FAC no Vietnã


A Guerra Aérea tem alvos fixos estratégicos, operações de interdição Aérea e Apoio Cerrado (CAS). O Vietnã não foi diferente. Na Rolling Thunder eram atacados alvos fixos no Vietnã do Norte. A interdição da trilha Ho Chi Minh era coberta nas operações Steel Tiger. As tropas que combatiam o Vietcong tinham apoio aéreo aproximado para conseguir superioridade. As aeronaves de reconhecimento apoiavam as missões no Vietnã enquanto os FAC controlavam o resto.

A Guerra Aérea consiste em localizar o alvo, determinar sua posição e destruí-lo. Atrás deste conceito simples existe um complexo sistema de coleta de informações, planejamento de missão, determinação de carga de armas, prontidão de aeronaves, etc. O FAC é fator chave atuando como chefe do ataque aéreo, marcando alvos, direcionando os ataques, corrigindo disparos e relatando os resultados.

Depois da Guerra da Coréia a USAF pensava que só precisaria dos FAC terrestres em uma guerra na Europa onde não teriam superioridade aérea garantida. Com os FAC desativados com o fim da Guerra da Coréia, o programa teve que retornar em 1962 no Vietnã com a operação Farm Gate para atuar em um conflito de baixa intensidade. A USAF investia pouco em operações de contra insurreição após o conflito na Coréia, mas sabiam que aeronaves como o Mosquito seria necessária nesta missão e o T-28 mostrou ser ideal.

Em um conflito com linha de frente todo alvo do outro lado era legitimo. No Vietnã não havia linha de frente e havia preocupação com civis. As regras de engajamento obrigava a presença de um FAC para controlar toda missão de CAS.

Uma rede de C2 foi logo criada para evitar fogo amigo. Em 1962 foi criado o Estado-Maior combinado da VNAF-USAF atuando nos Direct Air Support Center (DASC) atuando como ligação na cadeia de controle aero-tático. Cada DASC coordenada uma área do Vietnã que foi dividido em quatro regiões. O DASC controla diretamente o TACP e liga com o TACC. O TACP era a equipe com capacidade de chamar apoio aéreo para os comandantes em terra.

O 505th Tactical Control Group (TCG) era a unidade responsável por controlar as aeronaves táticas no Vietnã do Sul, Tailândia, Camboja e Laos. A missão feita com apoio de radar e FAC. O radar ajudava a evitar colisão. Os FAC indicava os alvos em terra e operavam com o exercito. Os FAC(A) dos TASS não faziam parte do TCG.

No Vietnã havia o FAC terrestres (GFAC) e o aéreo (FAC(A)). O US Army tinha um GFAC por batalhão, mas logo foi percebido que não podia cobrir toda área de operação onde havia pequenas unidades atuando contra a guerrilha do Vietcong. O USMC colocavam um GFAC ao nível de Companhia e era mais eficiente. A visibilidade era muito curta na selva e os rádios eram pesados. Marcar a posição com fumaça as vezes não funcionava. Logo foi pensado em colocar o FAC também no ar e usaram os L-19 designado O-1 na USAF. Em 1963 foi ativado o 19th TASS na base aérea de Bien Hoa com 22 aeronaves O-1E. Depois foram formados mais três com o 20, 21 e 22 TASS.

A partir de 1964 a guerra foi escalada no sul. Os combates chegaram ao tamanho de Batalhão. A artilharia antiaérea com calibre de 7,62mm e 12,7mm ficou mais frequente.

O 504th Tactical Air Support Group (TASG) apoiava todas as unidades de FAC. Incluía sete DASC e FAC em terra e cinco esquadrões TASS equipadas com os "Slow FAC". Em 1968 já havia 325 aeronaves Slow FAC operando no Vietnã do Sul. Em 1970 eram 800 FAC em 4 esquadrões TASS.

Os Slow FAC atuando em aeronaves lentas controlavam todas as operações de CAS no Vietnã do Sul e assim praticamente coordenavam a guerra aérea. Os caças não conversavam diretamente com as tropas por não terem rádios compatíveis e os FAC eram usados para ligar as tropas com as aeronaves.

Em 1963 os L-19 passaram a escoltar comboios de estrada com cargas de alto valor e chamavam CAS se necessário. Nenhum comboio foi atacado ao contrario dos comboios não escoltados. As tropas queriam ter um FAC no ar constantemente para detectar e dissuadir emboscadas.

As tarefas dos Slow FAC incluía detectar e destruir alvos, coordenar ou marcar alvos, fazer controle terminal de missões de CAS, reconhecimento visual, ajuste de tiro de artilharia terrestre e naval, retransmissão de rádio para o TACP e avaliação de danos de batalha. Também apoiavam missões de interdição aérea, apoio a busca e resgate, missões de desfolhação e lançamento de panfletos. O objetivo final do FAC era encontrar o inimigo e ajudar a matar. Os FAC apoiavam qualquer ação que o comandante terrestre precisasse como extensão do TACP além de apoiar as Forças de Operações Especiais e os FAC terrestres.

Os FAC também auxiliavam no resgate de pilotos abatidos. A força SAR no Vietnã consistia inicialmente de helicópteros de curto alcance HH-43 Huskie (código Pedro). O Huskie foi substituído pelo HH-3 Jolly Green Giant e HH-53 Super Jolly Green Giant. Os helicópteros eram escoltados por aeronaves A-1 (código Sandy). Os A-1 tinham rusticidade, autonomia e carga (igual a um B-17) e podia voar junto com os helicópteros lentos. Os A-1 foram depois substituídos por caças A-7 no fim da guerra.

Quando uma aeronave era derrubada em missão de CAS no Vietnã do Sul, o FAC chegava logo no local. Podia liberar o Ala da aeronave derrubada se combustível acabava ou ia para o REVO. O FAC mantinha contato visual e rádio com o sobrevivente e mobilizava a força de SAR que podia demorar 30 minutos para chegar. O tempo era critico para o resgate e evitava resistência organizada do inimigo.

Quando os helicópteros e os A-1 Sandy chegavam o FAC brifava o Comandante da missão de resgate (On Scene Command - OSC), ou Sandy 01, da situação e ia embora. O Sandy era qualificado como FAC e podia coordena o apoio aéreo ao resgate.

FAC em Terra

As primeiras unidades do US Army chegaram no Vietnã tinham um FAC terrestre. Os da USAF atuavam como FAC(A) na operação Farm Gate. Os FAC também orientavam comandantes em terra sobre o uso poder aéreo. A vegetação forçou atuar mais no ar assim como cobrir uma área maior no mesmo tempo.

No caso de tropas em contato (Troops In Contact - TIC), o FAC(A) tem que coordenar com o comandante em terra, aeronaves de ataque e agencias C2 com seus três rádios (UHF para caças, VHF para Comando & Controle e FM para tropas em terra). Era muita demanda para o FAC que tem que manter contato visual com as forças amigas e aeronaves de ataque, localiza e marcar o alvo e evitar fogo hostil. As montanhas, fumaça, mau tempo e a escuridão apareciam para piorar. Por isso exigiam muita experiência do piloto.

Os FAC da USAF no Vietnã eram na maioria do posto de Capitão para cima e experientes. Deveria ter pelo menos um ano de experiência como piloto de caça. Não podiam voar mais de 100 horas por mês e geralmente atingiam o limite. No USMC são pilotos, conhecem o campo de batalha, tem treino como infantaria e sabem quem estão apoiando.

Os quatro atributos do FAC era conhecer procedimentos; entender as capacidades e limitações das aeronaves de ataque; usar técnicas especiais como marcar alvos; se familiarizar com vários tipos de armas.

Com falta de pilotos a USAF passou a usar navegadores que faziam defesa de base e missões de Strike Control and Reconnaissance (SCAR). Faziam reconhecimento visual, localização de alvo e navegação. O piloto controla a aeronave e faz Controle de Ataque.

A USAF tentou usar FAC sem ser piloto de caça. Mostrou que era possível com três meses de treino, mas tem que ter muita experiência anterior. Com piloto de caça a vantagem era no primeiro e segundo mês de operação. Quando usado mais para reconhecimento visual ou fora de contato com tropas amigos pode ser não caçador sem problemas. As missões SCAR podiam ser feitas por pilotos FAC não qualificados como caçadores e apoiavam unidades não americanas.

Os FAC apoiando Forças Especiais, como o Delta Project, ajudavam no resgate, inserção e extração, etc. Operavam na mesma área de operação, controlando helicópteros de ataque e artilharia das bases de fogo (firebase). As Forças Especiais tem que treinar o que tiver disponível como missão secundaria. Chamam CAS e artilharia.

No inicio, em 1965 e 1966, havia três tipos de FAC, os que operavam com tropas de outros países, como Coréia e Austrália, os que operavam só com o Vietnã do Sul e cobriam setores (setor FAC) e os que operavam fora do pais com área geográfica delimitada.

Reconhecimento Visual

Como na Coréia, os Slow FAC faziam reconhecimento visual e controle de ataque. O DASC era o responsável em empilhar os caças para passar para os FAC(A). A efetividade do FAC se baseia na capacidade de direcionar ataques e limitar os movimentos inimigos.

A atuação dos FAC no Vietnã era mais difícil por não ter frente de batalha nem tropas convencionais. Os Vietcong se escondiam de dia ou usavam roupas civis. Além do FAC a outra opção era fazer inteligência humana (HUMINT) no local.

O reconhecimento visual somava 60% do tempo de vôo dos Slow FAC e gerou 60% dos alvos no Vietnã do Sul. Na média um FAC(A) identificava Vietcongs 3-4 vezes por ano e era raro participar de uma batalha importante.

Reconhecimento é a atividade aérea para detectar e coletar inteligência para ajudar na condução das operações. O reconhecimento visual não substitui o reconhecimento em terra e nem é o mais satisfatório.

Para detecção podiam usar dois métodos - voar na mesma área repetidamente e o apoio de tropas em terra. O FAC tinha que conhecer o padrão de sono, hábitos alimentares, como e motivo de movimentação, tamanho e frequência dos ataques. Voando na mesma área repetidamente os FAC podiam descobrir se havia Vietcong na área percebendo pequenas alterações. Por exemplo, se as mulheres estivessem lavando muitas roupas nos rios além do normal, podiam ver que havia mais fumaça de fogareiros onde antes não tinha muitos. Os búfalos eram guardados rapidamente para evitar serem mortos em tiroteios por serem caros. Se estão soltos não tem Vietcong por perto. Levava um mês para piloto ficar bom no reconhecimento visual e conhecer a área de operação.

O Vietnã foi dividido em áreas que podem ser reconhecidas por aeronaves O-1 em 2 horas. Varrendo a mesma área diariamente permite detectar pequenas mudanças no terreno ou fora do padrão. Isso era feito por todos os serviços no Vietnã do Sul para cobrir toda a área. A falta de aeronaves e o risco resultava em áreas sem cobertura e outras com muito cobertura. As áreas criticas era cobertas 1 ou 2 vezes por dia. As menos críticas a cada 3 dias. Em 1968 já estava tudo completo tendo sido iniciado em 1965. Os setores eram mais de 200.

Com o Vietcong se movimentando a noite usam muito as patrulhas pela manhã e por do sol para buscar para tentar pegar se escondendo ou saindo do esconderijo. A noite passaram a usar o OV-10 e O-2 com flares sendo efetivo. O O-1 voando a noite era mais para incomodar.

Para detecção noturna testaram teve de baixa luminosidade (LLLTV) e intensificadores de imagem (NOD). Era difícil usar e identificar alvos, mas ajudava. O O-2 testou o Eyeglass que podia detectar um pequeno barco ou caminhão a 30 metros em uma altitude de 150 metros. Testaram binóculos estabilizados no OV-10 que foi o ponto de partida para o Pave Pronto.


Os FAC usam o binóculos para busca pois além de 500 metros os olhos são insuficientes.


A imagem acima mostra como a cabina do OV-10 tinha boa visibilidade.

Do ar não era possível diferenciar civil de Vietcong. Um método é ser atacado. Deixavam as janelas abertas e voavam a 30 metros. Outro é ter evidencias que estão ou estavam próximos. Outro é pegar diretamente em ação.

Os Vietcongs preferiam áreas cobertas com selva. Voar abaixo de 1.500 metros aumenta a cobertura, mas diminui o campo de visão total e aumenta o risco de ser atingido. Só descem para menor risco ou apoiar tropas. Podem ir até no nível das arvores. Os FAC vigiavam vilas, trilhas, rios, cachoeiras, arredores das bases e firebases. Os pilotos podiam saber se trilha era nova ou velha e o Vietcong não podiam camuflar trilhas e estradas. Se vêem alguma alteração descem para bem baixo.

Na selva voavam sobre as árvores pois só podiam ser atacados direto por baixo. Na selva o objetivo é mais incomodar inimigo. Faziam o Vietcong parar o que diminui a efetividade pois não sabe se foi visto.

Os vôos de incomodação costumam funcionar. Um FAC estava voando 5km no sul de uma cidade grande a noite e recebeu fogo de terra moderado. Para evitar voou para um grande rio e mais distante. O fogo aumentou mais e voou para o oceano deixando a área. 10 minutos depois a cidade foi atacada. Era um modo cru de fazer reconhecimento noturno e com beneficio pela simples detecção de fogo antiaérea anunciando um grande ataque.

Na selva procuram formas geométricas pois a selva é irregular. Os FAC evitavam a selva fechada pois não viam nada e era difícil realizar um pouso forçado. Na selva procuram trilhas, novas fazendas, áreas para armazenar, cabos para cruzamento de rios, pontes, pessoal e posição de luta. As pontes novas significa futura operações planejadas. As trilhas são inspecionadas bem de perto. Na selva vêem menos de 90% das trilhas ou trechos, mas é o único meio de ver movimento na selva. Os mapas mostram trilhas mapeadas com fotografia aérea. No reconhecimento os FAC tentam ver se são muito ou pouco usadas. Tentar procurar desvios nas trilhas por serem muito usadas pelos Vietcongs para descanso, suprimentos e posto de comando. Nas montanhas o importante são as trilhas.

Nas vilas procuram proporção desigual de homens ou população aumentada pois o Vietcong ajuda nas plantações. Os Vietcongs escondem as armas e suprimentos nas arvores.

Nas montanhas voavam aos pares com um a 100 metros e outro voando mais alto. A aeronave voando mais alto era usada para retransmitir como rádio. Se um cai o outro chama o resgate.

O FAC mantém contato com TACP e unidades na área de operação. Pode iniciar o reconhecimento a partir de um ponto de contato com o inimigo. O padrão é irregular para não ser previsível. A busca de setor leva cerca de 2 horas.

Os EUA usaram tecnologia como radares de varredura lateral (SLAR), sensores eletro-óticos e infravermelho, lasers e cheiradores. Os FAC inicialmente usavam câmeras fotográficas próprias e depois dedicadas.

Os Slow FAC eram os olhos dos Comandantes em terra. Cada comandante de Corpo tem um Oficial de Ligação para passar as informações. Era ao redor dos FAC que as operações aconteciam.

O US Army apoiava as missões de reconhecimento visual com as Recon Aviation Company (RAC) equipado com os O-1 Bird Dog. As aeronaves dos RAC chamavam a artilharia, direcionavam o movimento das tropas, campos de tiro, ajustam a  artilharia e direcionavam o ataque aéreo. O RAC podo fazer retransmissão de rádio e apoio a observação área, apoiar as patrulhas de longo alcance (LRPS) e as operações aeromóveis. Voavam "mortar watch", procurando o brilho do disparo de morteira sobre as cidades grandes, e nas outras era feito por helicópteros.

Controle de Ataque

O FAC era o coração do CAS no Vietnã pois as regras de engajamento exigiam seu uso para coordenar com as tropas em terra. O conceito era antigo, mas foi negligenciado após a Guerra da Coréia e passado para o US Army.

Detectando alvos os FAC podem chamar caças ou preparar um ataque planejado. Os ataques pré-planejados raramente encontrarão o alvo.

Após encontrar um alvo importante o FAC chama o DASC para enviar os caças. O DASC coordenava o empilhamento dos caças antes de serem enviados para o FAC. As vezes tem caças em alerta para isso, ou desvia caças já no ar. Com presa iam direto para a frequência dos caças e chamavam direto, "roubando" missões.

O desvio de aeronaves de ataque já no ar era importante para diminuir o tempo de reação. Levava cerca de 40 minutos para um caça decolar e atacar. Era o mesmo tempo da Segunda Guerra e Coréia. Chamar uma aeronave já no ar era bem mais rápido. O tempo de reação no ar era de 20 minutos. Virou formula 20/40 no planejamento. O FAC(A) pode passar os dados com o caça ainda a caminho para o alvo. Era possível colocar caça em patrulhas em intervalos constantes para diminuir o tempo de reação. Os ataques rápidos do Vietcong eram para evitar a exposição ao poder aéreo.

O uso de aeronaves canhoneiras (gunship) era um meio para diminuir o tempo reação. Era a aeronave com o tempo de espera mais barato e era bom a noite. A velocidade e manobrabilidade eram ruins em algumas fases do CAS. O tempo resposta média era de 24 minutos no ar.

Em caso de presença de tropas amigas no local tinham que confirmar a posição lançando granadas de fumaça, mas que também podia mostrar a posição para o inimigo. As vezes o Vietcong entrava na frequência tentando direcionar caças contra as posições americanas. Se o FAC manda lançar fumaça amarela, o Vietcong também podia lançar se estivesse na frequência. Então primeiro lançam cortina e perguntam a cor depois. Os Vietcongs também usavam fumaça para atrapalhar as marcas de fumaça distorcendo a imagem. Depois começaram a colocar artilharia antiaérea de 12,7mm no local das batalhas.

As aeronaves de ataque usadas no Vietnã do Sul eram os A-1 Skyrider, o A-4, A-6, A-7, A-37B, F-4 da USAF e US Navy, F-100 e o B-57. O piloto contata o FAC(A) pelo rádio com a frequência passada pelo ABCCC e cita o código, tipo de aeronave, armas disponíveis, altitude (acima da referencia) e tempo de espera restante. O FAC cita a altitude da maior elevação na área do alvo, direção e velocidade do vento, o melhor lugar para ejetar e base mais próxima para emergências. Também pode citar sobre a presença de aeronaves e tropas.

Na área do alvo as aeronaves de ataque voam em órbitas acima do FAC, que voa mais baixo. O FAC marca o alvo e indica a sequência de ataque. Com os caças já no local de ataque os FAC(A) citam onde atacar, descrevendo ou marcando o alvo, quando atacar, direção do ataque e escolhe as armas. As aeronaves mergulham um de cada vez. Separam a uma altitude 2.500 metros acima terra e depois iniciam mergulho no alvo olhando o parâmetro de disparo. As aeronaves antigas faziam pontaria no método TLAR (Thats Look About Right). Disparam e iniciam manobras evasivas. Nunca atacam no mesmo jeito e mesma direção nas passadas.

Se durante o ataque as aeronaves de ataque estiverem apontados para a direção certa o FAC(A) libera o disparo das armas com o código "cleared hot". Depois observa o ataque e avalia o resultado. A parte critica é marcar o alvo pois o inimigo sabe que foram encontrados e começam a responder.

O FAC era o centro ao redor do qual todo ataque dependia. No cerco a Khe Sanh foi necessário um grande esforço de CAS. Toda aeronave chegando respondia para o ABCCC e era enviado para um FAC(A). O FAC(A) empilhava e chama uma de cada vez. Foi considerado a primeira vitória do poder aéreo em uma ação militar em terra.

O controle de ataque era difícil sempre e piorava com mau tempo, a noite, na selva e em montanhas. O grande desafio dos FAC e CAS era a capacidade noturna e qualquer tempo. Iniciou testara o uso de flare, FAC e aeronave de ataque atuando juntos. A noite eram 60% das saídas. Os gunship eram auto-suficientes e pareceu ser melhor na função tendo flares, rádios e FAC(A) para atuar independentemente. O terceiro método era o sistema de auxilio de radar "Sky Spot" com um CEP de 72 metros nos testes nos EUA. Foi usado no Vietnã com alvo a 1000 metros das tropas podendo chegar a 500 metros se for um alvo lucrativo.

Em 1965 um FAC sugeriu colocar tochas em cápsulas de artilharia de 105mm durante ataques as tropas. Os comandantes terrestre disseram que denunciaria a posição, mas o piloto retrucou que se estão atacando já sabem a posição, mas facilitaria em muito a vida do FAC(A). Então iniciaram o uso das tochas enchendo as cápsulas com gasolina e areia. As tropas usavam armadilhas para ligar as tochas. A reação do Vietcong era criar incêndios para confundir os marcadores. A reação foi criar marcadores mais brilhante ainda.

As tropas também podiam apontar lança-chamas em direção ao inimigo como usado pelos sul vietnamitas. O simples fato de lançar flares podia fazer o inimigo parar o ataque.


Um caça F-100 sai do mergulho enquanto suas bombas atingem o alvo marcado pela fumaça do FAC.


Um O-2 controlando um ataque de F-4.


Durante o controle de ataque os FAC usavam a cobertura do canopi para fazer anotações.


Um OV-10 aponta para o alvo para indicar a direção do ataque para um F-100D Super Sabre. O OV-10 está disparando um foguete de fumaça para marcar o alvo.

Slow FAC

Após a Guerra da Coréia os FAC só atuavam em terra e não pensavam em desenvolver uma aeronave adequada para a missão. O uso dos FAC em aeronave mostrou ser mais efetivo que em terra e era usado sempre que a situação tática permitisse. No Vietnã do Sul os FAC usaram as aeronaves O-1 Bird Dog, O-2A Skymaster e o OV-10 Bronco. As aeronaves tinham três rádios: FM para falar com as tropas em terra, UHF para os caças e VHF para o TACP para coordenar a aprovação e pedido de CAS.

Aeronaves lentas e pouco protegidas como o O-1 e O-2 funcionaram bem com pouca ameaça leve e armas pequenas no Vietnã do Sul. No final do conflito a ameaça incluía canhões de grosso calibre e mísseis SA-7. No Laos e sul do Vietnã do Norte foram usado jatos rápidos (Fast FAC). O US Army usou o O-1 e helicópteros enquanto o USMC usou os O-1, O-2 e OV-10.

O Vietcong sabia a importância dos FAC e atacava pesado as aeronaves dos FAC. A USAF perdeu 175 O-1, o US Army 391 e o USMC nove. Um que atravessou a fronteira com o Laos foi derrubado por um AT-28 do Khmer Vermelho. Vários FAC no O-1 foram derrubados várias vezes, mas com muito apoio aéreo e helicópteros eram recuperados rapidamente.

Em 1963 o US Army passou três aeronaves O-1 para a USAF para treinamento e depois mais 22 aeronaves para equipar os Air Comandos com a operação Farm Gate no Vietnã atuando como FAC. O O-1 foi usado inicialmente por estar disponível no US Army, mas não era adequado para a missão.

O O-1 foi a primeira aeronave toda de metal do US Army. Foi projetada para responder a um requerimento de uma aeronave leve para realizar missões de observação, reconhecimento visual, resgate, fotografia aérea, ressuprimento, correção de artilharia, ligação, pegar mensagens em terra, treinamento, evacuação médica e FAC.

Cada asa tinha dois cabides podendo levar armas leves, foguetes de fumaça ou pacotes de suprimentos de até 120kg. O ressuprimento seria feito em cenários de pouca ameaça.

Antes de serem deslocados para o Vietnã os O-1 receberam novos rádios, foram retirados os equipamentos de treinamento, o assento foi blindado, recebeu tanques auto-selantes e foram instalados os cabides nas asas.

O O-1 era considerado bem simples. Era lento com uma velocidade de cruzeiro de 105 nós o que era bom para realizar reconhecimento visual e com boa autonomia para acompanhar as tropas. As missões dos O-1 duravam em média cerca de 1,8 horas com duas saídas por dia em média e no máximo 3 horas que era a autonomia máxima da aeronave. A velocidade era inadequada para diminuir o tempo de reação, mas podia operar em pistas avançadas o que era útil para diminuir o tempo de reação. Era considerado com pouca potência por levar muitos rádios. Não operava a noite quando o inimigo mais atuava. A capacidade de marcar alvos também era pequena com apenas quatro foguetes. Tinha dois tripulantes, mas geralmente só levava um.

O O-1 pode receber tiros leves, A proteção era pouca resumindo no colete blindado e um fuzil CAR-15 e a pistola. O fuzil podia ser disparado pela janela. Os pilotos não gostavam de ser atacados e não poder responder. Alguns armavam com foguetes e metralhadoras lateral e outros usavam seu fuzil M-16 para atirar pela janela. Os pilotos manobravam constantemente para atrapalhar a pontaria do inimigo. Geralmente atuavam aos pares para desencorajar o inimigo e ajudar em caso de queda.


Visão lateral de dentro de um O-1E no Vietnã mostrando o que o piloto vê durante as missões de reconhecimento visual. Os foguetes de fumaça estão visíveis na foto. O USMC usava o O-1 para FAC e o US Army para regulagem de artilharia e apoiar campos de Forças Especiais.

No fim de 1966 os O-1 Birddog se mostraram insuficientes para apoiar as operações dos FAC. Era inadequado a noite e mau tempo, sem blindagem, com velocidade máxima insuficiente, e levava poucos foguetes de fumaça. O OV-10 estava programado para entrar em operação em 1968 e o Cessna 337 Skymaster, ou O-2A Skymaster, foi aprovado como aeronave FAC provisória. Na prática não substituiu os O-1 mas sim adicionou novas aeronaves. A média de saída do O-1 durava 1,8 horas com 2 saídas por dia. O O-2 eram 2,8 horas com 1,1 saídas por dia. A autonomia era de até cinco horas. Já o OV-10 tinha média por saída de 1,8 horas com 2 saídas por dia.

Cada tipo de aeronave tinha vantagens e desvantagens. Os O-1 eram considerados piores por levar poucos rádios, poucos foguetes, tempo de reação ruim e pouca autonomia. Era melhor em pistas curtas e primitivas, mais fácil de manter e por isso melhor para operar em localidades avançadas. Tinha melhor visibilidade que O-2 e não compara com a do OV-10.

O 0-2 era uma aeronave comercial e desempenhou bem a função. A diferença do O-2 militar do civil era a janelas na porta, cabides e mais rádios. Não era robusto e precisava de mais manutenção para compensar as manobras agressivas. A vantagem era ter dois motores, melhores rádios, era mais rápido e com maior autonomia. Com 14 foguetes apoiava mais ataques. Para voar monomotor era bom se o motor bom fosse o traseiro. Voando só com o dianteiro era menos seguro por ser bem menos potente. A visibilidade não era tão boa tendo que fazer muitas curvas para a esquerda tendo um padrão previsível para a artilharia antiaérea.

O O-2 era difícil de operar em pistas avançadas pois o pois motor dianteiro levantava pedras e sujeira para o motor traseiro. O trem de pouso também não foi projetado para pistas irregular. A noite era bem melhor que o O-1 e era melhor um motor funcionando no O-2 que nenhum no O-1. Com mais alcance e sendo mais rápido podiam operar em bases menos avançadas e centralizadas. Isso significava menos aeronaves e menos problemas com pistas semi-preparadas.

O O-2 era mais estável e com melhor pontaria. Enquanto os O-1E tinham que fazer uma mira com giz de cena no pára-brisa os O-2A tinham um visor simples para pontaria. A cadeira do O-2 era dura e o colete blindado piorava.

O O-2A levava dois flares e 7 foguetes de fumaça a noite. Depois de encontrar um alvo o O-2 lança dois foguetes para marcar o local provável. Depois sobe para até 4 mil pés e lança flares. O FAC fala o local do alvo em relação a fumaça e indica para ataques pelos caças.

Com a entrada em operação dos OV-10 em 1968 os O-2 passaram a cobrir áreas de menor risco e a noite.


O O-2 (Oscar Deuce) da foto está com camuflagem verde, mas a maioria tinha camuflagem cinza que ajudava a visão de cima pelos caças. O lança-foguetes pode ser facilmente visível na foto. A USAF estudou o projeto de um O-2 com tripulantes em fila, mas o projeto não passou da prancheta.
 

O O-1E e O-2A eram inadequados para FAC e queriam uma aeronave com mais alcance e poder de fogo para a USAF enquanto o USMC queria mais velocidade, poder de fogo e capacidade de sobrevivência. A primeira resposta já tinha sido o O-2A, mas ainda era inadequado sendo apenas uma solução paliativa. A resposta final veio com o OV-10 Bronco.

O OV-10 foi a primeira aeronave pensada para atuar como FAC. Entrou em serviço no Vietnã em 1968. O OV-10 foi testado em combate no projeto Combat Bronco com três aeronaves.

Com um par de motor mais potentes podia voar mais rápido e alto. A velocidade dava várias vantagens. Enquanto o O-1 mudava rápido de direção mas não mudava rápido de posição. Já o OV-10 muda rápido de direção e posição ao mesmo tempo melhorando a capacidade de sobrevivência contra a artilharia antiaérea.Como era mais manobrável, podendo puxar 7 g´s, e podia realizar manobras evasivas com mais facilidade.  O tempo de reação era menor chegando rápido na área operação rápido, e muda entre os alvos rapidamente o que era aconselhável com muita atividade em terra. Também sobe mais rápido se for necessário.

A melhor capacidade era a visibilidade da cabine com os tripulantes em fila sendo projetado desde o início para reconhecimento visual. Cerca de 85% de 150 mil saídas voadas em 1968 pelos OV-10 foram de reconhecimento visual. Os pilotos podiam ver facilmente os caças acima e olhar direto para baixo. Sem ar condicionado os pilotos até gostavam de ser atingidos pelas AK-47 no pára-brisa.

Os aviônicos permitia vôo noturno e mau tempo. Tinha cinco rádios controlado por chave única para se comunicar com qualquer um. Estava equipado com um rádio UHF, um HF, um VHF-AM e dois VFH-FM para se comunicar com o DASC. Podia até retransmitir rádio para duas unidades em terra bem separadas. Um esquadrão de OV-10 foi equipado com o Pave Nail e LORAN para navegar a noite. Com o laser podia indicar alvos com precisão com bombas Paveway lançadas de aeronaves F-4D.

Com oito flares Mk-24 mostrou ser capaz de iluminar alvos para si mesmo. A vantagem era ter dois motores, melhor visibilidade, levar 28 foguetes de fumaça ou quatro foguetes B37K com oito flares Mk-24 ou uma combinação, reação rápida, boa velocidade de cruzeiro 150 a 180 kts e velocidade de mergulho de 400kts e instrumentos noturnos e qualquer tempo. O OV-10 pode encontrar com os caças a 10 mil pés e liderar até o alvo sem alertar o inimigo. Isso era impossível com o O-1 e difícil com O-2.

O OV-10 mostrou ser bom para operar na trilha Ho Chi Minh onde havia maior artilharia antiaérea. A proteção incluía blindagem para os tripulantes e motores, tanques auto-selantes e assentos ejetáveis. Os OV-10 eram armados com quatro metralhadoras e podia levar bombas podendo ser usado em missões de ataque.



O OV-10 foi a primeira aeronave dedicada para FAC. A aeronave da fogo está armada com lançadores de foguetes e casulos Minigun.


O OV-10 foi equipado com o sistema de visão noturna Pave Nail. A foto mostra o sensor, o visor do piloto e a imagem do sensor.

A US Navy operou no Vietnã com o OV-10 no esquadrão VAL-4 apara apoiar operações ribeirinhas e dos SEALS. Além de FAC também faziam apoio aéreo aproximado e regulagem de tiro de artilharia. O USMC primeiro atuou com os O-1 para FAC no esquadrão VMO-2. Depois passaram para o helicóptero UH-1E e depois o OV-10 em 1968. A Air America também usava FAC com suas aeronaves PC-6 de forma improvisada com granada de fumaça. Eram os "Butterfly FAC". A USAF logo criou os "Raven FAC", também clandestinos, para operar no Laos. Os "Rustic FAC" eram os OV-10 e O-2 que voaram sobre o Camboja apoiando as tropas locais entre 1970 a 1973. Os pilotos voavam com interpretes franceses.

Os A-1 Skyrider também operaram no Vietnã como FAC(A) mas eram preferidos para CAS. Quando tinham pilotos qualificados como FAC(A) as aeronaves circulavam em local suspeito ou a frente de tropas.

FAC Armados

O tempo resposta de aeronaves CAS em alerta era de 40 minutos e as aeronaves no ar desviadas para a missão chegava a 20 minutos. Nos engajamentos as tropas americanas entravam em contato com o inimigo e esperavam 20-40 minutos até o CAS chegar.

Um estudou mostrou que a maioria das tropas do Vietcong desaparecia a pé no intervalo do contato até a chegada das aeronaves de ataque. Um estudo da USAF mostrou que 50% dos contatos terminavam em menos 20 minutos e com menos de 10 tropas. O terreno, o tempo e táticas "hit an run" não deixava usar muito o pode aéreo. Atacar alvos rápidos seria boa medida pois eram poucos engajamentos de grandes unidades. Outro estudo de 1970 mostrou que 44% dos alvos detectados por FAC a noite não eram atacado por não ter meios de ataque disponíveis. Logo surgiu a idéia de armar as aeronaves de FAC que operavam sozinhas e sem armas. Alguns pilotos de FAC tiveram a iniciativa de usar granadas em jarros para lançar nas tropas inimigas e as vezes colocavam metralhadores nas asas.

A USAF inicialmente não queria armar os FAC com um pré-conceito datado da Segunda Guerra Mundial que iriam agir como pilotos de ataque. O próximo passo foi armar os helicópteros do US Army. Os helicópteros de ataque operavam em áreas como os FAC(A) para reconhecimento visual. Detectavam e atacavam alvos de forma autônoma.

A resposta em fase (phased response) foi sugerida em novembro de 1966 por um estudo do US Army e USAF. Os Gunship (transportes armados) e aeronaves FAC armados eram os meios da resposta em fase. Em maio de 1968 iniciaram o conceito de FAC armado baseado na teoria de "resposta em fase", como medida imediata no processo de CAS, até caças chegarem. Os O-1e O-2 eram inadequados para a missão por serem vulneráveis e levarem pouca carga e testaram com o OV-10 Bronco no programa Combat Cover dos Air Command e Misty Bronco da USAF em junho de 1969.

O OV-10 foi projetado para levar muitas armas na forma de quatro metralhadores calibre 7,62mm internamente e sete cabides para armas. O Bronco podia levar foguetes, um canhão de 20mm, suas metralhadoras e bombas. Podia levar até quatro lançadores de foguetes de 70mm ou 127mm.

No programa Combat Cover o Bronco foi armado com carga leve de armas para atacar até as aeronaves de CAS chegarem. No teste "Misty Bronco" a aeronave mostrou ser capaz de responder 78 de 98 chamadas CAS com tempo de resposta de 7 minutos. Em 64% das respostas foi de menos de 5 minutos e mostrou que FAC podia aumentar a efetividade das aeronaves táticas. O problema foi ter que usar tanques externos para aumentar o alcance, mas o desempenho foi muito bom contra alvos móveis no cenário de baixa intensidade no Vietnã do Sul.
 

Atualizado em 14 de fevereiro de 2009

Próxima Parte: FAC na Trilha 


 

Voltar ao Sistemas de Armas


2008-2009 ©Sistemas de Armas
Site criado e mantido por Fabio Castro


     Opinião

  FórumDê a sua opinião sobre os assuntos mostrados no Sistemas de Armas
  Assine a lista para receber informações sobre atualizações e participar das discussões enviando um email
  em branco para sistemasarmas-subscribe@yahoogrupos.com.br