Operações de Busca e Salvamente de Combate - Segunda Guerra Mundial

 

O primeiro regaste aéreo ocorreu na guerra franco-prussiana, em Paris, em 1870, quando a França utilizou balões observadores para retirar 160 soldados dos bombardeiros realizados pelas tropas de Bismark.

Na Primeira Guerra Mundial, a Royal Navy criou o Armoured Car Section com blindados Rolls-Royce. Usavam os blindados para buscar aeronaves derrubadas em território inimigo. Atuaram no mediterrâneo e oriente médio.

Na Primeira Guerra Mundial as operações de resgate eram inexistentes. Os pilotos eram encorajados a voltar para as próprias linhas a pé. As aeronaves da época tinham curto alcance e as distâncias podiam ser realmente curtas.

Desde 1935 que a Luftwaffe tinha um grupo de lanchas E-botes em Kiel e uma função era o resgate de pilotos no mar. Em 1939, o Seenotdienst (serviço de resgate aéreo marítimo) tinha 30 hidroaviões He-59 adaptados para resgate com paramédico, equipamento de socorro e aquecedor. Eram pintados de branco e tinha uma cruz vermelha indicando que era de resgate.

No fim de 1939, os He-59 eram usados para resgate no mar e incluía os tripulantes da RAF derrubados durante interceptações no mar do norte. Passaram a usar os hidroaviões como spotter de navios e depois foram avisados que seriam derrubados.

A unidade foi transferida para a Dinamarca e Noruega para ficar próxima das áreas de operação. Em 1940, outros destacamentos foram instalados na França e Holanda e usaram hidroaviões capturados. Operavam com o He 59-2 e o Arado AR 196.

Os alemães usaram caças-bombardeiros Messerschmitt 110 para dar cobertura para os seus hidroaviões em missões de resgate.

As bóias fixas "Sea Rescue Float" podiam levar quatro pessoas com comida e água. Os dois lados usavam e eram checados pelos dois lados por sobreviventes e ressupridos regularmente. 

 

CSAR na RAF


A RAF iniciou suas operações de resgate com lanchas rápidas HSL para resgate e aeronaves do esquadrão derrubado para buscas. No primeiro ano da guerra, a responsabilidade das operações de busca e resgate era da base de onde a aeronave operava. As operações eram realizadas sem coordenação. Em março de 1940 foi criado um canal de rádio dedicado para auxiliar as buscas.

Após a Luftwaffe iniciar o uso de uma cadeia de embarcações de resgate no Canal que as aeronaves passaram a ser usadas e foi criado um serviço especializado.

Após a perda de 220 tripulantes no mar, a maioria nos últimos 21 dias de julho de 1940, a RAF passou a se preocupar com a reposição dos pilotos abatidos e uma medida era o resgate das tripulações abatidas. Foram 213 caças perdidos apenas em 10 dias em agosto de 1940 com a produção de pouco mais de 100 no mesmo período. Foram 154 pilotos perdidos com apenas 63 pilotos formados.

A Royal Navy apoiou com hidroaviões e a RAF com 12 Lysanders em agosto de 1941. Usavam as lanchas HSL para resgate.

Em 22 de agosto, os Lysander passaram para o controle do comando de caças. Em outubro eram quatro esquadrões especializados com 36 Lysander. Faziam busca a até 20 milhas da costa. Eram chamados de marinha da salvação.

O Lysander era lento e tinha boa autonomia para busca. Lançava ajuda para os pilotos derrubados, mas não pousava na água. O Lysander não podia levar o equipamento resgate Lindhome e recebeu equipamento próprio. Eram quatro botes tipo M, flares, comida e água em uma valise dentro de containers nas asas.

Um Lysander atuando com uma lancha de resgate no canal da Mancha.

Instalação de containers de salvamento no Lysander.

Um Hurricane de um esquadrão de resgate com tanques de longo alcance.

O Air-Sea Rescue foi criado em fevereiro de 1941 para coordenar os resgates no mar de aeronaves e tripulantes. Antes do verão de 1940 era raro salvar pilotos derrubados. De fevereiro a agosto de 1941 foram 1.200 tripulações derrubadas e 444 recuperados.

O frio no canal levava rapidamente a morte dos pilotos abatidos e queriam usar um hidroavião. O Walrus foi a resposta. Em maio de 1941 ocorreu o primeiro scramble do Walrus. Em mar agitado era difícil decolar, saltando muito. Então navegava até a costa lentamente com os tripulantes resgatados. Afundavam os botes salva vidas dos pilotos resgatados para evitar alarmes falsos posteriormente.

Em 1942, os Lysander passaram a ter problemas de peças reposição. Os Lysander foram substituídos pelos caças Paul Defiant que era usado como caça noturno e tinha sido substituído pelo Beaufighter. O Defiant era rápido para chegar na área de busca e podia se defender. Lançava kits de sobrevivência e escoltava o Walrus. Podia ter escolta de caças Spitfire se operasse próximo da costa inimiga. Em abril de 1942, a maioria dos Defiant foi substituído pelos Spitfire IIa.

Em setembro de 1942, a USAAF passou a coordenar as operações de resgate com a RAF no Atlântico Norte. Passaram a treinar os tripulantes das aeronaves em caso de serem derrubados ou caírem. Antes da guerra a USAAF concentrava a responsabilidade dos resgates nos comandantes locais, usando aeronaves do próprio esquadrão e sem nenhum treinamento.

Em 1944 havia muitas lanchas HSL e começaram a usar lifeboat aéreos (bombardeiros lançando botes salva-vidas). Após o desembarque na Normandia, os caças e bombardeiro passaram a usar bases no continente e evitavam sobrevoar o mar.

A USAAF cruzava o canal pelo menos quatro vezes por dia com suas forças de B-17. O Air-Sea Rescue teve que crescer rápido. Em 1943, apenas 28% das tripulações derrubadas na água foram resgatadas e a USAAF teve que desenvolver um serviço próprio. Na primavera de 1944, chegou a 40% de resgates das tripulações derrubadas.

Em abril de 1944, a 8ª Força Aérea tinha 25 caças P-47 de modelos mais antigos usados para resgate com casulos de botes salva-vidas e marcadores de fumaça. Eram parte do 5º Emergency Rescue Squadron. Depois recebeu o OA-10A Catalinas no fim de 1944 e o SB-17H Dumbo antes do fim da guerra.

O Catalina era ideal para busca e resgate. Era lento, mas era ideal para as operações de busca. O raio de ação era curto e só pousava em mar calmo. O SB-17 Dumbo foi a solução com o lançamento de um bote por pára-quedas equipado com água, comida e roupas. O bote tinha um motor que permitia atingir 8 nós e alcance de 500 milhas. Primeiro passou a operar em abril de 1945. Ficava na espera do retorno das incursões dos bombardeiros contra a Alemanha. Tinha o dobro do raio de ação dos Catalina. 

No fim de 1944, chegou a 90% de resgate das tripulações caídas na água. Era uma média 50 resgates por mês. No total foram 6 mil resgatados ao redor da Inglaterra e outros 300 alemães salvos. Em território ocupado era raro salvar tripulações derrubadas. Eram estimulados a voltar a pé para as próprias linhas ou entrar em contato com a resistência local.

As operações de resgate no Mar Mediterrânea eram mais complicadas pois o cenário era mais extenso que o Mar do Norte. O Reino Unido tinha quatro esquadrões de resgate no local no meio de 1944. A USAAF iniciou as operações de resgate na região no meio de 1943 com cinco Catalinas. Chegou a um esquadrão com nove Catalinas, dois Stinson L5 e três B-25G.

 

Teatro do Pacífico

As operações de resgate no Pacífico eram bem mais complicadas e o Japão controlava a maior parte da região. Os hidroaviões Catalinas da US Navy, apelidados de Black Cat devido a cor escura, eram usados para patrulha marítima de longo alcance, ataque anti-navio e resgate.

O US Army não tinha meios de resgate no local e usava meios da US Navy. Em 1943, foi criado o 2º ERS (esquadrão de resgate) com o Catalina que salvaram mais de 500 tripulantes até 1945. Depois a força cresceu para dois esquadrões. Os resgates chegaram a 1.841 no total sendo que metade eram tripulantes de B-29.

As aeronaves anfíbias da Segunda Guerra Mundiais eram os meios ideais para busca e salvamento como o Catalina. Dumbo era o apelido das missões de resgate. Os pilotos derrubados usavam o código "mayday mayday dumbo" para chamar o resgate. Resgatava marinheiros e tripulantes no mar. Também faziam evacuação médica da frota. 

Em alguns resgates tinham escolta de caças se operassem próximo ao inimigo, chamado "dumbo escort". Após falhas em alguns resgates colocaram os Dumbo próximos das batalhas, mas era arriscado. Tinham escolta pesada de caças pois eram valiosos. Depois dos ataques todos escoltavam o Dumbo e nunca perderam um.

Tiraram uma metralhadora lateral dos Catalinas para facilitar os resgates e tinham menos tripulantes. Depois de alguns ataques rearmaram a aeronave. As técnicas de busca e varredura considerava a velocidade, e eram do tipo paralelo, crosswinder e cruza vento paralelo. Lançar fumaça era necessário para detectar as tripulação abatidas pois eram muito difíceis de visualizar em mar mais agitado.

As missões de busca e resgate era considerada uma missão gratificante. No início era organizada e conduzida de forma não planejada, usando o que estava disponível. A USAAF não estava bem equipada e a US Navy estava mal treinada. Os esquadrões de patrulha da US Navy passaram a fazer missões de resgate antes da criação dos esquadrões de resgate dedicados. No Pacífico era necessário mais devido as grandes distâncias. O uso de transporte aéreo de longo alcance era outra necessidade. No Atlântico Norte era mais difícil pousar com aeronaves anfíbias.

Os esquadrões de resgate da USAAF apareceram Pacífico no fim de 1944 com o PBY-5 chamado de OA-10A. Não operam todos na mesma base, mas em destacamentos pequenos. Mudam frequentemente e rápido de posição.

Os Catalinas eram apoiados pelos SB-17 e SB-29 chamados de "Superdumbo". Voar sobre a água era frequente e comum no teatro do Pacífico. No Pacífico as distâncias eram maiores e usaram o SB-29 para escolta de resgate de longo alcance acompanhando as incursões dos B-29. Podiam lançar botes salva-vidas, rádios, comida e água. Os PV2 Ventura era outra aeronave numerosa usada para busca e salvamento. Também faziam "dumbo submarino" e "dumbo destroier".

Após novembro de 1944, foram 1.210 tripulantes derrubados operando nas Mariana sendo 654 resgatados. Os equipamentos de sobrevivência melhoraram de qualidade lentamente.

Os SB-17 e SB-29 levavam os botes de resgate Higgins type A-1 com 8,2 metros de comprimento, levava até 12 pessoas e rações para 20 dias. Tinha uma velocidade de 15 km/h e alcance de 800km.

Arte de aviação mostrando o resgate de um piloto abatido próximo a costa por um Catalina.

 

Lifeguard

Em agosto de 1943, a US Navy criou as "Task Forces" para atacar as ilhas japonesas no Pacífico. No planejamento das incursões incluía o problema de resgatar pilotos que caíssem no mar. Resolveram estacionar um submarino próximo de cada ilha alvo para resgate. O submarino podia patrulhar após ataque ser realizado. O resgate virou uma missão secundária depois de afundar os navios japoneses. A missão era chamada de "lifeguard".

O primeiro ataque foi contra Wake no dia 6 e 7 de outubro. O USS Skate realizou vários resgates. Foi metralhado logo após emergir no dia 6 de outubro. Chegou a se aproximar da praia para pegar os pilotos derrubados. As aeronaves ajudavam na busca e direcionavam o submarino.

O USS Tang, operando ao redor da ilha Truk, chegou a ser atacado por bateria costeira durante um resgate e respondeu com tiros dos seus canhões. O local não permitia a imersão. Resgatou 22 de 35 pilotos abatidos na região sendo que 13 derrubados dentro do Atoll não puderam ser resgatados.

Os submarinos passaram a ter escolta de caças para operar na superfície. Os caças também ajudavam a localizar sobreviventes, protegiam os submarinos de ataques, e preveniam caças amigos de atacar o submarino. Os próprios caças voando acima do submarino eram uma referência para guiar as aeronaves com problemas em direção ao submarino antes de saltar ou pousar no mar.

O USS Stingray operou em junho de 1944 ao redor de Guam. Por uma hora tentou puxar um piloto pelo periscópio que estava sendo atacado por baterias na costa. Um ataque aéreo das escoltas de caça calou as baterias. 

O USS Finback apoiava ações na ilha de Bonin. Um dos pilotos resgatados era o futuro presidente George Bush que viu o periscópio a 15 milhas da praia.

No total foram 503 pilotos resgatados pelos submarinos da US Navy. Virou a missão principal dos submarinos no Pacífico.

Resgate do futuro presidente George Bush pelo USS Finback.

 

CSAR no CBI

Em maio de 1945, o 8o ERS operando no teatro da CBI (China-Burma-Índia), recebeu os helicópteros R-4 e R-6. Já usavam os C-47 e aeronaves leves com escolta de caças do First Air COmmando para busca e lançamento de ajuda e deslocaram os helicópteros para o local para o resgate dos pilotos abatidos. Antes as forças de resgate iam até o local a pé pela selva a partir de pistas próximas ou eram lançadas de pára-quedas para ajudar. As aeronaves de asa fixa não podiam resgatar em terra a não ser na água. 

O primeiro resgate de helicóptero ocorreu em 25 de abril de 1944. O Tenente Carter Harman usou um helicóptero YR-4B resgatando um piloto de um L-1 Vigilant britânico em Burma que fez pouso forçado com três feridos atrás das linhas. Por terra o resgate demoraria muito e não havia pistas por perto. Estavam escondidos das forças japonesas na área. O resgate durou dois dias devido a distância de 800km até o local. O helicóptero tinha um alcance de 200 km e levaram vários galões extras até pistas próximas. O helicóptero só levava uma pessoa a mais ou combustível extra. O pessoal foi transferido para uma pista e pegos por um L-5 Sentinel. Foram quatro viagens no total em mau tempo. Em seis meses foram realizados um total de 110 resgates.

Tenente Carter Harman com o seu YR-4B após o primeiro resgate de helicóptero.

 


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