FAC na FAB

O Poder Aéreo estratégico procura influenciar a guerra destruindo a base militar do inimigo, sua econômica e seu sistema político para manter guerra. O Poder Aéreo tático procura influenciar a batalha indiretamente com a Interdição Aérea e diretamente com a Cobertura Aérea. Para realizar todas estas missões é necessário ter superioridade aérea, mesmo que localmente, para o inimigo não interferir.

Então o Poder Aéreo tático tem três funções:

1 - Deve lutar pela superioridade aérea protegendo as forças em terra e no ar.
2 - Deve isolar o campo de batalha com a interdição.
3 - Deve apoiar as tropas em terra durante as batalhas.

O FAC(A) atua dos dois últimos e o FAC em terra no último, apesar de Forças de Operações Especiais poderem ajudar nas missões de Interdição operando atrás das linhas inimigas.

Os termos usados na FAB são:

- A Interdição profunda é destinada a destruir ou neutralizar o potencial inimigo, antes de ser empregado. Os objetivos selecionados são de caráter estratégico. Nela se incluem a neutralização da posição e das bases inimigas;

- Interdição no campo tático – também denominada apoio aéreo direto. Sua tarefa é restringir a capacidade do inimigo em trasladar abastecimentos, reforços e manobrar suas forças. Os alvos escolhidos tem caráter tático e importância imediata;

- Apoio aéreo estreito (ou cobertura aérea) – é o proporcionado às forças terrestres. Necessita de estreita coordenação com a artilharia orgânica; e

- Operações de defesa aérea e de ataque contra a defesa antiaérea inimiga – pretendem neutralizar a capacidade aérea e antiaérea do inimigo, com a intenção de minimizar o desgaste de nossas forças.

A Tarefa de Interdição é feita com missões de Ataque e Cobertura. A Tarefa de Interdição tem o propósito de destruir ou neutralizar as fontes do poder inimigo, seus suprimentos, forças e estruturas de apoio e busca atingir as bases de sustentação do poder inimigo. Visa, também, atingir elementos essenciais ao esforço de guerra inimigo e objetiva integrar o fogo aéreo com o de superfície, sendo essencialmente ofensiva.

A Tarefa de Superioridade Aérea representa a mais alta prioridade para uma Força Aérea. No seu contexto, incluem-se todas as missões destinadas a conquistar e manter o controle do Espaço Aéreo, dentre essas, a missão de ataque. Serão atacados alvos específicos do Poder Aeroespacial inimigo ou ao seu suporte, a fim de obter-se a sua neutralização ou destruição. Tudo com conhecimento prévio do valor, localização, estrutura, expectativas de danos e prováveis defesas. Alguns exemplos são: aeronaves em solo, organizações militares, defesas antiaéreas, meios de detecção e telecomunicações, pistas (aeródromos), depósitos de combustível e material de aviação, entre outros.

História

Um histórico das unidades da FAB nos permite concluir que as missões de FAC(A), ou CAA(E) - Controlador Aéreo Avançado (Embarcado), é visto como importante na força. A FAB já utilizou em grande quantidade os L-42 Regente-ELO nos ELO (Esquadrão de Ligação e Observação) e Esquadrões do 8o Grupo de Aviação junto com os helicópteros para Reconhecimento Visual. Os EMRA (Esquadrões Mistos de Reconhecimento e Ataque) também estavam equipados com aeronaves de ataque e reconhecimento visual como os AT-6 e AT-25. Até 1981 e 1982 os EMRA estavam equipados com o AT-25. Os RT-26 Xavantes do Esquadrão Poker tinham como missão o reconhecimento visual podendo ser considerado o nosso "Fast FAC".

Os AT-27 Tucanos passaram a fazer parte dos ELO que agora são parte do 3o Grupo tendo como missão o reconhecimento visual atuando como FAC(A). A aeronave equivale aos T-6 Mosquitos, mas com maior capacidade.

Os ETA (Esquadrões de Transporte Aéreo) tem como uma de suas missões o Reconhecimento Visual. A aeronave usada atualmente, o C-95 Bandeirante, não parece ser adequada para a missão, mas o fato de operarem em regiões específicas é coerente com a missão. O fato de atuarem em zonas delimitadas facilita o cumprimento da missão.

A 1ª ELO (Esquadrilha de Ligação e Observação) da FAB atuou na Segunda Guerra Mundial apoiando a artilharia divisional da FEB. A 1ª ELO foi desativada ao final da guerra, mas foi reativada em 12 de dezembro de 1955 na Base Aérea de Santa Cruz, onde operou até 19 de julho de 1972 com aeronaves L-19A e L-19E, quando fundiu-se com o Terceiro Esquadrão de Reconhecimento e Ataque (ERA-3) equipado com os T-6 armados. Essa fusão deu origem ao Terceiro Esquadrão Misto de Reconhecimento e Ataque (3º EMRA), que utilizava jatos Embraer AT-26 Xavante, helicópteros Bell UH-1H Iroquois e monomotores Neiva L-42 Regente ELO, para transporte leve e ligação. Com a desativação do 3º e do 4º EMRA no dia 09 de setembro de 1980, foram criados dois novos esquadrões: o 3º/8º GAv Esquadrão Puma na Base Aérea do Galeão e o 1º/13º GAv Esquadrão Paquera na Base Aérea de Santa Cruz.

O Esquadrão Puma Opera os Super Puma da FAB, mas também utiliza alguns monomotores Neiva T-25C Universal para realizar missões de Controle Aéreo Avançado e monitoramento de tiro para as Unidades de Artilharia do Exército Brasileiro no Rio de Janeiro, sendo também bastante úteis nas atividades diárias do 3º/8º GAv.

O Esquadrão Paquera tinha a função de operar na Linha de Contato (LC) fazendo observação aérea, Controle Aéreo Avançado Embarcado, regulagem de tiro de artilharia e controle de coluna. Na ZI (Zona Interior) a aeronave fazia missões de ligação. Além da LC a aeronave faria infiltração e lançaria fardos para apoiar comandos operando atrás das linhas. O L-42 era capaz de levar quatro fardos de 25 kg para tropas em terra que podem ser lançados balisticamente ou apoiados por pára-quedas. A aeronave era capaz de pousar em trechos de estradas de pelo menos 200 metros podendo fazer resgate de combate limitado e evacuação médica. A aeronave era capaz de levar uma maca além do piloto e enfermeiro. A aeronave era armada com foguetes SBAT-70 com cabeça fumigena para sinalização de alvos para a aviação atacante e SBAT-37 para treinamento. Estas missões também são feitas pelos esquadrões 1º/8º GAv em Manaus, 2º/8º GAv em Recife e 5º/8º GAv em Santa Maria.

Na Base Aérea de Belém, o 1º/8º Gav Esquadrão Falcão foi criado em 1972 tendo suas origens na Esquadrilha de Reconhecimento e Ataque 51 (ERA-51) que operava com os North American T-6D/G Texan e na 3ª Esquadrilha de Ligação e Observação (3ª ELO), que operava os Cessna L-19A/E Bird Dog. Em 1969, a ERA-51 fundiu-se com o ERA-42 de Campo Grande, no antigo Mato Grosso e depois com a 3ª ELO, dando origem ao Primeiro Esquadrão de Reconhecimento e Ataque (1° ERA).

O 1º ERA foi transferido para a Base Aérea de Belém, com o objetivo de aumentar a presença de helicópteros na região Amazônica, motivo pelo qual recebeu os Bell UH-1D Iroquois, além dos Cessna L-19E Bird Dog e North American T-6D/G Texan, passando a designar-se Primeiro Esquadrão Misto de Reconhecimento e Ataque - 1º EMRA.

Com a extinção dos EMRAs e a criação do Oitavo Grupo de Aviação, responsável pela operação de helicópteros na FAB, em 9 de setembro de 1980 a Unidade passou a ser designada como Primeiro Esquadrão do Oitavo Grupo de Aviação (1º/8º Gav), porém mantendo o nome de Esquadrão Falcão.

Entre os dias 20 de outubro de 1980 e 09 de janeiro de 1981 o 1º/8º GAv teve o seu acervo e efetivos transferidos para a Base Aérea de Manaus, recebendo a nova designação de 7º/8º GAv. Em 1987 estabeleceu-se na Base Aérea de Belém a 1ª Esquadrilha do 7º/8º GAv, equipado com aeronaves Aerospatiale (atual Eurocopter) CH-55 Fennec, versão bi-turbina do Helibras UH-50 Esquilo. No dia 16 de outubro de 1991, essa esquadrilha passou a ser o núcleo do 1º/8º GAv, que foi reativado no dia 29 de outubro de 1992, ou seja, 20 anos após a chegada a Belém de seu antecessor, o 1º EMRA.

O Esquadrão Falcão operou com os Neiva AT-25C Universal até 1996. A partir de 1997 passou a operar os helicópteros Bell UH-1H Iroquois, alguns ex-UH-1D e outros mais novos, além de alguns Embraer U-7 Seneca, para transporte leve e ligação.

O 2º/8º GAV "Esquadrão Poti", operando na Base Aérea do Recife descende da Esquadrilha de Reconhecimento e Ataque 21 - ERA-21, equipada com os North-American T-6. Em 20 de julho de 1973, em substituição à ERA-21, foi ativado o 2º Esquadrão Misto de Reconhecimento e Ataque - 2º EMRA o qual, utilizando aeronaves de asa fixa - T-6, Neiva L-42 Regente e Neiva T-25A - e aeronaves de asa rotativa - Bell OH-4 e Bell UH-1H. A EMRA passou a ter a denominação atual em 1980 operando com os H-50 Esquilo até a atualidade. O Poti é candidato a receber os novos helicópteros de ataque da FAB.

Quinto Esquadrão do Oitavo Grupo de Aviação (5º/8º Gav), conhecido como Esquadrão Pantera, é originário do Quinto Esquadrão Misto de Reconhecimento e Ataque (5º EMRA). O 4º EMRA em 1972 teve a sua denominação alterada para Quinto Esquadrão Misto de Reconhecimento e Ataque (5º EMRA). O esquadrão já usou os Cessna L-19A/E Bird Dog, Bell OH-4 Jet Ranger, North American T-6D/G Texan, Neiva L-42 Regente ELO, Bell UH-1D Iroquois, Embraer AT-26 Xavante, Neiva T-25A/C Universal e Embraer U-7 Seneca, para transporte leve e ligação. Desde 1979 são utilizadas as aeronaves Bell H-1H Iroquois, apelidados internacionalmente de “Huey” e conhecidos na FAB como “sapão” e "H-zão".

O Segundo Esquadrão do Décimo Grupo de Aviação (2º/10º GAv) - Esquadrão Pelicano é a única unidade da Força Aérea Brasileira dedicada exclusivamente a realizar missões de Busca e Salvamento (Search and Rescue - SAR). A incumbência principal do Esquadrão Pelicano é executar as missões especializadas de Busca e Salvamento em âmbito nacional, mas entre as suas atribuições também estão as chamadas operações especiais: infiltração e exfiltração de tropas especiais, Controle Aéreo Avançado (Forward Air Control - FAC), ataque e Combate SAR com os helicópteros Bell UH-1H Iroquois armados com metralhadoras e lançadores de foguetes.


A Neiva produziu quarenta aeronaves Regentes em duas versões bem similares. Uma era destinada a função de ligação e observação chamada de Regente ELO (Esquadrilha de Ligação e Observação). O Regente ELO possuía a fuselagem rebaixada na traseira para permitir uma maior visibilidade. Foi designada pela FAB como L-42 e retirada de operação em 2002. A outra versão era a de carga ou utilitária (C-42 ou U-42) sendo que 20 aeronaves ainda se encontram em operação. Ambas as versões possuem quatro pontos duros sob as asas para foguetes ou bombas.

Os três esquadrões do Terceiro Grupo tem como função as missões de Controle Aéreo Avançado entre as suas atribuições. O Sétimo Esquadrão de Transporte Aéreo (7º ETA) deu origem ao 1º/3º GAv em Boa Vista e ao 2º/3º GAv em Porto Velho, respectivamente em setembro de 1995. O Terceiro Esquadrão do Terceiro Grupo de Aviação, o Esquadrão Flecha, foi criado em fevereiro de 2004 na Base Aérea de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, absorvendo parte do efetivo e aeronaves da extinta Segunda Esquadrilha de Ligação e Observação (2ª ELO), da Base Aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro.
 
A função principal deste esquadrão é o patrulhamento e vigilância aérea atuando com outros órgãos do Governo Brasileiro, como a Polícia Federal atuando no combate a vôos ilícitos, principalmente de aeronaves de traficantes e contrabandistas.. As outras missões são interceptação e ataque, reconhecimento armado, reconhecimento visual, ligação, observação, C-SAR, controle aéreo aproximado e operações aéreas especiais. Outra importante missão é ser uma unidade de formação de Líderes de Esquadrilhas de Caça da Força Aérea Brasileira.

Os Esquadrões do Terceiro Grupo eram esquadrões da Aviação de Ataque da FAB, mas a partir de 2001 passaram a integrar a Aviação de Caça, subordinados à Terceira Força Aérea (III FAe).
 

Os Esquadrões Escorpião, Flecha, e Grifo utilizaram os Embraer T-27 Tucano em sua versão de ataque ao solo A-27, anteriormente designado AT-27, mas essas aeronaves foram substituídas em fins de 2007 pelos Embraer A-29A e A-29B Super Tucano com maior capacidade e alcance.

Um FAC pode ser primário, feito por um piloto da FAB, ou secundário feito por outro tipo de tropa, de acordo com a complexidade da missão que podem administrar. Pode ser um observador avançado de artilharia ou operador de Força de Operações Especiais.

Os helicópteros Esquilo com torreta FLIR da AVEx podem atuar como Slow FAC. O treinamento deve ser padronizado entre as forças armadas para evitar erros. A MB não tem helicópteros com sistemas equivalentes mas nada impede que os seus Esquilos ou Super Lynx venham a ser modernizados.

Nas operações Anfíbias a MB pode usar seus AF-1 como Fast FAC e seus helicópteros como Slow FAC. Operando no litoral a MB poderá usar sua futura aeronave AEW para adquirir alvos móveis também em terra, assim como usar seu MAGE.


Slow FAC

Os atuais Slow FAC da FAB são as aeronaves AT-29 Super Tucano e os helicópteros H-50 Esquilos e H-1H. O AT-29 está mais até para um "Half-Fast FAC" sendo equivalente ao OV-10 Bronco.

Os Caravan dos ETA também parecem ser adequados para realizar a missão. O 1º ETA e o 7º ETA operam a aeronave. A FAB possui em operação sete aeronaves Caravan (208A) e 10 aeronaves Grand Caravan (208B), estas aeronaves receberam a designação C-98 e C-98A. Alguns esquadrões tem aeronaves Caravan para missões administrativas.

O Super Tucano foi produzido em duas versões. A versão monoposto designado A-29A é usada para ataque e reconhecimento armado, dentro da tarefa de interdição; para ataque e cobertura, dentro da tarefa de apoio aéreo aproximado e para interceptação e destruição de aeronaves de baixo desempenho. A versão biposto foi designado A-29B, fazendo as mesmas atribuições do monoposto; mas também sendo usada para treinamento e para controle aéreo avançado, na tarefa de ligação e observação. Onde o AT-29 atuando como FAC(A) opera o AT-29 de ataque também irá fazer ataque e escolta dos FAC(A).

A FAB adquiriu 99 aeronaves sendo 33 monopostos e 66 bipostos. Entre os equipamentos estão o rádio V/UHF M3AR Série 6000 com sistema de datalink de transmissão e recepção de dados seguro, um FLIR AN/AAQ-22 StarSAFIRE II com sensor ótico e infravermelho e capacidade de usar óculos de visão noturna NVG ANVIS-9.


Imagem do FLIR Star Saffire do Super Tucano mostrando a assinatura infravermelha do Super Tucano. A foto deixa claro que o Super Tucano precisa de um sistema de supressão de assinatura dos motores. Em manobras entre os F-16 da USAF e os treinadores PC-9M da eslováquia os caças americanos tinha dificuldade de adquirir os pequenos turboélices por trás a baixa altitude com o míssil AIM-9M a não ser a menos de mil metros de distância. Em engajamentos posteriores os pilotos americanos usaram um F-16 voando alto que usava o radar para passar o alvo para outro caça que voava mais baixo.

Os helicópteros do 8o Grupo de Aviação realizam missões de ataque e apoio a operações especiais sendo necessário o uso de pilotos qualificados como FAC(A). As missões de resgate de combate também como as do esquadrão Poti com seus Esquilos.

A doutrina da FAB cita o uso de um C.A.A. (Controlador Aéreo Avançado) em terra. Atua em um destacamento móvel de superfície com um piloto de caça , rádio-operador e motorista, utilizado para balisar, de terra, as missões de apoio aéreo aproximado junto a linha de contato. Também é possível a utilização de somente um piloto de caça e não uma equipe. Não se sabe se a FAB tem equipamentos modernos para operar com os novos sensores e armas da FAB como o Star Safire e Litening como um apontador e designador laser e as bombas guiadas a laser.

Requerimentos dos Slow FAC

O USMC realizou vários estudos para uma aeronave FAC ideal que resultou no OV-10 Bronco e depois para o substituto do Bronco. O Super Tucano se encaixa bem nos requerimentos destes estudos.

Entre as características das aeronaves FAC estão: ótima visibilidade; rádios para contato com aeronaves, tropas e agências de controle; capacidade STOL para operar em pistas improvisadas; e capacidade de marcar alvos. A capacidade noturna também é necessária e a capacidade de sobrevivência é importante. Aeronaves como o O-1, O-2, T-6, L-5, F-100 e F-4 tinham estas características mas não todas ao mesmo tempo.

Em 1969 a USAF passou a usar o OV-10 Bronco dedicado para FAC. O Bronco era armado para atacar alvos móveis que podem fugir antes das aeronaves de ataque chegarem, mas precisava de escolta de caças dependendo do cenário onde atuaria. A partir de 1977 o A-10 entrou operação atuando como FAC(A) e substituindo os OV-10 na USAF.

No inicio da década de 90 o USMC queria um substituto para o OV-10 Bronco, mas queria manter a mesma capacidade. Com os conflitos mudando para baixa intensidade queriam manter uma aeronave dedicada. O Bronco operava em um esquadrão de reconhecimento realizando reconhecimento, FAC(A), Tactical Air Coordinator Airborne, controle de artilharia, retransmissão de rádio e ataque leve. O USMC achava que os caças e helicópteros seriam um péssimo substituto por ser ruim para observação. Os esquadrões não tinham experiência na missão e tinham outras missões prioritárias e meios inadequados.

Os Marines sabiam que a aeronave ideal deve voar a média altitude e média velocidade por longo período. Os AH-1W e F/A-18D tinham limitações em velocidade, altitude, tempo de espera e aviônicos para substituir o OV-10. O AH-1W voa baixo e lento para fugir ou recolocar. Se sobe a manobrabilidade diminui.

O F/A-18D voa muito rápido e se desacelera fica pouco manobrável. Voando a média altitude diminui o tempo de espera. A autonomia é importante para observação. Tem que ser de quatro horas ou mais junto com a tropa em terra.O piloto precisa de tempo para construir a consciência da situação. O AH-1W pode voar duas horas e o F/A-18D uma hora e meia. Pode fazer REVO, mas perde consciência da situação parcial. A aeronave FAC(A) precisa de quatro rádios. O Cobra e o Hornet tinham com dois e não tem rádio HF para comunicação com as tropas. Precisam de telêmetro laser e FLIR como no OV-10 e até que receberam depois.

O desempenho do ALX é da mesma classe do OV-10 Bronco. Os dados de desempenho do OV-10 são velocidade de cruzeiro de 275kts, velocidade de espera de 200kts, e velocidade máxima de 400 Kts. O tempo na estação é de 3,5horas.

Já os requerimentos de uma aeronave de CAS é ter boa alcance de translado, boa velocidade de reação para voar até área de operação, bom tempo sobre o alvo, boa visibilidade em relação ao solo, capacidade observar o solo enquanto manobra, e enquanto fica perto da posição do alvo ou tropas amigas, bom potencial crescimento para aceitar novos sistemas (RWR, rádios, casulos, armas etc), capacidade noturna, bons sistemas de navegação e comunicação.

O Super Tucano também preenche bem estes requisitos sendo blindado, com armas internas e boa visibilidade na cabina apesar da asa baixa. O FLIR Star Safire vai ajudar em muito nas missões de FAC(A) ajudando a detectar alvos, designar para outras aeronaves e permitir que a aeronave voe bem acima das defesas antiaéreas em terra. A autonomia parece ser adequada podendo ficar várias horas no ar sem precisar de reabastecimento em vôo.


O Super Tucano pode receber uma torreta Star Saffire abaixo da fuselagem. Os sensor Star Saffire é muito útil em todos cenários que o Super Tucano irá operar. Em cenários de baixa intensidade o FAC(A) sobrevoa o alvo e usa sensores com zoom e não precisam mergulhar para dar uma olhada. Em cenários de média intensidade podem ficar longe e dar aproximadas para ver de mais perto com o FLIR/TV. Gravam as imagens para ver depois em local seguro. Depois volta para olhar com detalhes e determinar as coordenadas para atacar depois, de preferência com armas de longo alcance. Em cenários de alta intensidade podem usar o terreno para fazer manobras "pop-up" e dar olhadas rápidas, ou chamam os UAV para ver de mais perto.

FAST FAC

O 2/10 GAv "Esquadrão Poker" é o esquadrão da FAB especializado em reconhecimento e uma das missões é o reconhecimento visual. Provavelmente é o esquadrão especializado em Fast FAC da FAB. A FAB recebeu 15 RA-1 AMX para reconhecimento, mas o Poker opera junto como Esquadrão Centauro dividindo 15 A-1 monoposto e sete A-1B biposto na Base Aérea de Santa Maria/RS.

O AMX parece ser a melhor aeronave da FAB para Fast FAC sendo rápido, com bom alcance, boa visibilidade na cabina, e mantém a capacidade de ataque. A operação pode ser feita pelos AMX biposto e monoposto.

A FAB já estudou a compra de seis casulos Reccelite e dez Litening da Rafael em 2003 para equipar seus  RA-1. Ele complementaria os casulos de reconhecimento foto e infravermelho atualmente em uso. Casulos Litening também seria de boa utilidade para a missão.

O primeiro casulo de navegação e ataque para aeronaves de caça da FAB foi adquirido em 2005 quando a FAB comprou oficialmente quatro casulos Litening III para uso nos F-5EM.

Os F-5EM não parecem ser adequados para a missão devendo se concentrar nas missões de superioridade aérea, podendo atuar como Ala ou escolta dos AMX em missões de FAC(A). Pode levar algumas bombas para apoiar caso necessário. É bom lembrar que a superioridade aérea é um dos requisitos para os FAC(A) operarem. Nada impede que os esquadrões de F-5EM tenham pilotos qualificados como FAC(A) e possam operar na função caso o cenário permita. A capacidade de detetçaõ de alvos móveis terrestres deve ser bem vinda podendo passar a posição dos prováveis alvos para os FAC(A) com o datalink.


Imagem da cabina traseira do AMX. O AMX pode atuar como FAC(A) e a visibilidade na cabine é muito importante para a missão.

Inteligência

As aeronaves de inteligência irão apoiar as missões dos FAC(A) como os R-99B de sensoriamento remoto, os P-3AM, os R-35 Learjet de fotografia aérea e os próprios RA-1 de reconhecimento fotográfico. A US Navy já usou os seus P-3 para apoiar operações em terra incluindo com FAC(A) a bordo. Usava o FLIR e radar para detectar e indicar alvos. A autonomia era ideal para apoiar operações em cenários de baixa intensidade.

O EMB-145SA, ou R-99B SR ("Remote Sensing") na FAB, é usado para localizar alvos no solo com radar SAR, GMTI e FLIR. Também terá capacidade de realizar reconhecimento eletrônico (ELINT) e de comunicações (COMINT). Entre as capacidades adicionais está a capacidade de realizar Comando e Controle de busca e salvamento.

Satélites de uso comercial que produzem imagem com resolução de 1-2 metros já estão disponíveis. O Brasil está lançando uma série de quatro satélites de sensoriamento remoto em conjunto com a china (CBERS -satélite sino-brasileiro de recursos terrestres). A resolução provável é de 10-20 metros e poderão ser uma fonte de inteligência.

Os novos P-3AM podem atuar com um tripulante qualificado como FAC. A aeronave está equipada com um FLIR para auxiliar as missões. A aeronave realizou esta missão no Afeganistão apoiando as operações das Forças Especiais. No mar já funciona como Controlador Aerotático Aerotransportado e Controlador Aéreo Avançado apoiando as operações navais.

Futuro

O Controle Aéreo Avançado é uma missão e uma não aeronave ou plataforma. Está provado que melhora a efetividade das aeronaves táticas, mas depende de doutrina, treino e equipamentos adequados. Vários sistemas em operação na FAB ou planejados irão melhorar a capacidade dos FAC.

O FLIR Star Safire deve ser padronizado na FAB já estando em operação nos Super Tucano e P-3AM. Cada torreta custa cerca de US$ 500 mil. Seria ideal para equipar outros helicópteros como o Esquilo e Black Hawk e o novo helicóptero de ataque da FAB. O sensor é necessário para detectar alvos e indicar alvos para outras aeronaves sendo um meio eficiente e que diminui as comunicações e erros. Apoiaria também outras missões como o CSAR podendo facilitar a aquisição de apontadores laser e laser beacon sendo usados pelos pilotos derrubados. Outro meio de busca e detecção são os óculos de visão noturna já entrando em operação na FAB. Um binóculos giro-estabilizado custa cerca de mil dólares nas versões mais capazes.


O datalink da FAB é outro meio que facilita as ações dos FAC podendo passar as coordenadas dos alvos direto para a cabina de outras aeronaves, seja do FAC(A) para caças ou de meios de inteligência para os FAC(A) e aeronaves de ataque. Os casulos Litening da FAB podem ser equipados com um datalink para passar imagens direto para agencias de controle.

Os FAC(A) também precisam de armas adequadas para atuar. As bombas guiadas a laser Lizzard da Elbit já em operação na FAB são ideais para apoiar as missões de Apoio Aéreo Aproximado (Cobertura Aérea) e reconhecimento armado (não se sabe se a FAB tem doutrina para fazer SCAR). Os sensores do Star Saffire e Litening são necessários para guia-las. Foguetes guiados a laser como os kits da Elbit são outra opção podendo armar facilmente os helicópteros e Super Tucanos.

Um míssil anti-carro pode ser necessário para os helicópteros Esquilo, o novo helicóptero de ataque e talvez os Black Hawk. O Spike israelense parece ser ideal por ser leve e moderno, podendo ser padronizado até com as outras forças vindo a equipar os Esquilos do Exército e Marinha, além dos Lynx da MB. Mísseis guiados a laser também são desejados como o Hellfire e LAHAT. Os foguetes de 70mm com kit de guiamento laser também são desejáveis e relativamente fáceis de integrar.

Os Caravan dos ETA é outra aeronave promissora para fazer FAC(A). É a única aeronave de asa alta e lenta para a missão. As modernizações necessárias para a aeronave desempenhar bem a função de FAC(A) é receber um FLIR, blindagem adicional e uma metralhadora para tiro lateral no compartimento traseiro, além de rádios adequados. Alguns países já operam o Caravan com um FLIR para reconhecimento e a Cessna comercializa uma versão armada com metralhadora Minigun de tiro lateral e provisão para quatro cabides nas asas. Uma metralhadora M2 calibre 12,7mm teria um bom alcance para evitar ameaças em terra. O uso de NVG a noite e apontador laser ajudaria na pontaria da metralhadora e para indicar alvos. O Caravan já faz outras missões das aeronaves de ligação como transporte leve, ligação, ressuprimento. O Caravan tem capacidade STOL parcial para operar em pistas avançadas. O motor é potente para operar em locais quentes.

Os A-29 não estão equipados com sistemas de alerta radar (RWR) e alerta de aproximação de mísseis (MAWS) e seriam muito necessários nestes cenários. Mísseis MAA-1B e mira montada no capacete como o DASH seria uma grande melhoria para autodefesa, escolta e operações anti-helicóptero/anti-UAV. Parte da frota poderia ser equipada com casulos Litening com maior capacidade em relação ao Star Saffire o que aumentaria a capacidade de aquisição de alvo, ataque e navegação. Pode-se pensar até em instalar o radar SCP-01 em casulos/tanques de combustível, assim como as torretas Star Safire, como propostos para versões baratas do Litening. Ainda mais necessário seriam designadores laser terrestres para controladores avançados para indicar alvos para aeronaves e facilitar a comunicação.

Os F-5EM já estão no estado de arte para realizar a missão, mas não deverão ser a plataforma prioritária para ser usado como Fast FAC. Já o A-1M deve ter sua capacidade multiplicada após ser modernizado.

A aeronave escolhida para o FX-2 deve considerar os requerimentos de um Fast FAC como os observados pelos americananos em suas operações recentes: alcance, velocidade, carga de armas, sensores adequados, dois tripulantes, bons sistemas defensivos e sistemas de comunicações para esta missão de alta demanda. Uma capacidade oferecida são os radares de varredura eletrônica capazes de buscar alvos em terra e no ar ao mesmo tempo.

Uma aeronave de longo alcance será muito necessária para a FAB devido a pequena frota de aeronaves de reabastecimento. Sem REVO as aeronaves de FAC(A) terão que ir para a área de operação (a FAB não usa o termo kill box) e voltar para a FAB. A outra opção é fazer reabastecimento em bases avançadas. O resultado é gastar boa parte da missão em trânsito ao invés de buscar alvos e controlar ataques. O A-29 é uma boa opção para FAC(A) por ter boa autonomia, ou cerca de seis horas ser armas. Usar um caça como tanque tático é outra opção podendo reabastecer outras duas aeronaves e uma aeronave grande também é o requerimento ideal.

Outra proposta oferecida a FAB foi participar do projeto PAK-FA russo de uma caça de Quinta Geração. Um caça furtivo daria novas capacidades como diminuir o número do pacote sendo apoiado por um FAC(A) no campo de batalha. Em Kosovo a OTAN enviava cerca de 40 aeronaves para cobrir uma área de 180x180 km. Com uma aeronave furtiva a necessidade de escolta de caças, supressão de defesas e guerra eletrônica diminuiria. O resultado é que o número total de aeronaves no pacote pode reduzir pela metade.


As imagens acima são de uma foto de imagem SAR e de um modo de detecção de alvos móveis. Esta capacidade poderá estar disponível futuramente para a FAB com os novos caças do Programa FX-2.

Os VANT (Veículos Aéreos Não Tripulados) são uma nova tecnologia para realizar as missões dos FAC(A) tendo maior autonomia e sem colocar em risco as tripulações podendo operar em cenários de alta intensidade. Os VANT ainda não são uma realidade na FAB apesar de haver estudos a respeito. A aquisição de uma pequena frota poderia ser usada para criação de doutrina, pesquisa e treinamento.

Os VANT fariam o papel dos Slow FAC na FAB. Podem ser de dois tipos principais. Um modelo que pode servir de exemplo é o Hermes 450 com alcance de 200 km operando com linha de visada direta com a estação em terra operando na frente de batalha. Outro seria o Raven com a comunicação sendo feito por satélite e raio de ação bem maior e bem atrás da Linha de Contato. O Raven pode operar em um teatro bem grande como feito atualmente no Afeganistão. A limitação do Hermes 450 pode ser a banda de frequência enquanto a do Raven seria o custo do satélite.

Recentemente a FAB anunciou que pretende se juntar a Denel para desenvolver o Veículo Aéreo não Tripulado (VANT) Bateleur do tipo MALE (medium-altitude long-endurance) com capacidade equivalente ao Predator americano.

Enquanto os VANT tem a vantagem de operar por muito tempo em cenários de alta ameaça, eles tem a visão focada e perdem alvos de oportunidade. Também não tem a flexibilidade dos FAC(A) e não operam como FAC(A). O EB tem seus projetos de VANT, mas são modelos de curto alcance para operar sobre o campo de batalha assim como os modelos do CFN.

Outras capacidades de inteligência faltando na FAB são casulos de imagem de longo alcance tipo LOROP e sistemas de ELINT/SIGINT em terra e radares de contra-bateria para o Exército.


VANT Bateleur (águia africana) da Denel. O Bateleur pode ser equipado com torreta de sensores TV e FLIR, designador laser, radar de imagem SAR e sensores de ELINT. A comunicação pode ser feita por satélite. A autonomia varia de 18 a 24 horas dependendo da carga. O raio de ação é de 750km. A velocidade de cruzeiro é de 250km/h. O peso máximo de decolagem é de uma tonelada e a carga de 200km.

Treinamento dos FAC

Para ser um FAC é necessário ser um piloto experiente. Antes tem que aprender a ser um FAC em terra para se tornar um FAC embarcado. O treino em FAC significa treinar menos em outras missões, mas para pilotos experientes o problema é menor e são especialistas no esquadrão onde operam. A US Navy quer treinar todos os tripulantes dos F/A-18F (biposto) como FAC(A).

Depois de ser certificado com FAC é preciso ser qualificado mantendo o treinamento constante. Nos EUA a doutrina cita que o FAC tem que fazer 12 controles de ataque por ano para manter a qualificação limitada. Idealmente deveria ser 36 por ano e no máximo de seis em seis meses para ter qualificação completa. Os cenários podem ser de dia ou noturno, média ou baixa altitude ou tipo de aeronave.

O treino tático, junto com outros meios como caças, tropas, artilharia e UAV, em circunstancias reais de combate é difícil de ser feito. O mínimo poderia ser sobrevoar as manobras do EB ou CFN para reconhecer o campo de batalha e guiar ataques "secos". As aeronaves de ataque também aproveitam o treino. O treino sintético com ajuda de computadores já é uma realidade com simuladores dedicados para treinar os FAC em terra como o sistema "Fire Support Co-ordination and Air/Ground Missions Simulator" da Holanda. A identificação de alvos pode ser feita continuamente com estudo de ordem de batalhas de outros países.

Para operar em Forças de Paz e Forças Expedicionárias que precisam muito apoio aéreo para apoio de fogo é essencial ter FAC em terra. Sem precisão o ataque aéreo perde a eficiência e se torna uma ameaça política.

Nestas condições o FAC tem que seguir as regras americanas por serem os principais fornecedores de CAS. Precisa de rádio padrão "Have Quick". O inglês é a linguagem padrão dos FAC nas operações internacionais assim como os termos. Termos como "cab rank" britânico virou o "push CAS" americano.

A escola britânica de FAC tem dos jatos Hawk dedicados para treinar os FAC. Recebe 12 a 14 candidatos por curso que dura três semanas. São realizados três cursos por ano. Outros cursos são realizados na Holanda e França. Os FAC aprendem a planejar, conversar e colocar aeronave e munição no alvo. Mesmo assim é 10% do que precisam saber, pois não aprendem operações noturnas, operações com outras forças aéreas e todos tipos de aeronaves com seus sensores e armas. Na Europa treinam com caças voando baixo devido ao mau tempo. Nos EUA o treino é feito a media e alta altitude com mais precisão.

 


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