Defesas Passivas


As defesas passivas são defesas empregadas para defender no sentido de diminuir o impacto de ataques ao melhorar a própria capacidade de absorver e se recuperar de ataques. Como o próprio nome cita, depois de construídas, as defesas fazem parte permanente do alvo. A história tem vários exemplos como os castelos, trincheiras, casamatas etc.

Já as defesa ativas precisam de um operador humano, como um arqueiro no castelo, ou metralhador na trincheira, ou míssil SAM, para detectar, acompanhar, identificar, engajar e acertar o alvo. As defesas ativas são mais complexas e caras que as defesas passivas e o operador precisa ser habilidoso e bem treinado. Tem a vantagem de danificar o inimigo ao invés de só atrasar ou desviar o ataque inimigo.

As defesas ativas tem a característica de ameaçar diretamente o inimigo. Contra ameaças aéreas consistem de artilharia antiaérea, mísseis SAM, patrulhas de combate aéreo, alerta de caça em terra. São apoiados por aeronaves de alerta antecipado, radares de busca e centro de comando de defesa aérea. Tem a desvantagem de desviar recursos de outros pontos.


As defesas ativas e passivas são mais efetivas se atuarem juntas ao invés de separadas. Um arqueiro é mais efetivo em cima de um castelo ao invés de no campo aberto. O metralhador fica menos vulnerável se protegido na trincheira em relação ao terreno aberto.

Uma base aérea é composta de quatro componentes: físico e equipamentos (combustível, instalação, pistas, etc), pessoal, o Comando e Controle e as aeronaves em si. As táticas de defesa e ataque são direcionados para estes componentes.

Além das defesas ativas, existem cinco contramedidas de defesa passivas contra ataques aéreos: base de retaguarda, abrigos reforçados, engodo, lançamento em alerta e dispersão. Nenhuma é perfeita e depende das outras para funcionar adequadamente. São medidas eficientes e pouco valorizadas por não serem tão "sexy" como um míssil SAM. Ninguém ganha medalha transformando uma base em uma fazenda.

Base de Retaguarda

Uma forma de defesa passiva é usar bases longe da frente de operação e fora do alcance do inimigo. Funciona bem com aeronaves de longo alcance que operam a uma distância maior da ameaça. Uma base distante da frente de batalha está susceptível a poucas ameaças. O alerta e tempo resposta favorece os defensores, e o  inimigo vai ter que voar alto e com poucas chances de voar baixo para conseguir surpresa.

A desvantagem é levar mais tempo para realizar uma missão, diminuindo o número total de saídas de uma força. A distância também diminui o tempo de resposta não sendo desejável para algumas missões como apoio aproximado e interceptação. Uma distância maior força a aeronave a trocar a carga de armas por combustível que piora ainda mais se a aeronave tiver que voar baixo. O reabastecimento em vôo pode diminuir os problemas da distância, mas aumenta a complexidade do Comando e Controle e faz o emprego mais previsível. As aeronaves tanques também precisam de grandes bases e os custos são maiores. Quando o teatro de operações tem poucas bases a dupla caça de longo alcance e avião cisterna passam a ser necessários.

A RAF usou esta medida durante a Segunda Guerra Mundial baseando força de bombardeiros que não estavam envolvidos na defesa para longe da linha de frente. A campanha do Pacífico fez o P-38 ser a aeronave mais importante do teatro de operações, mesmo sendo maior, mais cara e mais difícil de produzir em grande numero, simplesmente por ser o único caça de longo alcance disponível.

O curto alcance dos caças fez as bases aéreas serem muito importantes na campanha do Norte da África na Segunda Guerra Mundial. Os campos de pouso não eram alvos de bombas e eram o primeiro objetivo a serem tomados pelas tropas em terra. Durante a corrida para a Tunísia uma chuva deixou as bases inúteis devido ao atoleiro. Com a base mais próxima disponível a 200 km da frente, os Aliados só puderam usar 1/3 das 600 aeronaves disponíveis enquanto os alemães tinham duas bases qualquer tempo a 40 km da frente e conseguiram superioridade aérea.

Israel não conseguiu atacar bases no Egito mais a Oeste e poucas bases no Iraque. A USAF operava na Tailândia durante a Guerra do Vietnã e tinha uma defesa parcial. Contra o Irã os iraquianos deixava suas aeronaves em bases próximas a Síria para proteção. Em 1991, as aeronaves mais importantes como os F-117 estavam bem longe da frente de batalha.

Abrigos Reforçados

O objetivo dos abrigos reforçados e tornar o alvo, no caso as aeronaves, mais difícil de danificar, e assim ser um alvo menos desejável. Os HAS (Hardened Aircraft Shelters), instalações reforçadas, casamatas, abrigos subterrâneos e cavernas são exemplos de abrigos reforçados


Os abrigos reforçados tipo HAS
protegem as aeronaves contra impactos diretos de bombas de até 250 kg e acerto próximos de bombas maiores. Teoricamente dariam proteção contra um ataque nuclear com ogiva tática, mas os danos na pista e instalações tornam esta vantagem inútil.

Os HAS são extremamente efetivos contra munição em cacho e acertos próximos. Também dão proteção adicional contra terroristas e operações especiais e podem ser usados para proteção contra agentes QBR (químicos, biológicos e radiológicos).

As desvantagens do HAS também são várias. São relativamente caros e para proteção de uma ala com HAS custa US$ 300 milhões (72 aeronaves); só servem para levar um caça; não protegem equipamentos extras, serviços de manutenção, comando e controle, etc; aeronaves maiores não podem ser protegidas por HAS; e devem estar no lugar certo quando forem necessários. Os HAS não estavam disponíveis em quantidade no Golfo em 1991, pois a ameaça principal estava na Europa e não podem ser construídos rapidamente. Testes da Luftwaffe mostraram que a umidade dentro do HAS pode afetar os aviônicos e causar corrosão e deve ser considerado.


Com as armas guiadas atuais, principalmente as bombas guiadas por GPS, os abrigos HAS passaram a ser relativamente vulneráveis para proteger contra países bem armados. Os iraquianos reutilizaram os abrigos atacados pensando que não seriam atacados novamente. Os aliados passaram a atacar o mesmo alvo várias vezes e atacar com submunição para minar o local. Os HAS iraquianos tinham padrão de resistência maior que os soviéticos. A tática aliada era atacar um abrigo com uma bomba guiada por TV para abrir a porta e depois atacar de frente com bombas comuns. Depois passaram a atacar com bombas guiadas por laser de 900 kg que penetrava facilmente o abrigo.


Durante a Guerra Fria a OTAN construiu centenas de HAS para conter um possível ataque surpresa do Pacto de Varsóvia e os Comunistas fizeram o mesmo nas suas bases na Europa. Uma Ala de 72 aeronaves tinha HAS para 70% das aeronaves. As outras estariam em missão ou em manutenção. Outros HAS foram construídos na Coréia do Sul e Oriente Médio. Mesmo assim estão disponíveis em quantidade insuficiente. Na Guerra do Golfo em 1991 a maioria das aeronaves aliadas estavam estacionadas em espaço aberto e vulneráveis a ataques aéreos e de mísseis Scud do Iraque. Os soviéticos iniciaram a construção de HAS em 1961 e aceleraram após os ataques israelenses contra os egípcios em 1967.

Os HAS podem ser considerados obsoletos com uso de armas guiadas por GPS. Podem ter sua posições determinada e serem atacados sem dificuldade. Outras defesas passivas passaram a ser melhor contramedidas contra as armas guiadas e são mais eficientes se usadas em conjunto e não sozinhas.

SDB
Teste de uma GBU-39 SDB contra um abrigo reforçado. Por ser leve um F-16 pode levar pelo menos oito GBU-39 SDB podendo atacar um grande número de alvos reforçados em uma base aérea em uma única passada.
Enquanto um míssil balístico ou míssil cruise custa até US$ 2 milhões, um caça moderno custa cerca de US$ 50 milhões. Com o baixo custo e grande precisão das armas guiadas atuais as bases aéreas se tornaram alvos tentadores.

Alconbury
Vista aérea da base aérea de Alconbury na Inglaterra. A imagem permite ver a dispersão de taxiamento que ligam os abrigos reforçados até a pista. Os abrigos são espaçados. As portas dos abrigos abrem para dentro para não serem emperradas por detritos no lado de fora em caso de ataque. A maioria das bases da OTAN opera entre 48 a 72 caças em dois ou três equadores. As bases do Pacto de Varsóvia operavam um regimento com 36 aeronaves.


HAS

Um HAS da USAF usado para aeronaves de alerta. O abrigo acima dá proteção leve contra impacto de armas leves e submunições e não tem portas. O padrão de projeto dos HAS variam muito de um país para outro. Os HAS da OTAN na podiam ter cobertura de grama para melhorar a camuflagem enquanto os HAS na França e Reino Unido não tinham. Os soviéticos tinham três padrões de HAS que variam em tamanho e todos são cobertos com grama.

Enquanto o HAS protege contra impacto próximos ou bombas leves, contra submunição abrigos mais simples podem ser suficientes. Contra estilhaços de submunição o abrigo pode ser menos resistente ainda ou 12kg por metro quadrado se fabricados com de Kevlar ou alumínio. Estes abrigos servem para apoiar forças pequenas se deslocando.

Vietnã
Uma base americana no Vietnã com os abrigos parciais em terra que dão boa proteção contra explosões próximas.

Al Asad
Um abrigo parcial na base iraquiana de Al Asad. A base de Al Asad fica 180 km a oeste de Bagdá sendo a segunda maior do base Iraque. Agora é usada como base do USMC.

Despistamento

Construir uma base aérea falsa pode ser considerado impossível atualmente, mas já foi feito na Segunda Guerra Mundial. A RAF fez centenas de base falsas durante a Batalha da Inglaterra. Os bombardeiros noturnos engajavam as bases falsas que tinham luzes de pouso e incêndios provocados para chamar a atenção. As bases verdadeiras estavam cheias de aeronaves danificadas falsas, prédios falsos danificados e buracos falsos nas pistas para atrapalhar o reconhecimento. Por último foram criadas bases falsas bem feitas para enganar os ataques diurnos. As bases falsas foram atacadas 440 vezes contra 430 ataques contra as bases verdadeiras.


Os russos usavam muitas bases falsas para proteger uma base real. Toda construção de base real incluía a construção de bases falsas. Faziam uma base abandonada parecer ainda ativa, ocultando a mudança de base. Ocultavam uma base operacional em plano de vôo inimigo simulando base falsa próxima a base real enquanto o inimigo sobrevoa. O inimigo disparava na base falsa. Um terceiro método era concentração falsa de aeronaves. Durante a ofensiva soviética contra Kiev, a Luftwaffe realizou 25 ataques contra as bases soviéticas, 19 eram bases falsas.


A RAF construiu uma base falsa no norte da Itália próximo a Tobruk. Foi tão mal feita que os italianos atacaram com bombas falsas.

Era muito mais fácil construir uma base falsta na Segunda Guerra Mundial do que atualmente. Os jatos precisam de uma base bem maior e com pista de asfalto ou concreto, mas não é impossível atrapalhar o inimigo. No exercício Salty Demo em maio de 1985, realizado na base americana de Spangdahlem na Alemanha, mostrou que técnicas simples de camuflagem e uso massivo de geradores de fumaça conseguia atrapalhar em muito as aeronaves atacantes. Também usaram engodos, refletores de canto e superfícies falsas indicando avarias falsas como feito pelos argentinos nas Malvinas.


Uma técnica atual é o "tonedown" para mascarar o contraste da pista. Se o inimigo demorar a perceber a pista verdadeira terá que fazer um segundo ataque com maior chance de ser derrubado. A camuflagem pode esconder partes da base do espectro visual, mas não do espectro de calor. O radar também consegue enxergar através de redes de camuflagem e vegetação. As comunicações também devem ser feitas por fio ou mensageiro para não denunciar que uma base está operacional.

Al Udeid
Foto de satélite de um abrigo HAS na base aérea de Al Udeid no Qatar. As sombras da foto de satélite mostram as facetas do abrigo que a tornam difíceis de visualizar. A base foi construída pelos franceses para operação do Mirage 2000. Os abrigos na verdade são entradas para abrigos subterrâneos com vários andares e várias entradas e saídas. Antes das operações contra o Iraque em 2003 os americanos fizeram muitas melhorias na base. A capacidade de armazenamento de combustível foi aumentada de 1 para 5 milhões de galões e novos sistemas de distribuição. O deposito de armas foi aumentado e ficou distante da área de operação. O risco de mísseis antiaéreos lançados do ombro resultou em várias rotas de pouso e manobras de decolagem. Uma manobra era a "stinger one" com aproximarão a 50m e 350kts. No fim da pista o piloto sobe a 60 graus até 10 mil pés a 400kts.

Decoy
Um engodo americano feito de barras de alumínio e lona. O experimento mostrou que podia enganar um piloto de ataque a grande velocidade, mas não a fotos de reconhecimento aéreo e por satélites.

Decoy
Dois caças "MiG-21" em uma pista de dispersão na Coréia do Norte. Talvez sirvam para enganar se visto do alto.

Dispersão de Aeronaves

O objetivo das operações de dispersão é diluir o alvo em vários locais, ficando menos atrativos e difícil de detectar e localizar.
A dispersão de aeronaves dentro de uma base é chamada de "on-base" enquanto a dispersão em pistas satélites fora da base é chamada de "off-base". Existem quatro tipos de dispersão: retaguarda, horizontal, on-base e mista combinando as opções citadas. A dispersão de retaguarda é deixar a aeronave em uma base fora do alcance inimigo. Este tipo já foi citado.

Na dispersão "on-base" as aeronaves ficam dispersas em uma grande área ao redor da base, em pontos camuflados e ocultos, assim como a munição, combustível, apoio etc. Estes pontos são mais difíceis de encontrar e atacar que as aeronaves alinhadas no pátio.

Outra técnica que não usa camuflagem e ocultação é usar pistas de taxiamento radial a base bem longas com pontos de estacionamento reforçado lateralmente em grande quantidade e em número maior que as aeronaves que operam na base. Alvos falsos podem ser usados para complicar a designação de alvos do inimigo. Uma grande área de estacionamento tem como ponto negativo aumentar a área para proteger contra incursões de forças terrestres e terroristas. As pistas de ligação do pátio devem ser muitas e variadas, com muitos cruzamentos, e se possível em maior número que as aeronaves e com capacidade de serem usadas como pista de pouso e decolagem. Se os abrigos parciais de aeronaves forem poucos devem estar a 250 metros entre si no mínimo, mas vai caber poucas na base.

Uma variação da dispersão das aeronave no pátio é criar pistas de metal ao redor da base para dispersar as aeronaves ao redor da pista e pista de taxiamento. Estas pistas de metal podem ser movidas para complicar o reconhecimento inimigo ou apenas indicar pontos de estacionamento falsos.

As operações de dispersão
"off-base" consiste em evitar operar de bases aéreas fixas e dispersar as aeronaves em várias pista em rodovias ou bases secundarias. A vantagem é complicar a aquisição de alvos do inimigo ao dispersar em grande número de locais, mesmo que individualmente sejam mais fáceis de atacar. A desvantagem é diminuir a eficiência das operações evitando economia de escala. Com a manutenção dispersa, uma Ala que precisa de sete a dez especialistas em assento ejetor, terá que dispersa-los em até 20 locais e poderão fazer falta. O mesmo raciocínio é valido para a parte de hidráulica, propulsão, combustível, aviônicos, radar e armamentos. O que mais fica prejudicado é o Comando e Controle que fica complicado organizar grandes ataques coordenados.

A proteção de força é o mais difícil de se conseguir pois o pessoal em terra passa a ser um alvo tentador para terroristas e incursões. A proteção contra ataques aéreos, artilharia e mísseis anti-carro tem cobrir uma região de até 5 km ao redor do local, apesar de não ser obrigatório se o local for usado por pouco tempo.

A troca freqüente de local de dispersão é importante, pois pode ser detectado e atacado com relativa facilidade. Os pontos de decolagem possíveis de serem usados como pista de dispersão podem ser previamente previstos e monitorados. O tempo de mudança de local diminui a razão de saída e gasta pessoal a mais em relação as bases fixas, mas quando bem operadas as pistas de dispersão são bem efetivas contra ataques aéreos e mísseis. Outra vantagem é dar proteção contra os serviços de manutenção, logística e C2 que também ficam dispersos.

A dispersão horizontal consistem em usar uma base principal (MOB - Main Operational Base) e base avançada tipo FOB (Foward Operational Base) ou FOL
(Foward Operational Location) ao mesmo tempo. A aeronave decola da MOB e opera por algum tempo na FOB/FOL que aumenta a razão de saída por estar em posição mais avançada e com menor tempo de reação.

Harrier
Um Harrier em um local de dispersão próximo ao campo de batalha. As operações de dispersão são usadas junto com outras técnicas de defesa passiva como camuflagem, ocultação e despistamento. Com o desenvolvimento das armas guiadas as operações de dispersão passaram a ser a melhor medida para proteger uma base aérea.

Tallil
Um MiG-25 iraquiano em um local de dispersão perto de sua base em Al Asad. A aeronave foi descoberta por uma patrulha do SASR australiano e estava com suas asas retiradas.

A tática de lançamento em alerta é pouco usada. Foi usada pelo Comando Aéreo Estratégico americano (SAC) fazendo sua força de bombardeiros decolar em caso de ataque nuclear soviético.


Na década de 50 a USAF testou tecnologia VTOL com o X-13 Vertijet e o ZELL. A tecnologia da época não permitia viabilizar o conceito. Em 1967 a capacidade de sobrevivência das bases aéreas voltou a interessar após a operação Moked. Logo passaram a enfatizar medidas defensivas de base, focando os abrigos reforçados HAS.

A principal defesa era o guarda chuva aéreo com interceptadores e a distância da frente de batalha que teria que ser atravessada pelos caças de curto alcance soviéticos, e confiavam que não iriam chegar nas bases. Na década de 80 já era esperado que os ataque seriam realizados por Spetsnaz, mísseis e aeronaves de ataque de longo alcance. Durante a Guerra do Golfo em 1991 e em 2003 e durante o conflito de Kosovo em 1999 as bases americanas estavam sob risco de ataque de mísseis Scud.

Além das medidas de defesas ativas (antiaérea e terrestre) e defesas passivas, outra forma de defesa de base aérea é a recuperação (BRAAT - Base Recovery After Attack).

Os EUA desenvolveu o conceito de Air Base Operability (ABO) no inicio da década de 80 para diminuir o risco de ataque inimigo as bases aéreas, minimizar o impacto dos ataques na razão de saídas e se recuperar do ataque em tempo mínimo. O ABO vai depender das defesas, capacidade de sobrevivência, recuperação, geração e apoio. Inclui equipe de explosivos, bombeiros, engenheiros e segurança base. Os engenheiros fazem Rapid Runway Repair (RRR) para criar uma pista de operação mínima (Minimum Operating Strip - MOS) de pelo menos 1.500 metros. Reparar uma cratera precisa de uma equipe de 10 homens mais veículos de apoio e material de reparos.

É responsabilidade do comandante de Ala (Grupo na FAB) conseguir gerar as saídas previstas e manter a base segura, orquestrando os vôos e forças de apoio. As vezes lidera missões. A defesa terrestre é integrada com a policia local.

O ponto de Aquiles das bases aéreas são as pista de pouso e de taxiamento. É possível neutralizar as aeronaves atacando estes pontos fáceis de detectar e acertar. Era prioridade do Pacto de Varsóvia que desenvolveu armamento apropriado. Apenas alguns impactos podem neutralizar um esquadrão ou vários por horas.

As pistas também atraem a atenção para outros recursos próximos e também são alvos. Os locais de armazenamento de combustível, armas, manutenção e reparos de pista são fáceis de detectar e atacar. Os caminhões tanque são mais efetivos para dispersão por não deixar a aeronave exposta em local fixo de reabastecimento. O mesmo acontece com as munições das aeronaves. Os meios de manutenção são importantes para regenerar danos o mais rápido possível. A USAF até pratica canibalização em tempo de paz como treino para época de guerra.

A USAF atua com meios muito concentrados, com uma Ala de 72 aeronaves por base, e as poucas bases disponíveis as torna alvos muito lucrativos. A dispersão, ocultação e camuflagem tornaria as bases da OTAN menos propicias a ataque nuclear em caso de crise com menos risco de guerra nuclear se não estiverem concentrados.


Ataques a Bases Aéreas Por Terra

Os ataques a bases aéreas são muito mais freqüentes e com sucesso do que se pode esperar. As ações dos guerrilheiros no Iraque em 2006 mostram que a USAF pode ser difícil de ser desafiada no ar, mas em terra pode ser bem mais fácil.

Em 1921, general italiano Giulio Douhet observou que era muito mais efetivo destruir o Poder Aéreo inimigo no ninho no solo do que caçá-lo no ar. A velocidade,  agilidade e furtividade as tornas difíceis de derrubar no ar, mas são relativamente frágeis em terra e fáceis de destruir quando estacionadas. Depois do ataque surpresa de Israel contra os árabes em 1967 as forças aéreas gastaram bilhões de dólares para construir abrigos e melhorar sua capacidade de sobrevivência em terra.

Entre 1940 a 1992 foram observados 645 ataques terrestres contra bases aéreas em dez conflitos, danificando ou destruindo mais de 2.000 aeronaves. Os ataques terrestres incluem assalto com pára-quedistas, ações aeromóvel, infantaria e blindados.
Entre 1973 e 1982, Israel usou artilharia naval e terrestre para furar pistas e atacar defesas aéreas de bases inimigas. As ações mais recente foram de helicópteros seguidos de operações especiais, guerrilhas e terroristas.

O objetivo das ações era capturar ou apenas incomodar. Neste período foram 41 bases aéreas capturadas, 47 negados o uso da base, 173 para incomodarão, e 384 para destruição de equipamento e aeronaves. A maioria dos ataques foi destruição e a maioria na Segunda Guerra Mundial. Ações recentes dos soviéticos no afeganistão e dos americanos em Granada e Panamá foram para tomar bases aéreas. De 19 ataques desde a guerra do Vietnã, 12 eram para destruir aeronaves, sete foram para capturar bases e usar depois (cinco pelos russos e dois pelos EUA em Granada e Panamá).

Os ataques do vietcongue contra a s bases americanas no Vietnã raramente penetravam devido a barreira de minas, postos de guarda e luzes. O vietcongue teve que fazer ataques a longa distância (stand-off) em 96% das vezes. Em El Salvador e no Afeganistão a guerrilha também preferia fazer ataques a longa distância. Os guerrilheiros curdos e filipinos fazem ataques de penetração. A incursão do SAS contra a base argentina de Pebble Island usou métodos de penetração e armas de longo alcance. Se a defesa do perímetro é fraca, os ataques tendem a penetrar e colocar cargas de demolição.

Não é necessário grandes forças para a maioria dos ataques. Destruir aeronaves e equipamentos precisa de forças bem pequenas, geralmente pelotão e que se dividem em grupos de combates e equipes de tiro. O SAS usava equipes de três a cinco homens na Segunda Guerra Mundial com sucesso e no final atacava com pelotões e até companhias. Para negação e captura precisa de grandes forças, pelo menos um regimento.

A maioria dos grandes ataques a bases aéreas tiveram sucesso devido as defesas serem fracas. Em Creta as forças britânicas estavam mal deslocadas e mal lideradas. A superioridade aérea também pode ser vital. A qualidade ruim das defesas de retaguarda e falta de meios de vigilância são as fraquezas mais comuns. As forças do Eixo no Norte da África tinham outra fraqueza: lentidão para desenvolver contramedidas contra os ataques do SAS. Em particular não fizeram postos de escuta noturnas e emboscadas fora do perímetro. Estas táticas não precisavam de grandes forças e são efetivas.

Já os EUA no Vietnã eram inovadores nas contramedidas contra os Vietcongues. Mesmo que as defesas de bases não fosse prioridade, com poucas defesas não conseguiam prevenir ataques a longa distância e sempre foram vulneráveis a esta ameaça até o fim da guerra. A defesa de base aérea competia com outras missões que eram mais prioritárias.

O efeito desses ataques eram perda de aeronaves, material e pessoal, levando a deslocamento de recursos para a defesa. Devido ao efeito dos ataques do SAS, as perdas foram tão grandes que fez o balanço dos combates aéreos pender para a RAF contra a Luftwaffe. Em outros exemplos, as perdas nas base aéreas permitiu ganhar vantagem fazendo as bases inimigas moverem-se para longe e aumentar o alcance.

Antes da Segunda Guerra Mundial os EUA tinha 296 batalhões de segurança de bases aéreas. Em 1943 não havia ameaça a não ser na China em 1944 e 1945 e foram inativados sobrando poucos no fim da guerra só voltando a ter importância no Vietnã e mais recentemente no Iraque. Na RAF todo pessoal de solo é treinado para defesa de base.

No Pacífico, a captura ilhas e bases eram a diretiva do planejamento da campanha dos EUA e do Japão. O ataque do Japão contra a Malásia foi possível com a captura de bases. A campanha de tomada de ilhas foi focada na captura de bases. No fim da Segunda Guerra Mundial, Tiniam, Okinawa e Iwo Jima foram capturas para serem bases de ataques aéreos contra o Japão. O ataque japonês contra Midway tinha objetivo de capturar a ilha e sua base aérea. A falha e as perdas na batalha virou um marco de virada da guerra no Pacífico.

Em Creta os comandantes não reconheceram que as bases eram os pontos chaves que deveriam ser negados ao inimigo a qualquer custo. No norte da África, as tropas Luftwaffe não eram integradas com as tropas em terra e as defesas não eram coordenadas.

Durante a Guerra Fria os soviéticos tinha uma força de operações especiais, chamada Spetsnaz, com cerca de 27 a 30 mil homens, cuja função incluía atacar bases aéreas. Contra bases aéreas a função não seria destruir, mas incomodar e danificar. Atacariam pessoal chave, centros comando, depósitos de combustível, aeronaves taxiando e fariam inteligência. Para cumprir as missões usariam minas, fuzis de longo alcance, morteiros, foguetes e mísseis antiaéreos portáteis com o SA-7. Os SA-7 teriam como alvos aeronaves de alto valor como os E-3 AWACS, JSTAR, RC-135, EC-130 e U-2.

Uma arma que poderia facilitar o ataque contra bases aérea seriam os mísseis superfície-ar portáteis. Esta tática foi muito usada pelos guerrilheiros no Afeganistão contra os Russos. As equipes dos SAS nas Malvinas estavam equipados com os Stinger e poderiam atacar aeronaves que tentassem pousar em Port Stanley como os Supe Etandard. Os guerrilheiros iraquianos atingiram uma Airbus A320 com um SA-7 que foi danificado.


No futuro a grande ameaça deverá ser o uso de munição guiada de precisão por forças de operações especiais dando mais letalidade que não existia no passado. Os fuzis anti-material são outra arma poderosa que permite grande precisão e com letalidade relativa para ataques a longa distância. Uma aeronave, ou o piloto, poderá ser neutralizado por um fuzil pesado e são difíceis de conter. Na década de 90, guerrilheiros chechênos atacaram bases russas com mísseis anti-carro a longa distância atingindo helicópteros.

Spike
Israel desenvolveu a família de mísseis guiados por fibra ótica Spike. O Spike pode ser levado por tropas ou montado em veículos. A foto mostra o Spike-LR de longo alcance instalado em um veículo todo terreno tendo capacidade de atacar alvos em terra a até 8 km de distância e fora da linha de visada. Seria uma grande arma para atacar aeronaves estacionadas em pátio e foi pensado em usá-lo para matar Saddam Hussein com o veículo sendo inserido de helicóptero pesado.

Barret
Os fuzis anti-material são outra arma que podem ser usadas para atacar aeronaves não protegidas a longa distância.


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Atualizado em 14 de Setembro de 2007
 

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