CASULOS DE SENSORES ELETRO-ÓTICOS MULTIFUNCIONAIS


Em 1965 a USAF iniciou o desenvolvimento de kits de bombas guiadas de baixo custo para equipar suas aeronaves táticas. A Texas Instruments iniciou os testes com tecnologia laser para guiar bombas de queda livre. Com o interesse americano de usar o laser para guiar bombas com kits de guiamento, apareceu a necessidade de meios para fazer pontaria e designar alvos com um raio laser. O projeto secreto levou o código PAVE ("Precision Avionics Vectoring Equipment") e virou uma série de sensores e armas guiadas.

O laser gera cores monocromáticas, o que significa que a luz refletida pode ser detectada facilmente por sensores simples através de filtros nas lentes. Uma arma guiada pode ser equipada com este sensor, e ligado a um mecanismo de controle para direcionar a arma para o alvo iluminado pelo laser.

O designador laser marca o alvo e a luz refletida é vista por um sensor na aeronave ou bomba. O piloto aponta para o alvo através do HUD para disparar a bomba. Podem ser usadas várias frequências para vários designadores designarem alvos próximos. A bomba é lançada como uma bomba convencional contra o alvo e adquire o laser para fazer as correções de pontaria durante o vôo.

A designação com laser pode ser interferida por difração por poeira, nevoeiro, nuvens e neve. A iluminação a partir de uma distância muito grande pode sofrer reflexo muito grande por divergência de feixe. O feixe pode ser atenuado pela atmosfera ou mau tempo que é piorado a grande distância. O feixe também pode ter reflexo para frente se apontado muito baixo no alvo ou para trás se apontado bem acima do alvo. O laser também é uma arma de linha de visada e uma estrutura em terra e até na aeronave pode obscurecer o feixe do laser ou a visada do sensor na bomba.

O vôo a média altitude aumenta o tempo sobre o alvo o que é bom para armas guiadas a laser que não são boas a baixa altitude, mas aumenta o tempo exposto as defesas inimigas. Uma Bomba Guiada a Laser (sigla LGB em inglês) leva um minuto para cair até o alvo quando disparada de 7 mil metros e o laser é ligado nos últimos 10 segundos. Um bomba guiada a laser tem um razão planeio de 5:1. Kits de asa para longo alcance podem ser adicionados com as Paveway da Tailândia modernizadas com kits locais.

Uma bomba guiada a laser pode cair antes do alvo se tiver pouca energia. Um míssil compensa com propulsão e maior momento sendo melhor para apoio aéreo aproximado quando há tropas amigas próximas ao alvo e pouca margem para erro.

Comparando com as bombas guiadas por TV/IR, o laser tem a desvantagem de não ser uma arma do tipo "dispare-e-equeça", mas as bombas guiadas a laser podem ser disparadas pelo método CCIP balístico sem trancar no alvo pois só precisa de apoio para guiamento nos últimos 8-10 segundos. A aeronave com o designador laser tem limitação para realizar manobras evasivas para manter a pontaria do laser, mas pode designar alvos a longa distância, com as bombas sendo lançadas por outras aeronaves.

Os americanos já tinham usado o radar para atacar a noite e navegar com mau tempo. O radar era bom contra alvos "moles" com precisão de 30 metros funcionando contra alvos de área, mas era ruim contra alvos "duros" que precisavam da precisão de uma bomba guiada a laser. Faltava um meio de atacar estes alvos pequenos e protegidos também a noite. O FLIR tem melhor resolução que o radar para reconhecer alvos e pode apontar o laser para iluminar alvos o que não é possível com o radar (a não ser contra navios).

Os casulos com sensores óticos e infravermelho não substituem complemente o radar. Os modos de abertura sintética (sigla SAR em inglês) e detecção de alvos móveis (GMTI) já são usados para detectar alvos, mas não servem para guiar armas ar-superfície nem fazer avaliação de danos de batalha. Agora os radares podem gerar coordenadas para armas guiadas por INS/GPS e apontar os casulos de designação de alvos, mas o casulo também pode gerar coordenadas e fornecer telemetria para disparo de armas balísticas. A vantagem do radar é a capacidade qualquer tempo com o FLIR sendo atenuado por mau tempo e umidade assim como os sensores de TV não funcionam com fumaça ou nuvens.

O radar até que pode ser usado para guiar armas contra alvos em terra. Os F-4E podem usar o sensor eletro-ótico TISEO para apontar o radar para um alvo grande no solo e manter a pontaria para ataque com mísseis Sparrow. Nunca tentaram fazer uma arma ar-superfície com este modo e vai ter o mesmo problema com sistemas de controle remoto do míssil Bullpup com a aeronave tendo que voar direto para o alvo. Funciona com mísseis anti-navio como o Sea Skua e AS-15TT.

Os Alvos

O uso do laser para guiar bombas com precisão surgiu do problema da USAF e US Navy de como destruir pontes com precisão durante o conflito no Vietnã. O laser foi uma das propostas junto com as bombas guiadas por TV. As bombas guiadas a laser são usadas para atacar alvos pequenos, duros e bem defendidos. A precisão contra alvos de ponto equivale ao disparo de 200 bombas manualmente ou 40 com auxílio de computador/radar.

O principal alvo na ofensiva aérea contra o Vietnã do Norte era o sistema ferroviário para atrapalhar o trafego de material e tropas para o sul. Duas pontes era peças chaves para os norte vietnamitas: a Paul Doumer e a Tanh Hoa. Os americanos também sabiam que qualquer dano teria efeito temporário pois seria reparada e um desvio provisório já estava preparado. As pontes são alvos difíceis de atingir e destruir, são bem defendidas e fáceis de contornar.

A primeira ponte a ser atacada foi Tanh Hoa no dia 3 de abril de 1965. A missão era o pacote 9-Alpha após o meio dia. Era formado por 79 aeronaves sendo; 46 F-105 sendo 16 com mísseis Bullpup e o resto com a Mk117 de 750lb e 15 para atacar a ponte; e 21 F-100 sendo sete com duas Mk117 e dois casulos com 19 foguetes para supressão de defesa (junto com 15 F-105), quatro armados com Sidewinder para MIGCAP, oito para RESCAP se necessário, dois para reconhecimento meteorológico. A primeira onda de ataque faria supressão de defesas seguido de um ataque com o disparo de 32 Bullpup e 120 bombas contra a ponte. Foram vários acertos, mas com danos leve reparáveis. Próximo da ponte podia ser visto um F-100 e um RF-101 derrubados durante a missão. O ataque teve três lições: as pontes ainda são alvos difíceis de atacar, a tecnologia era insuficiente como o fraco Bullpup contra alvos duros e as defesas eram efetivas.

No dia seguinte foi realizado um novo ataque e os F-100 não fariam supressão e apenas MIGCAP e RESCAP. Quarenta e oito F-105 lançaram 384 bombas Mk117. O ataque foi em seções de quatro aeronaves com MIGCAP acima. Quatro MiG-17 mergulharam contra uma seção e foram avisados pelos F-100, mas não ouviram. Os F-100 atacaram disparando um Sidewinder e o canhão sem acerto sendo o primeiro combate aéreo do F-100. Dois F-105 foram derrubados.

A ponte foi atacada por 7 anos, em 873 ataques, incluindo com bombas guiadas por TV, com 11 aeronaves derrubadas, e reparada em horas ou dias. Quando destruída já havia um contorno preparado. Só em 1972 a ponte foi colocada fora de serviço por muito tempo com um ataque de bombas guiadas a laser

Para interditar o teatro de operações do Kuwait em 1991, foi estimado que os iraquianos precisavam de 50 mil toneladas por dia de suprimentos para apoiar uma ofensiva e 10-20 mil toneladas para atuarem na defensiva. O Iraque tinha 50 mil caminhões militares apoiados por mais 200 mil veículos civis. As munições guiadas não eram suficientes para destruir todos e por isto as pontes foram consideradas vitais para atrapalhar a circulação. Foi estimado que seriam necessários 1.000 bombas em 200-300 missões. Logo nos primeiros ataques foi observado que as espoletas programadas com atraso não davam resultado e só faziam um buraco nas pontes. Com a espoleta programada para impacto conseguiram realmente destruir a ponte. Como o Iraque reagiu com o uso de pontões montados nos rios foram gastos 5 mil armas guiadas e 1.000 saídas no total.

Pave Tack
Imagem de um Pave Tack durante um ataque a uma ponte no Iraque em 1991.

Avanços Tecnológicos

Os avanços tecnológicos deixaram os casulos menores, leves, baratos e mais confiáveis que os seus predecessores. Os casulos foram progressivamente melhorando o desempenho e adicionando novas capacidades acomodando mais sensores e sistemas. Os casulos de primeira geração eram pesados, grandes, caros e pouco confiáveis. Os atuais tem pelo menos quatro vezes o alcance, são três vezes mais confiáveis, com metade do custo e são mais baratos de manter.

As mudança na guerra ar-superfície na ultima década não seria possível sem os avanços nos casulos de navegação e ataque. Os conflitos recentes viram uma mudança de táticas de baixa altitude para disparo de armas a média altitude e longa distância, mesmo se as defesas inimigas fossem mínimas ou nenhuma. Ao mesmo tempo, a grande precisão é necessária por razoes operacionais e para diminuir o dano colateral.

Os designadores laser podem ser divididos em torreta fixa como o TRAM do A-6E, removíveis mas dedicados como o Pave Tack, LANTIRN e Nite Hawk; e os de multifuncionais que podem ser instalados em qualquer aeronave sem muita alteração e ideais para programas de modernização. O barramento padronizado como o 1553B e 1760 facilitam a integração.

O primeiro sensor para apoiar aeronaves durante o ataque foi o TRIM que entrou em operação no A-6A em 1967. A torreta TRIM (Trails/Roads Interdiction Multi-sensor) foi instalada em 12 aeronaves A-6A Intruder que se tornaram o A-6C. A torreta foi projetada para observar movimentos inimigos em terra a noite e mau tempo com uma TV LLLTV (Low-Light-Level TV) principalmente em ataques noturnos contra a trilha Ho Chi Minh.

O primeiro designador aéreo para caças foi o Pave Light que consistia ema uma caixa montada dentro cabina operada pelo operador de sistemas. Estreou em operação no Vietnã em 1968. A primeira geração tinha dificuldade para designar alvos para si mesmo. Faziam "buddy laser" iluminando o alvo para outras aeronaves atacarem. O próximo passo foi a capacidade de "self-designate" ou "auto-designate".

O Pave Knife foi o primeiro casulo que tentou unir um detetor de alvo com um designador de alvos a laser. O objetivo era criar um sistema que permitisse que uma aeronave designasse bombas guiadas a laser para si mesmo.

O Pave Knife é a configuração mais simples de uma torreta com TV e laser e o resto apoiando a torreta. O Pave Knife entrou em operação em 1968 e usava uma TV de baixa luminosidade  (LLLTV - Low-Light-Level TV). Um gravador de imagens é usado para avaliação de danos de batalha.

O Pave Spike foi o próximo casulo a entrar em operação sendo um sistema mais simples e barato que o Pave Knife. O Pave Spike incorporou um horizonte natural nas imagens vistas pelo operador e o laser também é usado como telêmetro, podendo alimentar os sistemas de armas do F-4 para pontaria precisa com armas burras. O Pave Spike entrou em operação em 1974.

Em 1972 foi iniciado o desenvolvimento da Segunda Geração do TRIM do A-6 que virou o AN/AAS-33 Target Recognition and Attack Multisensor (TRAM). O TRAM era uma torreta com sensor FLIR, um laser designador/telemetro e um rastreador laser. Podia ser usado para "buddy laser" e auto-designação. O telemetro laser também podia alimentar o computador balístico para calculo de parâmetros de disparo de armas não guiadas. Foi adicionado um gravador de imagem. O TRAM entrou em serviço em 1978.

Com o bom desempenho do Pave Knife no Vietnã a USAF passou a estudar um sistema para ataque noturno. Os primeiros casulos usavam sensores com imagem de TV e queriam um FLIR para atacar também a noite. O FLIR tinha o problema de poder confundir o operador pois mostra padrão de temperatura e não a reflexão de luz. Assim foi iniciado o projeto Pave Lance que era um casulo Pave Knife com um FLIR no lugar da TV LLTV. O projeto logo foi substituído pelo Pave Tack. O Pave Tack fazia parte do projeto Pave Strike de armas ar-superfície que incluía vários projeto como bomba guiadas por infravermelho. O Pave Tack  foi o primeiro casulo com capacidade noturna real com a instalação de um FLIR.

O Pave Tack entrou em serviço em 1981 e incorporou novas novidades como a sobreposição de dados alfanuméricos no vídeo mostrado para o operador, o computador tem interface para várias armas como a GBU-15 e mísseis Harpoon, pode ser apontado pelos aviônicos mesmo com a aeronave manobrando, pode ser usado para navegação atualizando o INS e como FLIR de navegação mostrando imagem a frente do terreno para o piloto. Outros refinamentos apareceram como o campo de visão largo para encontrar o alvo e campo de visão estreito com zoom para pontaria refinada. O Pave Tack foi otimizado para operar a baixa altitude devido a limitação de alcance do FLIR e as táticas empregadas na época.

Um problema era que as aeronaves que lançavam as bombas disparavam e fugiam. O designador não podia manobrar. Depois até designava, mas a imagem ficava apontada para trás e de cabeça para baixo. Depois passaram a inverter a imagem.

Os primeiros casulos operavam em aeronaves de dois lugares com o tripulante traseiro usando um joystick e em 1976 os franceses iniciaram o desenvolvimento do casulo ATLIS para aeronaves monopostas. Para isso o sistema deveria ter um acompanhador de alvos automático e capacidade de deixar a aeronave manobrar a baixa altitude. O acompanhamento automático do alvo simplesmente analisa imagens sucessivas e encontra lugares comuns, como limites, arestas ou pontos e conseguir manter a imagem fixa no alvo. Esta capacidade permite que até uma aeronave monoposto ataque uma alvo em uma única passada. Também deveria ter capacidade de ser apontado pelo HUD, radar, INS ou mira no capacete (HMS). Outras novidades monitor fornece aviso de atitude e risco de colisão para vôo com o piloto olhando para a cabina a baixa a baixa altitude. O ATLIS entrou em serviço em 1980.

Em 1978 a US Navy iniciou o desenvolvimento do AAS-38A Nite Hawk para equipar o F/A-18. O Nite Hawk também tinha requerimento para ser instalado em aeronave monoposto com um  acompanhador automático de alvos e com capacidade de ataque noturna. O FLIR usa algoritmos de acompanhamento de rastro de cena, intensidade do centróide e acompanhamento de geometria. O casulo pode ser apontado manualmente, pelo radar ou INS. O Nite Hawk em como novidade o uso de eletrônicos digitais comparado com os analógicos do Pave Tack sendo menor e mais leve. Outra novidade foi o uso de LRUs para facilitar a manutenção. Atua junto com um acompanhador laser (LST/SCAM) e um FLIR de navegação (NAVFLIR). A versão AAS-38B tem um Laser Spot Tracker (LST) interno desde 1996. O Nite Hawk entrou em serviço em 1992.

O substituto do Pave Tack na USAF foi o LANTIRN. O LANTIRN foi projetado desde o inicio para equipar os F-16 Block 40 e F-15E. O objetivo era dar capacidade de penetração e ataque noturno a baixa altitude em qualquer tempo, com munição guiada ou não, similar a do F-111. O casulo leva a aeronave até o alvo de forma complemente autônoma. O LANTIRN é um sistema que usa um casulo de designação de alvos e um casulo de navegação. A capacidade de operar 24 horas em mau tempo foi uma das lições da Guerra do Golfo.

O desenvolvimento foi iniciado em 1980 entrando em serviço em 1987. Foi planejado o uso de um sistema de reconhecimento automático de alvos (Automatic Target Recognizer - ATR) que não foi usada. Além de ser apontado pelo radar, INS e HUD também podia usar o TSD (Tactical Situational Display ou mapa móvel). Uma novidade no LANTIRN foi a capacidade de apontar outras armas com o FLIR como o míssil Maverick.

O LANTIRN usado pelo F-14 Tomcat a partir de 1996 recebeu novas capacidades como um FLIR de Segunda Geração com maior alcance, um GPS/IMU podendo gerar coordenadas do alvo para alvos que aparecem no FLIR e designar alvos para armas guiadas por GPS/INS como a JDAM, JSOW e WCMD e poder enviar imagens para estações em terra com o datalink Fast Tactical Imagery (FTI).

O casulo francês Convertible Laser Designation Pod (CLDP) recebeu a capacidade de trocar o sensor de imagem térmica e TV com um corpo único. Entrou em operação em 1988. Como novidade podia ser usado como FLIR de navegação com um zoom adequado.

O casulo britânico TIALD teve o desenvolvimento iniciado no fim da década de 80 entrando em serviço de forma provisória na Guerra do Golfo em 1991. O TIALD podia ser apontado pela mira montada no capacete do Jaguar. Foi modernizado continuamente recebendo uma camera de TV junto com o FLIR e depois um IMU.

O LITENING é considerado o primeiro casulo de Terceira Geração, incorporando todas as capacidades e sensores para que uma aeronave possa voar várias missões ao mesmo tempo. O desenvolvimento foi iniciado em 1985 entrando em operação em 1993 como Litening I. O casulo estava equipado com um FLIR, TV CCD, telêmetro/designador laser 40k, marcador e apontador laser compatível com óculos de visão noturna e sistema de navegação inercial (IMU). O FLIR tinha zoom para navegação noturna. Tinha capacidade de voar supersônico e suportar manobras de até 9 g´s. As versões posteriores receberam um FLIR de Terceira Geração com maior alcance podendo identificar alvos além do alcance visual. Em janeiro de 2003 o Litening testou um datalink do UAV Pionner instalado internamente e usado para enviar imagens para a estação em terra do UAV. O Litening foi o primeiro casulo de designação de alvos com esta capacidade.

No inicio era difícil colocar uma TV e FLIR juntos e o FLIR substituiu a TV nos casulos de segunda geração. Nos casulos de Terceira Geração a camera de TV é usada mais para designar alvos durante o dia.

Os FLIR de Primeira Geração operando na banda de 8-12 microns eram usados a baixa altitude devido ao curto alcance. Os FLIR Terceira Geração operando na banda de 3-5 microns e as TV CCD (Charged Couple Device) de alta resolução tem qualidade da imagem que permite boa visão a mais 7 mil metros podendo designar alvos para bombas guiadas e por GPS bem acima da maioria das defesas aéreas e fora do alcance das armas em terra. As TVs são ideais no nascer e por do sol quando o FLIR é menos efetivo enquanto FLIR é melhor para penetrar em folhagem e telas de camuflagem.

Litening
Imagem do Litening mostrando o FLIR a esquerda e a camera de TV CCD a direita.

Sniper
Sniper
Imagens de uma demonstração do FLIR de terceira geração do casulo Sniper. O casulo está rastreando um B-52 taxiando em uma base aérea. A primeira imagem foi tomada a cerca de 70km de distância.

O laser 40k (40 mil pés) de alta potência com pouca divergência e maior resolução permite a designação de armas a grande altitude. Os laser anteriores tinham dificuldade de operar acima de 12 mil pés por criar um arco e assim não terem precisão. Os laser atuais também operam em banda dupla com opção de freqüência que não danifica o olho.

Os LST (Laser Spot Tracker) são compatíveis com óculos de visão noturna e óculos especiais usados por tropas em terra para detectar feixes de laser. O LST é usado em missões cooperativas, para orientação rápida, detecção e reconhecimento de alvos marcados por outras forças. O LST detecta energia laser de fonte secundária, para que um controlador aéreo designe alvos para a aeronave. A falta de um LST ficou aparente na guerra do Golfo 1991 para uso nos F-16 Block 40 usados nas missões de apoio aéreo aproximado.

O uso de sistemas de navegação inercial e por satélite (IMU/GPS) facilita o alinhamento dos sensores e manter o trancamento mesmo se a linha de visada com o alvo for perdida por nuvens ou partes do avião durante manobras evasivas. O uso principal é designar alvos para armas guiadas por GPS/INS como JDAM, JSOW e WCMD.

Inicialmente o laser era usado para apontar armas guiadas laser. Com o laser sendo usado como telêmetro passaram a guiar armas não guiadas também. O LANTIRN usava o sensor para indicar aos sensores de mísseis Maverick para onde encontrar o alvo As armas guiadas por GPS/INS já foram citadas. Outra novidade é o uso da imagem do FLIR/TV para alimentar os sensores de armas guiadas por TV/IIR. O Litening é usado para dar esta capacidade para as bombas SPICE e o Damocles para as AASM francesas.

Os casulos passaram a ter modos ar-ar para avaliação de incursão, avaliação de situação e passar alvos para outros sensores. A capacidade vem melhorando progressivamente. Os pilotos franceses que voaram nos Mirage 2000-9 dos Emirados Árabes Unidos ficaram impressionados com o alcance de identificação de aeronaves para apoiar o disparo de mísseis MICA.

As aeronaves de supressão de defesas sempre sonharam em ter capacidade de destruir efetivamente as defesas aéreas inimigas. Os F-16CJ equipados com o casulo Sniper agora tem esta capacidade com a integração entre o Sniper e o casulo HTS de designação de alvos para o míssil AGM-88 HARM. O HTS indica ao Sniper onde estão as emissões inimigas com precisão para o Sniper visualizar a área e criar coordenadas do alvo para ser atacado com armas guiadas por GPS/IMU. Antes só podiam usar o HARM para supressão de defesas.

Com todas as capacidades citadas os casulos se tornaram item praticamente obrigatórios. Na invasão do Iraque em 2003 todas as aeronaves táticas que operaram no país tinham um casulo designador com FLIR. Os blindados da coalizão tinham placas térmicas com padrões de faixas horizontes que eram facilmente identificados pelo FLIR podendo ser usado com software de reconhecimento automático de alvos. O objetivo era evitar fogo amigo.

Após a invasão do Iraque em 2003 todas as aeronaves táticas que operam no país passaram a voar com um casulo avançado em todos os vôos. Pelo menos uma aeronave de uma dupla tem que ter esta capacidade. Isto levou ao uso de "vôos sujos" com aeronaves de vários tipos voando junto como um ATFLIR, Litening e LST do Tomcat tendo que apoiar aeronaves equipadas como Nite Hawk e LANTIRN. Os casulos anteriores são bons contra alvos grandes em missões de interdição, mas inadequados para as missões de apoio aéreo aproximado.

Os casulos multifuncionais não são invencíveis. Os vietnamitas e iraquianos usavam a fumaça de pneus queimados para atrapalhar os sensores de TV e IR dos casulos e mísseis e é uma tática bem eficiente. Está limitação tem implicações táticas. Uma tática usada em no conflito de Kosovo em 1999 era lançar as bombas guiadas a laser de várias aeronaves para atingir alvos próximos simultaneamente. Isto evita que a fumaça da explosão de uma interfira no designador laser de outra. Duas a quatro aeronaves atacavam alvos espaçados em 150 metros um do outro. Sem esta tática seria necessário 10-15 minutos para voltar pois a fumaça ainda poderá estar obscurecendo os alvos e a exposição sucessiva das aeronaves as defesas aéreas seria longa. Outra técnica moderna são as mantas térmicas que escondem a assinatura IR dos alvos.

Intermat
Um M-113 com uma manta térmica Intermat grega escondendo a assinatura térmica para um sensor térmico.

Litening

Os casulos de designação de alvos já estão em uso na América do Sul. Os F-16 venezuelanos usam o Litening I e os F-16 do Chile o Litening II (foto). A Colômbia parece usar o Pave Light.


NTISR


Os casulos de designação e ataque já apóiam os processos de navegação, detecção e ataque de alvos em terra, mar e ar. Agora também estão apoiando as atividades de vigilância e reconhecimento. Com melhor um definição de imagem os casulos estão entrando na rede de inteligência.

As novas técnicas melhoraram a capacidade de vigiar e encontrar o inimigo. Esta capacidade está sendo chamada de inteligência não tradicional (NTISR - Non-Traditional Intelligence, Surveillance and Reconnaissance).

Nas operações NTISR, as aeronaves táticas orbitando em um kill boxe, usam o casulo para ver a ação abaixo e passam informações para os comandantes em terra, antes e após a ação. Também podem usar as imagens do casulo enquanto se movem entre os kill box, observando atividade em estradas, oleodutos e ferrovias. Detectando comportamento suspeito passam o alvo para plataformas dedicadas como o UAV Predator para investigação mais detalhada.

Os casulos atuam com controladores em terra com laptop configurado (Rover - Remote Operations Video Enhanced Receiver), podendo baixar imagem para ver onde o inimigo está escondido ou a rota de escape que devem usar se atacados. As tropas em terra sabem quantos inimigos e onde estão, e até detectam explosivos improvisados (IED) vários quilômetros a frente.

Na maior parte do tempo as aeronaves táticas estão indo ou voltando para o alvo e usam o casulo para observar pontos de interesse ou locais suspeitos. Em duplas, um voa baixo e observa o solo com o casulo. O ala voa mais alto e cobre o outro e cuida do trafego aéreo. Se vê algo interessante grava as imagens e com as coordenadas na imagem. A maioria dos pilotos não tem treinamento para realizar missões de reconhecimento, mas citam que depois de ficar dois meses olhando para estradas ficam especialistas em detectar alterações.

No A-10 os casulos são usados mais para dar uma melhor consciência da situação. O A-10 não é bom para disparar bombas guiadas por ser lento, mas pode ver detalhes no solo com os sensores de TV e FLIR e designar alvos para os mísseis Maverick a grande distância. Assim os A-10 podem ser usados como exploradores em comboios terrestres, observando emboscadas e aviso de explosivos improvisados (IED).

Depois da invasão do Iraque em 2003 todos os vôos foram obrigados a ter um casulo de última geração como o LTS do Tomcat (já fora de uso), Litening, ATFLIR ou Sniper. Assim surgiram as configurações "sujas" com aeronaves diferentes formando duplas. A imagem do Nite Hawk e LANTIRN tem pouca definição comparada com os sensores óticos do U-2 ou casulos de última geração, mas é suficiente para os propósitos. A capacidade libera outros meios de inteligência para missões de maior prioridade e que requerem maior detalhes. A qualidade da imagem deve melhorar nos casulos de próxima geração.

A capacidade é comparável a do Predator, muito necessário e pouco disponível. As missões de inteligência virou até prioridade para caças na lista das ordens fragmentárias deixando o ataque físico como secundário. A resposta americana foi aumentar os vôos dos Predator em cinco vezes para compensar. Os pilotos não gostaram, mas sabem que era necessário se tornar um Predator pilotado.

O projeto Combat Hawk foi desenvolvido para comparar imagens do mesmo local gravadas com sensores infravermelho ou TV. O software compensa diferenças de distância e angulo. Pixels alterados são considerados suspeitos de ser um IED.

A idéia do uso de aeronaves táticas com casulos avançados para missões de inteligência iniciou em 2002 com um piloto sugerindo substituir um U-2 voando missões de vigilância no sul do Iraque por um F-16 equipado com o Litening. O U-2 poderia ter a imagem obstruída por nuvens baixas e voava pouco. Já o F-16 está sempre próximo ou pode ser despachado rápido. A idéia foi colocada em prática durante a operaçao Southern Focus para mapear as defesa iraquianas no sul do Iraque.

Com a mudança das operações de alta intensidade na invasão do Iraque para operações de contra-insurgência, os casulos mudaram de prioridade de interdição e apoio aéreo aproximado para NTISR.

O conceito NTISR está avançando para o chamado "predictive battlespace awareness". O objetivo é prever quando o inimigo irá montar um ataque de morteiro contra uma base. Um caça irá observar aquele espaço. Se a predição se realizar, o caça chama o comandante e uma força de reação rápida é despachada para o local. O caça também pode usar suas armas para atacar a posição.

O centro de comando CAOC faz a coordenação. Sempre muda a tarefa de aeronaves táticas, mas sem prejudicar outras operações. Por isso os americanos estão investindo mais em casulos avançados, com melhor precisão e melhor capacidade de inteligência. A USAF pretende equipar todos seus caças com casulos avançados. Por enquanto misturam casulos novos como o Litening e Sniper com os antigos LANTIRN.

Os vôos NTISR detectam muito poucos IED com os casulos sendo considerado um desperdício, mas mesmo assim é considerada útil para aumentar o moral das tropas em terra. A melhor estratégia é atacar a infra-estrutura que fabrica os IED ou as células terroristas. Os JSTAR mostraram ser mais úteis com os modos de radar de detecção de alvos móveis (modos MTI) sendo usados para localizar o local onde os IED foram preparados. Isto é feito rodando o gravação da imagem do radar para trás e observando de onde veio o veículo que instalou o IED no local da explosão. Esta técnica já tinha sido usada para descobrir onde ficavam os depósitos de munição das peças de artilharia que atacavam Seravejo em 1995.

O uso de aeronaves táticas para realizar tarefas de inteligência é considerado mais uma luxuria. A maioria não dispara armas durante as missões. Para dar um exemplo, entre janeiro a abril de 2007 foram disparadas 222 bombas e 108 foguetes no Iraque contra 39 no mesmo período em 2006. Destas 120 eram JDAM (84 GBU-38 de 227kg e 36 GBU-31 de 900kg), 48 Paveway II, quatro SDB, cinco Mk82 e três mísseis Hellfire disparados pelos Apache. Os 36 F-16 deslocados para o país voaram 3.500 horas no período, mas com  apenas 115 disparos de armas.

Em cenários de média ou alta intensidade a ênfase é ataque cinético e não inteligência, mas a avaliação de danos de batalha sempre será conduzida. As missões de inteligência realizada pelas aeronaves táticas mostrou ser mais uma prova da flexibilidade do poder aéreo. O reconhecimento aéreo tático com sensores de alta resolução ainda está presente como o casulo TARS do F-16 com capacidade de enviar imagens para estações em terra em tempo real.  

Como parte do processo de inteligência, os casulos também aceleraram o processo de avaliação de danos de batalha e a resposta rápida caso seja necessário um novo ataque o que é ótimo contra objetivos de alto valor. Os casulos não podem realizar todo o processo de avaliação de danos de batalha: avaliando destruição, baixas, funcionalidade do alvo após o ataque, e se outros efeitos desejados foram atingidos. O processo demora, mas os caças que voam 10 minutos após o ataque, quando a fumaça baixou, podem usar seus casulos para saber se tem buraco acima do alvo como um abrigo reforçado HAS. A camera de ataque mostra se as coordenadas foram corretas com boas chances das armas terem atingido o alvo (cerca de 85%). As operações para usar casulos para inteligência e avaliação de danos de batalha iniciou em 2004.

Os novos casulos de designação de alvos não estão realizando só apoio a missões de apoio aéreo aproximado para tropas em terra, mas também com envio de imagem por datalink para laptops Rover levados pelas tropas e comboios terrestres. O Rover (Remote Operations Video Enhanced Receiver) que consiste em um Laptop adaptado para ser usado por controladores aéreos em terra. Com o Rover é possível ver o que os casulos ou sensores dos UAVs estão vendo. Os controladores aéreos conseguem escolher o alvo mais facilmente com desenhos feitos na imagem, como rota e ponto de pontaria, e retransmitidos de volta. O processo é mais rápido, com menos conversa de rádio e menos erros como fogo amigo. É possível indicar marcas no terreno para o piloto achar o alvo mais facilmente. Com o Rover o processo dura cinco minutos o que é importante com tropas em perigo. Antes o processo durava entre 30-40 minutos. A última versão Rover 3 que inclui o mostrador "John Madden", famoso analista de esportes da TV que usa diagramas para comentar lances esportivos. Os caças também podem ser usado para observar a "portas de trás" de uma casa quando forças em terra se aproximam. Também pode usar o apontador laser para mostrar o local ou pessoa. Com os novos sensores o caça fica longe e não alerta o inimigo. Para patrulha armados com armas leves os rádios e o Rover passaram a ser a melhor arma. Já existem 1.200 Rover em serviço com mais 700 comprados.

OSRVT
O OSRVT (One System Remote Video Terminals) é um sistema portátil para receber dados de vídeo de UAV e aeronaves. O US Army pretende comprar 1.517 (OSRVTs) por US$ 73,6 milhões. A última compra inclui uma antena de longo alcance capaz de receber dados a até 80km.


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