Força de Bombardeiros Médios da RAF

A força de bombardeiros médios da RAF foi criada após a Segunda Guerra Mundial por vários motivos. As aspirações da expansão comunista da URSS foi a motivação política com o surgimento da Cortina de Ferro. Em 1947, foi decidido que as armas nucleares seriam o meio mais efetivo de deterrência. Também manteria o status britânico de potência, mas precisaria de meio de lançamento substituindo o Avro Lincoln. A nova arma daria capacidade de incapacitar a capacidade industrial de qualquer nação. Em caso de guerra global, prevenir a devastação do pais seria possível com uma contra-ofensiva devastadora dos aliados.

A introdução da propulsão a jato deixou os bombardeiros a pistão Lincoln e Lancaster rapidamente obsoletos. O desenvolvimento das armas nucleares, com testes em 1952, também precisava de uma nova plataforma de disparo. O projeto da bomba atômica britânica foi iniciado em 1943 que levou ao projeto da Blue Danube. Para levá-la seria necessário um bombardeiro dedicado. Os bombardeiros Lincoln e o Lancaster não poderiam sobreviver as defesas da época.

Todos estes motivos podem ser considerados raízes daForça V, formadas pelos bombardeiros Valiant, Victor e Vulcan, que seriam a força de deterrência nuclear britânica. As aeronaves fariam parte da Força de Bombardeiros Médios (MBF - Medium Bomb Force). O bombardeiro pesado era B-52 da USAF.

O requerimento principal era criar uma força de bombardeiros para operar alto e rápido. Com um teto de 50 mil pés e voando bem rápido, dificultaria a ação dos caças interceptadores e seria difícil ser atingido pela artilharia antiaérea. Na Segunda Guerra, os bimotores Mosquito tinham demonstrado que podiam ir e voltar do alvo se voasse bem alto e rápido para evitar a interceptação. Sem a necessidade de armamento defensivo, os projetistas podiam focar em uma plataforma para levar tripulantes, armas, combustível para um certo requisito de desempenho.

Inicialmente, em 1946, pensavam que voando próxima a velocidade do som, os bombardeiros se tornariam invulneráveis a ataques de caças. Voando a Mach 0.93 dificilmente seriam alcançados devido a barreira do som.

O conceito parecia funcionar pois os treinos mostraram que era necessário dois caças Lightning contra um Vulcan. Os Mirage Australianos tiveram a mesma dificuldade em 1966 na operação High Castor e novamente em outras operações. Os F-86 da RAAF nem conseguiam subir até 50 mil pés para interceptar os Victors.

Os novos bombardeiros não teriam armas defensivas. Esta decisão foi em 1947 logo após a experiência da Segunda Guerra Mundial. Com raio de ação de 1500 milhas, seria o mesmo que enviar um bombardeiro até Berlim sem armas. O conceito estava bem a frente da URSS e dos EUA, confiando também em guerra eletrônica. Apenas com o B-1 a USAF criou um bombardeiro sem armas defensivas.

Requerimentos

Em 1945, foi lançado o requerimento OR.229 para um bombardeiro médio de 45 mil kg e o OR.230 para um bombardeiro pesado de 90 mil kg e longo alcance. O OR.229 teria que levar uma bomba de 10 mil libras a 1.730 milhas enquanto o OR.230 citava um raio de ação de 5 mil milhas. A velocidade seria de 575 milhas por hora. Também deveria ser capaz de levar 30 mil libras de bombas convencionais a curta distância

Os dois requerimentos citam cinco tripulantes sendo dois pilotos, dois navegadores, também atuando com bombardeador, e um oficial de guerra eletrônica. Não teria armas defensivas e blindagem pois atrapalhariam o desempenho, velocidade e altitude. Os mísseis tornaram a blindagem inútil. Sem saber como seria a nova bomba, tinha definido apenas o requerimento do compartimento bombas. O requerimento considerava a manobrabilidade e a capacidade de bombardeio cego/todo tempo com o radar H2S. Outro requerimento era a capacidade de produzir o vetor em larga escala em caso de guerra. A entrada em serviço foi prevista para 1951.

No fim de 1946, apenas o OR.229 foi considerado viável. Virou a especificação B.35/46 de janeiro de 1947 para um bombardeiro a jato de médio alcance para a RAF. O peso máximo de decolagem aumentou para 115 mil libras e estava relacionado com o tamanho das pistas de pouso. Voaria a 45 mil pés e subiria para 50 mil após duas horas e meia de voo com o combustível acabando. A velocidade de cruzeiro seria de 500 knots (926 km/h) ou Mach 0.875 em potência contínua até o alvo a 2.780 km da base. Os dados eram enfatizados como sendo o mínimo e sem levar combustível externamente.

A aeronave seria projetada em torno do que seria a bomba Blue Danube. A bomba deveria ter no máximo 10 mil libras de peso, 25 pés de comprimento e 5 pés de diâmetro e virou o requerimento do compartimento de bombas. Na época criavam as bombas e não as aeronaves. Já a Força V foi pensada primeiro na bomba e depois na aeronave que a levaria. Com uma bomba potente só seria necessário levar uma e por ser uma arma nuclear nem precisa de precisão no disparo. As cargas convencionais, atuado mais a noite, incluiriam bomba penetradora de concreto de 9 toneladas ou 12 bombas de 454kg. A aeronave foi pensada desde o inicio para realizar missões de reconhecimento.

Comparado com o Avro Lancaster, a nova aeronave teria o dobro da velocidade, o dobro do teto e voaria duas vezes mais longe. A outra opção eram os mísseis balísticos como a V2, mas era considerado inviável em 1948.

Em 1952, a RAF tinha 21 Esquadrões de bombardeiros a pistão e sete com os Canberras B.2. O Canberra voava rápido e alto, mas o alcance era insuficiente.

Foram selecionados propostas da Avro (Vulcan) e da Handley Page (Victor) em 1947. Por segurança, a Vickers foi contatada para desenvolver um bombardeiro com alcance 5.600km com 4.500kg de carga  que se tornou o Valiant. A Short desenvolveu o Sperrin de asa reta.

O primeiro protótipo do Valiant voou em 1951, o do Vulcan em 1952 e o do Victor em 1953. Viraram a Força V, operando por mais 3 décadas. O Valiant entrou em operação em 1953 sendo o primeiro bombardeiro de longo alcance e grande altitude da RAF. Foram construídos 103 unidades. Virou bombardeiro tático em 1961, após serem substituídos pelos Victor, operando apenas com bombas convencionais. Foi usado para reconhecimento de grande altitude. O primeiro Vulcan de produção voou em 1955. O primeiro Victor de produção voou em 1956.

   
O Vulcan é o membro mais famoso da Força V.


O Valiant foi o primeiro bombardeiro da Força V a entrar em serviço e o primeiro a sair de operação.


O Short Sperrin é o membro menos conhecido da Força V. Todos os bombardeiros da Força V tem quatro motores.


Um Victor em configuração de reabastecimento em voo e camuflagem de cânhamo. A MBF mostrou ser uma força multifuncional. Além da tarefa primária de deterrência nuclear e bombardeiro convencional, realizaram reconhecimento fotográfico, reconhecimento marítimo, guerra eletrônica e reabastecimento em voo. A última missão foi de supressão de defesas durante o conflito das Malvinas.

Pistas de Dispersão

Os Victor ficaram operacionais em 1958 ao mesmo tempo em que apareceram os silos de mísseis balísticos russos na República Checa nas fotos dos satélites. A reação foi dispersar a força. O plano era dispersar a Força V em 57 pistas classe 1, mas os custo limitou a 26 pistas em tempo de tensão e operariam a partir de 10 bases. A dispersão iniciou em 1959.


Os mísseis balísticos de médio alcance instalados na República Checa podiam atingir o Reino Unido em 4 minutos. Então criaram pontos de dispersão no fim das pistas. Os bombardeiros ficaram nas ORP (Operational Readiness Platforms) no fim da pista com até quatro aeronaves em prontidão. O comprimento das pistas britânicas tiveram que ser aumentadas para receber a Força V. O alerta era de 4 minutos para decolar e chegaram a menos de 2 em algumas ocasiões. O SAC tinha 30 minutos de intervalo até os mísseis balísticos russos atingirem os EUA.

Em 1962, foi iniciado o alerta de reação rápida (Quick Reaction Alert - QRA), criando ORP nas pistas. A USAF fazia alerta aéreo no ar, mas os britânicos não conseguiram implementar. para evitar manter muitas aeronaves em duas bases, 10 usados para dispersão. Em crise seriam dispersos em grupos de quatro nas ORP. Outras pistas também foram disponibilizadas para possíveis dispersões. Muita dispersão aumentaria os alvos para o inimigo atingir. Havia vários níveis de alerta e não implementaram alerta aéreo.

Na decolam todos tentavam decolar juntos de várias bases. Vão todos até um ponto "go, nogo" em silêncio de rádio. Se não tem mensagem volta pois o combustível não daria para ir até alvo.  Sem mensagem os bombardeiros nenhuma voltam para a base e com mensagem podem atacar. A Força Voava em uma trajetória paralela densa em células de seis aeronaves voando a Mach 0.903 a 50 mil pés. Se ao invés de enviar bombardeiros fossem disparados mísseis balísticos, não poderiam ser chamados de volta e podem intimidar.

Os alvos iniciais em 1957 eram para abrir caminho para outros ataques posteriores. Atacariam alvos nos estados bálticos e outras áreas para abrir caminho para B-52 do SAC. O Reino Unido eram mais ameaçados e mudaram seus alvos de prioridade em relação a USAF. Os alvos eram 108 em 1959, sendo 69 cidades como centros governos e alvos militares significativos, 17 bases de mísseis de longo alcance que seriam ameaça nuclear, e 20 elementos das defesas aéreas russas.

Em 1958, a Força V era composta por 92 aeronaves e 108 em 1959. Havia 106 alvos para o Comando de Bombardeiro, sendo 69 cidades, centro do governo ou alvo militar, 17 eram bases aéreas das forças nucleares e 20 elementos da defesa aérea. 

 A maior tensão foi em 1962 com crise dos mísseis em Cuba. Na época a MBF tinha 17 Esquadrões, sendo oito de Vulcan, seis de Victor e três de Valiant, sem contar as unidades de conversão, reabastecimento em voo, guerra eletrônica e reconhecimento.

Guerra Eletrônica

A capacidade da Força V de sobreviver as defesas dependia de seis fatores: desempenho das aeronaves, rotas evasivas, capacidade de voar alto ou baixo, sistemas de guerra eletrônica, sucesso dos ataques anteriores contra as defesas e armas de longo alcance.

Em 1955, foram instaladas as primeiras bases de mísseis SAM ao redor de Moscou. O requerimento dos novos bombardeiros logo começou a mudar para contrapor a nova ameaça.

Voando alto seriam fáceis de detectar no radar a 200 milhas de distância. A Inteligência tentava determinar pontos fracos nas defesas que eram monitoradas pela RAF com os RB-45C e depois pelos U-2 da USAF. Então tentariam passar mais longe das defesas para diminuir o tempo de reação. As rotas incluía a Noruega, Suécia e mar Báltico para evitar os radares, além de voar alto e longe. Entrariam em pontos fracos das defesas, mas contra alvos importantes seria difícil por serem mais bem defendidos. Toda a força de ataque tentaria passar por um ponto pequeno de 5 milhas de largura para saturar as defesas.

Outra reação foi usar interferência eletrônica. Os bombardeiros receberam interferidores potentes, alerta radar, radar de cauda, Flares e Chaffs. Os sistemas davam boa consciência da situação ao redor e podiam evitar as defesas em terra e no ar interferindo nos rádios e radares com ruído eletrônico (noise jammer). Funcionava na base da força bruta. O objetivo era cancelar a posição real da aeronave, ou convencer inimigo que está em outro lugar.

Os requisitos de guerra eletrônica da Força V era interferir nos pontos fracos das defesas aéreas integradas russas que eram os radares e sistemas de comunicações. Todo sistema de defesa aérea depende de um sistema de Comando & Controle, ou uma rede de radar com link de rádio até os caças Interceptadores, e podem ser complementados por mísseis. Os radares e os rádios são vulneráveis a interferência eletrônica o que podia aumentar as chances sobrevivência. Sem orçamento suficiente teriam que interferir nos sistemas de controle em terra. Sem comunicação com as estações de radares, o trabalho dos interceptadores seria como uma loteria contra bombardeiros voando a noite a 50 mil pés a uma velocidade de Mach 0.93.

A Força V usava a mesma barragem de interferência eletrônica usada na Segunda Guerra Mundial. Não reagiam especificamente contra um ameaça individual como os sistemas modernos. Era força bruta e muita, criando uma nuvem de interferência. Os sistemas eram ligados e irradiavam em certas freqüências sendo ameaçado ou não. Ligavam em certo ponto e irradiavam em todas as direções, precisando ou não. Na rota havia uma linha de guerra eletrônica chamada "ECM Switch-On Line". Após cruzar esta linha o AEO ligava os interferidores e passavam a usar a força bruta.

Um ataque coordenado de 100 aeronaves da Força V daria boa proteção mútua. Ao se dividirem em direção aos alvos seriam mais fáceis de serem interceptados ou atacados pelos mísseis SAM.

Os sistemas de guerra eletrônica eram os mesmos no Victor e no Vulcan. Os sistemas iniciais eram o Red Shrimp, Blue Diver e Green Palm e o alerta radar Blue Saga. Faziam interferência de ruído nas bandas de detecção, comando, controle e interceptação.

O sistema Green Palm era usado para interferir nos rádios VHF dos interceptadores. Caças voando a noite sem muita coordenação vão depender da sorte para derrubar um bombardeiro voando muito alto. Os caças russos usavam quatro frequências de rádio e podiam ser facilmente interferidas por uma força com 100 bombardeiros operando em uma frente relativamente pequena. Os tripulantes dos bombardeiros não gostavam do Green Palm pois gerava uma nota irritante como sirene policia no intercomunicador.

Os dois interferidores de ruído Blue Diver interferem na onda métrica contra radares de alerta operando na banda VHF como o Knife Rest que indicam alvo para o Fangsong. Em exercícios a interferência atrapalhava as transmissões de TV.

Os três interferidores de ruído Red Shrimp operando na banda S/L/DE contra radares em terra de controle de tiro de mísseis Fansong do SA-2 e artilharia antiaérea guiada por radar. O Red Shrimp opera em dois modos de modulação de 2,5 e 3 GHz para interferir nos radares dos canhões de  57mm, 76mm e o Low Bow do míssil SA-3. Também podia ser usado contra radares de busca operando nesta banda.

As quatro antenas de alerta radar Blue Saga, de primeira geração, cobriam as bandas de 2,5 a 12 GHz, principalmente na banda S, DE e I. Daria consciência da situação ao redor. Usa um alerta de luz para banda S e uma para banda X e C. Estes radares iluminam em um certo PRF ou largura de pulso. O quadrante indica onde está a ameaça e o alerta de áudio e frequência permite identifica o tipo e classificar a função. O AEO pode reagir ligando a frequência de interferência correta e lançar chaff no comprimento de onda correto.


Posição do AEO na cabina traseira do Vulcan.


Antenas do interferidor Red Shrimp instalados abaixo dos casulos dos motores. Apenas 8% da energia dos jammer eram emitidas com o resto virando calor. Então usavam muito resfriador.

O Vulcan e o Victor  tinham quatro mil pacotes de Chaff picados em voo e 192 cartuchos de flares Viton, de magnésio e teflon. Inicialmente os radares eram fáceis de interferir com o Chaff, mas os radares multibanda limitaram seu uso.

O Chaff e o Rope eram lançados em intervalo randômico, na fase penetração e retirada. Se surgisse um caça no campo do radar de cauda, o AEO também manda ir na direção do atacante. O Vulcan manobra bem a grande altitude, com os primeiros mísseis ar-ar russos no inicio sendo bons só no quadrante traseiro. Lançam Chaff na banda I a cada 5 segundos. Lançar muitos cria uma trilha densa com o Vulcan na frente e não engana ninguém. O objetivo é atrapalhar trancar no alvo. Se tranca é que lança muito Chaff e o piloto manobra para sair dos parâmetros ideais de disparo do míssil. Um caça geralmente cai antes por ter menor carga alar ou fica sem combustível durante a ação.


A esquerda da imagem mostra o Chaff usado na frequencia DE e a direita opera na banda I feito de fibra de vidro com cobertura de alumínio. Um pacote produz um eco de radar semelhante a um Vulcan.


O Rope era lançado para confundir radares de grande comprimento de onda (baixa frequência). O pacote era como o da imagem acima contendo três carretéis com fita de metal. Um pequeno pára-quedas em uma ponta força o carretel a desenrolar após ser lançado. As três fitas caindo verticalmente criam o mesmo reflexo de um Vulcan.

Os russos usavam zonas demarcadas para operação de caças e mísseis para evitar fogo amigo, mas os caças poderiam seguir e seriam derrubados ou complicar o disparo. O radar H2S tinha modo "Fishpool' para detectar caças voando ao lado e abaixo do bombardeiro. As informações são passadas para o piloto quando foi para a traseira.

O radar de cauda Red Steer TWR (Tail Warning Radar) usado no Vulcan dava alerta de caças no quadrante traseiro. Era o mesmo radar AI.13 do caça noturno Meteor. Fazia varredura cônica de difícil leitura. O alcance máximo era de 10 a 12 milhas na parte central e diminui na periferia. Com um alvo diretamente atrás preenche um circulo completo e desvio cria off set. A versão MK2 fazia busca raster scan de oito barras em +- 70 graus de azimute e +/- 25 de elevação. O alcance aumentou para 25 milhas e apresenta os dados em modo B Scope. Voando baixo o retorno do solo não permitia ver nada no radar, mas o mesmo aconteceria com os radares dos caças russos. Até a detonação nuclear próximas cegaria ou danificaria a visão temporariamente.

O radar de interceptação Green Willow do Victor ficava na cauda. É uma versão do radar do caça Lightening. A capacidade de detecção foi de 100% até 8 milhas contra um caça Hunter em 58 testes.

Os mísseis ar-ar da época tinham que ser disparados nivelados e era fácil perder o feixe do radar contra alvos manobrando, mas o Victor manobrando também podia perder seu alvo em terra. O AEO também podia receber alerta de radar de caça trancando. Com dados visuais e tom indica disparo de míssil e podia disparar Chaff e Flares.


Radar de cauda Red Steer. Foi adaptado do caça noturno Meteor.

No fim da década de 1960, as defesas russas melhoravam cada mais mais rápido, com melhor caças e mísseis. Foi estudado um interferidor na banda I operando a 26hz contra o radar de acompanhamento Low Blow do míssil SA-3. Queriam mais ECM no Vulcan, mas a força principal de deterrência passaria para os mísseis Polaris. No conflito das Malvinas tiveram que receber os AN/ALQ-101-10 dos Buccanner.

Seis Valiant foram modificados como aeronave de interferência eletrônica com os sistemas ALT-7, APT-16A, intereferidores Airborne Cigar e Carpet-4, APR-49 para busca de ECM e lançadores de Chaff. Foram usados para defesa do Reino Unido e treinavam as defesas locais onde mostrou a importância para equipar bem os Vulcan e Victor com sistemas de interferência eletrônica.

Os Vulcan participaram da operação Skyshield em outubro de 1961 para testar o NORAD, o sistema de defesa aéreo americano que daria de três a seis horas de alerta contra ataques de bombardeiros. A RAF enviou oito Vulcan B2, atuando com os B-47, B-52 e pelos EB-47 de guerra eletrônica. O ataque foi pelo norte e pelo sul. Apenas a primeira onda de bombardeiros foi interceptada. Parte fez interferência para os outros cruzarem pelo norte. Estavam a 50 milhas da costa onde caças estariam. Os F-102 não foram atrás de quatro Vulcan, concentrando nos três primeiros que interferiam nos radares e depois não conseguiam alcançar. Os B-47 e B-52 atacaram do norte. Os B-47 voaram baixo e os B-52 a 35-40 mil pés. Os F-102 interceptaram os B-47 voando baixo e não tiveram combustível para subir até 56 mil pés onde estavam os Vulcan. O F-101 tinha teto de 52 mil pés e o Delta Dagger subia até 57 mil pés, mas com pouca autonomia ao atingir esta altitude.

A Força V também participou de outros exercícios do Comando Aéreo Estratégico da USAF. Em outubro de 1957, dois Vigilant e dois Vulcan ficaram em 27 de 45 participantes e no no seguinte em sétimo de 41 duplas.

Em novembro de 1974, na operação Giant Voice, competiram com 51 aeronaves, realizando quatro missões cada uma, a maioria a noite. Perceberam que na decolagem, o Vulcan subia rápido e usava metade da pista enquanto o B-52 subia pouco e estabilizava, usando toda a pista.

Os Vulcan participaram da Red Flag em 1977. Realizaram cinco missões a baixa altitude, voando entre de 200 a 300 pés. Em várias saídas não foram interceptados. Perceberam que ao virar era fácil ser detectado pela cor branca então camuflaram também a parte inferior e tiraram as bolachas de identificação.

Táticas de Ataque

Um requisito dos bombardeiros da Força V era ter uma cabina pressurizada com cinco tripulantes: o piloto, co-piloto, Nav Plotter, navegador radar (Nav Radar) e o AEO (Airborne Eletronic Officer). Por questão de economia, apenas o piloto e o co-piloto tinham assento ejetável. Se necessário tentariam voar a aeronave danificada até os outros três saltarem de pára-quedas.

Em tempo de paz realizavam uma saída de 5 horas por semana. O Planejamento de Missão iniciava três horas antes do voo. Preparavam mapas, checavam a meteorologia, bases de dispersão, agendavam estandes de tiro, calculavam o desempenho na decolagem e o planejamento de combustível. O navegador radar criava a previsão da imagem do radar.

Para navegação, o Victor  levava o sistema Gee que mede a diferença de tempo da transmissão de estação de terra até a aeronave. Os dados eram mostrados em uma TV, com mapa na tela. O Nav Plotter determinava a posição com erro de meia milha. Era um sistema fácil de interferir e com alcance limitado. Então receberam o Green Statin e Ground Position Indicator (GPI). O sistema de backup era a navegação por estrelas pelo Nav Plotter. A precisão era de 12 milhas e era mais usado em voos de translado em alto mar.

O Green Statin era um radar de navegação Doppler usado entre 250 a 60 mil pés. Mostra a velocidade real e desvio. Os dados são enviados para o GPI que indica a posição. A precisão é de duas milhas em trecho e de 8-12 milhas a cada mil milhas. O radar H2S pode refinar a discriminação para 50 metros, para atualizar a navegação. Os dados são entrados no Navigation and Bombing Computer (NBC) Mk2 que mostra trajeto, velocidade em relação a terra e posição. O H2S ainda era o mesmo usado no usado nos bombardeiros Lancaster e Halifax da Segunda Guerra Mundial, sendo pesados, rústico e analógico, com muito trabalho para operar e manter. 

Para pontaria o Victor usava o RBSU (Radar Bomb Score Units) que move continuamente indicando onde a bomba irá cair. O NavRadar cria um tom ao se aproximar do ponto de disparo. Se for desligado então é o ponto de disparo. Uma tabela balística indica onde disparar. A precisão é de 600 metros para novatos, 350 metros para experientes e 300 metros para veteranos.

O Nav Radar podia ver o alvo no radar a 160 milhas. Navegavam para o Ponto Inicial (IP) a 60 milhas do ponto de disparo. A 40 milhas do ponto de disparo colocava o alvo no radar. Outra opção era criar um ponto referência (offset) caso o alvo fosse difícil de ver no radar. Depois o computador controlava o piloto automático. Até a porta do compartimento de bombas seria aberta automaticamente. O Nav Radar usava um joystick na fase de ataque e podia ser manual se necessário. Depois de disparar virariam para escapar. Estimavam que 85 a 90% dos bombardeiros penetrariam e atacariam seus alvos.


Imagem do radar H2S (Home Sweet Home). A aeronave está posicionada no centro da imagem. O H2S Mk 9A tem um marcador eletrônico que mostra onde a bomba vai cair. O H2S podia detectar um prédio a 20 mil pés facilmente dando capacidade todo tempo.

O radar H2S criava fixos de precisão de 200 metros e permitia bombardeiro automático com CEP de 400 metros atuando junto com o NBC (Navigaton and Bombing Computer). Se o alvo não criava imagem radar podiam usar um "off set" próximo que aparecia. A tela pode mostrar um mapa de 180 milhas ao redor ou focar em alvo pequeno como uma pista de pouso. O radar H2S também apóia o radar de acompanhamento de terreno a noite em má visibilidade.

A mira visual T4 era usada a média o grande altitude. Voando baixo só era possível usar o radar, mas tinham muito pouco treinamento com armas convencionais. A mira T4 era mais precisa, mas inicia o ataque com apoio do radar H2S no "run in" por ser mais preciso. Com a mira era possível disparar bombas até 54 mil pés. O bombardeador indica a direção para o piloto citando "direita, direita, direita, mantém, asa nivelada, 5 km do disparo, selecionar bomba, mantém, abre portas bombas.... bombas saindo, bombas disparadas".

Após decolar e subir, as janelas eram cobertas para evitar danos nos olhos pelas explosões nucleares. Voavam em silêncio de rádio para evitar detecção. Os tripulantes usavam tapa olho e os tripulantes baixavam as cortina para evitar explosões externa de outros ataques. Se a explosão de uma bomba nuclear cegasse um olho, o piloto passava a voar com o outro. Planejam as missões para evitar conflito próximo com outras aeronaves, mas nem sempre era possível. Tentam navegar com erro de menos 90 segundos para evitar as explosões de uma bomba nuclear de outras aeronaves. Depois do ataque os bombardeiros iriam para bases no Mediterrâneo. Poderiam desligar dois motores para aumentar o alcance. Também podiam tentar voltar, mas com risco de fogo amigo.

Em 1961, as bases de mísseis SAM seriam evitadas com rota seguras ou concentrando os bombardeiros nos alvos principais. Então os novos mísseis russos não deixaram a Força V logo obsoletos. Podiam detectar as bases de mísseis antes do conflito e passar ao redor. Em 1962, eram muitas bases de mísseis SA-2 e seria preciso muita guerra eletrônica, Chaff e manobras weaving para atrapalhar o computador das bases de lançamento.

O perfil de bombardeiro nivelado era chamado de Type 2 na RAF. Depois que uma aeronave de reconhecimento U-2 da USAF foi derrubado em maio de 1960, criaram o perfil Type 2A pois ao se dispersarem para atacar seus alvos o trabalho dos mísseis SAM seria facilitado.

O perfil Type 2A iniciava a 40 milhas do alvo com o bombardeiro virando 45 graus para um lado puxando 1,5 g´s. Nivelava por 15 segundos antes de virar 90 graus na direção oposta. Nivela por 30 segundos e a manobra era repetida. A perna fixa seria a 15 segundos antes de iniciar o ataque a 15 milhas do alvo. Os mísseis SA-2 precisavam de 60 segundos de lock-on contra um alvo nivelado para disparar e a manobra "weave" atrapalharia. A barragem de interferência eletrônica também ajudaria. As bases de mísseis SA-2 disparavam barragem de três mísseis de cada vez.

O Chaff na banda DE era efetivo com os interferidores e manobra contra os SA-2. O Red Shrimp era ligado nas pernas curtas e desligado nas curvas e disparava Chaff. Na próxima perna curta parava de lançar Chaff e religava o interferidor. A manobra foi testada contra o Blank Stare, um clone do radar Fansong da USAR, e mostrou ser efetiva.

Armas

As primeiras armas da Força V eram as bombas nucleares de queda livre. Estudaram um estoque de mil bombas atômicas inicialmente, mas chegaram a 200 no final.

A Blue Danube era uma bomba termonuclear de 40 kt que pesava 10 mil libras. Em 1959, foi introduzida a Red Beard de segunda geração. A bomba de hidrogênio Yellow Sun mk1, de sete mil libras, tinha meio megaton de potência. Foi seguida da Yellow Sun mk2 com 1 megaton que pesava 3 mil libras. A Yellow Sun entrou em operação no fim de 1958.

O compartimento de armas do Victor permite levar 48 bombas de 454 kg, mas com curto alcance. Outras opções eram a Grand Slam de 22 mil libras, ou duas Tallboy de 12 mil libras, ou quatro 10 de 10 mil libras. Eram sete pontos fixos, o central para 10 mil libras, levando grupos 4 a 7 bombas. O disparo podia ser qualquer sequencia.

Foi desenvolvido um casulo de bombas para o Victor com 45 pés de comprimento, com porta de 20 pés, capaz de levar 14 bombas de 454 kg. Foi projetado e não fabricada. Total de bombas subia para 76, mas geralmente eram 35 bombas ou 14 a mais que o Vulcan. As bombas eram disparadas acima de 14 mil pés. Para missões de longo alcance levaria 21 bombas de 454 kg e um tanque de combustível interno.


Imagem da Yellow Sun.


Armação com sete bombas convencionais de 454kg usado pelos bombardeiros da Força V.

A Blue Steel era um requerimento da década de 1950 para disparar uma bomba nuclear a 100 milhas do alvo em qualquer tempo. As melhorias das defesas comunistas fizeram a Blue Danube ficar logo superada por ser disparada a grande altitude. A Blue Steel deu fôlego para Força V continuar operando.

A intenção de criar uma arma nuclear de longo alcance lançada de bombardeiros estava sendo projetada antes da entrada em operação do Vulcan B1. O projeto foi iniciado em 1954 com o projeto Blue Boar que era uma bomba voadora com ogiva de 5 mil libras e 1 Kt de potencia. Foi cancelada em favor do míssil Blue Steel que seria levada pelo Vulcan B.2 e Victor B.2. Disparariam a Blue Steel logo depois cruzar o mar.

O Blue Steel ainda seria uma arma provisória até o míssil balístico Blue Streak e o bombardeiro supersônico Avro 730 entrassem e operação, mas foram cancelados devido ao alto custo. Também foi proposta uma versão melhorada Blue Steel Mk2, mas foi cancelado pois os britânicos já tinham sessenta mísseis Thor emprestados dos EUA.

O guiamento era por um INS da Marconi Elliot dando um CEP de 250 metros. O INS do míssil foi integrado no bombardeiro. Tinha boa precisão e até navegava a aeronave na perna final com o radar H2S alinhando o INS em um ponto conhecido como uma ponte. Na fase final tem o Final Release Point Fix pois desvia um grau por hora. Por ser guiado por INS não podia ser interferido.

O Blue Steel era disparado a 55 mil pés, com o bombardeiro voando a Mach 0,94. O míssil caia por 4 segundo por 300 pés antes do motor ser acionado. O motor Stentor da Bristol Siddeley tinh 9 toneladas de empuxo permitia atingir Mach 3. Pode subir vertical até 110 mil pés, mas vai até 70 mil pé e nivela. Um segundo motor de 4 mil libras de empuxo era acionado e mantinha a velocidade de Mach 2,5, com o alcance chegando a 200 milhas com velocidade final de Mach 0.8 a 0.9.

Depois do disparo o míssil tenta voar uma rota direta até a posição do alvo. Na fase final o INS tenta atingir certo angulo de mergulho. As manobras era na base do "bank to turn" como uma aeronave. Era equipado com a cabeça de guerra Violet Club de um Metagon, a mesma da Yellow Sun. O combustível HTP era perigoso e levava 1 hora para reabastecer o míssil em alerta.

Um total de 57 mísseis Blue Steel foram comprados em 1956, sendo quatro para testes. Entrou em serviço em 1963 nos Vulcan. Entrou em operação a baixa altitude em 1964 nos Vulcan B2R, com alcance de 25 a 30 milhas.

Os Blue Steel começaram a ser retirados de serviço no fim de 1968 e operou até dezembro de 1970 quando foi substituído pelos mísseis Polaris lançados pelos submarinos da Royal Navy. Depois o Vulcan operou apenas com bombas convencionais.


Um míssil Blue Steel instalado na barriga de um Victor.


Perfil de disparo do Blue Steeel.

Com o cancelamento do Blue Streak em 1960, a RAF se interessou no míssil balístico Skybolt lançado de bombardeiros que estava sendo desenvolvido para os bombardeiros do SAC. O Vulcan seria a melhor plataforma. Cada míssil pesava 5.450kg e estava equipado com uma ogiva de 2 Megatons.

Os EUA trabalhava com a tríade nuclear. O Minuteman era considerada vulnerável com o Polaris ou Skybolt sendo considerados melhor para deterrência pelos britânicos. O Skybolt foi o primeiro Air-Launched Ballistic Missile (ALBM). Os mísseis terrestres têm trajetória previsível e podem ser derrotados por mísseis anti-balísticos. O Skybolt seria mais rápido (Mach 9), preciso (CEP de 100 metros) e com bom alcance (1.600km), ainda mais flexível por ser disparado de uma aeronave. Os radares russos vigiavam os silos de mísseis no estado de Montana, mas não podiam vigiar o mar sempre. A aproximação dos bombardeiros para lançar os Skybolt era muito mais variável.

Os britânicos testaram o Blue Steel com sucesso e queriam a versão Blue Steel 2 com mais alcance e velocidade. Era um projeto arriscado e passaram para o Skybolt, considerado até melhor que o Polaris. Os britânicos já tinham a Força V e não teria opção nuclear da Royal Navy. O míssil podia ser disparado foram alcance dos mísseis SAM russos e manteria a força útil até o meio da década de 70.

Queriam comprar 100 mísseis para arma 50 bombardeiros Vulcan. A Força V podia passar para uma força de 72 Vulcan e os Victor diminuiriam de 57 para 32 aeronaves.

Em 1961, o SAC fazia alerta aéreo constante. O Vulcan B2 podia voar 12 horas com dois Sky Bolt ou 10 horas com quatro mísseis e sete horas com seis. Foram projetadas novas versões para esta capacidade, mas os projetos não foram adiante pois o alerta aéreo era caro.

Depois de várias falhas nos testes o Skybolt foi cancelado em 1963. Os EUA preferiam os Minuteman e Polaris.


O Vulcan voou com modelos do Skybolt em 1959.

Táticas a Baixa Altitude

Em primeiro de maio de 1960, um U-2 foi derrubado a 65 mil pés por um míssil SA-2. O U-2 derrubado não tinha nenhuma ECM para se defender. Até então os britânicos pensavam que a Força V estaria impune voando a 50 mil pés.

Esperavam que a Força V pudesse ser usada até o meio da década de 1960, mas a derrubada do U-2 mostrou que os russos estavam mais avançados que o esperado. Os alvos mais importantes estavam cada vez mais bem defendidos.

Em 1963, os britânicos já esperavam enfrentar defesas intensas na Europa. Os mísseis SA-2 proliferou assim como caças Mach 2. Até alvos voando baixo começaram a ser contraposto, mas em menor escala. Sem o Skybolt e sem proteção do voo a grande altitude, a Força V teve que repensar suas táticas. A única opção era atacar baixo para aumentar as chances de sobrevivência. A altitude máxima seria 3 mil pés para se perder no eco do solo. Atacar baixo deixaria os bombardeiros difíceis de serem atacados, a não ser pelas defesas locais.

Em 1964, a força foi preparada para atacar baixo até a entrada em serviço dos mísseis Polaris em 1972 e ficaram novamente capazes de penetrar as defesas. Os Victor  receberam uma camuflagem na parte superior e tanque externos. O perfil de ataque passou de Hi-Hi-Hi para Hi-Lo-Hi em estágios.

O TSR-2 seria um penetrador de baixa altitude de alta velocidade e o Canberra faria o mesmo em curto alcance. Com o TSR-2 cancelado a Força V foi adaptada para ataque baixo convencional. O Valiant foi o primeiro a operar em perfil alto-baixo-alto (HI-LO-HI) em 1961. Depois os Vulcans e Victor B1 em março de 1963. Os Vulcan B2 iniciaram as operações a baixa altitude em 1964.

Três Esquadrões de Valiant foram logo passados para função de ataque convencional na OTAN, substituindo os Canberra. Eram armados com 21 bombas de 454kg. Voando baixo teriam vida útil para mais 5 anos, mas em 1965 foram retirados de serviço com falhas estruturais. Foram substituídos por 24 Victor  modificados.

A cobertura das defesas com mísseis SAM tinham falhas a grande altitude que podiam ser exploradas, mas eram maiores ainda a baixa altitude. Os mísseis SA-2 tinham altitude mínima de 1.500 pés e o AEO ouvia os radares de busca. O alerta radar indicava o quadrante onde estava o radar e podiam desviar. O AEO cita a direção ao piloto para desviar das defesas. O Red Shrim cobre um cone de 45 graus para baixo, com a cobertura determinada pela altitude.

Voando baixo não precisavam usar muita interferência eletrônica e apoio mútuo de guerra eletrônica.  Os sistemas de interferência eram desligados ou denunciaria a presença. Os AEO viram que sistema não eram tão efetivos como antes voando baixo. As ondulações terrenos também protegiam os radares busca da interferência eletrônica. O mesmo acontecia com o Chaff que virou retorno do solo. Nos treinos os AEO aprendem que evitar é mais fácil que enfrentar, voando baixo.

A pintura branca logo ficou muito visível e todos foram repintados de cinza e verde, mas a parte baixa ainda era branca. Na Red Flag mostrou que a pintura branca na parte inferior denunciava a aeronave nas curvas e camuflaram a parte de baixo também. Os radares dos caças russos não detectavam alvos abaixo de 5 mil pés e a busca visual era difícil a noite. De dia até o mau tempo atrapalhava assim como a camuflagem.

O treinamento a baixa altitude dos Vulcan iniciou em 1963 e levou três anos para completar. Iniciava a mil pés e vai baixando com a experiência. A navegação melhorou e os pilotos podiam ler mapas. A altitude de voo podia variar de 50 pés em tempo bom a 1000 pés em tempo ruim. A precisão do sistema de navegação NBS passou para 250 metros. Os pilotos gostaram de treinar baixo no Canadá com o terreno bem parecido com a URSS.

Para aumentar a vida útil das aeronaves, dois terços dos treinos eram voados a mil pés e o resto a 500 pés. A velocidade era de 250 knots (445 km/h) e não acima de 400 knots. O Vulcan sofria mais que o Victor voando baixo pois a turbulência a baixa altitude não foi considerada no projeto e tinha asa maior. Em caso de guerra voariam mais baixo e rápido que nos treinos. Em guerra voaria a 400 nós a baixa altitude. Voando alto seria a Mach 0.92.

O Vulcan B2 recebeu um radar de acompanhamento de terreno, um novo alerta radar no lugar do Blue Saga, um interferidor de radar de caças e mísseis SAM operando na banda I, um lançador de flares no lugar de um container de Chaff e o radar Red Steer Mk2. O último Vulcan B2 foi entregue em 1965.

Foram testados vários radares de acompanhamento do terreno (TRF - Terrain Following Radar) e foi escolhido o fabricado pela General Dynamics e usado no F-111. A antena foi instalada no nariz dos Vulcan em 1966 em diante dando alerta de obstrução na trajetória de voo. Para usar o radar TFR, o piloto aciona um seletor de altitude. A altitude mínima era de 200 pés. O radar mede a distância até o terreno a frente da aeronave e compara com os dados da altitude no seletor. Se o TFR sente que precisa subir ou descer para manter dados, o mostrador mostra dados no instrumento painel. Ao mesmo tempo, dois navegadores comparam o trajeto com obstáculos a frente. Se precisar desviar entram com os dados. Os pilotos simplesmente obedecem aos comandos de virar e subir. O TFR não detecta cabos aéreos e era ruim em terreno muito montanhoso. Se a aeronave derrapa mais de 5 graus não detecta obstáculos na trilha de voo. A mais de 20 graus inclinação o desempenho era muito ruim. A velocidade com o uso de TFR era de até 350kts voando baixo.

Na década de 1970 os Vulcan receberam um novo alerta radar Marconi AIR 18228 no lugar do Blue Saba. O 18228, depois chamado de Green Butter, cobria a banda de frequência de 2,5 a 18 GHz, cobrindo nova banda J e outras antigas, além da onda contínua (CW). Usava um mostrador polar fácil de interpretar. Mostra o estrobo indicando a direção da ameaça. A frequência era indicada com estrobo traçado, ponto ou continuo. O comprimento permite estimar a distância. O PRF era audível sendo alto implica alta ameaça e o AEO pode direcionar o piloto. A instalação levou ao dorso quadrado do estabilizador vertical. Era uma instalação boa para voar baixo, mas cria zona cega voando alto.


Na década de 1970, o interferidor na banda I ARI 18146 foi instalado com antenas voltadas para a traseira para interferir em radares de caças.


O ECM não foi atualizado e em 1982 tiveram que usar casulos ALQ-101 dos Buccanner durantes as operações nas Malvinas.

Em 1964, foi criada a manobra de ataque "pop up" chamada de Type 2H. O bombardeiro sobe a 17 km do alvo e dispara a Yellow Sun a 10 mil pés. Depois o bombardeiro foge enquanto a bomba leva cerca de 103 segundos para cair.

Outra opção era o modo LABS (Low Altitude Bombing System) ou toss boming. A aeronave aproxima do alvo a 415 knots. O piloto puxa 2 g´s para subir a 25 graus. Na subida, abre o paiol e disparava a bomba a 3.600 metros. Após quatro segundos fechava o paiol e fazia uma curva de 2 g´s para fugir. Mergulhava rápido na velocidade máxima a toda potência

Em 1966, a bomba nuclear WE.177B substituiu todas as armas nucleares. Tinha pára-quedas de frenagem e detonar no ar, terra e debaixo d'água. A WE.177B eliminou a necessidade de subir para disparar. A WE177 foi originalmente projetada para os Buccaneer e operou até 1998 com os Tornados IDS.

No fim de de 1963, havia 24 Vulcans e 12 Victors equipados com o míssil Blue Steel. Na mesma época a Yellow Sun foi retirada de serviço e iniciado a operação da Red Beard com capacidade de disparo a baixa altitude. Havia três esquadrões Valiant, seis de Victor e nove de Vulcan. Em fevereiro de 1964, a Força V atingiu seu pico com 159 aeronaves (50 Valiants, 30 Victor e 70 Vulcan) em 16 esquadrões. Começaram a ser convertidos como aeronave tanque iniciando pelos Valiant. Queriam 60% disponível em seis horas para alerta e 80% de disponibilidade em 12 horas e mostrou ser possível. Treinavam disparo a grande e baixa altitude. A força estava dispersa em ações no mundo ou treinamento, mas sempre com 110 sempre disponíveis para guerra em 12 horas.

Em 1963, a bomba Yellow Sun foi modificada para ser disparada a baixa altitude. Antes era disparada a 20 mil pés. O míssil Blue Steel  também foi adaptado para disparo baixo em 1964. O alcance passou para 25 a 50 milhas. Após o disparo o míssil subia até 17 mil pés e planava. O CEP era de 300 metros.

O Blue Steel foi comprado para não penetrar as defesas do alvo. Estudos em 1960 mostraram que seria muito arriscado sobrevoar o alvo, ou até 80 km ao redor. Em 1964, passou a ser disparado a baixa altitude. O perfil de disparo era uma penetração baixa com "pop up" a 25 milhas do alvo subindo até 15 mil pés. Depois do disparo o míssil sobre até 17 mil pés e plana até o alvo mergulhando a Mach 1.5.

Na Red Flag 1977, os Vulcan conseguiram evadir as defesas no ar e em terra voando baixo. Na Red Flag 1978 operaram a noite, voando a mil pés. O radar TFR não era estabilizado, aponta onde o nariz mostra. Não indica alertas "fly up" ou "fly down". O limite é de mil pés em terreno montanhoso.

Já em 1963 era planejado a retirada de operação da Força V com a entrada em serviço dos mísseis Polaris a partir de 1968. Operar baixo mostrou ser tão eficiente que foram mantidos 60 Vulcan até entrada em serviço dos Tornados IDS a partir de 1981. Operavam apenas com bombas de queda livre, nuclear ou convencional. A data passou para 1972 e foi novamente adiado para 1975 com 60 Vulcan operando até esta data, substituindo quatro esquadrões de Canberra. A frota começou a ser reduzida a partir de 1967. O míssil Blue Steel foi retirado entre 1968 e 1970. Os alertas QRA pararam em 1969 com os submarinos Polaris entrando em operação e assumindo o papel de deterrência nuclear.

Os F-111 da USAF baseados na Inglaterra foram usados em alerta nuclear com até 60 aeronaves armadas com bombas nucleares B61. A missão já tinha sido realizada antes pelos F-84, F-100 e F-105 em outras bases na Europa. Foram substituídos em 1985 pelo Ground Launched Cruise Missile (GLCM). A RAF tentou comprar cinquenta F-111K em 1967 após o cancelamento do TRS-2, mas cancelou a encomenda em 1968.

No inicio de 1982 a Argentina tentou comprar alguns Vulcan sem sucesso. A África do Sul estudou a compra de oito Vulcan ou Victor. Ficou com 16 Buccaneer novos e nove Canberras usados.

 
 


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