FAC(A) em Kosovo


A intervenção aérea da OTAN em Kosovo e na Sérvia tinham como objetivo parar a limpeza étnica contra os kosovares albaneses e diminuir a capacidade das forças armadas sérvias de continuar as operações ofensivas contra eles. Os apelos diplomáticos não conseguiam influenciar o Presidente Milosevic a parar estas operações e a coerção militar estava se tornando cada vez mais necessária.

O planejamento das operações contra a Sérvia iniciou com intensidade em maio de 1998 e a OTAN já planejava uma operação aérea por fases. Seriam ataques punitivos, mas logo passou para alvos fixos do III Exército sérvio desdobrado em Kosovo. O objetivo era dissuadir os sérvios.

Os comandantes da OTAN sabiam que para derrotar as forças servias tinham que atingi-las no solo. Primeiro tinham que conseguir superioridade aérea. Outro problema é que não havia tropas amigas para indicar alvos ou passar sua posição. Assim foi iniciado a operação Allied Force (OAF) que faria ataques aéreos na Servia e no Kosovo.

As operações iniciaram com ataques progressivos a Sérvia. Os planejadores consideraram uma lista de 100 alvos para o primeiro ataque sendo que apenas 50 foram liberados ou o suficiente para três dias de ataques. Eram alvos de C2, instalações militares, abrigos reforçados de aeronaves, aeronaves, bases aéreas e IADS. Eram alvos com pouco risco de causar dano colateral. O primeiro ataque foi realizado por 214 aeronaves sendo que 112 eram americanas.

Havia 40 mil tropas Servias em Kosovo como parte do Terceiro Exército com centenas de blindados (135 a 500) e peças de artilharia protegidos por mísseis SAM, MANPADS e artilharia antiaérea. Entre eles havia uma população de um milhão de kosovares albaneses. O problema de detectar e identificar alvos logo iniciou. Era fácil entrar e sobrevoar a região, mas detectar as tropas sérvias era outra história.

Nas operações de combate no deserto com linha frente bem definida era bom para um Fast FAC atuar como foi na Guerra do Golfo. Na selva, montanhas e em locais muito populosos já favorece os Slow FAC. Em Kosovo era ruim para o FAC(A) operar em qualquer plataforma. Era um local montanhoso e com muita vegetação que escondia alvos e civis. As defesas no local eram intensas.

No dia 30 de março, seis dias após iniciar as operações, foram autorizados os ataques contra as forças sérvias em Kosovo. O mau tempo permitiu iniciar as operações só no dia 6 de abril. A principal plataforma de FAC(A) que operou na região foram os A-10 da USAF. Até o dia 9 de junho de 1999 foram mais de 1.000 saídas A-10. As outras plataformas FAC(A) foram os F-16CG, F-14D da US Navy e os F/A-18D do USMC.

A-10 FAC(A)

Os A-10 deslocados para a região faziam parte do 81st Expeditionary Fighter Squadron (EFS) baseados em Gioia del Colle na Itália. Os A-10 do 81o EFS operavam na região desde 1993. Estavam equipados com NVG para operar a noite. Depois também foram ajudados pelos F-16CG do 31 FW (Ala de Caças). A força passou para um total de 15 aeronaves no inicio das hostilidades.

Inicialmente fariam apenas resgate de combate (CSAR), mas os pilotos convenceram os superiores a fazerem também FAC(A) diurno com os F-16CG fazendo FAC(A) noturno. A função dos A-10 em Kosovo atuando como FAC(A) era encontrar e destruir as forças servias. Os esquadrões de A-10 tem pilotos qualificados como FAC(A) treinados em reconhecimento visual e controle de ataque. Outros pilotos são qualificados em CAS e/ou CSAR. Os FAC(A) seriam apoiados por aeronaves de reconhecimento fotográfico e pelos E-8 JSTAR.

Os A-10 em função de FAC(A) atuaram no Kosovo Engagement Zone (KEZ) que cobria todo o Kosovo e sul da Sérvia. Os pilotos qualificados em CSAR cobriam também as outras regiões da Sérvia. Os pilotos veteranos acharam mais difícil que a operação Desert Storm devido ao terreno e mau tempo, presença de civis, muitas áreas urbanas e as regras de engajamento exigentes.

Com o desenrolar das operações foram deslocados aeronaves A-10 de cinco esquadrões para duas bases como parte do 40th Expeditionary Operations Group (EOG). Eram 15 aeronaves do 81o FS, depois mais três de outros esquadrões e foram para Gioia del Colli. Faziam alerta CSAR inicialmente. Mais cinco A-10 foram recebidos do 74o FS como reforço. Os pilotos vieram de outros esquadrões incluindo pilotos qualificados como FAC(A) e CSAR. Com a intensificação das hostilidades foram recebidos mais 18 aeronaves para o 104th EOG vindos dos esquadrões de caça 103, 172 e 190 da Guarda Nacional (ANG). Foram baseados em Trapany na Sicilia a partir de 18 de maio. Os esquadrões foram divididos com pilotos diurnos ou noturnos. Os destacamentos CSAR operavam o dia inteiro. O total de aeronaves A-10 descolados para a região foram 23 da USAF mais 18 da ANG.

Os A-10 foram projetados para missões CAS melhorando a capacidade e experiência com os A-1E Skyraider no Vietnã. Era rústico, tinha bom tempo de espera e levava muitas armas. Era ideal também para CSAR. Foram os A-10 que ajudaram no resgate dos pilotos do F-117 e F-16CJ derrubados na Sérvia. Foram apoiados por aeronaves de supressão de defesas e guerra eletrônica. Os OA-10 foram os substitutos dos OA-37B que antes eram usados para FAC(A).

Até a Guerra do Golfo os pilotos dos A-10 só treinavam contra a ameaça blindada soviética na Europa em um cenário de alta intensidade, ou seja, CAS a baixa altitude coordenado com o Exército durante o dia. Também fariam um pouco de interdição aérea. Até 1995 tinham missões separadas de FAC(A) com base em esquadrão de OV-10 e OA-37. Depois era a mesma missão juntas no mesmo esquadrão.

Em 1991 realizaram a missão separada em um esquadrão (TASS). Testaram táticas a média altitude e noturno nos exercícios Air Warrior I de alta intensidade com unidade de manobra e Air Warrior II com cenário de baixa intensidade e guerra urbana.

As missões de interdição profunda (AI - Air Interdiction) seria feita contra pontes e depósitos de munição e BAI (Battlefield Air Interdiction) contra o segundo escalão das forças móveis do Primeiro Escalão. Em Kosovo a maioria das missões foi AI ou apoio a AI. Não realizaram nada de CAS e apenas alerta CAS.

FAC(A) é o termo genérico para direção de missões de apoio aéreo ofensivas em proximidade com tropas em terra. Pode ser aproximado e na retaguarda (rear control) com centro de comando em terra ou em uma aeronave ABCCC. O FAC também pode atuar em terra ou no mar.

Os "Killer Scout" são usados em missões sem tropa em contato, em papel de reconhecimento armado, e marcar o alvo para aeronaves de ataque dedicado em zona geográfica (kill box). A comunidade de A-10 usa o termo Air Strike Control (ASC) em qualquer circunstância no lugar de FAC(A) e Killer Scout. Aqui será usado FAC(A).

O primeiro papel do FAC é conhecer a situação em terra em detalhe, incluindo a intenção do comandante em terra e os objetivos no dia. Tem que identificar alvo para evitar fratricídio e civis. O trabalho do FAC(A) é difícil tendo que julgar dados de vários fontes, usar mapas na cabina, usar recursos táticos, manter a consciência da situação, voar a aeronave, tudo isso com muita demanda. Antes de decolar o FAC(A) estuda a área do alvo, as aeronaves que irá controlar e armas disponíveis. No ar checa com AWACS e ABCCC, para atualizar a situação em terra e no ar. Próximo da área do alvo contata o FAC em terra e organiza a lista de alvos com aeronaves de ataque.


Os A-10 atuaram no Kosovo como FAC(A).

F-16 FAC(A)

Mais dois esquadrões de F-16CG operando em Aviano e dois esquadrões de F-14B/D do USS Theodore Roosevelt também fizeram FAC(A). Estas aeronaves usavam casulos LANTIRN para indicar alvos. Durante a Guerra do Golfo a USAF voltou a usar os Fast FAC quando os F-16CG do 4th Tactical Fighter Squadron iniciaram as missões "killer scout". Tiveram pouco treino formal em FAC(A) mas operaram com sucesso mostrando que o F-16 podia ser usado para FAC(A).

A experiência dos F-16 com FAC(A) na região iniciou bem antes. Os esquadrões de caça 510 e 555 voaram FAC(A) na Bósnia em 1995 com apoio dos casulos LANTIRN. Graças a tecnologia um esquadrão com FAC(A) podia reagir mais rápido para missões contra alvos críticos em relação ao tempo (Time Critical Target).

Em fevereiro de 1995, 17 pilotos de F-16 foram para o Arizona para serem qualificados como FAC(A) junto com os OA-10. Os primeiros eram instrutores experientes e alguns eram graduados na Escola de Armas de Caças (FWS). Todos eram voluntários.

Os instrutores dos OA-10 acharam engraçado a idéia de fazer FAC(A) a média altitude com uma aeronave rápida e em uma cabine apertada como a do F-16, mas FAC(A) é uma missão e não uma aeronave específica. O trabalho iniciou com 17 horas de aulas teóricas. Tiveram apenas que modificar o treinamento com foguetes. Primeiro treinaram nos F-16D biposto com o instrutor do OA-10 no banco de trás. Os instrutores acharam difícil manter o alvo a vista, com menor tempo de espera e espaço na cabine insuficiente para colocar tudo necessário.

Os pilotos tiveram que aproveitar as capacidades do F-16 como melhores aviônicos e a disponibilidade do LANTIRN. O F-16 podia desacelerar e acelerar rápido e tem potência até para subir na vertical. Voar alto e rápido era a melhor proteção. Voavam a 400 nós abaixo de 10 mil pés e 350 nós acima. Era uma velocidade adequada para reação defensiva e contramedidas e ainda era lento o suficiente para localizar e identificar alvos.

O LANTIRN permitia ver alvos do alto e o GPS ajudava a determinar as coordenadas exatas. O radar também era útil. Um FAC(A) tem que encontrar alvos e o OA-10 só tinha os olhos. Os F-16 encontravam instantaneamente com boa consciência da situação. Com os pilotos ficando experientes em FAC(A) passaram a usar menos o pós-combustor e economizam combustível para aumentar a autonomia.

Os tripulantes tiveram que se organizar para usar bem o pouco espaço na cabine. Os mapas diminuíram de tamanho para diminuir a quantidade de papel. O mais difícil foi achar um local para guardar o binóculos e tiveram que remover o descanso do pulso direito. Usavam muito velcro e até no HUD para guardar as fichas de checagem. Os FAC(A) usam muitas anotações e geralmente escrevem no canopy. Isso era proibido no F-16 e tiveram que levar mais pranchas nas coxas. Fizeram a mesma missão dos OA-10, mas de forma diferente. Com o tempo os instrutores passaram a ser pilotos de F-16 qualificados como FAC(A). Ensinar também faz aprender mais e melhorou ainda mais o desempenho.


Nas operações na Bósnia em 1995 os F-16CG atuando como FAC(A) usavam dois AMRAAM, dois lançadores de foguetes LAU-131 com sete foguetes de fósforo Mk-66 "Willie Pete", uma ou duas GBU-12 Paveway, um casulo de guerra eletrônica ALQ-131, um casulo LANTIRN e dois tanques externos de 370 galões. Na época ainda usavam os foguetes de fósforo. As vezes era o único meio para fixar um alvo difícil de ver em coordenação com FAC em terra (em Kosovo não tinha GFAC). Alguns caças não tinham casulos de designação de alvos ou rastreador laser (Laser Spot Tracker) mas todos falam "foguetês". Foguete também intimida e pode prevenir reação. No Kosovo os F-16 do 555th FS realizaram missões de FAC(A) e também de interdição do campo de batalha, patrulhas de combate aéreo e defesa aérea.

O Ala Caça 31 (31th FW - Fighter Wing) voou em Kosovo com os esquadrões 510 Buzzard e 555 Triple Nickel. Entre as missões estavam voar como FAC(A). Os pilotos já tinham treinamento em FAC(A) anteriormente e também FAC(A) noturno com apoio do NVG, mas não para operar a média altitude e sim a baixa altitude. O LANTIRN era inadequado para encontrar e identificar alvos a média altitude. Também não estavam preparados para atuar com outros meios de reconhecimento e vigilância.

Os pilotos de F-16 qualificados como FAC(A) voam 96 saídas por ano sendo 10 missões na função para treinar táticas, mais oito de ataque a baixa altitude e inclui o disparo de 18 foguetes. O treinamento sobre CSAR e OSC (On-Scene Command) era apenas teórico e uma vez por ano. O treinamento mostrou ser bem inadequado pois durante as operações no KEZ voavam 50% das missões como FAC(A), a grande maioria a noite, e a maior parte das armas eram foguetes para marcar os alvo. Só atacaram a média altitude com bombas Paveway ou marcaram alvos e nunca a baixa altitude. Nunca treinaram antes com o UAV Predator e tiveram que aprender durante a batalha.

O LANTIRN foi muito usado e tinham muitas limitações. Era difícil identificar os alvos no local pois foi originalmente projetado para atacar alvos fixos e grandes. Os pilotos tinham que comparam as imagens com fotos e de imagens de alvos já validados. Em vídeo maior em terra era mais fácil identificar alvos em terra, mas a tela do F-16 era muito pequena. A imagem do vídeo gravada não podia ser repetida no ar. Queriam poder gravar e rever depois a distância e em segurança. Os pilotos sentiram falta de um Laser Spot Tracker (LST) para saber onde outras aeronaves estão fazendo pontaria com seu laser ou outro FAC(A) ou UAV estava apontando.

O NVG foi bom para orientação noturna sem olhar os instrumentos. Podia ver veículos e até a luz mais fraca a noite e facilitava saber onde os casulos estavam apontado o laser. Permitia detectar o disparo da artilharia antiaérea e de mísseis SAM a noite sendo até melhor que visualmente de dia. As aeronaves podiam ser modificadas para as luzes superiores serem visíveis aos pilotos com NVG.

Com o datalink IDM podiam contatar com outros F-16 também equipados e mostrar suas posições e passar alvos que eram mostrados automaticamente no MFD. Pode receber mensagem completa de TACP, mas o IDM não pode receber dados de meios de Comando e Controle, aeronaves de vigilância e nem enviar.

F-14 FAC(A)

Os Tomcat do esquadrão VF-14 e VF-41 foram informados que realizaram missões de FAC(A) e reconhecimento armado no KEZ no segundo dia operações (7 de abril). Os pilotos tinham pouca experiência neste tipo de missão. Apenas seis tripulantes em cada esquadrão tinha treino como FAC(A) e era pouco treinamento. Os F-14 foram bem adaptados para missões de ataque, mas nunca operaram como FAC(A). Tiveram sucesso em bombardeio na Operação Desert Fox, mas não faziam FAC(A) ainda.

Os F-14 voavam em seções sendo um como escolta. Cada aeronave estava armada com quatro bombas para atacar alvos ou marcar para outras aeronaves. Usavam NVG a noite, casulo LANTIRN LTS de dia e a noite, e podiam transmitir as imagens do LTS para outro cocpkit ou base. Usavam chaff para enganar radares e o ALR-67 para informar se estavam sendo iluminados. A vantagem do F-14 em relação ao A-10 e F-16 que atuaram como FAC(A) era a melhor resolução dos vídeos na cabine do RIO (operador de sistemas) facilitando em muito a identificação de alvos, além de dois rádios e dois tripulantes.


Os F-14B/D Bombcat foram usados em Kosovo (1999) como FAC(A) e tiveram ótimo desempenho devido aos dois tripulantes, ao longo alcance e ao casulo LANTIRN LTS equipado com GPS, tendo voado cerca de 50% das missões como FAC(A) durante o conflito.

Missões de Pacote no KEZ

O conflito de Kosovo foi a primeira vez que um FAC(A) comandou um pacote de ataque. Os A-10 com pilotos qualificados como FAC(A) atuavam como comandantes de missão (Mission Commander). Os pacotes eram formados por cerca de 40 aeronaves com apoio de escoltas de caças (CAP) e supressão de defesas (SEAD). Os pacotes tinham oito aeronaves A-10 em quatro elementos sendo dois no leste e dois no oeste do KEZ. O KEZ foi dividido em dois com área para entrar e sair. Os FAC(A) nos A-10 tinham responsabilidade pela destruição de mais forças servias que outros meios.

Foi o primeiro teste em combate de FAC(A) operando com dupla de A-10. Ao invés de dois tripulantes em uma aeronave dos Fast FAC, eram duas aeronaves monoposto com apoio mútuo. O líder de elemento de A-10 era qualificado como FAC(A) e seria o comandante de missão.
O MC (Mission Commander) atua como líder de elemento, faz as tarefas de FAC(A) e coordena as forças de SEAD, CAP, jammer, coordena o espaço aéreo e reajusta a contingências que aparecem na missão. Os A-10 já tinham lideraram pacotes antes em exercícios, mas não em combate, com um tamanho tão grande e com aeronaves da OTAN. Já os F-16 tinham treinamento anterior e realizavam a mesma missão a noite.

A função do Ala do FAC(A) é dar alerta visual para o líder e outras aeronaves de ataque, faz back-up de comunicações, apoio de fogo e auxilia o FAC(A) em outras tarefas. O Ala fica atrás a cerca de 2km, mais alto e do lado. Avisa sobre o lançamento de mísseis SAM para o Líder e aeronaves de ataque, mas os MANPADS eram difíceis de ver e muito rápidos. Mal dava tempo de avisar para lançar flares. O Ala pode atacar os alvos encontrados se as aeronaves de ataque falharem ou estiverem longe. Se o Ala fala que está "blind" é por ter perdido contato com o Líder. É uma situação comum e se não perde contato então o Ala não está cobrindo as ameaças em terra como nos ataques e fica sempre olhando para o líder. O Ala não faz navegação que é tarefa para o FAC(A).

Os pacotes eram formados por 40-50 aeronaves como o F-16, F-15E, AMX, F-14, F/A-18, Harrier GR.7, B-1B, B-52, AC-130, Tornados, Mirage 2000, Jaguar, Super Etandard, e aeronaves de supressão de defesas como os F-16CJ, EA-6B e Tornados ECR. As aeronaves de apoio incluíam os J-STARS, aeronaves AWACS, ABCCC, Rivet Joint e aeronaves não tripuladas Pretador e Hunter. A escolta de caças podia se feita pelos F-16AM da Holanda ou pelos F-16CJ de SEAD. Os EA-6B faziam escolta de interferência eletrônica (jammer).

Pacote costuma incluir aeronaves de supressão de defesa como quatro F-16CJ (código Wiesel), dois EA-6B (tron), dois Tornados ECR (shooter) e aeronaves de ataque como o F-16AM (speedy) e AMX (blade) que voavam entre18 a 20 mil pés em espera no chamado CP A (Control Point). Outras aeronaves ficavam mais distantes (no CP B) como os EF-18 (Toro). Os Predator podiam estar operando próximo e bem mais baixo.

Os A-10 testaram táticas de ataque com os Apache estacionados na Albânia, mas os helicópteros não estavam adaptados para o cenário de 360 graus do KEZ.

Os A-10 de FAC(A) também fariam CSAR se alguma aeronave do pacote fosse derrubado para diminuir o tempo de resposta comparado com o alerta de CSAR em terra. Um destacamento de três A-10 foram para Taszar na Hungria para alerta CSAR.

Os pacotes operariam por um tempo de vulnerabilidade (VUL), ou janela de ataque, de três horas no KEZ. Na primeira semana apenas um pacote atuava no KEZ entre 6 e 9 horas. Com o sucesso aumentou para dois pacotes com os F-16CG com FAC(A) ajudando. Os sérvios adaptaram se escondendo e esperando irem embora para atacar os civis. Logo a pressão aumentou para cobrir todo o dia. No fim de abril eram 18 horas de operações divididos em pacotes de três horas. Os F-14 atuando como FAC(A) diurno vieram para ajudar. Os 18 A-10 da Guarda Nacional chegaram logo depois. Havia uma brecha no pôr e nascer do sol devido a falta de escolta de SEAD e EW. A noite os F-16CG faziam FAC(A) com apoio de aeronaves A-10 e Harrier GR7 para ataque e equipados com NVG. Os F-16CG faziam algumas janelas de dia e janela de 2-3 horas de CSAR noturno. A próxima ajuda foi dos F/A-18D do USMC também em Taszar com um esquadrão completo no fim de maio. No fim de maio o bom tempo acelerou os ataques.

Os pacotes comandados por A-10 eram formados por oito A-10 divididos em duas duplas lançadas primeiro e que cobririam os primeiros 45 minutos dos Vul em cada setor leste e oeste. Depois seriam substituídos por outras duas duplas quando vão para o REVO. Os Vul após o REVO era de até 60 minutos e os da volta de 45 minutos. As duplas se revezam para cobrir os Vul até chegar a 3 horas de operações.

O tempo no Vul dava para voltar para o REVO e se ocorrer algum problema ainda tinham combustível de reserva para voltar para a Itália. Era 45 minutos até o REVO e voltar para o KEZ. O REVO era feito na Macedônia. Os A-10 não tinha radar para encontrar os REVO com mau tempo e podiam usar a capacidade de DF (direction finding) do rádio tendo que estar em contato com a aeronave REVO. O tempo de espera entre os REVO era de 1,0 a 1,5 horas entre os REVO sendo 45 a 60 minutos sobre o KEZ.

Com pouco REVO disponível os FAC(A) preferiam atuar mais com os F-15E para apoiar e também fariam CAP. Eram os primeiros a serem chamados com suas 12 bombas Paveway cada um. As missões duravam 6-7 horas limitando a duas missões por dia por aeronave. Mudaram a base de Aviano para Gioia de Colle no sul da Itália antes do inicio das operações diminuindo tempo de missão em uma hora e aumentando o tempo na estação.

No primeiro dia só poderiam penetrar apenas 10 milhas em Kosovo e o mau tempo não deixou atacar muitos alvos. Foram seis dias de mau tempo sem ataques. Com bom tempo os sérvios ainda não se escondiam. As regras de engajamento forçou a voar a 17 mil pés, depois foi baixada para 15 mil e finalmente para 10 mil pés após os FAC(A) nos F-16 identificarem um comboio civil como sendo militar. Os Comandantes citaram as táticas que funcionam e as que não funcionam para seus superiores e pediram para diminuir o teto para 8 mil pés. Logo passaram a atacar todo o Kosovo. A partir do dia 15 de abril também passaram a atacar o sul da Sérvia.

Reconhecimento Visual

Os pilotos dizem que 95% dos problemas táticos era localizar os alvos. Leva tempo para se familiarizar com a área. O Kosovo tem 60x60 milhas, mas os sérvios operavam em uma pequena área ao redor de cidades grandes, linhas de comunicações principais e próximo a fronteira. Aprender onde não olhar já ajudava muito.

Os FAC(A) precisavam de pelo menos cinco missões para conhecer o terreno e entender onde fazer busca. Os pilotos citam que tem que conhecer o peixe e a água e depois pensar onde pescar.

O terreno era importante e influenciava muito. O KEZ era montanhoso, belo e perigos, cheio de picos altos com grandes ravinas. Foi necessário ter três semanas de missões para os FAC(A) ficaram confortáveis com o terreno. As aeronaves equipadas com LANTIRN aprenderam a planejar as passadas de identificação e voltas subsequentes para manter o sensor no alvo, sem bloquear as imagens com as montanhas adjacentes.

O mau tempo também tornou a missão difícil. De 55 dias da campanha, 50% do dia teve tempo ruim em 70% dos dias.

A cabina do A-10 tem boa visibilidade. Os FAC(A) nos A-10 usavam apenas binóculos estabilizados com zoom de 12 ou 15 vezes apelidados "binos". A resolução era melhor que os LANTIRN mas só funcionavam de dia. O sensor IIR dos mísseis AGM-65D Maverick eram usados para checar locais suspeitos. Podia ver blindado facilmente nos dias quentes.

A disciplina de busca é importante. O piloto escolhe um ponto de interesse e olha por 3-4 segundos antes de mudar para outro. Os binóculos eram usados para identificar alvos em potencial. Primeiro olha com o binóculos para um ponto de referência grande e muda para o local especifico. Para ver diretamente abaixo da aeronave tinham que inclinar a aeronave em cerca de 30 graus.

Os FAC(A) procuravam alvos nas cidades e era difícil atacar pois ficavam perto ou dentro de casas. Procuravam veículos táticos como artilharia, caminhões e blindados. Os FAC(A) procuravam barricadas de proteção de artilharia e veículos. Passaram a procurar nas colinas ao redor das linhas de comunicações que estavam cheias de posições preparadas para uma possível invasão por terra da OTAN. Sem ameaça de invasão por terra os blindados foram dispersos ao invés de serem alinhados para cobrir pontos de entrada o que dificultou o trabalho dos FAC(A). A ofensiva da guerrilha local do KLA no fim da campanha fez as tropas sérvias se moverem o que facilitou o trabalho.

Após dois dias os Sérvios não faziam mais comboios. Deixavam até de mostrar SAM de dia sem disparar. Após uma semana não andavam de blindados de dia. Após um mês a OTAN é que tinha duvida se atingiram os objetivos da OTAN. Os pilotos não tinham objetivos explícitos como atingir tal ponto do terreno, ou destruir certa porcentagem do inimigo como na guerra do Golfo.

Os sérvios usavam muitas técnicas de camuflagem, ocultação e despistamento. Os sérvios eram bons para camuflar e ocultar blindados nas arvores, mas podiam ser vistos por sensores térmicos e achavam que estavam seguros.

As esteira de carros de combate ficam mais visíveis após a chuva. Em floresta, qualquer forma com ângulo de 90 graus é suspeita. Os caças da OTAN não atacavam civis e por isso os Sérvios usavam ônibus civis para levar tropas. Se um ônibus está próximo as arvores e fora da estrada deve ter tropas perto. Bases atacadas podem ainda estar sendo usadas. Os pilotos que voavam na Alemanha viam pilhas de feno em padrão uniforme após a colheita. Logo percebiam que fardo único podia ser suspeito. Com o binóculos viam o cano de canhão saindo de dentro dos fardos empilhados.

Os sérvios eram realmente bons em ocultar e camuflar e encheram o local de alvos falsos. Alvos lucrativos que não se movem eram geralmente decoys. Se fica fácil detectar no campo aberto era decoy. Os alvos reais eram escondidos em casas e próximo a igrejas. Um modo simples de distinguir alvo falso de verdadeiro era atacar. Alvo desintegrado era decoy enquanto no caso de alvo verdadeiro sobra muita coisa. As vezes tinham explosão secundaria indicando que não era alvo falso como pensado. Os pilotos tinham que tomar cuidado para não atacar decoy com arma cara como o míssil Maverick.

Os sérvios inicialmente escondiam alvos verdadeiros em cobertura e barricadas e deixavam os decoy fora. Como os aliados atacavam os alvos reais passaram a fazer o contrario com alvo real camuflado fora de cobertura. Pintaram veículos militares com cores de tratores e construíram entradas de túneis falsos nas montanhas. Após aviso de rádio em canal aberto de só atacar veiculo verde as estradas se enchiam de veículos coloridos.

A reação foi usar os ABCCC citando códigos falsos como fechamento do KEZ e enviavam outro código para indicar que era aviso falso. Os sérvios reiniciavam as operações quando as aeronaves iam embora, mas logo voltavam e pegavam de surpresa.

A área de atuação variava de acordo com as condições meteorológicas no local. Se o tempo estava coberto em um local iam para outro lugar. Os sérvios aproveitavam o mau tempo para se movimentar e as vezes eram pegos de dia após o mau tempo melhorar. Em varias ocasiões pegaram sérvios de surpresa em grande quantidade com 10-15 blindados em campo aberto. Nos últimos 10 dias da ofensiva da guerrilha do KLA forçou-os a se movimentar e infringiram muitos danos. 


Peça de artilharia antiaérea falsa no KEZ.

 

Peça de artilharia antiaérea sérvia destruída no dia 7 de junho de 1999 por uma bomba guiada a laser disparada de um F-15E. O alvo foi localizado por um A-10 FAC(A) que controlou o ataque.


Um lançador SA-9 falso.

Intel

Os FAC(A) eram ajudados por outros meios de reconhecimento e vigilância como o JSTAR e o UAV Predator. Os FAC(A) fariam a identificação de alvos que é o processo de detectar e determinar se são validos ou não. Podia ser uma lista com coordenada enviado pelo CAOC, mas geralmente era inútil. Os UAV Hunter do US Army e USMC eram as melhores fontes, mas ainda chegavam com tempo de atraso.

O CAOC tinha uma célula de inteligência com dados de varias fontes chamado Force Level Execution. Entre eles havia dados dos radares de contrabateria na Albânia, MAGE para Direction Finding de rádio e imagens do UAV Predador. Os dados de alvos eram passados para os ABCCC que direcionavam os FAC(A) para a posição. Geralmente eram informações precisas. Logo surgiram os problemas decorrentes dos FAC(A) enfrentarem um inimigo estático. Os sérvios permaneciam parados de dia e se movimentavam com mau tempo ou a noite.

Havia meios de inteligência fotográficos dos Harrier da RAF e fotos de satélite e U-2 passados pela Internet. Os satélites de reconhecimento mostraram ser bons para alvos fixos, mas contra alvos móveis eram ruins. Era raro conseguirem fotos com menos de seis horas após terem sido tiradas. Seis horas é o limiar para um alvo continuar na área.

As condições atmosféricas adversas sobre Kosovo, durante o final de março e o começo de abril, impediam que os meios de reconhecimento produzissem imagens, e os produtos recebidos estavam defasados. Mesmo com bom tempo, os pedidos de imagens táticas tinham de competir com o nível de prioridades do Presidente e do Secretário da Defesa. Os pilotos frequentemente recebiam fotografias de refugiados ocultando-se nas colinas, mas nenhuma imagem dos blindados sérvios que os tinham expulsado para lá as acompanhavam. Os meios de reconhecimento tático no teatro de operações estavam disponíveis, mas a disseminação das informações revelou-se inadequada.

Os JSTARS indicavam a posição de comboios se movendo com dados precisos de tamanho, localização e composição, mas não esperavam que os sérvios fizessem isso de dia ou pelo menos só uma vez. O problema era a incapacidade de identificar alvos e a maioria era de veículos civis. O radar de detecção de alvos móveis (MTI) do JSTARS não era capaz de distinguir um trator de um T-72. A tática servia era se misturar com civis e mostrou ser melhor se movimentar a noite. Os sérvios eram mais ativos a noite se movendo e cavando como loucos. O JSTARS podia informar onde os veículos se moveram para ataque diurno e atuavam com apoio dos F-16CG noturnos. Os alvos detectados com o radar MTI e depois confirmados como sendo militares podem ter o trajeto revisto para descobrir de onde vieram ou onde recebeu combustível.

As tripulações do JSTARS desenvolveram uma tática na tentativa de superar esta deficiência e, algumas vezes, eram capazes de correlacionar os dados de identificação de veículos supridos por veículos aéreos não-tripulados (UAV) para fornecer informações de seleção de alvos em tempo real aos FACA. Por exemplo, o UAV Predator podia identificar alvos por meio de sua saída de vídeo em tempo real.

Os UAV Predator voavam mais baixo que as aeronaves e os operadores chamavam os A-10 para coordenar os ataques aos alvos detectados. A atuação com o Predator mostrou que os operadores tinham dificuldade de descrever o alvo para os outros os caças. As imagens dos sensores de TV ou IIR era estreito e muito mais difícil para ter um visão geral como a dos pilotos. O conflito mostrou que os operadores têm que ter experiência de FAC(A) para operar o UAV. Por exemplo, um operador cita um carro de combate perto de uma floresta perto de uma estrada por ser a única coisa que vê. Já um FAC(A) veria varias florestas e estradas. A instalação de um designador laser no Predator facilitou e os FAC(A) podiam ver a indicação do alvo com o laser no HUD apoiado pelo Pave Penny.

Inicialmente os pilotos achavam que alguns alvos foram passados por Forças Especiais em terra ou tropas do KLA com rádio de satélite pois foram mandados atacar por ABCCC e não respeitavam as regras de engajamento como prédio com ônibus branco perto, ou prédios onde foi dito ter vários blindados. Depois descobriram que era o Predator passando coordenadas e com as imagens sendo vistas pelo CAOC.

O Predator podia enviar as imagens direto para o CAOC na Itália. O ABCCC tentava enviar só os FAC(A) para destruir os alvos como carros de combate. Os operadores dos Predator não conseguem fazer "talk-on" devido ao pequeno campo de visão e precisava passar a coordenada exata do alvo. Em uma ocasião um Predator encontrou um lançador de mísseis SA-6 e chamou os A-10. O A-10 lançou foguetes para servir de referência para passar a posição e destruir o alvo.

Os UAV franceses estavam disponíveis e os FAC(A) não sabiam. Tinham capacidade de passar imagem em tempo real com imagem infravermelha e eletro-ótica com os CL-289 e Crecerelle que voavam a noite. Os franceses sabiam as posições completas dos sérvios, mas os dados eram enviados para os serviços de inteligência francesas apenas e não eram disseminados para a OTAN.

Quatro drones franceses, um americano e três alemães foram derrubados até o dia 27 de maio em Kosovo. Apenas o USMC perdeu seis UAV Hunter incluindo alguns que atingiram montanhas e dois confirmados como derrubados pela defesa aérea. Os UAV detectavam alvos e chamavam os FAC(A) para controlar os ataques.

A melhor fonte de aquisição de alvos ainda foi os olhos dos FAC(A) ajudados por binóculo ou 80% dos alvos detectados. Depois podiam chamar o F-14 com o casulo LTS que tinha boa resolução e para fazer reconhecimento da área. Era o método primário de detecção e identificação e a inteligência de outros meios não ajudava muito devido a falta de organização. O próprio pessoal do CAOC o apelidou de "caos". As instalações não estavam preparadas para a gigantesca demanda de imagens táticas de que os pilotos necessitavam. A construção de uma célula de seleção flexível de alvos no CAOC melhorou um pouco a situação.

Foi com o binóculos que um FAC(A) em um A-10 identificou um comboio de 100 veículos sendo atacado como sendo civil. Desconfiados da identidade o CAOC chamou outro FAC(A) com binóculos para confirmar. O LANTIRN de um F-16 atuando como FAC(A) não diferenciou e mandou atacar. Os aliados podiam atacar alvos a noite facilmente, mas a dificuldade de identificação dificultava em muito a execução.

Só os FAC(A) detectavam alvos e controlava aeronaves de ataque. Outras aeronaves podem detectar alvos, mas chamavam os FAC(A) para identificar e controlar os ataques. Pilotos de A-10 usados como aeronaves de ataque podiam procurar alvos se o líder for qualificado como FAC(A). Se encontram um alvo chamam os FAC(A) designados. As missões de destruição de defesas aéreas era semelhante, mas era feita pelos F-16CJ de supressão de defesas.

O Comandante de Missão planejam a missão considerando as regras de engajamento, terreno, ameaças, tropas amigas, coordena mais informações depois de supressão de defesas, aeronaves ataques e ABCCC. Deve considerar conflitos de trafego com áreas a serem atacadas por foguetes e artilharia amiga.

Uma missão FAC(A) típica era planejada por 3-4 horas mas pode levar até seis horas. Mesmo na rota para o REVO atualizavam informações de várias fontes. A missão nunca é chata e tem mais demanda que as de ataque com muitas entradas de dados e vezes contraditórios. Os FAC(A) tem que manter a segurança dos caças e pessoal em terra e cumprir a missão ao mesmo tempo.

Após o planejamento de missão os FAC(A) decolavam com a inteligência disponível unindo com a inteligência passada em tempo real pelo ABCCC. Os FAC(A) iam atrás da posição mais provável ou alvo mais prioritário. Os FAC(A) recebiam informações de outros FAC(A) ao entrarem na área e de áreas onde não podem atacar. Se não encontram usam a experiência para procurar em locais com mais chances de encontrar alvos. Procuram abrigos, marcas na estrada e formas diferentes em montanhas. Usa binóculos para dar uma olhada mais detalhada. Na volta anota o alvo descoberto e não destruído em um mapa para entrar na lista do CAOC.

As regras de engajamento determinava a altitude mínima de segurança, zonas proibidas e como evitar danos colaterais. Eram tudo regras a serem seguidas com o risco dos pilotos serem processados judicialmente e criminalmente.

Voar em uma altitude maior permitia mais tempo de reação contra mísseis SAM, mas a 15 mil pés é difícil detectar alvos e mais difícil ainda atacar com o A-10. Com a supressão de defesas funcionando passaram a voar a 10 mil pés no dia 6 de abril. Após um ataque por engano contra um comboio civil foram autorizados a descer a 5 mil pés para confirmar o alvo e atacar a 8 mil pés.

Dois A-10 foram atingidos por MANPADS enquanto mergulhavam nos alvos. A maioria dos ataque de MANPADS foram feitos enquanto faziam busca, voando reto e sem manobrar e não durante os ataques. Então não faziam busca abaixo de 10 mil pés. Ao descer para identificar os FAC(A) faziam manobras evasivas e lançavam flares preventivos para diminuir a ameaça. Também só faziam uma passada no local.

As zonas proibidas eram até 10 milhas da fronteira com a Macedônia. O motivo era o medo de represália contra a Macedônia. Podiam pensar que era a artilharia da OTAN no local. Os sérvios aproveitaram para se esconder no local. As comunicações com o ABCCC eram passadas por rádio não codificado. Os sérvios ouviam e sabiam que não atacariam veículos com tais cores, ou a 10 milhas da Macedônia. Outras locais proibidos eram possíveis locais de operação da guerrilha do KLA.

Nas regras de engajamento relacionadas com dano colateral estavam relacionada com a cor de veiculo, tipos de bombas como bombas em cacho e alvo próximos a estruturas civis. As regras de engajamento proibiam atacar veículos civis. Em uma ocasião um FAC(A) seguiu um veiculo vermelho em alta velocidade na estrada. Não podia ser civil pois a maioria tinha fugido ou estava sem gasolina. O veículo parou em uma pequena cidade que logo entrou em chamas. O veículo depois fugiu. Certamente tinha militares sérvios que pararam de usar seus veículos militares e sabiam que os caças não podiam atacar veículos civis devido as regras de engajamento.

No meio de junho os FAC(A) tiveram que receber permissão do centro de operações aéreas multinacionais (CAOC) para atacar qualquer alvo. Para o CAOC ou ABCCC aprovar um ataque a um alvo levava entre 15-25 minutos. No caso de alvos longe de estruturas civis podiam atacar sem permissão. A demora na autorização colocava em risco as aeronaves, acabava o combustível ou os alvos fugiam. Os FAC(A) já chamavam as aeronaves de ataque para o local e no intervalo procuravam alvos enquanto esperavam aprovação. As regras de engajamento mudavam frequentemente e as vezes podiam atacar direto sem autorização. Pessoal que negava alvos dizia que não importava se o alvo fosse destruído ou não pois não mudaria o destino da guerra. As vezes os caças gastavam toda a munição nas missões e as vezes nem alvos falsos encontravam.

A OTAN tinha uma regra de engajamento que proibia atacar Montenegro, mas os sérvios tinham um radar de busca de longo alcance na costa cobrindo todo o Mar Adriático. Este alvo foi permitido atacar. O problema é que tinha sinal característico ora do Flat Face e as vezes do Giraffe. Os FAC(A) nos A-10 foram chamados para encontrar e atacar o radar e já tinham feito esta missão no Golfo em 1991. O problema era a suspeita da presença de três baterias de mísseis SA-6 na área e por isso teriam apoio dos F-16CJ e EA-6B.

Foram várias tentativas para detectar e atacar o radar. O ABCCC usou a tática de passar informações falsa em rádio não codificado e disseram que os A-10 de CSAR (Sandy) fariam alerta sobre o Mar Adriático, ou direcionava para o REVO, e na verdade foram buscar o radar. O radar foi difícil de encontrar com várias tentativas incluindo a citada. O radar se movia com frequência e estava bem camuflado. Em uma ocasião os FAC(A) iam atacar um trailer de sanduíche na praia pensando ser o radar. Mesmo encontrado foi difícil atacar, incluindo falha nas armas dos FAC(A) durante o disparo e devido ao mau tempo.

Controle de Ataque

A fase de ataque tem três fases - identificação alvo, emprego de armas e avaliação de alvos de batalha. A primeira fase e a última dependem do FAC(A) treinado com métodos especiais, sensores especializados, um sistema de vigilância e reconhecimento para coletar, analisar e disseminar informações. O emprego de armas precisa de treino, armas especiais e carga de armas.

Após encontrar um alvo válido os FAC(A) escolhiam as aeronaves de ataque disponíveis equipadas com o armamento adequado. As aeronaves de ataque ficam esperando em pontos de controle (CP - Control Point) e vão se encontrar em um ponto determinado. O radar ajudava a achar o FAC(A) e o FAC(A) anuncia "Buddy Spike" mostrando que foi trancado por quem o procura. O FAC(A) deve conferir a identidade das aeronaves de ataque para evitar que um inimigo despiste e engaje no ar.

Depois do encontro deve checar com os caças chegando, sua carga, combustível e capacidades. O processo do FAC(A) descrever a área do alvo para os pilotos de ataque é chamada de "talk-on". Usam características grandes do local, como fabrica e tamanho da fabrica para indicar distância da posição do alvo (três “fabricas” ao sul por exemplo). Na descrição do alvo indica a posição, tipo de alvo, tempo, coordenadas, alertas do terreno e restrições de direção. Também considera as táticas para preservar as aeronaves amigas. O FAC(A) escolhe as armas para atacar cada tipo de alvo e quanto tempo terão para realizar o ataque.

A próxima parte é marcar o alvo com meios adequados ou fumaça em terra. Pode usar qualquer meio. Com o Pave Peny os A-10 podiam confirmar que o laser de outras aeronaves está apontado para o local certo. O ponto do laser é mostrado no HUD do A-10. Os F-16CG sentiram falta de um Laser Spot Tracker como o do A-10. As aeronaves indicam o código do laser, por exemplo 1633, para outra aeronave com LST também ver.

Durante o ataque o FAC(A) observa as aeronave engajando e a área do alvo dando alerta de ameaças e terreno, podendo pedir para abortar o ataque. Depois ajusta o ponto de pontaria para as aeronaves subsequentes. A missão termina com o fim das armas, combustível ou aeronaves. Depois indica a direção de regresso para não ir contra aeronave no ingresso.

Após liberar as armas os FAC(A) se tornavam responsáveis pelo ataque. Depois faziam avaliação de danos de batalha. Os sérvios escondiam os alvos destruídos para dificultar a avaliação dos danos de batalha e não usar com propaganda. Os F-16 e F-14 usavam o LANTIRN para fazer avaliação de danos de batalha. Faziam várias passadas rápidas para ver se o alvo foi destruído e até para suas próprias armas se atacassem.

Todas as aeronaves de ataque tinham alvos secundários, chamados “lixões”, caso o FAC(A) não encontre alvos. As aeronaves de ataque podia ser desde um AMX com bombas burras aos F-15E com 12 bombas guiadas a laser Paveway. A JDAM não estava disponível ainda para os caças. Ao contrario do Vietnã, alvo encontrado era alvo destruído pois a precisão melhorou muito.

As armas guiadas como mísseis Maverick e bombas guiadas a laser eram usadas contra blindados, artilharia de campanha e artilharia antiaérea. Contra blindados era necessário acerto direto, pois geralmente estavam bem protegidos com barricadas. O Maverick pode ser disparado a 3-4 milhas contra carros de combate. As vezes o contraste era ruim e não conseguiam disparar. Bombas burras e bombas em cacho eram usadas contra alvos leves e tropas dispersas. Separar os veículos dos comboios era bom para atacar simultaneamente com várias aeronaves.

Se quiser o FAC(A) pode iniciar o ataque com suas próprias armas. A capacidade de armas do A-10 era apreciada para o caso das aeronaves de ataque demorar ou caso o alvo possa fugir rápido, ou o mau tempo estar se formando.

As armas do A-10 para CSAR e FAC(A) diurno eram dois casulos com sete foguetes de fumaça de 70mm e duas bombas Mk82 com espoleta "airburts". Após a primeira semana de operações passaram a levar quatro Mk82. A noite os casulos de foguetes eram substituídos por lançadores de flare com capacidade de iluminar a área por três minutos. Os A-10 que atuavam como aeronave de ataque e os Alas dos FAC(A) levavam mais duas bombas em cacho CEM no lugar dos lançadores de foguetes. As bombas CBU pesam o mesmo que duas Mk82 e com muito arrasto. Todos levam dois AGM-65D guiados por infravermelho, dois mísseis Sidewinder e um casulo de ECM.

Os A-10 podiam usar os mísseis Maverick ou as bombas Mk82 para marcar o alvo rapidamente. Podia ser melhor que os foguetes de fumaça. O Maverick devia ser disparado primeiro, pois incêndios em terra atrapalhava o sensor em trancar nos alvos. Com a mira computadorizada podiam disparar os foguetes de 70mm a 7km para marcar o alvo poias  precisão nem era necessária.

A Mk82 com espoleta airfburst era boa para marcar alvos ao explodir no ar e boa contra alvos leves e alvos móveis. O raio letal é de 90 metros com espoleta airburst explodindo a 10-25 pés acima do alvo e com melhor padrão de fragmentação que as espoletas de contato. O A-10 conseguia disparar bombas com precisão até contra alvos de ponto. Após soltar as bombas podia subir em direção ao sol e cobrindo em relação ao alvo. Ao marcar alvos com a Mk82 as aeronaves de ataque precisavam estar olhando para o local para ver a marca, pois a nuvem de fumaça é preta e dissipava rápido.

Metade da munição do canhão de 30mm era guardada para o caso de ter que realizar missões de CSAR. Os FAC(A) também podiam fazer CSAR se tornando o OSC (On-Scene Commander) até ser substituído por forças CSAR dedicadas. O FAC(A) já tem boa consciência da situação no local.

Táticas Defensivas

Os FAC(A) operavam no Kosovo acima de bases de mísseis SA-6 e um esquadrão de MiG-21. A ameaça da artilharia antiaérea e mísseis SAM era preocupante. A artilharia antiaérea sempre ameaçou. Os EA-6B ajudaram a suprimir os radares.

A principal ameaça eram os mísseis SAM como o SA-2 e o SA-6. O SA-2 Mod 5 com capacidade de guiamento ótico podia ser usado contra alvos a baixa altitude. O guiamento com radar era feito contra alvos a média e grande altitude. Era fácil de evitar com manobra de médio "G" para dentro do míssil ou para cima se o piloto fosse alertado pela fumaça do míssil ou RWR (pronuncia RAW em inglês). A manobra "last ditch" contra mísseis SAM é iniciar entre 3-5 segundos antes do impacto previsto. O míssil SA-6B era mais mortal sendo usado contra alvos a baixa e média altitude. A bateria podia engajar dois alvos ao mesmo tempo.

As baterias de mísseis SA-6 geralmente ficam silenciosos com medo de serem atacados pelos mísseis AGM-88 HARM dos F-16CJ e Tornado ECR. De dia era mais fácil ver a fumaça de disparo de mísseis SAM, mas o ponto de lançamento era mais difícil de detectar do que parece. A noite era mais difícil ainda. Para pegar a posição da artilharia antiaérea tinham que estar olhando para ela quando disparava. A infantaria era mais difícil de ver do mesmo modo.

Os FAC(A) só procuravam radares móveis Straight Flush do SA-6 com apoio de aeronaves de supressão de defesas F-16CJ. As aeronaves podiam ditar o código "Magnum", indicando o disparo de mísseis HARM pelos F-16CJ, para forçar os sérvios desligarem os seus radares. Em uma ocasião um grupo foi atacado por um SA-6 logo abaixo. Antes fugiriam e voltariam depois, mas em Kosovo permaneceram para caçar a bateria.

Com o sucesso dos ataques da OTAN os sérvios aumentaram a reação dos mísseis SAM e artilharia antiaérea. Uma tática sérvia era as "Sam Bush". Primeiro atacavam uma aeronave com a artilharia antiaérea para desviar a atenção do piloto enquanto faz manobras evasivas e depois atacavam com um ou dois mísseis SAM.

No Vietnã os caças voavam a mais de 4.500 pés para segurança contra os MANPADS e artilharia antiaérea e em Kosovo passou para mais de 10 mil pés que virou o limite mínimo.

Os A-10 não esperavam voar mais de 1.000 saídas com cerca de cinco mil horas em combate sem perdas. Apenas dois A-10 foram danificados. No dia 2 de maio um A-10 perdeu um motor para um míssil SA-14. No dia 11 de maio outro foi atingido abaixo cockpit sem explodir. Também não esperavam que atirassem muito no "alvo fácil" que era considerado o A-10. O fogo de retorno seria mortal.

Nenhum A-10 foi derrubado assim como outras aeronaves de ataque que operaram no Kosovo. Para se defender os A-10 levavam 120 chaff e 180 flares, um casulo de ECM e dois mísseis AIM-9M Sidewinder. Os dois motores bem separados também era uma proteção. Um piloto FAC(A) cita que foi engajado mais de seis vezes na campanha. Alguns pilotos citam que foram mais atacados ainda mais.

Os F-16 levavam 60 chaff e 30 flares. A reação típica gastava 12 a 18 Chaff e 5 a 10 Flares. Depois de três ou quatro reações tinham que voltar para base obrigatoriamente. Os pilotos queriam mais chaff e flare para não ter que voltar para a base. Com mais cargas durariam mais tempo na missão. Um FAC(A) procurando um lançador SA-3 gastou todos Chaff em 30 minutos e teve que voltar. Era uma boa contramedida contra aeronaves forçar a gastarem as contramedidas. Contra MANPADS a melhor táticas era lançar Flare preventivo o que precisa de uma boa carga. Lançavam Flare preventivo pois podem não ser disparado a tempo e os MANPADS são bem rápidos. Por outro lado facilita detectar a aeronave.

Para atacar um local de lançamento de mísseis SAM os A-10 podiam atacar antes com o canhão para suprimir e depois atacavam a provável posição com bombas. Um A-10 atacado por dois mísseis SAM virou em direção ao local de onde saiu a fumaça, após se evadir dos mísseis, e atacou com o canhão. Uma rajada normal seria de 100 a 200 tiros, mas disparou 500 tiros até ver dois veículos explodindo. Atirou ao redor de onde vinha a origem da fumaça.

Em uma missão os FAC(A) nos A-10 ouviram chamado de contato ar-ar. O AWACS chamou - outlaw, spades, "direçao". "Outlaw" significa vir de ponto de origem suspeita. "Spades" significa que não responde ao código do IFF. Os pilotos olharam o mapa e fugiram devido a distância relativamente curta. As escoltas SEAD foram chamadas para interceptar com seus F-16CJ. O alvo era um EA-6B fora de órbita que foi identificado visualmente, mas assustou a todos.


Um A-10 apoiando outro voando mais baixo. A arte mostra o A-10 voando mais baixo sendo engajado por mísseis.

 

Conclusão

Os FAC(A) foram considerados efetivos na campanha. Após a operação Allied Force as missões de FAC(A) e Apoio Aéreo Aproximado passou a ser incorporada nas grandes simulações de guerra aérea como a Red Flag. Os FAC(A) passaram a participar dos pacotes de ataque e até como comandante de pacotes nas áreas de apoio aéreo aproximado e interdição. Antes da Allied Force os pilotos foram treinados, preparados e organizados para atacar exatamente os tipos de alvos fixos que terminaram por ficar fora de alcance. Estava relativamente pouco treinados e mal preparados para atacar um exército móvel no campo. Isso mudou depois do conflito.

Na Guerra do Golfo em 1991, os planejadores aéreos pensavam que só seria possível atacar forças terrestres desdobradas no deserto. A Allied Force mostrou que não era bem assim. O aviso que não haveria invasão por terra até complicou situação, pois os sérvios não se posicionaram de acordo.

A efetividade dos FAC(A) foi duvidosa quanto ao resultado final. A maior parte do trabalho de limpeza étnica dos sérvios foi feita antes dos FAC(A) começarem a operar e não influenciou Milosevic a capitular. Os fatores mais importantes foram a fase de ataques estratégicos intensos a Belgrado, a falta de apoio dos russos e a ameaça de invasão terrestre. Na operação Desert Storm o objetivo era criar atrito enquanto na Allied Force o objetivo era conseguir coerção.

Foi estimado que eram necessários 15 saídas para destruir um único blindado sérvio. A deserção e o reforço de tropas enviadas para o local demonstra que foi efetivo. Os sérvios usavam blindados para apoiar a limpeza étnica. O padrão era fazerem um cordão blindado ao redor de uma vila com abertura para a fronteira mais próxima. A polícia dava 30 minutos para a população ir embora. Os FAC(A) forçaram os sérvios a parar com esta pratica. Os sérvios tiveram que se esconder dia e diminuiu os ataques a civis. Tiveram que usar veículos civis para realizar a missão.

Existem varias fontes de estatísticas de alvos destruídos. A OTAN cita 93 carros de combate enquanto os sérvios citam que foram 13, a OTAN cita que destruiu 153 blindados e os sérvios seis, a OTAN cita que destruiu 389 peças de artilharia e a sérvia cita que foram apenas 27. Tudo isso em 14 mil saídas de ataque.

Estimativa de avaliação de danos de batalha na Allied Force

Fonte de BDA 

Carros de Combate VBTP

Artilharia

General Henry Shelton  
(10 de junho de 1999)

120 220  450
Exército Sérvio 13  27
Revista Newsweek
(15 de maio de 2000)
14  18  20
OTAN
(16 de setembro de 1999)
93 153 389

O uso de armas de precisão resolveu o problema de destruir os alvos identificados. Armas qualquer tempo contra alvos móveis ainda é um desafio. O ponto de equilibrou passou para a fase de detecção e identificação de alvos.

Próxima Parte: FAC na Enduring Freedom 


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