FAC na Argélia

A participação da França na Guerra de Independência da Argélia entre 1954 a 1962 teve situações parecidas com a guerra aérea na Coréia com o uso de FAC(A) para apoiar operações das aeronaves de ataque.

Inicialmente eram usadas aeronaves como o Morane 500, versão francesa do Fieseler Storch alemão. As aeronaves vieram da Indochina após serem reformadas e já bem desgastadas. O Storch já tinha placas blindadas desde o inicio do projeto. A aviação do exército (ALAT) usava os L-19 para observação.

As aeronaves foram logo substituídas pelo Max Holste MH 1521 Broussard bem mais capaz. O Broussard foi projetado a pedido do Exercito francês e abandonado por ser pouco potente. A versão civil com motor Wasp 450hp foi logo adquirida. O Exército francês queria uma aeronave utilitária e de observação capaz de levar cinco passageiros. O peso vazio era de 1.530 kg e o peso máximo de 2.500kg carregado. Tinha capacidade de vôo noturno e mau tempo. A velocidade máxima era de 170 nós. A capacidade STOL era boa para missões de busca e salvamente em locais apropriados. A aeronave foi retirada de serviço no inicio da década de 80.

O Broussard estava equipado com uma metralha para tiro lateral, um lança-granadas de fumaça para baixo e quatro pontos duros nas asas. Podia fazer foto lateral. Na Argélia estava equipado com rádio VHF para se comunicar com caças, PRC-10 para se comunicar com os pára-quedistas e helicópteros do exército, o SCR-300 para se comunicar com tropas em terra e o ART-13 de HF longo alcance. O motor potente era apreciado no deserto quente da Argélia. Eram blindados e os tripulantes vestiam coletes blindados.

Além do piloto tinha um observador e um mecânico. O observador era treinado em pilotagem para o caso do piloto se ferir. O mecânico podia operar uma metralhadora leve pela janela.

Os Broussard equipavam as ELO - Esquadrilhas de Ligação e Observação. Realizavam as missões mais mundanas dos pilotos. Os destacamentos de 1-2 aeronaves eram dispersas no país em locais sem conforto e mudavam de base frequentemente. Chegavam a voar cerca de 70-80 horas por mês ou até mais. Faziam evacuação médica, ligação, transporte de carga leve, reconhecimento fotográfico, reconhecimento visual, orientação de artilharia, controle de ataque. Também apoiavam operações aeromóveis com helicópteros ajudando na limpeza da zona de desembarque pelos caças.

Era tanta missão que fazia pouco reconhecimento visual. Mesmo em missão de ligação aproveitava para fazer reconhecimento visual. Podiam ver sinais de fumaça de pilhagem e as mulas sem atrai atenção.

As missões de reconhecimento visual era feita a altitude bem baixa. A menos de 300 metros já não dava para distinguir muita coisa. As perdas eram altas por voar bem baixo. Os FAC se faziam de alvo para detectar guerrilheiros e posições inimigas.  O lançador de granadas de fumaça automático dispara para baixo e a aeronave tem que sobrevoar o alvo ao invés de disparar e fugir como os casulos de foguetes de fumaça.

Os FAC sobrevoavam caravanas para tentar detectar sinais como botas, canos de armas, mula com muita carga e proporção inadequada de crianças e mulheres. Os pilotos tinham que estudar étnicas para fazer reconhecimento visual e perceber detalhes. Havia muitos nômades atravessando o país. Tendas bem camufladas não podiam ser detectadas mesmo passando bem do lado a pé. Nas montanhas ficavam com formas mais visíveis e mesmo assim era preciso várias passadas. Com motor em baixa rotação parece distante e pode surpreender o inimigo. Em caravanas com guerrilha metralhava os burros para atrasar. A guerrilha podia caminhar 35km em seis horas a noite.

Para realizar missões de reconhecimento visual era preciso astúcia, aproximação sorrateira, motor reduzido, rasantes nos vales e contato direto com o inimigo. O piloto podia conhecer toda a Argélia. Era vital para evitar fogo amigo e contra civil.

Nas missões de controle de ataque citavam a posição do alvo e de tropas amigas, escolhia as armas dos aviões de ataque (T-6, P-47 ou Vampire), o eixo de ataque, direção do desvio e manda para a órbita acima (“TOP”). Depois fazia avaliação de danos e corrigia o disparo para outras aeronaves.

Na área do alvo atua como Posto de Comando Volante, termo francês para FAC(A), em órbitas em forma de "8". O TACC era chamado de Posto de Comando Aéreo. As tropas em terra usam lenços coloridos para marcar a posição. Era importante pois a guerrilha usava uniforme parecido com o francês. Também tinham GFAC.

A guerrilha temia as aeronaves e tinham muita artilharia antiaérea leve, mas tentavam evitar denunciar a posição. A guerrilha sabia usar o terreno para manobrar e se esconder, mas os franceses tinham vantagem no ar. O FAC localizava fácil no deserto sem proteção enquanto as tropas em terra tinham dificuldade. 


Um Broussard operando atualmente como "warbird".

Guerra Convencional

A guerra na Chechênia na década de 90 foi um exemplo de combate de baixa intensidade que não era considerado na doutrina militar soviética. A experiência levou a uma evolução na doutrina de apoio aéreo. Os russos usaram FAC(A) nos helicópteros Mi-24 com o Su-25 e não foi tática nova, mas sim o uso de oficiais e sargentos em terra como GFAC. Também usaram o UAV Pchela como FAC passando imagens em tempo real para direcionar o ataque de aeronaves e helicópteros por rádio. Os russos integraram a operação de UAVs, tropas de reconhecimento em terra, helicópteros, Su-25 em um comando único. Na década de 80 os FAC russos eram chamados de Forward Air Director com um sistema similar ao americano. 

Os FAC no Pacto de Varsóvia usam principalmente vigilância de radar remoto, como meio primário de garantir que unidades aéreas amigas estão dentro de zonas de tiro livre. Já a OTAN usa o método "olhos no alvo". 

Israel logo percebeu a importância dos FAC contra os sírios em 1982. Os israelenses não estavam preparados para muitos pedidos de apoio aéreo aproximado. Logo perceberam que identificar e marcar o alvo era a parte mais difícil do processo de apoio aéreo aproximado.

Na invasão de Granada em 1983 os FAC foram importantes para direcionar o apoio aéreo contra pontos fontes nas defesas inimigas.

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