FAC na Operação Desert Storm
 
Após a guerra da Coréia e do Vietnã, a experiência de Interdição Aérea dos Fast FAC da USAF foi perdida com foco em um conflito na Europa. O foco passou para sistemas como o ATACAMS, A-10, Apache e JSTARS, para derrotar a Rússia na Europa. A interdição do campo de batalha (Battlefield Air Interdiction - BAI) foi adotada como parte da doutrina “Airland Battle”.

As missões de interdição de campo de batalha seria para interditar o segundo escalão. Um cenário de alta ameaça e muitos alvos diminuiria o potencial dos Fast FAC. A detecção de alvos seria fácil com o JSTARS e as rotas da invasão eram previsíveis. Os pilotos podiam estudar o terreno antes e se familiarizar com o terreno amigo. A Guerra do Golfo em 1991 fez os comandantes mudarem rápido de foco novamente.

Apenas o USMC manteve o uso de FAC(A) com o OV-10 e OA-4M. O OA-4 foi substituído em 1989 pelo F/A-18D e atuaram juntos com o OV-10 no Golfo. O USMC também usaram os helicópteros AH-1 e UH-1  AH-1T/W e UH-1N como FAC(A), ou HeliFAC (helicopter FAC). A USAF usava os OA-37 mais como substituto de aeronaves Slow FAC como o O-2A e para cenários de baixa intensidade, e tiveram que usar os F-16 Killer Scout e OA-10.
 

FAC(A) do USMC

O USMC empregava o F/A-18D como Fast FAC, para controlar aeronaves de ataque. O termo Fast FAC iniciou no Vietnã e se refere a velocidade dos jatos comparado com as aeronaves mais lentas a hélice.

O atrito das forças iraquianas planejada para a operação Desert Storm era a razão de ser das missões dos Fast FAC. Bem antes do inicio da operação Desert Storm, foi percebido a necessidade do uso de FAC(A) pelo USMC. Os esquadrão VMFA(AW)-121 Green Knights receberam a missão de ser usado para FAC(A) por ser único esquadrão equipado com os F/A-18D biposto.

Os 12 caças F/A-18D Hornet enviados podiam fazer reconhecimento multisensor, apoiar a coordenação de arma como ataques aéreos, apoio de fogo naval, artilharia e CAP. Todos estavam equipados com FLIR. De dia usavam binóculos para localizar e identificar alvos e marcava com foguetes de fumaça. O Ala era um F/A-18 monoposto que faria escolta.

As tripulações se familiarizavam com o campo de batalha para facilitar o trabalho. A noite eram apoiados pelo NVG, FLIR e mapa móvel digital colorido. Atuaram como TAC e FAC(A), ou Fast FAC, identificando alvos a frente das tropas e cobrindo o campo de batalha 24 horas por dia para apoiar as missões de CAS. Faziam reconhecimento visual e tático no campo de batalha e atualizavam os comandantes em terra dos movimentos e posições inimigas. Foram 557 saídas do tipo, boa parte a noite, com nenhuma aeronave perdia e duas sofreram danos leves.

Os F/A-18D operavam mais em profundidade apoiando operações de ataque (Deep Air Support) enquanto os OV-10 atuavam mais próximos as tropas apoiando missões de CAS. Disparam 2.325 foguetes de fumaça e 27 mil tiros de 20mm. Na batalha terrestre os F/A-18D foram usados só para Fast FAC e voavam duas órbitas Fast FAC no KTO de dia continuamente na campanha terrestre. A noite um Fast FAC voava a cada 30 minutos em cada hora.

Os "Kill Box" foram a chave dos procedimentos dos Fast FAC do VMFA(AW)-121. Os F/A-18D voavam de dia em duas órbitas continuamente. A noite o Fast FAC era feito por trinta minutos em cada hora. O VMFA(AW)-121 era um esquadrão qualquer tempo (AW - All Weather), mas não tinha esta capacidade. Era bom a noite com uso do radar, FLIR e NVG sendo na verdade de ataque noturno (NA - Night Attack).

A decolagem do Fast FAC era programada para que os F/A-18D e sua escolta chegassem no "Kill Box" 15 minutos antes das aeronaves de ataque. Primeiro fazia reconhecimento visual para encontrar alvos. Se não identificava alvos, podiam descer mais baixo como no Vietnã. Usavam foguetes de fósforo Zuni de 127mm para marcar o alvo 30 segundos antes da chegada das aeronaves de ataque. As aeronaves de ataque voariam em órbitas acima.

Nas missões de reconhecimento armado, a aeronave localiza e destrói o alvo por contra própria. Esta missão não era realizada pelo VMFA(AW)-121 pois os F/A-18D não levava armas a não ser o canhão de 20mm.

No dia 23 de fevereiro, havia dois Fast FAC do USMC no Kuwait. A cada sete minutos, o DASC enviava aeronaves de ataque que eram empilhados em várias órbitas de CAS para o FAC terrestre das tropas em terra ou apoiados pelos OV-10. O excesso de CAS era passado para duas órbitas de CAS controladas pelos F/A-18D em um "Kill Box". No dia seguinte, foi iniciado a campanha terrestre. As aeronaves de CAS não usadas logo foram passadas para as órbitas de CAS no norte para ser usada pelos Fast FAC.

O USMC validou o conceito da USAF de preparar o campo de batalha. O resultado foi o medo iraquiano de ficar perto das suas armas e a chegada de suprimentos praticamente parou. Os prisioneiros até achavam que a guerra terrestre era desnecessária, pois em até duas semanas teriam que se retirar por problemas logísticos. O Fast FAC foi a chave deste sucesso.

Além da Fire Support Coordination Line (FSCL), o Fast FAC não controla CAS como um FAC terrestre típico por não ter tropas amigas no terreno. O Fast FAC controla as saídas de interdição para preparar o campo de batalha. Foi sugerido o termo Fast DAC, para Fast Deep Air Controller controlando as operações de interdição além da FSCL. O Fast DAC foi usado no Vietnã com sucesso e foi vital na operação Desert Storm, mas foram usados sem doutrina pela USAF e USMC. Sem papel definido não foi criado uma doutrina ou treinamento adequado. O termo DAS agora é de uso correntemente para as missões de interdição das aeronaves do USMC. Os Fast FAC da USAF também controlavam operações de interdição e não de CAS no Vietnã e Golfo. Então faziam Fast DAC.

Os OV-10 Bronco levados para o Golfo pelos USMC também realizaram a missão de FAC(A). Também foram usados para reconhecimento visual, reconhecimento com FLIR, reconhecimento armado, escolta de helicópteros, retransmissão de comunicações, observador de artilharia naval e terrestre e C2. Eram apoiados pelos Force Recon e Seals para indicar alvos. Os OV-10 cobriam três posições por 24 horas fazendo FAC(A) junto as tropas do USMC. Operavam junto com os AV-8B na base naval Rei Abdul Azizl. Os OV-10 voaram como FAC(A) dentro da FSCL. Devido as perdas iniciais ficaram restritos a voar em território amigo.

Os vinte OV-10 Bronco enviados voaram 482 missões no Golfo sendo 411 apoiando missões de CAS. Estavam equipados com FLIR e laser para designação de alvos. Os pilotos voavam uma missão por dia que durava cerca de 4 horas. Geralmente era uma patrulha na fronteira do Kuwait e Arábia Saudita para mapear as posições de tropas e posições inimigas.

Um OV-10 Bronco derrubado Golfo foi atacado por um MANPADS por trás, cerca de 7 km dentro do território inimigo. Na batalha de Khafji, foram os primeiros a detectar as colunas blindadas e chamar os A-6E. Nos primeiros dias da campanha aérea já localizavam posições de artilharia para ataque dos AV-8B Harrier. No segundo dia, um OV-10 foi derrubado e mudaram a zona para patrulha sem perdas. Na batalha terrestre havia sempre três Bronco apoiando o avanço do USMC durante 24 horas por dia, atuando como TACA e FAC(A).  No ataque ao aeroporto na cidade do Kuwait, outro OV-10 foi derrubado por um MANPADS.


Alguns OV-10 do esquadrão VMO-1 receberam camuflagem do deserto. Todos foram armados com mísseis Sidewinder para reagir a possíveis ameaças de MiGs. Em 1994 os OV-10 do USMC foram substituídos pelos F/A-18D Hornet e pelos helicópteros AH-1W e UH-1N nas missões de FAC(A). O modelo OV-10D com FLIR AN/AAS-37 eram 11 aeronaves. O FLIR dava capacidade noturna e era usado para designação de armas guiadas a laser, observação noturna e reconhecimento.


O "Ice Cub Tray" era um local no Kuwait usado pelos F/A-18D como referência para direcionar os AV-8B contra alvos no KTO.


Os AH-1W Super Cobra do USMC dispararam quase quatro mil foguetes, sendo metade de fumaça para marcar alvos.
 

F-16 Killer Scout

Em 17 dias após o inicio dos ataques aéreos, a USAF estava desanimada com os ataques dos F-16 em missões de reconhecimento armado nos "Kill Box". Os pilotos de F-16 não tinham condições de procurar alvos. O mau tempo atrapalhava muito as operações. As táticas de média altitude dificultavam a identificação de alvos e estavam atacando alvos já destruídos. Os alvos eram muitos, mas eram todos iguais. A precisão a média altitude era péssima. O pouco tempo na estação era insuficiente para identificar os alvos. A avaliação dos danos de batalha era péssima sem muita fotos. Os pilotos nem sabiam se atingiram os alvos devido a fumaça e ao mau tempo. O vento e a poeira do deserto não deixava os pilotos enxergarem a mais de 2 km de distância quando voavam baixo. Voando alto podiam ver mais facilmente e não tinha mesmo onde se esconder no deserto plano.

Os comandantes da USAF queriam melhorar a efetividade das aeronaves de ataque. Uma opção era diminuir a altitude de operação e se aproximar mais do alvo, mesmo com o preço podendo ser mais alto em termos de baixas. O problema era o mesmo do Vietnã e pensaram em usar os Fast FAC procurando alvos de oportunidade para resolver o problema. As aeronaves fariam vigilância aérea e controle de ataque em um local com ameaça de mísseis SAM significativa. Também fariam avaliação de danos de batalha. O conceito podia funcionar bem melhor no deserto comparado com a selva do sudeste asiático.  

Os lideres de esquadrilha passaram a gastar mais tempo tentando determinar a situação do alvo devido a grande destruição no KTO. Os iraquianos passaram a retirar os alvos destruídos das barricadas e colocar outro no local. Então era barricadas queimadas e parecendo destruído ao redor, mas não estava. Também com vários decoy no campo de batalha que pareciam reais a 20 mil pés.

O primeiro problema era ter que escolher a aeronave para realizar Fast FAC. O F-16 foi logo recomendado por ser rápido e ágil. Tinha boa capacidade de auto-defesa, bons sistemas de navegação e um radar bom. A Ala de Caças 388 (TFW) foi a unidade escolhida para realizar a missão por estarem equipados com os F-16CG Block 40, que era a versão mais avançada disponível e equipados com GPS. Tinha bons sistemas de navegação com auxilio de GPS. Os esquadrões que voavam a noite logo foram retirados da lista. Sobrou o 4o Esquadrão de Caças (FS) que tinha 16 pilotos qualificados como FAC(A), CAS, com experiência no A-10 ou ambos. Usariam pilotos experientes com a missão de identificar alvos já atacados na sua área de operação. Também validavam alvos "vivos" e indicavam para ataque.

O nome dado para a operação foi "scout" para diferenciar dos OA-10 que faziam FAC(A). Como marcariam os alvos com bombas Mk82, por não ter foguetes, foram chamados de "Killer Scout" (esclarecedores assassinos) por ser mais apropriado. Os fuzileiros chamavam de SCAR (Strike Coordination And Reconnaissance). O nome "Killer Scout" foi dado para diferenciar do "hunter killer" usado pelas aeronaves de supressão de defesas no Vietnã.

Os pilotos se queixavam que não tinham tempo suficiente para localizar e atacar seus alvos. Os planejadores da 388 TFW pensaram em tentar novas táticas para melhorar a aquisição de alvos. Manejariam a Hora Sobre o Objetivo (HSO), lançando uma esquadrilha antes dos outros para reconhecer  os alvos das esquadrilhas. A esquadrilha na frente informaria a situação do alvo e a condição do tempo para a próxima esquadrilha para que que detectassem e atacassem os alvos rapidamente. Queriam uma plataforma aerea para validar os alvos e até encontrar outros alvos. Gostaram da idéia e usariam o F-16 como FAC para controlar ataques contra a Guarda Republicana e fornecer o BDA. Os oficiais superiores já conheciam como os FastFAC foram eficientes no Vietnã.

Oito pilotos com experiência de FAC(A) ou A-10 voariam nas posições da Guarda Republicana e manteria a presença continua no local oito horas. Familiarizando com área continuamente, aumentaria a percepção e orientação das posições iraquianas. Notavam quando a unidade mudava a posição durante a noite e indicavam as áreas de concentração, bunkers de munição, pontos transposição, artilharia e sites de comunicações.

Os pilotos dos 388 TFW sugeriram três alternativas para melhoras os ataques, melhor inteligência com fotos atualizadas, aeronaves para designar alvos como o OA-10, ou melhorar a janela de tempo sobre o alvo, para ficar mais tempo sobre o alvo. O General Glosson recebeu reclamações de várias alas e podia dar fotos frescas. Dois OA-10 já tinham sido derrubados e não podia enviar a aeronave mais dentro do Iraque. Foi aprovado 3 de fevereiro com 388 TFW voando Killer Scout no dia seguinte.

Cada Pointer teria cinco coordenadas. Quatro seriam alvos e um seria um "dump".  Os primeiros quatro sairiam do REVO com o Pointer 01 a frente dos três. Investigariam os alvos se estava "quente" e outros ainda não viáveis. Passaria os alvos quentes. Depois as esquadrilhas Howler, Yorker e Rex passariam dois alvos e dispararam nos alvos quentes. A tática foi testada pela manhã com sucesso e virando o programa Killer Scout.

Então o 388th TFW propôs, desenvolveu e testou um conceito tático igual aos Fast FAC no Vietnã. O conceito tático era simples. Os Killer Scout validariam os alvos destinados aos F-16 nas ordens fragmentarias e encontrariam outros alvos lucrativos na área. Fariam controle indireto, coordenação de tráfico na área do alvo, alertas de ameaças, e atualizariam as coordenadas do alvo e fariam descrição do alvo para os caças chegando. Se o alvo for bom autorizaria o ataque. Se não for valido direcionaria para alvo de reserva. Nos próximos dias o esforço aumento de quatro para seis Kill Box cobertos simultaneamente. O esquadrão 4 TFS checou todos os pilotos na missão e 99% das missões do esquadrão eram Killer Scout.

Os Killer Scout ficaram responsáveis por identificar os alvos pré-programados e determinar as coordenadas com ajuda dos E-3 AWACS e ABCCC. As aeronaves tinham rádios para comunicação direta e controle de todos os caças na área. Os alvos respeitavam o conceito de "Kill Box". O conceito de "Kill Box" simplificava muito o desconflito e podia focar o poder aéreo onde era mais necessário.

Oito pilotos de F-16 foram logo escolhidos para atuar como Killer Scout. Conheciam os alvos, os caças destinados a missão e tinham mapas detalhados do local. Os Killer Scout atuavam em duplas com o Líder qualificado como FAC(A) e armado com seis bombas Mk-82. O Ala levava duas Mk-84 ou quatro-seis bombas em cacho MK20 Rockeye ou CBU-58.

Todos os pilotos do 4o Esquadrão de Caças foram checados para voar como Ala de piloto qualificado como FAC(A) na liderança. O Ala atuava com escolta como no caso dos F/A-18 monoposto dos Green Knights. O código de rádio era Pointer e era apropriado pois apontaria alvos para os caças. Os outros F-16 tinham código com nomes de cachorros.

Os Pointer em pares atuavam de 15 a 20 mil pés para evitar os mísseis SAM e artilharia antiaérea. Um elemento esperava no sul do Iraque e outro ficava em uma órbita central no Kuwait. A missão durava 4,5 horas com cinco REVO. Usavam binóculos para tentar detectar os alvos. Se detectassem alvos, determinavam as coordenadas ou bombardeavam passando as coordenadas para outra aeronaves.

A função do Ala é cobrir o líder procurando alvos com binóculos. Daria alerta de artilharia antiaérea, mísseis SAM e ameaça aérea. Com quatro CBU-58 o arrasto era grande e se descobre alvo logo inicia padrão circular acima e tentam disparar primeiro as quatro bombas de uma vez para economizar combustível. O líder mergulha e volta enquanto o ala vigia ameaças. Tem que iniciar a posição na roda com o outro subindo e se não ve indica altitude para evitar colisão.

A partir do dia 4 de fevereiro, 19o dia da guerra, oito F-16 do 388 FW iniciaram os vôos de "Killer Scout" com quatro elementos se alternando entre os "Kill Box" e as estações de REVO por oito horas. Orbitavam as posições da Guarda Republicana por cerca de uma hora e voltava depois de reabastecer.

No primeiro dia logo viram a importância dos Killer Scout e ficaram impressionados com a quantidade de armas iraquianas no deserto. Alguns alvos previstos nas ordens fragmentarias se moveram, com o abrigo onde estavam ficando vazio. Os FAC(A) encontraram novos alvos descobertos durante o reconhecimento visual como depósitos de munição, pontos de transferência, posições de artilharia e sites de comunicações e as missões de ataque não foram desperdiçadas.

Os F-16 decolavam em uma ou duas esquadrilhas armados com duas Mk84 ou CBU. Faziam REVO antes de entrar no KTO, contatava o FAC que descrevia os alvos antes de chegarem alguns minutos antes. Os Killer Scout pedia o HSO, por exemplo, 15 minutos, que era informado automaticamente com ajuda do INS. Quem chegava antes atacava primeiro. Os F-16 entravam a 30 mil pés e desciam a 20 mil na área do alvo.

Com muitos caças fazendo check-in, ficou complicado. Em um período de duas horas foram 120 caças atingindo alvos com controle dos Killer Scout. Nos intervalos voltaram para os alvos atacados para fazer avaliação de danos de batalha para ver se precisava de novo ataque. A avaliação de danos de batalha logo mostrou ser precisa.

As unidades de caças logo sugeriram expandir as operações dos Killer Scouts. Nos dias seguintes foram feitos pequenos ajustes nas operações dos Killer Scout como comunicações, "Kill Box" e fluxo de caças. Os Killer Scouts iniciaram o trabalho em 4-6 "Kill Box" por vez, cobrindo até 5.400 milhas quadradas. A cobertura era sobreposta por uma formação de duas aeronaves para cobrir estas áreas o dia inteiro. O conceito original era usar apenas oito pilotos para ser Killer Scout. Os Killer Scout logo passaram a cobrir três das áreas dos alvos simultaneamente sendo necessário 32 saídas de Killer Scouts por dia. Em três semanas 99% das missões do 4o Esquadrão eram do tipo Killer Scout.

Os Killer Scout trabalhavam como os F/A-18D do VMFA(AW)-121 localizando alvos nos "Kill Box". Atuavam mais ao norte do Kuwait fora do alcance do CAS cobrindo a ameaça maior nos setores da Guarda Republicana. A área de operação do FAC era dividido em "Kill Box" leste e oeste. Depois iniciaram os "Killer Scout" com os OA-10 operando sozinho fazendo reconhecimento visual e controle de ataque nos "Kill Box" próximo a fronteira com a Arábia Saudita.

Uma missão típica dos Killer Scout durava cinco horas e meia. A missão incluía três blocos de uma hora sobre o alvo e quatro REVO que consumia duas horas e meia. Após o primeiro REVO o Killer Scout ia para o "Kill Box" e contatava o Killer Scout já operando no local. Recebia alvos e atualização de ameaças. Depois assumia o controle da área e o outro Killer Scout partia para o REVO ou voltava para base. Os Killer Scout saindo reportavam dados de avaliação de danos de batalha para o ABCCC e aos outros Killer Scouts que seguiriam.

Os Killer Scout chegavam nos "Kill Box" 15 minutos antes das aeronaves de ataque para fazer reconhecimento visual. Preferencialmente operavam sempre no mesmo "Kill Box" para se familiarizar com o terreno e alvos. Os FAC já conheciam a área bem e pegavam os alvos mais facilmente. Passavam a detectar mudanças mais facilmente, mudanças de veículos e blindados, tentativas de camuflar e despistar, e chegada de novas unidades. Eram as mesmas táticas dos Fast FAC do Vietnã.

As duplas trabalhavam em uma altitude de 15 a 30 mil pés. Voando a média altitude eram auxiliados por binóculos na busca dos alvos. Desciam apenas para investigar alvos ou ameaças. O binóculos era o sensor primário para identificação de alvos. O FAC(A) voava com auxilio do piloto automático em uma curva suave e usa o binóculos para encontrar alvos. Os Killer Scout logo perceberam que os iraquianos usavam muitos alvos falsos. Também passaram a cavar mais fundo.

A noite usavam NVG e aproveitaram o FLIR de navegação mostrando as imagens no HUD. Queriam mesmo era um FLIR apontado por mira no capacete. Com o LANTIRN pegavam alvos "quentes" facilmente no meio dos veículos desligados. Os iraquianos usavam apenas um blindado para aquecer e economizar combustível.

O radar com modo MTI (Moving Target Identification) foi usado para localizar alvos móveis e era eficiente em mau tempo. Os killler scout passavam as coordenadas para aeronaves que usavam radar para atacar a média altitude. A tática foi muito usada contra as forças iraquianas fugindo do Kuwait com o mau tempo.

Quando as aeronave de ataque entram no "Kill Box" fazia check-in com o ABCCC e o Killer Scout trabalhando no "Kill Box". Sem contato continuava para o alvo secundário.

O FAC descrevia os alvos antes de chegarem alguns minutos antes ou até 150 milhas de distância. O FAC pedia o tempo até o alvo, por exemplo 15 minutos, e a informação era dada automaticamente com ajuda do INS. Quem chegava antes atacava primeiro. As aeronaves de ataque entravam a 30 mil pés e desciam a 20 mil na área do alvo. Os FAC atuavam como guarda de trânsito controlando várias ondas de F-16 indo e vindo na região.

Se os alvos pré-planejados eram validados os FAC(A) marcavam o alvo e autorizava o ataque. Disparavam bombas Mk82 dois minutos antes do tempo sobre o alvo das aeronaves de ataque. Se o alvo não era valido passava para outro mais lucrativo descoberto durante o reconhecimento visual.


Um Killer Scout apoiando um ataque de um "killer bee" (abelha assassina) que pode ser um F-16 ou um A-10. Os Killers Scout monitoravam o KTO de dia e o JSTARS vigiava a noite. Usavam binóculos para identificar os alvos, mas os alvos falsos eram efetivos. Enquanto no Vietnã era o presidente Johnson que escolhia os alvos, na Operação Desert Storm era um capitão em um Killer Scout.

Nos ataques usavam a formação "shooter-cover" quando uma aeronave rolava a grande altitude e dispara as bombas em mergulho em um ângulo de 20-24 graus. O Ala continuava voando alto e buscava ameaças durante o ataque e subida do Líder. O líder geralmente usava bombas Mk-82 e o Ala bombas em cacho ou Mk84. O Ala podiam suprimir a ameaças, marcar alvos ou destruir alvos. As aeronaves levavam o mínimo de armas para aumentar a autonomia.

As táticas melhoraram com o passar do tempo. Os Killer Scouts Líder buscavam alvos e controlavam as aeronaves de ataque enquanto o Ala voava "fluid tactics", buscando ameaças e era o back-up no rádio. O Ala ditava as manobra evasivas contra ameaças não vistas antes, indicava conflito de trafego e indicava alvos não vistos pelo líder.

Inicialmente eram pacotes de ataque grandes. Com a supressão de defesas funcionando, passaram a operar em dupla ou quatro aeronaves. Os Killer Scout logo aprenderam que era difícil trabalhar e evitar o envelope de mísseis SAM ao mesmo tempo. O conceito de evitar ameaça também consistia em ponderar a ameaça como no caso dos F/A-18D. A ameaça SAM na área automaticamente era o alvo primário, e como o Pointer levavam armas podiam atacar a ameaça.

Um SA-2 que atacou um B-52 sem sucesso na área foi observado durante o disparo por um Killer Scout e logo foi atacado. Outras três esquadrilhas atacaram o mesmo alvo. A tática pareceu funcionar pois em três dias os disparos de mísseis SAM cessaram no "Kill Box". A ação da artilharia antiaérea também diminuiu. Se o "Kill Box" tivesse muito radar ativo chamavam as aeronaves de supressão de defesas contatando o AWACS primeiro.

Com a supressão de defesas funcionando as aeronaves puderam fazer várias passadas nos "Kill Box" continuamente para encontrar armas. A tática contra a artilharia antiaérea era voar rápido e mudar de direção rapidamente. Puxavam 4-5 g´s constantemente e com velocidade sempre acima de 450kts. Sem alertas no RWR podem fazer curvas de apenas 2 g´s. Se for atacar as passadas eram realizadas de várias direções.

O 614 TFS também voaram missões "sam killer" na área de Basra e Kuwait. Eram quatro F-16 caçando um site SAM particular e o destruíram. O problema eram os dados imprecisos e ameaça de um site ativo próximo.

A carga inicial de contramedidas era de 60 chaff e 30 flares e depois passou para 90 chaff e 15 flares. Os veteranos do Vietnã voltavam para a base sempre supersônico como no Vietnã e eram seguidos pelos outros. Faziam REVO na volta. Na fronteira subiam e iniciavam uma série de contrail depois da fronteira.

A função secundária dos Killer Scout seria detectar o avanço rápido das tropas terrestres amigas na Fire Support Coordination Line (FSCL) evitando fogo amigo. Na campanha terrestre os Killer Scout foram usado para desconflito entre as forças terrestres e aéreas e prevenir fogo amigo. As tropas se moveram rápido ou cerca de 35 km/h nas tropas de frente. Os caças lançados uma hora antes podiam atacar estas forças que agora estavam nos alvos. O avanço blindado rápido em Jaliba foi detectado pelos Killer Scout pois o avanço da 24a Divisão de Infantaria estava bem a frente da FSCL. O contato com rádio com as tropas facilitava a missão. Também passavam informações sobre a linha de avanço. A campanha terrestre também aumentou a ameaça de mísseis SAM e artilharia antiaérea.

O uso de FAC em terra foi uma das técnicas para evitar fratricídio no Golfo. Criaram zonas onde só atacavam com controle de FAC em terra. Depois estavam livres a frente da FSCL. Foram dois blindados atacados por engano, mas a aviação atacou cerca de 10 mil veículos inimigos. Foram mais de 45 mil ataques próximo as tropas com pouco fogo amigo. A maioria ocorreu a noite quando é mais difícil identificar os alvos. No ar foram mais de 3 mil saídas ar-ar sem fratricídio. 

Os Killer Scout foram considerados capazes de aumentar a efetividade da força de F-16 em 3-4 vezes sendo considerado efetivo em encontrar alvos validos no deserto. O BDA dobrou. Desviando caças pesadamente armados para local de bom tempo também aumentava efetividade pois não tinham muita autonomia para encontrar alvos. Os Killer Scout foram responsáveis por parar a Guarda Republicana de dia. Fizeram as tropas iraquianas ficarem imóveis e só apanhando. Os iraquianos se moviam a noite e eram detectados por caças noturnos, bombardeiros e pelo JSTARS.

A função secundária dos F-16 Killer Scout seria detectar o avanço rápido das tropas terrestres amigas na Fire Support Coordination Line (FSCL) evitando fogo amigo. Na campanha terrestre, os Killer Scout foram usados para controle de trafego entre as forças terrestres e aéreas e prevenir fogo amigo. As tropas se moveram rápido ou cerca de 35 km/h nas tropas de frente. Os caças lançados uma hora antes podiam atacar estas forças que agora estavam nos alvos. O avanço blindado rápido em Jaliba foi detectado pelos Killer Scout pois o avanço da 24a Divisão de Infantaria estava bem a frente da FSCL. O contato com rádio com as tropas facilitava a missão. Também passavam informações sobre a linha de avanço para o comando central como o TACC. A campanha terrestre também aumentou a ameaça de mísseis SAM e artilharia antiaérea.

O treinamento dos Fast FAC foi durante o próprio trabalho tanto no Vietnã quanto na operação Desert Storm. O conceito passou a ser institucionaliza com doutrina, treino, táticas e equipamentos. Depois todos os Esquadrões de F-16 passaram a ter seis pilotos treinados como Killer Scout e todos os pilotos tem contato com a missão na qualificação inicial.

OA-10

A 602 Tactical Air Control Wing estava equipada com 15 aeronaves OA-10 para FAC no Golfo. Eram os Nail FAC do 23 TASS. O esquadrão tinha pilotos, Air Liaison Officer (ALO) e controladores em terra trabalhando junto com US Army para encontrar e marcar alvos.

Os OA-10 marcaram 3 mil alvos disparando 2.748 foguetes de fumaça e 16 mil tiros de 30mm para marcar os alvos nos "Kill Box". Os alvos eram atacados pelos A-10, F-16, A-6 e F/A-18. Também podiam usar o próprio canhão para atacar. Atuavam junto com um FAC em terra e oficiais de ligação em missões de apoio aéreo aproximado. Levavam bombas MK82 e podiam atacar alvos.

Os OA-10 atuavam a 10 mil pés adquirindo alvos. Os pilotos treinavam para atuar a baixa altitude, mas no Golfo foi só a média altitude. Iam para os Kill Box e caçavam alvos por 30 minutos, mas com uma lista de alos potenciais para verificar. Detectavam os alvos com dificuldade e era difícil diferenciar um alvo verdadeiro de falso e de vazio. Alguns pilotos usavam binóculos para identificar os alvos, mas a vibração atrapalhava. Atuavam sozinhos ou em duplas para apoio mútuo. Como eram poucos OA-10 então voavam mais sozinhos.

Dois OA-10 foram derrubados. Eram mais vulneráveis nas passadas baixas para identificar os alvos. Podiam descer na zona de engajamento da artilharia antiaérea e MANPADS a 4-6 mil pés ou esperar os caças chegarem para dar cobertura. Na primeira opção, dois OA-10 foram derrubados. Na segunda opção desperdiçavam tempo, mas era a conduta usada sempre em áreas bem defendidas.

Foi o primeiro teste em combate dos OA-10 que realizaram 656 missões de FAC(A), incluindo controlando missões de CAS. Os OA-10 também faziam reconhecimento meteorológico para o ABCCC direcionar os FAC(A) para as regiões com bom tempo. Os A-10 também fizeram CSAR com o código de chamada "Sandy".


Os OA-10 tinham permissão para voar mais baixo, a cerca de 8 mil pés, para identificar alvos.

A USAF reaprendeu muitas lições do Vietnã no Golfo. Uma era que os Slow FAC voando baixo não sobrevive a ameaça de mísseis SAM. Os OV-10 e OA-10 deveriam ser restritos a FAC(A) e não ir além da FSCL. Com a ameaça SAM diminuindo os A-10 passaram a atacar os escalões mais a retaguarda e dez A-10 foram perdidos ou gravemente danificados em dois dias. A idéia logo foi abortada e liderados depois pelos Killer Scout com os F-16. Os A-10 passaram a se concentrar nas missões de CAS com os F-16 voando bem além da linha de frente fazendo interdição do campo de batalha. O USMC também teve o mesmo problema evitando que os OV-10 voassem mais ao Norte após perder uma aeronave. Durante a campanha terrestre um OV-10 e um OA-10 foram derrubados.

Outra lição era a carga de armas dos Fast FAC. Um estudo de 1973 já mostrou que deveriam levar armas para atacar alvos de oportunidade de alto valor ou alvo móveis. Os F/A-18D não levava armas externas e era um problema quando encontravam alvos lucrativos e não havia aeronaves de ataque próximas para apoiar. A única opção era metralhar e entrar na zona de engajamento da artilharia antiaérea e mísseis SAM. Um F/A-18D foi atingido por um MANPADS no dia 21 de fevereiro nesta circunstância. Voltou para a base em Shaikh Isa, mas mostrou que precisava de armas melhores.

 

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