FAC na Coréia

A atividade tática aérea tradicional consiste em conquistar asuperioridade aérea, isolar o campo de batalha e apoiar as tropas em terra. Após a Segunda Guerra Mundial, a doutrina da USAF priorizava a superioridade aérea enquanto a US Navy priorizava a defesa da frota e o USMC o Apoio Aéreo Aproximado (CAS - Close Air Support).

As missões de CAS na Coréia tinham sérias limitações. Os pilotos da USAF treinavam mais para combate aéreo e mal sabiam metralhar alvos em terra ou disparar foguetes. O USMC teve desempenho nas missões de CAS bem melhor e eram especialistas na função. O USMC e US Navy treinavam muito identificação de tropas inimigas e suas fraquezas enquanto a USAF não tinha treino nenhum do tipo.

Na Coréia, as forças aéreas e terrestres operavam separadas. Para integrar foi pensado no uso de uma agência para trocar informações da batalha, satisfazendo o requerimento de CAS, e dar a Força Aérea tempo para planejar e controlar o apoio aéreo. A agência foi chamada de Joint Operations Center (JOC). Os Tactical Air Control Center (TACC) operavam junto com o JOC como organização de comunicações, mas se tornou o foco do controle para a força aérea tática.

O JOC operava inicialmente no Japão. Queriam que fosse na Coréia e parte foi passada para a base aérea de Taejon. Mesmo assim tinham dificuldade para saber onde estava a linha de frente e as posições das tropas amigas. Os pilotos saindo das bases aéreas no Japão iam para Taejon. Se tinham alvos eram passados para os pilotos. Se não havia alvos, recebiam a missão de fazer reconhecimento armado nas estradas no norte.

A doutrina ditava a presença de uma equipe de Tactical Air Control Parties (TACP) com as tropas avançadas com um controlador aéreo avançado (FAC). A equipe deveria ter pelo menos um piloto experiente para fazer o papel de FAC. A equipe operava em veículos e o equipamento era da Segunda Guerra Mundial que estava armazenado. O sistema da USAF era similar ao alemão da Segunda Guerra Mundial.

Os FAC em terra do USMC eram pilotos de caça. O FAC do USMC ficava na frente de combate com uma equipe por Divisão ou Batalhão. As equipes da USAF também ficavam no posto de comando do Corpo do Exército e na retaguarda, com informações recebidas pelos Mosquitos.

Na primeira ação, o TACP teve problema meteorológico e os rádios quebrados. Com bom tempo, o problema era não poder avançar a pé para controlar a ação. O equipamento era pesado e os Jeeps eram vulneráveis se ficassem em local desprotegido. As estradas eram ruins e danificavam os rádios. O Jeep não era blindado e não podia avançar muito. Em julho de 1950, havia três equipes TACP na frente de batalha. Um foi atacado e o FAC morto. Como estavam retraindo era difícil encontrar alvos. A equipe também podiam chamar a artilharia.

Os FAC em terra tinham dificuldade para ver o inimigo, tropas amigas e as aeronaves de ataque ao mesmo tempo devido ao terreno montanhoso. Na retirada para sul era mais difícil ainda achar pontos bons para coordenar.

Nas primeiras semanas da Guerra da Coréia, a necessidade dos FAC foi logo percebida. Em batalhas importantes, os caças ficavam voando acima sem saber onde estavam as tropas amigas e inimigas. Na Coréia era difícil para os pilotos de caças a jatos detectarem alvos pequenos e móveis longe da visão das tropas em terra. Os F-80 operando de bases aéreas no Japão ficavam a 350 milhas da área de operação e só tinham 15-20 minutos de vôo sobre a Coréia. No inicio, apenas 25% encontravam alvos e atacavam.

Junto com os problemas dos FAC em terra, a solução foi colocar os FAC em aeronaves. Com a aproximação do perímetro de Punsan, pensaram em usar aeronaves lentas para guiar os caças o que foi chamado de Airborne Tactical Air Controller (TAC). O primeiro problema era a falta de doutrina, treinamento e equipamento. O conflito local piorava a situação por ter uma frente muito móvel, com um inimigo pouco sofisticado, terreno montanhoso e a presença de guerrilha.

Não se sabe quem foi o primeiro a ter a idéia de colocar um FAC em uma aeronave. A idéia já tinha sido usada na Segunda Guerra com os Horsefly. A técnica de usar aeronaves lentas voando baixo para identificar alvos iniciou ainda em 1950.

O conceito de FAC(A) - Airborne - foi concebido e testado antes do fim da Segunda Guerra Mundial, mas como programa foi apenas na Guerra da Coréia. Em seis meses cresceu de um programa especializado para um programa em larga escala generalizado com grande orçamento. Em seis meses foi validado e a técnica desenvolvida como instrumento de guerra aérea tática. O FAC(A) precisa de organização, equipamento e treinamento para realizar a missão. Na USAF existia em teoria, mas não na prática com equipamento, treino ou esquadrão para realizar a missão.

Mosquito

O uso dos FAC(A) na Coréia iniciou com o comandante do JOC em Taejon pedindo sete pilotos e três aeronaves L-5G Sentinel para fazer reconhecimento visual e controlar missões de apoio aéreo na sua área de operação.

Os L-5G do US Army foram emprestadas e equipados com rádios de quatro canais. A USAF não usava aeronaves leves de ligação devido a dúvida sobre a sua capacidade de sobrevivência contra caças. O US Army resolveu arriscar e usava para ajuste de artilharia e observação do campo de batalha.

Na primeira missão no dia 9 de julho de 1951, um piloto foi atacado por dois Yak sem ser derrubado e mesmo assim chamaram 10 esquadrilhas de F-80, realizando 20 ataques no primeiro dia. Os pilotos decolando do Japão não foram brifados para esperar controle aéreo, mas o resultado foi ótimo.

No dia seguinte, chegaram os T-6C equipados com rádio ARC-3. Logo no primeiro dia de operações viram uma coluna de 42 carros de combate T-34 em Chochiwon. Chamaram os F-80C acima que metralharam e dispararam foguetes destruindo 17 carros de combate.

O L-5G logo mostrou ser lento e vulnerável enquanto o T-6 mostrou ser bem melhor. Era mais rápido e resistente para sobreviver as defesas. Os Yaks norte coreanos já tinham derrubado aeronaves ligação do exército. Os pilotos queriam que fossem equipados com um rádio AN/ARC-3 de oito canais.

A missão dos T-6 era fazer reconhecimento visual na linha frente, localização de alvos e passavam o alvo por rádio para os caças (chamado de "talk-on"). Inicialmente as missões eram feitas sem planejamento. Usavam apenas o mapa e o rádio para apoiar a missão. Os T-6 iam para atrás das linhas e realizavam reconhecimento visual de estrada. Detectavam blindados, chamavam os caças e quem estivesse no alcance do rádio ouvia a chamada e realizava a missão.

Os jatos no Japão tinham pouco tempo para procurar alvos e Taegu logo foi usada como base avançada para rearmar e reabastecer. Depois de um novo ataque voltavam para o Japão. Com a chegada da US Navy, os T-6 passaram a ser insuficientes em quantidade para controlar todas as aeronaves de ataque. As aeronaves da marinha passaram a fazer FAC por até 4 horas com apoio dos Skyraiders.

Após as missões, os pilotos dos Mosquitos eram interrogados e as informações podiam manter o mapa da situação atualizada como a localização das tropas amigas e inimigas. O Mosquito mostrou ser uma ótima fonte de inteligência, mas precisavam de meios para apoiar e ter mais eficiência. O Esquadrão nem tinha uma organização para analisar e disseminar as informações. A Divisão recebia as informações do FAC terrestre que atuava junto do posto de comando.

Os T-6 logo realizaram 269 missões com 270 horas atrás das linhas. Com o sucesso das missões viraram um Esquadrão completo chamado 6147th TCG (Tactical Coordenation Group) baseado em Taegu com 25 pilotos e 12 aeronaves T-6. Foi ativado em 29 de julho, ou três semanas após a primeira missão. Nos próximos quatro meses fizeram os comunistas retrair.

O código de chamada de rádio era Mosquito com as várias aeronaves recebendo código adicional como Mosquito Able, Baker, até How a partir do dia 15 de julho. Depois passou a ser apenas Mosquito e virou esquadrão Mosquito. Os controladores também foram chamados de Mosquitos.

Os primeiros pilotos simplesmente foram instruídos a voar sobre o campo batalha, localizar alvos e direcionar os ataques. Faziam a missão com o termo correto de controle aéreo tático aerotransportado fazendo controle de ataque (SC - Strike Control) ou atacar alvos móveis com aeronaves rápidas. Logo passaram a fazer reconhecimento visual (VR -Visual Reconnaissance) na frente de batalha. Depois chamavam CAS próximo as tropas.


Um T-6 dos Mosquitos sobrevoa um FAC em terra na Coréia.

Reconhecimento Visual

Voando missões de reconhecimento visual continuamente no mesmo lugar, os FAC ficavam familiarizados com o terreno. Podiam perceber a presença de tropas como pequenas alterações nas trilhas ou muita fumaça de fogão nas vilas. Os britânicos já tinham aprendido na Malásia que uma piloto voando na mesma área em reconhecimento visual continuamente ficava sensível a pequenas mudanças. Até a mudança na cor das folhas das trilhas indicava a passagem de pessoas. Mas os Mosquitos mudavam entre duas áreas para não ficar muito monótono.

Logo aprenderam que fazer reconhecimento visual detalhado era difícil a média altitude. Chegavam a voar bem rente ao solo ou três metros de altura. Tinham que seguir as esteiras dos carros de combate para ver onde ia terminar. Em duas ocasiões, os Mosquitos fizeram passagens baixas no alvo e fizeram um carro de combate e tropas se renderem.

Os Mosquitos faziam dois tipos de reconhecimento visual, o reconhecimento de área e reconhecimento de via. O reconhecimento de área é feito em uma frente de batalha estabilizado e cobre a área e não só as vias. O reconhecimento de vias cobre as vias e passos e poucas milhas de cada lado.

Conseguir surpresa era importante para pegar veículos e tropas. A tática era se mover de um lado para outro rápido com o mínimo de barulho e tentar usar o terreno como cobertura. O melhor meio para navegar era usar os rios e ferrovias.

Os T-6 logo receberam um observadores do US Army que auxiliava no entendimento das manobras em terra e era um par de olhos extras. Voando em dupla, o piloto cobre um lado e observador o outro nas missões de reconhecimento visual. Os pilotos voavam 20 saídas no ar, ficavam 80 dias em terra como FAC e depois voavam até completar 100 saídas. O observador podia ser do US Army e depois voavam na maioria das vezes. O tripulante traseiro operava o rádio, fazia fotografia e reconhecimento visual. Os pilotos voavam pouco tempo nos Mosquitos e o observador mais tempo sendo mais útil para reconhecimento visual. 

Inicialmente os pilotos eram ordenados a voar para uma região onde pensavam ser a frente de batalha e procurar alvos. Não tinham zona de responsabilidade designada. A frente de batalha era difícil de determinar, mas os alvos eram bem fáceis de encontrar. Como era difícil passar chamadas de aeronaves de ataque de FAC terrestre diretamente para os jatos, passaram a pedir para os Mosquitos e logo colocaram um Mosquito para cada Divisão para realizar a tarefa. Logo passaram a organizar missões com um Mosquito para cada Divisão passando a ter uma área de operação fixa na frente da Divisão que era o setor de operação da unidade terrestre. Um Mosquito estava sempre cobrindo esta área durante o dia.

A Divisão tinha um FAC em terra e no ar, mas quase todos os alvos foram designados do ar ou 93%. Os FAC em terra chegavam a ficar até três meses sem indicar alvos. Mas o apoio aéreo aproximado era mais caro que a artilharia terrestre.

No fim da guerra, havia seis FAC(A) dedicados para cada Divisão. Os Mosquitos logo estavam equipados com rádios portáteis para conversar com as tropas em terra e cobrir a frente e flancos. As tropas em terra já usavam painéis e roupas coloridas para mostrar a posição para o FAC(A). Era importante com tropas avançando rápido.

No fim de dezembro de 1950, com a chegada de mais aeronaves tentaram realizar reconhecimento visual em profundidade além da frente de batalha e passaram a apoiar todas funções táticas no cenário. Logo passaram a fazer reconhecimento visual de área. Sem saber onde era a frente de batalha faziam até reconhecimento de área sem querer atrás das linhas. Logo mostrou que era uma missão valorosa acidentalmente. Foi sugerido uma missão de reconhecimento visual de área para cada de frente de batalha e outras missões especiais e controle geral. Foi negado mas mesmo assim faziam reconhecimento visual de área logo a frente da linha de combate. Os Comandantes em terra usavam muito os FAC(A) para fazer segurança e como alivio emocional. Eram muito efetivos e não deixavam ir longe. Os comandantes não queriam perder a capacidade de chamar apoio aéreo aproximado com os Mosquitos indo longe.

Com os Mosquitos fazendo reconhecimento visual de área e apoiando interdição, logo iniciou a busca de alvos em rotas de interseção. As operações de reconhecimento visual de penetração profunda foi feita no perímetro de Pusan. Depois foi sugerido seis missões diárias e negado. Voavam missões de reconhecimento visual especiais, de área ou em concentrações. Estas missões davam idéia de área de ação futura em avanço. A frente da Divisão era pequena para reconhecimento visual profunda e seria muito estreita.

Os T-6 não passava de duas milhas da frente de batalha em 1951. Em julho de 1952, testaram o uso de aeronaves de ataque como pathfinder. Dois pilotos de ataque decolavam 10 minutos antes da hora do ataque. Faziam reconhecimento do alvo, atacava e marcava o alvo. Esta missão aliviava os Mosquito da tarefa de apoiar ataques contra alvos de grande ameaça.

Inicialmente os Mosquitos atuavam junto com o TACP em terra da Divisão para designar alvos, durante todo o dia com uma estação a frente de cada Divisão. Isto facilitou o ressuprimento inimigo. A noite era feito a maior parte dos suprimentos pelos norte coreanos visto que de dia os caminhões e trens eram alvos fáceis para as missões de reconhecimento armado. Tentaram fazer reconhecimento visual a noite com os T-6. No dia 15 de dezembro de 1951, um FAC(A) fez reconhecimento de estrada e achou muitos alvos. Os T-6 não operavam a noite por ter sistemas de navegação ruim, sem aquecedor, faltava pilotos até para voar de dia e faltava aeronaves de ataque a noite.

Os Mosquitos receberam câmeras fotográficas portáteis, mas a vibração borrava as fotos. O uso de fotografia aérea foi considerado para determinar o quadro geral do local de operação; treino dos FAC(A); avaliação de área e objetos suspeito; avaliação de táticas inimigas; e avaliação da efetividade do apoio aéreo aproximado. Apenas fotos verticais eram consideradas de valor e as obtidas pelos T-6 eram mais horizontais.

As informações coletadas pelos Mosquitos eram as melhores disponíveis, mas era difícil disseminar. Um problema eram as comunicações visto que não previam esta fonte de informações. Outro problema era a falta de uma organização para usar as informações em tempo. O reconhecimento visual precisa de pessoal especializado para usar as informações e repassar. Os comandantes em terra recebiam informações de reconhecimento visual pelo FAC em terra. O FAC(A) era bom para detecção de inimigos, mas com menos valor para informação geral. A orientação sobre uso do poder aéreo para comandante era realizada pelo oficial de ligação (ALO) e não pelo FAC terrestre.

Entre as informações passadas pelos Mosquitos estavam: a localização e tamanho das tropas inimigas, concentrações de reforços inimigos e suprimentos; determinação de técnicas e táticas de camuflagem inimigas; áreas potenciais de interdição; avaliar a "maré" da batalha; movimentos no fronte; avaliar a efetividade das táticas aéreas aliadas.

O Mosquito eram os olhos do sistema. Estava sempre em contato com TACC que podia monitorar toda a linha de frente sabendo dos recursos necessários. O TACS - Tactical Air Control System é o mecanismo que casa os alvos com os recursos aéreos. O Mosquito era um meio do TACS funcionar, e melhorava as deficiências.



Controle de Ataque

A identificação do alvo era a tarefa mais importante para o FAC(A). Após um alvo ser encontrado e as aeronaves de caça chamadas, os Mosquitos tinham que casar o alvo com a aeronave de ataque e armamento adequado. O próximo passo era realizar o controle do ataque (SC - Strike Control).

As missões de Controle de Ataque têm cinco tarefas: controle de tráfego, seleção de armas, discriminação de alvos, marcação do alvo e avaliação de danos de batalha (BDA - Battle Damage Assessment).

- Controle de tráfego. Várias esquadrilhas de caças chamados para a missão podem chegar no alvo ao mesmo tempo e com pouco combustível. Geralmente chegam em esquadrilhas com quatro aeronaves. O FAC(A) primeiro divide em duplas. Uma dupla ataca de cada vez com a outra orbitando mais alto. Depois mudam de posição. No fim, metralham o alvo antes de irem embora. Contra um alvo que precisa de muitas aeronaves, as esquadrilhas tem que ser empilhadas em várias órbitas até chegar a vez de atacarem. Os F4U com grande alcance ficam mais alto. Depois vinham os F-51 e depois os jatos mais embaixo. Voar mais alto era melhor para defender, mas raramente era necessário. Jatos voando mais alto era melhor para aumentar o alcance, mas não foi considerado na prática. Contra alvos valiosos, como uma coluna blindada, escolhem as aeronaves com mais armas e mais potentes.

- Seleção armas. Quando o FAC(A) notifica o Mellow também cita as armas preferidas de acordo com o alvo, mas pode aceitar qualquer coisa. Cada tipo de munição tinha alvos preferidos. Podia ser metralhadora, bombas de fragmentação, Napalm, bombas de 500lb ou 1000lb. O Napalm era mais efetivo e temido pelo inimigo menos para atacar trechos de rodovia e pontes. Funcionava até com quase erro contra blindados e artilharia.

- Descrição de alvos. Inicialmente era feito sem planejamento e depois foi estruturado. Na descrição do alvo, o FAC(A) descreve o alvo e a posição em relação com as características do terreno. Ainda assim era difícil encontrar o alvo e a comunicação enchia o canal de rádio. O T-6 podia mergulhar no alvo e as aeronaves de ataque a seguiam. Podiam voar junto até o alvo como Ala, ou a aeronave de ataque disparava as metralhadoras e o Mosquito corrigia, mas exporia as duas aeronaves.

- A Marcação do alvo iniciou com o uso de granadas de fumaça. Eram imprecisas, falhavam muito e duravam pouco tempo. Testaram pistolas lança-granadas sem sucesso. Depois foi a artilharia com projéteis de fumaça em códigos como referência, mas precisa estar no alcance da artilharia e contato com FAC em terra e este com o oficial de artilharia. Logo pediram foguetes com fumaça e mostrou ser o melhor método. Era preciso e fácil de ver, diminuía muito as comunicações, com o alvo destruído mais rápido. Também podia ser usado como arma.

- Avaliação de danos de batalha. Era feito após o ataque. O FAC(A) determina se o alvo foi neutralizado ou se ainda é uma ameaça. Se precisa ser novamente atacado pode chamar a mesma aeronave ou chama outras aeronaves de ataque.


Um Mosquito marcando um alvo com foguetes de fumaça. A imagem descreve a altitude em que os Mosquitos operavam.

Quando o ataque termina é feita a avaliação da aeronave de ataque. O FAC(A) confere se a aeronave de ataque ainda é útil com a sobra de combustível e armas. Caso o alvo não esteja ainda neutralizado ou existam mais alvos volta a atacar, ou passa o alvo para outro FAC(A) ou manda os caças embora. No fim, sem alvos as aeronaves vão para o Mellow ou voltam para a base e o T-6 volta para fazer reconhecimento visual.

Durante o controle de ataque, o Mosquito ainda pode passar as aeronaves de ataque para outro Mosquito com maior necessidade. Se o Mosquito tem aeronaves de ataque designada e não tem alvo para passar, pode liberar os caças para fazerem reconhecimento armado mais a frente da linha de frente.

O Mosquito coordenava todas as operações de CAS. A frente era dividida em áreas com códigos. O código é o código chamada da aeronave operando na área. Cada área tem controle terrestre e aéreo.

A USAF voou  41.500 saídas para apoio aéreo aproximado e interdição do campo de batalha na Coréia. A US Navy e USMC voaram outras 13 mil saídas. O trabalho foi facilitado com a superioridade área obtida rapidamente.

As 40.902 missões dos Mosquitos e mais de 117 mil horas combate resultaram na destruição de 436 carros de combate, 2.332 veículos, 598 peças de artilharia, 1.045  abrigos de tropas, 1.302 concentrações de tropas, 29 pontes, oito locomotivas, 101 vagões ferroviários, 228 depósitos de suprimentos, 27 depósitos de munição e 98 depósitos de combustível.

O recorde de coordenação de ataque foi em dois dias em junho de 1953. Menos de 40 Mosquitos do esquadrão direcionaram 332 esquadrilhas em uma força total de 1.632 aeronaves. No dia 15 de julho um Mosquito detectou 10 mil tropa de dia no vale Kumsong. Chamou apoio e vieram três esquadrões F-84 e três de F-86 que dizimaram as tropas com cada aeronave de caça voando oito missões até fim o do dia.

Strike Aircraft Procurement

Com um sistema de comunicações inadequado no teatro, os Mosquitos logo passaram a ter responsabilidade de chamar ataque aéreo para as missões de apoio aéreo imediato chamado na USAF de "Strike Aircraft Procurement". O Assalto Anfíbio em Pusan estava fora do alcance da USAF para chamar CAS. O problema era só ter dois canais de rádio para usar com o Mosquito e as aeronaves navais e os porta-aviões lançavam todas as aeronaves de uma vez em pacotes (deckload).

Foram os FAC que garantiram que as bombas atingiriam o inimigo. Devido a velocidade, os F-80 e F-84 estacionados no Japão mostraram capacidade de atacar duas vezes mais no mesmo tempo em relação as aeronaves a hélice, eram mais fáceis de manter, mais difícil de serem atingidas pela artilharia antiaérea e com rádios mais capazes.

Os Mosquitos logo viraram o centro do Tactical Air Control System (TACS). Monitoravam toda a atividade em terra, descobriam praticamente todos os alvos, encontravam aeronaves para todas as ações e controlavam todos os ataques aéreos próximos as tropas. Antes isso tudo era praticamente impossível. Mesmo assim o conceito de FAC(A) era considerado uma ação temporária na Coréia. Os FAC existia apenas na teoria. Não havia doutrina, táticas, manuais ou equipamento dedicados. Nem criaram escola de FAC(A). Na Coréia eram chamados de "Tactical Air Coordinator-Airborne" (TAC-A), mas também de FAC(A).

O US Army não tinha sistema de comunicações para chamar apoio aéreo da USAF. O Mosquito cobriu esta lacuna passando a ter grande responsabilidade. Deveria ser uma rede, mas não existia na Ásia. Em caso de missão pré-planejada o alvo é conhecido. Para missões de apoio aéreo imediato apenas a decolagem com armas ar-superfície é planejada. Com as comunicações inadequadas as bases aéreas no Japão lançavam missões de apoio aéreo a cada 15 minutos com um par de aeronaves. O resultado variava pois se o combate for intenso faltava aeronaves, se fosse lento sobrava e eram empilhadas. No último caso, podiam fazer reconhecimento armado ou ataque contra alvo pré-planejados. Havia uma base de F-51 na Coréia e os caças podiam pousar nesta base para reabastecer, rearmar e decolar novamente. O inimigo aproveitava a falta de reação com o apoio aéreo com fluxo constante. Se a ação era intensa faltava aeronaves, se não havia muita ação ficavam empilhados esperando alvos.

Com o avanço das tropas para o norte, as comunicações se tornaram um problema. Após o assalto em Pulsan, os Mosquitos tinham dificuldade de se comunicar com TACC (código Mellow) em Taejon. Logo foi pensado em usar um meio dedicado par interligar as comunicações. Com o avanço das tropas as comunicações com Tejon ficou impossível. A resposta foi usar um T-6 de controle com código Mosquito Control depois Mosquito Mellow. A aeronave voava alto entre a frente e o TACC. O Mosquito Mellow logo foi visto como um meio de Comando e Controle para liberar a centralização do TACC, direcionando caça-bombardeiros para a área onde eram necessários e evitando muitos onde não era necessário podendo cobrir ofensivas inimigas mais rápido. O tempo de resposta durava minutos ao invés de horas. No fim de 1950, o Mellow passou a ser baseado em uma aeronave C-47 com sete operadores. Um dos operadores tinha autoridade para repassar caças de um TACP para outros com maior necessidade. Podia até dividir as esquadrilhas em dois elementos (duplas). Inicialmente, o Mellow era uma pesquisa para tentar melhorar o sistema e logo se tornou um sistema operacional.

 

Outras Missões

As missões especiais dos Mosquitos eram identificar unidades de guerrilha, vigilância de penetração atrás das linhas (reconhecimento em profundidade), lançar panfletos, localizar refugiados, reconhecimento matinal e no por do sol contra penetração inimiga, transporte VIP, direcionar aeronaves C-47 com alto-falantes e transporte para os FAC terrestres. Uma vez um Mosquito lançou um rádio para um FAC em terra e outro resgatou coreanos em uma pista de pouso. Os Mosquitos também fizeram busca e salvamento de combate para localizar pilotos derrubados.

Os Mosquitos também passaram a ser incluídos em operações terrestres. Um Mosquito controlou o lançamento de um regimento de pára-quedistas. Foram disponibilizados três Mosquitos para cobrir continuamente a missão. Também cobriam comboios avançados de reconhecimento atrás das linhas. Outras missões foram reconhecimento profundo de bloqueios de estrada, reconhecimento noturno de rotas e reconhecimento meteorológico. Tudo isso em cinco meses depois de iniciarem as operações. Os Comandantes logo ficaram muito dependentes dos Mosquitos.

Depois que a China entrou na guerra, as operações de interdição aéreas se tornaram a prioridade, mas os chineses eram bons em camuflagem, engodo e ocultação. O mau tempo e o terreno montanhoso ajudavam. Os chineses atacavam muito a noite e com altas perdas. Os EUA não viam formações de tropas gigantes como as táticas soviéticas usadas pelos norte-coreanos. A guerra era uma aberração e não consideraram as lições.

Depois do verão de 1951 a guerra paralisou. O objetivo era não mais unir o país, mas conseguir a paz com termos favoráveis. O inimigo logo se entrincheirou e os bunker e trincheiras eram alvos difíceis de detectar e atacar. As armas e munições armazenadas eram difíceis de achar. Logo iniciaram os grandes ataques de artilharia. As missões de CAS passou a se concentrar na retaguarda e o US Army teve dificuldade de entender.

A interdição aérea dependia do tamanho das linhas de comunicações do inimigo. Quanto maiores as linhas mais eficiente seria a interdição. Quanto menor, menos eficiente. Um inimigo em ofensiva também consome muito mais munição e combustível sendo mais fácil parar que inimigo na defensiva. Os ataques contra as ferrovias forçou o uso de rodovias já lotadas. Ficavam limitados a transportar as tropas e cargas a noite após o uso dos F-80 e F-51.

Com o fim da guerra na Coréia, acabou o apoio aos FAC(A) pois outras armas eram consideradas mais importantes. O foco da USAF era a guerra nuclear e a tecnologia priorizava as aeronaves a jato. Os FAC seriam só terrestres.

O Esquadrão 6147 TCG foi desativado logo no fim da guerra, mas resultou em uma Doutrina conjunta sugerida para tempo de guerra baseada nas operações dos Mosquitos. O uso foi considerado útil em futuros cenários e problemas temporários. Foi até pensado na necessidade de uso de jatos no futuro para atuar como FAC(A) assim como uma aeronave melhor e com melhor capacidade de sobrevivência.

Vulnerabilidade

Comparado com os caças L-5G, o T-6 era lento e vulnerável. Logo foi observado que voar lento e baixo em território inimigo era arriscado. Foram 76 pilotos mortos ou desaparecidos e 12 feitos prisioneiros. Foram perdidos 48 Mosquitos ou um T-6 a cada 888 horas de vôo contra uma aeronave a cada 4 mil horas de vôo no Vietnã do Sul. Os L-5 do US Army sofreram ainda mais.

Com o inimigo aprendendo o valor do Mosquito, logo virou um alvo popular. Com a artilharia antiaéreo aumentando continuamente os danos de batalha viraram rotina. As manobras evasivas eram sempre realizadas durante o reconhecimento visual. Faziam pelo menos uma curva de grande raio. Mudavam de altitude com frequência e até voavam mais rápido se for possível. Se fosse necessário voar baixo tentam manter o sol como proteção em relação ao alvo. Evitavam usar um tanque de combustível completamente e mantinham outro cheio pois podia ser danificado. Inicialmente voavam a 2.000 a 2.500 pés para segurança. Era uma altitude boa para reconhecimento de área e mais baixo era perigoso e com ameaça de armas leves.

Em outubro de 1951, os Mosquitos passaram a voar com escolta para supressão de artilharia antiaérea. Em dezembro de 1951, passaram a considerar o F-51 para atuar como FAC(A). No verão de 1951, um Mosquito foi atacado por um Yak-9. Entrou em circulo defensivo lufberry logo estava atrás do Yak. Sem armas teve que disparar seus foguetes e o Yak fugiu. No fim da guerra, até interceptaram biplanos PO-2.

Mesmo com muitas baixas, os Mosquitos não modificavam suas táticas. A altitude típica de operações era 1.200 a 1.500 pés acima do terreno e a uma velocidade de 120 nós e o risco era uma parte do trabalho. Pensaram até em usar o RF-51 como Mosquito em reconhecimento em profundidade, mas não tinha espaço para rádios adicionais. Com a artilharia antiaérea se concentrando cada vez mais no final do conflito, a altitude mínima era 6 mil pés como seguro, mas podiam descer para marcar o alvo, fazer avaliação de danos e examinar alvos potenciais. Logo viram que o projeto de uma aeronave FAC dedicada deveria ter blindagem para os tripulantes. A Coréia do Sul usava aeronaves L-5 e sofreu perdas pesadas apesar da visibilidade muito melhor.

A parte superior do T-6 era pintada com tiras brilhantes para facilitar a visualização e detecção pelas aeronaves de ataque, mas sem superioridade aérea a capacidade de sobrevivência seria bem duvidosa. Os FAC(A) precisavam de superioridade aérea para operar ou teria uso duvidoso. A USAF nem imaginava que uma aeronave com a mesma característica fosse capaz de sobreviver a um combate aéreo. Nenhum Mosquito foi derrubado por outra aeronave no ar devido a superioridade aérea. Os jatos podiam até esperar bem alto para economizar combustível.

Um Mosquito com danos de combate na raiz da asas devido a artilharia antiaérea.



Requisitos

Os requisitos de uma aeronave FAC era ser bem lenta e voar bem baixo, ter boa autonomia, boa visibilidade e bons rádios. Os jatos foram logo excluídos para a missão. Inicialmente a USAF usou os L-5 do US Army e depois o T-6, mas ainda tinham um sonho do ideal de uma aeronave para FAC(A).

O T-6 não era ideal mas tinha boas características para a missão. Era fácil de manter, simples e durável sendo bem barato comparado com os caças a jatos. Voavam uma média de 5,6 horas por dia em 1950. Tinha um bom tempo na estação e era lento e manobrável, mas rápido o suficiente para chegar rápido no local. A asa baixa atrapalhava as missões de reconhecimento visual que era feita sempre em curva. Uma asa alta seria melhor. O sistema de navegação era ruim, mas mesmo assim operavam a noite. O T-6 mostrou ser inadequado para operar nas pistas avançadas do US Army. O L-19 (O-1 Birddog) foi testado e mostrou ser muito vulnerável, mas foi usado depois no Vietnã. Mesmo assim, a capacidade STOL era boa para operar em pistas avançadas e resgate improvisado.

A aeronave dos sonhos dos FAC(A) era um F4U Corsair modificado. A posição das asa sempre foi um problema e faziam reconhecimento visual inclinados constantemente. Já o L-19 tinha boa visão voando reto e perdia a visão em curvas. Voar em curva também tornava uma alvo mais difícil.

A bolha da cabine também era importante e a do T-6 não era adequada, produzindo um grande arco cego feito pela fuselagem. Também queriam uma boa visão para cima para ver as aeronaves controladas, o que era difícil no L-19. Logo foi sugerido aeronave com tripulantes a frente do centro de gravidade.

A estrutura tinha que ser resistente. A blindagem da cabine e motor passou a ser um requisito das aeronaves FAC. Para diminuir a vulnerabilidade seria ideal ter dois motores, mas não existe evidências que outro motor salvaria alguma aeronave FAC. Pode ser mais um fator emocional e os motores ficariam nas asas com mais visibilidade a frente.

O requerimento de desempenho era difícil de definir. Uma aeronave rápida tem curto alcance e seria ruim para voar lentamente. Ter capacidade STOL é ideal. Um estudo mostrou que uma velocidade de cruzeiro 130 a 200 nós e velocidade máxima de 300 nós. Subir rápido era importante para marcar o alvo e fugir. A aeronave deve ser manobrável a baixa altitude. A autonomia sugerida era de até sete horas sem armas. Deveria ter pelo menos dois lugares em fila para melhorar a visibilidade. O sistema de navegação tem que ser bom e com capacidade noturna ou mau tempo.

Os Mosquitos não eram armados a não ser com foguetes de fumaça e não ameaçavam as tropas diretamente. A USAF tinha três motivos para armar os Mosquitos: responder ao fogo de terra; atacar alvos de oportunidade como alvos móveis que podem ser atacados por armas leves; e o sucesso em destruir alvos com foguetes de fumaça quando foram disparados.

O custo de armar o Mosquito foi considerado baixo. Alguns pilotos queriam armar os Mosquitos para reagir ao fogo em terra e atacar alvos de oportunidade. Alguns pilotos chegaram a usar foguetes de fumaça como arma com sucesso. Outros fizeram mergulhos em tropas e blindados inimigos que foram para as linhas inimigas se renderem.

O lado ruim é que se for armado as tropas em terra podem não evitar atirar, mas a aeronave pode ficar maior e mais cara. Os pilotos gostavam de voar desarmados pois as tropas em terra atiravam menos. A mesma coisa foi observado depois no Vietnã com as aeronaves de caça com designadores a laser não sendo atacados por rodearem o alvo ao invés de apontarem o nariz para o alvo.

Os Mosquitos receberam a versão LT-6G com seis foguetes e dois casulos de metralhadoras .30. As metralhadoras foram logo retiradas pois queriam mais velocidade. Foram construídos 99 LT-6G no total.

Próxima Parte: FAC no Vietnã  


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