Apoio Aéreo Aproximado no Vietnã

Antes da Guerra do Vietnã o Presidente Eisenhower determinou que os EUA não entraria mais em uma guerra como a da Coréia, não podendo usar toda sua força militar e se preparou para uma guerra nuclear. Tiveram que repetir o erro no Vietnã. O pessoal, treinamento, aeronaves e armas estavam mal preparados para lutar no Vietnã. Junto havia atritos entre a USAF e o US Army, pois preparavam para guerra convencional.

Em 1958, as crises em Quemoy e Líbano levaram a USAF a pensar em cenários de baixa intensidade. Estudos do US Army entre 1959 a 1961 mostrou a necessidade de Apoio Cerrado adequado em cenários de baixa intensidade. Os estudos mostraram a necessidade de cinco saídas por dia por batalhão. Um estudo de 1961 já citava a necessidade de uma aeronave especializada em Apoio Cerrado e unidades especializadas. A operação deveria ser descentralizada com comando do US Army. Equipes de Forças Especiais treinando Rangers do Vietnã do Sul sabiam da importância do Apoio Cerrado e que o Vietnã do Sul podiam ser aniquilados sem ele.

Em 1961 a USAF começou  a investir em cenários de baixa intensidade, ou COIN (contra insurgência). A USAF não tinha jatos para operar no Vietnã em missões de COIN. Queria modificar o treinador T-37 para operar pela Força Aérea do Vietnã do Sul, mas era proibido por tratados. A USAF escolheu duas aeronaves a hélice disponíveis, o T-28 e o B-26 para operar na região. A força inicial chamada de Farm Gate estava equipada com oito aeronaves de cada tipo mais 16 C-47. A força usava o apelido de Air Commandos devido a tropa semelhante da Segunda Guerra Mundial. Logo estavam fazendo Apoio Cerrado apoiando tropas do Vietnã do Sul. Com a atividade aérea crescendo tiveram que criar um centro de comando CRC (Control and Report Center) onde o TACC operava.


Os treinadores AT-28 Trojan estavam entre as primeiras aeronaves a atuar em missões de Apoio Aéreo Aproximado no Vietnã do Sul.


Os A-26 Invader realizavam missões de Apoio Aéreo Aproximado no Vietnã do Sul e depois passaram a fazer Interdição Aérea Noturna na trilha Ho Chi Minh.

No fim de 1964 a escalada da guerra aumentou com os combates em nível batalhão ficando mais comuns. A Força Aérea do Vietnã do Sul não dava conta de cobrir todas as áreas. As aeronaves eram insuficientes para cobrir as rotas de suprimentos comunistas no Laos e para cobrir as operações de Apoio Cerrado. Os primeiros jatos B-57 chegarem e foram os primeiros a voarem sem observador do Vietnã do Sul e com marcas da USAF. As bases aéreas locais começaram a ser preparadas para operar jatos.

No fim de 1965 o Vietnã do Norte iniciou a escalada da guerra. Com as tropas americanas entrando no país em 1965 as missões de Apoio Cerrado passaram de 1.000 para 13.000 por mês. Os engajamentos em terra passaram a ter o tamanho de batalhão, mas a maioria ainda era do tamanho de Pelotão e Companhia. A artilharia antiaérea começou a aumentar aparecendo metralhadoras calibre 12,7mm. O teto contra as metralhadoras 12,7mm era voar acima de 6 mil pés.

Os A-1E do Air Commando e A-1H do Vietnã do Sul substituíram os T-28 na Força Aérea do Vietnã do Sul. Os B-26 deveriam ser substituídos pelos B-57 em dois esquadrões, mas foi cancelado.

As operações de busca e destruição das tropas em terra usavam muito o Poder Aéreo para conseguir uma razão de troca ser favorável. Os EUA não queriam uma guerra de atrito e não tinham a intenção de capturar e manter o terreno. A artilharia e o Apoio Cerrado só tinham resultados coordenados com as ações em terra. Cerca de 75% das perdas comunistas caíram pela ação da artilharia e aviação, além do assalto aéreo.

O Presidente Nixon tentou diminuir as baixas passando a usar mais tropas do Vietnã do Sul e o Poder Aéreo. Antes do uso maciço do Poder Aéreo o terreno dava vantagem para guerrilha. Com o uso do helicóptero e do Apoio Cerrado a vantagem passou para os EUA. O Poder Aéreo virou um multiplicador de força. Antes era estimado que precisariam de uma superioridade de tropas de 10-1 para vencer a guerrilha, podendo usar 4-1 ou 5-1 com muito Apoio Cerrado.

As operações de busca-e-destruição tinham como objetivo de detectar, fixar e atacar o inimigo com artilharia e Apoio Cerrado. Podia ser do nível de Companhia a até várias Divisões. A operação Junction City em 1967 foi uma grande operação na Zona C a 50 km de Saigon. Era um local de selva densa onde o Vietcong concentrava centros de comando, treinamento e suprimentos. Era bem protegido das operações de reconhecimento e grande parte ficava em túneis. A área só podia ser reconhecida por uma força bem grande. A operação seria para reconhecimento e ataque e não para tomar a área. A operação incluiu o único salto de pára-quedista com um batalhão do conflito para cercar a fronteira com o Camboja. Planejaram 200 saídas de Apoio Cerrado por dia para apoiar a operação. Usaram aeronaves baseados da Tailândia e da US Navy para apoiar a operação. Os batalhões não precisaram de mais FAC (Controlador Aéreo Avançado), usando seus dois, mais os FACs da Brigada e da Divisão. Os B-52 atacaram locais suspeitos antes da operação.

A operação durou três meses em três fases. A primeira fase teve poucos engajamentos com o inimigo se escondendo. As tropas capturaram muita comida, armas e munições. As saídas de Apoio Cerrado até diminuiu para 100 por dia. O inimigo foi avisado da operação e se preparou. Havia 35 mil Vietcongs no local. Na segunda fase ocorreram combates em nível de Regimento. O Vietcong conhecia os potenciais pontos de pouso de helicóptero e prepararam armadilhas. Estes pontos tinham que ser atacados antes de serem usados. As tropas foram apoiadas por caças F-4 e F-100 para Apoio Cerrado, AC-47 para Apoio Cerrado a noite, C-123 e C-130 para apoio logístico, e FACs para controlar as operações de Apoio Cerrado e coordenar as aeronaves. Contaram 2.700 tropas Vietcongs mortas contra 289 dos EUA e Vietnã do Sul. As tropas comunistas se retiraram para o Camboja.

Todas as operações em terra tinham o objetivo de encontrar tropas do Vietnã do Norte e Vietcong e forçar o engajamento com uma força superior, incluindo o uso de Apoio Cerrado. Após o contato as tropas se afastariam para chamar a artilharia ou Apoio Cerrado. Depois chamariam uma força de reação. O Apoio Cerrado vinha de alerta ou desviado de missões menos importantes. Em um dia comum eram voadas 300 saídas de Apoio Cerrado pela USAF, 200 pelo USMC e 100 pela Vietnã do Sul. Em média havia 40 aeronaves em alerta em terra com 3-4 chamadas por dia para cada. No total voavam entre 750 a 800 saídas de Apoio Cerrado por dia. A média de saídas podia aumentar como no TET em 1968 passando de 1,2 para 1,8 saídas por aeronave.

Foi estimado que as missões de Apoio Cerrado ocorreu em apenas 10% das batalhas terrestres no Vietnã do Sul. Metade dos contatos era muito curto, menos de 20 minutos, para chamar Apoio Cerrado. No ponto de vista do US Army os gunship eram a resposta adequada. O Apoio Cerrado era chamado mais em contato demorado e de maior escala. O Apoio Cerrado não garantia que o inimigo fugiria pois o efeito era temporário. A oferta de Apoio Cerrado no Vietnã era até maior que a necessidade. As vezes os pedidos de Apoio Cerrado vinha até como resposta a tiros de snipers e nem era necessário. Mesmo assim vinha de todo jeito. Os comandantes em terra logo aprenderam que o Apoio Cerrado diminuía as próprias baixas.

O índice de efetividade do Apoio Cerrado era reduzir o poder de fogo inimigo de pesado para leve. Por exemplo, em 1967 de 15 mil saídas, 50% do fogo inimigo foi reduzido de pesado para leve e 23% terminou o fogo inimigo pesado. Em 3/4 era moderado e foi diminuído para leve e todos os fogos leves foram anulados. Outras variáveis dificultavam o cálculo como apoio de helicópteros de ataque e artilharia. A avaliação de danos de batalha era difícil e a na guerra de guerrilha era difícil de medir. Se fosse o avanço em uma frente de batalha convencional seria fácil de medir em termos de distância ou área conquistada. O Apoio Cerrado valia muito mais  como fator psicológico e era difícil de medir. A interdição aérea junto com o Apoio Cerrado preveniu que o Vietcong mantivesse com o nível esforço em um nível mais alto.

Outras tropas estrangeiras que atuaram no Vietnã realizaram Apoio Cerrado, mas de forma limitada. A Coréia do Sul preferia realizar missões de inteligência, emboscadas e patrulhas agressivas para evitar ataques as vilas que protegiam. Não confiavam na precisão das operações de Apoio Cerrado. As tropas da Tailândia também não confiavam no Apoio Cerrado que só atacava após as tropas quebrarem contato com o alvo. Em 1970 o uso de FAC permitiu ataques mais próximos operando nos O-2. As tropas da Austrália eram apoiadas por 10 FACs que controlavam suas operações no vale do Mekong. Apoiavam os ataques dos canberra e Huey da RAAF além de caças americanos. Os australianos também não gostavam de Apoio Cerrado próximo as tropas.

As operações de Apoio Cerrado na guerra da Coréia ditaram o padrão do Vietnã. O FAC na frente de batalha controlava os caças pois os alvos eram pequenos e próximo as tropas. A demanda era dispersa na frente bem ampla com alvos mais ativos que outros. Usavam 4 a 8 caças a não ser que percebessem que os alvos estavam mais concentrados e chamavam mais caças.

As missões pré-planejadas eram consideradas mais efetivas para poder integrar as ações com as tropas em terra. Os pilotos podiam preparar a missão, conhecer a área do alvo, posições amigas e escolher as armas adequadamente. Entre 1965 a 1968, de 65% a 70% das missões de Apoio Cerrado eram pré-planejadas. Estavam relacionadas com as operações de busca e destruição de grande escala. Alvos pré-planejados eram concentrações de tropas, locais suspeitos, rotas de aproximação, e supressão de zona de pouso. Os caças eram esperados em intervalos regulares contra alvos de oportunidade. Assim podiam cobrir todos os aspectos de uma operação aeromóvel como consolidação, pouso, manobra e retirada, e cobrir onde a artilharia e armas orgânicas eram insuficientes.

O resto das 30% das saídas eram usadas para Apoio Cerrado imediato com tropas em contato ou alvos encontrados pelos FAC. Eram alvos produtivos pois sabiam que tinha inimigo na área do alvo.

As aeronaves de Apoio Cerrado em alerta aéreo era considerado caro. Os caças ficavam esperando próximo de um local onde poderia ter contato. Gastava o combustível e geralmente voltava para a base ou iam atacar alvo secundário ou FAC com alvo. Era usado em caso de grande risco em terra e queriam uma resposta bem rápida. Era usado muito em operações aeromóveis e anfíbias, mas eram poucas.

Os helicópteros tinham vantagem em mau tempo operando com teto de até 1.000 pés enquanto os caças precisavam de 3 mil pés pelo menos. O US Army achava seus helicópteros de ataque mais responsivo que a artilharia. Sua operação iniciou com o uso metralhadora nos UH-1A após perdas em zonas de desembarque. A cavalaria aérea em 1965 tinha pouca artilharia orgânica e precisaria de apoio aéreo. Depois todas as aeronaves foram armados por ordem do Presidente. Em 1965 as tropas já chamavam os helicópteros de ataque regularmente.

Os caças designados para uma missão de Apoio Cerrados vão para uma área de reunião em um ponto de ancoragem pré-estabelecido e encontra com o FAC.

O caça chama o FAC, cita seu código de chamada, tipo de aeronave, armas disponíveis, altitude acima de um ponto base e tempo de vôo restante. O FAC cita a altura da maior elevação no local, direção do vento, melhor lugar para ejetar e base mais próxima para o caso de emergência. Também pode citar amigos na área e onde estão em terra. Nos ataques os pilotos não citam altitude no rádio, mas uma altitude em relação a um valor estabelecido de referencia para não dar indicações as escutas em terra que podem passar para a artilharia antiaérea. Na área do alvo os caças circulam cima do FAC, que voa mais baixo. O FAC marca o alvo e os caças mergulham um de cada vez. Os caças nunca atavam do mesmo jeito nas passadas.

As missões Apoio Cerradas eram do tipo pré-planejado, como assalto aéreo, ou Apoio Cerrado imediato como tropas em contato ficando em alerta em terra. Outras missões realizadas pelas aeronaves de ataque no Vietnã do Sul eram do tipo DAS (Direct Air Support) contra rotas, bases e instalações conhecidas; Trail Dust, escoltando C-123 de desfolhamento; "Bookie Escort" escoltando aeronaves de transporte ou ressuprimento aéreo; LZP - LandingZone Preparation, atacando locais de pouso para suprimir inimigo durante saltou ou pouso de helicópteros; LZC - Landing Zone Construction, lançando armas para limpar zona de árvores e vegetação. Nas missões de desfolhamento dos C-123 Ranch Hand os caças de escolta fazem supressão da artilharia antiaérea. Caso atacado o C-123 joga fumaça no local e os caças saturam a área.

As operações de Apoio Cerrado nas operações aeromóveis eram mais difíceis. As aeronaves lançando pára-quedistas voam mais alto e rápido e precisa bem menos de proteção que os helicópteros. As operações aeromóveis precisam de muita coordenação por isso. Antes o comandante no ar comandava até a fase de assalto. Depois o comandante em terra tomava a frente. Os pilotos decidiam onde era possível lançar pára-quedista de acordo com as defesas. Com as operações aeromóvel não tinha mais isso.

O assalto aeromóvel foi um conceito importante usado no Vietnã. O helicóptero de assalto mudou o conceito de reserva. Com o helicóptero podiam lutar sem reserva movendo as tropas pelo ar para onde era necessária. A USAF tinha experiência com assalto aéreo e sabia que os helicópteros eram mais vulneráveis que os C-47 que fizeram a missão na Segunda Guerra Mundial e Coréia. Então foi decidido que toda operação seria precedida de ataque aéreo e com escolta caças. O Vietnã do Norte colocava artilharia antiaérea topo das árvores para cobrir possíveis zonas de pouso.

No USMC os A-4 escoltavam os helicópteros em operações aeromóveis. Combinavam o horário para os helicópteros chegarem logo depois dos A-4 atacarem as posições suspeitas ou conhecidas de encontrar artilharia antiaérea, e lançavam cortina de fumaça. Depois reabastecimento em vôo nos KC-130 na volta para a base.


Apoio Cerrado do USMC

O USMC iniciou suas operações no Vietnã em março de 1966 com 1o MAW para dar apoio as suas tropas. Suas aeronaves eram usados no I Corpo apoiando suas tropas com controle próprio. Faziam missões com fluxo constante, sem planejamento como a USAF ou alerta em terra. Era considerado caro pois este sistema foi planejado para apoiar operações anfíbias onde o custo era justificável. O ponto fraco era não priorizar as missões de Apoio Cerrado onde precisariam mais apoio. O USMC mantinha aeronaves em alerta aéreo constantemente e até a noite quando tem pouca ação. O USMC não tem artilharia como o US Army e tiveram que apoiar mais com Apoio Cerrado. Mesmo assim atuavam como se estivessem realizando operações anfíbias, quando deveriam ser substituídos pelo Exército após a operação. O USMC também dividiu os esquadrões entre as suas Divisões e não concentravam quando necessário. O apoio dado a USAF foram saídas de A-6 e F-4 para interdição no Laos. Foram poucos de Apoio Cerrado. Em 1975 o Vietnã do Sul teve o mesmo problema com suas forças divididas entre as áreas em terra. Não havia comandante único com visão geral para controle e poder concentrar esforço onde era mais necessário. Assim foi difícil parar a ofensiva do Vietnã do Norte.

Em Khe Sanh os caças do USMC atacavam próximo e os caças da USAF atacavam alvos mais distantes. Em 1968 passaram a ter controle conjunto mas os pedidos de Apoio Cerrado do USMC não precisava ser autorizado pelo sistema. O USMC usava o DASC enquanto USAF usava o TACC e ABCCC.

Em 31 de maio de 1968 o USMC tinha 188 aeronaves táticas no Vietnã do Sul. Eram cinco esquadrões de F-4, dois de A-6 e quatro A-4. Um acordo com a USAF exigia 1,2 saídas por aeronaves e duas em alerta de interceptação. Seriam 225 saídas por dia sendo 48 em estado de alerta e outros 18 para escolta de helicóptero (ou Apoio Cerrado se não forem usadas). Das 225 saídas pré-planejadas, 66 seriam controladas pelo USMC para escolta ou emergência, 111 para ordens fragmentárias semanais e 48 fragmentárias diárias, sendo 16 contra Laos ou Vietnã do Norte. As ordens fragmentárias pré-planejadas podem ser desviadas para operações de Apoio Cerrado. As aeronaves ficavam em alerta em terra por meia hora. Se não chamadas iam para o alerta no ar por 45 minutos. Se não fossem chamadas atacavam um alvo pré-planejado. Em agosto o tempo de reação diminuiu de 30 para 15 minutos com este arranjo. O lado ruim  foi o aumento da manutenção e do gasto de combustível. Os alvos também poderiam ter sido destruídos por aeronaves desviadas de outras missões. Após unificar o Apoio Cerrado do USMC e da USAF os batalhões do US Army acharam que melhorou e os do USMC piorou e ficou menos responsivo. 

O USMC queria controle do Apoio Cerrado pois seus helicóptero em assalto anfíbio não levavam artilharia e o Apoio Cerrado seria crítico e sem controle pioraria. O USMC usava muito o Apoio Cerrado em operações anfíbias por ter pouca artilharia orgânica. Entre 1965 a 1967 foram realizados 43 assaltos anfíbios no Vietnã do Sul.

Os navios da US Navy na Yankee Station mais ao norte atuavam no Vietnã do Norte e Laos, e podiam apoiar as missões de Apoio Cerrado, geralmente no I Corpo no norte, mais próximo e com maior demanda. As aeronaves eram controladas pela USAF.

FAC no Vietnã

As regras de engajamento no Vietnã citavam que certas áreas do Laos e todo Vietnã do Sul só podiam ser atacados com um FAC para controlar os ataques. O risco de baixas civis devido aos ataques aéreos era alto. O Vietcong aproveitava se misturando com a população civil. Sem linha de frente o inimigo estava em toda parte. Na Segunda Guerra Mundial e Coréia os pilotos sabiam que após a "bomb line" era tudo inimigo. A reação foi colocar os FAC no ar. Era o FAC que localizava o alvo e garantia que os caças irão atacar o alvo correto.

Em 1961 a operação do Farm Gate já mostrou que a presença dos FAC do Vietnã do Sul era necessária para controlar os ataques. A falta de pilotos e treinamento em FAC era um problema inicialmente. Com o aumento das missões passaram a usar FAC da USAF. Usaram o mesmo método da Coréia transferindo pilotos de caça para atuar como FAC. Mesmo assim a demanda era muito alta. Os FAC tinham que estar em todo lugar, pois poderiam ser necessários. A Doutrina citavam que tinham que ser usados em caso de contato e Apoio Cerrado com tropas amigas, mas as tropas estavam espalhadas em todo o país.

Em junho de 1963 o primeiro esquadrão de FAC criado, o 19º TASS com 22 aeronaves L-19 (O-1 Birddog) e 44 pilotos. Os pilotos do TASS fariam FAC, mas também reconhecimento visual. Entre 1963 a 1964 os FAC eram a principal fonte de inteligência no país. Em abril de 1965 eram quatro esquadrões de O-1. O FAC era passado para cada uma das 44 províncias e para apoiar operações em nível de batalhão.

O terreno limitava muito a utilidade dos FAC em terra. Sem frente de batalha definida era necessário outro sistema de identificação de combate e os FAC no ar eram o melhor meio. No caso dos FAC no chão as tarefas eram apoiar a tropa em ter apoio do ar, como Apoio Cerrado, transporte ou reconhecimento; coordenar com outros FAC através do TACP e fazer controle de ataque em ambiente não permissivo, apesar de pouco realizado. Atuava mais como oficial de ligação em terra. O FAC em terra acompanha a unidade para estudar requerimentos especiais, características da área de operação e padrão de comportamento do inimigo. Os FAC do Vietnã do Sul não acompanhavam as tropas. Era parte do TACS representando a USAF nas unidades em terra.

No fim de 1966 os FAC estavam engajados em todos os tipos de operações em terra, em todos os locais e apoiavam equipes de Forças Especiais infiltrados fora do pais. A função era facilitar o processo de Apoio Cerrado e o reconhecimento visual fazia parte do processo. Também preparavam zona de pouso, escolta de comboios em terra, apoio a tropas em contato e preparo de cobertura ao transporte aéreo. Entre 1965 a 1967 o FAC era a profissão mais perigosa na USAF. Os pilotos tinham que viver com as tropas em terra ou voava em uma aeronave limitada em mau tempo e em combate.

Em 1954 foi iniciado um curso FAC na USAF. Entre 1954 a 1962 o FAC atuava no Air Control Team sendo que apenas o FAC era da USAF e resto eram membros do US Army. Em 1962 a USAF tomou a frente virando o TACP para ter melhor tempo de resposta. O US Army apoiaria com veículos ou blindados.

O treinamento dos FAC no EUA iniciava com cinco dias de aulas e uma pratica controlando ataques de F-4. Depois continua treinando para atuar em terra e depois passa a treinar em aeronaves usadas pelos FAC. A próxima parte ensina a fazer reconhecimento visual e controle de ataque no ar. Depois treina para se familiarizar no sudeste asiático e inclui aulas e vôo. Após seis meses de operações os FAC acabam indo para o DASC, TACC e postos de comando.

Os pilotos de caça designados como FAC tinham um treinamento rápido e eram logo transferidos para pilotar aeronaves O-1, O-2 ou OV-10. Outro tipo de FAC era um piloto de qualquer aeronave em apoio a província ou unidade especial. Faziam mais reconhecimento visual.

Todos os FAC eram treinados para fazer controle de ataque em terra. Não era muito usado devido ao terreno e vegetação e não serve para fazer reconhecimento visual, ou ver pontos de referencia que o piloto vê do ar. Também é muito pouco manobrável e não pode apoiar várias operações como no ar. A avaliação de danos de batalha é geralmente difícil. A única vantagem é sempre estar disponível ao contrario do FAC no ar que pode demorar. 

Havia três tipos de FAC atuando no Vietnã. Os FAC livres (free FAC) operavam em terra com as tropas dos EUA e aliados. O FAC do Vietnã do Sul, ou FAC de setores, eram chamados FAC "B" e depois de SCAR (Strike Control and Reconnaissance). Os SCAR atuavam em setores fazendo reconhecimento visual no ar junto com oficial do local. O terceiro tipo de FAC era o do país (out-contry). Também podia ser classificado como SCAR e operava em setor geográfico.

Com o aumento da atividade dos FAC passaram a ter várias designações como VR-FAC, NI/FAC, ARVN FAC, VNAF FAC, Misty FAC etc. Para simplificar passara a suar designação TACP FAC e SCAR FAC.

O SCAR FAC estava mais relacionado com as operações de interdição aérea e apoio a USAF. Atuam em áreas determinadas fazendo reconhecimento visual, inteligência, aquisição de alvos e controle de ataque. Era melhor se for um piloto de caça e geralmente opera fora do Vietnã do Sul. Os SCAR nem precisava ter curso de FAC como os Fast FAC nos F-100, F-4, C-130 Blind Bat e C-123 Candlestick.

Já os TACP FAC apoiavam as forças em terra, atuava como Oficial de Ligação (ALO), apoiavam missões de Apoio Cerrado, atuava próximo as tropas, faz reconhecimento visual em sua área de operação. Era obrigatório que o TACP FAC fosse um piloto de caça.

Os FAC da Força Aérea do Vietnã do Sul continuaram sendo chamados de SCAR ou FAC B. Atuavam como FAC de outros paises, fazem avaliação de danos de batalha, reconhecimento visual, ajuste artilharia etc. A barreira da linguagem era a principal diferença. Em 1970 os FAC da Vietnã do Sul passaram a controlar as aeronaves de ataques dos EUA sendo que antes só controlavam caças vietnamitas. Os pilotos tiveram que aprender inglês.

O 504º  TASG apoiava os TASS e os FAC. No Vietnã do Sul o TACC controlava sete DASC que controlavam os FAC, ALO e SCAR. Fora do Vietnã era o ABCCC que controlava os vôos dos SCARs. Os FAC eram comandados operacionalmente pelo DASC e administrativo pelo TACC. O TASG recebia 80 FAC por mês.

Em 1964 o 19º TASS tinha apenas 22 O-1 e logo surgiram planos para criar mais três TASS e aumentar a frota. Em janeiro de 1966 eram 121 O-1 operando em 53 locais com 172 FAC nos esquadrões 20, 21 e 22 TASS. Ainda foi insuficiente e tiveram que usar os UH-1B com chefe de província a bordo com o FAC.

Nas operações em terra o FAC conhecia a operação do Batalhão e voava acima esperando ser chamado. Em caso de contato com as tropas comunistas o FAC contatava o TACC e chamava os caças. O FAC podia pedir Apoio Cerrado direto para o DASC. Os caças que respondiam conversavam com o ABCCC que repassava os caças para FAC com o dados das aeronaves. Após o encontro com os caças recebia os dados de armas, descrevia o alvo, controlava o ataque e depois fazia avaliação de danos de batalha. Os caças tinham muita dificuldade de ver os alvos no terreno e as tropas amigas. Era a função do FAC evitar fogo amigo e garantir que o alvo correto fosse atacado. Marcar a posição amiga era difícil geralmente devido a selva. As tropas geralmente usam o lança-granadas M-79 com flares disparados para cima para facilitar. As tropas logo aprendem a levar muitos flares. A USAF criou panfletos para padronizar o jargão de comunicações com as tropas em terra, chamado de "gruntismos" (grunt era o apelido das tropas em terra).

A maioria das missões de Apoio Cerrado era voada em dupla ou esquadrilha. Em 1965 e 1968 as defesas antiaéreas no Vietnã do Sul ainda eram leves e permitia várias passadas no alvo, podendo cobrir todo o alvo e maximizar a efetividade da armas. A maioria das perdas ocorria quando voavam a menos de 2 mil pés. No Vietnã do Norte era o contrario com muitas defesas com uma passada para lançar todas as armas. Se um alvo no Vietnã do Sul precisava de mais de quatro aeronaves mandavam outra esquadrilha para chegar 10-15 minutos depois. Em caso de tropas em contato atacavam bem baixo para melhorar a pontaria. Sem tropas em contato saiam do mergulho a 3,5 mil pés. Na Coréia usaram a mesma tática com a linha paralisada não querendo causar baixas desnecessárias.

Em 1965 as saídas de Apoio Cerrado no Vietnã do Sul subiu de 2.392 em janeiro, para 7.382 em junho para 13.274 em dezembro. Em 1966 eram média de 15 mil por mês. O resultado foi a falta de FAC. Em outubro de 1968 eram 162 aeronaves O-1, 132 O-2 e 30 OV-10. Entre 1967 e 1968 o 504 TASG voaram 33% das horas de vôo totais no sudeste asiático. Em 1969 havia 91 O-1 e 231 O-2 e 83 OV-10 Vietnã. O O-2 era a aeronave mais numerosa no Vietnã e no fim do ano receberam mais 120 O-2 e 70 OV-10.

A noite os FAC faziam "rocket watch" nas cidades grandes após a ofensiva do TET. Os ataques eram frequentes e direcionavam os AC-47 para o local de disparo. No dia primeiro de março de 1968 os AC-47 passaram a agir também como FAC a noite com reação bem rápida. Em uma semana foram vários lançamentos detectados, mas a posição era difícil de fixar a noite. No dia 26 de abril colocaram um FAC em um A-37 e com mais chances e atacar o alvo.

Em 1970 o Vietnã do Sul tinha pouca capacidade noturna após a "vietnamização". Os FAC operando no O-1 não podiam voar a noite e tinham que esperar os O-1E e O-1G para voar a noite assim como o O-2. Os caças A-1 e A-37 podiam operar com apoio do Combat Skypot, mas o SAC não repassou os radares após sair do local. Podiam atacar com apoio de flares ou lançando seus próprios flares. O AC-47 ainda era a melhor plataforma noturna.

Um estudo sobre os FAC em 1974 mostrou que o Vietnã do Sul deveria deixar de usar a aeronave U-17 como FAC por ser vulnerável. A ameaça dos mísseis SA-7 resultou em uma recomendação de colocar FAC em terra ou usar o F-5A ou F-5B com FAC em locais com defesa área pesada. Voando acima de 10 mil pés para evitar o SA-7 a precisão das bombas diminuiu muito. Em 1974, até junho, foram disparados 138 SA-7. Custou US$ 680 mil na época resultando em 23 aeronaves derrabadas que custaram US$ 12 milhões mostrando ser uma arma tão efetiva que conseguiu superioridade aérea no local a partir de terra. Os ataques ficaram ineficientes. A ameaça do ar era intensa e o Vietnã do Norte investiu pesado no míssil SA-7 e outras artilharias antiaéreas.


Comando & Controle

A organização das operações aéreas no Vietnã iniciou nas operações na África do Norte e foi modificada na Europa. A interface ar-terra ocorre nível de Corpo de Exército. É neste nível que os comandantes tomam as decisões mais importantes. Acima deste nível a preocupação é mais estratégica. O II Corpo atuava junto com o XII Air Support Command. Na Normandia foram criados vários comandos aerotático (TAF - Tactical Air Force) para atuar com cada Corpo de Exército e uma Força Aérea com Grupo de Exército. As TAFs eram passados de um Grupo para outro de acordo com as necessidades. Cada TAC operava um JOC (Joint Operation Center) para C2. Era onde os comandantes esperavam as missões, escolhiam armas e determinavam o nível de esforço. O JOC também tem oficiais do US Army, US Navy e de inteligência. O JOC tem um TACC (Tactical Air Coordination Center) que executa as decisões e controla as aeronaves até o alvo. O TACC tem sub elementos geralmente como duas estações de radar CRC e três CRP, além de vários Forward Director Post (FDP) para cobrir falhas na cobertura radar. O TACC comandava ações ofensivas e defensivas e tinha como função de saber onde os caças estão indo e quando. O mesmo sistema foi usado na Coréia.

O Vietnã do Sul foi dividido em quatro áreas sendo cada um com um Corpo de Exército com autoridade total no local. Cada Corpo queria controlar as aeronaves nas bases do local, mas a experiência na África do Norte mostrou que dividir as forças não funcionava bem em relação a um comando unificado. A força era pequena no começo e o Vietnã do Sul atrapalhava com sua organização própria.

No fim de 1965 já havia mais de 500 aeronaves sob controle da USAF. O sistema de controle precisava ser expandido. O Vietnã do Sul não estava mais no controle e era uma força pequena comparada com a USAF. Assim adicionaram um ASOC (Air Support Operation Center), depois chamados de DASC (Direct Air Support Center), para cada Corpo. A idéia do ASOC iniciou em 1964 na operação Desert Strike nos EUA onde operou com um ASOC com sucesso, mas tinha especialista em caça, reconhecimento, transporte e inteligência.

No DASC um oficial de ligação mantém contato direto com o JOC e representa o comandante dos TAF a nível de Corpo e aconselhava sobre o uso do Poder Aéreo. A função do JOC era feita pelo AOC (Air Operation Center), mas dividia as operações entre os Corpos ao invés de ter um comando único.

O DASC gerenciava os pedidos de Apoio Cerrado na região do Corpo. A operação do DASC precisava de mais flexibilidade nos níveis mais baixos e podia desviar as saídas pré-planejadas para imediata. Os pedidos de Apoio Cerrado eram do tipo imediato ou pré-planejado. Os pedidos do Batalhão tem que ser aprovado em todos os níveis passando pelo Regimento, Divisão, Corpo até chegar no comando do Exército. Em nível de Divisão o oficial de ligação (ALO) avisa o JOC sobre pedidos de Apoio Cerrado imediato por rádio o que permite dar tempo para redirecionar uma missão de ataque em andamento. Os pedidos de Apoio Cerrado abaixo do nível de Batalhão precisavam de aprovação pelo Posto de Comando. Acima vai direto para o DASC e depois para o Quartel General da USAF. O DASC mandava um FAC em vôo para o local onde ocorreria a missão de Apoio Cerrado.

Em abril de 1966 a 2ª Divisão Aérea se tornou a 7ª Força Aérea devido ao aumento do tamanho. As aeronaves estavam distribuídas pelo Vietnã do Sul e Tailândia de modo a ficarem a apenas a alguns minutos da ação se forem necessárias. O reabastecimento em vôo permitia que operassem até no lado oposto do teatro, e facilitar operar desde Apoio Cerrado no sul a ataques no Vietnã do Norte. Durante a operação Rolling Thunder, os caças baseados na Tailândia não precisavam apoiar operações no Vietnã do Sul, pois já havia muitos no local para isso. Após o fim da Rolling Thunder, com a com vietnaminzação e retirada de tropas, passaram a operar também no Vietnã do Sul.

O TACC era o C2 do Apoio Cerrado. Antes de 1965 nem sabiam onde as aeronaves estavam por não terem um TACC no local. O TACC tinha controle positivo de todas as aeronaves incluindo combustível e armas. A aviação era controlada por um TADC e pelo DASC. O pedido de Apoio Cerrado vai para o DASC mais próximo. O TADC coordena tudo e pode mudar uma aeronave do Vietnã do Sul de um DASC para outro mais necessitado. Em caso de tropas em contato o TACC podia escolher a melhor aeronave para a situação. Caças desviadas podiam chegar em 15-20 minutos até encontrar o FAC. Depois o tempo dependia da capacidade do FAC de controlar ataques até colocar armas no alvo. Os FAC já começavam a contatar e descrever o alvo antes de chegaram. No local só faziam aquisição visual do alvo. O alerta em terra chegava em 35-40 minutos comparado com 40 minutos da Segunda Guerra Mundial e 45 minutos na Coréia. Geralmente o comandante em terra leva mais tempo que isso para decidir se chama artilharia ou Apoio Cerrado.

O TACP era outra extensão do TACC servindo com unidades do Exército com pelo menos um FAC, ALO e operador de rádio. O terreno forçou os FAC a operar do ar.

O TACC não controlava as aeronaves do US Army ou apenas metade das aeronaves. Um problema era coordenar com a artilharia e podia causar fogo amigo. Outro problema era aeronaves do US Army e US Navy operado fora do controle centralizado. Sempre havia problemas sobre aeronaves dedicadas para Apoio Cerrado, saídas dedicadas para Apoio Cerrado e relação ar-terra. O controle dos helicópteros do Exército era mais difícil. O risco de colisão era alta, mas o US Army citava que eram parte das tropas como os seus Jeeps e artilharia. Os NAes da US Navy controlavam o Apoio Cerrado com o esquadrão TACRON de controla aerotático que controla todos os vôos navais na área. O TACRON podia completar a capacidade do TACC da USAF ou USMC. As aeronaves operando embarcadas não faziam alerta e apenas missões pré-planejadas. A desorganização do TACC levava a risco de colisão e até transporte passava no meio de operações táticas.

 O TADC e DASC não apoiavam operações de interdição ou defesa aérea, apenas o apoio a tropas em terra. O ABCCC operava em um C-130 voando. Era o mecanismo de controle para concentrar, ou organizar o trafego aéreo, para B-52 ou transportes passarem. O ABCCC foi usado no I Corpo com pouco sucesso. Os caças do USMC eram acusados de ir direto para apoiar unidades do USMC. 


Tela central do TACC no Vietnã do Sul onde os dados são integrados.

Apoio Cerrado Noturno

A tática do Vietcong contra o Apoio Cerrado era atacar a noite de surpresa em mau tempo, com força concentrada, no local ou chegar próximo as tropas parar o Apoio Cerrado evitar fogo amigo. Usava sua própria fumaça para atrapalhar as marcas de fumaça do FAC ou distorcia a imagem. Logo começaram a colocar artilharia antiaérea próxima a área de operação como as metralhadoras de 12,7mm.

A reação era usar apoio de estações de radar a noite e mau tempo, flares, e metralhar a 50 metros das tropas. As bombas em cacho pode ser disparada a 30 metros das tropas. Podia causar feridos, mas a outra opção era todos morrerem nas mãos do Vietcong.

As tropas do Vietnã do Norte atacava muito a noite para diminuir o efeito das missões de Apoio Cerrado e anular a superioridade numérica e artilharia. Era difícil detectar e até concentrar aeronaves a noite. A reação foi usar os AC-47 e AC-130 para iluminar e atacar as posições atacadas. As aeronaves estavam sempre em contato com TACC, DASC e postos avançados. Os AC-47 foram usados de 1962 a 1965, geralmente protegendo perímetros de vilas e bases. O era local marcado com um "T" formado por potes de luzes ou fogueiras com a base do "T" em direção ao inimigo e o tamanho indicando a distância. O AC-47 iluminava o local com flares lançados por ela mesma e atacava. O AC-47 podia chamar caças para ataques subsequentes atuando como FAC e iluminava o alvo para os caças. Podia chamar outro AC-47 para o substituir se o ataque persiste, mas geralmente o Vietcong quebrava contato assim que o AC-47 lançava um flare. Com o AC-130 entrando em serviço no fim de 1968 o desempenho na missão melhorou com os novos sensores. Com o FLIR e LLLTV o AC-130 detectava o inimigo imediatamente com sensores e logo estava disparando. Podia marcar o alvo com mais precisão para ataque dos caças. Em 1972 era usado para proteger cidades sitiada e podia iluminar o alvo para ataques com bombas guiadas a laser. 

As estações de radares MSQ eram outro meio para ataque noturno em mau tempo. As estações sabiam a posição dos alvos como os postos avançados. Os B-52 eram usados contra concentrações de tropas suspeitas com apoio do radar. Eram 60 saídas em 1968, o dobro de antes quando iniciou o apoio em 1965. Com dificuldade das tropas manobrarem na selva e montanhas, os B-52 foram usados como uma força de manobra. Atuando próximo a fronteira com o Vietnã do Norte precisavam de escolta de caças e supressão de defesas. Os sites de mísseis SAM detectados eram pesadamente atacados próximo ao local.

Grandes Batalhas

Na ofensiva do TET em janeiro 1968 foram realizados ataques comunistas a 36 de 44 províncias, 64 de 242 capitais de Distritos, 23 bases aéreas. Apenas as bases de Bien Hoa e Tan Son Nhut correram risco de serem tomadas. O resto continuou funcionado, mesmo assim por um dia até o reforço chegar. O controle centralizado funcionou até para as aeronaves de transporte apoiarem locais que mais precisavam. Em poucos dias, menos Hue e Saigon, as batalhas foram vencidas. O Apoio Cerrado era difícil em grandes cidades. Na periferia de Saigon os caças usaram mais os canhões e metralhadoras para apoiar as tropas. O mau tempo foi a maior limitação ao Apoio Cerrado.  O Vietcong e as tropas do Vietnã do Norte sofreram 70 mil baixas de 200 mil tropas usadas na operação. Esperavam que a população apoiasse e não conseguiram. O efeito político nos EUA foi melhor e levou a retirada das suas tropas do país conseguindo uma vitória psicológica.

Graças ao Poder Aéreo não esperavam que o cerco de Khe Sanh seria novo Diem Biem Phu. Na época a França tinha 200 aeronave sendo a maioria de observação leve. Já os EUA tinha duas mil aeronaves e três mil helicóptero para apoiar o cerco. A direção por radar apoiava as operações em mau tempo como o B-52. O poder maciço já foi suficiente para o inimigo desistir. Foram realizadas mais de 25 mil saídas de Apoio Cerrado em 78 dias de cerco, com 15 mil inimigos mortos. O mau tempo forçou o disparo com auxilio do radar na maioria das vezes. A operação foi considerada primeira vitória do Poder Aéreo sozinho.


Fuzileiros avançam em Khe Sanh enquanto os F-4 fazem apoio cerrado para facilitar o avanço.

Em maio de 1969, ocorreu uma batalha na colina 900 no vale A Shau. Eram três Batalhões americanos contra 700 tropas do Vietnã do Norte em fortificações no local.  batalha ficou famosa e foi chamada de Hamburger Hill. Foram realizadas 270 missões de Apoio Cerrado causando 600 mortos contra 56 americanos mortos. Apenas dois vietnamitas se renderam. Os bunkers foram pouco penetrados. Os AC-47 e AC-119 apoiavam as operações a noite com flares. Apenas 14 mortos foram tidos como efeito direto do Apoio Cerrado. As armas usadas incluíam gás lacrimogêneo e Napalm.

Na operação Lam Son 719, em 1971, a USAF previa artilharia antiaérea intensa no Laos, mas o US Army pensava que seria fraca como no Vietnã do Sul. Foi intensa e com perdas pesadas de helicópteros. A USAF queria preparar e apoiar os locais de pouso. O US Army esperavam que as bases de apoio de fogo de artilharia (FSB) seriam suficientes para proteger as estradas onde os blindados passariam. Os helicópteros AH-1 Cobra fariam o resto escoltando os helicópteros de transporte. Na zona de pouso LOLO teve metade dos 40 helicópteros derrubados e o resto sofreu danos. No final perderam 200 de 600 helicópteros usados na operação. Mais de 100 blindados do Vietnã do Norte foram atacados e a grande maioria por caças. Cerca de 71 carros de combate e 127 blindados de transporte de tropas entraram no local e 22 e 54 saíram do Laos após a operação. Os AC-130 relatam ter destruído 14 carros de combate com o seu canhão de 40mm.

Em 1971 ainda havia 350 caças americanos na região, a grande maioria na Tailândia. Ainda atacavam o sul do Vietnã do Norte, de forma limitada. Tinham pouco efeito contra a trilha. As estradas já estavam pavimentadas com capacidade qualquer tempo e as ferrovias foram reparadas.

 De 352 mil saídas de aeronaves táticas da USAF, 179 mil foram de ataque, 40 mil de patrulha de combate aéreo e 41 mil de reconhecimento além de 91 mil de suporte. Em abril de 1968 foram 32 mil saídas de ataques sendo 55% no Vietnã do Sul.

Com os políticos querendo sair da guerra havia três alternativas: escalação da guerra, abandonar ou vietinamização.  Escolheram a última. A Força Aérea do Vietnã do Sul passou a receber uma grande quantidade de material se transformando em uma grande força com 41 esquadrões de caça e helicópteros. O problema era o pessoal pois os pilotos não voavam contra alvos bem defendidos, só voavam quando era conveniente e as tripulações de terra não seguiam as regras de manutenção.

Foi planejado 10 mil saídas táticas por mês em 1970, antes era 14 mil, mais 700 de gunship e mais de mil para os B-52 para uma força de 60 bombardeiros. Em 1971, com vietnamização, 90% das saídas de Apoio Cerrado no Vietnã do Sul era com FAC do Vietnã do Sul, mas eram mau treinados e os comandantes em terra não sabiam a importância da missão. Depois passaram a ter controle do DASCS em 1971. A partir de junho de 1972 a USAF passou a diminuir as saídas para menos de 16 mil sendo 14 mil de aeronaves táticas, mil de gunship e mil de B-52. Havia 313 aeronaves táticas na região sem contar as do USMC. A US Navy operava com três NAes.

Já era esperado uma ação de larga escala no sul ou no Camboja já em 1971, mas não ocorreu. Em fevereiro de 1972 os FAC passaram a notificar a presença de blindados próximos a fronteira com o Laos ajudaram a atacar os alvos. Em 30 de março de 1972 o Vietnã do Norte invadiu o Vietnã do Sul com 125 mil tropas a partir do norte e alguns dias depois a 600 km ao sul a 100 km de Saigon. Entre as novas aram estavam centenas de carros de combate T-54 e T-55, canhões 130mm, SA-7 e até mísseis anti-carro Sagger. Em 1968 a surpresa foi o ataque com tropas leves em todo o Vietnã do Sul. Agora a surpresa foi o uso de unidades do tamanho de uma Divisão, com armas modernas e melhores que as do Vietnã do Sul.

A reação da USAF foram ataques aéreos. No inicio só ocorreram no Vietnã do Sul e em poucos dias cobriam todo o Vietnã do Norte onde atacavam principalmente áreas de armazenamento de combustível e armas, pontes e minaram portos. O foco saiu da trilha para o norte.

A USAF tinha 500 aeronaves no local comparado com mais de 1.000 em 1968. Os EUA logo responder deslocando caças para a região. Chegaram a de mil mais cinco NAes na Yankee Station. Os NAes chegaram a seis em maio com quatro na estação e dois descansando. O Vietnã do Norte não esperava a reação americana a invasão e na verdade foi até maior que o acostumavam fazer antes.

Um ataque convencional precisava de muito combustível e munição para os blindados e artilharia e as tropas não podiam viver de simpatizantes como faziam o Vietcong. Assim o efeito dos ataques aéreos foram multiplicados. A divisão de força entre três frentes também enfraqueceu o objetivo geral, podendo ter uma vitória em uma frente garantida se atacassem apenas em Saigon e virando uma vitória total. As operações m algumas áreas era até sem importância. Com o Vietnã do Sul na defensiva forçou o norte a se concentrar e as tropas viraram um alvo fácil para as aeronaves táticas e B-52.

Com a ameaça dos mísseis antiaéreos SA-7 e SA-2 o Vietnã do Sul não podia usar seus A-1 para Apoio Cerrado. Os jatos da USAF tiveram que cumprir a missão. Os caças saiam da Tailândia, rearmavam e reabasteciam Vietnã do Sul e voltavam após dois ataques.

Os mísseis SA-7 mostraram ser efetivos e conseguiam atrapalhar as operações aeromóveis e de Apoio Cerrado. Os helicópteros foram usados com sucesso até o SA-7 aparecer. As regras do uso do helicóptero mudaram da noite para dia após os SA-7. Com ele o Vietcong conseguiu superioridade aérea de forma bem barata. Campos e sites que dependiam de suprimentos aéreos ficavam bem menos seguros. Se tivesse aparecido entre 1965 a 1968, a maioria das missões seria para suprimir a ameaça.

Em 1972 não puderam fazer tanto assalto aéreo devido a ameaça do SA-7. A reação foram os flares e voar acima de 9 mil pés, mas era difícil atingir alvos a esta altura. Os jatos até que podiam escapar, mas as aeronaves lentas como o O-1, OV-10, A-1, C-130 e helicópteros eram alvos fáceis, mesmo com contramedidas. Manobrar e voar acima de 700 km/h ainda era a melhor defesa. Foram dez aeronaves da USAF e seis do Vietnã do Sul perdidos para os SA-7. Voar acima de 10 mil pés era a solução mas limitava a efetividade das aeronaves. Com os FACs voando alto passaram a ser limitados em encontrar alvos e controlar os ataques. Na Coréia os Mosquitos tiveram que voar acima de 6 mil pés devido a artilharia antiaérea e era menos problemas. No Vietnã tiveram que passaram a usar os Fast FAC com os F-4. Atacavam na altitude de operação no Vietnã do Norte e não do Vietnã do Sul onde atacavam mais baixo.

Os blindados se movendo em campo aberto eram logo atacados por caças e AC-130. Foram 207 blindados destruídos na ofensiva. O terreno plano no norte do Vietnã do Sul facilitava ataques e disparo de bombas guiadas a laser. Os canhões 122mm e 130 mm também foram atacados com bombas guiadas a laser quando encontrados, com poucas passadas. O Vietnã do Norte não concentrava sua artilharia para concentrar disparos e sim dispersavam bem e sincronizava os ataques para concentrar os ataques. Juntos seriam mais fáceis de atacar. 

Na invasão o Vietnã do Sul perdeu 41 aeronaves e a USAF 20 sendo que a USAF perdeu seis aeronaves para os SA-7, sete para os SA-2 e o resto para a artilharia antiaérea. Um AC-130 foi atingido por um SA-7 enquanto patrulhava o vale A Shau. Um OV-10 foi atingido por um SA-7, mas o assento ejetável do observador não funcionou. O piloto pousou no mar e morreu, mas o observador sobreviveu.

As operações de Apoio Cerrado salvaram várias cidades sitiadas. Era um local pequeno para concentrar aeronaves. A noite eram os gunship que salvavam as cidades. De abril a junho de 1972 foram realizadas 18 mil saídas de aeronaves táticas mais 2.700 saídas de B-52 na operação. As bombas guiadas a laser foram usadas para atacar carros de combate e artilharia deixara para trás pelas tropas do Vietnã do Sul fugindo das bases e cidades.

A cidade de Quan Tri foi cercada e ficara para trás oito conselheiro americanos em uma cidadela na cidade. No dia primeiro de maio souberam que seriam resgatados. O local estava cercado e usariam um pequeno heli-porto. A operação foi apoiada por três FAC controlando três esquadrilhas de caças cada para apoiar os HH-53 de resgate. Os caças cobririam a rota de aproximação. Os três helicópteros voaram bem baixo para evitar os radares de mísseis SAM mas com risco de serem atingidos por armas leves. A rota foi bombardeada e metralhada antes de passarem. Os três pousaram em sucessão, levando americanos e tropas do Vietnã do Sul cercados. Um quarto helicóptero ficou bem atrás como reserva.

No dia 23 de abril, ataque a cidade de Tan Canh. A noite chegou AC-130 com 105 mm para proteger. O Vietnã do Norte usou cerca de 20 blindados incluindo dois T-54 e dois ZSU-57 (T-54 com canhões automáticos de 57mm). O AC-130 voava fora do alcance do ZSU-57 e atingiu sete blindados. As tropas do Vietnã do Sul ficaram apavoradas com os ataques dos blindados e mísseis anti-carro guiados por fio. O helicóptero que foi resgatar tropas americanas nem foram molestados de tão interessados estavam em derrubar o AC-130. Com o mau tempo o Apoio Cerrado não funcionou e cidade acabou tomada.

A cidade de Polei Kleng, defendida por Ranges do Vietnã do Sul, a aviação usou bombas guiadas a laser, bombas em cacho e Mk para atacar os blindados. Em 6 de maio um AC-130 também ajudou atirando em cada posição de disparo mostrando brilhos ao redor da cidade. Foram 96 disparos ou toda a carga de 105 mm contra as posições do Vietnã do Norte atingido direto na posição. Depois gastou a munição de 40 mm e 20 mm ao redor do perímetro. Salvou a cidade nesse dia, mas o mau tempo não permitiu as operações de Apoio Cerrado nos dois dias depois e a cidade foi tomada. Os americanos traduziam os pedidos de Apoio Cerrado para as aeronaves americanas. Se fossem evacuados o DASC II teria que traduzir os pedidos.

Em Kontum o combate era bem próximo. Para usar B-52 as tropas se retiraram a noite e de dia voltaram para ver o local arrasado no norte da cidade. A 1km as tropas atacadas na retaguarda fugiram em pânico no dia 14 de maio. Os dois lados usaram mísseis guiados anti-carro. No dia 26 de maio os AH-1 Cobra atacaram sete carros de combate e uma torre de água usada como ponto de observação. No Vietnã do Sul as tropas treinadas em uso de LAW e mísseis TOW passaram a atacar blindados e as tropas não mais fugiam aterrorizadas.

As bases apoiadas pelos C-130 e C-123 tiveram que ser supridas apenas a noite devido a artilharia antiaérea. Os AC-130 suprimiam a artilharia antiaérea enquanto os transportes desciam em espiral a noite até pousar. A pista era marcada com luzes e o piloto só ligava suas luzes de pouso poucos segundos antes de pousar. O Vietnã do Norte usou artilharia com pregos para atacar as pistas de pouso e furar os pneus das aeronaves. Os fragmentos já causavam furos e tinham que limpar constantemente as pistas.

Após uma perda de um AC-119K de dia não puderam mais operar de dia devido ao curto alcance do canhão de 20 mm. Já o AC-130 conseguia usar os canhões de 40mm e 105 mm para atacar as posições de morteiros próximos a posições amigas sem risco de fogo amigo de dia e sem risco de serem atingidos. O único Spectre danificado foi a noite e não de dia no dia 12 de maio com um SA-7 passando na traseira de um C-130 sem explodir e ferindo o observador traseiro com fragmentos. Os AC-130 também tiveram que voar acima de 10 mil pés e acima do alcance efetivo do canhão de 20 mm.

O Apoio Cerrado dos B-52 cada dia apoiava um das três regiões militares atacadas (I, II e IV) não deixando as tropas do Vietnã do Norte se recuperaram. No dia 11 de maio os ataques se concentraram em An Loc precedendo a barragem de artilharia Vietnã do Norte no assalto do dia. Os blindados que atacaram foram danificados pelos LAW e as tropas do Vietnã do Sul não mais fugiram em pânico. Eram os tripulantes dos carros de combate que fugiam quando encontraram armas anti-carros e também eram atacados pelo ar.

No caminho para a cidade vários veículos e blindados foram atacados pelo ar. O Vietnã do Norte cercaram a cidade e atacaram com artilharia e morteiros antes dos assaltos. A área acima foi dividida entre os FAC do Vietnã do Sul e da USAF. O Vietnã do Sul não atacava a noite. A base próxima em Bien Hoa era usada para as aeronaves F-4 na Tailândia e US Navy reabastecerem e rearmar, podendo fazer três vezes mais missões por dia. No dia 5 de abril, na defesa da base em An Loc, conselheiros americanos pediram para um AC-130 atacar a própria posição. Era um bunker que ficaria protegido da ação da munição 20mm e 40mm e conseguiram salvar a posição de ser tomada.

No dia 4 de abril, um FAC do USMC em um TA-4 estava apoiando um ataque contra sete carros de combate com apoio de artilharia naval próximo a CuaViet. O fogo foi paralisado com anuncio de fogo amigo. Na verdade era os canhões de 130mm do Vietnã do Norte atacando posição americana e pensavam que era fogo amigo. Isso aconteceu várias vezes por não estarem acostumados com este tipo de ataque. Três carros de combate escaparam devido a paralisação. Os canhões de 130mm eram bem temidos e os FAC foram a melhor arma para detectar e chamar os ataques. Ouviam os rádios em terra para saber quando os canhões atirariam e viriam as chamas dos tiros. As estradas também eram bem vigiadas para procurar blindados por serem temidos. As bombas guiadas a laser mostrou ser eficiente contra as duas ameaças.  

A ofensiva do Vietnã do Norte falhou devido a resistência das tropas, Apoio Aéreo e ressuprimento aéreo as cidades sitiadas. Os EUA acha que o Vietnã do Norte devia passar pelas cidades ao invés de conquistar. O ataque convencional dependia de estradas e ficaram vulneráveis a ataque aéreo. No norte foram atacados até nos portos onde os suprimentos chegavam ates de ir até a frente de batalha.


Aeronaves de Apoio Cerrado

A qualidade do Apoio Cerrado dependia da aeronave que o FAC apoiava. Inicialmente a USAF queria jatos para combater os russos e impor a idéia que as aeronaves a hélices seriam inadequadas para Apoio Cerrado. Os políticos aceitaram a argumentação e logo foram deslocados muitos jatos para a região. Esperavam uma guerra curta o que não aconteceu.

Os jatos tinham resposta rápida quando chamados, mas pouca autonomia e capacidade de manobras, e dificuldade de manter contato com o alvo. A autonomia era inadequada no caso dos jatos. As vezes não podiam esperar a hora ideal do FAC indicar o alvo. Também não tinham rádios para se comunicar diretamente com as tropas. Só se comunicavam entre si ou com outras aeronaves como o FAC. Os caças também eram vulneráveis as armas leves que as vezes eram muitas a baixa altitude. 

As aeronaves usadas para Apoio Cerrado no Vietnã variam desde aeronaves a hélice como o T-28 Trojan, B-26 Invader e A-1 Skyraider até jatos como o F-4 Phantom, F-100 Super Sabre e F-105 Thunderchief. Alguns jatos de ataque especializados foram bem usados na missão como o A-6 Intruder, A-4 Skyhawk e A-7 Corsair e tinham fama de boa pontaria.  Outras aeroanves bem menos prováveis de realizar as missões foram as aeronaves de transporte artilhadas AC-47, AC-119 e AC-130. Os bombardeiros B-52 e B-57 também foram usados para Apoio Cerrado. O Vietnã do Sul usou também os jatos A-37 e F-5A. O A-37 foi oferecido a USAF para realizar a missão mas não foi aceito. 

O treinamento dos pilotos de caça para operar no Vietnã era inadequado. Os estandes de  tiro táticos tinham alvos reais como caminhões, mas a maioria era com uma "mosca" com círculos. As operações de reconhecimento armado ("road recce,” pronuncia-se “wrecky”) eram treinadas com o líder procurando alvos e o resto atrás. Ao detectar um alvo passava a posição e resto atacava de forma coordenada. Foi raramente usado no Vietnã. Os pilotos experientes ensinavam a fazer abordagem em curva preparando o disparo em curva com o fim na hora do disparo para atrapalhar a artilharia antiaérea.


A-1 Skyraider


Ao contrario das aeronaves de sua época o A-1 Skyraider (apelidado de Spad) era lento e grande ao contrário dos novos jatos rápidos. A sua longevidade estava relacionada com a grande carga de armas, alcance e resistência. Era fácil de adaptar as novas missões e as tripulações gostavam da aeronave. A carga era maior que muitos bombardeiros da Segunda Guerra Mundial. A autonomia do A-1 era de 11 horas com dois grandes tanques extras.

Na Coréia as tropas em terra gostavam do Skyraider do USMC. Levava muitas armas, era preciso, com boa autonomia, e tinha bons rádios para se comunicar com as tropas. Os pilotos da USAF atacavam de longe e iam procurar Migs. Eram jatos com poucas bombas, pouca autonomia e imprecisos. Consideravam as missões de APOIO CERRADO como secundária. Já os Skyraiders do USMC viviam para APOIO CERRADO. O carro de combate T-34 coreanos mostrou ser resistente as armas americanas na Coréia. Havia poucos carros de combate aliados no local. Os Alemães já tinha descoberto que só osbombardeiros de precisão seria eficiente e usaram o Stuka por ter precisão. Os EUA teve que usar o Skyrider na Coréia contra os T-34 comunistas.

No Vietnã as tropas e os FAC também gostavam do A-1 por ser lento, ter boa pontaria e grande carga de armas. Os pilotos gostavam da boa resistência. O A-1 mostrou que as aeronaves rápidas não eram o melhor meio para APOIO CERRADO e interdição no Vietnã e Coréia. A vantagem dos jatos para Apoio Cerrado era a velocidade de reação para chegar rápido na área de operação. Depois perdia toda a vantagem ao chegar no alvo. Os pilotos tinham dificuldade em ver o alvo, o raio de curva era grande e tinham pouca autonomia.

O Skyraider foi concebido em junho de 1944 como uma aeronave monoposto de logo alcance e alto desempenho para bombardeio de mergulho, com mais poder de ataque, para substituir os equivalentes bipostos. Contra o Dauntless o A-1 usava menos pista, sobe mais rápido, tinha mais alcance, maior carga e era mais estável. Na época do projeto a carga normal era 1.000lb de bombas ou torpedo de 2 mil lb como sobrecarga. No Vietnã o normal já era 2 mil lb e sobrecarga de 6 mil lb. Carga era grande, era mais que B-17 ou o dobro do F-100 Super Sabre.

A capacidade de carga externa mostrou ser mais flexível que o compartimento interno de armas, podendo escolher combustível, bombas, torpedos e foguetes. O compartimento interno deixa a aeronave mais rápida e aumenta pouco o alcance, mas depois de lançadas dos cabides a velocidade aumenta assim como o alcance. A aeronave fica mais leve para manobrar depois e a é velocidade mais importante depois para fugir. Foi a versatilidade das cargas externas que deu longevidade ao Skyraider. As mudanças nas armas podiam ser resolvidas facilmente com mudança no cabide. Eram muitos cabides e as restrição estava mais relacionadas com o tamanho das armas.

Os Skyraider da US Navy no Vietnã realizaram várias missões como "hard target", RESCAP e reconhecimento de estrada. Os alvos duros eram raros. O resto era 1/3 de RESCAP e 2/3 de reconhecimento armado. As missões de reconhecimento armado eram para garantir que nada se moveria a noite. AA noite usavam flares no lugar de bombas de fragmentação. Contra pontes tinham que fazer várias passadas para ajustar a pontaria. O piloto mantinham o ângulo e velocidade e reajustava longo ou curto. Os flares eram usados para fotografar alvos atacados e confirmar danos a noite. Os Skyraiders eram lançados a meia noite e voltavam pela manhã as 7:30h, todas as noites. Para se defender levavam o ALQ-81 para bloquear radares de mísseis SAM. A última missão do Spad naval em dezembro de 1968. noite atacavam todas as luzes que viam. Primeiro atacavam pontes com bombas pesadas e depois usavam as bombas leves.

Os A-1 Skyraider da US Navy mostraram ser adequado para Apoio Cerrado e a USAF logo tentou adquirir aeronaves da US Navy. A USAF nunca teve uma aeronave dedicada para Apoio Cerrado enquanto o USMC e US Navy desenvolveram o A-7 Corsair e A-6 Intruder com a missão em mente.

Os A-1E e A-1H Skyraider chegaram no Vietnã do Sul em 1964 e mostrou ser ótimo para Apoio Cerrado. A USAF até queria reabrir a produção. Era inadequado apenas na velocidade de reação. A USAF passou a atacar com seus próprios pilotos em 1965. Antes só era autorizado por pilotos do Vietnã do Sul e com tripulantes americanos de observadores.

Os A-1 Skyraiders da USAF também faziam interdição noturna como na US Navy. Nas operações de Apoio Cerrado operavam em bases avançados e o apoio chegava mais rápido. Outra função era RESCAP com função de localizar pilotos derrubados e dar proteção até a chegada dos helicópteros de helicópteros. Ao encontrar o piloto derrubado atua como "On-Scene Command" coordenando a ação, chamando ataque aéreo, protegendo os helicópteros de resgate. A capacidade de espera era importante e para isso o Skyraider era bom. A tática vietnamita era cercar os sobreviventes com artilharia antiaérea esperando os helicópteros chegarem. Fazia mais estrago que aprisionar só um piloto.


Um Spad do Vietnã do Sul atacando uma posição vietcong.


F-100 Super Sabre

Os F-100 Super Sabre iniciaram suas ações no Vietnã como aeronave de escolta, mas era mais lento que o F-105 que deveria escoltar. No inicio do conflito não era problema, pois era raro encontrar um Mig ou lutar com um. Com a chegada dos F-4 os F-100 passaram a atuar como caça-bombardeiro em missões de apoio aéreo aproximado com apoio dos FAC. Estavam sempre em alerta em terra para a missão. O F-4 era melhor para combate aéreo sendo equipado com um radar, levava mais armas e tinha um par de olhos adicionais. O F-105 era melhor para ataque tático, levava mais bombas e carga pesada voando baixo e mais longe. O Super Sabre passou para missões de curto alcance no Vietnã do Sul, no sul do Vietnã do Norte e no Laos. As outras aeronaves realizavam as missões de longo alcance.

O F-100 virou artilharia aérea no Vietnã. A missão típica era decolar, ir até a área do alvo, encontrar o FAC, ver a fumaça marcando o alvo, atacar, subir, voar em velocidade de cruzeiro de volta para a base e pousar. No dia seguinte a rotina se repetia. Na verdade o piloto tinha que tomar cuidado com as aeronaves amigas para evitar colisões, atingir o alvo certo, disparar armas com precisão, encontrar as aeronaves de reabastecimento no lugar certo, ou com mau tempo, e também tinha a ameaça da artilharia antiaérea inimiga entre outras dificuldades. Os F-100 voavam bem baixo e foram mais derrubados por árvores do que pela artilharia antiaérea. Mesmo assim o F-100 não teve fama. A frota chegou a 490 caças no máximo operando na região.

As cargas podiam ser soft load e hard load dependendo do tipo de munição. Os canhões de 20mm podiam levar 250 tiros cada mas só levavam 200 pois podiam explodir (cook off) após 200 tiros se disparados em seqüência rápida. Os F-100 voavam a até 5.500 metros carregados e não conseguiam ir mais alto. Na época a função de ataque nuclear era do SAC e na década de 50 passou também para o TAC. Assim o F-100 foi logo escolhido para ser armado com bombas nucleares devido aos atrasos com o projeto F-84F. O F-100 também seria um caça para ser vendido para os aliados. 


A principal missão dos F-100 Super Sabre no Vietnã era realizar Apoio Cerrado.

B-57 Canberra

Na década de 50 a USAF queria substituir os B-26 Invader usados na Coréia que tinha a tarefa de bombardeio visual a noite tentando cortar as rotas de comunicações na Coréia. O substituto deveria levar mais bombas com boa autonomia e deveria ter meios de detecção noturna. O foco para bombardeiro leve seria interdição noturna.

O B-57 concorreu com aeronaves já existentes como o B-45 (em operação e considerado antiquado), B-51 (projetado para apoio aéreo aproximado a baixa altitude), AJ-1 Savaje (lento), e o CF-100 canadense (poucas bombas). A USAF pretendia comprar 300 aeronaves para armar quatro Alas. Depois o total chegou a 403 aeronaves incluindo os modelos de reconhecimento.

A USAF concluiu que o canberra seria um bom caça qualquer tempo, boa para reconhecimento tático e bombardeiro de médio alcance e grande altitude. Voar alto colocaria acima do teto do Mig-15. A asa grande pode causar muita turbulência a baixa altitude e dificultaria a pontaria. Foi armado com quatro canhões M-39 de 20 mm e mais quatro metralhadoras M3 com 2400 tiros em cabides em cada asa.

Devido a baixa carga alar o canberra era mais manobrável acima de 40 mil pés que o caça Meteor. Não precisaria de armamento defensivo por isso. Não tinha requerimento, mas mostrou ser bem manobrável e sobe rápido. Na RAF o canberra foi planejado como bombardeiro radar a 50 mil pés, mas mostrou ser capaz de ataque baixo como o Mosquito que deveria substituir.

O concorrente mais próximo era o B-51 que podia reabastecer em ponto único, rearmar em 15 minutos, operar em pistas improvisadas, era relativamente manobrável, com blindagem nos motores, rápido e difícil de interceptar. O alcance e autonomia eram bem menor que a do canberra.

A Martin foi contratada para fabricar 250 canberra em março de 1951. Foi a primeira aeronave comprada fora do país desde a Primeira Guerra Mundial. A nova cabine em fila melhorou em muito a visibilidade para os dois tripulantes e virou o B-57B.

No dia 19 de fevereiro de 1965 foi realizado o primeiro uso em combate no Vietnã com alvos marcados por um O-1. Os FAC gostavam de operar com o B-57. Citavam que fazia o trabalho de quatro A-1 Skyraider. O canberra era até mais fácil de ver no circuito e no ataque. Os canberra também não pressionavam os FAC por falta de combustível como faziam os outros jatos. Os FAC colocavam o desempenho do B-57 como acima dos outros, sem considerar outras estatísticas.

O B-57 levava 2.000 lb de bombas internas e 3.000 lb externa em quatro cabides, mais canhões 20 mm nas asas. Junto com a autonomia e dois tripulantes era ótimo para APOIO CERRADO. Vietnã. Com quatro B-57 acima, em missões de Apoio Cerrado no Vietnã do Sul, atacavam com uma bomba  por vez e podia manter o inimigo de cabeça baixa por longo período. Eram nove bombas de 220 kg no compartimento interno e quatro nas asas, ou foguetes, mais os canhões ou metralhadoras.

As bombas geralmente eram quatro de uso geral de 340 kg ou Napalm. As vezes levava foguetes, bombas de 227kg, bombas fragmentarias de 100kg ou casulo com flares. No compartimento interno geralmente eram quatro bombas de 340 kg, nove a treze de de 227kg, 16 a 28 de fragmentação de 100kg ou Mk81 ou Mk82. Raramente levava bombas de 454 kg. As bombas de fósforo M-35 e M-36 queimavam por 10-15 minutos e era boa contra alvos de área e caminhões.

Os vietnamitas que se rendem eram interrogados sobre os motivos. Sempre citam o poder de fogo superior. Não havia onde se esconder e sempre eram pegos em movimentos. Estavam sempre mudando de táticas por isso. Os ataques aéreos eram insuportáveis. Quando mostravam silhuetas de aeronaves geralmente mostravam o B-57 como o mais temido. Foi até apelidado de "the screaming bird". Ficava sobre o alvo muito tempo e nunca acabava as bombas. O Stuka já era temido devido a precisão e barulho característico.

O Vietnã do Sul operou o B-57 por pouco tempo. Era pesado para os pilotos pequenos. Um piloto cita que atacava com várias bombas no mesmo alvo. A primeira para cair 100 metros antes para amedrontar e a próxima acertava.

Em ataque noturno era com aeronave detectando alvos e lançando flares para outros atacarem. Na Trilha era mais fácil detectar caminhões em noite escura pois forçava o motoristas a ligar os faróis. O C-130 Blindbat usa sensores noturnos para auxiliar as buscas. Voam formação antes de lançar flares e lança flares para o B-57 atacar. Os caminhões atingidos geralmente produziam explosões secundarias e danificavam outros. Se errasse ainda pode danificar a estrada. As missões de interdição noturna na trilha era arriscada devido a artilharia antiaérea guiada por radar, mas era muito bom e valia a pena. Só os pilotos experientes voavam noite. 


Um B-57 Canberra atacando uma posição vietcong. O foguete de fumaça do FAC marca o alvo mais a esquerda da foto.


Um B-57 fotografa um O-2 quando lança seus foguetes de fumaça para marcar o alvo. Abaixo o FAC fotografa o B-57 mergulhando no alvo mostrando sua grande carga de armas.

 

A-7 Corsair

O A-7 foi o substituto do A-1 na USAF. Os FAC gostavam muito de atuar com o A-7 Corsair nas missões de Apoio Cerrado. Geralmente os jatos eram ruins de pontaria e com pouca autonomia. O Corsair era bom nos dois. A pontaria até melhorou com a mira computadorizada. O CEP do A-7E era de 17 metros e o radar de telemetria dava a precisão necessária. Os A-7 levavam muitas armas como 10 Mk82, dois CBU, um míssil Shrike e o canhão. Começavam a missão dizendo "temos oito Mk82 e por 15 minutos".

O A-7 era considerado pouco potente, mas por outro lado era uma vantagem por consumir pouco combustível, junto com a propulsão tipo Turbofan. O A-7 tinha grande autonomia mais devido a eficiência do motor Spey do que da fração de combustível. O A-7 podia até escoltar os F-14 TARPS por isso para supressão de artilharia antiaérea. Os pilotos inicialmente não gostavam da aeronave sendo apelidado de SLUF (Short Little Ugly Focker), mas depois de voar o significado foi outro. Era bom de navegação e ótimo de pontaria.
 
Os estudos do projeto A-7 mostraram que seria pouca vantagem para uma aeronave de ataque ter velocidade supersônica, a não ser para fugir dos Migs. No ingresso até o alvo não poderia voar supersônico se carregado de bombas e durante o ataque a velocidade supersônica atrapalharia a pontaria.

O A-7C levava um canhão Vulcan com 1.000 tiros de 20mm (modelo A-7A levava dois canhões de dois 20mm e 680 tiros), enquanto o A-4 levava 200 tiros ou o mesmo que cinco A-4. O piloto pode escolher a razão de tiro de 4 ou 6 mil tiros por minutos.

O A-7D foi escolhido pela USAF em 1965 para substituir os caças F-100. Estava equipado com o motor TF-41-A2 baseado no Spey. Foi o primeiro caça da USAF equipado com um HUD. No total foram construídas 459 aeronaves para o TAC e depois foram substituídos no meio da década de 80 pelo A-10 e repassados para a Guarda Aérea Nacional.

Os pilotos que passavam do F-4D para o A-7D na Guarda Aérea Nacional não achavam que deram um passo para trás. Os que passaram do F-105 melhoram muito a precisão e até no combate ar-ar. O alcance era o mesmo do F-105, mas com uma aeronave menor. A USAF planejada usar o A-7D e A-7K até 2004 após ser modernizado em 1975, mas o projeto foi cancelado.

Os A-7 da USAF operaram no Vietnã durante a invasão do Sul em 1972. Os A-7 fizeram APOIO CERRADO, interdição, escolta noturna para os AC-130, RESCAP no lugar dos A-1 Skyraider, reconhecimento armado de estrada, ferrovias e rios a procura de alvos oportunidades (LUCTAR - alvos lucrativos). Operaram por quatro meses com cinco perdas. Os A-7 da US Navy ajudaram a minar os portos.

O A-7 Corsair foi o primeiro caça com um sistema de navegação e ataque automático computadorizado, liberando o piloto de fazer cálculos para navegar e disparar armas. Foi a primeira vez que um piloto sabia sua posição em latitude, altitude, minutos e segundos constantemente. Em navegação um segundo são 30,5 metros então o ponto de estacionamento variava em 1 segundo de distância um do outro. Os sistemas de navegação mostram as rotas para o alvo e as rotas de retorno. Apenas o Saab A-37 Viggen de 1967 passou a ter esta capacidade na mesma época. O A-7 estava equipado com computador, INS, radar Doppler, radar com capacidade de telemetria, acompanhamento e desvio do terreno (TF/TA), HUD, computador de dados e mapa móvel. O requerimento de precisão era 10 mils e conseguiram 7 mils no Vietnã. 

Durante o ataque o piloto não tinha mais que colocar a aeronave em um ponto no espaço em uma velocidade pré-determinada, angulo mergulho, altitude e distancia do alvo para atingi-lo. Computador calcula tudo continuamente e mostra no HUD onde as bombas iriam cair. Era chamado de método Ponto de Impacto Continuamente Computadorizado (CCIP em inglês) enquanto a pontaria manual era chamado de TLAR (Thats Look About Right). O CCIP permite que o piloto gaste mais tempo evadindo as defesas sem se preocupar com os parâmetros de ataque e precisão. A precisão era muito melhor, diminuindo a quantidade de bombas levadas e gastando menos missões para destruir o alvo. O piloto ficava sem limites para atacar, podendo manobrar durante a fase de ataque e ficava mais fácil encontrar alvos. Os pilotos novatos tinham a mesma precisão que os veteranos no A-4.

A versão A-7E tinha motor mais potente, aviônicos computadorizados e tela de mapa-móvel, mira com indicação de dados e INS. O piloto tinha uma grande carga de trabalho checando sistemas o que foi resolvido depois com o F/A-18. Os caças voavam longe um do outro por olharem mais tempo dentro da cabine. No meio da década de 80 os A-7 navais receberam um FLIR para poder navegar e atacar a noite a baixa altitude. O FLIR tinha dois campos de visão. A Guarda Nacional depois equipou 50 caças A-7D com FLIR.


Um A-7E fazendo pontaria na ponte do USS Tarawa em um exercício de guerra. O piloto coloca diamante no alvo, aperta "release enalbe" e o computador lança as armas no momento oportuno, com indicação para onde apontar a aeronave para refinar a pontaria.


Em 1979 um A-7D testado com dois casulos com GAU-8 para atacar blindados Europa e Coréia. Concorreu com o A-10 e perdeu e ainda acabou sendo substituído pelo A-10.

Os pilotos de A-7 da US Navy não dispararam o Sidewinder em combate mas gostava da capacidade. Faziam CAP quando não tinha vento para lançar o F-14 ou se a catapulta falha-se visto que podiam decolar sem catapulta. Faziam BARCAP e em tempo de paz podiam decolar rapidamente para interceptar aeronaves russas em patrulha. Para se defender eram bons a baixa altitude com boa persistência devido ao baixo consumo. Um veterano no A-7 conseguiu evitar ser derrubado por vários Migs simplesmente voando muito baixo por muito tempo até o combustível do inimigo acabar. O dele nem chegou no bingo. Combustível não costuma ser problema no planejamento de missão, dando mais opções.

Outros jatos usados para Apoio Cerrado como missão secundária foram o A-6 Intruder e o F-4 Phantom. O A-6 Intruder surgiu de um requisito de aeronave para Apoio Cerrado em qualquer tempo emitido durante a guerra na Coréia para equipar a US Navy e USMC. A aeronave substituiria o Skyraider e realizaria as missões que o A-4 não poderia realizar. A velocidade deveria ser de pelo menos 500 knot, alcance de 300 milhas para Apoio Cerrado ou 1000 milhas para interdição. Deveria ter dois tripulantes e aviônicos para operar em qualquer tempo. Os concorrentes incluíam aeronaves de decolagem vertical, turboélice e com motor turbofan que foram logo eliminados. A capacidade de pouso e decolagem curta era um requerimento do USMC para decolar em 1.500 pés com uma corrida de 800 pés com obstáculo de 15 metros. O pouso seria em 1.500 pés com obstáculo. No Vietnã do Sul os A-6 do USMC fazia apoio cerrado noturno em pontos com refletores radar. Eram controlados por radar em terra.
Para melhorar a capacidade defensiva o A-7 também leva 195 kg  de blindagem ao redor do piloto, sistema de combustível e motor. O motor do A-7A fazia muita fumaça e colocaram aditivo para usar na área de combate

O F-4 Phantom foi projetado desde o inicio como aeronave multifuncional apesar de ser otimizado para interceptação. Foi usado pela USAF, US Navy e USMC no Vietnã em grande quantidade em todo tipo de missão que um caça possa realizar incluindo apoio cerrado.

Os F-4 Phantom do USMC no Vietnã atuavam como aeronave multifuncional realizando apoio cerrado, CAP e reconhecimento. Nas missões de apoio cerrado os pilotos não viam nada e só atiravam com ajuda de FAC que via tudo, indicava alvos e ditavam resultado dos acertos ou erros. Os pilotos gostavam de fazer apoio cerrado por saber que salvou alguém embaixo. Os pilotos do USMC faziam passadas baixas e acrobacias para alegrar as tropas em terra.


B-52

O uso de bombardeiros em operações de apoio cerrado já foi pensado bem antes do Vietnã. Já no cerco de Diem Bien Phu a USAF propôs enviar seus B-29 para aliviar a guarnição local. Seriam incursões de larga escala. O próximo passo seria usar o B-52 no Vietnã. O uso de bombardeiros para apoio cerrado já ocorreu na Segunda Guerra Mundial e Coréia e estava previsto no manual. A chave do uso dos bombardeiros para apoio cerrado eram as armas e não a plataforma lançadora, mas não servia resposta rápida.

Os primeiros ataques de B-52 no Vietnã mostram ineficientes pois o Vietcong se escondia bem em túneis profundos. A principal função do B-52 foi forçar dispersar bases e forçar movimentos mais ocultos. Os danos no Vietnã do Sul eram difíceis de medir, a não ser o efeito psicológico em tropas amigas próximas. O B-52 foi usado para apoio cerrado mais para incomodar os Vietncongs. A única vez que foi usado com eficiência para apoio cerrado foi no cerco de Khe Sanh. As bases de Forças Especiais tinham formas geométricas bem definidas para aparecer bem no radares do B-52.

Para apoiar as operações do B-52 usavam o radar MSQ-77 Combat Skypot ou Combat Proof que era um beacom em terra. Não se atirava nele e sim ao redor o que dava ao alvo uma boa assinatura radar no solo. O limite era de 1.100 metros da força amiga para o B-52, mas faziam ataques a 600 metros. O B-52 disparava as bombas a 8 mil metros para evitar ventos altos. As bombas com espoleta de atraso atingiam túneis com certa facilidade. Com apoio do radar e sistemas externos podia ser usado em mau tempo e a noite o que ajudava a manter a pressão nos Vietcongs.

No inicio os B-52 eram usados para atacar alvos táticos no Vietnã, enquanto os alvos estratégicos no Vietnã do Norte eram atacados pelos F-105 que eram aeronaves táticas. Os bombardeiros no sul serviam mais como arma psicológica. O efeito acontecia mesmo sem acertar. Os B-52 voavam tão alto que o inimigo só tomava conhecimento quando bomba explodia próximo. Os prisioneiros citam o que mais temiam em seqüência: B-52, aviação tática, artilharia e blindados, nesta ordem.

Seis B-52 atacavam uma área de dois km2 com 180 toneladas de bombas ou o mesmo que 100 caças. Com a modernização big belly permitiu levar 84 bombas Mk82. Sempre atuavam em célula de três aeronaves para dar poder de fogo e auto-proteção com ECM. Na zona desmilitarizada atacavam sempre da mesma direção, altitude, intervalo previsto, testavam os ECM antes, e eram apoiados pelos Tiny Tim EB-66C/E de ECM
 
Na invasão do sul em 1972 os B-52 ajudaram a salvar várias cidades sitiadas como An Loc nas operações Arc Light. Foi a primeira vez que foi usado contra uma força invasora e a operação foi considerada bem efetiva.


Imagem de antes e após um ataque dos B-52 na Zona Desmilitarizada na fronteira entre os Vietnãs. Após o ataque nada fica inteiro principalmente após ataques repetidos.

Apoio Cerrado dos Gunship

A USAF só aceitou os AC-47 Gunship como arma válida até demonstrarem claramente a capacidade de defender posições no Vietnã. Antes de ser considerado um conceito válido geralmente tem poucos defensores na fase conceitual e operação preliminar. O AC-47 foi desenvolvido mais para apoiar operações de AI e não para apoio cerrado de vilas. A idéia era de 1942 e foi proposto como "transverse fire of rocket and guns" no Vietnã em 1961. A idéia foi testada no T-28 e C-131 em 1963. Novos testes foram realizados em 1964 no C-47. O objetivo era usar os gunships mais em mau tempo onde teria um melhor desempenho que os FAC e caças nas operações de apoio cerrado. O AC-47 foi aprovado para teste em combate em 1964. Era visto como um meio contra-insurgência enquanto outros questionavam seu uso em certos teatros, vulnerabilidade e competir com gunships do US Army.

Nos testes em combate a efetividade a noite mostrou que valia a pena e virou sua única função. Logo chegaram mais AC-47. Antes as tropsa só podiam usar flares que não detinham os ataques do Vietcong. Agora os Vietcongs sabiam que eram lançados pelos AC-47 e logo quebravam contato o que era suficiente. Em julho de 1965 foi aprovado a criação de um esquadrão de gunship. A tarefa para colocar os gunship em ação levou quatro anos e dependeu de muita sorte. A escolha das operações noturnas estava relacionada com a capacidade de sobrevivência da plataforma.

Logo foram iniciados estudos para usar os gunship em operações de Interdição noturna com novos sensores e assim iniciou-se o projeto Red Sea instalando um FLIR no AC-47 (na época chamado de FC-47). O sensor não funcionava em defesa de vilas por falta de definição, mas como 80% dos suprimentos passados a noite testaram em AI. Em dezembro de 1964 foi usados na Steal Tiger no sul do Laos em AI. Logo os gunship estavam sendo usados em outras missões como SAR, FAC e reconhecimento.

Com a limitação da plataforma C-47 como gunship passaram a estudar o uso de uma plataforma maior como o C-130 e C-119. A USAF queria o AC-130 para operar de dia e a noite em missões de Interdição. Em 1968 aprovaram os dois projetos com o AC-119 sendo planejado mais para apoio cerrado e o AC-130 para busca e destruição em Interdição. A USAF ainda priorizava as operações de Interdição, depois reconhecimento armado, depois apoio cerrado, depois CSAR, e o AC-119 também acabou sendo usado para AI. Os AC-119G com sensor noturno starlight do O-2 ligado para apontar canhões.

Um estudo de 1967 mostrou que as aeronaves a hélice eram nove vezes mais efetivos por saída que os jatos para atacar caminhões na trilha, mas as perdas eram quatro vezes maior. Também foi percebido que quanto mais lento mais era usado para apoiar operações em terra, melhor era a avaliação de danos de batalha, e a possibilidade de subordinação as tropas. Enquanto mais rápido implica operações mais autônomas. Com os F-4 sendo usados para supressão de artilharia antiaérea para os AC-130 havia até subordinação dos jatos. A modernização "Surprise Package" do AC-130 melhorou o problema.

A avaliação de danos de batalha dos gunship era difícil de validar, mas em apoio cerrado era uma plataforma válida. Testes em terra em 1971 mostraram que precisavam de vários acertos para desabilitar um caminhão. Um caminhão atingido pôde operar logo após atingido. Apenas o canhão de 105mm podia desabitar um caminhão e o canhão de 40mm não a não ser com acerto direto. No final acabaram vendo que os gunship eram melhores para apoio cerrado e não para AI como queriam inicialmente. 

Em algumas cidades sitiadas no Vietnã do Sul as aeronaves estavam em maior quantidade do que seria possível usada ao mesmo tempo. Os FAC e caças era mais numeroso que espaço que virou limitação. A noite não era problema com os gunship operando de forma autônoma.

Os gunships mostraram ser baratos por hora de operação, pela autonomia e pela capacidade noturna. O tempo resposta era menor de 24 minutos contra 40 minutos dos jatos. O AC-130  podia atuar como FAC que direcionava os disparos dos caças ao invés de ficar de fora dos ataques. O problema do OV-10 e dos gunship era ser uma resposta a um problema temporário e não caber na Doutrina. 


Armas das Aeronaves de Apoio Cerrado

As tropas gostavam do apoio cerrado pois a artilharia e os morteiros eram inadequados na selva fechada. Os projéteis de artilharia não penetravam muito e explodiam no alto na copa das árvores. As espoletas de atraso ajudavam, mas as arvores ainda amaciavam as explosões. Já os caças com bombas de 227kg e 340kg eram bons contra tropas na selva e bunkers. Ainda assim havia armas inadequadas como as bombas em cacho (CBU) que também não podiam ser efetivos. Podia ser usada como nos desvios de outras missões para realizar apoio cerrado. As próximas aeronaves a chegarem no local geralmente tinham armas adequadas. Os caças em alerta estavam equipados com um misto de armas com Napalm, bombas de uso gral, bombas em cacho e foguetes. Nenhum tinha a mesma combinação de armas. Cada alvo precisava de um tipo de arma. Contra bunker a melhor arma eram as bombas de uso geral e contra tropas espalhadas eram as CBU e napalm.

A arma ideal para apoio cerrado não pode ser potente e tem que ser precisa a baixa altitude. O tamanho ideal fica entre 120kg e 250kg. As armas usadas nas missões de apoio cerrado geralmente eram as bombas Snakeye e a Napalm. Podiam ser disparadas a baixa altitude devido a pouca artilharia antiaérea no Vietnã do Sul. O disparo a baixa altitude também ajudava na precisão o que era muito necessário com tropas amigas próximas. Se atacavam acima de 4 mil pés a avaliação de danos de batalha era "acertou o Laos". A Snakeye permitia chegar bem perto sem risco de ser atingido pelos fragmentos da explosão. Não foi usado muito no norte devido a ameaça da artilharia antiaérea.

Mesmo assim as bombas burras costumam explodir no topo das árvores ou após se enterrar no solo. Com espoleta de atraso era usada para concentrar o poder destrutivo quando está próximo de tropas amigas.
As Mk82 com extensores "daisy cutter" faziam as bombas explodirem acima do solo com melhor dispersão dos estilhaços.


Bombas de Napalm e fósfoto branco explodindo no Delta do Mekong em 1965 vistas pela camera de ataque voltara para trás de um A-1E Skyraider.

Os foguetes eram fáceis de atingir o alvo com um CEP de 10 metros, mas eram pouco potentes. Foram os FAC que permitiu o uso dos canhões de 20mm próximo as tropas. Os pilotos de caça nem imaginavam ter esta capacidade. O disparo do canhão a menos de 600 metros do alvo pode resultar em ser atingido pelos próprios tiros ricocheteando no alvo. As missões de strafing era como mandar tropas atacarem um bunker diretamente. Em várias passadas no alvo corria o risco de ser derrubados.

Em uma ocasião, quando os Vietcong estavam atacando um campo de Forças Especiais, um F-4 do USMC um lançou todas as armas e ainda tinha armas. Atacou alijando os lançadores de foguete, os cabides TER e MER e tanques, sobre inimigo e fez passadas rápidas para assustar.

No dia 7 de abril de 1968, chamado de "napalm sunday", testaram um C-130 para lançar tambores de Napalm em prováveis posições do Vietcong em uma função similar aos bombardeiros B-52. A ignição do combustível era feita pelos foguetes de um FAC que também marcava o local para o lançamento a baixa altitude. Depois do ataque não fizeram reconhecimento para saber o resultado. Foram setenta ataques do tipo e depois acharam arriscado e eram poucos C-130 para uma grande demanda de transporte aéreo na região.

As bombas guiadas a laser Paveway e os mísseis Bullpup melhoraram a precisão nas missões de apoio cerrado. As Paveway foram usados no fim do conflito, após outubro de 1968, incluindo contra blindados atacando tropas.


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