CSAR na FAB

 

A FAB está amadurecendo suas capacidades CSAR com a atualização dos meios e em treinamentos específicos para operações CSAR. A FAB opera três helicópteros de resgate. O H-1H Sapão, o H-36 Caracal e os H-60 Blackhawk.

O esquadrão 7º/8º GAv (Harpia) de Manaus usa os H-60L desde 2006 e o 7º/8º GAv (Pantera) de Santa Maria opera desde 2001. O Pantera é uma unidade de combate que realizar missões de CSAR, transporte logístico, interceptação, escolta, ataque e patrulha aérea de combate. Pode realizar missões de ataque em proveito da superioridade aérea e forças no solo. Nas missões ar-ar treina mata-pato atirando com a Minigun contra uma biruta. O esquadrão mantém alerta SAR H24 e de defesa aérea H24.

Nas operações CSAR, os H-60 do Pantera atuam em dupla com um helicóptero para resgate e outro armado para escolta. O esquadrão tem interesse em dotar seus Blackhawk com canhões frontais, metralhadoras laterais e mísseis de disparos frontais no ESSS, além de torreta FLIR e sistemas de autodefesas. Sem sistemas defensivos, os H-60 só tem capacidade de resgate em cenários de baixa intensidade.

O H-60 leva dois pilotos, dois tripulantes e três homens de resgate. A capacidade de carga é de 1,5 toneladas por saída. A primeira missão de resgate do H-60 foi o acidente do Boeing 737-800 da Gol em setembro de 2006.

Metralhadora Minigun que equipa os H-60 da FAB. Em 2014, a FAB pediu três UH-60M para os EUA por US$ 145 milhões. O contrato incluiria 12 Minigun.

O H-36 Caracal é a aeronave CSAR mais capaz da FAB. Recebeu sonda REVO, FLIR e sistemas defensivos completos, blindagem e Supressor de Radiação Infravermelho (JDD – Jet Dilution Device). O H-36 pode realizar CSAR a noite e a grandes distâncias. O PLS (Personnel Locator System) permite manter contato com o rádio do piloto abatido. O farol de busca spectrolab auxilia as missões de busca a noite.

O H-36 já opera no Esquadrão Falcão (1º/8º GAv), sediado em Belém, desde 2011. O H-36 Caracal irá operar na Ala 12 da FAB, em Santa Cruz (RJ) com o 3º/8º GAv Esquadrão Puma. Em 1986, o Puma recebeu os CH-34 Super Puma e a partir de 2015 foram substituídos pelo H-36.

A MB recebeu os UH-15A com capacidade CSAR em cenários de média a alta intensidade. Serão três aeronaves com capacidade semelhante aos H-36 da FAB.
 

Os sistemas defensivos do Caracal incluem RWR, LWR e MAWS. Os sensores estão instalados na traseira da carenagem do trem de pouso principal

Algumas notícias citam que a FAB selecionou o canhão Nexter SH 20 de 20 mm para equipar os H-36 Caracal. Uma arma potente é necessária para as missões CSAR pois costumam ter que realizar apoio aéreo aproximado para as tropas do PARASAR operando em terra.

 

O esquadrão 2º/8º GAv (Poti) de Porto Velho opera com os helicópteros de ataque AH-2 Sabre. O Esquadrão Poti tem como tarefa principal a Superioridade Aérea. Quando operava com os Esquilos fazia também missões de CSAR. A Unidade é treinada para realizar combates contra helicópteros e aviões, emprego ar-solo e ar-ar e realiza a Escolta nos pacotes de CSAR, Interceptação, além da Patrulha Aérea de Combate.

A Tarefa Operacional de Superioridade Aérea: Interceptação, Ataque, Escolta, PAC (Patrulha Aérea de Combate) e demais missões da Tarefa Operacional de Apoio ao Combate, além de executar as chamadas Operações Especiais: infiltração e exfiltração de tropas (utilizando as técnicas de Rapel, pouso de assalto e McGuire), busca e salvamento (SAR) e busca e salvamento em combate (C-SAR) tanto na selva como no mar.

AH-2 Sabre da FAB podem participar das missões de CSAR realizando escolta.

Os Esquilos do Poti realizavam missões CSAR com um grande pacote para compensar a pequena capacidade da aeronave.

 

O Esquadrão Pelicano é um esquadrão especializado em operações de resgate. É o único esquadrão da FAB que usa dois vetores (helicóptero e avião) em suas operações. Os pilotos são operacionais em ambos. O Pelicano ainda opera com o H-1H "Sapão" armado com foguetes e metralhadoras nas operações de resgate.

A aeronave mais nova do Pelicano é o SC-105 Amazonas. Realizou sua primeira missão dois meses após entrar operação no resgate do Airbus A330 do voo AF447. A aeronave saia de Natal e voava por 12 horas, sendo 4 na área de busca. Voava todo dia.

O Pelicano operava com o SC-95B Bandeirante até 2010 quando foram substituídos pelo SC-105. Os cinco SC-95B Bandeirante substituíram 14 aeronaves SA-16 Albatroz. Os SC-95 faziam SAR e EVAM.

As vantagens com a nova aeronave foram grandes. O Bandeirante tinha autonomia de 5 horas contra 10 horas do SC-105. O SC-105 tem o dobro do alcance (450 x 1035 milhas). O SC-105 permite levar mais cargas como botes salva-vidas. Por ser pressurizado pode dar mais conforto e aumentar o alcance. Leva mais tripulantes (8 x 10) com mais espaço e conforto. Além da tripulação básica, o SC-105 pode lançar mais pára-quedista do PARASAR. Geralmente só leva dois PARASAR. O piloto automático deu mais precisão nas missões de busca quando usa perfis de busca SAR como quadrado crescente, pente, rotas paralelas e por setor.

Os dois últimos C-105 do lote inicial vieram com kit SAR com janelas maiores e um palete SAR com duas cadeiras e armário de equipamentos. O kit Kit MA-1 lançador de bote pode ser instalado em 5 minutos. Leva dois botes, três fardos com viveres e equipamentos de sobrevivência. Em operações sobre a terra não precisa dos botes e só é lançado fardos de 40 kg.

Foi adquirido um lote adicional com 3 aeronaves de uma versão dedicada e mais capaz do SC-105. A aeronave foi equipada com datalink, FLIR, PLS, e sistema de comunicações por satélite seguro. Recebeu sistemas defensivos como o alerta de mísseis, capacidade noturna com NVG, um radar MAWS, radar 2022V3 semelhante ao usado nos P-3AM. A nova versão tem quatro janelas tipo bolha para observação. Além da função de SAR, a aeronave pode fazer vigilância marítima.

O esquadrão faz outras missões típicas da aviação de transporte como assalto aeroterrestre, infiltração e exfiltração aérea, ressuprimento aéreo, transporte aéreo logístico e EVAM. Nas missões de EVAM o SC-105 pode levar duas UTI móveis e até 27 macas.

Antes da chegada dos SC-105, a FAB usou os C-130 Hercules com kit SAR para realizar missões SAR no mar com maior alcance.

O SC-105 pode ser usado em missões de transporte logístico e por isso usa camuflagem tática. O SC-105 é um C-105A com duas janelas de observação em forma de bolha. Na missões SAR a aeronave recebe um Kit SAR removível. Já o SC-105A é baseada no C-295 MPA com sistema tático FITS, SATCOM, FLIR Wescam MX-15 e radar EL/M-2022A, podendo realizar também missões de inteligência eletrônica, patrulha naval e reconhecimento

Palet SAR instalado em um C-105 para missões de SAR.

Um H-1H durante uma missão CSAR. A aeronave está armada com lançadores de foguete e metralhadoras laterais.

Detalhes dos equipamentos de resgate levados no H-1H. Inclui o guincho de resgate. O Sapão FAB em alerta SAR H-24 opera com 2 pilotos, 1 mecânico, 1 operador de equipamentos especiais, 2 homens de resgate e 1 médico. O Sapão também realiza infiltração e exfiltração de tropa, EVAM, SAR e socorro em voo.
 

 

A-29

Os A-29 Super Tucano dos esquadrões Escorpião, Grifo e Flecha podem fazer RESCORT de helicópteros de CSAR. Estão equipados com duas metralhadoras 12,7mm e podem levar até 1,5 toneladas de armas. Podem operar a noite com NVG e alguns estão equipados com FLIR para designar alvos para bombas guiadas a laser.

Os A-29 precisam de uma modernização de meia vida para poder operar em cenários de maior ameaça que podem ser encontrados em uma missão de CSAR atrás das linhas inimigas, realizando missão de RESCORT. Pelo menos parte da frota poderia ser equipada com recursos mais sofisticados para os cenários mais difíceis.

A prioridade seriam os sistemas defensivos como alerta radar (RWR), alerta laser (LWS), alerta de aproximação de mísseis (MAWS) e alerta de fogo hostil (HFI). Os sistemas podem ser padronizados com os já usados pelo A-1M. Os A-29 já estão equipados com lançadores de chaff e flare.

Alguns A-29 já contam com uma torreta Star Safire II. A torreta FLIR permite visualizar o evasor a grande distância e a noite, vigiar os arredores, e acompanhar os helicópteros de resgate com os sensores trancados na aeronave. A torreta também permite designar alvos com o apontador laser ou com o designador laser para apontar armas guiadas a laser.

As operações de CSAR são realizadas preferencialmente a noite para dar maior segurança aos helicópteros de resgate que são muito vulneráveis. Os A-29 já contam com óculos de visão noturna e poderiam receber um FLIR de navegação (NavFlir) semelhante ao usado pelo A-1M modernizado.

Um telêmetro laser como os que já equipam os ALX colombianos pode melhorar a pontaria de armas não guiadas. A precisão no disparo de bombas burras em mergulho chega a atingir um CEP de 5 metros, semelhante as modernas bombas JDAM.

Uma mira no capacete (HMD) ajudaria na aquisição rápida de alvos e apontar sensores como o FLIR. A FAB já usa o DASH nos seus F-5EM.

Novas armas como foguetes guiados a laser e bombas guiadas a laser podem ser úteis nas missões CSAR. Os kits de guiamento Lizard já estão em uso nos AMX da FAB. As bombas Paveway são a arma padrão dos F-16 de CSAR da USAF. 

Os A-29 do Afeganistão receberam um kit de blindagem externa do lado da cabina.

Casulo com alerta de mísseis e lançadores de contramedidas. É uma opção para equipar rapidamente os A-29 da FAB com sistemas defensivos modernos. Só seriam instalados se necessário.

 

REVO

O Brasil tem um território gigante e o alcance das aeronaves de CSAR tem que ter como requisito fundamental um bom alcance e grande autonomia.

Os H-60 não tinham autonomia de combustível para chegar ao local do acidente do avião da Air France, a cerca de 700 km de Fernando de Noronha. O H-60 pode voar por seis horas e raio de 500 km com meia hora no local do resgate. Os Super Puma tinham alcance semelhante.

Os helicópteros precisariam de apoio de um navio para servir como base avançada e reabastecimento, com capacidade de receber um helicóptero de 10 toneladas. O navio pode fazer o resgate de material, de vítimas ou de sobreviventes e o H-60 pode fazer a extração utilizando o guincho.

Os novos H-36 Caracal estão vindo equipados com uma sonda REVO e podem fazer REVO nos dois KC-130 da FAB. Futuramente o KC-390 terá esta capacidade.

Parte da frota dos H-36 Caracal da FAB receberão sonda REVO para realizar missões CSAR.

Um Caracal francês realizando REVO em um KC-130J.

A FAB já treina o uso de postos avançados de reabastecimento para testar o apoio logístico das aeronaves em rota nos pontos de apoio a missão, dentro do teatro de operações. Uma equipe localizada estrategicamente no terreno utiliza tonéis de armazenamento de combustível para o reabastecimento dos helicópteros no solo garantindo o aumento de sua autonomia. Os helicópteros recebem o combustível e prosseguem na missão.

A FAB planeja instalar nos AH-2 Sabre os reservatórios de combustível de borracha/kevlar desenvolvidos para uso nos UH-1H que ficam conectados direto na bomba de combustível. O reservatório daria uma autonomia ao Sabre semelhante aos Caracal e Blackhawk.

Atrás do tripulante deste H-60 é possível ver um tanque extra na cabina traseira. O Caracal também leva um tanque alijável na cabina traseira.

Tanque extra instalado nos H-1H da FAB logo atrás do tripulante traseiro.

 

Treinamento

A FAB treina o uso de um “pacote” de aeronaves nas missões CSAR. O componente aéreo pode ser composto de helicópteros, aviões e VANT. Em 2014, foi ralizado o primeiro exercício CSAR com NVG usando o Caracal, o UAV Hermes e o A-29.

Os helicópteros atuais usados na missão de resgate são o H-36, H-60 e o AH-2. O H-36 e o H-60 tem função principal de resgate. Os AH-2 Sabre fazem escolta e proteção das aeronaves de resgate. Pode realizar apoio aéreo aproximado em caso de confrontação com forças hostis no terreno. O SABRE Pode ainda prover combate aéreo limitado e realizar antes do resgate, a “varredura” na local de pouso com uma passagem baixa para atrair eventual fogo de solo desviando a atenção da aeronave de resgate. 

Nos treinos, o número de helicópteros pode variar com o mínimo de dois (transporte e escolta), três (2 de transporte e 1 de escolta ou vice-versa) ou quatro aeronaves sendo duas de cada tipo. Quanto maior o nível de hostilidade, maior o número de aeronaves envolvidas para aumento das chances de sucesso. Os pacotes podem ter formação de quatro aeronaves: Caracal(2)/Blackhawk(2), Blackhawk(2)/Sabre(2), Sabre(2)/Caracal(2) e Blachawk(4), acontecendo ainda voos do Super Puma(1) com o Sabre(1) na escolta.

O A-29 Super Tucano faz a cobertura aérea do pacote em altitude mais elevada e a distâncias maiores em relação aos helicópteros de escolta. Os H-60L do Pantera também fazem a escolta e proteção das aeronaves de resgate. Com cobertura mais ampla por elemento de A-29, o acompanhamento e monitoramento do terreno em tempo real pode ser feito por VANT.

O treinamento inclui Navegação à Baixa altura (NBA), Navegação Entre Obstáculo (NOE), emprego real de metralhadoras nas laterais dos helicópteros, missões de infiltração e exfiltração de combatente com rapel, mcguire (transporte de pessoal em corda), e içamento na Terra.

Nos treinos foi testado o datalink nos H-36 do 1º/8° GAv “Falcão” equipados com rádios Rohde & Schwarz XM6313 série MR6000R, com SECOS(Secure Communication System), Sistema de Comunicação segura, capaz de operar em VHF/UHF podendo enviar e receber dados com EPM( Electronic Protection Measures), Proteção Eletrônica de Mensagem, com salto de frequência.

De acordo com a intensidade do conflito a FAB pode forma um "pacote de ataque" para a realização deste tipo de missão. Os A-1M e F-5EM fazem o RESCAP (Patrulha Aérea de Combate e Salvamento). Também podem participar do pacote outras aeronaves como os E-99 de alerta aéreo antecipado, os KC-130 de REVO, os R-35 Learjet de reconhecimento meteorológico, e os C-130 Hercules levando suprimentos para as pistas de dispersão.

Um pacote CSAR com dois H-60 de resgate e um AH-2 Sabre de escolta.

 


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