ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EQUIPAGENS DA
AVIAÇÃO DE PATRULHA
ABRA-PAT http://www.abrapat.org.br/
FÓRUM
Esta seção tem por objetivo o difundir o pensamento
criativo
e abrir espaço para debates sobre o emprego da
Aviação
de Patrulha.
VISÃO CONCEPTUAL DA AVIAÇÃO DE PATRULHA
1 - Finalidade:
Apresentar ao Comandante da Aeronáutica um quadro conceptual da
Aviação
de Patrulha da FAB que possa contribuir para a
formulação
de uma nova concepção da FORÇA AÉREA
BRASILEIRA.
2 - Antecedentes Históricos:
A Aviação de Patrulha, na FAB, surgiu como
conseqüência
dos torpedeamentos de navios brasileiros ao longo de nosso litoral.
Caracterizou-se
pelo improviso e pelo emprego dos aviões existentes, os quais
eram
inadequados à missão.
Ao receber dos americanos aviões de patrulha (Catalina, Hudson e
Ventura),
recebeu também treinamento ministrado pela NAVAL AVIATION sobre
técnicas
e princípios doutrinários relativos à Patrulha.
Durante toda guerra a Aviação de Patrulha da FAB
trabalhou
junto à US NAVY, a qual tinha uma Concepção
própria
de Aviação de Patrulha.
Após a guerra, a FAB se afastou da US NAVY, vinculando-se
basicamente
à recém-criada US AIR FORCE, da qual passou a receber
treinamento,
informações, publicações, materiais, etc.
Torna-se
mister ressaltar que a USAF, que tanta influência tinha, e ainda
tem,
sobre nossa concepção de Força Aérea,
convivia
e ainda convive, sem conflitos, com a US NAVY quanto às
operações
do conjugado Aeronaval. A USAF não cogita de
operações
que digam respeito ao Teatro Marítimo, reconhecendo que a US
NAVY
é a responsável pelas Operações AR-MAR e
pelo
espaço marítimo de surperfície e submarino. Essa
postura
teve, e ainda tem, influência sobre a FAB.
A FAB por sua estreita vinculação com a USAF, perdeu o
contato
com a US NAVY, deixando de receber informações
atualizadas
e detalhadas sobre operações ditas aeronavais, estando
desatualizada
quanto a táticas e técnicas atualmente empregadas por
outros
países. Após a desativação dos P-15 e P-16,
e
a conseqüente perda da capacidade anti-submarino, a
concepção
da FAB quanto à Aviação de Patrulha tem se tornada
cada
vez mais imprecisa, mais fluída e menos divulgada. Não se
percebe
com nitidez o papel da Aviação de Patrulha no concerto da
Força
Aéreea Brasileira.
3 - Desenvolvimento
3.1 - Base Legal
Da "Constituição Federal de 1988"
As Forças Armadas... "destinanam-se à defesa da
Pátria";
É competência da União... "assegurar a defesa
nacional"...,
assim como "declarar a guerra e celebrar a paz; executar os
serviços
de política marítima, aérea e de fronteira"...
Da "Política de Defesa Nacional":
Item 3.3, "Objetivos da Defesa Nacional":
"a. a garantia da soberania, com a preservação da
integridade
territorial, do patrimônio e dos interesses nacionais;"
"d. a salvaguarda das pessoas, dos bens e dos recursos brasileiros ou
sob jurisdição brasileira;"
"g. a contribuição para a manutenção da paz
e da segurança internacionais;"
item 4, "Orientação Estratégica";
..."4.2- Para tanto, a presente política é centrada em
uma
ativa diplomacia voltada para a paz e em uma postura estratégica
dissuasória
de caráter defensivo..."
"4.3- A vertente preventiva da defesa brasileira reside......e na
existência
de uma estrutura militar de credibilidade capaz de gerar efeito
dissuasório
eficaz"
Item 5, "Diretrizes":
...
"g. atuar para a manutenção de um clima de paz e
cooperação
ao longo das fronteiras nacionais, e para a solidariedade na
América
Latina e na região do Atlântico Sul;"
...
"o. aprimorar o sistema de vigilância, controle e defesa das
fronteiras,
das águas jurisdicionadas, da plataforma continental e do
espaço
aéreo brasileiros, bem como dos tráfegos marítimo
e
aéreo;"
Do Aviso Ministerial nº 4/GM4/C-028 de 27 Dez. 93, do Exmº
Sr.
Ministro da Aeronáutica ao Exmº Sr. Ministro da Marinha.
...
12. "Considerando ...é determinação da
Força
Aérea a manutenção da capacitação em
missões
anti-submarino e minagem aérea dentro da Tarefa Operacional de
Interdição
de um Teatro de Operações Marítimo e estudar, no
âmbito
da Força Aérea, a aquisição de uma aeronave
anti-submarino
(AS) baseada em terra."
3.2 Organização e Doutrina
Da "Doutrina Básica da Aeronáutica", DMA 1-1 de 06 Ago.
97.
Item 6.1 Operações Aéreas
"As Operações Aéreas são
ações
militares realizadas pela Força Aérea de forma
independente
ou integradas às das forças de surperfície. Nelas
são
empregadas vetores aéreos, tripulados ou não, partindo de
bases
fixas, móveis ou flutuantes.
Em função da natureza dos efeitos obtidos, as
Operações
Aéreas são classificadas, de forma ampla, em
Aeroestratégicas,
de Defesa Aeroespacial e Aerotáticas."
Item 7, Tarefas e Missões da Força Aérea
...
"Interdição (aplicação da Força
Aérea contra alvos na surperfície e submersos):
- Ataque
- Reconhecimento Armado
- Anti-submarino
- Patrulha Marítima
- Cobertura"
"Apoio ao Combate (ampliação do poder de combate da
Força Aérea):
...
- Guerra Eletrônica
- Controle e Alarme em Vôo
- Busca e Salvamento
...
Item 7.2 Tarefa de Interdição
"A Tarefa de Interdição é essencialmente ofensiva
e
engloba todas as ações da Força Aérea
contra
alvos de superfície e submersos, menos aqueles vinculados
à
Tarefa de Superioridade Aérea e às
Operações
Especiais.
O propósito geral da tarefa é destruir ou neutralizar as
fontes
do poder inimigo, seus suprimentos, forças e estruturas de
apoio.
Sob o ponto de vista da profundidade do campo de batalha, a
interdição
estende-se desde o interior do território inimigo, em busca das
fontes
do poder, até a posição mais avançada
adversária
e em contato com forças amigas. No ambiente marítimo, a
Interdição
estende-se desde as bases e portos inimigos até onde se
encontrarem
seus navios no mar."
Item 7.2.1.3 Anti-Submarino
"Missão aérea destinada a buscar, detectar, localizar,
identificar,
acompanhar, neutralizar ou destruir submarinos inimigos, a fim de
prover
a defesa de linhas de comunicações marítimas, de
áreas
de interesse.
Esta é uma missão de combate tecnicamente complexa,
devendo,
sempre que possível, ser cumprida em um quadro de
cooperação
com as forças navais. O rendimento das ações pode
ser
melhorado com a participação de helicópteros e
navios
de superfície.
Esta missão pode requerer a participação conjunta
de outras missões, tais como:
a) Controle e Alarme em Vôo;
b) Guerra Eletrônica; e
c) Patrulha Marítima."
Item 7.2.1.4 Patrulha Marítima
"Missão aérea destinada à
investigação
sistemática ou não de área marítima de
interesse,
a fim de detectar, localizar, identificar, acompanhar, neutralizar ou
destruir
objetivos marítimos."
..."A Patrulha Marítima é uma missão de combate
executada
por aeronaves especializadas e, normalmente, não querer o
concurso
de outras missões. No entanto, nos casos de ameaça por
navios-aeródromos
inimigos, dotados de defesa aérea, é conveniente o
emprego
das Missões de Controle e Alarme em Vôo, Guerra
Eletrônica,
Escolta e Reabastecimento em Vôo."
Item 9 Aviações
"Aviação é a denominação
genérica
dada ao conjunto de aeronaves, de tripulantes e de meios materiais e
humanos
de apoio, voltado para execução de atividades semelhantes
ou
que tenha alguma característica marcante comum que a distinga
das
demais e, ainda, que componha uma unidade de doutrina dentro da
Força
Aérea. A Força Aérea Brasileira dispõe das
seguintes
Aviações:
... e) Patrulha."
Item 9.5 Aviação de Patrulha
"Conjunto de aeronaves, tripuladas por pilotos de patrulha, e de meios
materiais
e humanos de apoio, especificamente destinado ao cumprimento das
Missões
de Patrulha Marítima e Anti-Submarino."
3.3 - Aspectos Estratégicos
3.3.1 Cenário Marítimo
O Brasil é considerado um país marítimo em
função de:
- área economicamente desenvolvida quase que totalmente
localizada na costa do Atlântico Sul;
- dependência praticamente total das linhas de
navegação
marítima para a execução do comércio
internacional
e de parte expressiva do comércio nacional;
- dependência de sua Plataforma Continental para a
exploração
de recursos minerais e energéticos, a qual responde por mais de
80%
da produção nacional de petróleo.
O Brasil firmou junto com 54 países, em 1982, na Jamaica, a
Convenção
dos Direitos do Mar, a qual dispôs sobre a criação
da
Zona Econômica Exclusiva (ZEE), possibilitando a
exploração
exclusiva da fauna e do subsolo, além do mar patrimonial de 12
milhas.
Comprometeu-se, também, a fazer o levantamento dos recursos de
sua
plataforma, sendo-lhe permitido estender limites desse patrimônio
até
o final da plataforma, caso consiga executar esta tarefa no prazo de 10
anos.
O levantamento da Plataforma Continental já foi concluído
e,
portanto o Brasil pode solicitar a extensão dos limites do
patrimônio
até o final da plataforma.
É interesse do Brasil garantir a segurança de seu
patrimônio,
defendendo os seus principais centros industriais litorâneos, ou
os
que se situam próximos à costa, a integridade do seu mar
territorial
e o espaço aéreo sobrejacente e a liberdade de
exploração
dos recursos do mar patrimonial, nele incluídas as plataformas
petrolíferas
e suas linhas de comunicações marítimas.
A Marinha do Brasil decidiu, recentemente, ocupar o arquipélogo
de
São Pedro e São Paulo (conhecido anteriormente como
Rochedos
de São Pedro e São Paulo), visando a expansão da
ZEE
e da área de influência política.
O Brasil vê, hoje, a possibilidade de projetar sua
influência,
visando, principalmente, o desenvolvimento do comércio com
alguns
países que confrontam geograficamente com o Brasil na
área
do Atlântico Sul, tais como Angola, Namíbia, África
do
Sul e outros.
3.3.2 Atividades da Política Marítima Nacional
A Política Marítima Nacional (PMN), aprovada em 1994, tem
por
finalidade orientar o desenvolvimento das atividades marítimas
no
país, visando a utilização efetiva, nacional e
plena
do mar e das hidrovias, de acordo com os interesses nacionais. Assim
sendo,
a PMN envolve os diversos Ministérios.
O Comando da Marinha é o principal articulador para o
desenvolvimento
de uma mentalidade marítima nacional, objetivo principal da PMN,
além
da missão de orientar o preparo e a aplicação do
Poder
Marítimo e do Poder Naval.
O Poder Marítimo é a capacidade resultante da
integração
dos recursos de que dispõe a Nação para a
utilização
do mar e águas interiores, quer como instrumento de
ação
política e militar, quer como fator de desenvolvimento
econômico
e social, visando conquistar e manter os Objetivos Nacionais. O Poder
Naval
compreende as forças navais, as suas bases e as
posições
de apoio.
A área marítima de interesse estratégico para o
Brasil
entende-se do Trópico de Câncer até a
Antártica,
abrangendo todo o Atlântico Sul. Por esta área trafegam as
principais
rotas de comércio brasileiro além de ser ela pontilhada
de
ilhas que propiciam, a quem as domina uma posição
estratégica
muito importante. Estas ilhas formam um colar que vai até as
Malvinas
e são todas territórios de países do
Hemisfério
Norte, constituindo pontos de apoio ao longo de toda essa área
marítima.
As tarefas básicas do Poder Naval, como controlar as
áreas
marítimas, negar o uso do mar ao inimigo, projetar poder sobre
terra,
contribuir para a dissuasão e para a ação de
presença,
constituem a própria missão da Marinha.
Para cumprir a tarefa de negar o uso do mar a inimigos é vital a
aplicação
de submarinos, em especial de submarinos movido a propulsão
nuclear.
Na busca dessa capacidade a Marinha vem desenvolvimento um projeto
específico,
cujo progresso tem estado vinculado à disponibilidade de
recursos
orçamentários e tecnológicos.
Para cumprir a tarefa de controlar as áreas marítimas, a
aplicação
de aeronaves de patrulha, capacitadas para cumprir as missões de
"Patrulha
Marítima e "Anti-Submarino", constitui importantíssimo
fator
de exponenciação da Força Naval. Nesse aspecto,
entretanto,
a Marinha depende totalmente da Força Aérea.
3.3.3 Compromissos Internacionais
Decorrentes de acordos internacionais de navegação
aérea
e marítima, o Brasil tem responsabilidade de prestar apoio e
socorro
(SAR) a todos os movimentos aéreos e marítimos que
trafeguem
na área sob sua jurisdição. Essa área,
contudo,
não se limita ao espaço territorial brasileiro,
estendendo-se
até o meridiano 10, no meio Atlântico Sul, caracterizando
uma
área de 14.000.000km2.
A atividade SAR em área marítima é realizada pelo
emprego
conjunto do avião com o navio, sendo o primeiro o elemento
multiplicador
da ação do segundo. No mundo, a aviação
mais
adeqüada à realização deste trabalho é
a
Aviação de Patrulha ou uma aviação dela
decorrente.
3.4 Aspectos Operacionais
Ao longo dos anos a Marinha Brasileira tem buscado competência
para
ser considerada uma "Marinha Regional"(Blue Waters Navy - conforme a
moderna
classificação das marinhas do mundo) e não mais
como
uma simples "Marinha Costeira"da época da Segunda Guerra
Mundial.
Essa classificação, além de atender aos interesses
estratégicos
nacionais, possibilita o necessário "status" entre as demais
marinhas
com relação a sua capacidade, equipamento, nível
de
atuação, etc. Contudo, nos diversos exercícios e
manobras
internacionais, anualmente realizados, a Força Naval é
obrigada
a atuar na "área costeira"para cumprir exercícios que
envolvam
a Aviação de Patrulha, em função do
reduzido
alcance das atuais aeronaves da Força Aérea.
Do ponto-de-vista operacional, a integração dos
planejamentos
entre a FAB e MB é muito mais intensa nos níveis mais
baixos,
restrita às necessidades imediatas de apoio, além de
dependente
da ação pessoal dos indivíduos envolvidos. No
escalão
de Estado-maior da Força (EMAER), de onde derivam as doutinas e
os
planejamentos de maior amplitude, há pouca
interação.
Conforme estabelecido pelo Decreto nº 2538 de 8 de abril de 1988,
que
"Dispõe sobre os meios aéreos da Marinha...", em seu Art
1º
"A Marinha disporá de aviões e helicópteros
destinados
ao guarnecimento dos navios de superfície e de
helicópteros
de emprego geral, todos orgânicos e por ela operados,
necessários
ao cumprimento de sua destinação constitucional."
A defesa imediata da Força Tarefa no mar, portanto, será
atribuição direta da Marinha.
As necessidades da MB com relação às
missões
Anti-Submarino não são atendidas pela FAB. Do mesmo modo,
as
necessidades da Marinha com relação à
proteção
das "linhas de comunicações marítimas"a grande
distâncias,
no âmbito da área marítima de interesse
estratégico,
também não são atendidas.
Do ponto-de-vista da Defesa Aérea, a capacidade de
interceptação
às incursões hostis vindas do oceano não
poderá
ser considerada somente com base no mar terrotorial ou mesmo nos
limites
ZEE. É necessário achar plataformas lançadoras de
vetores,
tanto as de superfície como as submersas, a grande
distâncias
e antes que elas realizem os ataques ou, pelo menos, a uma
distância
considerável que permita a ação eficaz do SISDABRA.
3.5 - Considerações
Por inúmeras razões nos afastamos da
concepção
inicial do Ministério da Aeronáutica, criado como
unificador
das aviações do Exército e da Marinha, como
também
para a fomentação e coordenação da
aviação
geral e da infra-estrutura aeroportuária.
No âmbito da Força Aérea, de interesse direto deste
relatório,
pode-se verificar que a forte integração técnica e
operacional
com as unidades aéreas da US Navy. muito intensa no
período
da Segunda Guerra, foi aos poucos diminuindo e é hoje bastante
incipiente.
Em decorrência, a atual Aviação de Patrulha da FAB
utiliza-se
de métodos básicos de operação e sua
capacidade
é extremamente limitada em relação aos interesses
estratégicos
nacionais e às necessidades operacionais da Marinha.
Contudo, a Aviação de Patrulha é uma das
misssões
da Força Aérea, manifestada em sua doutrina e, por
várias
vezes, reafirmada para a Marinha.
A falta de uma maior integração de planejamentos
entre
a FAB e MB, no âmbito de Estado-Maior, impossibilitaram uma
melhor
avaliação da real necessidade estratégica, tendo
sido
esquecido, pela Aeronáutica, a importância do
Atlântico
Sul. Aliás, aos olhos da oficialidade da Aeronáutica, o
país
só é olhado para o seu território e não
para
o conjunto território e oceano.
A ECEMAR, principal órgão de divulgação da
doutrina
da FAB, é por demais influenciada pela doutrina da USAF, onde o
conceito
de aviação estratégica está muito ligado ao
emprego
de bombardeios de longo raio para ação em qualquer lugar
do
globo. Muito pouco se fala dos objetivos estratégicos nacionais
no
Atlântico Sul e, em conseqüência, do papel que deve
ser
desempenhado pela Aviação de Patrulha nesse
cenário.
Ainda sobre as distorções doutrinárias em
relação
à concepção de emprego estratégico da
Força
Aérea, parece importante lembrar que o conceito de "Pasta de
objetivos"utilizado
na ECEMAR e, em conseqüência, aplicado na
Aeronáutica,
restringi-se aos objetivos terrestres, assim como o de "Frente
Estratégica"está
enfocado para a área territorial da América do Sul. A
maior
consideração feita em relação a área
marítima
só abrange a ZEE, cuja profundidade (200 milhas) não
é
maior do que a distância, por exemplo, entre Rio e São
Paulo.
Assim sendo, aos olhos da Aeronáutica, a área
marítima
não tem muita relevância estratégica e o seu
emprego
fica considerado apenas para fins costeiros, o que, sem dúvidas,
é
insuficiente.
Como país marítimo, vários dos Objetivos Nacionais
dependem
das ocorrências na área do Atlântico Sul. Os
objetivos
atuais voltadas para o desenvolvimento da Amazônia, do Mercosul e
da
auto-suficiência na produção de petróleo,
por
exemplo, são totalmente dependentes do "controle da área
marítima"e
da proteção das "linhas de comunicações
marítimas".
Se houver o caso da "negação do uso do mar"por
ação
de um país inimigo, ou de bloco de países, esses
três
objetivos serão totalmente inviabilizados, acarretando
conseqüências
muito sérias à economia brasileira.
A oposição à ação inimiga só
será
efetiva se existir uma aviação de patrulha de longo raio,
capaz
de realmente cumprir as missões de anti-submarino e patrulha
marítima
na plenitude das suas respectivas definições, conforme
estão
estabelecidas na Doutrina Básica da Aeronáutica (DMA 1-1).
É fácil lembrar o exemplo argentino da Guerra das
Malvinas,
incapaz de enfrentar a "negação do uso do mar" imposta
pela
presença de um único submarino nuclear britânico,
impondo
uma área de exclusão ao redor do arquipélogo
invadido.
Além de asfixiar o suporte logístico às
forças
argentinas desdobradas na ilha, inviabilizou-se, também, a
utilização
do aeródromo, lá localizado, para a ação da
Força
Argentina.
4. CONCLUSÃO
Considerando a posição geográfica do Brasil, seu
imenso
litoral e sua ZEE, seu estado de desenvolvimento, a atual
situação
econômica, sua política externa e outros fatores citados,
nos
parece que a FORÇA AÉREA BRASILEIRA deva assumir a
responsabilidade
pela vigilância do espaço aéreo sobrejascente ao
mar
e pela vigilância aérea do Espaço Marítimo
de
superfície e submarino, além do limite da ZEE.
FAB e MARINHA deverão acordar como será feito o controle
aéreo
de suas aviações operando simultaneamente em áreas
sobrejascentes
ao mar, qualquer que seja a localização geográfica
em
que ocorram as
operações.
POSSÍVEL MODELO DE ATUAÇÃO DA
AVIAÇÃO DE PATRULHA
INTRODUÇÃO
A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EQUIPAGENS DA
AVIAÇÃO
DE PATRULHA – ABRA-PAT - é uma entidade civil de direito
privado,
que tem como associados Membros de Equipagem da Aviação
de
Patrulha reformados, da reserva e da ativa, independente de posto ou
graduação
e da função que tenham exercido, ou que exerçam, a
bordo
de Aeronave de Patrulha.
Tem como principais objetivos:
● Resgatar, preservar e divulgar a história da
Aviação de Patrulha no Brasil;
● Divulgar a evolução da Aviação de
Patrulha no Brasil e no mundo; e
● Colaborar com as Autoridades da FAB.
Sendo uma entidade civil de direito privado, sem vínculo formal
hierárquico
com qualquer órgão oficial da Força Aérea
Brasileira,
possui a liberdade de pesquisar, estudar e debater, no âmbito
interno
da Associação, qualquer assunto relativo ao passado, ao
presente
e ao futuro da Aviação de Patrulha, desde que não
haja
invasão da esfera de competência exclusiva das Autoridades
da
FAB.
As
ações
da ABRA-PAT obedecem a três princípios por ela
estabelecidos:
● A Ética;
● O Respeito pelas Autoridades da FAB; e
● O Amor que seus Associados dedicam à FAB, que alguns
Patrulheiros
ajudaram a nascer, outros ajudaram a crescer e muitos colaboraram para
seu
desenvolvimento e preservação
I
O Comandante da Aeronáutica em correspondência enviada
à
Associação declara que “divisa a ABRA-PAT como um foro
privilegiado
para os debates sobre uma nova concepção de
vigilância
do espaço aéreo sobrejacente ao mar”; e acrescenta “me
utilizarei,
sem restrições dos objetivos bem delineados da ABRA-PAT,
no
que concerne a uma melhor definição das necessidades para
a
vigilância do espaço sobreposto e da
preservação
de nosso mar territorial, fonte de inesgotáveis recursos”.
Foi constatado que as peculiaridades, as técnicas, as
táticas,
os sensores, os armamentos e até mesmo as aeronaves da
Aviação
de Patrulha são pouco divulgados e conhecidos no âmbito da
FAB.
Como conseqüência, nossa Força Aérea tem
adotado
uma postura de dar pouca atenção à
vigilância
do mar e à necessária articulação com a
Marinha
do Brasil. Quanto à vigilância do mar, essa postura
está
sendo modificada com a provável aquisição de
aviões
P-3.
Diante dos estímulos recebidos, a ABRA-PAT decidiu projetar um
Cenário
Estratégico do Atlântico Sul e apresentar um exemplo
possível
de modelo de atuação da Aviação de Patrulha
nesse
cenário, articulada com a Marinha do Brasil.
O presente trabalho é apresentado como subsídio a
eventuais
estudos que possam ser desenvolvidos relativos ao emprego da
Aviação
de Patrulha no Atlântico Sul.
Constitui uma síntese dos debates ocorridos durante a
realização
de um “workshop” em abril de 2001, com a presença de
representantes
da Marinha e da apresentação feita pela ABRA-PAT em maio
de
2001 no INCAER.
1.
CONSIDERAÇÕES:
1.1 ASPECTOS INSTITUCIONAIS
● “CONSTITUIÇÃO FEDERAL”
“As Forças Armadas ....destinam-se à defesa da
Pátria”.
● “POLÍTICA DE DEFESA NACIONAL”:
Item 3.3 “Objetivos da Defesa Nacional”:
“a. a garantia da soberania, com a preservação da
integridade
territorial, do patrimônio e dos
interesses
nacionais;”
“d. a salvaguarda das pessoas, dos bens e dos recursos brasileiros ou
sob jurisdição brasileira;”
“g. a contribuição para a manutenção da paz
e da segurança internacionais;”
Item 4 “Orientação Estratégica”:
“4.2- Para tanto, a presente política é centrada em uma
ativa
diplomacia voltada para a paz e em uma postura estratégica
dissuasória
de caráter defensivo...
4.3- A vertente preventiva da defesa brasileira reside..... e na
existência
de uma estrutura militar de credibilidade capaz de gerar efeito
dissuasório
eficaz”.
Item 5 “Diretrizes”:
“g. atuar para a manutenção de um clima de paz e
cooperação
ao longo das fronteiras nacionais, e para a solidariedade na
América
Latina e na região do Atlântico Sul;
o. aprimorar o sistema de vigilância, controle e defesa das
fronteiras,
das águas jurisdicionais, da plataforma continental e do
espaço
aéreo brasileiros, bem como dos tráfegos marítimo
e
aéreo;”
● “DOUTRINA BÁSICA DA AERONÁUTICA – DMA 1-1 de 06 AGO.
97”
Os itens 6, 7, 9 e seus subitens definem, com precisão, as
Operações
Aéreas, as Tarefas e Missões da Força Aérea
onde
estão detalhadas as ações previstas e as
responsabilidades
da Aviação de Patrulha. Por ser um documento oficial e
já
divulgado no âmbito da FAB, os citados trechos não
são
transcritos neste trabalho.
● AVISO MINISTERIAL Nº 4/GM4 de 27 DEZ 93, Exmo. Sr.
Ministro
da Aeronáutica ao Exmo. Sr. Ministro da Marinha:
“12. Considerando ..... é determinação da
Força
Aérea a manutenção da capacitação em
missões
anti-submarino e minagem aérea dentro da Tarefa Operacional de
Interdição
de um Teatro de Operações Marítimo e estudar, no
âmbito
da Força Aérea, a aquisição de uma aeronave
anti-submarino
(A/S)baseada em terra.”
1.2 ASPECTOS HISTÓRICOS
A primeira manifestação da Aviação de
Patrulha
no Brasil ocorreu em 1931, quando foi criada na Aviação
Naval
a “Primeira Flotilha de Bombardeio e Patrulha”, baseada na Ponta do
Galeão
da Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. Essa Unidade Aérea, ao
patrulhar
as proximidades do porto de Santos, durante a Revolução
Constitucionalista
de 1932, efetuou a primeira missão operacional da
Aviação
de Patrulha no Brasil.
Em 1939, logo após a conflagração da 2ª
Guerra
Mundial na Europa, a Aviação Militar do Exército
deslocou
uma Esquadrilha de seus aviões para Belém e outra para
Recife,
de onde foram realizadas missões de patrulhamento do litoral
Norte
e Nordeste durante cerca de 2 meses.
A FAB, criada em 1941 pela fusão da Aviação Naval
com
a Aviação Militar, iniciou suas atividades de Patrulha em
princípios
de 1942, quando vários navios mercantes brasileiros foram
torpedeados
por submarinos italianos e alemães junto ao nosso litoral. Foram
empregados,
de forma improvisada, os aviões existentes da época, em
sua
quase totalidade inadequados à missão.
Em 22 de maio de 1942 um avião B-25, recém-recebido dos
EUA
e que estava sendo empregado na adaptação de tripulantes
da
FAB, efetuou ataque ao submarino italiano BARBARIGO, que havia
torpedeado
o navio mercante brasileiro COMANDANTE LIRA próximo ao Atol das
Rocas.
Essa data passou a ser comemorada oficialmente como o DIA DA
AVIAÇÃO
DE PATRULHA.
Com a Declaração de Guerra aos paises do Eixo em 22 de
agosto
de 1942, o Brasil, como aliado dos EUA, foi beneficiado pelo “LEND AND
LEASE
ACT”, tendo recebido daquele país, gratuitamente, 28
aviões
A-28 HUDSON, 6 hidro-aviões PBY-5 CATALINA, 14 aviões
anfíbios
PBY-5A CATALINA e 14 aviões PV-1 VENTURA para serem empregados
no
patrulhamento das águas próximas ao litoral brasileiro.
Além
dos aviões, foram recebidos doutrinamento e treinamento,
ministrados
por uma equipe denominada UNITED STATES BRAZILIAN AIR TRAINING UNIT –
USBATU.
A partir desse treinamento, a FAB assumiu a responsabilidade de efetuar
o
patrulhamento de alguns setores do litoral e de proporcionar cobertura
aérea
de comboios nesses setores, pois seu nível operacional era
igual
ao da aviação da US NAVY. Próximo ao fim da guerra
recebeu
5 aviões PV-2 HARPOON, versão moderna do PV-1, os quais
não
chegaram a entrar em operação, devido ao término
do
conflito.
Após o término da guerra, a FAB interrompeu as atividades
da
Aviação de Patrulha e passou a empregar seus
aviões
em missões administrativas de transporte de pessoal e material.
Em 1946 transferiu do Galeão para o 1º Grupo de Patrulha.,
sediado
em Belém, os CATALINA do 2º Grupo de Patrulha. Devido a
deficiências
logísticas, em fins de 1948 nenhum desses aviões tinha
condições
de vôo
No início da década de 50 foram recuperados vários
desses
aviões, sendo posteriormente designados P-10 e PA-10 e
adquiridos
outros seis no Canadá. O 1º/2º G.Av. recuperou sua
capacidade
operacional e foi considerado Unidade Escola de Patrulha. Até
meados
da década formou várias turmas de equipagens de Patrulha,
quando
os aviões passaram a ser empregados em missões de
transporte
na Amazônia. Sofreram modificações estruturais e
tiveram
suas designações modificadas de P-10 e PA-10 para C-10 e
CA-10.
Ainda na década de 50 foram recuperados 5 aviões PV-1
VENTURA
e 2 PV-2 HARPOON, que se encontravam estocados no Parque de Recife, os
quais
foram lotados no 1º/7º G. Av., em Salvador, onde operaram
até
a chegada dos P-15 em 1959.
Nessa época o Brasil assinou um acordo com os EUA, pelo
qual
foi autorizada a instalação de uma
estação
rastreadora de satélites em Fernando de Noronha. Como
contrapartida
dessa autorização, os EUA ofereceram material militar
para
as Forças Armadas do Brasil. Para a FAB foi acordada a entrega
de,
entre outros aviões, um esquadrão de P-15 e um Grupo
Anti-Submarino,
constituído de um esquadrão de aviões P-16 e outro
de
helicópteros H-34.
O treinamento dos mantenedores e das equipagens dos P-15 foi realizado
nos
EUA, findo o qual os 14 aviões foram transportados para a Base
Aérea
de Salvador e iniciaram sua operação no 1º/7º
G.Av.
em 1959. Tratava-se de um avião projetado especificamente para a
missão
de Patrulha completa, incluindo minagem e anti-submarino.
Em 1960 seguiram para os EUA tripulações e mantenedores
dos
13 P-16 e dos 6 H-34 adquiridos. Os diversos cursos foram realizados em
diferentes
unidades, mas em princípios de 1961 todo o pessoal foi reunido
em
Key West, Florida, onde foram recebidas as aeronaves, passando
essas
a operar como um grupo, o Primeiro Grupo de Aviação
Embarcada
– 1º Gp. Av. Emb., unidade destinada a “guarnecer os
Navios-Aeródromos
da Marinha”.
Ao regressar ao Brasil, por razões alheias à vontade da
FAB,
o 1º Gp. Av. Emb. só passou a operar em conjunto com a
Marinha,
embarcado no porta-aviões MINAS GERAIS, a partir de fins de
1965.
Nessa época transferiu para a Marinha os helicópteros
H-34.
Com a incorporação dos P-15 e P-16, a FAB passou a dispor
do
que havia de mais moderno em termos de Aviação de
Patrulha,
compatível com a extensão do litoral brasileiro, com a
necessidade
de proteção das rotas marítimas e com a capacidade
de
atuação no teatro marítimo.
Desde então nossa Aviação de Patrulha realizou
várias
operações autônomas, participou de várias
operações
com a Marinha do Brasil, dentre as quais ressalta a denominada
“Operação
Lagosta”, e integrou, nas diversas “Operações Unitas”, as
Forças-Tarefa
Conjuntas, constituídas por Grupos-Tarefa Brasileiros,
Americanos,
Argentinos e Uruguaios, que empregavam navios e aviões de
Patrulha
de seus respectivos países. Os exercícios conjuntos
visavam
aprimorar as técnicas e táticas anti-submarino.
Esse foi um período áureo, durante o qual a
Aviação
de Patrulha da FAB se destacou dentre outras aviações
estrangeiras
e teve a oportunidade de operar, mais de uma vez, em defesa de nossas
águas
territoriais, de nossa plataforma continental e das riquezas nela
contidas.
Em 1978 os P-15 foram precocemente desativados. Com isso, a FAB perdeu
sua
capacidade de fazer-se presente a grandes distâncias do litoral,
em
caráter dissuasório, e de efetuar esclarecimentos
eficazes
na enorme área abrangida pela Zona Econômica Exclusiva
(ZEE).
Por outro lado, a capacidade Anti-Submarino ficou reduzida aos P-16, os
quais
tinham pequeno raio de ação e reduzida capacidade
bélica,
devido as suas características de aeronave embarcada.
Com a desativação dos P-16 em 1996, a
Aviação
de Patrulha da FAB, além de perder por completo sua capacidade
anti-submarino,
praticamente também perdeu sua capacidade bélica. Mas,
pior
do que essa perda material foi a perda de uma doutrina e da
experiência
acumulada durante décadas, patrimônio
técnico-operacional
esse que foi se diluindo com o tempo, pouco restando nos dias de hoje.
Atualmente
a FAB não possui em seus quadros nenhum Oficial Aviador que
tenha
participado do planejamento ou da operação de
aviões
de longo raio de ação, como eram os P-15.
Pode-se constatar que durante as quase 6 décadas de sua
existência,
a Aviação de Patrulha de FAB não tem recebido a
importância
devida, no que tange ao emprego de meios aéreos. Tem sido
relegada
a plano secundário, se comparada com a atenção que
tem
merecido as aviações de Caça e de Transporte.
Ao longo desse período a FAB adquiriu modernos (para a
época)
aviões de caça, tais como o F-8 GLOSTER METEOR, o F-103
MIRAGE
III, o F-5 TIGER e o A-1 EMBRAER AMX, e outros de transporte, tais como
o
C-130 HÉRCULES, C-115 BÚFALO,C-91 AVRO, C-95 BANDEIRANTE,
VU-93,
HS-125 e VU-97 LEARJET. Quase todos foram adquiridos com recursos
orçamentários
da FAB.
Apenas em duas ocasiões a Aviação de Patrulha
obteve
aviões modernos para a época e, mesmo assim,
graças
a acordos com os EUA, sem ônus para a FAB. A primeira ocorreu
durante
a 2ª Guerra quando, recebeu 28 aviões A-28 HUDSON, um
esquadrão
de 14 PV-1 VENTURA, 6 PBY-5 CATALINA (hidro) e um
esquadrão
de 14 PBY-5A CATALINA (anfíbio). Na segunda ocasião, como
decorrência
do “Acordo de Fernando de Noronha”, a FAB recebeu um esquadrão
de
14 aviões P-15 NETUNO e outro de 13 aviões P-16 A,
além
de 6 helicópteros H-34. A incorporação dessas
aeronaves
também não onerou o orçamento da FAB.
Posteriormente,
em 1976 foram recebidos mais 8 aviões P-16 E, esses adquiridos
à
US NAVY.
1.3 ASPECTOS GEO-POLÍTICOS
O Brasil é um país continental com grande extensão
de fronteira marítima.
O Brasil firmou em 1982 na Jamaica, junto com 54 paises, a
“Convenção dos
Direitos do Mar” que dispõe sobre a criação da
Zona de Economia Exclusiva.
A Marinha do Brasil decidiu ocupar o arquipélago de São
Pedro
e São Paulo, com a conseqüente expansão da ZEE e da
área
de influência política brasileira.
O Brasil procura aumentar sua influência visando intensificar seu
comércio
com países que confrontam geograficamente com o Brasil no
Atlântico
Sul, visando projetar sua influência nessa área. Nesse
sentido
no início da década de 70 enviou uma esquadrilha de P-15
a
Angola e outra a Portugal. Além dos objetivos políticos e
comerciais,
observou-se a intenção de demonstrar, de forma
dissuasória,
a capacidade da FAB de operar em quase todo o Atlântico Sul.
A área marítima de interesse estratégico para o
Brasil
estende-se do Trópico de Câncer até a
Antártica.
Nessa área existe um colar de ilhas, todas territórios de
países
do Hemisfério Norte.
Para efeito deste estudo foi considerada uma faixa de 200 milhas do
território
a partir do litoral, na qual está localizada a maioria das
capitais
estaduais, praticamente todo o parque industrial nacional, a maior
parte
da malha rodo-ferroviária do país, os principais portos,
as
mais importantes instalações militares da FAB e da
Marinha,
inclusive Bases Aéreas e Navais, Parques Aeronáuticos,
Estaleiros
e Sítios de radar para controle do tráfego aéreo e
da
Defesa Aérea. Com os modernos armamentos existentes,
considera-se
que toda essa aérea é passível de ataques
aéreos
vindos do mar, quer seja por meio de aviões ou por meio de
mísseis
lançados de unidades navais hostis.
1.4 ASPECTOS OPERACIONAIS
A FAB e a Marinha são responsáveis, em conjunto, pelas
operações
de vigilância do mar (Atlântico Sul).
Do ponto-de-vista operacional, a integração dos
planejamentos
entre FAB e MB é muito mais intensa nos níveis mais
baixos,
restrita às necessidades imediatas de apoio, além de
dependente
da ação pessoal dos indivíduos envolvidos. No
nível
de Estado Maior da Força, de onde derivam as doutrinas e os
planejamentos
de maior amplitude, há pouca interação entre as
Forças.
Aos olhos da oficialidade da FAB, o país só é
considerado
por seu território, e não pelo conjunto território
e
oceano. Não se atribui relevância estratégica
à
área marítima.
A FAB está desatualizada no que diz respeito a técnicas,
táticas,
equipamentos, armamento e aeronaves da Aviação de
Patrulha.
As atuais aeronaves P-95 são capazes de realizar poucas das
missões
de Patrulha; são praticamente desarmadas e incapazes de realizar
missões
com qualquer tempo.
A FAB não tem capacidade de realizar operações
anti-submarino.
Em função de acordos internacionais, a FAB tem a
responsabilidade
de prestar apoio e socorro (SAR) aos movimentos aéreos e
marítimos
que trafeguem na área sob sua jurisdição, a
qual
se estende desde nosso litoral até o meridiano 010º W, no
meio
do Atlântico Sul.
1.5 QUADRO ATUAL
Hoje a FAB apenas possui cerca de 20 aviões P-95
distribuídos
em 4 esquadrões. Esse avião, de fabricação
nacional,
é derivado do avião de transporte regional Bandeirante.
Possui
apenas 2 sensores e é capaz de levar até 6 foguetes com
cabeça
de guerra. A compra desses aviões foi feita sob a
alegação
de apoiar nossa industria aeronáutica.
Façamos uma comparação entre o P-95 de hoje e o
PV-1 de 1945:
|
P-95
|
PV-1
|
AUTONOMIA
|
7:00
|
6:30
|
SENSORES |
RADAR
|
MAE
/ RADAR |
ARMAMENTO
|
FOGUETES
70 mm |
8
FOGUETES HVAR 5 pol
2 TORPEDOS
BOMBAS
ILUMINATIVOS
PARAQ. ILUMINATIVOS |
Pode-se concluir que, em alguns aspectos, a Aviação
de
Patrulha regrediu para o nível que já havia atingido
há
55 anos atrás. Já a maior ameaça potencial, o
Submarino,
teve enorme evolução nesse período, inclusive com
o
desenvolvimento dos submarinos nucleares.
Atualmente a FAB está em processo de aquisição de
aviões
P-3 ORION, os quais, após revisão e
instalação
de modernos sensores, elevarão a Aviação de
Patrulha
da FAB a um nível de capacidade operacional compatível
com
as características geográficas do País, com o
teatro
marítimo no Atlântico Sul e com a posição
que
o Brasil desfruta entre as demais nações. Além
disso,
o P-3 é um avião “multimissão” com capacidade para
operar
quaisquer missões de Patrulha e em outras de interesse
específico
da Força Aérea.
2. BRASIL “PAÍS MARÍTIMO
2.1 SÍNTESE DOS FATOS
A área economicamente desenvolvida está praticamente
localizada
ao longo da costa brasileira com o oceano Atlântico,
caracterizando
uma faixa paralela que, nas áreas de maior
concentração
industrial, tem uma largura aproximada de 200 milhas. Ao longo desta
faixa
de área estão situadas as principais cidades e as
principais
indústrias do País.
A economia brasileira é dependente direta das “Linhas de
Navegação
Marítima” para a execução do comércio
internacional
e de parte expressiva do comércio nacional. Em valores, 95% do
comércio
internacional é realizado por via marítima,
avaliada
em mais de US $ 100 bilhões/ano. Para tal, mais de 26.000 navios
utilizam,
anualmente, os 13 portos principais do País. Só de
petróleo,
por ano, são importados 310 milhões de barris.
O Brasil depende de sua Plataforma Continental para a
exploração
de recursos minerais e energéticos, a qual responde por mais de
80%
da produção nacional de petróleo. A Plataforma
Continental
configura ZEE, cuja área totaliza 3.168.000km². Isso
representa
um adicional de responsabilidade de 40% a mais aos 8.512.000km² de
área
territorial em termos de segurança.
Em termos de compromissos internacionais, a área de
responsabilidade
SAR, que se estende da costa até o meio do Atlântico Sul
(meridiano
010 Wº), compreende uma área de 6.400.000 km2.
Este fato, de uma forma sintética, justifica a razão pela
qual
o Brasil é considerado um “País Marítimo”
2.2 NECESSIDADES PERMANENTES
Como “País Marítimo” o Brasil necessita de superioridade
marítima,
afirmação esta que obriga fazer algumas
considerações
sobre Poder Naval.
O Poder Naval é um componente do Poder Marítimo. Tanto o
Poder
Naval como o Poder Marítimo são definidos pela
Política
Marítima Nacional, que visa orientar o desenvolvimento das
atividades
marítimas visando a utilização efetiva, racional e
plena
do mar.
A efetividade do Poder Naval depende do desenvolvimento da capacidade
de
controlar o acesso às áreas marítimas consideradas
vitais
para o desenvolvimento do País. Portanto, cabe ao Poder Naval:
● garantir a integridade do mar territorial e da área
marítima sob jurisdição brasileira;
● defender os centros industriais litorâneos e/ou que se situam
próximos à costa;
● garantir a liberdade de exploração dos recursos do mar;
e
● garantir a liberdade de circulação das linhas de
navegação marítima.
● controle de área marítima;
● negação do uso do mar ao inimigo;
● projeção do mar sobre a terra; e
● contribuir para a dissuasão.
A Aviação de Patrulha é um importante meio de
exponenciação
do Poder Naval, além de ter capacidade de executar outras
missões,
em função das possibilidades tecnológicas dos seus
equipamentos.
A área marítima de interesse estratégico para o
Brasil,
por ser vital para o seu desenvolvimento, estende-se do Trópico
de
Câncer até a Antártica, abrangendo todo o
Atlântico
Sul. É nesta área, portanto, que a Superioridade
Marítima
do País precisa ser adequadamente exercida.
Como peculiaridade, a área do Atlântico Sul é
pontilhada
de ilhas que propiciam, a quem as domina, uma posição
estratégica
muito importante. Estas ilhas formam um colar que vai até as
Malvinas
e são todas territórios de paises do Hemisfério
Norte,
constituindo pontos de apoio ao longo de toda essa extensa área.
Porém, a aplicação do Poder Naval, para que a
Superioridade
Marítima seja exercida, irá depender do grau de
efetividade
na execução de determinadas tarefas, bem como da
capacidade
de desenvolver ações para a consecução
dessas
tarefas. O quadro, a seguir, caracteriza a relação entre
tarefas
e capacidades para que a Superioridade Marítima possa ser
exercida
nas situações de paz e de guerra.
3. A AVIAÇÃO DE PATRULHA EM
OUTROS PAÍSES
Durante vários anos existiu o conflito ideológico entre
os
países signatários do “Pacto de Varsóvia” e os
membros
da OTAN. Esse conflito, conhecido como “Guerra Fria”, era liderado, de
um
lado, pela União Soviética e de outro, pelos EUA.
A corrida armamentista entre os dois blocos resultou num enorme
desenvolvimento
dos submarinos, e, como conseqüência, no desenvolvimento da
Aviação
de Patrulha em ambos os blocos. Centenas de submarinos, cada vez mais
modernos,
foram construídos, muitos equipados com motores
diesel-elétricos
e outros, em menor número, com motores nucleares. Os
aviões
de patrulha de ambos os lados também foram submetidos a
sensíveis
aperfeiçoamentos, tanto estruturais como em seus sistemas
operacionais.
Os “Maritime Patrol Aircraft – MPA” se caracterizam por serem de grande
porte,
com grande autonomia (superior a 10 horas), equipados com
diversificados
sensores (eletro-magnéticos, acústicos, ópticos,
magnéticos),
capazes de transportar variados e numerosos armamentos (torpedos,
bombas,
foguetes, mísseis, minas) e fumígenos.. Cada vez se torna
mais
necessária a capacidade de detectar, identificar, localizar,
acompanhar
e atacar o inimigo nas profundezas dos oceanos, mesmo a grandes
distâncias
dos continentes e em quaisquer condições de tempo.
Face a desintegração da União Soviética e
ao
conseqüente término da Guerra Fria, essas enormes frotas,
tanto
de submarinos, como de aviões de patrulha, continuam a existir,
quer
em serviço ativo, quer estocados (mas prontos para entrar em
ação,
caso necessário).
Esse perigo potencial assume maiores dimensões na medida em que
países,
sem compromissos com a paz mundial e dirigidos por lideranças
fanáticas,
passaram a possuir essas armas com reais possibilidades de sua
utilização
em ações terroristas.
Atualmente existem, basicamente, quatro modelos de Aviões de
Patrulha
Marítima em operação em cerca de 25 países:
● TUPOLEV 142 M2: quadrimotor turbo-hélice, derivado do
bombardeiro de
mesma designação. Fabricado na Rússia, existem
hoje
mais de uma centena desses aviões equipando alguns países
da
extinta União Soviética. Não possuímos
informações
atualizadas e precisas sobre quais países operam tais
aviões,
suas bases e número de aviões.
● NIMROD MRA-4: quadri-reator derivado do avião de transporte
comercial
COMET IV. Fabricado na Inglaterra, existem atualmente 24 exemplares,
sendo
3 de Reconhecimento Eletrônico e 21 de Patrulha Marítima.
Por
razões logísticas e de disseminação de
informações,
todos os 24 aviões estão sediados na base aérea de
KINLOSS,
na Escócia.
● ATLANTIC: bimotor turbo-hélice projetado especificamente como
avião
de patrulha marítima. Fabricado na França pela DASSAULT
AVIATION,
cuja Aviação Naval possui 17 exemplares. Por
razões
estratégicas, 9 aviões estão sediados em LANN
BIHOUE
(Flotilha 23F), no Oceano Atlântico e 8 em NIMES-GARONS,
próximo
ao Mediterrâneo (Flotilha 21F).
● P-3 ORION: quadri-motor turbo-hélice derivado do avião
de
transporte comercial LOCKHEED ELECTRA. Fabricado, originalmente, nos
EUA,
tem hoje mais de 450 exemplares em operação em cerca de
15
diferentes países.
Países insulares (Grã Bretanha, Austrália, Nova
Zelândia,
Japão) ou com litoral de grande extensão (Canadá,
Estados
Unidos, França) mantêm sistemática vigilância
dos
mares empregando numerosos aviões de patrulha. Essa
vigilância
é feita em estreita articulação com as respectivas
Marinhas,
mesmo quando as aeronaves são operadas pela Força
Aérea.
4. POSSÍVEL MODELO DE
ATUAÇÃO
4.1 CONCEITO DE VIGILÂNCIA
Várias são as missões hoje previstas para a
Aviação
de Patrulha, conforme estabelecido pela doutrina básica do
Comando
da Aeronáutica.
A evolução tecnológica, entretanto, aponta para a
convergência
de várias delas, considerando que as modernas aeronaves,
principalmente
as de longo raio de ação, têm capacidade
multifunção.
Sendo assim, a aplicação do sistema de armas será
sempre
decidida em decorrência da obtenção e processamento
das
informações colhidas durante a missão em curso, ou
seja,
a partir do produto da Vigilância.
De modo objetivo, a Vigilância é o resultado da
gestão
integrada das informações, dos recursos humanos
envolvidos
e dos sistemas dedicados e/ou aplicados às ações
de
obtenção e processamento, aglutinando em um único
produto
todas as atividades que ainda hoje caracterizam as missões
de
Patrulha Marítima, Reconhecimento Aéreo, Cobertura,
Anti-Submarino,
Controle e Alarme em Vôo e Guerra Eletrônica.
A Gestão Integrada é, portanto, a chave do sucesso ,
podendo
ser realizada tanto a bordo da aeronave de patrulha como no Centro de
Comando
e Controle encarregado da condução das
ações.
A Gestão Integrada é importante porque a
concepção
moderna é de observação da atividade maior e
não
de uma situação. A partir daí são
realizadas
as análises, interpretações,
definição
e distribuição das informações, processadas
em
ciclos constantes e com velocidade, visando atender as necessidades de
objetivos
específicos, estes estabelecidos, muitas das vezes, durante o
desenrolar
das ações.
Em síntese, a técnica mais atual é possuir um
sistema
integrado que possibilite partir da observação global
para
as definições específicas, onde a simplicidade
estrutural,
a automação e a disponibilidade dos meios são
consideradas
os fatores de aceleração dos ciclos de processamento.
No caso em questão, para que haja sucesso na
aplicação
do Poder Naval e, portanto, capacidade de assegurar a Superioridade
Marítima
na área de interesse vital para o País, é
necessário
o desenvolvimento de duas atividades no nível de Comando:
● Inteligência – informações processadas ou,
simplesmente, produto da Vigilância; e
● Comando e Controle – gestão da Inteligência para reduzir
a
incerteza e dirigir adequadamente as Operações Militares.
Ambas atividades devem apoiar a Capacidade de Aplicação
do
Poder Aéreo e do Poder Naval no Teatro de
Operações
Marítimo e o Conhecimento Sistemático da
Situação
do Tráfego Marítimo, que sintetizam, respectivamente, as
tarefas
da situação de guerra e da situação de paz.
4.2 AERONAVE DE PATRULHA MARÍTIMA
Para realizar ações em proveito da Superioridade
Marítima,
mormente no caso de um País com grande área
marítima
de interesse estratégico, as Aeronaves de Patrulha
Marítima
necessitam atender determinadas características essenciais, a
saber:
● alta velocidade e longo raio de ação;
● grande capacidade de busca;
● sensores sofisticados para emprego em áreas marítimas e
multimissão
(ASUW, ASW, EW e SAR);
● sistema avançado de Comando, Comunicações e
Controle (C³); e
● armamento diversificado e fulmigênos em quantidade adequadas.
Para que as ações no “cenário da guerra de
superfície”
(ASUW) sejam atendidas é ainda necessário:
● radar de busca com alcance de, no mínimo, 200 milhas
náuticas;
● capacidade IFF;
● capacidade de fornecer imagens SAR/ISAR;
● processador tático; e
● visão EO/IR
Nas ações do “cenário da guerra anti-submarino”
(ASW)
é essencial a existência de Sensores e Processador
Acústico
e de Detector de Anomalias Magnéticas, assim como nas do
“cenário
da guerra eletrônica” (EW) é preciso ser capaz de coletar
dados
para a formação de inteligência sobre as
atividades
de comunicações (COMINT) e sobre a emissão de
outros
sinais eletromagnéticos (ELINT).
O armamento diversificado engloba torpedos, mísseis
ar/superfície e bombas de profundidade.
Em função das peculiaridades da área
marítima,
principalmente quanto à sua extensão e isolamento
operacional
das forças que lá atuam, a moderna aeronave de patrulha
agrega
a decisão de ação à sua capacidade de
vigilância,
razão pela qual é hoje considerada uma plataforma
multimissão.
Por este motivo, há necessidade de um avançado sistema de
Comando,
Comunicações e Controle (C³).
A atuação da Aviação de Patrulha
possibilita
exponenciar a capacidade dos meios da Força Naval no
exercício
da Superioridade Marítima, tanto nas ações de
guerra
como no cotidiano das ações de paz. Sendo assim, o
emprego
dos meios varia em função das possibilidades e interesses
de
cada país.
No caso brasileiro, o modelo de atuação da
Aviação
de Patrulha será decorrente dos seguintes fatores:
● do modelo de atuação da Marinha do Brasil, por ser ela
o seu principal “cliente”;
● do desdobramento das Forças Navais, com quem e/ou para quem
executará as missões ; e
● das características brasileiras, em especial a
posição
geográfica, o extensão da costa , a posição
das
áreas marítimas consideradas vitais para o
desenvolvimento
nacional e a dimensão da área oceânica de real
interesse
estratégico.
A Marinha do Brasil divide seus meios navais em Forças
Distritais e Esquadra.
As chamadas Forças Distritais são compostas de navios
destinados
à patrulha e ao socorro e salvamento, podendo, eventualmente,
apoiar
determinadas ações das forças navais.
A Esquadra, subdividida em Forças, é constituída
de
modo a realizar as tarefas básicas inerentes ao Poder Naval.
Além
disso, está concentrada em uma única localidade em
função
da sua concepção de emprego, isto é, quando
envolvida
em qualquer operação os navios são grupados e
organizados,
visando ao atendimento dos requisitos impostos pela missão
estabelecida.
Este conjunto recebe então a denominação de
Força
Tarefa e sua missão estará enquadrada em uma das tarefas
básicas
do poder naval ou em combinações delas, o que, em
última
análise, determinará a natureza e o número de
meios
que a compõe.
É fácil concluir, portanto, que é da Esquadra a
responsabilidade
de exercer a Superioridade Marítima em situações
de
guerra e de paz, assim como são as Forças Distritais
responsáveis
pelo patrulhamento constante da Zona Econômica Exclusiva (ZEE) e
dos
rios, estando para tal desdobrada ao longo da costa, na fronteira oeste
e
na Amazônia. Considerando os 7.408 quilômetros de costa
contínua,
a ZEE abrange cerca de 4.400.000 quilômetros quadrados de
área
para ser patrulhada.
As maiores preocupações nesta área estarão
por
conta do apoio à Marinha nas tarefas de exercer os direitos
brasileiros
sobre a ZEE, particularmente nas zonas pesqueiras, evitando sua
violação
por frotas de pesca de outros países, e nas áreas de
exploração
de petróleo. Somam-se a estes problemas a ameaça
constante
do contrabando, descaminho e outras atividades ilícitas, cuja
prática
é favorecida pela extensão da costa.
4.3 MODELO DE ATUAÇÃO
Um modelo de atuação é resultado da
concepção
de emprego das forças organizadas para atender um determinado
propósito.
Para atender o propósito de exercer a superioridade
marítima
na grande área de interesse vital para o Brasil, a
Aviação
de Patrulha deve ser empregada como elemento integrante das
ações
do Poder Naval. Deste modo, as aeronaves de patrulha marítima
deverão
ser sempre utilizadas em ações sistemáticas e
não
apenas em colaborações esporádicas ou
episódicas.
Sendo a Marinha responsável pela Aplicação do
Poder
Naval no TOM, assim como pelo Conhecimento Sistemático da
Situação
do Tráfego Marítimo, é também esperado que
haja
centralização dos processos de Inteligência e de
Comando
e Controle em um único sistema, visando possibilitar que todos
os
meios envolvidos pratiquem métodos e procedimentos comuns e
padronizados.
Experiência nesse sentido já existe pelo funcionamento do
SISDABRA/COMDABRA
que, por analogia, tem responsabilidades sobre a vigilância de um
espaço
igualmente vital para o País, o espaço aéreo
brasileiro,
com obrigações muito semelhantes às exigidas para
o
controle marítimo.
A necessidade de desenvolver métodos e procedimentos comuns e
padronizados
obriga, ainda, a integração dos meios das duas
Forças
para que a capacitação operacional seja comum em todos os
níveis.
Para cumprir a rotina das ações dentro da ZEE, a
Aviação
de Patrulha poderá usar aeronaves de configuração
simplificada,
haja vista que estarão, na grande maioria das vezes, cumprindo
missões
de apoio às Forças Distritais. Sendo assim, as aeronaves
completas,
com capacidade multimissão, deverão estar sempre
disponíveis
para as ações de engajamento da Esquadra, bem como
sediadas
o mais próximo possível dos meios navais com os quais
irão
operar.
É ainda importante considerar as seguintes áreas e
situações
sensíveis dentro da grande área marítima de
interesse
nacional, como base para o desenvolvimento dos processos conjuntos de
levantamento
de dados e análise, assim como de reação em
situações
de emergência e crise:
● Linhas de Comunicações Marítimas;
● Foz do Amazonas;
● Centro de Lançamento de Alcântara;
● Controle da exploração dos recursos da ZEE;
● Bacia de Campos e outras áreas petrolíferas;
● Rotas marítimas do Mercosul;
● Tráfego de drogas;
● Controle da poluição ambiental; e
● Busca e Salvamento.
As Linhas de Comunicações Marítimas geram uma
média
de 380 navios/dia, saindo ou vindo para portos brasileiros e
distribuídas
do seguinte modo:
● Rota do Oriente Médio, Ásia e África do Sul;
● Rota da América do Sul;
● Rota Centro Africana;
● Rota da Europa e Atlântico Norte;
● Rota do Caribe e América do Norte; e
● Rota Nacional de Cabotagem.
Ainda sobre as Linhas de Comunicações Marítimas,
convém
ressaltar a importância do chamado “saliente nordestino” por ser
uma
convergência natural das rotas das Américas, Europa e
Centro
Africana.
Quanto à área da Foz do Amazonas, observa-se que a
sustentação
da infra-estrutura e do comércio de toda região da
referida
bacia é dependente direta da via fluvial, sendo a foz o
único
meio de comunicação, em grande escala, com os demais
portos
nacionais e estrangeiros. Uma interdição aos movimentos
marítimos
nessa área provocará colapso em toda a região.
Por extensão, a área marítima fronteira ao Centro
de
Lançamento de Alcântara é também uma
área
sensível para a segurança nacional, por ser esta a
região
de maior concentração da capacidade aeroespacial
brasileira.
O controle da exploração dos recursos na ZEE, em especial
o
da exploração de petróleo na Bacia de Campos e em
outras
áreas petrolíferas, reveste-se de importância pela
forte
dependência do País em relação aos recursos
da
Plataforma Continental. A grande extensão da área e dos
pontos
vitais nela contidos, obriga a aplicação das Aeronaves de
Patrulha
Marítima como meio de multiplicação da capacidade
da
Força Naval, tanto em função da velocidade como da
mobilidade.
Embora o assunto já tenha sido abordado anteriormente, merece
realçar
a importância crescente da Rota de Cabotagem na área sul
do
País, não em função dos objetivos
exclusivamente
nacionais mas pelo significado que representa para a economia das
nações
participantes do Mercosul. O tema já é objeto de
exercícios
navais com as outras Marinhas da região, configurando uma
situação
de interesse para a aplicação da Aviação de
Patrulha
da FAB.
Do mesmo modo, preocupações crescentes quanto ao
Tráfego
de Drogas, Controle da Poluição Ambiental e demais
ilícitos
que possam afetar o Controle do Tráfego Marítimo
deverão
ser também objeto de emprego das Aeronaves de Patrulha, tanto em
missões
isoladas como no apoio direto às Forças Distritais.
Finalmente, quanto às ações de Busca e Salvamento
Marítimo,
as Aeronaves de Patrulha têm completa capacidade de
localização
do sinistro e coordenação do resgate em alto mar, tanto
em
função da configuração das aeronaves como
pela
qualificação de suas equipagens nos procedimentos com as
Forças
Navais.
Em síntese, o modelo de atuação eficaz será
aquele
resultante do desenvolvimento dos métodos e procedimentos
necessários
à aplicação da Aviação de Patrulha
no
exercício sistemático da Superioridade Marítima,
comprometida
com ações em áreas e situações de
possível
engajamento.
5. CONCLUSÃO
Não há dúvidas que a Aviação de
Patrulha
é missão e responsabilidade da FAB e que suas
ações
têm influência direta na capacidade estratégica do
Brasil
em relação ao uso do mar, bem como na garantia dos
interesses
nacionais no Atlântico Sul.
Constituída a partir das necessidades da 2ª Guerra Mundial,
realizou
ações de destaque na proteção de comboios
ao
longo da costa brasileira e no enfrentamento de submarinos inimigos,
tendo
encerrado este período perfeitamente equipada e atualizada.
Relegada a um plano secundário após o conflito, somente
recuperou-se
a partir dos anos sessenta, com a incorporação das
aeronaves
P-15 e P-16, fruto de expressivos acordos de cooperação
entre
países para a defesa conjunta da navegação
marítima
no Atlântico Sul.
Atuou, significativamente, na defesa dos interesses do país,
ressaltando-se
o contraditório episódio – “Operação
Lagosta”-
no saliente do Nordeste.
Embora o País tenha se tornado uma nação
industrializada,
dependente direta das Linhas de Comunicações
Marítimas
e do acesso ao mar para a exploração dos recursos
minerais
e energéticos necessários ao seu desenvolvimento, mais e
mais
se verifica a desarticulação entre a
Aviação
de Patrulha e as Forças Navais, gerando prejuízos
significativos
para a vigilância marítima. Sua capacidade atual é
preocupante,
tanto em qualidade como em quantidade de meios.
Países outros , igualmente “marítimos” por serem
dependentes
do acesso ao mar, operam aeronaves de patrulha marítima
completas,
com capacidade multimissão, além de praticarem modelos de
atuação
de perfeita integração operacional entre os meios
aéreos
e navais.
Um possível modelo de atuação para a
Aviação
de Patrulha da FAB deve considerar a ação
sistemática
de vigilância sobre a área marítima, a
centralização
do Comando e Controle no exercício da Superioridade
Marítima,
a integração de meios para a capacitação
comum
das equipagens de aeronaves e das tripulações de navios,
além
da priorização de áreas e /ou
situações
sensíveis para que métodos e procedimentos padronizados
sejam
desenvolvidos para ação das forças
envolvidas.
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