Sea Eagle

A maior melhoria na capacidade anti-navio do Buccaneer foi a adição de um míssil anti-navio com capacidade dispare-e-esqueça. Este novo míssil foi o Sea Eagle que entrou em serviço em 1986. O Sea Eagle aumentou a capacidade de sobrevivência e a capacidade ofensiva da força de Buccaneers.

O Martel foi uma boa melhoria na capacidade anti-navio para os Buccaneers, mas mesmo assim a Royal Navy estava insatisfeita com o seu desempenho. O Martel voava a média altitude e mergulhava no alvo, ficando vulnerável as defesas. O alcance máximo era de 65 km, mas o alcance efetivo era de 20km, as vezes tendo que entrar dentro do alcance das defesas. O guiamento por TV só permitia disparar um míssil por vez e o datalink também podia ser jammeado e perder o guiamento por TV. O guiamento por TV também não funcionava a noite ou em mal tempo. Então a Royal Navy passou a estudar um míssil com maior alcance e um sistema de guiamento diferente.

O alcance extra podia ser obtido com o uso de uma turbina a gás e o guiamento com um radar ativo poderia resolver os problemas dando capacidade "dispare-e-esqueça" e qualquer tempo. Então queriam um míssil com real capacidade de disparado fora da área do alvo (stand-off), capaz de voar bem baixo (capacidade sea-skimming) para aumentar a capacidade de sobrevivência e guiamento autônomo para poder ser disparado em salva por uma aeronave (mais de dois mísseis). Então no iniciou da década de 70 queriam uma nova arma anti-navio e foi lançado o requerimento ASR.1226.

P3T

A HSD, que virou a Hawker Siddeley, MBDA Missile Systems, estava estudando uma arma chamada Underwater to Surface Guided Weapon (USGW) para um requerimento de 1969 de um míssil sea-skimming lançado de submarino. O veiculo de teste era o Sea-Skimmng Test Vehicle (SSTV). Os testes da década de 70 tinham resolvidos os problemas de guiamento de um míssil sea-skimming. O SSTV tinha um motor foguete e usava a fuselagem do AJ.168, um radar altímetro da Honeywell, um sistema controla GK.352 da Sperry-Rand e um sistema de telemetria. Os testes foram apoiados por um Sea Vixen para disparo e acompanhamento. O SSTV deveria ser capaz de voar a 2 metros de altura em mar calmo, mas em termos tático um míssil sea-skimming tinha que voar a menos de 50 metros de altura sendo que o objetivo era voar a 4 metros acima das ondas. Os trabalhos foram usados no programa USGW e no Ship-Martel. Estes programas foram cancelados e virou outro projeto da HSD chamado Active Radar Martel.

A proposta da HSD do Active Radar Martel era basicamente um míssil AJ.168 reforçado e equipado com um radar ativo da GEC Marconi (agora SELEX) e equipado com uma turbina a gás, mas o projeto não teve interesse da Royal Navy. Os estudos de 1973 para a nova arma foi designado P3T e foi baseado no Active Radar Martel

Em 1976 a Hawker Siddeley iniciou os estudos de um substituto do AJ-168 Martel TV com o projeto P3T recebendo um contrato com os trabalhos iniciando em 1977 e entrando em desenvolvimento em 1979. A fabricação dos mísseis iniciou em 1982 e os testes em 1984. Em 1984 o míssil passou a ser chamado de Sea Eagle. A entrada em serviço foi em 1985 nos Buccaneer.

Vinte Buccaneers foram atualizados para receber o Sea Eagle entre 1984 e 1985. As aeronaves foram para o Esquadrão 208 em 1986 e no Esquadrão 12 em 1988.

Descrição

O Sea Eagle é equipado com um motor turbojato com um alcance de 60 nm (110km), cinco vezes o alcance efetivo do Martel, a uma velocidade de Mach 0.85 (1.040 km/h) com um tempo de voo de 400 segundos. O disparo pode ser feito não só longe das defesas do alvo, mas também além do horizonte radar com a aeronave lançadora nem sendo detectada. O míssil tem novas capacidades como poder variar a altitude do ataque, realizar manobras evasivas randômicas, superar contramedidas eletrônicas e engodos e atacar um alvo de qualquer direção. O míssil voa no modo "sea skimmer", a 3 metros de altura, subindo apenas para selecionar alvo a  30km do alvo. O míssil pode fazer pop-up para determinar a posição do alvo e descer para atacar bem baixo.

A fuselagem do Sea Eagle é similar ao Martel na aparência, mas todos os componentes são diferentes. O corpo é mais longo e as asas são maiores. A principal diferença é a entrada de ar abaixo da fuselagem para o motor turbojato modelo microturbo TRI-60-1 com 787 libras de empuxo. O míssil tem 4,14m de comprimento, 40cm de diâmetro e pesa 600kg.

A navegação de meio curso é com um INS e afinal é com um radar operando na banda X da Marconi com alcance de 30km. Um radar altímetro mantém a altitude. A cabeça de guerra pesa 230 kg sendo do tipo explosiva semi-perfurante com espoleta de atraso para penetrar navios bem blindados. Pode penetrar até seis paredes de um navio de guerra moderno. O míssil é armazenado como munição e recebe inspeção a cada dois anos. A vida útil selado é de 15 anos e pode ser mantido armazenado com os tanques cheios de combustível.

A produção do Sea Eagle foi completada em 1992. Os 255 mísseis finais saíram de serviço em abril de 1999. O Sea Eagle foi exportado para o Chile, Índia e Arábia Saudita. A Índia usa nos seus caças Sea Harrier Mk. 51 e Jaguar IM, helicópteros Sea King Mk.42B e nas aeronaves de patrulha Il-38 e Tu-142. O A-36M Halcon (CASA-101) foi visto levando dois mísseis e o BAe Hawk levando um míssil.

Foram proposto várias versões como o P4T Golden Eagle com alcance 200km, guiamento por imagem infravermelho e datalink. Foi testado em 1997 no Su-30MKI, Tu-142M e IL-38 indianos. Outra fonte cita que a proposta não saiu do papel.

Outra variante era o P5T chamado Sea Eagle-SL. O P5T seria lançado de um container no convés de navio e seria equipado com um foguete de aceleração Wagtal usado na versão disparada de helicópteros. Não foi comprado e a Royal Navy escolheu o míssil Harpoon em 1984 para equipar suas fragatas classe Type 22 Batch 3 e Type 23. O P5T também foi planejado para ser disparado de baterias costeiras.

A versão lançada de helicóptero foi equipada com dois motores de aceleração por foguete sólido e foi usada pelos Sea King da Índia. Uma versão para disparo de navios foi testado em 1987, mas não foi comprada. Uma modernização de meia vida foi iniciada em 1996 para aumentar a vida útil para 25 anos. Uma nova cabeça de guerra e nova espoleta seria instalada no ano 2000, com o míssil passando a ser chamado de Sea Eagle Mark 2, mas foi retirado de serviço no Reino Unido em 1999 para diminuir custos.

Os Buccaneer foram retirados de serviço em maio de 1994 para ataque anti-navio. Foram substituídos por 24 caças Tornados convertidos para o padrão GR.1B para ataque naval equipados com dois mísseis. O Tornado GR.1B entrou sem serviço em setembro de 1993 e foram retirados de serviço em 2001 e substituídos pelo Tornado GR4.

Configuração interna do Sea Eagle.


Um Sea Eagle sendo disparado por um Sea Harrier durante os testes.


Um Sea Eagle instalado em uma aeronave de patrulha Il-38 da Marinha Indiana. O cabide fica na fuselagem traseira da aeronave logo atrás das asas.


Um Jaguar Indiano com um míssil Sea Eagle. Os Jaguares indianos foram equipados com um radar Agave para realizar missões anti-navio. Em 2003 a India comprou 24 mísseis Harpoon Block II para substituir os Sea Eagle nos Jaguar que estavam sendo modernizados.


Um Sea King Indiano equipado com dois mísseis Sea Eagle.


Um Sea King indiano disparando dois mísseis Sea Eagle.

Táticas do Sea Eagle

A capacidade stand-off e dispare-esqueça permite que o Sea Eagle seja disparado fora do alcance das defesas do alvo, bem além da linha do horizonte e permite que a aeronave lançadora fuja rapidamente do local. A capacidade levar mísseis do Buccaneer aumentou, comparado com o Martel, assim como a capacidade de disparo simultâneo e qualquer tempo.

Antes de disparar o navegar adquire o alvo com o radar Blue Parrot e os dados da posição, direção e velocidade do alvo são inseridos na memória do míssil. O navegador tem a opção de escolher os modos de navegação, busca e ataque. Se escolhe um alvo antes pode atacar com até quatro disparo simultâneos.

Depois do disparo o míssil atua de forma completamente autônomo. Depois disparo o Sea Eagle desce para 10 pés com o radar altímetro e o INS controlando a navegação. Quando o computador do míssil estima que penetrou o horizonte radar alvo o radar é ligado e o míssil faz uma manobra "pop up" para subir e adquirir o alvo com o radar. Ao selecionar o alvo o míssil desce novamente e voa em direção ao alvo. Quando disparado contra uma formação com vários navios a busca com o radar pode ter bias de busca para um adquirir um alvo mais perto, mais distante, maior etc. 

O Sea Eagle pode ser disparado no modo "point and shoot" por aeronave sem radar ou com apoio de fonte externa indicando o alcance mínimo ou o piloto aponta visualmente na direção do alvo. Os modos mais sofisticados incluem o uso de uma rota com "dog legs" para uma salva chegar no mesmo alvo ao mesmo tempo e vindos de direções diferentes.

Um ataque coordenado típico seria com seis Buccaneer divididos em duas seções de três aeronaves com um total de 24 mísseis. Voariam a 100 pés e coordenam o ataque voando com uma separação de 40 milhas em vários eixos com os 24 mísseis chegando no alvo em uma "janela" de dez segundo. É muito difícil para qualquer navio contrapor um ataque de saturação como este. Com o disparo sendo realiza a uma maior distância a força pode se retirar rápido após o disparo com o inimigo nem detectando as aeronaves lançadoras.


Um Buccaneer equipado com quatro mísseis Sea Eagle. Todos podem ser disparados em salva contra um único alvo.


Um Tornado GR.1B voando junto com um Nimrod. O Nimrod pode ser usado para adquirir alvos para os Tornados. Seu radar tem maior capacidade de discernir entre vários tipos de alvos em uma formação de navios. A foto também mostra a limitação do Tornado de só poder levar dois Sea Eagle.


Versões do Sea Eagle.


Projetos anteriores ao Sea Eagle.



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