Fast Fac no Vietnã

A guerra aérea consiste em localizar o alvo, determinar sua posição e destruí-lo. Atrás deste conceito simples existe um complexo sistema de coleta de informações, planejamento de missão, determinação de carga de armas, prontidão de aeronaves, etc. O FAC é fator chave nestas operações atuando como chefe de ataque aéreo, marcando o alvo, direcionando o ataques, corrigindo os disparos e relatando os resultados.

As operações de interdição no Vietnã do Norte iniciaram em 1965 com as operações de reconhecimento armado. Aeronaves da USAF e US Navy faziam reconhecimento de área e tinham alvos secundários se não achassem nada. O alvo secundário geralmente era um alvo fixo como uma ponte ou quartel. As aeronaves de ataque eram acompanhadas por escoltas de caças. As missões não encontravam muitos alvos e eram imprecisos, além de sofrerem grandes perdas.

A campanha de interdição no Vietnã do Norte era considerado mais custo-efetivo, em material e vidas, que tentar vencer no Vietnã do Sul ou na trilha Ho Chi Minh. O objetivo era tentar destruir a capacidade de apoiar a guerra e destruir os suprimentos antes de chegarem no sul.  Nas estatísticas dos ataques dos F-105 eram de 95% ataques contra a trilha e 5% contra alvos fixos.

A operação Stell Tiger de interdição do Laos complementava a Rolling Thunder. Na interdição dos suprimentos do Norte até o Sul, os alvos mais lucrativos ficavam ao redor do porto Haifong e Hanoi. Eram ferrovias, pontes, instalações logísticas e centros de reparos. Inicialmente eram alvos proibidos.

Na trilha o esforço de interdição era inefetiva pois a trilha era redundante e fácil de reparar. O melhor era atacar os comboios mas era difícil detecta-los na selva e os comboios passaram a viajar apenas a noite e mau tempo como proteção. A USAF usavam muito o apoio dos Slow FAC para detectar os alvos na Trilha. Eram aeronaves lentas a hélice, aeronaves de transporte artilhados e caças.

A USAF chegou a três esquadrões (TASS) de Slow FAC apoiando a interdição. Iniciaram as operações com 22 aeronaves em 1963 e chegou a 224 em 1965 e 668 aeronaves em outubro de 1968 sendo 324 aeronaves O-1 e O-2 em cinco TASS. Estas aeronaves voaram um terço do total horas no ano de 1968.

A operação Commando Hunt iniciou em 1968 apos cessar as operações aéreas no Vietnã do Norte com o fim da Rolling Thunder. As operações na trilha se tornaram ainda mais intensas. O Vietnã do Norte pode concentrar a artilharia antiaérea mais no sul. Varias operações foram lançadas e diminuía na época de chuvas. Em 1967 os 0-2 passaram a ser substituidos pelo OV-10 com maior capacidade de sobrevivência. Também recebeu o "starlight" para operações noturnas. No fim de 1967 iniciaram o uso de sensores sísmicos e acústicos rastreados pelo EC-121.

O aumento da ameaça de mísseis SAM e da artilharia antiaérea na trilha tornou o uso de aeronaves lentas arriscado. No meio de 1966, as aeronaves leves a pistão começaram a ser retiradas de operação no Vietnã do Norte devido ao grande risco. Eram uma grande fonte de informações sobre as forças e deslocamento de tropas inimigas.

A ameaça aumentou muito em 1967. Depois da derrubada de dois O-1 e O-2 em maio pensaram em colocar os FAC no assento traseiro de jatos F-100F ou F-4D para aumentar a capacidade de sobrevivência sem diminuir a qualidade da informações. O experimento foi chamado de Commando Sabre com o F-100F com código Misty e passou a serem chamados de Misty FAC.

Misty FAC

No dia 17 de maio de 1967 foi aprovado a operação de Fast FAC de reconhecimento armado com o F-100F no Vietnã do Norte com o programa Commando Sabre. As aeronaves receberam o código de chamada de rádio Misty ficando conhecidos como Misty FAC.

Sem muitos F-4D Phantom disponíveis tiveram que usar o F-100F Super Sabre biposto. A aeronave foi testada para voar onde havia ameaça de mísseis SAM, artilharia antiaérea e MiGs. O F-100F tinha armamento adequado, era rápido e manobrável, tinha boa visibilidade na cabina para os dois tripulantes e podia ser reabastecida em vôo (REVO). O problema era a falta de alerta radar (RWR), lançadores de chaff e casulos de guerra eletrônica (ECM). O sistema de comunicação e navegação era bem simples. Também era simples e barato, mas também era velho e com poucos modelos bipostos disponíveis que também eram usados para treinamento.

Em 1964 houve uma proposta de remotorizar os F-100D/F com a turbina RB.168-25R Spey do Phantom britânico. O novo motor baixaria os custos, aumentaria a capacidade de carga em 50% e o alcance em 30%. A distância de decolagem diminuiria. A nova aeronave se chamaria F-100S.

O programa Commando Sabre só aceitou pilotos experientes. Os primeiros pilotos eram treinado em FAC para realizar reconhecimento visual, controle de ataque, avaliação de danos de batalha e evitamento de ameaças. Os primeiros pilotos definiram as técnicas das próximas gerações de Misty. Logo perceberam que tinham segundos para detectar o que um O-1 levava minutos para fazer a tarefa.

Os Misty FAC voavam sozinhos com os dois tripulantes e sem outra aeronave de Ala. Os pilotos alternavam de posição no assento traseiro e dianteiro. O piloto da frente voa e o de trás observa. Podiam usar uma câmera de ataque panorâmica e manual. A missão durava de quatro horas e meia a seis horas. Geralmente era contra alvos pré-planejados.

O piloto decola e leva a aeronave até a área do alvo e voa a missão de reconhecimento visual e controle de ataque (VR/SC) por cerca de 30/45 minutos (chamado de janela de vulnerabilidade ou Vul) com as armas prontas em uma rota pré-planejada. Depois o piloto traseiro voa a aeronave de volta para a aeronave tanque para descanso do piloto dianteiro. Depois reiniciam o segundo ciclo após o REVO para mais 60 minutos de VR/SC com o SC sendo realizado mais no segundo ciclo.

O piloto traseiro usa mapas, fotografias, faz comunicações com o ABCCC e vetora caças até a área do alvo. A função do ABCCC era desviar e direcionar vôos com caças armados para ajudar os Fast FAC.

Depois o piloto da frente marca o alvo e direciona os caças até o alvo. Depois vai para o REVO novamente enquanto o piloto traseiro relaxa. Depois voltam para reiniciar a missão com mais 30 minutos de VR/SC. Geralmente faziam dois REVOs e voltavam para a base após o terceiro ciclo. O tempo de vulnerabilidade era de três janelas ou pelo menos duas horas a baixa altitude com tempo total de pelo menos 4 horas de vôo.

Após o terceiro ciclo podiam voltar se viam um alvo lucrativo. As vezes realizavam até quatro ciclos se o substituto não aparecer ou se vão atuar em CSAR. Os Misty FAC podia trabalhar como RESCORT (escolta de resgate). Entre 1967 a 1968 todo terceiro ciclo era de RESCORT.

O piloto traseiro costuma pilotar na volta e pousar a aeronave. As aeronaves de reabastecimento em vôo costumavam negar as regras de engajamento e voar próximo ao Vietnã do Norte para apoiar os Misty FAC com pouco combustível.

Os Misty FAC chegavam na área de operação bem de manhã e eram substituídos por outros para manter as patrulhas até o anoitecer. Eram brifados sobre as posições das artilharias antiaéreas, mísseis SAM e perdas. A maioria das informações vem de outros Misty FAC.

Os F-100F eram armados com dois lançadores de foguetes com sete foguetes de fumaça de 70mm cada para marcar os alvos. A noite podem usar lançadores de flares. Os dois canhões estavam armados com 325 tiros. O alcance do canhão limitado a 1.200 metros era ruim para marcar alvos. Só era usado para apoiar resgates e contra alvos de alto valor ou no final das missões contra caminhões ou pontos de armazenamento de combustível. Dois tanques com 2.250kg de combustível aumentava a autonomia em 20-30 minutos.

A capacidade de sobrevivência era um pré-requisito para operar na região. Os Fast FAC operavam como os Slow FAC, mas muito mais rápido e alto, acima de 700km/h e acima de 4.500 pés para evitar as defesas em terra. Voar acima de 1.500 metros (cerca de 4500 pés) evita a maioria das ameaças. Com a dificuldade de localizar estradas passaram a voar a 1.500 pés em alguns lugares e até no nível das arvores e vales, mas a menos de 300 metros o risco das armas leves era muito grande. Só desciam para investigar com mais detalhes.

As táticas de evitamento de ameaça consistiam basicamente em evitar posições de artilharia antiaérea. Contra alvos lucrativos com muita artilharia antiaérea eram forcados a enfrentar. Em áreas sem arvores funciona bem voar mais alto. Com muita selva tem que voar baixo, mas com mais ameaça de armas leves e menos pesadas.

A terceira tática é realizar manobras evasivas (jinking) constantemente a cada 5-7 segundos ou o tempo de vôo dos projéteis de 37 mm. O perfil de vôo e manobras é em três dimensões. Na área do alvo a tática é fazer curvas de 90 graus frequentes a esquerda e a direita. Para manter a velocidade puxam no máximo 1,5 a 2 g´s nas manobras. Voando mais alto, acima de 3 mil metros, diminuíam ainda mais os g´s. O raio de curva grande forçava o piloto a usar o pós-combustor. Duas horas de "jinking" era extenuante e nauseante.

A quarta tática é diminuir o número de passadas sobre o alvo evitando se tornar previsível. O Misty FAC nunca ficam orbitando o alvo. Se tem que confirmar o alvo ou fazer avaliação de danos de batalha demoram a voltar ao local. Sem seguir estas regras as chances de ser atingido disparavam. O momento mais vulnerável era marcando o alvo. Fazendo RESCORT era ainda mais arriscado.

Antes do alvo ser atacado tem que ser localizado. É função do FAC(A) ajudar a localizar alvos para as aeronaves táticas. Um bom FAC(A) precisa de três requisitos. Primeiro deve conhecer bem a área de operação, precisando de horas para memorizar detalhes do terreno, linhas de comunicações, sites de artilharia antiaérea ativos e inativos. Segundo deve ser capaz de notar pequenas mudanças enquanto faz manobras evasivas. Um piloto precisa de 10-20 missões na área para ter esta percepção. Alguns pilotos são bem mais capazes de detectar alvos que outros. Vêem coisas onde outros não vêem nada.

Terceiro deve conhecer bem os padrões de varredura visual. O olho busca um ponto e muda para outro, selecionando pequenas áreas devido a velocidade, olhando o local de vários ângulos. A técnica varia de um tipo de alvo para outro como ao lado de estada, posições de artilharia antiaérea e em missões de CSAR.

As posições de artilharia antiaérea ficam distribuídos na rota. As posições vazias são fáceis de detectar com um disco de terra com vegetação morta ao redor. As posições em uso são camufladas e difíceis de detectar. Ficam a mais de 500 metro das posições desocupados. Então o que esta fora desta distancia é site ocupado. Posição ocupada também não significa ativa. Os vietnamitas conheciam o papel dos FAC e evitam denunciar a posição atirando em qualquer alvo que não estiver no angulo adequado para não revelar a posição. As peças de artilharia mudam de posição a noite.

Os norte vietnamitas faziam armadilhas de artilharia antiaérea (flak trap) para os FAC seguindo a trilha. Usavam o telefone para alertar as posições mais a frente. A contramedida era observar apenas trechos da trilha de cada vez. Sobre as estradas e trilhas faziam rotas em "S" sem padrão previsível. As curvas são de cerca de 90 graus variando a altitude. O piloto deve conhecer bem a estrada. Se detectar um alvo continua com o padrão e volta depois com as aeronaves de ataque. Outra tática é fingir não ter visto nada e fica esperando de longe. Volta de outra direção bem rápido para enganar possíveis artilharias antiaéreas em alerta. Sobre o alvo fazem um "roll" para fotografar.

Toda vez que ficam inclinados nas curvas dão uma olhada no terreno. O tripulante traseiro faz a maior parte do trabalho de reconhecimento visual, detectando alvos. Com a câmera portátil pode gravar imagens de alvos fixos ou semi-fixo como pontes. Geralmente procuravam caminhões escondidos de dia e que trafegam a noite. Se detectava algo continua o padrão e inicia um circulo grande para cruzar o ponto na estrada e bem baixo.

Os Misty FAC operavam junto com os Slow FAC. Após encontrarem algo suspeito chamavam os Slow FAC para reconhecer a área por mais tempo ou o Slow FAC chamava os Fast FAC se encontrassem muitas defesas no local. Se tem muitas defesas no local o próprio Misty FAC faz controle do ataque.

Com tropas em contato chamavam os Slow FAC. Sabiam suas limitações e ajudavam a chamar CAS, faziam controle de trafego e retransmitiam as comunicações. Se a ameaça fosse alta faziam o trabalho sozinho. A combinação mostrou ser perfeita.

Na fase de controle de ataque (SC - Strike Control) o FAC se encontra com as aeronaves de ataque em outro local. As coordenadas do alvo são passadas para o ABCCC. O ABCCC tem como missão direcionar caças para encontrar com o Misty FAC no ponto Delta, ou uma área no território inimigo determinada pelo FAC para o encontro. As aeronaves de ataque usavam um Direction Fiding (DF) para encontrar os FAC com o rádio. Quando encontrados, os atacantes chamam o FAC e passa a atuar realmente como FAC(A). Após o encontro o FAC conferem as armas e o estado de combustível das aeronaves de ataque.

O FAC brifa o alvo para as aeronaves de ataque. Em locais de baixa ameaça as aeronaves de ataque voam em órbita acima do FAC ou "wagon wheel" e esperam a marcação do alvo. O piloto traseiro que se comunica nesta fase e descreve a area e posições da artilharia antiaérea. Informa meteorologia, vento, elevação, áreas seguras para ejetar e direção do ataque.

Primeiro o FAC tenta direcionar para o alvo. Se for marcado pela artilharia antiaérea já podem iniciar o ataque. O FAC tenta passar dados visuais como "duas vezes o tamanho da curva do rio para o norte" como sendo o local do alvo. Quando usam foguetes de fumaça o FAC cita a referencia do alvo em relação a fumaça como "hit my smoke".

Ao marcar com foguetes o Fast FAC geralmente fazem um "split S" bem acima do alvo no disparo. A saída do mergulho (pull up) é feito a cerca 2 mil metros.

O piloto controla o ataque enquanto o tripulante traseiro só observa. Um tripulante pode fazer tudo, mas com dois fica mais fácil. Os pilotos anotam os dados no canopi durante as missões como coordenadas dos alvos, códigos de chamadas, bombas, posições das órbitas etc.

Depois do ataque o Misty FAC voltava para fazer avaliação de danos de batalha (BDA) e nunca logo depois do ataque. Também podem fotografar o local.

Os Misty fizeram testes para atuar como FAC noturno com o apoio de flares com bons resultados. Levavam um lançador flare SUU-25 com oito flares. Descobriram que o inimigo gostava de se movimentar a noite sem lua ou mau tempo. Escondiam os caminhões e iniciavam as manobras logo ao anoitecer. Também descobriram que alguns rios tinham pontões flutuantes escondidos em locais próximos e que podiam descobrir caminhões a 150 metros de distancia com suas luzes fracas ligadas. O uso de foguetes mostrou que eram ruins para marcar alvos a noite e o flare fazia perder a surpresa. O equipamento de navegação era inadequado e era difícil controlar ataques com risco de colisão. Os sensores "starlight" eram difíceis de usar e até atrapalhava as operações noturnas. Com muitas dificuldades o programa acabou cancelando.

 


Um Misty FAC durante o reabastecimento durante uma missão em 1970. Carregado o F-100 fica pesado e tem que pedir para o KC-135 fazer um "tobogã", descendo para aumentar a velocidade.


Um Misty FAC mergulha para marcar um alvo com um foguete de fumaça.


A selva era muito densa e permitia que caminhões cruzassem sem ser vistos. Em uma ocasião um Fast FAC detectou uma coluna com mais de 150 caminhões de dia devido a melhora do mau tempo. Logo atacaram o primeiro para paralisar a coluna. Usaram os canhões e foguetes de fumaça. Com apoio de mais tres Mistys destruíram ou danificaram 79 caminhões.


Caminhões na linha de árvores. Se os FAC encontram um caminhão então tem outros por perto e o local deve ser um estacionamento de caminhão. Talvez tenha até outros alvos de valor como depósitos de munição. Geralmente são bem guardados com artilharia antiaérea. Também serve para avaliar a interdição. Os FAC logo passam a vasculhar o local a procura de suprimentos empilhados e trilhas laterais para o posto de comando.


Posições de artilharia antiaérea camuflados.


Em julho de 1967 os Misty FAC realizaram 82 missões controlando 126 ataques. Cerca de 150 alvos foram atacados como caminhões, pontes e locais suspeitos de armazenamento ou estacionamento. A capacidade dos Misty FAC foi bem apreciada e melhorou com a experiência dos pilotos. Os ataques apoiados por Fast FAC mostraram ser duas vezes mais efetivos do que sem ele. As bombas burras raramente atingiam o alvo, mas mesmo assim eram eficientes contra alvos leves.

O programa logo foi expandido para o Laos sendo que iniciou no Vietnã do Norte. O objetivo era parcial conseguindo parar o trafego de caminhões na trilha de dia. A USAF queria fechar a trilha continuamente e só conseguiu de dia. As pausas nas operações de bombardeiro piorava ainda mais.

A operação Commando Sabre passou a ter outras funções auxiliares como:

- CSAR - Nas operações de busca e resgate de combate os Misty FAC ajudavam a encontrar pilotos derrubados, incluindo outros Misty FAC. Se os Misty FAC ouviam os sinais "chirp chirp" no rádio mudavam para o modo "Direction Finding" e iam na direção do beacon do piloto derrubado. Os Misty FAC podiam detectar um piloto derrubado facilmente no terreno que conheciam. A operação iniciou até com a ajuda a outros Misty FAC. Os Misty FAC podem chegar ao local bem antes dos A-1 operando como Sandy. Eram os Sandy que iriam manter a área segura, mas o Misty FAC pode localizar as posições da artilharia antiaérea para ajudar na supressão e usavam o canhão para limpar a área ao redor do piloto para dar segurança. A função do Sandy era coordenar o CSAR mas os Misty ajudavam por conhecer bem a área.

- Espotagem de artilharia. Os Slow FAC já ajudavam a ajustar a artilharia no sul. Em 1967 os Misty passaram a ajudar a US Navy a atacar o norte onde era perigoso para os Slow FAC operarem. O ajuste de artilharia para os couraçados New Jersey tinha precisão de mais de 1km.

- Reconhecimento meteorológico. A USAF aproveitava as operações dos Misty para fazer reconhecimento meteorológico. Esta missão sempre era realizada antes dos das operações de ataque.

- Equipes "hunter-killer". Esta operação foi testado na Coréia. Iniciou com apoio dos Slow FAC atuando com caças. Em 1969 passaram a ser apoiada pelos Misty FAC e aeronaves de apoio aéreo aproximado com ótimos resultados. Era feita apenas em locais sem tropas amigas. O "hunter" se encontrava com os caças e iam para a área de operações. Os "killer" voam 5km atrás e a cerca de 2km acima. O FAC voava a baixa altitude. Se encontravam um alvo marcavam com foguetes e os "killer" atacavam logo depois. A operação era melhor ainda se o "killer" era um ex FAC pois conheciam as táticas, a área de operação e o nome dos pontos de referencia. Um problema era ver o "hunter" devido a camuflagem, o mau tempo e as manobras evasivas que piorava o problema. Os FAC(A) anunciam sempre a posição. Se perdidos de vista ligavam as luzes ou o pós-combustor. Estas equipes "hunter-killer" mostrou ser o melhor meio de pegar o inimigo de surpresa, mas parou após duas perdas.

- Reconhecimento fotográfico. A operação iniciou com o tripulante traseiro tirando fotos com maquina manual. Em 1969 foi testado o uso com o RF-4C voando de Ala. O FAC(A) encontrava os alvos e os RF-4 tirava fotos e logo levava para a base. Era difícil coordenar as operações por estarem em bases diferentes e o resultado foi ruim. As fotos também demorava a chegar para atacar em tempo útil. Logo desenvolveram câmeras manuais tipo pistola.

A operação Commando Sabre nunca passou de 22 pilotos e raramente voava mais de seis missões por dia. Os pilotos de F-100 que voavam apenas operações de apoio aéreo aproximado que passaram para os Misty ficaram satisfeitos com a ação, desafio e senso de utilidade. Sem muitas oportunidades de se tornar um Ás, os Fast FAC eram uma boa oportunidade e desafio para os pilotos.

Entre julho de 1967 a outubro de 1968 os Misty FAC voaram quase 1.500 missões com nove baixas ou seis por mil saídas. Depois voaram mais de 3 mil saídas no Laos até maio de 1970 com 11 perdas ou 3,58 por mil saídas. Era o triplo dos F-100 que só faziam apoio aéreo aproximado no Vietnã do Sul.

De 155 pilotos convertidos para os Misty, 34 foram derrubados ou 22% do total. Mais oito foram perdidos fora de combate elevando o total para 28%. Dois foram derrubados duas vezes. As estatísticas mostram que os Misty FAC tem 85% de chances de ser derrubado em 100 missões sendo a missão mais perigosa do conflito. Com as baixas sempre altas o turno nos Misty FAC era de apenas quatro meses ou 50-60 missões. Depois voltava para operar no Vietnã do Sul. As perdas altas era mais devido ao grande tempo de exposição a baixa altitude no norte e tempo longo no local. Em 1968 apareceu a ameaça dos SA-2 no local e em 1969 a ameaça dos SA-7 portáteis. A ameaça da artilharia antiaérea sempre foi maior.

O programa Commando Sabre terminou no fim do verão de 1970 após voarem cerca de 21 mil horas. Sem muitos F-100F passara a usar os F-4 nas missões de Fast FAC. O sucesso em localizar e controlar ataques deu continuidade e expansão ao programa com o uso dos F-4D/E. O conceito Fast FAC mostrou a capacidade de operar em cenário de grande ameaça na função. Atuar na mesma área diariamente era fator de sucesso. O tempo no alvo era importante e o consumo era um requisito também importante.

O estudo CHECO de 1969 mostrou que as aeronaves de reconhecimento armado era mais efetivo com apoio de FAC comparado com as aeronaves operando sem apoio. A avaliação de danos de batalha dobrava com a presença do Fast FAC. A avaliação de danos de batalha ocorria em 97% dos ataques contra 41% das missões sem Fast FAC. A efetividade dobrava com os Fast FAC.

Phantom FAC

Os FAC, como todo piloto de caça, prefere uma aeronave com mais carga, mais potencia e mais autonomia. O F-4D garantia os dois primeiros desejos, mas gastava muito combustível e precisa de mais REVO. Também era menos manobrável, era um alvo maior e tinha muita fumaça nos motores. O lado bom era a facilidade para manter velocidade, o RWR, tinha boas ECM e sistemas de navegação superiores e era bom para operar em mau tempo.

O Phantom podia levar mais armas e operava de bases de outros F-4 o que facilitava as operações com as aeronaves de ataque e planeja face a face. O navegador tinha menor visibilidade na traseira tendo que voar inclinado a 60 graus para ter boa visão do solo. Como estava sendo usado em larga escala sobrava pilotos para realizar a missão ou converter para FAC. O radar podia ser usado para achar as aeronaves REVO.

Em agosto de 1968 a 366 Ala de Caças Táticos (TFW) iniciou as operações Stormy FAC. Os pilotos iniciaram o treinamento nos F-100F dos Misty FAC em cinco missões e depois nos F-4D em treinamento com instrutor na traseira. Voavam entre 4 a 4.5 mil pés a mais de 400 nós. A avaliação de danos de batalha era feito a 1.500 metros e acima de 500 nós. Os Stormy FAC tentaram realizar missões noturnas sem sucesso e com muito risco de colisão. Em maio de 1969 as missões diárias passaram de duas para três. Os pilotos aumentaram para dez e virou um destacamento. Os Stormy faziam FAC noturno com sensores "starlight" e flare do C-130 Blindbat e C-123 Candlesticks.

Em outubro de 1968 foi iniciado o treinamento para FAC na 8 TFW com destacamento com código Wolf. Os Wolf usavam bolacha Wolf FAC no ombro. O chefe era chamado de Papa Wolf. A unidade não existia na USAF. Era apoiada por quatro esquadrões de caças do 8 TFW Wolfpack. Também selecionava cuidadosamente os pilotos. Os pilotos tinham que ser experiente com pelo menos 100 missões, sendo recomendados e voluntários. Tinham que ter olhos rápidos, memória para detalhes, capacidade de controlar vários vôos de uma vez  e conhecer o terreno em detalhe. Voavam a 400-500 nós e podiam ver um arbusto fora do lugar. Tinham que ser maduros, corajosos para descer bem baixo para encontrar o inimigo. Tem que ter boa forma para voar 4-5 horas a baixa altitude manobrando agressivamente.

Um Wolf FAC substituía outro a cada 4 horas e faziam cinco REVO na missão. Se tem mais combustível mostra onde o inimigo estava escondido para o substituto. Podem pedir aeronaves de ataque pelo ABCCC, mas na maioria das vezes tinham uma esquadrilha preparada na noite anterior.

A função do navegador era procurar alvos e posições da artilharia antiaérea enquanto o piloto olha o mapa para navegar e coordena com o ABCCC. O navegador olha mapas, dados do ataque, monitora detalhes do ponto A até B.

Levavam boa carga de foguetes de fumaça e um canhão Vulcan de 20mm. Raramente voltavam com carga. Procuravam caminhões e posições de artilharia antiaérea. Faziam piruetas para chamar a atenção de posições suspeitas e forçar a denunciar a posição. Chamavam ataques na trilha para bloquear o trafego. Voavam sozinhos a não ser controlando ataques.

Além do efeito psicológico de ter um inimigo sempre acima, preveniram o trafego diurno na trilha e reparos na estrada. Faziam inteligência em tempo real como uma nova trilha sendo aberta. Encontravam pegadas e trilhas de bicicletas, descobriam oleodutos, posições de artilharia e estacionamento no caminho. Gostavam de atacar posições de artilharia antiaérea. Nao ajudava na guerra, mas era mais pessoal.

O Fast FAC com o F-4 era a missão mais longa e perigosa, sendo exponencialmente mais perigosa que as missões de ataque, ou até 25 vezes mais, sendo voada sempre em área alta ameaça. A regra para sobrevivência era a regra 5 ou puxar 5 g´s, voar acima de 5 mil pés e acima de 500 nós.

Os Wolf FAC receberam sistemas de navegação LORAN e foram usados para apoiar ataques em mau tempo. Os Wolf apoiava outras aeronaves em ataques cegos contra alvos de área.

Em janeiro de 1969 o 388 TFW passou a operar com os Tiger FAC após o sucesso dos Stormy e Wolf. O 388 operava com os F-4E no Laos. O F-4E estava equipado com INS e ajudava muito a atualizar a posição. O canhão interno era usado para atacar tropas em contato e apoiar missões CSAR.

Em fevereiro de 1969 foi iniciado o programa FAC com os RF-4C em Uborn. As aeronaves operavam junto com os F-4D para reconhecimento visual e tiravam fotos. O FAC fazia controle de ataque. O código de rádio era Falcon FAC com as aeronaves da 432 TRW (Tactical Reconnaissance Wing) e os Atlanta FAC eram os RF-4C usados só para reconhecimento fotográfico apoiando os RF-4C dos Falcon FAC. Nas missões de reconhecimento visual os Atlanta FAC fazia escolta. Mostraram muita eficiência encontrando mais alvos e a avaliação de danos de batalha triplicou com as fotos. Com o uso de fotos foi possível diminuir o tempo de reconhecimento visual e o Falcon podia se concentrar em fazer controle de ataque. Assim podiam encontraram alvos não detectados antes.

Os Laredo FAC eram os F-4E do 432 TRW e iniciou uma variante "hunter killer" com as táticas "snare Drum" com equipes de 16 a 20 aeronaves. 

Em janeiro de 1970, um Laredo FAC chamou um F-4D para atacar um ponto de armazenamento de munição. Pediram um alvo pequeno. Designou uma posição de artilharia antiaérea de 37mm com foguetes. O F-4 pediu para subir e liberar para atacar. Um fez órbita para esquerda e outro disparou bem alto. O canhão foi destruído com a primeira Paveway disparada na guerra. Os designador laser foram usados pelo usado Night Owl, Laredo e Wolf.

Os Night Owl eram os F-4D da 8 TFW realizando FAC noturno. O programa iniciou em outubro de 1969. Os  Night Owl guiavam caças F-4D equipados com bombas guiadas a laser Paveway até os alvos. Os Night Owl levavam dois lançadores de flares, três lanca-foguetes e três bombas cluster. Os flares eram lançados randomicamente para evitar reparos de estradas.

 
Os testes com o F-4D para Fast FAC iniciou em Primeiro de janeiro de 1968. As aeronaves levavam um casulo de canhão, dois lançadores de foguetes e dois tanques extras. Cada base de F-4 na Tailandia que operava no Laos tinha seu próprio Fast FAC: os Laredo voavam de Udorn; os Wolf voavam de Ubon; os Tiger voavam de Korat. Cada um tinha uma área de responsabilidade e era a área de alta ameaça para os Slow FAC operarem. Os Stormy FAC e Gunsmokey FAC voavam com FAC como líder e outra F-4 de ala pesadamente armado para atacar os alvos encontrados. O trabalho do FAC podia ser apoiar ataques a trilha, salvar outspot s ou tropas de forças especiais operando na trilha.


Os A-37 foram testado com o "half-fast" FAC como parte da operação Combat Dragon voando sobre trilha como FAC. Em uma ocasião um OA-37 marcou o alvo com uma Mk82 e o piloto da aeronave de ataque perguntou por que chamou ajuda. Entre 1980 a 1982 cerca de 122 A-37B renomeados OA-37B para mostrar seu novo papel de FAC. Os OA-37B Dragonfly substituíram os O-2A da USAF no inicio da década de 80. Foram usados pela Guarda Aérea Nacional e Reserva Aérea. Foram retirados de serviço em 1992 e substituídos pelos OA-10A.

Os Fast FAC do USMC

No Vietnã havia três problemas para controle aéreo aerotransportado: identificar alvos, evitar fratricídio e aumentar a capacidade de sobrevivência das aeronaves dos FAC(A). Voar baixo e rápido em um Slow FAC era melhor para identificar alvos e evitar fogo amigo, mas pouco ajudava na sobrevivência. Voar alto e rápido era bom para aumentar a capacidade de sobrevivência, mas complicava a detecção e a identificação de alvos e aumenta o risco fratricídio. Era o compromisso do uso de jatos. Para atuar em um cenário de alta intensidade tinham que suprimir as defesas ou operar de modo a degradar a pontaria inimiga com jatos rápidos.

A guerra de guerrilha no Vietnã favorecia as operações de vigilância e reconhecimento. As aeronaves O-1 Birddog do esquadrão HMM-362 em Soc Trang fazia a missão em 1965 para o USMC. O Pentágono logo comprou aeronaves Cessna O-2A em 1967 para compensar a falta de aeronaves. Um ano depois entrou operação o OV-10 no esquadrão VMO-2.

A interdição na trilha e região costeira no Vietnã do Norte e a ameaça SAM e artilharia antiaérea guiada por radar fez o USMC abandonar o uso dos Slow FAC. O USMC iniciou o programa Fast FAC em 1966 com quatro jatos TF-9J Panther bipostos operando no esquadrão HMM-362.

Os Panther tinham como missão primaria a interdição aérea, mas também apoiavam as missões de apoio aéreo aproximado e apoio as operações especiais. Sem doutrina para guiar e treinar fez treinamento durantes as missões. A missão era chamada de Airborne Tactical Air Coordinator, ou TAC(A). Antes era feita pelo OV-10 devido a autonomia e sistemas de comunicações. Com o TF-9J substituindo o OV-10 então também fazia TAC(A), mas na verdade era a origem do Fast DAC (Deep Air Controller). A intenção era usar o TF-9J para controlar as saídas de interdição além da linha de apoio de fogo das tropas em terra. As aeronaves tiveram um bom desempenho até agosto de 1967 quando foram substituídos pelos TF-4F.

Em agosto de 1967, as missões de TAC(A) passou para os TA-4F. A missão passou para VR/TAC(A) adicionando o reconhecimento visual (VR), mas ainda sem procedimentos e treino formal. Em junho de 1969 receberam o código de chamada de "Playboy". A capacidade melhorou com a troca de pilotos com os F-100F Misty FAC da USAF que realizavam a mesma missão em pelo menos cinco missões cada. Em 1969, os "Playboys" criaram um manual e padronizaram a missão. Os TA-4F fizeram FAC no cerco de Khe Sanh mantendo os caças empilhados e organizando os ataques empilhando os caças que chegavam. Quando uma esquadrilha atacava as outras desciam um nível. Também apoiaram missões de bombardeio naval dos couraçados New Jersey e Iowa. As vezes eram ajudados pelos F-4.

Três TA-4F foram derrubados no Laos. No dia 19 de março de 1970 o piloto de um TA-4 foi atingido e o co-piloto tomou o controle e pousou.

Em setembro de 1970 as operações de Fast FAC dos Playboys foram canceladas. Os TA-4F do USMC voltaram em maio de 1972 para atuar como Fast FAC e ajuste de artilharia. No dia 26 de maio de 1972 um TA-4F descobriu um carro de combate próximo a Hue e metralhou. Na saída do mergulho foi atingido por um míssil SA-7. Os pilotos tiveram que ejetar no mar pouco antes de voltar para base.

Em agosto de 1972 o USS Hancock trouxe dois TA-4F que eram do USMC para atuar como FAC(A) operando com o esquadrão VMA-164. As aeronaves foram usadas para adquirir alvos e apontar com um designador laser portátil ALD para outras aeronaves do esquadrão. Desenvolveram táticas e técnicas para disparo em cenário de alta intensidade. Vários A-4F também levavam rastreadores laser com mira Ferranti para mostrar onde está o reflexo do laser (chamado sparkle) mostrando a posição do alvo na mira para apoiar ataques com canhões, bombas e foguetes. O designador podia estar com um FAC em terra ou no ar. Os alvos incluía pontes que foram atacados com sucesso.


Um TF-4F em missão de Fast FAC no Vietnã do Norte. O tripulante da frente pilota, navega e evita colisão enquanto o de trás observa.


Aviatin Art de um TF-4F controlando um ataque.


Os TF-9J levavam um casulo de foguetes Zuni com cabeça de guerra fumígena durante as missões de Fast FAC.

O sucesso limitado do Fast FAC da USAF foi atribuído a escolha ruim da aeronave. Os F-100F e F-4D não se comparavam com as qualidades do TA-4F com boa visibilidade, velocidade, autonomia, carga de armas e manobrabilidade. A USAF também demorou a acreditar no conceito Fast FAC. O USMC iniciou suas operações de Fast FAC já em 1966 com o TF-9J um ano a frente dos Misty FAC.

Um total de 23 TF-4F foi convertido para OA-4M para Fast FAC no Vietnã. Era praticamente um TA-4F com eletrônicos do A-4M. Os OA-4 foram substituídos em 1989 pelo F/A-18D na missão de Fast FAC.

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