ANTECESSORES DOS DRONES


A história dos drones modernos não começa em 1982 quando Israel usou seus drones Pioneer e Mastiff para detectar as bases de mísseis superfície-ar sírias no vale de Bekaa. Foi apenas primeira vez que os drones usaram vídeo em tempo real em larga escala.

Os predecessores dos drones eram as pequenas aeronaves de leves de observação operadas na linha de frente. As aeronaves de observação foram substituídas, principalmente, pelos helicópteros leves e depois complementadas pelos drones.

Na Primeira Guerra Mundial, as tropas a cavalo deixaram de operar devido a guerra de trincheira e os primeiros biplanos passaram a realizar as missões de reconhecimento e indicar alvos para a artilharia. Os biplanos tiravam fotos da linha de frente para apoiar o planejamento das operações. As tropas na linha de frente raramente acessavam as fotos e mesmo assim podiam chegar com vários dias de atraso. A guerra da Ucrânia lembra muito a Primeira Guerra, com os dois lados entrincheirados, com as missões de reconhecimento aéreo passando a ser realizadas principalmente pelos drones de forma similar aos biplanos da Primeira Guerra Mundial.

Durante a Primeira Guerra Mundial, cada Corpo de Exército alemão tinha um destacamento de balões com 4 a 6 balões que funcionavam como posto de observação aéreo para a artilharia. A comunicação era feita por sinais visuais. O rádio viabilizou ou uso da aviação para ajustar o fogo da artilharia contra as trincheiras inimigas. A escuta de rádio passou a dar alertas dos ataques, mas mesmo assim as tropas não tinham para onde fugir ou se esconder.

Durante a Segunda Guerra Mundial, o US Army usava, principalmente, as aeronaves L-4 nas missões de observação. Os L-4 faziam parte da Artilharia Divisional com duas aeronaves apoiando cada Grupo de Artilharia e mais duas apoiando o Posto de Comando da Divisão, totalizando 10 aeronaves por Divisão. O objetivo primário do L-4 era direcionar o fogo de artilharia a partir de um posto de observação aéreo. A função secundária era apoiar as forças em terra em tudo que pudessem.

Os L-4 realizavam reconhecimento visual, ajuste de artilharia, patrulhas de rotina, missões de fotografia, voos com comandantes de tropa na área da missão e conferiam as defesas amigas como camuflagem, ocultação e alvos falsos.

Uma seção com duas aeronaves apoiada por um caminhão também acompanhava cada Posto de Comando de cada Batalhão, Grupo, Divisão, Corpo ou Exército. Os L-4 dos Postos de Comando monitoravam colunas blindadas, posições das tropas, comboios militares, pontes, estradas e ferrovias.

Atuar de forma centralizada na mesma base era importante para dividir a escala de trabalho dos pilotos para cobrir a frente durante todo o dia e evitar duplicação de esforços ou horários descobertos. Também facilitava o briefing e debriefing dos pilotos e observadores. O US Army defendia que os pilotos tinham que ser oficiais artilheiros treinados para pilotar e operando junto com o Posto de Comando. As aeronaves de observação da RAF ficavam em um Esquadrão baseado longe do Posto de Comando e com os pilotos desatualizados sobre a situação tática em terra.

A operação centralizada na Divisão acabou sendo substituída por saídas do Batalhão. Já na Tunísia, as Divisões tiveram suas unidades separadas e era impossível atuar com uma unidade única.

Antes da guerra, esperavam que as missões dos L-4 durassem cerca de 8 a 10 minutos sobre a linha de frente com as aeronave operando entre 150-200 metros acima das linhas amigas. O objetivo era minimizar a exposição as defesas inimigas e não daria tempo dos interceptadores alemães chegarem ao local antes dos L-4 voltarem para a base. Voar a 150 metros acima das linhas amigas permitiria ver o suficiente e ainda ficava fora do alcance da artilharia antiaérea. As patrulhas acabaram durando cerca de uma hora e voavam entre 700 e 1.000 metros de altura. Com a superioridade aérea garantida, também operavam bem atrás da frente sobre o território inimigo.

A missão principal dos L-4 era a detecção de alvos e a designação de tiros da artilharia. As tropas em terra eram sempre acompanhadas de um observador avançado, mas um observador aéreo nos L-4 era muito mais eficiente e móvel e por isso direcionavam a grande maioria dos fogos. Os L-4 podem ser considerados a arma mais poderosa da Segunda Guerra pois a quantidade de munição de artilharia que podiam concentrar em um ponto e com certa precisão era muito grande.

Os Pelotões e Companhias em operações ofensivas podiam ser apoiados com um Posto de Observação Aéreo. Os L-4 ajudavam as tropas a manobrar para se aproximar de uma posição inimiga ou eram alertadas de ameaças ao redor. Se os L-4 não tinham comunicação por rádio com as tropas amigas, os pilotos podiam avisar sobrevoando as tropas amigas, lançar mensagens escritas, e mergulhando em direção a ameaça.

Os comandantes de Batalhão, Companhia e até líderes de patrulhas podiam sobrevoar a área de operação antes de uma missão com o apoio dos L-4. Fazendo reconhecimento na frente das colunas blindadas avançando, o L-4 podia pousar próximo e levar o comandante para ver a situação e comandar a partir da aeronave. O L-4 permitiu o avanço mais rápido, a pé ou com veículos, com as aeronaves acima apoiando com alertas.

As patrulhas aéreas eram realizadas durante o dia, com duração de cerca de uma hora, para detectar alvos de oportunidade. Os L-4 tiravam fotos de alvos ou locais de interesse, principalmente pontos fora do alcance da artilharia. Em terreno plano, os L-4 eram a única fonte de observação de longo alcance da artilharia.

Os L-4 voando acima tinham influência sobre o moral das tropas amigas que sabiam que teriam ajuda rápido. Já o inimigo tinha o moral baixado e até evitava disparar nas aeronaves voando bem baixo pois sabiam que seriam atacados pela artilharia.

Os L-4 lançavam suprimentos para pequenas patrulhas operando atrás das linhas ou até mesmo mensagens escritas. Voavam sempre com o peso acima do permitido nas missões de lançamento de carga. Lançar panfletos sobre as tropas inimigas também era outra missão.

Os britânicos usavam a aeronave Auster nos combates na Ásia. Era uma dotação de uma Esquadrilha por Divisão, mas sempre com número inferior ao esperado. Voavam sempre muito baixo para evitar detecção por caças e ajudava a evitar a detecção pelas tropas em terra. Nas florestas da Ásia voavam muito baixo e não viam nada. Tentam ver alvos pelas árvores, sinais de mudanças, equipamento abandonado ou qualquer movimento. Os pilotos variava a altitude e a direção para observar um local de vários ângulos. As vezes os alvos não estavam camuflados por trás. A regra era voar a 200 metros mas preferiam 350 metros por segurança. Podiam ser atacados a até 1km de altura direto para cima. Os pilotos consideram a posição do alvo, a posição do sol, o risco de ser derrubado por caças inimigos ou fogo de terra. Voar alto era melhor se havia pouca ameaça de caças.

A missão de contrabateria era para detectar as artilharia japonesa. A artilharia japoneses não atirava quando havia aeronave próximas. Esperavam se afastar, mas mesmo assim os pilotos podiam ver as peças atirando.

Os Auster realizavam outras missões com lançamento de cargas para postos de observação nas montanhas e evacuação de feridos. Os Auster foram usados para lançar fios de de comunicação. Testaram primeiro em terra com um jipe a 80km/h. O cabo era desenrolado a cerca de 30 metros de altura em cima de linhas de árvore do lado de estradas. Eram cabos de até 3km de comprimento.

No norte da África, um esquadrão alemão com aeronaves Fi 156 Storch tinha como missão principal a missão de busca e resgate de pilotos abatidos atrás das linhas. Acabou realizando uma variedade de missões típicas das aeronaves de observação incluindo reconhecimento do campo batalha, busca de patrulhas de longo alcance motorizadas atrás das linhas alemãs, evacuação de feridos, transporte de tropas, suprimentos e comandantes, e inspecionava as aeronaves inimigas derrubadas.


Durante a Segunda Guerra Mundial, as missões realizadas atualmente pelos drones eram feitas por aeronaves de observação com o L-4.


Os britânicos operaram com os Auster durante a Segunda Guerra Mundial. Operavam de pistas improvisadas próximas da linha de frente.


O Fi 156 Storch foi operado pelos alemães.

Durante a Guerra da Coréia, a USAF usava aeronaves T-6 com um piloto e um observador para fazer reconhecimento visual na linha de frente. Uma técnica das missões do reconhecimento visual é fazer com que o mesmo piloto (controlador aéreo avançado) e observador voassem no mesmo local com frequência para se familiarizar com o terreno. Os tripulantes ficavam sensíveis as pequenas mudanças. Varrendo a mesma área diariamente permite detectar pequenas mudanças no terreno ou fora do padrão. Podiam perceber a presença de tropas como pequenas alterações nas trilhas ou muita fumaça de fogão nas vilas indicando a presença de tropas.


Um T-6 Mosquito realizando reconhecimento visual sobre a Coréia.


Durante a Guerra do Vietnã, a missão dos T-6 foi feita pelas aeronaves O-1 e O-2. Podiam descobrir se havia Vietcongue na área percebendo pequenas alterações. Por exemplo, se as mulheres estivessem lavando muitas roupas nos rios além do normal, podiam ver que havia mais fumaça de fogareiros onde antes era pouca. Os búfalos eram caros e por isso eram escondidos para evitar serem mortos em tiroteios. Se estão soltos então não tem Vietcongue por perto. Levava cerca de um mês para o piloto ficar bem treinado no reconhecimento visual e conhecer a área de operação. As áreas críticas eram cobertas 1 ou 2 vezes por dia. As áreas menos críticas eram vigiadas a cada 3 dias. A vigilância constante limitava a mobilidade do Vietcongue que tinha que se movimentar a noite.

O US Army também usou os OV-1 MoHawk com capacidade de fotografia aérea para apoiar o planejamento das missões terrestres e não precisavam mais do apoio das aeronaves da USAF. Cada Divisão do US Army tinha um esquadrão de OV-1.

No Vietnã do Norte, as fotos das aeronaves de reconhecimento RF-101 demoravam 2 a 3 dias para ficarem disponíveis para o planejamento das missões dos controladores aéreos avançados que operavam no norte. A inteligência montava quadros com várias fotos de um local e indicavam alvos na foto ao invés de usar a posição em um mapa. Os pilotos estudavam as fotos por horas antes das missões e melhorou a eficiência.


Um L-19 realizando reconhecimento visual sobre o Vietnã do Sul.


Imagens do scanner infravermelho do OV-1 MoHawk durante a guerra do Vietnã.

Além das aeronaves de observação, as tropas do US Army também usavam os helicópteros OH-6 Cayuse para reconhecimento. Os OH-6 faziam reconhecimento visual a procura de bases, posições inimigas, caches, trilhas e qualquer sinal de atividade do Vietcongue. A avaliação de danos de batalha considerava os danos no terreno, estruturas inimigas e pessoal após o ataque de artilharia ou aviação. O reconhecimento de zona de pouso era para avaliar qualquer terreno que pudesse ser usado para pouso de helicópteros. A missão de cobertura de tropas em terra era voar ao redor de unidades amigas até atingirem o objetivo, ajudar a escolher o melhor terreno e manter informadas da situação ao redor. Nas missões de escolta de comboios podiam inspecionar as estradas antes do comboio passar. A engenharia também procurava minas nas estradas antes da passagem dos comboios. Os OH-6 faziam patrulha em padrão de "caixa" acima do comboio.

As equipes pink eram formadas por dois OH-6 e dois AH-1G Cobra fazendo reconhecimento armado e fazendo busca em uma área designada. . Um OH-6 voando bem baixo era apoiado por outro voando atrás e acima dando cobertura. Uma dupla de OH-6 e AH-1G Cobra podem se separar para cobrir uma área maior ao invés de uma equipe com os quatro operando juntos. As ameaças encontradas podem ser atacada por forças adicionais como a artilharia, aeronaves de ataque e assalto aéreo. Os helicópteros Cobra davam conta de contatos contra forças inimigas do tamanho de um pelotão. Contra forças superiores chamavam os controladores aéreos e a aviação de ataque.


Os OH-6 faziam reconhecimento a baixa altitude provocando a reação inimiga. Se atacados lançavam granadas de fumaça para marcar o local e fugiam rápido do local.

 
Durante a Guerra das Malvinas, o exército britânico usou 27 helicópteros leves Gazelle e Scout para as funções de comando, ligação e infiltração de observadores avançados. Também podiam realizar ressuprimento de emergência como peças de reposição e suprimentos para tropas na linha de frente. Cerca de 400 feridos foram evacuados.

Durante a Guerra do Golfo em 1991, as unidades de reconhecimento da Divisão 101 começaram a realizar missões sete dias antes da invasão terrestre. O objetivo seria criar uma base avançada a 200km da fronteira para apoiar a operação de helicópteros de ataque que iriam cortar as linhas de suprimento na retaguarda das forças iraquianas ocupando o Kuwait.

Os helicópteros Apaches e Kiowa avançavam em ondas cada vez mais distante da fronteira até chegar no objetivo no deserto iraquiano ao norte da fronteira do Kuwait. Os Apaches faziam reconhecimento a noite e os Kiowa de dia. Os Apache também podiam dar proteção para os Kiowa de dia. Não podiam ir direto para os locais planejados e para cada missão de reconhecimento real eram realizadas três missões de despistamento. Na fronteira, os Humvee equipados com mísseis TOW faziam reconhecimento com o sensor FLIR do lançador de mísseis. Também capturavam prisioneiros para interrogatório.

Os UH-60 faziam reconhecimento do terreno para conferir se o local permitia o pouso de helicópteros. A areia não podia ser fofa demais e nem causar muita poeira nos pousos dos helicópteros o que era inevitável. Primeiro avaliavam os locais nos mapas e fotografias de reconhecimento. Os vales planos cercados de montes pequenos eram os locais ideais. Tinham que ser próximos das estradas que receberia os comboios logísticos vindo do Iraque. Depois avaliavam a presença de tropas inimigas no local.

A base Cobra seria tomada e depois protegida por uma das Brigadas da Divisão 101 e receberia a base logística no dia seguinte, incluindo 700 mil litros de combustível para os veículos e helicópteros. Outra Brigada iria operar ao redor das linhas de suprimentos iraquianas fazendo emboscadas enquanto a terceira Brigada ficaria na fronteira do Iraque como força de reação para proteger a base Cobra ou reforçar as operações mais ao norte.

Um recurso que não estava disponível em 2003 eram os drones. Os MQ-1C Gray Eagle poderiam operar de bases avançadas, ou pelo menos a estação de controle precisaria estar operando em uma base avançada, ou usando um retransmissor no ar para poder operar sobre as linhas de suprimentos iraquianas. As bases de Al Saman e Tallil foram tomadas pela Divisão 101 e pela Divisão 82 para apoiar as operações de helicópteros. O drone Gray Eagle está armado com até quatro mísseis Hellfire que atacaria os veículos de suprimentos identificados no local sem arriscar as tropas em emboscadas nas estradas.


Base avançada do US Army durante a operação Desert Storm.

O drone Phoenix entrou em operação 1998 no exército Britânico. Operava em uma bateria de localização de alvos apoiando dois grupos de MLRS e outros unidades autopropulsadas de 155mm. Os britânicos concentraram todos os seus drones em um grupo de artilharia. Em 2004 era quatro baterias Phoenix operando 198 drones.

A função planejada para os Phoenix era realizar vigilância em tempo real para apoiar as baterias de lança-foguetes MLRS atacando o segundo escalão das Divisões soviética avançando. O Phoenix podia operar até 50km atrás das linhas. Era lançado de uma catapulta e pousava de pára-quedas. A estação de controle pode ficar até 25km distante da unidade de lançamento. O Phoenix pode realizar voa autônomo pré determinado ou pode ser pilotado manualmente. O piloto indica a velocidade e altitude, ou manobras como voo circular, circuito ou em formato de trevo. O sensor FLIR era adequado contra colunas blindadas, mas era limitado contra soldados ou civis.

A estação de controle não tinha requerimento de transmitir imagens para os postos de comando dos escalões superiores. Junto com a unidade lançamento, virou limitação em outros cenários. A baixa potência do motor mostrou ser inadequado em cenário alto e quente com no Afeganistão e Kosovo.

Quando os britânicos receberam seus drones Phoenix foram realizados vários exercícios para testar a capacidade. Em um dos testes, o drone realizou a busca de uma formação de blindados Warrior a noite e em mau tempo. Os vídeos gravados foram levados para o Posto de Comando e uma missão de ataque com os Lynx foi realizada e destruíram os blindados com mísseis TOW.

Os Phoenix participaram depois do conflito em Kosovo voando baixo para indicar alvos para os Harrier que estavam tendo dificuldade de encontrar alvos devido a proibição de voar baixo e devido ao mal tempo no local.


Drone Phoenix operados pelos britânicos.


Foto tirada por um drone CL289 durante o conflito em Kosovo. Os drones foram muito usados para reconhecimento no local.
 

A melhor plataforma de Apoio Aéreo Aproximado no Afeganistão era o helicóptero Apache devido a capacidade dos sensores de identificar a posição das tropas amigas e inimigas. Os Apache faziam CCA (Close Combat Attack) fazendo proteção aproximada. Eram os olhos e a artilharia próxima.

Os Apache só levam dois mísseis Hellfire para poder levar um tanque de combustível adicional. Os foguetes e o canhão eram considerados mais importantes assim como a autonomia e o alcance. O canhão de 30mm era uma arma de área realizando salvas de 10 ou 20 tiros. O canhão apontado pela mira no capacete era configurado para uma distância de 1,0 a 1,5 km para pontaria manual (modo degradado sem apoio do computador de tiro).

Os terroristas do Al Qaeda passaram a respeitar capacidade do Apache de detectar e atacar, mesmo a noite. Quando havia apoio de Apache para as patrulhas americanas, os terroristas tomavam muito mais cuidado e as vezes nem reagiam.

Os Apaches americanos atacavam sempre baixo e tinham pouco tempo para identificar os alvos causando muito fogo amigo e dano colateral. Já os Apaches britânicos orbitavam bem alto e estudavam o alvo detalhadamente antes de atacar.

Os helicópteros Kiowa voavam muito próximos do objetivo, voando sobre as tropas amigas. Dava sensação de segurança para as tropas enquanto os Apaches observavam o terreno mais distante e davam alertas. Os Kiowa operavam em duplas com um realizando a segurança externo voando acima para dar cobertura para o Kiowa que voa baixo. Também podiam realizar ataque leve e reconhecimento a baixa altitude, fazendo apoio direto para as tropas. A autonomia dos Kiowa era de 1,5 horas e iam para uma base próxima para reabastecer e aumentar a autonomia. Eram realizados vários pousos para reabastecimentos e/ou rearmamentos em uma missão.

O Exército Britânico operava com um Regimento com cinco baterias de drones Hermes com 750 tropas. Depois formaram um Regimento dedicado para operar os mini-dones Desert Hawk (MUAV). Em 2010 apoiavam três órbitas contínuas com o Hermes 450 no Afeganistão mais 11 destacamentos de mini-drones com cinco equipes nos grupos de batalha em bases avançadas.

Os destacamentos de mini-drones Desert Hawk atuando com as Companhias adicionaram a capacidade de vigilância diurna e noturna orgânica. Ficavam baseados em "platoon house" sendo atacados continuamente. Os drones operando com as tropas respondiam a maioria das tropas em contatos e dava visão além da linha de visada ao redor. As tropas nas bases avançadas gostavam do Desert Hawk pois responde rápido quando necessário sem precisar chamar apoio dos escalões superiores.

O drone Hermes 450 deu capacidade RIVA persistente sob controle direto. Podia vigiar vários alvos continuamente com as imagens podendo ser vistas por tropas e pelo Posto de Comando com o sistema ROVER. O Hermes era mais usado RIVA planejado para coletar dados apoiando a Brigada, mas podiam ser desviados para o caso de tropas em contato.

Seis equipes ISTAR Tactical ou Tac Parties atuam nos grupos de batalha. São analistas de inteligência que operam com o terminal ROVER, rádios Harris 117 TACSAT e outros rádios para se comunicar com o sistema RIVA. Os comandantes de infantaria podem pedir apoio do drone Hermes e ver o produto com o Tac Parties. Os Tac Parties atuam junto com as equipes de apoio de fogo para designar alvos para a artilharia e apoio aéreo.

O drone Watchkeeper substituiu os Hermes 450 em 2012. Adicionou a capacidade de decolagem e pouso automático, autonomia de 17 horas e um maior raio de ação. Os sensores são o CoMPASS da Elbit e o radar I-Master com modos SAR e GMTI da Thales para vigilância de área.

Os britânicos também operavam com quatro helicópteros Lynx que davam mobilidade aos comandantes, faziam cobertura armada de comboios, retransmissão de rádio, evacuação médica e movimentação limitada de carga.


Dois helicópteros Kiowa realizando cobertura de uma patrulha no Afeganistão.

Durante a invasão do Iraque em 2003, os helicópteros Cobra do USMC davam segurança de flanco aos batalhões avançando. Eram muitos pedidos de apoio, mas a maioria eram de reconhecimento ou segurança para dar alerta antecipada de ameaça. Um esquadrão do USMC teve 23 de 26 helicópteros AH-1W Cobras e UH-1N Huey danificados em batalha.

Foram formados cinco seções ou divisões de helicópteros Cobra e cinco de Huey para cobrir a linha de frente continuamente. Eram 22 Cobra no total sendo que 40% dos Cobra foram danificados e geralmente por armas leves. Um Cobra leva entre 30 a 45 minutos para encontrar alvos e atacar. Depois ia para uma FARP próxima da linha de frente e voltava 10 minutos depois. Voavam a cerca de 30 metros em uma velocidade média de 180 km/h.

O USMC enviou dois esquadrões de drones RQ-2B Pionner (VMU-1 e VMU-2). Cada esquadrão apoiava um Regimento identificando alvos no combate aproximado e profundo. Realizavam vigilância de alvos em áreas de interesse, reconhecimento das rotas de aproximação e retirada de helicópteros e avaliação de danos de batalha. O VMU-2 voou 133 horas em 32 saídas apoiando a 1a Divisão.

O USMC planejou criar 10 a 12 bases avançadas de aviação para apoio de helicópteros (Forward Arming and Refuelling Point - FARP). Na prática foram criados 21 FARP, ou uma a cada 40 a 50 km. Oito eram capazes de apoiar os KC-130 realizando missões logísticas. Em uma ocasião, o comboio de 250 veículos da unidade que criava as FARP estava sendo atacada. Chamaram apoio dos helicópteros Cobra que chegaram já avisando que só tinham 10 minutos de autonomia antes de terem que voltar para a base para reabastecer e rearmar. Dois sargentos logo resolveram o problema limpando a vegetação de um lado da estrada e pedindo para os helicópteros pousarem para reabastecerem.

As aeronaves de reconhecimento tático voavam mais a frente do avanço procurando alvos em profundidade, até 100km além da linha de frente, como a artilharia, mísseis superfície-ar, postos de comando e colunas de blindados. As imagem geradas pelas aeronaves eram usadas para apoiar as decisões táticas pelos comandantes. Os RQ-2 Pioneer, P-3C Orion, F/A-18D Hornet e AV-8B Harrier II coletavam imagens dos movimento das tropas iraquianas e as características do terreno. As imagens eram enviadas para analista de inteligência e passavam os dados encontrados para os esquadrões brifarem os pilotos.

Os F/A-18 equipados com os sensores de imagem ATARS e os AV-8B equipados com o casulo Litening II eram equipados com datalink que permitiam enviar as imagens e vídeos em tempo real para o posto de comando (TACC). Os dados eram armazenados em um repositório online que podia ser analisado nos EUA. A Inteligência processou 15 mil imagens de drones e aeronaves de reconhecimento tático em 42 dias.

Depois do fim guerra os helicópteros passaram a ser utilizados como no Vietnã, indo na frente da tropa para reconhecimento. Usavam muito a tática "ring off steel" com um helicóptero patrulhando o terreno chave para saber se estava livre de inimigos depois passava para a missão de ataque apoiando as tropas avançando. Começava fazendo reconhecimento pelo fogo 2km ao redor do objetivo contra armas de tiro direto. Depois passam a responsabilidade para as tropas em terra enquanto os helicópteros fazem reconhecimento e ataque a até 8km ao redor protegendo as força em terra.

Os drones Shadow 2000 passaram a ser mais usados para reconhecimento enquanto os helicópteros ficavam em espera para realizar missões de ataque após encontrarem um alvo. O objetivo era diminuir o desgaste e o consumo de combustível.

Os britânicos deslocaram duas baterias de drones Phoenix para o Iraque em 2003. Eram duas baterias com 89 drones apoiados por 100 veículos. O terreno plano no sul do Iraque era ideal para a operação de drones com o raio de ação do Phoenix passando de 50km para 100km.

Os helicópteros Sea King Mk 7 ASAC detectavam colunas blindada com o radar Searchwater e em minutos os Phoenix estavam patrulhando o local. Identificava o alvo e eram atacados pelos obuseiros de 155mm. Um batalhão blindado foi atacado por 36 ataques aéreos e em três horas eram 66 blindados e veículos destruídos. Os radares de contrabateria Mamba também passavam as posições da artilharia iraquiana para os Phoenix conferirem o local.

Os Phoenix direcionaram 40% da artilharia ou cerca de 22 mil tiros no total, além de chamar apoio aéreo aproximado. Foram 133 saídas durante o conflito e 250 após a ocupação. Foram 23 drones perdidos, mas apenas seis por fogo inimigo.

Após o fim das hostilidades o padrão das operações mudou. As operações de drones em cenário de baixa intensidade (contra insurgência) são diferentes de cenários de alta intensidade. As emboscadas são comuns e as bases são atacadas frequentemente por morteiros, além da sabotagem da infra-estrutura civil. Os drones Phoenix patrulhavam as linhas de força e oleodutos para prevenir sabotagem e ao redor das bases britânicas para dar alerta de ataque.

As operações no início eram mais reativas, prevenindo sabotagem e patrulhando perímetro de base para alertar. Ao passar a ter um bom entendimento das operações dos grupos guerrilheiros, passaram a monitorar as bases e rotas de suprimentos dos insurgentes e realizar cobertura de incursões. Por exemplo, ao seguir um caminhão suspeito com o drone Hermes 450 levou a descoberta de uma rede de suprimentos, identificaram vários veículos, prédios e mesquitas relacionados com caches e resuprimento dos insurgentes.

O apoio das operações ofensivas era realizada mais com os helicópteros Sea King HC.4 equipados com FLIR transmitindo imagens para as tropas.

Os Phoenix assaram a realizar cobertura para as patrulhas e eram o fator principal na deterrência de ataques nas bases, ajudavam a entender padrão de vida da população local e indicavam alvos para os helicópteros Apache holandeses atuando na fronteira.

Em 2007, o Phoenix foi substituído pelo Hermes 450 muito mais capaz e com maior disponibilidade. A autonomia era quatro vezes maior podendo vigiar um alvo por vários dias. O raio de ação era de 150km ou o triplo do Phoenix. Os sensores com maior alcance e definição permitiam identificar armas sendo levadas por suspeitos e podiam passar as imagens direto para terminais portáteis.

O terminal ROVER 3 entrou em operação em 2006 e podia apoiar várias plataformas. Antes tinham que ter três sistemas diferentes para ver as imagens do Predator, Nimrod MR2 ou Sea King.

Os britânicos compraram 144 mini-drones Desert Hawk e 18 sistemas em 2003 para defesa de base contra ataques de insurgentes. O raio de ação é de 10km e usa controle de videogame e imagem mostrada em um laptop. O datalink era interferido pela rede de celular no Iraque. A versão Desert Hawk III tinha melhorias como nova estação de controle, aeronave mais leves, mais confiável e com melhor datalink. Tinha um motor mais potente para ser lançado sem precisar de elástico.

O drone Desert Hawk era usado para patrulha de defesa de base, sobrevoar rotas e apoio de patrulhas em terra. Faziam vigilância aproximada do campo de batalha com resposta rápida. Vigiavam áreas fora da linha de visada das patrulhas e em terreno morto. Os operadores ficavam familiarizados com o terreno e podiam prever onde a patrulha estava indo para conferindo o local.

O Exército britânico usou seus helicópteros Lynx no Iraque da mesma forma que usava suas aeronaves utilitária na Segunda Guerra Mundial. Realizavam cinco missões principais. Uma missão era de Coleta de Inteligência em busca de esconderijos e caches dos insurgentes. Usavam câmeras fotográficas manuais com lentes de longo alcance ou levavam o pessoal da Inteligência para entender a situação em terra. Os Lynx realizavam cobertura de comboios e patrulhas de infantaria sobrevoando as rotas em busca de emboscadas. Outra variação era segurança de zonas de pouso de helicópteros ou aeronaves.

Os Lynx foram modernizados e receberam a torreta FLIR Wescan MX-15 que já estava em uso nos helicópteros Sea King. O Lynx passou a fazer Inteligência antes da missão e em tempo real durante a operação. O alcance da MX-15 era de até 6km e o helicóptero não era ouvido e nem era visível do solo. A torreta pode gravar ou transmitir para estação em terra. Um tablet permite a visualização das imagens pelos pilotos. A MX-15 podia enviar imagens para um laptop operado pelas tropas em terra passando terem capacidade de ver as imagem que antes só disponíveis nos Posto de Comando. No fim de 2006, o ROVER permitia ver as imagem de várias fontes. Bastava discar um número para ver a fonte de sensores desejada como helicópteros, drones ou aeronave de ataque.

Apoio de fogo aéreo era usar a metralhadora 7,62mm para apoiar tropas em contato. Podiam levar um sniper para apoiar incursões contra esconderijos de insurgentes. Cobrindo uma área muito grande, os Lynx podiam atuar como estação de retransmissão de comunicações para as tropas em terra. O Lynx tinha capacidade limitada de transporte de tropas e carga como peças de reposição de emergência ou equipamento de rádio para tropas isoladas. Evacuação médica de emergência era uma variação da missão de transporte.


Helicóptero Lynx usado pelo Exército britânico em uma patrulha no Iraque. A torreta FLIR está visível abaixo da cabina.


O Hermes 450 foi substituído pelo Watchkeeper (foto). As torretas FLIR e radar estão facilmente visíveis abaixo da fuselagem.


Drone Desert Hawk e a estação de comando instalada em uma maleta.


O exército britânico está substituindo os drones Desert Hawk por 250 drones nos modelos quadricópteros Indago 4 e do modelo VXE30 (foto). A autonomia do VEX30 pode chegar a 13 horas com células de energia. O VEX30 já foi usado pelas forças especiais americanas no Afeganistão e pediram uma autonomia maior.

 

Histórico

Sem o apoio de um drone, as tropas na linha de frente tem que enviar uma patrulha até uma elevação para ver o que tem do outro lado o que pode consumir até metade do dia. Sobrevoar o local com um drone seria muito mais rápido e já foi tentado antes.

Antes dos drones, as plataformas voadoras como o Hiller VZ-1 Pawnee e o HZ-1 Aerocycle da década de 1950 foram as primeiras propostas de meios de reconhecimento aéreo orgânico dos Batalhões. Eram veículos tripulados e as limitações técnicas, os custos e o pessoal especializado para operar e manter eram as barreiras principais.

Após a década de 1950 foram testados vários drones para operar abaixo do escalão de Divisão e Brigada, mas eram muito pesados para operar no nível de Batalhão. O Dynacopter era um conceito de drone de curto alcance para vigilância do campo de batalha desenvolvido entre 1965 e 1967. Poderia cobrir uma frente de 19km e penetrar até 13km atrás das linhas. Os sensores propostos incluíam um scanner infravermelho, câmera de TV e sistemas de ELINT. O Dynacopter pesava cerca de 40kg com autonomia de uma hora. Um sistema Dynacopter podia ser levado em um blindado M-113 ou veículo equivalente sendo operado por três tripulantes.

Os primeiros projetos de drones para operar no escalão de Batalhão apareceram na década de 1980. Ainda eram projetos grandes e seriam levados em um veículo 4x4. O USMC tinha o projeto AROD (Airborne Remotely Operated Device). O AROD era um drone VTOL operado por cabo e levado por um Humvee. Drones de decolagem vertical como o Cypher, o Sprite e o CL-227 Sentinel eram transportados em veículos. O CL-227 pesava 190kg e estava mais para um drone de escalão de Brigada.

O Cypher da Sikorsky foi projetado para cenários de alta intensidade. Tinha um raio de ação de 30 km e atingia uma velocidade de 80 km/h. Um Humvee podia levar dois drones que pesavam 40kg cada. Foi proposto para o programa TAAWS (Target Acquisition Army Weapons System) para apoiar o posto de comando de um Batalhão nas missões de reconhecimento e indicação de alvos a até 20km de distância.

O ML Aviation Sprite foi oferecido para equipar os Batalhões e Regimentos britânicos para detectar equipes anti-carro no avanço das forças blindadas. Era inaudível a mais de 800 metros. A autonomia era de 2 horas e voava a até 32km da base. Podia levar uma carga de até 6 kg.


O Hiller VZ-1 Pawnee podia ser controlado inclinando o corpo.


Conceito de operação do Dynacopter.


O projeto do drone Cypher tinha um formato furtivo inicialmente.


O drone Sprite complementaria o drone Phoenx com alcance maior.


O programa Future Combat System (FCS) era um sistema integrado de veículos para o US Army e iIncluía uma família de drones orgânicos. Foram estudados quatro classes de drones aéreos e vários tamanhos de drones terrestres. As propostas eram um drone de 10 kg e carga de 500g com autonomia de 15 minutos e alcance de 1km. Um drone maior pesaria 35kg com capacidade de carga de 3kg e autonomia de 25 minutos.


O primeiro drone capaz de ser levado em uma mochila foi o Pointer da AeroVironment. O projeto foi iniciado em 1984 baseado em um aeromodelo. Foi demonstrado para o USMC em 1987 e dois modelos reforçados entraram em operação em 1988. Outros seis sistemas Pointer com quatro drones foram comprados em 1989. Foi classificado como drone de curto alcance e o requerimento era para um drone com alcance de 30km.

O Pointer podia ser levado em duas mochilas sendo uma para a aeronave com 16kg e outra para a estação de controle (GCU) de 18kg. A GCU usava um gravador Sony de 8mm, antena de datalink, monitor e joystick de controle. A aeronave podia ser montada em 2,5 minutos e pesava 4kg. Atingia uma velocidade entre 29 a 72km/h e voava a 150 metros acima do terreno. Usava uma bateria elétrica para diminuir a assinatura sonora. A câmera cobria uma distância entre 300 a 1.500 metros a frente da aeronave. O alcance era de até 5km. Se perdesse o comando por datalink o drone pousava automaticamente. Os operadores usavam a imagem gravada para tentar recuperar o drone perdido. Em 1990 foi estimado que 36 drones custariam US$ 16.400 mil e podia chegar a US$ 5.000 com a produção seriada.

Cinco sistemas foram usados no Iraque em 1991. O vento forte atrapalhava e A TV em preto e branco era ruim no deserto sem contraste. O alcance de 5km era irrelevante pois o deserto plano permite ver muito mais longe. Era usado mais no início da manhã e fim da tarde quando o vento era mais fraco. Era usado para segurança de retaguarda, buscar de pegadas no deserto que não estavam presentes na noite anterior e reconhecimento de rota antes da passagem de um comboio.

O BQM-147A Exdrone também foi usado em 1991. Foram mais de 50 drones usados com sucesso e queria mais 110 para substituir o Pointer. Usaram o Exdrone para observar as trincheiras no Kuwait e como estavam abandonadas no Kuwait permitiu avançar um dia a menos que o planejado.


Drone Pointer com a antena e a estação de controle.


Primeiros drones

As aeronaves tripuladas mostraram ser de grande utilidade para as forças em terra. O próximo passo foi substituir e/ou complementar as aeronaves de observação pelos drones para diminuir o risco dos tripulantes. Os testes com drones para uso no campo de batalha existiam desde de a década de 1960, mas foi a experiência de Israel com os drones enviando imagens de TV em tempo real que acelerou o emprego por outros países.

Os primeiros drones a entrar em operação atuavam como aeronaves de reconhecimento fotográfico não tripulados. O próximo passo foi desenvolver drones que transmitiam imagens de TV em tempo real. Inicialmente operavam nos escalão de Divisão pela artilharia para confirmar a presença de forças inimigas em locais suspeitos, principalmente a artilharia inimiga.

O Canadair CL-89 Midge era um drone desenvolvido pelo Canadá, Reino Unido e Alemanha na década de 1960 com entrada em serviço no início da década de 1970. O conceito era similar a um míssil disparado por foguete, com propulsão a jato, que voa de forma autônoma e tira fotos de pontos programados no trajeto. O drone voltava até um coordenada e pousava com a ajuda de um pára-quedas. As fotos são reveladas após a missão, mas podiam demorar horas para ficarem prontas. O CL-89 foi usado na Guerra do Golfo em 1991 apoiando incursões de artilharia, mas o avanço rápido das tropas limitou o uso. O raio de ação era de 30km.

Na França, o CL-89 fazia reconhecimento do campo de batalha sob controle dos Regimentos de Artilharia do Corpo de Exército. Operava junto com o radar Orchidee que equipava os helicópteros Super Puma com os drones refinando os dados. A versão CL-289 possuía um datalink para passar dados em tempo real.

Em 1991, a França usou o drone MART (mini-avion de reconnaissance telepilote). O peso máximo era de 109kg e 25kg de carga. O raio de ação era 50km e a autonomia de 3,5h. Operava com os sistema de C2 ATILA. No avanço, operando da fronteia, identificaram um posto de comando a 17km que foi atacado por 75 tiros de 155mm. Avançaram até o Rio Eufrates com o MART fazendo reconhecimento ente As Salman e As Samawah e confirmou que não havia movimento no eixo.

O primeiro drone britânico com capacidade de transmitir vídeos em tempo real foi o Phoenix. Entrou em serviço junto com os lança-foguetes MRLS com os Phoenix fazendo reconhecimento e indicação de alvos. A autonomia era de 6 horas e o raio de ação era de 50km além da linha de frente. A antena incluía um radar para determinar a distância do drone que junto com os dados de altitude permitia determinar a posição do drone. O operador só precisava clicar no mapa para apontar o sensor de TV. Um analista podia pausar a imagem.


Em 1982, Israel usou os drones Scout para detectar as posições dos mísseis SAM sírios no vale de Bekaa que depois foram atacados com bombas. Os drones voavam sobre o local constantemente transmitindo vídeos em tempo real e os Sírios nem se preocupavam mais. Os drones filmavam as posições distância bem fora do alcance das defesas.


Drone CL-89 durante o lançamento. Os britânicos usaram o CL-89 nível de Divisão com sensores de imagem e infravermelho. O drone operou entre 1972 a 1992. Os britânicos iniciaram a operação com drones MQM-57 para detectar alvos para os foguetes nucleares entre 1964 a 1972.


Durante a década de 1989, os italianos desenvolveram o sistema SORAO (Sottosistema di Sorveglianza ed Acqusizione Obiettivi). O SORAO integrava todos os sistemas de reconhecimento e identificação de alvos como sensores em terra, radares no ar e drones. O SORAO era parte do sistema CATRIN (Campale di Trasmissione ed Informazioni) para apoiar o Comando e Controle no Escalão de Corpo de Exército. O desenho mostra como os drones eram integrados no sistema de busca e aquisição de alvos do Corpo de Exército.



O drone MQM-105 Aquila iniciou o projeto 1972 com o US Army planejando comprar 780 drones e 72 estações de controle para opoiar a artilharia divisional. O Aquila teria capacidade de designar alvos para a munição de artilharia guiada a laser Copperhead e o míssil Hellfire. O projeto acabou sendo cancelado devido aos custos.

O drone RQ-2 Pioneer operou no US Army e USMC entre 1986 e 2009. O programa iniciou com estudos do iniciou da década de 1980 após o cancelamento do Aquila com o objetivo de fazer reconhecimento na frente do avanço das unidades em terra para detectar alvos e coordenar fogos de artilharia.

Um sistema com 20 tropas operava com cinco aeronaves, estação de controle, duas estações receptora remota e lançador. Pelo menos um Pioneer estava sempre em voo em 1991. Os seis sistemas deslocados voaram 500 missões em 1.500h. Em uma ocasião detectaram um estacionamento 300 veículos e blindados que foram atacados por vários dias.

O US Army iniciou a operação com os Pionner no dia 1 de fevereiro e em 25 dias foram 46 missões. Faziam reconhecimento de rota para os helicópteros Apache que observavam a missão em tempo real e depois seguiam a mesma rota até o alvo. O Pioneer também designou alvos para o os mísseis ATACMS e aviação de ataque.

Dois sistemas operaram no USS Guam e um no USS Missouri. A US Navy usava para detectar minas, navios lançando minas, designar alvos para os couraçados e reconhecimento de praia para as forças especiais.

O USMC fez amplo uso do Pioneer durante a invasão do Iraque em 2003 operando na frente das unidades avançando. A presença e o barulho do drone voando baixo fazia as tropas e veículos iraquianos fugirem. As baterias de artilharia se tornavam inúteis com o barulho afugentando os artilheiros. Se não tinham como chamar ataques contra os alvos detectados, os operadores desciam o Pioneer para 250 metros e sobrevoam o local para espalhar o inimigo. Foram realizadas 545 missões em 1.700 horas (média de 3 horas). O esquadrão voou sete vezes o tempo normal. Foram doze drones perdidos e 18 danificados em combate.

O drone RQ-5 Hunter foi projetado para operar nos escalões de Divisão e Corpo. Iniciou a operação em 1994 e foi retirado em 2014. Apenas oito sistemas foram comprados e depois complementados pelo RQ-7 Shadow com menor capacidade de carga, autonomia e alcance.

O RQ-7 Shadow é o drone do US Army que opera principalmente no escalão de Brigada. O requisito era ser levado em dois Humvee ou em um C-130. O US Army comprou mais de 450 drones para operar no Escalão Brigada e Divisão. Cada sistema tem uma estação de controle e cinco drones.

O Shadow tem raio de ação de cerca de 100 km (o requisito era de 50km) com comunicação por linha de visada para cobrir a área de interessa da Brigada. A autonomia é de 6 horas, mas as missões duravam em média 4,3 horas. No US Army, os RQ-7 Shadow operando no Iraque e Afeganistão faziam apoio as operações ofensivas como incursões, patrulhas em estradas atrás de explosivos improvisados e observavam locais onde a atividade inimiga era esperada, além de retransmissão de comunicação.

O RQ-7 Shadow deve ser substituído por um novo drone no programa Future Tactical Unmanned Aircraft System (FTUAS). O requisito principal do FTUAS é a capacidade de pouso e decolagem vertical chamado pouso e decolagem de ponto, que o Shadow não tinha, para poder operar independente de pistas de pouso ou trechos de estradas. Outro requerimento é o deslocamento rápido com todo o sistema em dois paletes de 463 litros ou dentro de um helicóptero CH-47 Chinook. O sistema Shadow precisa de um C-130 para ser transportado. Outros requerimentos são operar em ambiente com GPS interferido, designador laser, link com dados criptografados, ser controlado por outras aeronaves, operação autônoma. O FTUAS deve entrar em operação em 2025 com os RQ-7 Shadow operando até por volta de 2035. Cada Brigada deve receber um sistema com seis drones. Cada sistema deve custar cerca de US$ 8 milhões.


O drone Jump 20 foi testado por uma Brigada do US Army e está em uso nas forças especiais. O drone tem um peso máximo de decolagem de 98 kg, leva uma carga de até 13,5kg e tem uma autonomia de mais de 14 horas. O requisito é um raio de ação de 50 km, mas pode ser facilmente aumentado.


A Northrop Grumman se uniu a Shield AI para oferecer o drone V-BAT para o US Army. A imagem mostra o V-BAT armado com mini-bombas guiadas Hatchet.


O Hunter foi substituído pelos MQ-1C Gray Eagle a partir de 2009. O US Army planejava comprar 11 sistemas com 12 drones e cinco estações de controle. O US Army planeja operar com 15 Companhias equipadas com o Gray Eagle, com cada Companhia apoiando uma Divisão. As Companhias operam com nove drones com três drones em cada Pelotão e 128 tropas, mas pode deslocar com um Pelotão a mais com três drones adicionais. O Gray Ealge usa a mesma estação de controle do Shadow. O SOAR opera com mais duas Companhias com 12 aeronaves para apoiar as operações especiais sem precisar do apoio da USAF.

O Gray Eagle está equipado com um radar SAR e pode receber casulos de reconhecimento eletrônico nas asas. Pode levar até 360 kg de cargas incluindo mísseis Hellfire em quatro cabides nas asas. Um cabide de 230kg na fuselagem permite levar combustível extra para aumentar a autonomia para 50 horas. O raio de ação chega a 370km. A avaliação operacional do Gray Eagle incluía manter três drones para fazer vigilância continua durante um dia e duas missões de ataque de cinco horas de duração por dia. As tropas em terra podem usar o One System Remote Video Terminal (OSRVT) para visualizar e controlar os sensores do Gray Eagle.


As tropas do USMC também gostaram do apoio de drones armados voando acima. O USMC alugaram dois drones MQ-9A Reaper para testes. Os Reaper foram equipados com tanques de combustível extras nas asas para aumentar a autonomia de 27 para 34 horas. Foi formado um esquadrão com 18 Reaper no Havaí para cobrir a região do Pacífico. Um Reaper precisa de um C-130 de apoio enquanto um caça precisa de 5 a 10 vezes mais.


Os dois esquadrões de drone RQ-2 Pioneer do USMC treinaram para serem bem móveis e acompanhar uma Divisão do USMC no avanço até Bagdá em 2003. As unidades de drones faziam auto-escolta dos comboios que percorreram 2.500 km no avanço até o Bagdá.


Os RQ-21A Blackjack foram recebidos pelo USMC e US Navy em 2014. O peso máximo de decolagem é de 55kg e atingem uma velocidade de cruzeiro de 100km/h. A autonomia chega a 24 horas com uma carga de 23kg. O RQ-21 usa o mesmo equipamento de pouso e decolagem do drone ScanEagle.

 

AERONAVES TRIPULADAS

A justificativa principal para o uso de drones é diminuir o risco para os tripulantes. Uma aeronave de reconhecimento leve atuaria principalmente em cenários de baixa intensidade, em locais com pouca ou nenhuma ameaça, e são a maioria dos cenários prováveis. Os sensores atuais, os mesmos usados pelos drones, permitem que as aeronaves leves de reconhecimento voem mais alto ou longe do alvo o que aumenta ainda mais a segurança.

Um motivo para manter as aeronaves tripuladas é a limitação de links de satélites no local. Nas primeiras missões do Predator no Afeganistão, antes do 9 de setembro, ocorria a perda frequente da comunicação com o link de satélite. A limitação agora é não ter links de satélite em quantidade suficiente para apoiar um número muito grande de drones. As aeronaves tripuladas podem operar muito longe da base sem necessidade de link de satélite ou podem voar além do alcance da linha de visada das estações de comando em terra, ou acima de 350km de distância. O alcance por linha de visada pode ser relativamente curto devido ao terreno montanhoso.

A presença humana a bordo mostra-se de grande utilidade nos casos de falha de algum dos sistemas que integrem a arquitetura da aeronave como o sistema de comunicação com a estação de controle em solo ou o sistema de guiamento e controle. O piloto de uma aeronave convencional tem condições de avaliar a situação na qual está inserido e decidir qual o melhor procedimento a ser adotado. Uma aeronave tripulada também não teria as restrição de voo de uma aeronave tripulada como em locais com muito trafego aéreo.

Aeronaves de reconhecimento de imagem ou SIGINT ainda são usadas em cenários de baixa intensidade. As mais conhecidas são os bimotores MC-12 do US Army. O SOCOM escolheu a aeronave AT800 para apoiar suas unidades de operações especiais para realizar reconhecimento e ataque. A capacidade de operar em pistas improvisadas era uma dos requisitos. O O-1K é resultado de uma emboscadas ocorrida contra uma patrulha de forças especiais americanas no norte do Níger em 2017. Uma aeronave de ataque e reconhecimento poderia ter evitado as perdas. Até mesmo o barulho acima poderia intimidar os terroristas.

As aeronaves e helicópteros tripulados de reconhecimento ainda estão em uso e realizando as mesmas missões dos drones. O EB tem um esquadrão de helicópteros Esquilos/Fennec usados para reconhecimento e ataque. Os helicópteros leves também realizam missões secundárias típicas das aeronaves leves utilitárias como evacuação de feridos e ligação e são missões que não podem ser substituídas pelos drones.

As aeronaves de reconhecimento tripulado da FAB apoiam todo o teatro e não as unidades diretamente. Então tem que considerar outros recursos existentes como os esquadrões de reconhecimento da FAB e até mesmo os esquadrões de ataque como os que operam o A-29 Super Tucano.

Outra questão a ser considerada é o custo dos drones. O drone Atobá da empresa Stella Tecnologia é anunciado com um preço de US$ 8 milhões (pode ser o sistema completo com a estação de controle e alguns drones). O Atobá tem um peso máximo de decolagem de 500kg com carga de 150kg. Dois drones (ou sistemas de drone) cobrem o custo de um esquadrão equipado com cerca de 16 monomotores leves e com uma vida útil de pelo menos o dobro.

Uma aeronave de observação tripulada ainda é viável em cenários de baixa intensidade como missões de paz ou anti-guerrilha. As aeronaves atuais podem até aproveitar os sensores e armas dos drones que se tornaram bem mais leves e mais capazes. Podem até manter a capacidade de enviar imagens de vídeo em tempo real para estações em terra ou tropas na linha de frente.


Os sensores usado pelos drones ficaram bem leves e baratos e agora estão sendo usados também em aeronaves tripuladas com o uso de casulos adaptados na fuselagem.


Os motores elétricos usados pelos drones estão sendo testados em aeronaves convencionais para aumentar a capacidade de pouso curto. A potência adicional usada na decolagem, posicionados de forma a aumentar a sustentação, podem ser usados como propulsão de emergência por algum tempo ou no modo silencioso apenas elétrico.


Projetos de aeronaves EVTOL podem ser usadas para realizar algumas missões dos drones e helicópteros leves. Um projeto furtivo permite operar próximo da linha de frente com sensores de longo alcance.


As aeronaves MC-12 usam sensores de imagem e escuta de rádio para procurar guerrilheiros e terroristas.


A Novaer desenvolveu uma aeronave de treinamento básico que pode substituir os T-25 Universal da FAB. A versão utilitária pode ser usada como aeronave de observação leve com os sensores e armas usadas pelos drones.


Cenários como a Amazônia, onde as distâncias são muito longas, exigem a comunicação fora da linha de visada como a comunicação por satélite e uma aeronave tripulada pode operar sem esta limitação. Por outro lado, as grandes distâncias da Amazônia exigem uma aeronave leves de longo alcance. Uma aeronave Cessna Caravan com alcance de menos de 2.000km mal consegue ir e voltar até a fronteira com a Colômbia a partir de uma base em Manaus. O tempo de reação também é muito longo ou cerca de 3 horas e a autonomia sobre o alvo é mínima. A aeronave tem que se deslocar para uma base próxima para reabastecer e depois continuar na missão.

Um drone Predator com velocidade de cruzeiro de 130km/h levaria 8 horas para chegar na fronteira a partir de Manaus (mais 8 horas para voltar) e sobraria 8 horas de autonomia no local. O USMC está comprando o drone Reaper para operar nos cenários de longo alcance no Pacífico. Com um tanque extra nas asas passaram a ter uma autonomia de 40 horas. Os drones operando sobre a Líbia em 2010 passavam mais tempo em transito do que operando sobre o local devido as distâncias.

Os cenários de baixa intensidade na Amazônia sugerem uma aeronave a jato de longo alcance a partir de uma base centralizada em Manaus. No caso de um drone seria o Predator C a jato com autonomia de 18 horas. Uma opção de aeronave tripulada seria um KC-390 artilhado e ainda mantendo a capacidade de reabastecimento de outras aeronaves. O tanque extra na cabina pode ser usado para aumentar a autonomia da aeronave ou apoiar aeronaves de ataque operando no local.

Os esquadrões do 3o Grupo da FAB também estão bem posicionados para apoiar as unidades na fronteira, principalmente em Porto Velho e Boa vista. Os A-29 Super Tucano tem a capacidade de realizar as missões de drones maiores como o Reaper, principalmente em termos de armamento e autonomia.


O USMC adaptou seus KC-130 para atuar como aeronave artilhada. Um dos cabides foi adaptado para levar mísseis Hellfire e sensores FLIR foram instalados no casulo de combustível da asa. Um casulo de reabastecimento foi mantido na asa direita para manter a capacidade de reabastecer outras aeronaves. Lançadores de mísseis Griffin foram instalados em uma porta. O KC-390 também poderia receber adaptações semelhantes para atuar como aeronave artilhada. Operando de Manaus pode cobrir toda a fronteira e ainda reabastecer caças operando em Manaus.

 


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