviamente, que a velocidade de cruzeiro típica das aeronaves comerciais. O mau tempo na região estava presente em 50% do tempo e atrapalhava as missões e as operações de REVO.

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