Su-32 na FAB

Das capacidades citadas acima, o PX, na forma do P-3, irá realizar missões de patrulha marítima (vigilância de superfície, ataque antinavio e guerra anti-submarino), busca e salvamento, combate ao contrabando e narcotráfico e em complemento ao SIVAM com seus sensores e em apoio a Marinha do Brasil.

As aeronaves P-3 também realizaram outras missões, como ataque de precisão e vigilância terrestres em conflitos recentes, como no Kosovo. Os P-3 da US Navy realizaram reconhecimento de defesas costeiras e atacaram alvos em terra com mísseis SLAM guiados por IR.

A US Navy já estudou a instalação do míssil cruise furtivo JASSM nos seus P-3 e eles já estão equipados com o Maverick. O objetivo é a utilização do Orion em operações litorâneas. O Nimrod MR2 da RAF poderá levar o míssil cruise Storm Shadow para cumprir a mesma missão.

Durante exercícios na Noruega, os P-3 da RNoAF detectavam radares com seu MAGE e tiravam fotografias radar da área com o radar APS-137. Os dados eram enviados para bases em terra para que os radares detectados fossem atacados pelos F-16 com bombas guiadas por GPS (simuladas).

Entre as conclusões tiradas do exercício foi a necessidade de intalar de sensores eletro-óticos internos de melhor qualidade no P-3 ou usar sensores externos (em um UAV) para identificar alvos com mais precisão e que a aeronave precisava de armas ar-solo como o Maverick e até mesmo o SLAM.

Os P-3 de países da OTAN também realizaram o monitoramento de crises em países africanos com a utilização de seus sensores EO e tiveram ótimo desempenho, devido à grande autonomia da plataforma. Os P-3 da US Navy realizaram vigilância com sensores óticos sobre o Afeganistão em 2001 transmitindo as imagens em tempo real para os EUA.

As aeronaves P-3 também são usadas em missões SAR de longo alcance em auxílio à navegação comercial.

Os P-3 têm versões especializadas para AEW e SIGINT (EP-3 Eries da US Navy). Outros países também aproveitam o desempenho (autonomia) e sensores MAGE para realizar missões SIGINT.

Na FAB, O Su-32 poderia realizar todas as missões do P-3, com vantagens ou desvantagens, e ainda poderá ser usado em outras missões impossíveis de serem realizadas pelo Orion, pelo menos não planejadas, como defesa aérea, AEW, ataque ao solo, ataque eletrônico e reabastecimento em vôo.

Apesar de ser uma aeronave multifuncional, a tripulação necessariamente não é. Uma tripulação pode desempenhar todas as missões acima, mas para ser efetiva em todas elas o ideal é manter especializações como ar-ar, ar-superfície, GAS, reconhecimento, etc. O motivo é a limitação do número de horas de vôo necessárias para manter o padrão de cada missão. A consequência é um número maior de horas voadas para treinamento e um custo operacional alto.

De qualquer forma, não deixa de ser uma boa idéia para a FAB sair da concepção geralmente usada para configurar uma força aérea de acordo com suas necessidades e limitações.
 
 
    Su-32 e o AF-2

Futuramente, a MB irá substituir seus caças embarcados AF-1 (A-4K) por outras aeronaves, aqui chamadas de AF-2. Devido às frequentes limitações orçamentárias, a MB poderá encontrar-se na situação de não ter condições de manter uma esquadra efetiva e atualizada em todos os tipos de plataformas ou áreas de guerra.

Os recursos para a aviação embarcada, no caso o substituto do A-12 São Paulo e do AF-1, terão que competir com outras plataformas como escoltas, submarinos nucleares e convencionais, navios anfíbios, apoio logístico e helicópteros. Uma marinha é cara para manter e talvez alguma capacidade tenha que ser cortada.

A exemplo de outras marinhas, para dizer a verdade a grande maioria dos casos, uma aviação embarcada equipada com caças e NAes não é empregada por não ser necessária ou, também na maioria dos casos, por não ser economicamente viável.

A maioria das Marinhas tem ameaça locais e os TO podem ser cobertos por aeronaves baseadas em terra. Um exemplo é a Marinha Alemã. Ela possuia mais de uma centena de Tornados IDS para operações navais para cobrir o Mar Báltico. Pelo tamanho do TO a densidade de caças seria alta.

A maioria dos países da OTAN contam com a cobertura dos NAes americanos para poderem operar. A grande maioria não é capaz de manter uma capacidade igual por motívos orçamentários.

A Argentina teve que deixar de usar NAes após a retirada do ARA 25 de Mayo devido aos cortes no orçamento. A Argentina tinha que eliminar uma capacidade e obviamente não seriam as escoltas ou apoio logístico, pois até o NAe precisa deles.

A Austrália é outro país que deixou de operar aeronaves de caça embarcados e passou a usar aeronaves de longo alcance, como o P-3 para vigilância, o F-18 para superioridade aérea e o F-111 para operações ar-superfície.

O Su-32 é uma alternativa para manter uma aviação de caça sem depender de navios caros de adquirir e manter como os NAes e que também dependem de escoltas e apoio logístico para operarem.

A capacidade atual e prevista para a MB é poder, pelo menos, manter um NAe em operação, cuja área de atuação seria o TOAS devido às limitações de apoio logístico. Para manter um NAe em operação a distâncias maiores, no caso outros oceanos e Atlântico Norte, seria necessário, pelo menos, mais um NAe com respectivas escoltas e navios de apoio logístico em maior número que a dotação atual da MB (dois navios tanques e um navio de apoio polivamente).

O Su-32 daria a capacidade à MB de ter uma frota de caças para atuar em operações ofensivas e defensivas, permanentemente, para cobrir o TOAS.

As ameaças esperadas no TOAS seriam de vizinhos próximos, como Argentina, Uruguai e Venezuela (muitíssimo improvável) ou potências estrangeiras com NAes (EUA e/ou OTAN). Outros países enviariam submarinos e não seria esperado que arriscassem um GT sem cobertura aérea contra um país que esteja equipado com aeronaves até simples como o AMX e o P-3.

Contra essas últimas ameaças, o Su-32 é superdimencionado, e adequado em capacidade de dissuasão no caso de ameaça de potências estrangeiras.

A capacidade de sobrevivência é consideravelmente maior que a de um NAe contra os dois tipos de ameaça. No primeiro caso, o NAe teria que aproximar-se da costa e expor-se à aviação baseada em terra desses países. No segundo caso, o NAe estaria exposto à aviação embarcada em NAes e até mesmo a aeronaves de longo alcance armadas com mísseis antinavio (B-52, P-3, Nimrod e Atlantic).

Os custos de uma aeronave baseada em terra também é menor que uma embarcada. Somando todos os custos para manter uma aeronave embarcada, cada hora de vôo de uma aeronave naval pode ser até 10 vezes maior que uma missão lançada de bases em terra.

São vários os exemplos de países que usam aviação de ataque baseada em terra para atuar em teatros de operações navais.

A Marinha da Polônia tem um esquadrão de MiG-21 e Irida para vigilância e ataque naval para atuar no mar Báltico.

A Marinha Alemã usa, atualmente, cerca de 50 Tornados IDS apoiados pelos Atlantic também para atuar no mar Báltico. Todas as aeronaves, navios e bases estão interligados por data link (link 11).

A Tailândia iniciou a operação com caças A-7 Corsair II antes de operar os Harrier.

A África do Sul usava os Camberra e Buccaner para operações de longo alcance em terra e no mar.

A Rússia operava aeronaves Tu-22, Tu-26 e Su-24 para atuar até no Atlântico Norte. A marinha russa também tem um esquadrão de Su-27 baseado em terra para escoltas de longo alcance.

A Austrália usa o trio F-18, F-111 e P-3 para cobrir suas rotas marítimas. Todos podem lançar o míssil antinavio Harpoon e o F-111 pode lançar minas navais.

Países como Taiwan e Japão desenvolveram caças armados com mísseis anti-navio.

Os britânicos usavam o Tornado IDS armado com o Sea Eagle, e o Nimrod modernizado será equipado com o Harpoon.

Os EUA usam o B-52 armado com Harpoon, Raptor e minas em apoio aerotático às operações marítimas com apoio de E-3, F-15, F-16, KC-10 ou apoiado por CVBG.

Em comparação com os NAes operando apenas no TOAS, o Su-32 pode ser considerada uma plataforma altamente flexível, com maior capacidade de sobrevivência, mobilidade e potencial de crescimento adicionado a custos aceitáveis


Alcance de interceptação supersônica do Su-32.Os círculos mostram a distância em que o Su-32 pode realizar uma interceptação supersônica (700 km) a partir de bases em Belém, Fortaleza, Salvador, Santa Cruz e Florianópolis. As missões de interceptações supersônicas seriam as de menor alcance em relação à vigilância e ataque de superfície. Apenas nas missões de defesa aérea, os Su-32 podem cobrir quase todo o mar territorial brasileiro e boa parte das regiões litorâneas. Em operações ofensivas os caças seriam concentrados na área de ameaça e dispersos no local para aumentar a capacidade de sobrevivência. O Su-32 é capaz de realizar missões estratégicas contra ameaças no ar, terra e mar em todo o continente sul-americano e Atlântico Sul. A FAB está usando o AMX nas missões estratégicas contra alvos de superfície com vôos durando cerca de 5-6 horas com apoio de reabastecimento em vôo. O Su-32 é a aeronave ideal para esta tarefa.

Considerando nossa pior ameaça futura, no caso um conflito no TO, o nosso GT a ser defendido seria o Sudeste onde deveriam ser concentrados os interceptadores e a área onde haveria projeção de poder ficaria no TOA e TOAS.

O Su-32 é uma aeronave necessária tanto para a FAB quanto para a MB devido as suas capacidades que não estão presentes, na grande maioria dos casos ou de forma limitada, nos dois serviços.

Próxima parte: Comparação e Custos

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