M/KC-390


A FAB recebeu dez aeronaves C-130H Hercules de segunda mão comprados da Força Aérea Italiana. As aeronaves foram modernizadas e receberam sistemas defensivos na forma de alerta radar, contramedidas eletrônica e lançadores de chaff e flare. A primeira aeronave modernizada foi entregue em 2005. Estas aeronaves são a ponta de lança da carga da FAB em caso de conflito, ou metade da frota de C-130 da FAB, caso o resto não receba sistemas defensivos semelhantes.

Entre as tarefas atribuídas ao 1º Grupo de Transporte de Tropas é a infiltração e exfiltração tropas em território hostil (ou não). Em outros países, fora a USAF, as operações de apoio as forças de operações especiais são realizadas pelas mesmas aeronaves de transporte comum, mas com tripulações com treinamento especial. Uma aeronave com sistemas especiais pode ser necessária. Por exemplo, o radar, o FLIR e um sistema de navegação mais avançado permite que o MC-130 pouse com mau tempo em qualquer lugar sem apoio de sistemas de navegação em terra.

Os MC-130 iniciaram suas operações com destacamentos de quatro aeronaves na Europa, Pacífico e EUA. A quantidade pode ser uma referência para o mínimo necessário para a FAB. O treinamento pode ser feito com os KC-390 comuns. A USAF tem 1,5 tripulações por aeronave e são tripulações fixas que trabalham como equipe. Algumas têm treinamento especializado em algumas operações como o lançamento de botes infláveis sobre o mar, ou lançamento de pára-quedistas com técnica HALO/HAHO. Treinar as tripulações para realizar todas as missões tem custos desnecessários.

C-130H
Foto da cabina de um C-130H da FAB modernizado. A cabina recebeu mostradores multifuncionais, rádios VHF, UHF e HF, piloto automático, sistemas de navegação VOR, ADF, DF, GPS e INS, TCAS, EPGWS e FM para navegação aérea. A modernização de 10 aeronaves custou US$ 28 milhões e incluía sistemas de auto-defesa como alerta radar, chaff e flare.


Para realizar as missões de operações especiais a USAF usa o MC-130 Combat Talon, mas também opera um pequeno esquadrão de monomotores PC-12 com sistemas especiais para missões mais simples. Na FAB a aeronave equivalente seria o Caravan e o Bandeirante.

O KC-390 será o substituto dos C-130 da FAB e certamente realizará missões de apoio as operações especiais. Uma versão dedicada para a missão é um projeto que pode interessar a várias forças aéreas e também a FAB. O mínimo necessário seria a instalação de sistemas defensivos e a capacidade de operar com óculos de visão noturna já prevista para o KC-390. A missão mais provável, e certamente será realizada, são apoio as operações de manutenção e sustentação da paz. Estas missões são realizadas atrás das linhas e a aeronave está constantemente em risco usando de táticas e sistemas defensivos para sobreviver. É a frota de MC-130 da USAF que realiza as missões de evacuação de civis americanos em países em crise ao redor do mundo.

Para as missões mais difíceis seriam necessário a instalação de um radar para acompanhamento do terreno. O Scipio que equipa o AMX pode ser uma opção. Um FLIR é outro equipamento usado nas missões mais difíceis. O StarSafire deve ser a escolha mais óbvia já que já está em operação nos ALX e R-99.

As operações e características do MC-130 Combat Talon da USAF serão detalhadas a seguir para se entender melhor a necessidade de um M/KC-390 e como poderia ser sua configuração.

MC-130 Combat Talon

A história dos MC-130 começa ainda na Segunda Guerra Mundial quando a USAF criou dois esquadrões para apoiar as missões da OSS atrás das linhas com o B-17 e B-24 penetrando a baixa altitude para lançar agentes e suprimentos como parte do projeto Carpetbaggers. Outras poucas missões foram apoiadas pelo mar. Os dois esquadrões usaram um total de 76 B-24, quatro C-47 e três B-17. A RAF tinha unidades próprias para apoiar suas tropas, mas em quantidade insuficiente para ajudar a OSS. A RAF usava aeronaves para lançar e recolher agentes em pistas semi-preparadas na Europa, Ásia e Oriente Médio. As operações foram iniciadas com três B-17 e seis B-25 com algumas tripulações treinadas especialmente para a missão. As aeronaves tiveram a assinatura visual diminuída e foram adaptadas para lançamento de pára-quedistas e cargas. O objetivo final era preparar a Operação Overlord para a invasão da Normandia. As aeronaves lançavam agentes e depois os ressupria com armas, munições e suprimentos. As aeronaves voavam a 100 pés a 150kts a noite e sempre com bom tempo. As zonas de lançamento eram demarcadas por bandeiras ou luzes. As aeronaves também operaram na Itália, Bálcãs, Noruega e Dinamarca. A força perdeu 13 aeronaves na França. Depois da invasão da França as aeronaves continuaram a voar sobre a Alemanha, Noruega e Bálcãs. No Sudeste Asiático os Aerocommandos supriam os Chidints na luta contra os japoneses em Burma em 1944.

Quando foi iniciado o conflito na Coréia a USAF não tinha nenhum serviço para guerra não convencional. Logo foi formado o "Covert, Clandestine, and Related Activities-Korea (CCRACK)" com pessoal do OSS do US Army. A USAF criou a unidade 4 do 21 Esquadrão de Transporte de Tropas em 1950 com aeronaves B-26, C-47 e C-46. O objetivo era penetrar a baixa altitude atrás das linhas inimigas para infiltrar e apoiar forças de operações especiais. O esquadrão foi logo desmobilizado após o conflito.

O esquadrão usava o sistema "Personnel Pickup Ground Station" para pegar pessoal em terra. Uma aeronave com um fio com gancho era usada para pegar um fio entre dois postes. Um segundo fio era preso a um objeto ou pessoa. A aeronave subia rápido após pegar o fio e levar a carga para dentro da aeronave. Na primeira tentativa um aviador derrubado foi capturado antes da missão ser completada. Na segunda tentativa a aeronave, geralmente um C-47, foi atacada.

Já a ala  Air Ressuply and Communication Wing (ARCW) era formada por 12 B-29 modificados , quatro C-119, quatro SA-16 e quatro helicópteros H-19. O objetivo era inserir, evacuar e suportar operações de guerrilha e operações psicológicas. A partir de janeiro de 1952 criaram uma adaptação nos B-29 para apoiar operações especiais com escotilha especial para lançar pára-quedistas e suprimentos e um sistema similar ao Fulton. A unidade era tão secreta que quando um helicóptero resgatou um piloto de caça tiveram que encenar a cena para parecer que foi com helicóptero do Air-Sea Rescue (ARS).

Na Guerra Fria o trabalho passou a ser infiltrar agentes na URSS e China comunista. Com a ameaça real era a guerra nuclear com a URSS, na chamada Guerra Fria, tudo era direcionado para esta ameaça e com as operações especiais tendo baixa prioridade.

As operações no Vietnã iniciaram com aeronaves C-123 com sistemas de navegação e guerra eletrônica. Na mesma época foi iniciado o desenvolvimento do sistema Fulton para resgatar pessoal e cargas dentro do Vietnã do Norte. Logo foram adaptados 13 aeronaves C-130 para realizar apoio a guerra não convencional. Eram chamados de C-130(I) Combat Talon.

Durante a década de 60 foi iniciado a criação de uma força permanente para apoiar operações especiais no Vietnã do Norte, Laos e Camboja. Sempre sem sucesso. A força seria usada para coletar informações e passou a realizar sabotagem. A maioria do pessoal era infiltrado pelo ar com aeronaves C-123 modificados e com tripulação estrangeira.

Em 1963 as operações se intensificaram. A força fazia inteligência, operações psicológicas, pressão política, operações de resistência e ataque físico. A unidade terrestre seria o SOG que chegou a ter 400 tropas em 1969. Seis C-123 foram modificados com contramedidas eletrônicas, alerta radar e sistemas de navegação avançados no programa Duck Hook, depois chamado Heavy Hook em 1964. As aeronaves seriam usadas para infiltração, exfiltração e ressuprimento da força.

O SOG realizava quatro tipos de Guerra Não Convencional contra o Vietnã do Norte no programa Footboy: operações marítimas (Parboil), Guerra Psicológica (Humidor), operações aerotransportadas (Timberwork) e operações aéreas (Midriff). As operações Parboil era para vigilância da costa. As operações psicológicas tiveram muito sucesso com o lançamento de panfletos, rádios e presentes lançados do ar. As operações aerotransportadas não tiveram sucesso. Na prática as equipes infiltradas faziam mais Inteligência.

O C-123 mostrou ter carga e alcance insuficientes e tinha dificuldade de voar no mau tempo constante na região. Os operadores citam que o ressuprimento caia longe, ou 1 a 3 km de distância, levando dois a sete dias para achar a carga devido ao terreno de selva e montanhoso. A experiência da Segunda Guerra Mundial e a entrada em operação do C-130 levou a desejarem uma nova aeronave para substituir o C-123.

Assim, em 1965, a USAF decidiu modificar 14 aeronaves C-130E para apoiar operações de Guerra Não Convencional e renomeadas C-130E(I). O programa era chamado de Stray Goose e depois renomeado de Combat Talon. O SOG já tinha pedido uma nova aeronave em 1964 e a perda de dois C-123 enfatizou esta necessidade.

Em 1965, as Forças Especiais americanas iniciaram estudos para os requerimentos para uma aeronave de infiltração de longo alcance com capacidade de vôo a baixa altitude. O programa Big Safari foi usado para estudar as capacidades necessárias para uma aeronave realizar Guerra Não Convencional. O estudo resultou no programa Thin Slice que modificou dois C-130E para o padrão Combat Talon. As aeronaves receberam um radar para acompanhamento do terreno, alerta radar e interferidores eletrônicos.

Em 1966 foi dado autorização para modificar as aeronaves. Na prática a aeronave foi desenvolvida pensando-se no teatro Europeu como o projeto Combat Arrow e atuou no Pacífico como Combat Spear. As aeronaves operando nos EUA seriam chamadas de Combat Knife e seriam usadas para testes e treinamento. Os requerimentos do Combat Talon também foram influenciados pelo fracasso americano na Baia dos Porcos em 1961.

As aeronaves foram depois modificadas no projeto Rivet Yard I. Em 1966, o programa Thin Slice foi renomeado Heavy Chain para testes de novas modificações como o FLIR, novos sistemas de guerra eletrônica e o sistema de lançamento de cargas High-Sspeed Low-Level Aerial Delivery System (HSLLADS).

O sistema Surface To Air Recovery - STAR, ou Sky Hook, foi considerado para instalação nos Combat Talon em 1965 e instalado em 1966. As operações Carbetbagger já tinham problemas de retornar centenas de pára-quedistas lançados atrás das linhas. Exfiltração por terra era muito arriscado. Em fevereiro de 1944, um C-47 extraiu um planador com cabo em terra. Depois foi testado um sistema de cabo semelhante com humanos, mas os testes pararam com o fim da guerra. O sistema foi estudado novamente durante a Guerra da Coréia. Antes usavam postes com uma linha horizontal para pegar um homem. O sistema Fulton STAR usa uma linha vertical com balão. Outras aeronaves que receberam o sistema foram o C-7 Caribou do US Army, os S2F e P2V da US Navy e os C-123H e HC-130. O sistema pode ser usado em terra e no mar. A aeronave voa a uma velocidade de 130kts durante a operação.

STAR
No STAR, ou Sky Hook, o operador é levado rapidamente da superfície para aeronave em vôo. A aeronave precisa estar equipada com o sistema Fulton. A aeronave primeiro lança o kit com balão, garrafas de gás hélio, cabos, cintos e equipamentos de proteção, geralmente lançado no dia anterior. O operador veste a roupa de proteção e um balão é inflado e sobe levando o cabo em uma operação que dura cerca de 20 minutos. Uma aeronave com gancho especial no nariz pega o cabo. A aceleração é a mesma de um pára-quedas se abrindo. O operador é puxado para dentro da aeronave depois em seis minutos. O sistema não precisa de treinamento e é perigoso. Se o cabo quebrar na hora de enganchar o operador sobe alguns metros e cai. Se quebrar depois pode ser mortal. Outro risco é a colisão com algum objeto ou com a aeronave. O STAR foi desenvolvido durante o conflito no Vietnã pelo US Army. O STAR é uma forma de extração a longa distância para locais onde não é possível operar helicópteros. Até duas pessoas ou carga equivalente podem ser exfiltradas ao mesmo tempo. Pode ser usada para levar prisioneiros e feridos. Para transportar uma maior quantidade de tropas é perigoso, pois a aeronave vai ter que realizar várias passadas. O STAR pode ser feito na água a partir de um pequeno bote inflável.

O maior escudo de defesa do Combat Talon, junto com a surpresa e o treinamento, era o radar de acompanhamento do terreno que permitia que a aeronave voasse a noite e com mau tempo a baixa altitude. O radar de acompanhamento do terreno SR-3 era baseado no APQ-99 do RF-4C. Depois recebeu o APQ-115. O radar era pouco confiável e dava muita pane. Na década de 70 foi iniciado a instalação do APQ-122(V)8. Com duas antenas o radome teve que ser modificado.

A principal tática defensiva do Combat Talon é voar abaixo da cobertura radar e longe das ameaça. Voar a 80 metros de altura no terreno era suficiente para as ameaças da década de 60 e 70. O C-130E(I) voa baixo a 230 a 240 kts, mas tem que desacelerar a 150kts para abrir a rampa de carga e lançar. Se detectado no radar pode comprometer o local de lançamento.

Durante os lançamentos, a desaceleração pode ser detectada se a aeronave estiver sendo acompanhada. A tática era realizar várias desacelerações em vários locais para mascarar o local de lançamento real, mas aumentando a exposição e vulnerabilidade da aeronave. Assim foi desenvolvido o sistema HSLLADS para lançar cargas em velocidades maiores. O lançamento de pessoal ainda necessitava de velocidades de 125-150kts devido a limitação do ser humano. A resposta a lançamentos no Vietnã do Norte indica que o sistema fez falta, não tendo a aeronave que subir e desacelerar para lançar. A aeronave foi testada em vôo muito baixo para penetração no mar e evasão de dia após realizar missões noturnas em terra.

Voando baixo a aeronave envelhece cinco vezes mais rápido que uma aeronave que só voa em grandes altitudes. Então os MC-130 foram modernizadas com asas novas antes da vida útil da fuselagem expirar.

O C-130 tem autonomia de 10 horas ou um raio de ação de 2.000km que podem ser estendido com reabastecimento em vôo. A capacidade de reabastecimento em vôo mostrou ser importante para deslocamento e missões de longa distância.

As missões do Combat Talon são entrega de carga ou pessoal pelo ar ou pouso; ressuprimento de forças de operações especiais; exfiltração de pessoal, carga ou equipamento em terra e água; disseminação de material de guerra psicológica; resgate de pessoal em área negada. Outras operações são lançamento de carga e pessoal, pouso de assalto, reconhecimento fotográfico, contramedidas eletrônicas e resgate com sistema Fulton STARS. Pessoal pode ser lançado com salto livre, HAHO, HALO e linha estática.

A aeronave dispõe do método Computed Aerial Release Point (CARP) com um piloto automático que direciona a aeronave para um ponto de lançamento de 50x50 metros a 80 metros de altura acima do solo em velocidade de 125 a 250kts. O método High Altitude Release Point (HARP) é usado para lançar pára-quedistas a grande altitude (HALO ou HAHO) com precisão de 550 metros.

O principal sistema de Comando & Controle são os rádios de longo alcance. A aeronave tem que ter capacidade de se comunicar com o Posto de Comando da missão que geralmente fica bem distante. Também tem que se comunicar com pessoal em terra no local do lançamento ou ressuprimento. Todos os Combat Talon tem capacidade de realizar operações de Comando & Controle limitado.

Em 1976, foi iniciado as operações de lançamentos de botes infláveis a 400 metros de altura com operadores dos Seals lançados de pára-quedas quatro segundos depois. A técnica foi desenvolvida pela RAF e usada com os SBS. Em 1980 os Combat Talon iniciaram a participação da Red Flag e outras grandes operações. A aeronave participa com freqüência em treinamento de infiltração para testar defesas aéreas contra este tipo de ameaça. A operação é de proveito para os tripulantes do Combat Talon também.

Em 1977, as aeronaves foram redesignadas MC-130E. Inicialmente era o C-130(I) e existia a variante C-130(C) para o Clamp com sistema STAR, e o C-130(Y) sem o sistema STAR que operava no Pacífico e o C-130(S) sem STAR ou usados por esquadrões que não apoiavam operações especiais.

Dos 14 Combat Talon originais, um foi perdido no Vietnã do Norte, outro no Vietnã do Sul por um morteiro e um em uma um colisão com um F-102 em 1972. Assim, em 1981 foi iniciado o desenvolvimento do Combat Talon II, com as aeronaves originais sendo chamadas de Combat Talon I. A base foi o projeto Credible Sport estudado após a falha do resgate no Irã. A modernização foi iniciada em 1983 e incluía as aeronaves originais. Os Combat Talon II podem ser distinguidos por terem um radomo retangular e FLIR fixo. Combat Talon I passaram a ter capacidade de reabastecer helicópteros agindo como reabastecedores de penetração e esta capacidade não foi adicionada aos Combat Talon II assim como o sistema Fulton. Os Combat Talon II foram recebidos no fim de 1991.

Os MC-130 originais tinham onze tripulantes contra seis do C-130 de transporte. A tripulação adicional era um navegador adicional, o operador de guerra eletrônica, um piloto extra para vôo e navegação noturna, um engenheiro de vôo adicional e um operador de rádio. O Combat Talon II não tinha o console de operador de rádio e nem precisava do segundo navegador tendo apenas sete tripulantes e com o operador sendo passado para a cabine o espaço de carga aumentou.

Na década de 80 o comando de transporte aéreo da USAF (MAC) iniciou as operações SOLL (Special Operations Low Level) com aeronaves C-130, C-141 e C-5. As aeronaves passaram a operar a baixa altitude e a noite com bom tempo usando óculos de visão noturna. As aeronaves não tinham radar de acompanhamento do terreno nem sistemas de autodefesa como o MC-130. As operações foram iniciadas em 1983 com seis C-130 e nove tripulações SOLL. Também treinavam para operar em pistas austeras sem apoio. Na invasão de Granada a força de invasão pára-quedista precisava de 12 MC-130 e usaram aeronaves SOLL para apoiar com sucesso. Os C-141 SOLL II receberam a capacidade de operar a noite com OVN e FLIR AAQ-17. Receberam rádios adicionais com capacidade de operar com três canais simultaneamente. Três tripulações com várias capacidades estavam em alerta de uma hora constantemente. Atualmente os C-141 SOLL II foram substituídos pelos C-17 SOLL.

A partir de 2003 a frota de Combat Talon receberam sistemas de defesa DIRCM, comunicação por satélite e novos casulos de reabastecimento em vôo para apoiar os helicópteros e o CV-22. Em 2006 a USAF encomendou 12 aeronaves MC-130W Combat Spear para substituir cinco aeronaves perdidas durante as operações recentes no Afeganistão e Iraque. As aeronaves são C-130H modernizados e antes usados pela Reserva Aérea.

MC-130W
Os novos MC-130W tem capacidade de reabastecer helicópteros com o moderno casulo de reabastecimento Mk32B-902E. O sistema de SATCOM pode operar em dois canais e enviar dados em rajadas rápidas.

Combat Talon
Estação do operador de guerra eletrônica e do navegador do Combat Talon II. As telas e os Joysticks são usados para operar o FLIR.

Combat Talon no Vietnã

Durante as operações no Vietnã, os Combat Talon treinavam para inserir equipes do SOG a longa distância, além do alcance dos helicópteros e recuperar pilotos derrubados com o STARS. Os Combat Talon iniciaram suas operações em 1966 com três inserções do SOG e 28 lançamentos de reforços ou ressuprimento. O SOG também era apoiado por ressuprimento feito por caças e helicópteros. Um exemplo típico de missão era apoiar uma equipe SOG de monitoramento de estrada. Na operação Salem House em 1969, as zonas de ressuprimento eram reconhecidas antes por uma aeronave de controle aéreo avançado (O-2 ou OV-10) antes do
lançamento.

Aeronaves A-1 Skyraider faziam escoltas de transporte indo para o Vietna do Norte. Os agentes atacavam alvos estratégicos como pontes, instalações de armazenamento de combustível e estações elétricas. Depois os agentes iam para a costa serem resgatados e os A-1 também faziam escolta dos navios.

Os Combat Talon as vezes lançavam pára-quedas preparados e forjavam áreas de ressuprimento para simular a presença de operadores na região. As vezes colocavam armadilhas nas cargas lançadas para irritar os inimigos. Havia sempre o risco de resgatarem agentes duplos ou pacotes com armadilhas. O pessoal do SOG as vezes realizava lançamento de equipes incompletas ou paravam a missão sem aviso.

O operador de guerra eletrônica mostrou ser crucial nos voos dentro das regiões densamente defendida do Vietnã do Norte. O operador preparava as indicações de onde seria iluminando. Se aparecesse alguma ameaça imprevista, o operador tinha que determinar se o radar inimigo estava operando no modo normal ou de acompanhamento. Depois indicava caminhos para fugir ou se continua por estar fora do envelope da ameaça identificada. A subida para lançar panfletos era feita com proteção de interferência pesada se necessário. Durante o planejamento de missão eram consideradas as posições dos radares de busca para conscientemente forjar lançamentos de ressuprimento e inserções falsas.

Os radares de busca vietnamitas varriam setores designados. Ao detectar um alvo focavam a varredura e acionavam o radar de determinação de altitude. A posição do alvo era então passada para um centro de comando e logo apareciam mais radares para focar no alvo. Os tripulantes usavam óculos de visão noturna Starlite para vigiar as bases aéreas em tempo bom e era possível ver os pós-combustores de um Mig a até 50 km de distância.

Se o Combat Talon estiver sendo perseguido por um Mig o sistema de guerra eletrônica é capaz de enganar o radar por tempo suficiente para ir para áreas montanhosas onde o radar dos MiGs não funcionavam bem. Geralmente voavam sem ser detectados e conseguiam evitar a artilharia antiaérea. Os Combat Talon enfrentaram poucas situações onde foram trancados pelo radar de um Mig. Em uma ocasião um Combat Talon foi assediado em três passagens baixa enquanto voava muito baixo sob o mar.

Os Combat Talon tinham capacidade de fazer interferência de comunicações inimigas. Esta capacidade foi depois passada para o EC-130H Compass Call. Esta capacidade era usada para atrapalhar a cadeia de reações inimigas.

Durante a fase de infiltração o operador de rádio era responsável por enviar códigos de longa distância a cada 30-40 minutos. Uma estação em terra mandava uma letra em código Morse em intervalos regulares. Esta freqüência era monitorada pelo Combat Talon e pelo inimigo. Ao enviar seu código de duas letras para informar que passou por um ponto de rota o inimigo estava certamente na mesma freqüência e não tinha tempo de direcionar a antena e localizar a posição da aeronave.

Uma das missões realizadas pelos Combat Talon no Vietnã do Norte consistia no lançamento de panfletos para a campanha de guerra psicológica. O lançando de panfletos era iniciada com um vôo baixo e a aeronave subia a até 10 mil metros no local de lançamento. Dependendo do vento a operação podia ser um sucesso, com os panfletos atingindo locais distantes e bem defendidos como Hanói. A aeronave descia logo depois. Se alguma ameaça aparecesse durante a subida a aeronave mergulhava. As operações de guerra psicológica mostraram ser eficientes para fazer as tropas inimigas se render.

Comparado com o C-123, o C-130 tinha maior potencial de crescimento; lançava panfletos mais alto que voa até as áreas onde o C-123 não conseguia atingir; era mais rápida e assim ficava exposta por menos tempo; e estava equipada com radar de acompanhamento do terreno e melhores contramedidas eletrônicas. A capacidade de lançar pára-quedistas do SOG com modo HALO e HAHO fez o C-130 ficar ainda mais importante.

Em 1967 foi tentado lançar um kit Fulton STAR para dois pilotos de F-4 derrubados no Vietnã do Norte para depois serem resgatados pelo Combat Talon. Um F-4 lançou os kits, mas os vietnamitas capturaram o material. Nesta operação o SOG concluiu que o lançamento denunciaria a posição dos pilotos e demoraria para funcionar, com o risco de fazerem uma armadilha de artilharia antiaérea. Pelo menos a técnica parecia pouco confiável em regiões de grande ameaça.

Em 1967 a maioria das missões de ressuprimento foram passadas para jatos rápidos. Em 1968, as operações do SOG foram paralisadas no Vietnã do Norte. Os agentes foram recuperados ou abandonados se fossem considerados agentes duplos. Os Combat Talon também fizeram apoio logístico para as bases das Forças Especiais no Vietnã do Sul e era a maioria das missões.

Nas missões de transportes os suprimentos devem ser enviados na hora certa ou as tropas em terra podem ficar vulneráveis por mais tempo. As vezes o local onde a carga vai ser lançada fica bem próxima do inimigo e a aeronave de transporte deve estar preparada. A ameaça pode ser enfrentada com táticas adequadas para minimizar a ameaça e com sistemas de proteção adequadas caso o inimigo engaje.

Na invasão do Vietnã do Sul pelo Vietnã do Norte em 1972 os C-130 Hercules do Vietnã do Sul tiveram que enviar suprimentos para suas tropas que estavam cercadas dentro das cidades próximas a fronteira. Os Hercules testaram o lançamento de suprimentos a noite com pára-quedas com apoio do radar "combat skypot". Um beacon na aeronave e paletes com cargas foram usados com o pára-quedas podendo ser lançado alto e um pirotécnico abria o pára-quedas a baixa altitude (HALO), para evitar grande desvio pelo vento. A técnica foi usada em Kontum no Vietnã. O pára-quedas era pequeno e caia quatro vezes mais rápido. Algumas cargas na podiam ser lançadas assim. O palete levava entre 500 a 1000 kg de cargas. O teste foi em 3 de junho com mais 15 lançamentos entre os dias 7 a 25 contra a cidade sitiada. Outro método testado foi usar a aeronave para detectar um transporder em terra. Depois que as tropas aumentaram a área defendida na cidade os Hercules puderam pousar a noite. A artilharia atacava prováveis posições de disparo de SA-7 e lançava flares. Apenas um míssil SA-7 foi detectado a noite e evitado pelos C-130. a noite.

No cerco de An Loc em 1972 os Hercules tiveram que lançar suprimentos a noite para acidade cercada com o método de lançamento rápido pois lançar cargas a baixa altitude mostrou ser muito arriscado. O mecanismos de abertura do pára-quedas falhavam em abrir na hora certa e não atingiam o campo de futebol usado como zona de lançamento. Então continuaram os voos de lançamento a baixa altitude com apoio de supressão da artilharia antiaérea e blindaram a aeronave ao redor dos tripulantes. Marcar a zona de lançamento era difícil pois os incêndios ao redor atrapalhavam. O lançamento de flares a noite facilitava ver a aeronave. Então usaram os AC-130 para indicar onde ficava a zona de lançamento apontando o farol de busca sem filtro infravermelho nos segundos finais. O problema era chamar a artilharia antiaérea e denunciar a posição dos gunship. Até o dia 3 de maio foram três C-130 derrubados e 38 danificados. No dia 4 de maio testaram o novo sistema lançamento a 10 mil pés. O primeiro foi para testar a precisão e depois realizaram outros lançamentos. No primeiro dia metade dos pára-quedas abriu. Usavam um sensor barométrico com menos falhas. A presença de mísseis SA-7 mostrou que voar alto era a melhor tática. No dia 8 de maio iniciaram o lançamento de alta velocidade com a técnica HALO. Em três dias foram 139 de 140 lançamento com sucesso levando 1/2 tonelada de cada o que permitiu que as tropas em terra continuassem a lutar.

Atualmente a USAF usa o Joint Precision Air-Drop System (JPADS) que consiste de um kit de guiamento por GPS para controlar o pára-quedas de um palete de cargas de 5 a 10 mil libras. O palete pode atingir as coordenadas do alvo com poucos metros de erro. A distância de lançamento do alvo será a maior vantagem não tendo que sobrevoar o alvo para lançar o palete.


Restage em Son Tay

A tentativa de resgate de prisioneiros americanos na prisão de Son Tay no Vietnã do Norte sempre considerou a participação dos Combat Talon. No inicio foi pensado uma inserção de pára-quedistas no método HALO próximo da prisão seguida de um assalto com helicópteros. O uso de pára-quedas foi logo descartado pois a equipe demoraria a reconstituir após chegarem em terra e queriam capacidade de combate imediata. Outra opção estudada foi lançar Jeeps longe do local para a destruição do portão junto com um assalto aeromóvel coordenado. Outra opção estudada foi pousar um C-130 na estrada próxima e abandonar a aeronave ao invés de usar helicópteros para levar os Jeeps.

A melhor opção sempre foi começar o assalto de dentro para fora da prisão. O pátio da prisão era pequeno para um helicóptero pousar e foi pensado em deixar a aeronave fazer um pouso forçado no local com a aeronave danificada sendo abandonada e os tripulantes fugindo em outras aeronaves.

Havia muitas tropas inimigas na região e duas baterias de mísseis SAM. A navegação de precisão a noite seria feita pelos Combat Talon que guiariam os helicópteros. A operação ocorreria a 1 hora da madrugada pois o inimigo estaria dormindo. O dia deveria ter lua cheia e bom tempo. Dois Combat Talon seriam usados com um de reserva. Precisariam de um FLIR e foi logo instalado. O FLIR seria usado para identificar os rios usados como pontos de navegação.

Próximo do alvo lançariam napalm para servir de referência para os A-1 de apoio aéreo aproximado, mas deveria queimar por muito tempo. Os Combat Talon lançaram flares sobre o campo para auxiliar a ação. Só podiam voar a uma altitude de 500 metros acima do terreno local devido a ameaça de mísseis SAM e lançaram flares manuais na traseira. Com a baixa altitude os flares caíram no chão antes de apagar e criariam incêndios que ajudaram a confundir o inimigo. Três helicópteros tinham a tarefa inicial de metralhar as torres de guarda e foram pesadamente armados. Outra tática foi lançar dois simuladores de combate próximos para atrapalhar os inimigos no local e possíveis reforços simulando barulho de um tiroteio.

Os Combat Talon estavam preparados para realizar busca e salvamento no local. Estavam equipados com três kits Fulton caso fosse necessário. Também fariam interferência de comunicações de rádios de longo alcance. O Vietnã do Norte usava o sistema Crostell e as comunicações seriam saturadas para atrapalhar a coordenação das defesas. Os radares de alerta GCI também foram interferidos. O resultado foi tão bom que os Combat Talon que operavam na Europa também foram equipados com os interferidores. Uma incursão da US Navy mais a leste focou as defesas vietnamitas naquela região. Caças F-4 e F-105 da USAF faziam patrulha de combate aéreo e supressão de defesas acima da operação.

Durante a inserção os Combat Talon voariam próximo da velocidade de estol para serem acompanhados pelos helicópteros HH-3 que participariam das ações. A margem de segurança melhoraria com a queima do combustível. Na volta os Combat Talon acionariam um beacon no modo ar-ar para todos se reunirem enquanto estava em órbita.

O assalto foi um grande sucesso, mas nenhum prisioneiro foi encontrado. Os prisioneiros mostraram sua presença no codificando a roupa suja e pilhas de sujeira. Os prisioneiros usavam as mesmas roupas de trabalhadores e uma construção local não deixou perceberem que mudaram de local três meses antes. A Inteligência avisou que a prisão deveria estar vazia mas resolveram arriscar assim mesmo. O resultado até que foi positivo, pois os prisioneiros foram todos colocados juntos e tirados da solitária, passando a poder cuidar uns dos outros. Os participantes da operação pensavam que o resultado seria até negativo com os prisioneiros sofrendo mais agressões e até sendo assassinados o que não ocorreu.


Arte do pouso de um helicóptero HH-3 dentro da prisão de Son Tay. Três dos seis helicópteros que participaram da missão levaram os 55 tropas.

Resgate no Irã

Quando o governo americano se decidiu por uma tentativa de resgate dos reféns presos na embaixada americana no Irã foram estudados vários meios para inserir as equipes de resgate (Força Delta). Já estava sendo estudado a realização de ataques retaliatórios, tomar o terminal de Kharg e fechar o estreito de Ormuz em caso de assassinato de reféns e não haveria resgate. No início foi pensado em usar os helicópteros CH-47 a partir da Turquia, mas ainda seria necessário reabastecer dentro do Irã. No Golfo Pérsico havia a possibilidade de se usar bases no Kuwait, Bahrain e Arábia Saudita, mas todos foram eliminados por razões políticas e de segurança. No final foi escolhido usar helicópteros RH-53D a partir de um porta-aviões no Golfo Pérsico que voaria até um ponto no deserto onde seriam reabastecidos. O combustível seria levado até o local pelos MC-130.

Durante o resgate o Primeiro SOW era única unidade da USAF com capacidade de operar com óculos de visão noturna (OVN) na época. Tiveram que desenvolver técnicas de pouso com OVN. Logo foram iniciados estudos para usar luzes infravermelhas para marcar a pista e as aeronaves para vôo em formação. Até esta operação os MC-130 só faziam penetração sozinhos. As aeronaves usariam o FLIR para reconhecer a pista e depois pousariam com o NVG. O FLIR, o mesmo do P-3, ficava atrás do trem de pouso dianteiro e não podia ser usado com o trem baixado. Tiveram que criar uma janela para usar durante o pouso. Depois desta operação todos os MC-130 receberam um FLIR externo fixo na frente do trem de pouso dianeiro incluindo os AC-130U. Os MC-130 receberam terminais de comunicação por satélite. Antes a comunicação de longo alcance era feito por rádio HF o que era lento.

No inicio estudaram modos de lançar combustível na zona de pouso dos helicópteros. Testaram o lançamento de bolsas de 2.200kg de combustível junto com equipes dos Rangers para apoiar. Cada aeronave lançaria uma vez. O primeiro teste foi falho com cinco bolsas caindo empilhados e com o pára-quedas não abrindo. Nos testes posteriores ficaram muito dispersos e o método foi cancelado com o combustível sendo levado até a terra pelos MC-130.

O local escolhido para ser a área de pouso no deserto, chamado Desert One, foi reconhecido bem antes por um CCT (Controlador Aéreo de Combate) e dois agentes da CIA que pousaram no local em um Twin Otter. O CCT usou uma moto para verificar o local e instalou luzes infravermelhas que seriam ativadas remotamente.

Foi planejado usar um batalhão dos Rangers para tomar o aeroporto de Manzarieh para onde os helicópteros iriam após o resgate dos reféns e que depois seriam passados para os C-141 junto com as tripulações dos helicópteros. O pouso de assalto seria feito por três MC-130. O primeiro pousaria e iria até o fim da pista e lançaria um Jipe armado e quatro motos. Atacariam alvos pré-planejados como instalações, guardas e instalações de comunicações. Outros 50 Rangers protegeriam a aeronave e realejariam outras operações. Os outros dois Combat Talons com a mesma carga limpariam a área ao redor do aeroporto com o segundo pousando e voltando para o início da pista. O terceiro pousaria no meio da pista. Toda a força deveria estar no solo em um minuto. Com o treino os Rangers conseguiam sair da aeronave em dez segundos. Para as tropas saírem rápido e em formação ordenada as cadeiras centrais do compartimento de carga foram retiradas e foram colocados colchões no local o que mostrou ser até bom para vôos a longa distância. Depois da operação foi criado um sistema dedicado com cintos de segurança. Na época os óculos de visão noturna eram escassos e apenas um a cada dez Rangers levariam os OVN além dos motoristas. Dois C-141 pousariam 10 minutos após o aeroporto ser tomado. Um seria usado como hospital voador e o outro para transporte de passageiros.

Quatro AC-130 apoiariam a missão. Um voaria sobre a embaixada e outro faria supressão de interceptadores F-4E na base de Mehrabad. Um terceiro apoiaria a tomada de Manzarieh e um quarto ficaria em reserva.

Era esperado que a missão de resgate na embaixada durasse 45 minutos. Depois seriam levados para um estádio próximo de onde seriam levados de helicópteros para Manzarieh. Os helicópteros seriam destruídos no local.

Durante o vôo para o Irã os MC-130 voariam entre 300 m a 1.000 metros. Voar mais alto seria melhor para economizar combustível e voar acima de postos de observação. Cruzaram o Golfo Pérsico a 1000m para evitar contato com navios. Podiam ter usado o radar para facilitar o desvio de contatos. O ponto de penetração na costa não tinha cobertura radar conforme previsto pelo reconhecimento anterior a missão.

Durante a operação, depois do pouso do primeiro MC-130 em Desert One, um grupo de combate de 12 Rangers faria segurança do local e dois CCTs iriam preparar outra zona de pouso. A primeira aeronave a pousar levava um Jeep armado e cinco motos sendo duas para os CTT. Um TACAN portátil foi usado para auxiliar a aproximação dos RH-53D. Os MC-130 transportaram os 120 Deltas que depois seriam passados para os helicópteros. Também levavam dois generais iranianos, seis motoristas iranianos e sete tradutores. Os helicópteros levavam mísseis Redeye para defesa em terra.

A operação foi cancelada devido a várias falhas mecânicas nos helicópteros antes e após o pouso em Desert One. Durante a fuga de Desert One um helicóptero bateu em um MC-130 durante a decolagem. Apesar de falha, a Operação Eagle Claw foi importante para desenvolver táticas e técnicas para a força de MC-130. Antes do uso de OVN os MC-130 usavam vários tipos de luzes para marcar pistas e zonas de lançamento. Eram difíceis de ver pelos pilotos e o inimigo em terra podia ver. Outras melhorias foram a capacidade de reabastecer helicópteros em terra, lançar bolsas de combustível pelo ar, procedimentos de descarregar tropas e veículos rapidamente, uso do FLIR para reconhecer pistas, novos sistemas de guerra eletrônica e técnicas de vôo a baixa altitude em formação.

Os MC-130 passaram a treinar pouso de assalto simultâneo em pista dupla, com outras aeronaves seguindo atrás a cada 30 segundos, com seis aeronaves pousando em um minuto. Foi estudado um modo de lançar um bulldozer junto com os Rangers e CTT para limpar pistas se o reconhecimento com FLIR mostra ser necessário. Alguns MH-6 foram modificados para montagem das hélices rapidamente após serem desembarcados pelos MC-130. Até seis podiam ser levados no Hercules. O reabastecimento e rearmamento de aeronaves em bases avançadas passou a fazer parte das missões do MC-130. A USAF logo passou a usar os HH-53D para apoiar operações especiais e o US Army passou a usar os MH-60 e MH-47.

Granada

Durante a invasão de Granada em 1983 foi planejado usar cinco MC-130 para desembarcar um batalhão de Ranger no aeroporto de Port Salinas. Costuma-se levar seis meses para planejar e ensaiar uma missão como esta, mas tiveram apenas três dias incluindo posicionar as aeronaves. O tempo extra era para planejar situações tipo "e se". Foi planejado um pouso de assalto com opção de salto de pára-quedas se a pista estivesse bloqueada.

Outros sete C-130 SOLL do MAC lançariam um batalhão da 82a Divisão Aerotransportada. Mais dez C-130 pousariam com outras forças da 82a Divisão. Dois C-130 SOLL lançaram quatro Seals cada para reconhecimento de praia junto com uma baleeira antes da missão para informar o estado da pista junto com uma equipe de CTT. A missão foi atrasada e poderia ser diurna, recebendo apoio de três AC-130.

Foi planejado que primeiro seriam dois MC-130, seguidos de dois MC-130 e três C-130 SOLL. Depois de três horas os 10 C-130 restantes pousariam. O salto seria a 1000 pés, com opção de 500 pés dependendo da ameaça. As aeronaves voavam em fila com separação de 30 segundos. O primeiro lançou e foi atacado sendo que o segundo desviou. Os AC-130 reagiram e atacaram a artilharia antiaérea no local. Os MC-130 também realizaram uma missão de lançamento de panfletos durante a invasão.

Panamá

Durante a invasão do Panamá em 1989 os MC-130 participaram do assalto a base de Rio Hato. Desta vez tiveram a oportunidade de treinar a tomada da pista antes da operação. Rio Hato seria uma operação de assalto aéreo com 15 C-130 lançando pára-quedistas e depois um pouso de assalto com três MC-130 e dois C-130 SOLL 35 minutos depois. Na missão real os pára-quedistas levaram 90 minutos para desobstruir a pista. Os MC-130 pousaram, descarregaram tropas e combustível para reabastecer helicópteros Little Bird e o último estava preparado para realizar evacuação médica.

Kuwait

Durante a preparação da retomada do Kuwait em 1991, os MC-130E lançaram panfletos no Kuwait a noite de grande altitude, geralmente dentro da fronteira da Arábia Saudita e mostrou ser eficiente. Durante as missões os pilotos consideravam a altitude, ventos e a forma de dobrar os panfletos para que chegassem até o alvo.

As operações de guerra psicológica iniciaram no dia 16 de janeiro e incluía o bombardeio de saturação dos B-52, o lançamento de bombas BLU-82 pelo MC-130, as transmissões de rádio do EC-130E Volant Solo e o lançamento de panfletos que era feito de várias plataformas incluindo artilharia e balões.

O lançamento de panfletos contra as posições iraquianas no Kuwait era logo seguido de um bombardeiro da área pelo B-52. Depois um EC-130E transmitia a mesma mensagem dos panfletos pela manhã e era seguido de novo ataque. Depois mudavam a área do alvo para outra mais a leste.

Com o lançamento das bombas BLU-82 não havia aviso com panfletos. Os americanos temiam que os iraquianos fizessem armadilhas com mísseis SAM. Os MC-130 ficavam muito vulneráveis voando a 16-21 mil pés durante o lançamento. A operação era seguida apenas pelas transmissões de rádio do Volant Solo. Depois era realizada a missão de panfletos e prometido um novo ataque, mas era lançado mais a oeste ou leste a uma distância que podia ser ouvida. As operações com a BLU-82 cobriram toda a fronteira do Kuwait com todas as tropas pelo menos vendo o resultado da explosão da BLU-82. Os panfletos prometiam tratamento humano, médico e que seria seguido a convenção de Genebra. No total foram lançadas 11 BLU-82 no Kuwait em nove posições do total de 18 bombas enviadas no local.

As BLU-82 são geralmente lançadas a 6 mil pés a 140kts, mas como ficava dentro do alcance da artilharia antiaérea lançaram de uma altitude maior. Para aumentar o efeito psicológico foi pensado em lançar várias ao mesmo tempo. Os MC-130 eram protegidos por EF-111 de interferência eletrônica, F-4G de supressão de defesas e EC-130 Compass Call de interferência eletrônica de comunicações. A explosão parecia uma bomba atômica. Os soldados em terra pensavam que era o inicio da guerra e ligavam seus radares que eram logo localizados e depois atacados.

Logo após o inicio dos bombardeiros o US Army e o USMC pediram para lançar a BLU-82 a frente de cada uma de suas Divisões, mas ameaça era alta. A ilha de Faylaka foi atacada para sugerir que seria um local de invasão pelo mar. Três BLU-82 foram lançadas na ilha simultaneamente e a explosão foi vista do Kuwait a 18km. O couraçado Wisconsin atacou a ilha no dia anterior com seus canhões de 406 mm até algumas hora antes e continuou depois do bombardeio aéreo. Dois dias depois duas Divisões iraquianas foram movidas para as praias do Kuwait aliviando a pressão no local da invasão por terra. As missões de guerra psicológicas tiveram sucesso e foram efetivas em fazer os iraquianos se render em massa.

Operações Recentes

Durante os operações na Bósnia em 1995 o MC-130 foi a única aeronave a operar na região de Seravejo devido a ameaça ao redor, perigos na pistas e falta de apoio a navegação. A aeronave apoiou as missões de suprimento lançando cargas a grande altitude com precisão.

Em 1998, antes da operação Desert Fox, as operações de guerra psicológicas foram realizadas para avisar que o Exército iraquiano não seria atacado e só a Guarda Republicana.

As operações de guerra psicológicas no conflito de Kosovo em 1999 foi a maior campanha do tipo desde a Segunda Guerra Mundial. Não se tem muitas informações a respeito. Sabe-se que os MC-130 voavam alto para evitar as defesas em terra e voaram também de dia.

Durante as operações recentes no Afeganistão, os MC-130H lançaram duas BLU-82 em quatro de novembro de 2001 próximo a Mazar-e-Sharif para efeito psicológico e outra no dia 9 de dezembro em Tora-Bora.

Na invasão do Iraque em 2003, a USAF deslocou 18 MC-130E/H e oito MC-130P para a região. Nas semanas anteriores ao inicio das operações as aeronaves inseriam equipes de operações especiais incluindo próximo a Bagdá. No leste do Iraque os Scuds operavam a partir das bases aéreas H3 e H4. Os MC-130 lançaram equipes de operações especiais para reconhecimento de estradas em vários locais. Outras equipes eram inseridas junto com veículos Humvee para realizar patrulhas motorizadas pelo menos em dupla. As aeronaves também realizavam evacuação médica com os feridos sendo levados de helicópteros para pistas improvisadas de onde eram evacuados pelos MC-130. Os MC-130P realizavam reabastecimento em vôo dos helicópteros de apoio as operações especiais e de busca e salvamento de combate. Os MC-130 estavam preparados para lançar a BLU-82, mas não foi necessário.



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