IRST - Infrared Search and Track

Quatro caças F-16 noruegueses estão atravessando o céu das Ilhas Lofoten, após decolarem para atenderem a um chamado de interceptação contra alvos indo em direção à Base Aérea de Andoya. Os F-16 foram equipados com um IRST AN/AAS-42.

Voando abaixo do nível de formação de trilhas de condensação (30 mil pés), os pilotos noruegueses logo detectaram os seis "alvos". Eram caças Su-27 aproximando-se de frente na mesma altitude, voando um padrão de varredura de caças tipo "parede de Flanker" e projetando seu grande envelope de busca radar à frente. Presumivelmente, um grupo de ataque viria logo atrás.

Os F-16 estavam com seus radares desligados e reduziram a potência do motor para não serem vistos pelos IRST dos Su-27, que suspeita-se operarem na banda 3-5 m, otimizados para detectar assinaturas de pós-combustores. Como o sensor AN/AAS-42, que funciona na banda 8-12 µm  detecta a assinatura de fricção do ar na fuselagem, os F-16 foram capazes de detectar e classificar a aproximação dos Su-27 antes de serem detectados. Os noruegueses realizaram uma emboscada furtiva e derrotaram os Su-27 com disparos de AMRAAM no alcance máximo.

Esta demostração gráfica do potencial oferecido por caças equipados com IRST foi feita pela Lockheed Martin Tactical Aircraft Systems in Fort Worth, Texas, em cenários ar-ar simulados. O desempenho cada vez maior dos sensores de imagem térmica tem permitido que os IRST rivalizem com o radar como o sensor de escolha para muitas aplicações ar-ar em caças e aeronaves de vigilância.

Ver o que não pode ser visto é característico da guerra moderna. As armas atuais conseguem destruir alvos facilmente, no ar ou terra, após detectados e identificados. O ideal é detectar e localizar inimigo sem ser detectado no processo. Embora radar seja um sensor efetivo, sua fraqueza fundamental é precisar de iluminar o alvo com energia. Quando faz isso será identificado e denunciará sua posição e ainda pode ser jammeado. Sensores eletro-óticos e por calor não tem estas deficientes por serem passivos.

O primeiro FLIR foi usado em 1967 durante o a Guerra no Vietnã. Mostrou ser um sucesso com o calor das tropas e equipamentos inimigos denunciando sua posição com o calor emitido. O FLIR (Forward Looking InfraRed) virou termo genérico para um grande conjunto de equipamentos de imagem de calor. O primeiro FLIR apareceu em 1964 produzido pela Texas Instruments usando experiência usada nos primeiros varredores IR lineares de casulos de reconhecimento.

O IRST, ou Sistemas de Busca e Rastreio Infra-Vermelho (Infrared Search and Track) é um sensor passivo, que usa a fonte de calor emitida pelo alvo para gerar dados para o sistema de armas de uma aeronave (ou outra plataforma como navio ou bateria antiaérea).

A operação passiva dos IRST tem a vantagem da ocultação. A vantagem de formar imagem de alta resolução também ajuda na identificação visual (VID) a longa distância. A perda de precisão na informação de alcance pode ser parcialmente superada com a integração de um telêmetro laser ou com um radar laser (LADAR).

O uso de sensores que detectam calor para busca de alvos por aeronaves de combate é tão antigo quanto o uso desses sensores para guiamento de mísseis. Os primeiros modelos tinham desempenho limitado, pois não formavam imagem do alvo. Aeronaves da USAF da década de 50 e 60 como o F-101B Voodoo, F-102 Dagger, F-104 Starfighter, F-106 Delta Dart, F-8 Crusader e F-4B Phantom já eram equipadas com esses sensores, mas com pouca utilidade prática.

Os IRST eram instalados principalmente em interceptadores cujos alvos eram bombardeiros Bear e Bison com grande assinatura IR voando a grande altitude em céu claro e em um cenário frio no norte do Canadá. Também podiam ser usados para apontar mísseis guiados por calor como o Sidewinder e Falcon. Por atuar de forma passiva o IRST daria pouco alerta ao alvo e não poderia jammear o radar. Os bombardeiros soviéticos tinham interferidores potentes na época.

Os IRST da USAF foram adotados pela US Navy nos F-4B como sensor AAA-4 IRST montado no nariz para apontar o AIM-9B. Foram retirados nas versões posteriores usadas para superioridade aérea e ataque.

O F-4C era equipado com um detetor IR Hughes S-71N (AN/AAR-4) sob o radome do radar, mas que foi substituído por uma antena de alerta radar nos modelos F-4D. O JAS-35F Draken sueco também foi equipado com o AAR-4 na década de 60.


Um sensor IR AAS-15 foi instalado na maioria dos F8U-2N Crusader a partir de 1960, aparecendo como um chifre à frente do cockpit da aeronave.


Os russos tem uma história mais longa e consistente de uso de IRST. Os russos copiaram os IRST americanos e instalaram nos seus MiG-25 e MiG-23 de defesa aérea a partir da década de 60. O MiG-23 tinha um buscador de calor TP-23, TP-23-1 ou TP-23M (MiG-23ML) sob o nariz capaz de detectar um F-16 ou similar a 35-40 km ou um TP-26 apontado para trás com alcance de 60 km. Os dados são mostrados no HUD. O TP-26 é usado para apontar mísseis R-60 e R-23T. O MiG-23P com computador digital e datalink Lazur-23SML tinha capacidade de interceptação completamente autônoma no inicio da década de 80.

J-35 IRST
O primeiro IRST do J-35A do Draken era muito inefetivo e de curto alcance e difere bastante em formato nas versões posteriores usados no J-35F. O sensor era fabricado pela Hughes e tinha alcance de 25km. Era apropriado para as regiões geladas dos países nórdicos.

Os primeiros modelos do F-14 Tomcat eram equipados com um detetor IR AN/ALR-23 móvel sob o nariz, que podia ser apontado pelo radar ou usado independentemente para varrer áreas não vigiadas pelo radar. O detetor de Antimoniato de índio era resfriado por um sistema de criogênio de ciclo Stirling autônomo. Na prática, o AN/ALR-23 era inefetivo, e foi substituído pelo Northrop AN/AXX-1 Television Camera Set (TCS).

Os pilotos do F-14 Bombcat perceberam que o FLIR do sensor LANTIRN era mais eficiente para checar alvos a longa distância que o TCS. O FLIR tem zoom de 4, 10 e 20 vezes e pode ser apontado 150 graus fora do eixo da aeronave. Com o datalink FTI, a imagem do FLIR pode ser transmitida a longa distância junto com imagens do casulo de reconhecimento TARPS e do TCS.

Os primeiros IRST eram simplesmente câmeras FLIR com um simples sistema de rastreio e pontaria. Os projetos recentes têm maior capacidade, incluindo um grande volume de busca, aquisição autônoma de alvos distantes, rastreio acurado de alvos múltiplos, taxa de aviso de alvos falsos muito baixo em todas as condições, estimação de distância passiva, qualidade de imagem similar às câmeras de TV de alta definição, e integração com outros sensores e armas de bordo.

A capacidade do IRST varia de acordo com a freqüência de operação. Por exemplo, operando na banda de 2 microns o sensor só detectará exatores de foguete, pós-combustor e a cavidade da turbina. Na banda de 4 microns detecta o já citado e partes quentes da fuselagem e na banda de 8 microns para todos os citados e até a turbulência.

A diferença entre um FLIR e um IRST é que o último mostra dados de fontes de calor no mesmo formato de uma tela de radar podendo informar a distância também se estiver usando um telemetro laser ou por estimativa. O FLIR é um sensor de calor que forma imagens a frente para serem mostradas ao piloto e com uso em navegação e aquisição de alvos num FOV estreito. Os IRST atuais são capazes de formar imagens de alta resolução podendo ser usados para aquisição com um FOV estreito e para identificação visual.

IRST

Imagens de um mostrador de radar do F-8 Crusader mostrando as imagens do IRST.

Os IRST atuais usam tecnologia de arranjo de foco plano (FPA - Focal Plane Arrays) que são várias câmeras de imagem térmica formando um conjunto único. O sistema é mais leve, menor, precisa de menos resfriamento, é mais confiável e, potencialmente, mais barato que os sistemas eletromecânicos antigos.

O ASRAAM e AIM-9X foram os primeiros mísseis ar-ar a empregarem a tecnologia de FPA em um arranjo de 128 x 128 sensores. As imagens de onda longa com sensores de HgCdTe prometem aumentar o alcance de detecção. Para aplicações de ondas curtas, os arranjos de PtSi são outra alternativa. A cabeça de busca dos mísseis guiados por IIR atuais podem formar uma imagem do alvo. O míssil francês MICA pode ter seu sensor de busca usado como IRST sob comando da mira do capacete do piloto ou do radar.

Os principais requerimentos para os IRST de caças são:

- Busca e rastreio automático da assinatura IR de aeronaves em vôo a longa distância em um grande campo de visão e em todos os aspectos (olhando para cima, para baixo, mesma altitude
e contra ruído de fundo).

- Capacidade e assistência no engajamento de alvos múltiplos simultâneos e no lançamento de armas em um ambiente de contramedidas eletrônicas pesado.

- Saída de dados para fusão de sensores, para aumentar a segurança e confiança, melhorar a detecção, reduzir ambiguidade, e melhorar o desempenho de radar, armas e sistemas de guerra    eletrônica.

- Mostrar imagens de alta resolução para identificação visual (VID) de alvos ao piloto.

- Ter um modo de auxílio a pouso noturno e condições de tempo adversas.

- Ter um modo de navegação e evitamento de terreno.

- Ter um modo ar-terra para localização e designação de alvos olhando para baixo.

- Mostrar informações relevantes e vídeo para apresentação no HUD, HMD e HDD.

- Sensor auxiliar em caso do radar estar sofrendo interferência.


Um FLIR de Terceira Geração mostrando um C-141 taxiando a 20 km de distância.

O desempenho de um IRST depende de uma combinação de fatores. O número máximo de alvos que podem ser rastreados, simultaneamente, está diretamente relacionado com a capacidade de  processamento. Embora o número real de alvos verdadeiros no campo de visão do sensor possa ser bem pequeno, uma grande capacidade de processamento é necessária para assegurar que ela não será cancelada na presença de "clutter", como margens de nuvens. Em cada caso, a precisão do rastreio deve ser otimizada para apoiar funções como trancamento de cabeça de busca de mísseis ou fusão de sensores.

O alcance de detecção é a distância em que a assinatura do alvo excede um certo limiar, que é normalmente determinado como 90-95 % da probabilidade de detecção. Alguns IRST constroem uma história de rastreio, usando associações entre várias detecções, antes de declarar o    resultado ao sistema de armas. Esta "declaração de alcance" deve ser a maior possível para preparar a resposta na forma de lançamento de armas, lançamento de contramedidas ou manobras de escape.

O campo de visão (Field Of Vision - FOV) que o usuário selecionou no campo de visão total (Field Of Regard - FOR) do IRST depende das circunstâncias. Para uma cobertura máxima, o FOV deve ocupar todo o FOR. Com um valor menor pode-se reduzir o tempo para completar uma varredura, com uma maior taxa de atualização. Outra alternativa é permitir o uso de tempo de integração maior no detetor, com um maior alcance contra um certo alvo. O objetivo é ter uma taxa de alarme falso de menos de cinco por hora em um FOV de 30 x 50 graus.

Os IRST são passivos mas podem ser detectados com varredura laser que detectam o brilho do filtro IR do sensor. Se o IRST tiver um telemetro laser suas emissões podem ser detectado por um sistema de alerta laser (Laser Warning Receiver - LWR). Os sensores infravermelhos são passivos mas podem ser jameados com um laser potente que satura o sensor e pode até queimá-lo.

Os russos tem a tendência de usar telêmetros laser como arma anti-pessoal, para danificar o olhos humano e sensores óticos mais simples. A USAF testou esta capacidade no programa Compass Hammer propondo um traqueador ótico capaz de detectar o brilho do disparo de canhão e direcionar um potente laser verde para a fonte para cegar o artilheiro e o sistema de controle de tiro. A Westinghouse projetou o casulo Advanced Optical CounterMeasures testado no meio da década de 80 para equipar os B-52 mas não entrou em serviço. A contramedida contra os laser é usar óculos com várias camadas de filtro de vários comprimentos de ondas especificas. O óculos tem que ser usado de forma continua pois o laser visível e invisível não dão alerta.

TISEO

Um sistema eletro-ótico usado no fim do conflito do Vietnã foi as TV telescópicas estabilizadas. Um dos motivos foi a necessidade de identificar aeronaves visualmente antes de disparar armas. As aeronaves americanas eram grandes e ficavam em desvantagem contra pequenos MiGs vietnamitas e ainda eram fumaçentos. A próxima geração era ainda maior com o F-14 e F-15 sendo maior que o F-4. Os americanos ficaram na situação ridícula de usarem sistemas de armas de longo alcance e serem forçados a combater a curta distância. A TV telescópica reverteu esta situação permitindo a identificação visual além da visão humana.

A primeira câmera de TV telescópica estabilizada a entrar em operação foi a AN/ASX-1 Target Identification Set Electro-Optical (TISEO) da Northrop. O TISEO foi resultado do programa Rivet Haste durante o conflito do Vietnã. O TISEO entrou serviço na década de 70 na USAF, inicialmente no F-4E e depois seria instalado no F-15 mas foi cancelado.

A instalação do TISEO no F-15 foi abandonado em 1972. Em 1987 foi iniciado um projeto semelhante chamado "Eagle Eye III" com um sensor que seria montado na raiz da asa esquerda no mesmo local preparado para levar o TISEO. O sensor teria 40cm de comprimento e 10cm de diâmetro. As imagens de TV seriam mostradas na tela de radar. O sensor foi cancelado por falta de fundos e alguns caças passaram a levar lunetas Leopold acoplada na estrutura do HUD.

O TISEO foi instalado nos últimos F-4E de produção e retrofitado nos modelos mais antigos. As imagens são mostradas na tela de radar do WSO. O TISEO pode ser apontado pelo radar APQ-120 e com uma modernização podia ser apontada pelo sistema de navegação para apontar em pontos no solo. Foi empregado no fim do conflito do Vietnã com sucesso. Os F-4E iranianos equipados com o TISEO usavam o Combate Tree e o TISEO para detectar, identificar e atacar os MiG-21 iraquianos a longa distância com mísseis Sparrow.

Em testes no deserto, as táticas de penetração dos F-111 foram questionadas depois que estas aeronaves eram facilmente detectadas, identificadas e “derrubadas” a longa distância por MiGs simulados por caças F-4E equipados com o TISEO.

TISEO
O TISEO é instalado na raiz da asa esquerda do F-4E.

TISEO
Foto de uma imagem de um TISEO feita a partir de um F-4E iraniano mostrando um MiG-23 iraquiano no momento em que um AIM-54 Phoenix detona ao seu lado. O combate ocorreu em 25 de setembro de 1980 com o míssil sendo disparado pelo Major Naghdi. O F-14A estava voando a 6.000 metros e a 8km do MiG-23 quando o Phoenix foi disparado com o MiG se aproximando e manobrando violentamente. No mesmo combate um Phantom II derrubou um MiG-23 com um Sparrow disparado a 5km de distância. Os pilotos iranianos gostavam do TISEO do F-4E com excelentes resultado e esperavam receber o AN/AX-1 TCS nos seus F-14 mas a revolução impediu a instalação que seria feita após as aeronaves serem recebidas.


Modos de operação do TISEO. Os F-4E receberam o TISEO como parte da modernização AN/ARN-101(V).


AN/AXX-1 Television Camera Set (TCS)

O TISEO foi modificado pela US Navy como TVSU (Television Sight Unit) e testado entre 1977 a 1978 com grande sucesso. A Northrop foi contratada para adapta-lo para uso naval e virou o AN/AXX-1 Television Camera Set (TCS).

O TVSU foi usado na segunda fase dos exercícios ACEVAL e mostrou a importância do TVSU que equipava os F-14 em 185 mísseis disparados eletronicamente. O TVSU permitiu a identificação visual a longa distancia em 175 destes disparos. Os primeiro TCS foram incorporados nos F-14 Block 125 no início da década de 80.

O TCS consiste de uma câmera de TV estabilizada de alta resolução de campo de visão (FOV) largo de 1,42 graus para busca e outro com zoom de 0,44 graus para identificação de alvos. As imagens aparecem logo acima da tela de radar do piloto e no painel do WSO. O TCS varre uma área 15 graus para cada lado do eixo da aeronave podendo ser apontado pelo radar (AWG-9 ou APG-71), pelo IRST do F-14D, de forma  independente ou manualmente pelo WSO. Os eletrônicos têm algoritmo para acompanhamento automático do alvo o que aumenta a capacidade de contra contramedidas eletrônicas do radar que não vai se desviar do alvo. Aeronaves fazendo manobras "bemaning" são acompanhados facilmente. 

O TCS é usado para localizar um inimigo visualmente a longa distância e identificá-lo, evitando fogo amigo. O TCS permite inspecionar alvos a longa distância antes de engajar, pelo menos de dia e com bom tempo. O TCS não tem o alcance do radar, mas ajuda em muito na identificação o que é importante quando as regras de engajamento especifica que é necessário identificar visualmente o alvo antes de disparar. O TCS permite ganhar segundos cruciais no combate. O TCS, e o TISEO, permite identificar um caça F-5 a cerca de 18km, um C-130 a 60km, um F-111 a 70km, um DC-10 a 135km.

Um exemplo prático do uso do TCS é o uso do radar AWG-9 para detectar um Tu-22 Backfire e aponta o TCS com o radar. A aeronave é identificada a longa distância e o F-14 inicia o ataque com mísseis Sparrow iluminando o alvo com o radar. O Tu-22 reage com seus potentes interferidores e o radar do F-14 perde o traqueamento do alvo, mas o TCS ainda mantém o radar apontado para alvo e continua iluminando o alvo corretamente com um feixe estreito de radar.

O TCS também é usado para avaliação de incursão, contra alvos voando muito perto, e depois do ataque serve para avaliação dos danos de batalha.

Dependendo das regras de engajamento o TCS permite fazer identificação visual a uma distância 3-7 vezes maior que o alcance visual. Ao acompanhar o alvo o piloto pode observar se esta fazendo manobras ofensivas e defensivas, ou se está disparando mísseis. As imagens são gravadas para analise pós vôo.

TCS
O TCS usa duas TV vindicon, uma com zoom estreito e outra com zoom largo.

TCS
O TCS é formado por dois Weapon Replaceable Assemblies (WRA), o telescópico e a caixa preta com eletrônicos. As duas câmeras ficam em uma montagem móvel com o campo de visão de 30 graus centrado no eixo da aeronave. O sensor move a 30 graus por segundo e estabilizada a 150 graus por segundos.

TCS
No F-14D o TCS foi instalado junto com o IRST. Originalmente o F-14A tinha o conjunto de detecção infravermelho AN/ALR-23 no local do TCS mas mostrou ser pouco confiável e foi substituído pelo TCS. O ALR-23 tinha alcance limitado, com dados de pouca qualidade e detectava fontes de calor falsas. A tecnologia dos IRST melhorou com aumento da confiabilidade e maior alcance.

TCS
Detalhes da imagem do TCS com um F-14 como alvo.


Imagem do TCS durante um combate contra um MiG-23 líbio no Golfo de Sidra em 4 de janeiro de 1989. O TCS é um sistema de aumento visual que permite identificar um caça pelo tipo a cerca de 24km.


Imagem do TCS de um Tomcat do VF-33 de um de dois MiG-25PD libios encontrados no dia 24 de março de 1986.


A USAF pretende instalar o AAS-42 em um casulo para ser usado no F-15 Eagle. O casulo será instalado no centerline.


A US Navy estuda a instalação do AAS-42, retirados dos Tomcat, em um tanque central para ser usado pelos Super Hornet.

PIRATE

Os projetos de IRST europeus, fora os sistemas russos, foram liderados pelo consórcio EUROFIRST liderado pela Thales Optronics do Reino Unido (ex Pilkington-Thorn Optronics), FIAR (Itália) e TECNOBIT (Espanha). A equipe está desenvolvendo o IRST PIRATE (Passive Infra-Red Airborne Track Equipment) como complemento do radar do Eurofighter Typhoon, através de um contrato assinado em 1992. A Thales é responsável pela autoridade técnica e software, a FIAR é responsável pelo gerenciamento do programa e contrados além da integração e qualificação e a Tecnobit é responsável pelo apoio logístico.


O PIRATE é instalado no lado esquerdo do Eurofighter Typhoon a frente da cabine. O PIRATE é integrado com o AIS (Attack and Identification System) do Eurofighter.

O sistema é refrigerado a água com peso de 60 kg e volume de 45 litros, com consumo de
550 W. O uso de sistemas óticos de alto desempenho atermalizados, um detetor de imagem infravermelho (IIR) de segunda geração altamente sensível, que varre na banda 3 a 11 µm em duas bandas (3-5 µm e  8-10 µm), e um algoritmo avançado com mais de 190.000 linhas de código ADA permite que o PIRATE detecte partes quentes do exaustor do motor e superfícies aquecidas pelo atrito com o ar. Ao super-resfriar o sensor, mesmo pequenas variações de temperatura podem ser detectadas a longa distância. Embora nenhum limite superior foi definido, a distância de 150 km é aceita, e a típica é de 50 a 80 km. Nos testes o PIRATE detectou aeronaves Tornado e MiG-29 a mais de 100km.

A saída de dados pode ser direcionada para qualquer MFD do cockpit ou HUD. Outras imagens podem ser geradas no HMD, podendo funcionar como FLIR ou IRST. O uso de técnicas de processamento aprimoram a saída de dados, melhorando a resolução da imagem de alvos.

O fabricante afirma que o sistema é capaz de mostrar imagens de alta resolução para identificação visual (VID) de alvos ar-ar e ar-superfície, sendo bastante útil à noite. O sistema usa processamento de sinais derivado do Racal-Thorn Air Defence Alerting Device (ADAD), que demonstrou uma taxa de supressão de alarmes falsos muito alta. O PIRATE será integrado com outros sensores da aeronave para fusão de sensores. Também poderá localizar alvos voando baixo e mostrar informações de pontaria.

Mais de 200 alvos podem ser rastreados, simultaneamente, com vários modos:

- Multiple Target Track (MTT) ou rastreio de alvos múltiplos de alta velocidade (mais de 500, simultaneamente). O sensor varre um volume determinado do espaço olhando alvos em potencial com precisão de 0.25 µrad [0.0143 º] em um FOV variavel;

- Single Target Track (STT) ou rastreio e identificação de alvo único. O sensor faz rastreio de alta precisão para um alvo único designado. A precisão é maior que o do radar CAPTOR do Eurofighter;

- Single Target Track Ident (STTI). Realizar identificação visual (VID) com uma resolução melhor;

- Sector Acquisition ou  modo de aquisição acoplado. O sensor varre sobre direção de outro sensor, como o radar ERC-90 CAPTOR, HMD ou RWR;

- Slaved Acquisition. O sensor é comandado via data link (MIDS) por uma plataforma externa, como uma aeronave AWACS. Quando um alvo é encontrado, o sensor passa para o modo STT, automaticamente.

Quando o alvo é rastreado e identificado, os dados do sensor são usados para pontaria de armas, incluindo ASRAAM, em grande ângulo de visada.

O uso do PIRATE e MIDS é um método alternativo de detectar sem emitir com radar. O Eurofighter pode permanecer mudo com o MIDS e o IRST detectando alvos sem emitir.


Corte interno do PIRATE. O sistema usa mais de 50 circuitos integrados. O sensor IIR é estabilizado para manter o alvo no campo de visão.

O Pirate tem um sistema de campo de visão dupla para busca de área larga e imagem de alta resolução de longo alcance, com aplicações para operações ar-solo, sendo otimizado para busca e rastreio ar-ar, podendo ser usado como sinalizador térmico para detecção de alvos no solo. A    imagem obtida pela posição à esquerda do cockpit, com 60 graus para baixo possível, é ideal para missões ar-terra. A localização lateral limita a efetividade ar-terra e sensor/designador separado pode ser necessário para operações ofensivas. O campo de visão não é tão bom quanto um IRST sob as asas para missões ar-terra, e tem limitação para avaliação de danos de batalha.

No modo ar-superfície o PIRATE pode funcionar no auxilio à navegação, seguimento de terreno a baixa altitude à noite e pouso em mal tempo.

Entre as capacidades adicionais estudadas que estão sendo examinadas estão seguimento e identificação multi-espectral, busca e seguimento de alvos no solo, seguimento de alvos multiplos e integração com com banco de dados de imagem para aprimorar a navegação e consciência da situação, alerta de mísseis no setor frontal e alerta de mísseis de foco ampliado.


Uma versão inicial do PIRATE foi testado no protótipo DA7 para testes de instalação em 2001. Passou a voar em uma aeronave Falcon 20D junto com outros instrumentos para testes entre janeiro a outubro de 2002. Os testes de vôo do PIRATE completo no Eurofighter iniciaram em junho de 2002 com certificação em agosto de 2003.


Imagens do PIRATE incluindo o modo FLIR.

Rafale OSF

O segundo maior desenvolvimento de IRST europeu está sendo feito na França, que pretende equipar o caça Dassault Rafale com um sistema de busca e rastreio visual e infravermelho, chamado Optronique Secteur Frontal (OSF). O OSF é o resultado de seis anos de colaboração entre a Thales (ex Thomson-CSF Optronique) e a SAGEM-SAT com apoio do ministério de defesa da França (DGA). O OSF representa um sistema principal do sistema de navegação e ataque  (SNA, Systeme de Navigation et d'Attaque), junto com o sistema de contramedidas SPECTRA e o radar RBE2.


O sistema OSF está visível na foto, à frente do cockpit. O sistema tem duas cabeças
óticas para detecção e telemetria simultânea. O sistema inclui uma câmera CCD de alta resolução, um FOR largo e um telêmetro laser seguro. O OSF entrou em oepração no Rafale F2.

O OSF é um sistema multifuncional adaptado ao sistema de controle de tiro do míssil MICA, contudo, pode ser adaptado a outros sistemas, preenchendo os requerimentos da marinha e da força aérea francesas.

O sistema de armas do Rafale irá usar uma variedade de técnicas para determinar funções de telemetria, rastreio e designação de alvos, incluindo IR de banda dupla, câmera de CCD-TV de alta resolução e telêmetro laser de espectro quase IR. A capacidade multifuncional permite que o OSF desempenhe essas tarefas em paralelo. O sensor é localizado na frente do canopi do Rafale e terá duas cabeças óticas para detecção e telemetria simultânea.


Imagem do sensor IR do OSF do Rafale. A imagem sugere que sejam um Mirage 2000 e outro Rafale.


Telêmetro laser da Thomson-CSF.


Imagem infravermelha mostrando a assinatura exagerada do APU no meio da fuselagem do caça Rafale.

O sistema completo pesa 95kg com um volume de 0,09 m³. Pode funcionar como IRST, FLIR, laser telêmetro e ser usado para vigilância, rastreio e identificação visual (VID), com alcance estimado de 80km. O OSF é acoplado com o radar para VID de alvos aéreos e de superfície.

Em testes, o OSF foi capaz de detectar e seguir uma aeronave de reabastecimento a partir de 90km a 6 mil metros de altura. Foi testado no Falcon 20 e estará operacional em 2004 no Rafale N.

O sensor pode ser usado em modos ar-superfície e ar-mar, mas um casulo designador será o sensor preferencial nesta tarefa. No modo ar-solo o sensor IR ou TV pode mostrar uma imagem em zoom do alvo para auxiliar modos CCIP e aprimorar a pontaria. O laser também é usado para telemetria e modos CCIP. O sensor IR pode mostrar imagens nos mostradores da cabine e acompanhar oito alvos simultaneamente.

O IRST é instalado a esquerda e um TV/telemetro laser (chamado Combat Identification Unit - CIU) a direita. O CIU  pode acompanhar alvos e mostra-lo no HUD do piloto.

FSO
Imagem do OSF mostrando uma aeronave comercial a 31km e um Rafale a 50km.

FSO
Imagem do OSF mostrando o pátio de aeronaves da Dassault visto a 34km e um navio a 50km.


Imagem do OSF durante um treino de combate aéreo dissimilar contra um F-22 da USAF. O canal usado é o de TV.



IR-OTIS

Um terceiro desenvolvimento europeu está sendo feito pela Saab Dynamics na Suécia. O sistema IR-OTIS foi baseado em um sensor de TV/quase IR testado no JA-37 em 1993-94 e está planejado para ser instalado no JAS-39 Gripen após o ano 2000. O IR-OTIS pode operar como IRST com um grande FOV, ou como FLIR com um FOV estreito. Ele aprimora a consciência da situação de dia e à noite e mostra dados para o disparo de armas para o sistema de controle de tiro da aeronave. Também pode ser usado para ataque ao solo e reconhecimento.


IR-OTIS instalado no Gripen.

O sistema é capaz de realizar busca passiva e contra alvos furtivos. É usado no caso do radar estar sendo interferido, sendo capaz de rastrear alvos múltiplos.

O IR-OTIS será apontado pela mira no capacete do piloto e pelo radar, ou de fontes externas via data link como radar no solo e outro caça. O sistema também terá um programa de busca autônoma e funções de rastreio. As informações serão armazenadas para avaliação e comparação com as informações do radar e também para gerar imagens de vídeo para uso posterior ao vôo.


O sistema IR-OTIS consiste no sensor, caixas pretas e mostradores na cabine como o HUD e MFD.

O sensor IIR trabalha na banda 8-12 µm, e inclui uma caixa preta eletrônica montada internamente, sendo um complemento ao radar do Gripen. O sistema pode ser usado em outros caças, como o F-16 e o F/A-18.


Desde 1991, a Saab está desenvolvendo e testando um sistema eletro-ótico de aquisição de alvos chamado OTIS no caça Viggen. A instalação de testes é um domo igual ao do Su-27 e MiG-29 à frente do cockpit, instalado mais para a esquerda com 20 cm de diâmetro.

AN/AAS-42 IRST/Shadow

A US Navy (USN) opera dois esquadrões de caças F-14D equipados com o IRSTs (Infrared Search and Track Set) AAS-42. A Lockheed Martin Electronics & Missiles (LMEM) entregou 62 unidades em 1996. O sistema montado sob o nariz pode operar independentemente, ou em conjunto com outros sensores como o radar AN/APG-71 e o AAX-1 TCS (Television Camera System ).

O primeiro uso operacional, a bordo do USS Carl Vinson, também foi junto com o uso de óculos de visão noturna no F-14D. De acordo com a Lockheed Martin, o AAS-42 é otimizado para detectar assinaturas de fricção da fuselagem com o ar a distâncias de mais de 180 km em ambiente claro sem nuvens, operando na banda de infravermelho longa (long-wave infrared - LWIR). O uso de LWIR permite que o IRST detecte alvos em todos os aspectos, ao invés de ter que se posicionar para ver o brilho do pós-combustor. O sensor também mostra detecção passiva de alvos com alta resolução a longa distância em cenários de defesa aérea.


O F-14D é equipado com o AAS-42 montado a lado com o sistema de TCS de imagem por TV. Os outros modelos da aeronave só tem um ou outro sistema e não ambos.

A largura de feixe estreito e resistência à interferência provou ser de alto valor em modos de avaliação de incursão, mesmo contra alvos em formação cerrada manobrando agressivamente e lançando contramedidas. Outros usos incluem detecção passiva de aeronaves de reabastecimento em vôo. O IRST obteve um tempo entre de falhas (MTBF) de 513 h nos testes iniciais.

O requerimento inicial do AAS-42 especificava que deveria ser capaz de detectar uma aeronave de ataque marítimo Tu-22M backfire além do alcance cinemático do míssil Phoenix lançado pelo F-14. A USN selecionou um IRTS para este papel por ser passivo e poder funcionar na presença de interferidores poderosos levados pelos Backfire e suas escoltas.


Cabeça de busca WRA-1 e modulo de processadores do AAS-42.

O AAS-42 que equipa o F-14D opera em seis modos, varrendo em +/-80 º em azimute e +/-70 º em elevação. A cabeça de busca WRA-1 é uma parte do hardware do sistema. O subsistema inclui cabeça de busca estabilizada em três eixos e processador com algoritimo de filtragem que distingue alvos de ruído de fundo

O F-14D também pode usar o sensor para detectar mísseis balísticos de teatro (TBM) durante sua fase de lançamento. Contra lançadores de TBM, o IRST é capaz de indicação e rastreio de alvos a longa distância.

Se o ponto de lançamento é determinado em sete minutos, é possível encontrar e destruir o lançador. Um F-16 equipado com um casulo AAS-42 no lado direito da entrada de ar, e com o designador de alvos AN/AAQ-14 LANTIRN no lado esquerdo, pode detectar um TBM a longa distância, voar naquela direção, e então detectar e atacar o veículo lançador no solo. Os F-14D equipados com o LANTIRN e o AAS-42  já têm essa capacidade.

A USN adquiriu 78 casulos LANTIRN para equipar 212 F-14A/B/D no ano 2000. O F-14D usa o IRST para navegação em rota para alvos em terra, e para encontrar e identificar objetos, no mar e na praia, para serem gravados pelo varredor linear do Tactical Air Reconnaissance Pod System (TARPS). O F-14D também pode empregar o LANTIRN e o AAS-42 cooperativamente em modos ar-ar. O IRST detecta alvos a distâncias longas e aponta o FLIR do LANTIRN para identificação a 12-16 km.

Outras qualidades do AAS-42:

- Volume de busca aumentado
- Preciso para determinação de incursão
- Resolução 40 vezes maior que radar
- Realiza detecção de alvos de baixo RCS
- Realiza aquisição de alvos não hostis
- Nega a detecção pelo inimigo por ser passivo
- Diminui o risco de fogo amigo
- Nega ameaça de mísseis anti-radiação.
- Rastreia alvos a longa distancia, o que permite "ver primeiro e disparar primeiro"
- Imunidade à interferência
- Emprego de mísseis no alcance máximo
- Determinaçao de local de lançamento de TBM para ataque posterior

O AAS-42 é oferecido em duas variantes para exportação. Uma compacta com 19 cm de diâmetro e 61 cm de comprimento (contra 22,8x91cm do original) para ser instalado no nariz de aeronaves como o Gripen, e em casulo, conhecido como Shadow, que evita os gastos com a integração do IRST em várias plataformas.

O Shadow usa um AAS-42 e o sistema de refrigeração em um casulo de navegação Pathfinder modificado com 1,36 cm de comprimento, 25 cm de diâmetro e peso de 86 kg.


Partes do IRST Shadow em um casulo externo.

                                            AAS-42                           Shadow                Interno
Sensor
comprimento cm     61,0            137,1        61,0
diâmetro    cm     23,1             24,7        19,5

Processador
Dimensões(cm) 19,0 x 19,3 x 48,0     -     19,0 x 19,3 x 48,0
Peso kg            57,6            103,1        52,4
Potência Kva      <0,8               2,0       <0,8


Imagem do AAS-42 durante o pouso num NAe.
 
 
ATF e JSF

A USAF ainda não foi convencida da utilidade dos IRST, embora já tenha testado o AAS-42 em um F-15 no final da década de 80. A GE Aeroespace e Martin Marietta, que agora são parte da Lockheed Martin (LMEM), desenvolveram um IRST para o programa ATF, que se tornou o F-22A Raptor.

O IRST foi cancelado na fase de demonstração/avaliação (dem/val). A USAF acredita que o radar  AN/APG-77 com capacidade LPI será capaz de preencher todos os seus requerimentos. O espaço, peso, potência e sistema de resfriamento para o IRST ainda está na aeronave.

Mesmo assim, a LMEM obteve um contrato para desenvolver tecnologia para um IRST (AIRST) com potencial de aplicação no F-22.


A LMEM testou um Advanced IRST (AIRST) para o F-22. A unidade de sensor (à esquerda) é protegida por uma janela com características furtivas (à direita).

O F-35 (JSF) tem um sistema eletro-ótico chamado Electro-Optical Targeting System (EOTS) agora chamado de Electro-Optical Distributed Aperture System (EO DAS) e designado AN/AAQ-37. O EO  DAS consiste em um TFLIR (Targeting Forward-Looking Infrared) e um DAS (Distributed Aperture System) projetado pela Northrop Grumman Electronic Systems e Lockheed Martin Missiles, que também terá funções de IRST.    

O EO DAS é o resultado do estudou de um sistema multifunção integrado para aeronaves de combate que combinava um arranjo de sensores IR de abertura distribuída (DAIRS) realizado pela Naval Air Warfare Center Aircraft Division.

O DAS, consiste de seis sensores FPA (Focal Plane Array) fixos, com campo de visão de 60x60 graus cada, localizados ao redor da aeronave atrás de janelas planas e cobrindo um campo de visão total esférico.

Eles realizam três funções simultâneas. Mostram imagens no HMD do piloto, mesmo em direções onde a fuselagem e a asa estariam cobrindo a visão do piloto, incluindo visão "através do piso", necessário em decolagem vertical, em partes cobertas pela estrutura da aeronave. O F-35 não precisará de óculos de visão noturna e o DAS pode ser usado para navegação/FLIR.

Funcionará como sistema de alerta de mísseis (Missile-Warning System - MWS) detectando a fumaça de um exaustor de míssil. Como MWS ele determina a direção da ameaça e o tempo do impacto. Também envia dados para o software de missão, para identificar o míssil e determinar qual a melhor contramedida a ser empregada. O sistema dará uma boa consciência da situação em todas as direções.

Pode ser usado como Situational Awareness IRST (SAIRST) detectando e rastreando alvos aéreos de alto contraste IR como uma aeronave.

O TFLIR (Targeting Forward-Looking Infrared) de terceira geração é um arranjo fixo infravermelho de média frequência de alto desempenho para formar imagens a longa distância. O TFLIR terá um telemetro laser, detetor laser, designador laser, câmera de CCD-TV de alta resolução e um FLIR de terceira geração.

O TFLIR será levado em um torreta fixa a frente do trem de pouso dianteiro, cobrindo o hemisfério inferior. O TFLIR realizará identificação de alvos aéreos e principalmente terrestres a longa distância, designação de alvos com o laser e avaliação de danos de batalha.

F-35
O TFLIR é instalado em uma janela multifacetada invisível ao radar que fica instalada na frente do trem de pouso principal. A imagem permite perceber mais duas janelas do DAS. Uma logo acima do TFLIR no lado da cabine e outra a frente da cabine e apontada para frente e para cima.

F-35
Imagem do TFLIR do F-35.


Teste do DAS detectando o disparo de um míssil balístico.


IRST RUSSOS

Os caças russos Su-27 e MiG-29 usam os sistemas OEPS-27 e OEPS-29, respectivamente, desenvolvidos pelo Urals Optical-Mechanical Plant (YOM 3). O OEPS têm funções de detecção e acompanhamento para alvos em quaisquer altitude, dia ou noite, com ruído de fundo ou presença de interferência eletrônica.

Os IRST que equipam os MiG-29 e Su-27 estão totalmente integrados com o sistema de armas da aeronave. Se um alvo é detectado pelo IRST, esta informação é disponibilizada para o radar e vice-versa. Um alvo que é obscurecido por nuvens ou mal tempo impedindo o rastreio pelo IRST é passado automaticamente para o radar. Os últimos modelos são maiores e com melhor resfriamento para melhorar o desempenho. Também fazem determinação de distância para alvos no solo e no ar para disparo de canhão. O sistema pode ser apontado pela mira no capacete do piloto (HMS). O sensor tem um sistema de manutenção automático tipo Bite acoplado.


OEPS-29

O IRST que equipa os OEPS-27 e OEPS-29 é um sistema optrônico de detecção ótica/mira por infravermelho passivo (EOS) 36Sh projetado pelo NPO Geophysica, que está ligado ao radar e a um telêmetro laser. O IRST faz parte do conjunto OEPS-27, que também inclui a mira montada no capacete.

O sensor é montado em uma torreta estabilizada em três eixos e protunde à frente do cockpit do piloto. O rastreador Infra-Vermelho tem alcance nominal de 18 km contra o hemisfério traseiro. Melhorias no resfriamento darão ao IRST um alcance de 30 km com rastreio de TV. O sistema já rastreou um L-39 Albatroz a 50 km de distância em uma demonstração. O IRST não é capaz de formar imagens e por isso não pode ser usado para identificar alvos à noite. A razão de rastreio é de 25 graus/segundo. O campo de visão é de  ±60° em azimute e +60/-15° em elevação. O campo de visão também tem zoom de 60° por 10°, 20° por 5° e 3° por 3°.

O EOS ou as cabeças de busca dos mísseis podem ser acoplados com o designador de alvos montado no capacete, habilitando o piloto a adquirir alvos, simplesmente, movendo sua cabeça. O IRST tranca no primeiro alvo que detecta e/ou alvo mais quente. Os dados podem ser passados para a mira montada no capacete do piloto.

O IRST permite interceptações passivas, não revelando a posição para o inimigo, sem que o radar seja ligado e pode ser usado no caso do radar estar sendo interferido ao ser apontado para a fonte de interferência e serve de backup para o caso de falha com o radar.


IRST (EOS) 36Sh. A capacidade do MiG-29, Su-27 e MiG-31 de realizar uma interceptação controlada por radar em terra e atacar com mísseis e canhão com apoio apenas do IRST interno torna todos os ECM de caças inimigos inefetivos. 

O iluminador a laser tem alcance efetivo de 8 km com resolução de 1 metro. O laser gera pulsos de 0,1 microssegundos e 30 metros de comprimento Ele causa menos danos à visão que outros laser com raio de vários quilômetros de distância. A potência é de 5 Watt em 2-4 pulsos por segundo.

Se o trancamento for quebrado por nuvem ou nevoeiro, o radar é ligado, automaticamente, e continua o rastreio. O laser é 10 vezes mais acurado que o radar para medir a distância de disparo do canhão. O SU-30MKI indiano usa um IRST mais moderno e capaz, chamado OLS-30, que também tem TV. O sistema de TV pode detectar alvos há 10km e identificar alvos numa distância de 6km.

O IRST permite uma interceptação passiva com a aeronave recebendo informações de sensores em terra ou de outras aeronaves, através do data link, até que o sistema detecte o alvo e o sistema de controle de vôo tome conta da interceptação.


O MiG-31 usa o sistema eletro-ótico KOLS TP-8, que era uma combinação de IRST e telêmetro laser. A torreta não é retrátil e sim removível. O sensor sob a parte dianteira da fuselagem é um meio de detecção adicional. O sensor IR é acoplado ao radar RP-31 Zaslon (designação SBI-16 de fábrica e Flash Dance para a OTAN) e realiza vigilância passiva do espaço aéreo e designação de alvos para os mísseis IR R-40D e R-60. Os dados alimentam o HUD e o mostrador do operador de sistemas (WSO). Ele melhora a capacidade em ambiente de ECM pesado. O campo de visão é de +/-60 em azimute e +6/-13 em vertical. O alcance contra um caça se afastando sem usar o pós-combustor é de 40km.

Os MiG-21 Indianos que serão modernizados e receberão um IRST russo de modelo desconhecido. O Su-35BM, o novo membro da família Flanker, usará um IRST OLS-35/KOLS-35 com canal de TV adicional e sensores mais sensíveis.

Outros Países

O Paquistão está avaliando um demonstrador  de tecnologia de IRST de projeto local. O projeto foi iniciado em 1992 e testado, inicialmente, em 1994. Foi instalado em um casulo de 2,4 m de comprimento por 21 cm de diâmetro, pesa 80 kg, e as imagens são mostradas em um visor de 3,5 kg no cockpit.

Foi testado no Mirage III. O sistema tem um gravador para análise de missão. Foi testado contra alvos aéreos, com capacidade multi-alvo. Faz busca em padrão espiral, 26 x 26, horizontal  9,6 x 100, e vertical 100 x 9,6 , sendo que o piloto escolhe o modo de busca.  A função de rastreio de alvos está disponível e o projeto modular permite ser levado em outras plataformas como helicópteros.


Casulo IRST paquistanês.
 

Casulo IRST paquistanês em um FC-17 Thunder.

Em 1997, o Japão iniciou um programa de modernização da sua frota de F-15J e entre os novos sistemas a serem instalados incluía um IRST de projeto local.

Anti-TBM

Em 1996, a Raytheon Systems Company foi escolhida para demonstrar o SIRST (Surveillance IRST) e validar um programa de IRST a bordo do E-2C.

O sensor, com uma abertura de 7,5 cm, é  montado em uma cúpula móvel de 38 cm de diâmetro no  nariz da aeronave para dar um FOR de +/- 45 º em azimute e + 55 º  a -10 º em elevação. O SIRST incorpora um focal-plane array (FPA) de banda dupla, que opera em onda média (3.4-4.8 m) e onda longa (8.2-9.2 m).

O sensor estabilizado tem um FOV instantâneo de 87 µrad com 3.2 º em elevação, e 250 Hz de atualização. O SIRST está integrado com o processador principal do Hawkeye, permitindo fusão
de sensores com o radar de vigilância.

O SIRST foi projetado para detectar e rastrear TBM, aeronaves e mísseis cruise em alcances "taticamente úteis", mostrando informações de rastreio de TBMs para navios equipados com sistemas de combate AEGIS e baterias terrestres Patriot.

Quando operando contra TBMs, o SIRST irá rastrear um míssil nas duas bandas durante  o lançamento e empregará ondas longas após a queima do impulsor. Uma busca típica por mísseis cruise voando baixo por um E-2C a 10 mil metros também envolve operações de ondas longas, com o SIRST varrendo em 20 º em azimute e 3.2 º em elevação para dar cobertura em um arco que se estende a 90-280 km.

O primeiro teste real do SIRST foi realizado em 2001 pela US Navy, Northrop Grumman e Raytheon.

O SIRST esta planejado para entrar em operação no Advanced Hawkeye, a próxima geração do E-2C que ira seguir a produção do Hawkeye 2000.

Os IRST instalados nas aeronaves de vigilância ou que equipam aeronaves não tripuladas (UAV)  podem detectar e rastrear TBM a longa distância. O processamento dessas operações é maior que o necessário em aplicações para caças. Um AAS-42 precisa de 4 GFLOPS para realizar 500 operações a cada 1,6 milhão de pixels por segundo, enquanto o SIRST (Surveillance IRST) testado no E-2C precisava de 12,5 GFLOPS para processar 5 milhões de pixels/s.

Também existe o requerimento para  instalar um IRST/ELRF (eyesafe laser range-finder) que pode equipar outras plataformas além do E-2C, como UAVs, para detectar e rastrear TBMs durante a fase de lançamento.

O sensor deve ser capaz de rastrear TBMs em três dimensões com precisão de 100 m por eixo e detecção a distâncias maiores que 200 km contra vários ruídos de fundo, como terra, céu e nuvens.

O laser deve ter um nível de energia máximo de 150 mJ na banda que não fere o olho, e frequência de repetição de pulso de mais de 20 Hz.

Em 1995, a Electronic System Center da USAF premiou a Texas Instruments Defense Systems & Electronics Group - agora parte da Raytheon Systems Company, com um contrato para construir um protótipo de sensor chamado Extended Airborne Global Launch Evaluator (EAGLE) para teste a bordo do E-3A AWACS. Um sensor IR daria rastreio em ângulo e um laser mostraria distância.

O EAGLE foi incorporado ao programa Airborne Laser (ABL). A LMEM venceu um contrato para fornecer seis sensores, cada um combinando um AAS-42 com um laser do sistema LANTIRN, para equipar um único ABL.

O ABL tem um requerimento de um número  maior de sensores de aquisição para detectar TBMs lançados de quaisquer direções. A aeronave operacional deverá  levar pelo menos oito, com um processador central alimentando informações para o sistema de gerenciamento de batalha de bordo.

O IRST fará parte do Infrared Surveillance Subsystem (IRSS), que será usado para detectar e localizar precisamente um TBM para engajamento pelo laser de vários MegaWatts. O IRSS usa as últimas tecnologias de IRST e Active Ranging Sensor (ARS) para realizar detecção e rastreio de alvos em tempo real. Os seis IRST serão usados para cobrir um grande volume de espaço aéreo, gerando rastreio em duas dimensões e alerta de mísseis na fase de lançamento e pós-queima do lançador.


A plataforma escolhida para o ABL foi o Boeing 747.

Casulo Designador a Laser

Um caça também pode usar um casulo designador laser  (PDL - Pod Designator Laser) com FLIR e TV para funções ar-ar para realizar tarefas de um IRST. Os modelos atuais ou modernizados, como o LANTIRN e o Litening, são equipados com um modo ar-ar sob controle do radar ou mira no capacete do piloto para apontar o sensor para o local desejado.

São ideais para identificação visual a noite com o FLIR. As imagens são mostradas nas telas do cockpit. Os PDLs já são considerados como uma boa combinação com o IRST, que tem pouca capacidade em modos ar-solo, enquanto o PDL é ruim para busca de volume (FOR pequeno).

Os modelos antigos de PDL eram otimizados para designação de alvos a baixa altitude e tinham pouca definição em alcances maiores. Após a Guerra do Golfo, com o uso de táticas de vôo a grande altitude, os PDLs foram modernizados para enxergar a distâncias maiores e passaram a ter um potencial para uso ar-ar.

Na década de 80 os americanos ficaram atrás dos russos em termos de IRST sendo que o equivalente mais próximo era o LANTIRN com FLIR e telêmetro laser que equipava o F-15E e F-16C/D. Durante a Guerra do Golfo em 1991 um F-15E usou um LANTIRN para gravar um F-15E voando a frente sendo derrubado pela artilharia antiaérea. Os Mirage 2000-9 dos Emirados Árabes usam o casulo Damocles no modo ar-ar para identificação de alvos.

No futuro, os EUA planejam lançamentos de armas guiadas a laser a 17 km de altitude e mais de 35 km de distância do SAM mais próximo do alvo. Os novos sistemas terão uma maior resoluçao para VID devido a regras de engajamento restrita.

Os novos sitemas irão combinar coleta de informaçoes por IR, video, laser e outros, grande memória e processamento de alta velocidade, formando imagem multiespectral do alvo para VID através de algoritimo especial. Será capaz de detectar mísseis SAM móveis, que usam tática de emitir e parar para evitar ataque. O potencial de uso ar-ar é considerável.


Imagens de uma demonstração do FLIR de terceira geração do casulo Sniper. O casulo está rastreando um B-52 taxiando em uma base aérea. O Sniper XR (eXtended Range) venceu uma concorrência para um Advanced Targeting Pod (ATP) para a USAF. Um total de 522 casulos serão adquiridos por US$ 843 milhões mais os acessórios. Equipará inicialmente os F-16 e depois os F-15E. A primeira entrega está prevista para 2003. A tecnologia do Sniper XR será usada no EO DAS do F-35.

Atualizado em: 15 de Março de 2007

 


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