DRONES NO EXÉRCITO BRASILEIRO


A imagem acima é de uma unidade ucraniana Seneca da Brigada 9. É uma unidade especializada na operação de drones. Os quatro braços das hélices dos quadricópteros passarão a fazer parte das "bolachas" das unidades que operam drones futuramente.

No conflito recente entre a Ucrânia e a Rússia ocorreu o uso disseminado de drones em uma guerra convencional. Os vídeos na internet mostram várias situações onde os drones mostraram suas capacidades e novas possibilidades de uso em combate. O uso variou desde pequenos drones comerciais até drones maiores e mais capazes como os drones de ataque Bayraktar TB.2.

O objetivo dos drones é adicionar novas capacidades e não necessariamente substituir os meios existentes. Podem realizar com vantagem o que já é rotina. O drone pode até potencializar as capacidades dos recursos já existentes ou ser um multiplicador de força.

O termo drone é mais um apelido de origem francesa e será usado aqui. Era o termo mais usado na década de 1960. O termo técnico seria Aeronave Remotamente Pilotada (ARP) ou RPV em inglês. Oficialmente é chamado de VANT (veículo aéreo não tripulado) no Brasil que vem de UAV (Unmanned Aerial Vehicle). O termo SARP (Sistema ARP) também é usado considerando que atua como um sistema com vários drones, estação de controle e sistemas de comunicação.

O objetivo deste artigo é examinar como poderia ser a introdução em larga escala de drones no Exército Brasileiro (EB), mas os dados seriam os mesmos em relação ao Corpo de Fuzileiros Navais e os Batalhões de Infantaria da Aeronáutica.
 

CATEGORIA DOS DRONES

Existem vários parâmetros para classificar os drones segundo o peso, alcance, altitude de operação, capacidade de carga, sistema controle (linha de visada ou além da linha de visada) e escalão do elemento de emprego como escalão superior (drones grandes) ou escalão inferior (Batalhão).

Os drones Categoria 0 possuem autonomia inferior a uma hora e são usados para reconhecimentos específicos, principalmente visando a segurança da tropa que o emprega (Pelotão ou Companhia). Geralmente realizam observação de contra encostas, perímetros de pontos em que a tropa fique vulnerável a emboscadas e de vias de acesso, zona de ação logo após a linha de partida imediatamente antes do ataque ou com voos esporádicos além da linha de frente durante uma defesa de área.

Os drones Categoria 1 possuem autonomia entre uma e duas horas e possuem utilização semelhante aos Categoria 0, porém são utilizados no nível de Batalhão e possuem um raio de ação estendido. Podem ser utilizados para acompanhamento de ações específicas de frações da unidade (reconhecimentos por exemplo), possibilitando que o observador possa orientar o comandante da fração sobre a situação imediata de ameaças e pontos de interesse para o reconhecimento.

Os drones de categoria 0 pesam menos de 2kg. Os de categoria 1 pesam entre 2 e 150kg. São divididos entre microdrones, minidrones (2 a 20kg) e drones pequenos (20 a 150kg). Os drones de categoria 2 pesam entre 150 a 600kg. Os drones de categoria 0 e 1 são operados por um ou dois soldados e podem ser levados em uma mochila.

O tamanho do drone usado em cada escalão está relacionado com o tamanho da área de operação a ser coberta. Cada escalão tem suas necessidades de observação ou zonas de combate.

Uma Divisão cobre uma frente de cerca de 25 km e uma profundidade de 70 km. A profundidade da área de operação de uma Divisão determina o alcance do drone que cai na categoria 2 com alcance de cerca de 70km e autonomia de 15 horas. Um exemplo é o Skylark 3 da Elbit com autonomia de até 15 horas (versão com propulsão híbrida).

Um Batalhão cobre uma fração desta distância que pode ser coberto pelos drones da Categoria 1 com alcance de 8 a 10 km. Unidades especializadas em drones maiores como os que operam o Nauru 1000 (Categoria 2) apoiariam a Artilharia Divisional.

A frente e a profundidade variam no caso de operações ofensivas e defensivas. Uma Brigada em uma operação ofensiva cobre uma frente de cerca de 6km e uma profundidade de até 15km. O objetivo imediato pode estar a 5km e o intermediário a até 15km com opção de objetivos adicionais a até 30km dependendo do sucesso das operações. Um Batalhão defende uma área de 3 a 5km com profundidade de até 3km enquanto na ofensiva chega a cobrir uma frente de cerca de 1-2 km, ou até menos, para conseguir superioridade local.

Também devem ser considerados os dados de marchas, áreas de montagem da unidade, posicionamento de bases da artilharia e logística e postos de comando. Um Batalhão logístico apoiando uma Brigada posiciona os depósitos de munição a cerca de 20-40km durante um avanço e 35-50km na defensiva. Estes dados são usados para planejar as missões de reconhecimento dos drones.

O comandante de um Grupo de Combate ou Pelotão está preocupado com o que tem do outro lado de uma montanha, de uma esquina ou muro. Um comandante de Companhia quer ver além da área de operação dos Pelotões. Já o comandante do Batalhão quer realizar reconhecimento e vigilância ao redor de suas Companhias. Os alvos tem que estar dentro do alcance dos Morteiros de 81mm que chega a 3 a 4 km (se disparados próximos da linha de frente) ou até a bateria de artilharia fazendo apoio direto (cerca de 12km). Os drones da Categoria 0 e 1 apoiariam os Batalhões e Pelotões.

Na defensiva, uma Companhia cobre uma frente de 1,5km e 1,0 km em profundidade. Um Pelotão cobre uma frente de 400 por 300 metros de profundidade. Um grupo de combate cobre uma frente de 100 metros. Na ofensiva, um grupo de combate cobre uma frente de 50 metros.


Os drones são geralmente categorizados por peso (padrão da OTAN). Os de Categoria I podem ser levados em mochila. Os de Categoria 0 (não mostrados) podem ser levados no bolso. Os de Categoria II podem ser levados em veículos leves. Os de Categoria III são transportados em caminhões. Os de Categoria IV e V (não mostrados) tem que operar de pistas de pouso ou bases aéreas.
 

PELOTÃO DE DRONES

A introdução dos drones no Exército Brasileiro (EB) tem que considerar vários aspectos e variáveis como a categoria do drone, o escalão de emprego (Pelotão, Batalhão, Brigada, etc), a Arma-base que emprega o drone (Infantaria, Cavalaria, Artilharia, etc), o modo de emprego (ofensivo ou defensivo), a missão (reconhecimento ou ataque), o espectro de conflito (baixa a alta intensidade), o ambiente operacional (selva, montanha, urbano, etc), e a duração do conflito (incursão de curta duração a operações de larga escala e longa duração).

No US Army e USMC, os drones foram introduzidos primeiro no escalão de Divisão e Brigada com os drones maiores (Categoria 2 ou 3) como os drones Hunter, Shadow e Grey Eagle mais recentes. Com a miniaturização dos sensores e sistemas, os drones menores passaram a equipar primeiro os Batalhões e Companhias e depois foram passados para os Pelotões e Grupos de Combate com a introdução dos mini-drones. Como exemplo temos o Puma, Raven e agora os quadricópteros.

Em 2018, os Pelotões do USMC passaram a ter capacidade de reconhecimento aéreo orgânico ao serem equipados com mini-drones InstantEye. Cada Batalhão recebeu 54 drones InstantEye com cada Grupo de Combate sendo equipado com dois mini-drones e um operador de drone. São 648 grupos de combate previstos para receberem drones. Os Grupos de Combate terão uma nova configuração com uma das três equipes de tiro equipada com um operador de drone. Os Batalhões do USMC tem um Pelotão de Reconhecimento equipado com drones (chamado de unidade de reconhecimento e vigilância) que operam com três drones Puma e três drones Ravens desde 2004.

Os mini-drones podem realizar ou auxiliar as missões de recon de líderes, ou o reconhecimento que é feito momentos antes de um ataque. Os drones Puma apóiam o esforço principal e o plano de coleta do Batalhão. As Companhias usam os drones Wasp e Raven.

O USMC considera que o grupo de combate deve ter prioridade para operar drones pois estão na linha de frente, com um tempo de reação que pode chegar a segundos. Não podem esperar pela ajuda de operadores de drones dos escalões superiores e que decidem quem tem prioridade.


Drone InstantEye do USMC. Se existe o infante, fuzileiro, metralhador, granadeiro e artilheiro, então nada impede que seja criado o droneiro.


O InstanEye vem com uma maleta de transporte e uma mochila. O sistema com drones, baterias e estação de controle precisam de proteção durante o transporte em campo.


As operações no Afeganistão e Iraque era mais defensivas com muitas bases avançadas manejadas por Pelotão ou Companhia. As tropas estavam operando drones a partir de uma base fixa com os drones patrulhando a região ao redor ou dando cobertura para patrulhas. O cenário também era de baixa intensidade contra um inimigo menos capaz. O conflito era de longa duração e já durava vários anos.

Nos treinamentos de operações ofensivas em cenário de média a alta intensidade, os drones passaram a aparecer alguns problemas. O operador de drone tinha que acompanhar o comandante de Pelotão ou Companhia que se movia próximo ou junto das tropas. O comandante tinha que parar frequentemente para ver as imagens do drone. O drone Raven precisa de um local adequado para lançamento e recuperação e que geralmente não era o local adequado para um posto de comando tático.

A solução sugerida foi colocar o operador centralizado no posto de comando do Batalhão e enviando informações ou imagens de vídeo em tempo real para os comandantes das Companhias e Pelotão na linha de frente. Para operar os drones foi sugerido equipar cada Batalhão do USMC com um Pelotão de Drones.

As tropas ucranianas que treinaram nos países da OTAN foram ensinadas a posicionar o comandante da Companhia junto com as tropa na linha de frente ou na trincheira. Funciona bem contra inimigos mal equipados como nos conflitos no Iraque e Afeganistão. Os ucranianos perceberam que era melhor operar na retaguarda apoiado por um drone para ter os olhos no céu com apoio do drone e comunicando com os pelotões ou comandantes de grupo de combate na linha de frente.

Posicionado na trincheira, o Capitão é apenas outro link na cadeia de comando enquanto do lado do operador do drone consegue tomar decisões e no céu percebe o que está acontecendo tendo uma boa consciência da situação. Pode tomar decisões calmamente olhando o campo de batalha ao invés de ouvir informações do rádio e monta um quadro mental.

No EB, o Pelotão de Drone teria uma seção de mini-drones (Categoria 0) que seriam operados junto com os Pelotões e grupos de combate como ocorre com o USMC. Os mini-drones (quadricópteros) seriam os primeiros a serem considerados para uso disseminado. Podem ser os quadricópteros de uso comerciais por serem baratos como os modelos já adquiridos pelo EB. Seriam usados inicialmente para treinamento e desenvolver táticas.

Um drone maior com maior autonomia (Categoria 1 como o FT 100 do EB), seria usado para reconhecimento sendo equivalente ao drone Puma do US Army. São necessários pelo menos três drones para manter cobertura contínua por 24 horas ou seis drones para manter dois drones no ar continuamente. Os drones de Categoria 0 não podem manter cobertura contínua e são mais usados em situações pontuais para reconhecimento.

Outra seção poderia ser equipada com quadricópteros maiores com capacidade de levar cargas ou sensores de melhor resolução. A autonomia também é maior que os mini-drones.

Uma quarta seção pode ser equipada com drones letais como o Switchblade 300 e Switchblade 600. Poderia ser a primeira capacidade anti-carro com armas guiadas enquanto o Batalhão não recebe mísseis anti-carros. Os drones letais geralmente atuam em equipes "hunter-killer" com outro drone fazendo busca de alvos.

O Pelotão de Drones pode fazer parte da Companhia de Comando e Apoio (CCAp) dos Batalhões com os drones sendo distribuídos, conforme a situação, nos escalões de Companhia e Pelotão. Todo Batalhão tem frações responsáveis pelas missões de reconhecimento, inteligência, apoio de fogo indireto e anti-carro. O CCA inclui um Pelotão de Comando e um Pelotão de Apoio equipada com morteiros, armas anti-carro e metralhadora média/pesada. Também pode ser reforçado por outras unidades de logística, antiaérea, engenharia, comunicações, reconhecimento e até uma seção de Sniper. Todos podem se beneficiar e estar integrados com o uso dos drones.

Como mostrado acima, as operações de drones dependem de algumas questões inter-relacionadas como a missão (reconhecimento), em qual escalão estão operando (Batalhão), qual o cenário (baixa ou alta intensidade) e qual categoria de drone (Categoria 0, 1, 2 etc). Uma consequência é ter uma unidade com pessoal especializado para operar o drone, seja nos escalões inferiores (Batalhão) ou nos escalões superiores (Brigada e Divisão) que usam os drones maiores.


Organização e dotação de um Pelotão de Drones com as seções dividas em relação ao alcance do drone ou missão (reconhecimento ou ataque). A seção de drones de curto alcance (mini drones) pode ter um número maior de operadores para apoiar os pelotões. Os drones letais são armas de apoio indireto e poderiam fazer parte da Companhia de Apoio de fogo.


O alcance pessoal é a distância onde costuma ocorrer a maioria dos contatos com fogo direto contra tropas inimigas. Geralmente varia de 4 metros até 1 km.

 

COMPANHIA/BATALHÃO DE DRONES LEVES

A inclusão de um Pelotão de Drones nos Batalhões é uma abordagem para implantar os drones nas unidades do Exército Brasileiro. O ideal seria implantar um Pelotão de Drones em cada Batalhão, mas nem sempre será possível ou necessário, principalmente por questões econômicas.

A outra abordagem seria criar uma Companhia ou Batalhão de Drones Leves inicialmente para disponibilizar os Pelotões de Drones para as unidades que não operam com uma unidade de drone especializada. Uma Companhia/Batalhão de Drones sempre será necessária para a introdução dos drones para cuidar de questões como logística, manutenção e treinamento de operadores. Pode ser usada até mesmo para desenvolver doutrina, táticas, Procedimento Operacional Padrão (POP) e as Normas Gerais de Ação (NGA).

Um problema que os ucranianos tem com os seus drones é a falta de operadores de drones e a dificuldade de treinar em grande quantidade. Os ucranianos tem como objetivo treinar cerca de mil operadores de drones por mês. Querem ter pelo menos um operador de drones por pelotão.

Um Batalhão ou Brigada é uma tropa operativa que sai como um todo para realizar uma missão. Um Comando, como o Comando de Operações Especiais ou o Comando de Aviação do Exército, disponibilizam pequenos destacamentos para realizar uma missão específica. Um Comando de Drones seria a organização que disponibilizaria drones leves e drones pesados para apoiar outras unidades que não operam drones. Os Batalhões de Drones Leves e Pesados poderiam fazer parte do Comando de Aviação do Exército também poderia apoiar ao invés de criar um Comando de Operações de Drones (ou SARP ou VANT).

Considerando um Pelotão de Drones por Batalhão, uma Brigada necessita de uma Companhia de Drones com pelo menos três Pelotões de drones enquanto uma Divisão precisaria de um Batalhão de Drones (três Companhias de Drones). As sete Divisões do EB necessitariam de sete Batalhões de Drones Leves. A unidade evoluiria de um destacamento para um Pelotão, depois Companhia até chegar no escalão de Batalhão de Drones. Esta abordagem centralizada serve para indicar a quantidade de pessoal e material necessário para implantar os drones de forma disseminada no EB. O EB opera com 25 Brigadas e cerca de 75 Batalhões de vários tipos. Seriam necessários cerca de 75 Pelotões de drones para equipar todos os Batalhões.

Cada conflito ou operação vai indicar a composição de um Pelotão de Drone. Conflitos de média a alta intensidade como na Ucrânia tem muita ameaça de blindados e os drones letais e drones bombardeiros seriam muito usados. Em um conflito de baixa intensidade são realizadas muitas missões de reconhecimento e poucas missões de ataque. Forças de retaguarda fariam muita segurança de base ou comboios como no caso das unidades de logística e Polícia Militar. Uma abordagem é formar Companhias de Drones de reconhecimento da Categoria 1 e de drones letais de maior capacidade.

Também poderá ser comum a formação de unidades incompletas inicialmente. Um Pelotão pode ter previsão de quatro equipes de drones, cada um operando um tipo de drone, mas que pode operar, pelo menos inicialmente, com apenas uma equipe e um tipo de drone (mini quadricóptero por exemplo). Outra situação é ter a dotação completa de pessoal para operar com três sistema de drones, mas receber apenas um que será usado para treinar as três equipes.

O objetivo inicial da introdução de equipes incompletas é focar no treinamento e familiarização. As tropas devem ter orientações sobre as capacidades dos drones, operação básica, manutenção e procedimentos de segurança. Substituir os drones perdidos é muito mais fácil que treinar pessoal e substituir operadores experientes.

As forças de emprego estratégico seriam as unidades com prioridade para serem equipadas com um Pelotão de Drone. O Destacamento de Precursores da Brigada pára-quedistas tem unidade dedicada pois os membros tem que ser pára-quedistas e precursores, mas poderiam receber treinamento em uma Companhia ou Batalhão de drones. O EB tem seis unidades de emprego estratégico: a Brigada pára-quedista, 12ª Aeromóvel, 15ª Mecanizada, 23ª de Selva de infantaria e as 4ª Mecanizada e 5ª Blindada de Cavalaria. São as unidades com prioridade para serem equipadas com Companhia ou Pelotão de Drones.

Os russos tem uma Companhia de drones para cada Brigada que opera drones de vários tamanhos. Em 2014 já havia 14 Companhias de drones em operação. Inicialmente consideravam usar os drones nas Companhias de Reconhecimento da Brigada ou nas Companhias de reconhecimento da artilharia orgânica da Brigada. A decisão final foi criar uma Companhia única para operar os drones com cada Pelotão dividido por tipo de drone.

O Exército Ucraniano possui unidades especializadas em drones, conhecidas como Unidades de Drones Táticos. Essas unidades são responsáveis pelo emprego de drones em operações militares e têm a finalidade de fornecer apoio de inteligência, vigilância e reconhecimento em campo de batalha. Essas unidades são integradas às forças terrestres e podem ser atribuídas a diferentes escalões, desde o nível tático até o nível operacional.

A Ucrânia quer treinar 10 mil operadores de drones em um exército de 800 mil. Em uma força de pouco mais de 200 mil homens no Exército Brasileiro, a proporção semelhante a ucraniana seria de cerca de 2,5 mil operadores de drones. Com metade operando em 25 Brigadas seriam cerca de 50 operadores por Brigada ou o equivalente a uma Companhia de Drones considerando também as tropas auxiliares.

Uma unidade de drones ucraniana, a Aerorozvidka, realizava cerca de 300 missões por dia. Voa mais a noite por segurança, além de mudarem o local de lançamento frequentemente assim como o horário e a frequência dos sinais de rádio. O reconhecimento era feito de dia com drones das unidades locais que determinavam as coordenadas dos alvos. Usavam veículos 4x4 para se esconder na mata e usava drones R18 equipados com câmeras termais capazes de lançar bombas de até 5kg. O R18 tem autonomia de 40 minutos, raio de 4km e custa US$ 20 mil (metade de um míssil NLAW).


As unidades de drones da Ucrânia operam em veículos 4x4. Os veículos 4x4 não são alvos prioritários e tem boa mobilidade.


Um operador de drone ucraniano dentro de uma casa próxima da frente de batalha. Os operadores de drones aprenderam a se proteger contra a reação russa que pode triangular e atacar as posições dos operadores de drones. Os operadores de rádio e o pessoal ao redor eram alvos prioritários dos snipers e agora os operadores de drones passam a ser prioridade, incluindo para outros drones.

A Brigada Striker do US Army tem um Batalhão de reconhecimento que inclui uma Companhia de Vigilância com um Pelotão de drones equipado com quadro drones Gray Hawk e o Shadow com capacidade de reconhecimento e ataque. O efetivo é de 20 homens. O Pelotão de drones evoluiu para uma Companhia de drones. Fazem parte do Escalão de Divisão, mas são controladas pelas Brigadas.

No Exército Britânico, a introdução dos drones foi com a conversão de um Regimento de Artilharia para operar drones Categoria 2 (atual Watchkeeper) e depois outro Regimento para operar com drones leves do tipo Desert Hawk que estão sendo substituídos por quadricópteros e drones VXE30 da Categoria 1.

O Exército da França usa um Pelotão equipado com drones DRAC (Drone de Reconnaissance au Contact) da Categoria 1 nos seus regimentos de artilharia. O DRAC tem raio de ação de 10km e autonomia de 90km e estão sendo substituídos por 35 sistemas Thales Spy'Ranger SMDR (systèmes de mini-drones de reconnaissance) com requisito de alcance de 30km e autonomia de 2 horas e meia. Cada sistema custou cerca de 3 milhões de Euros. As unidades de Engenharia usam drones de Categoria 0 para abertura de itinerários e a identificação de artefatos explosivos improvisados. Em 2008 estavam em operação 62 sistemas de três aeronaves.

O Exército de Israel disponibiliza um sistema drone para todo comandante de Companhia. O imageamento é superposto em um mapa e a informação é disseminada para os usuários que solicitarem os dados. Os comandantes das frações recebem treino adicional, que os ensina essencialmente como aproveitar melhor a capacidades e possibilidades dos drones. Os comandantes sabem o que eles podem exigir de um operador de drone da sua fração e quais os tipos de inteligência que os sensores embarcados nos drones podem fornecer.

No EB, o drone de apoio dos escalões de Divisão também podem equipar as Baterias de Aquisição de Alvo de um Grupo de Artilharia de Campanha (GAC) que apoia a Divisão como já é feito com os novos drones Matrice (Categoria 1). Outra unidade poderia ser o Regimento de Cavalaria Mecanizada que tem como missão principal o reconhecimento. Um Regimento cobre uma frente de 16 a 36km e faz reconhecimento de eixo de até 9km. A AVEX está recebendo novos drones e seria uma opção para operar drones maiores ou para cobrir todas as unidades do país inicialmente com um Batalhão de drones fornecer suas Companhias e Pelotões para apoiar as Divisões. O Batalhão de Inteligência Militar é outra unidade que pode operar drones em uma de suas Companhias. Pode ser drones com funções especiais como Inteligência Eletrônica ou de imagem radar.

 
DRONES MULTIMOTORES

Os drones quadricóptero da Categoria 0 são os mais indicados para os Pelotões e Grupos de combate pois tem vantagens em alguns cenários comparado com os drones de asa fixa como o Raven e o Puma. Cenários urbano e ambientes confinados exigem a capacidade de pairar e focar em um ponto. Os quadricópteros também são mais fáceis de serem recuperados a noite. A outra opção é um drone HVTOL (híbrido de decolagem e pouso vertical de asa fixa) permitindo aumentar a autonomia ao mesmo tempo que facilita o lançamento e a recuperação.

Em 2018, o USMC anunciou mudanças nos seus grupos de combate e Pelotões de infantaria. Os grupos de combate de 12 fuzileiros iriam receber um quadricóptero comercial e um fuzileiro adicional para operar o drone (Squad System Operator). Na época foram comprados 800 sistemas de quadricópteros por menos de US$ 2.000 cada para equipar as tropas operando no Afeganistão.

As tropas compravam os drones com o próprio dinheiro desde 2014 com ótimos resultados, mas o US Army baniu o uso dos drones da DJI em 2017 devido a suspeitas de ter algum recurso que passaria informações para os chineses. Na época, um Phantom 3 custava cerca de mil dólares. A autonomia era de 20 minutos e o alcance de 2km. O Phantom 3 pode voar em uma altitude de até 500 metros, mas geralmente voa bem mais baixo pois demora a subir. Agora o mercado disponibiliza os DJI Mavic e Matrice bem mais capazes.

Em 2022, o US Army selecionou o drone Skydio X2D para o programa Short Long Range Reconnaissance (LRR), como parte do programa Rucksack Portable Unmanned Aircraft System (RPUAS) para equipar as tropas com drones que podem ser mochilados. O drone foi designado RQ-28. O peso é de 1,3 kg, oj alcance de 6km e usa sensor de imagem 4K e FLIR. O US Army planeja comprar 1.080 drones RQ-28 para equipar seus Pelotões. O custo é estimado em US$ 92 mil cada.

A França comprou 300 mini-drones Parrot da ANAFI-USA por US$ 36 milhões incluindo modificações. O custo médio foi de US$ 120 mil cada sem considerar outros itens como baterias e estação de controle. O custo na internet é citado como sendo US$ 7 mil. Os drones equivalentes comprados pelo EB custaram mais de 10 vezes menos.

As forças de defesa de Israel introduziram os drones DJI Mavic e Matrice em 2017 nas suas Brigadas de infantaria e Batalhões de fronteira no sul. Todo comandante de Companhia recebeu um drone Mavic Pro para ser usado como binóculos voador. As tropas já usavam quadricópteros de uso pessoal. O Mavic pesa 734g e o peso total chega a 1 kg com a estação de controle. A câmera grava vídeos em 4K. As baterias extras são carregadas em 1 hora em um veículos. Cada drone custa cerca de mil dólares. A autonomia é de 21 minutos em média e o alcance é de 7 km. O teto é de 5 mil metros, mas geralmente voa a 100 metros. Voar muito longe, alto e rápido diminui a autonomia. O drone é fácil de operar e um operador pode ser treinado em alguns minutos. O drone Matrice pesa o dobro do Mavic e opera melhor no caso de vento forte. O Matrice tem visão noturna e é usado nos Batalhões de fronteira de Israel. O Matrice 100 custa cerca de US$ 3.300.


O RQ-28 do US Army estão equipados com sistema de evitamento de obstáculo. Os sensores tem software para identificar forma humana.


Drone Parrot do exército francês. A versão militarizada do Parrot pesa 500 gramas, tem autonomia de voo de 32 minutos, câmera diurna e noturna e datalink militar com raio de ação de até 4 km. O vídeo 4K tem zoom de até 32 vezes sendo capaz de identificar um soldado a 2km. As imagens do sensor térmico pode ser sobrepostas para destacar alvos quentes. A câmera pode gerar mapas digitais e vídeos térmicos. O drone é inaudível a 130 metros. Fica pronto em um minuto e é fácil de treinar os operadores. O drone opera em um sistema com dois drones, baterias adicionais e estação de controle.


O Exército Britânico comprou o drone Indago 4 para substituir os Desert Hawk. Os quadricópteros são operados por um Regimento de artilharia dedicado na operação de mini-drones.


O EB adquiriu 30 drones Mavic 3 (foto) e quatro drones Matrice. O Mavic irá equipar as pequenas fraçoes e pode ser modificado para lançar munição. O custo é de US$ 3 mil (preço de uma munição de artilharia), mas chega a US$ 30 mil se for equipado com uma câmera termal como a versão comprada pelo EB.


Drone Matrice comprado pelo EB. Irão equipar inicialmente as Baterias de Busca de Alvos.


O drone R-18 foi o resultado da experiência ucraniana nas batalhas em Dombas. Recebeu 8 rotores e pode resistir a danos de batalha. O R-18 é usado para reconhecimento e ataque com maior capacidade de sobrevivência. Pode levar uma carga maior como três granadas anti-carro.


Um drone individual para cada soldado seria o escalão mais baixo de implantação de drones. O micro drone PD-100 Black Hornet PRS (Personal Reconnaissance System) foi o mais usado pelas tropas no Afeganistão desde 2013 quando 300 drones foram comprados pelos Commandos britânicos. O SOCOM usa o Black Hornet desde 2015. Em 2019 já eram mais de 5 mil comprados por 20 países incluindo forças policiais. O US Army comprou 600 Black Hornet em 2019.

Os Black Hornet foram usados para reconhecimento para as tropas poderem ver dentro de prédios, cavernas, procurar snipers, ver através de cantos e atrás de muros. Os meios de visão direta como os óculos de visão noturna e lunetas não permite ver nas esquinas ou dentro de cavernas ou janelas e o drone é o recurso disponível para realizar reconhecimento aproximado em outras direções.

O Black Hornet pesa apenas 33 gramas, mas o sistema completo pesa 1 kg com dois drones e uma estação de controle. Demora 25 minutos para recarregar e por isso o operador usa dois drones. O custo inicial era de US$ 200 mil para cada sistema e passou para US$ 50 mil na versão Black Hornet 2. O drone fica pronto para vôo em menos de 1 minuto incluindo ligar o controle. O operador pode ser treinado em apenas 16 horas. O alcance é de 1.600 metros e a autonomia de 25 minutos são suficientes para a maioria das missões. A câmera tem capacidade de zoom. A velocidade chega a 36 km/h e opera com vento de até 43 km/h, mas voar rápido gasta a bateria mais rápido. A versão Black Hornet 3 é um pouco maior e pesa 38 gramas e usa uma câmera de maior resolução e visão noturna, sendo mais rápido, voa mais longe e tem maior autonomia.


O drone Black Hornet tem três câmeras. Uma apontada para frente, outra apontada 45 graus e outra olhando para baixo. Um sistema com dois drones e um tablet de controle pesa 2,2kg. O drone fica pronto para voo em 1 minuto. Existem cópias civis com preço de cerca de R$ 1.000 apenas para o drone e sem a estação de controle.


DRONES DE ASA FIXA

Foi descrito a operação de quadricópteros sendo introduzidos nos Batalhões, mas ainda existe a necessidade de drones maiores e mais capazes, principalmente com maior autonomia, para apoiar os comandantes dos Batalhões e até Companhias. Geralmente são modelos de asa fixa, mas os modelos mais atuais estão usando a propulsão HVTOL (híbrido VTOL) para facilitar a operação de pouso e decolagem sem causar danos aos drones.

O US Army e USMC não iniciaram a operação dos drones nos Batalhões com modelos quatricópteros e sim com modelos convencionais como o Raven e Puma. As forças especiais foram as primeiras a usar o drone Raven em combate apoiando as pequenas patrulhas de reconhecimento e incursões a noite. Em 2012, as forças americanas operavam cerca de 5 mil drones com menos de 10 kg como o RQ-11 Raven e chegou a 6 mil em 2019.

O Raven entrou em serviço em 2003 no escalão de Pelotão e Companhia no US Army para ver além da colina e construções, fazendo reconhecimento aproximado e vigilância. O Raven permite observar as áreas em torno das Unidades de Infantaria ou Cavalaria em solo, identificando riscos e amenizando perigos ao coletar informações acerca das atividades inimigas próximas e, assim, obter coordenadas de elementos em solo. Um Batalhão podia operar com até nove Raven (um sistema com três drones por cada Companhia). Antes dependiam dos Batalhões de Aviação se precisassem de reconhecimento aéreo.

Os Raven foram muito usados no Iraque e Afeganistão com sucesso. O Raven é bem popular entre as tropas, sendo usado para encontrar e acompanhar contatos, segurança perimetral e escolta de comboios. As emboscadas e ataques de foguetes e morteiro passaram a ter menos sucesso contra as tropas operando com o Raven. O operador já sabe quais são as melhores posições de emboscadas se pensar igual ao inimigo. O drone é enviado para observar estes locais periodicamente e até consegue detectar emboscadas ou preparação de explosivos.

As forças não combatentes usavam o Raven para segurança de base e os comboios usavam para monitorar as rotas contra emboscada e armadilhas. O barulho acima também espantava os terroristas. Outra função é apoiar ataques aéreos, voando antes e após a missão de ataque para coletar informações, preparar a missão e depois avaliar os danos dos ataques. Os Talibãs capturados citam que odeiam os mini-drones pois ficou difícil se esconderem ou fugir.

A versão Raven A tem autonomia de 1 hora que era suficiente na maioria das missões. O Raven B tem autonomia de 80 minutos e raio de ação de 15km, voa a até 90 km/h com velocidade de cruzeiro de 40 a 50 km/h. No deserto plano do Iraque, o Raven operava melhor que no terreno montanhoso do Afeganistão.

O Raven pode ser facilmente levado em uma mochila e é um requisito para operar no escalão de Companhia ou abaixo. A estação de controle permite enviar vídeo e fotos gravados para os escalões superiores. A estação de controle permite clicar em um botão no mapa e o drone automaticamente circular o local e mantém a câmera apontara para o ponto marcado no terreno. O Raven tem modo de voo manual usado no modo de perseguição.

O sensor pode ser uma câmera de vídeo colorida diurna ou uma câmera de baixa luminosidade noturna, além de um apontador laser. As câmeras têm que ser trocadas se o drone for usado a noite.

O Raven custa US$ 35 mil cada. Operam em um sistema que inclui três drones e duas estações de controle com custo total de US$ 250 mil. O drone pode realizar uma média de 200 pousos antes de quebrar algo.

Um simulador é usado para treinar novos operadores e para mostrar as suas capacidades para os comandantes em terra. O treinamento dura três semanas e depois os operadores voam pelo menos uma vez por semana para treinar. A efetividade do Raven depende do treinamento do operador e o conhecimento do comandante sobre o seu uso correto.

Em 2017, o Raven recebeu um datalink digital que permitia enviar imagens de vídeo de melhor resolução e é mais difícil de ser interferido. Em 2016, a Ucrânia recebeu 72 drones Raven com datalink analógico que era facilmente interferido pelos Russos. Operando contra guerrilheiros não era um problema.


Um Raven sendo lançado de uma base no Iraque. As primeiras versões do Raven entraram em operação em 2005. Eram muito barulhentos e podiam ser ouvidos a distância. Eram controlador por joystick com um laptop com mapa que mostra a posição da aeronave no terreno. A câmera não era estabilizada e balançava muito pois uma aeronave pequena era muito instável e qualquer vento balançava a aeronave.


Uma equipe de reconhecimento aéreo (Raven Team) é composto por dois operadores, três aeronaves Raven, dois tipos de carga útil (câmera colorida e Infravermelha), uma unidade de controle de solo, baterias (recarregáveis), estojos de transporte / proteção e carregador de bateria / fonte de alimentação. O Raven pode ser desmontado e levado em uma mochila. Depois de montado pode ser lançado a mão. O destacamento é composto por três operadores com três Raven e dois sistemas de controle. Para manter a operação constante estão sempre lançando, controlando e recuperando os Raven. Basta trocar a bateria e lançar novamente.


O US Army usa o RQ-20B Puma no escalão de Batalhão. O Puma é uma versão maior que pesa 5,9 kg contra 2 kg do Raven e com autonomia maior que 2 horas. A velocidade máxima é de 83 km/h com velocidade de cruzeiro de 37 a 50 km/h. Pode voar a até 3.800 pés e opera melhor em mau tempo. Pode voar entre 150 a 300 metros sem ser ouvido. O Puma é a prova d'água e pode voar em ambiente marítimo. Cada um custa US$ 65 mil. O sistema com três drones e estação de controle custava cerca de US$ 400 mil.

O objetivo do US Army é equipar cada Companhia de Infantaria com um sistema Puma, com um total de 18 por Brigada, além dos Raven. A principal diferença com o Raven é a câmera móvel, com zoom e melhor definição da imagem. Também é mais estável por ter o triplo do peso. O US Army quer um micro-drone mais efetivo e tão fácil de usar quanto o Raven. Devido a melhor definição da imagem, o Puma mostrou ser melhor para esclarecimento de rota, indo a frente a procura de emboscadas, detecção de explosivos improvisados e varredura de minas.

A versão mais atual do Puma é o RQ-20 Puma Long-Endurance (LE) com autonomia aumentada de 3 horas para 6,5 horas e o raio de ação pode ser aumentado de 15km para 60km com antena de longo alcance. A torreta Mantis i45 tem versão diurna e noturna que pode ser mudadas rapidamente. Outra modernização foi o kit para dar capacidade de pouso e decolagem vertical (HVTOL).


Drone Puma decolando com kit HVTOL. Um kit VTOL adiciona peso, mas permite decolar com um maior peso máximo pois a potência máxima só é usada por pouco tempo. Na média, o consumo diminui e permite aumentar a autonomia.


Detalhes da câmera termal do Puma.

O drone RQ-12 Wasp é menor, pesando 454g, com entrada em operação em 2007. A autonomia é de 45 minutos e usa uma câmera fixa apontada para frente e para o lado. O alcance é de 5 km e pode operar em uma altitude de 170 metros. O Wasp usa o mesmo controle do Raven e custa US$ 45 mil cada.

Israel opera o drone Skylark I no escalão de Brigada desde 2008 no Corpo de Artilharia para realizar missões de inteligência, reconhecimento e vigilância de curto alcance. Toda Brigada tinha dois sistema com três drones, três câmeras vídeos sendo duas diurnas e uma noturna, controle por laptop e rádio. O Skylark I voa baixo e silencioso com autonomia de 3 horas. Pode ser lançado a mão ou com ajuda de elásticos. O pouso é com pára-quedas e amortecido por airbag. O Skylark foi usado no conflito de Gaza em 2014 na operação Protective Edge. No total 18 sistemas operaram continuadamente para detectar alvos de oportunidade (como os lançadores de foguetes improvisados).

As versões em produção atualmente são o Skylark I-LE e Skylark I-LEX com autonomia de 3 horas e raio de ação de 20 km. O raio de ação pode aumentar para 40 km e o teto para 5 mil metros. O sensor Controps D-STAMP tem capacidade diurna e noturna além de ter capacidade de processamento de imagem, acompanhamento de alvos móveis, geolocalização e criar mosaicos com as imagens gravadas. A versão LEX tem um designador laser Elbit Micro Designator Marker (MDM). O MDM pesa apenas 100 gramas com alcance de 1 km.

Os Skylark I foram passados para os Batalhões e Companhias enquanto as Brigadas e Divisões passaram a usar a versão Skylark 3 a partir de 2016. O Skylark 3 pesa 45kg com carga de até 10kg, sendo lançado de catapulta elástica e pouso de pára-quedas com auxílio de airbag para amortecer. Usa um motor elétrico para voo silencioso, com raio de ação de 60 km e autonomia de 6 horas (15 horas nos modelos recentes). Os sensores adicionais podem ser de reconhecimento eletrônico ou interferência eletrônica. Um radar SAR está sendo desenvolvido.

A estação de comando do Skylark 3 é a Elbit Dominator Soldier Digitisation Package, também chamado Forward Ground Control Station (FGCS). A estação de controle pode controlar dois drones ao mesmo tempo, mas geralmente um está em trânsito. A estação de controle tem capacidade "hot swap" para passar a missão de um operador para outro ainda no ar como no caso de um operador fora do alcance e sem precisar recuperar e lançar novamente o drone.


Drone Skylark I LE junto com a estação de controle, antena de transmissão e sensores adicionais. O peso máximo é de 7,5kg com uma carga de 1,2kg. A autonomia é de 3 horas. O pouso é com pára-quedas apoiado por airbag. O sensor tem capacidades avançadas como auto-tracker, indicação de alvos móveis, georeferenciamento e mosaicismo.



O exército alemão uso o drone Aladin no Afeganistão.


O exército russo usa o drone russo Granat 1 que pesa 2,4kg, tem autonomia de 75 minutos e velocidade de 60km/h.


TESTES NO EB

Desde 2010 que o EB realiza licitações para compra de drones para testes que levou ao desenvolvimento do drone FT100 de categoria 1 da empresa Horus. O FT100 entrou em operação em 2014 com 11 unidades compradas. Quatro foram para a Companhia de Precursores Pára-quedista, quatro para o 9º Grupo de Artilharia de Campanha (Nioaque - MS), duas aeronaves foram entregues para a Escola de Artilharia de Costa e Antiaérea e uma para o 6º Batalhão de Inteligência (Campo Grande - MS). Somente a Cia Prec Pqdt seguiu no emprego consolidado do vetor em suas operações. O FT100 Horus foi retirado de operação em 2021.

Em 2015 foi feito uma experimentação doutrinária na Bateria de Busca de Alvos (Bia BA) com a Seção SARP (Seç SARP) do 9º GAC para adestrar a seção que emprega o sistema FT100. Em 2020, a 3ª Brigada de Cavalaria Mecanizada testou drones Mavic Mini Combo para vigilância de fronteira com o Uruguai com os Pelotões de exploradores. O Comando de Aviação do Exército, que será o responsável por gerenciar esse meio no Exército, também realizou vários experimentos.

O FT-100 é um drone de Categoria 1 operado por 2 pessoas, usa sistema de propulsão elétrica com baixa assinatura acústica inaudível a 100 metros, raio de ação de 20km, autonomia de 2 horas, velocidade máxima de 33 Kt e carga útil de 3kg. Opera nos modos de voo Manual, Controlado ou Automático por sistema de “Waypoints”. Possui função “GO HOME”, que permite que a aeronave retorne para o ponto de lançamento após a perda de sinal de rádio frequência.

A aeronave pode transportar sensores eletro-ópticos e infravermelhos, com opções para câmera de alta resolução de mapeamento aéreo. O downlink de vídeo permite a disseminação de informações de Inteligência e Comando e Controle de diferentes formas. As informações geradas pelo Hórus podem ser enviadas e visualizadas por combatentes que podem acessá-las de Unidades de Recepção Individual (URI). Os dados também podem ser enviados diretamente para plataformas tripuladas (aviões e helicópteros).

Foram comprados cinco sistemas Horus FT100 cada um com duas aeronaves e uma estação de controle. A tripulação necessita de constante adestramento dos operadores. Em 2016, o Horus 100 voou aproximadamente 98 horas, 46 horas em 2017 e 26 horas em 2018.


Drone FT100 em voo. O CTEX estabeleceu três concepções de drones para a força terrestre: o VT 15, VT 30 e VT 70 teriam alcance de 15, 30 e 70km respectivamente. O VT 15 teria autonomia de 2 horas e operaria com um sistema de três veículos. Acabou se tornando o FT 100 da Horus.


A estação de controle do drone FT100 usa um notebook semirobustecido Panasonic CF-54.


Sistema FT 100 com estação de controle, antena e drone.


O Subprograma Sistemas de Aeronaves Pilotadas Remotamente (SPrg SARP) visa adquirir sistemas não tripulados para funções como inteligência, vigilância, aquisição de alvos e reconhecimento (ISTAR); inteligência de sinais eletrônicos (ELINT); inteligência de comunicação; logística, apoio de fogo e comando-e-controle. O EB estuda modelos de asa fixa ou rotativa além de drones letais (munição vagante).

Em 2022, o SPrg SARP anunciou a compra de dois modelos de drones para o EB. O primeiro foi o drone Nauru 1000C da XMobots que pode ser equipado com mísseis Enforcer. O Nauru 1000C é um drone categoria 2 com peso máximo de decolagem de 150 kg. A carga é de até 18 kg. Pode atingir velocidade de 112 km/h, tem autonomia de 10 horas e raio de ação de 60 km.

No fim de 2022 foram mostrados os quatro novos drones DJI Matrice 300 RTK para testes no Batalhão de manutenção do AVEx. O Matrice custa cerca de 50 mil reais na versão equipada com câmera térmica. O raio de ação é de 15 km com autonomia de até 55 minutos dependendo da carga. O teto é de 7 mil metros. A velocidade máxima é de 80 km/h. O peso máximo é de 6,3kg com carga de até 2,7kg. A carga principal são os sensores. Uma câmera de TV e FLIR mais sofisticado como a Zenmuse H20T como as compradas pelo EB chegam a custar 50 mil reais. Algumas tem zoom de 30 vezes (200 vezes com zoom digital) e outras são usadas para fotogrametria com definição de 45 megapixel.

Também foram recebidos 30 unidades do drone Mavic 2 que serão distribuídas para uso em pequenas frações. O Mavic 2 tem câmera com zoom de 32 vezes, além de sensor de visão termal. A autonomia é de 31 minutos e tem um raio de ação de 10 quilômetros. Cada Mavic 2 custa cerca de R$ 12 mil, mas com a câmera termal chega a custar R$ 40 mil.


Interface do Matrice 300 com o sensor trancado em um alvo móvel.

O Corpo de Fuzileiros Navais iniciou os estudos para o uso de drones em 2006 com o projeto Carcará da Santos Lab. O objetivo era desenvolver doutrina, treinar e capacitar pessoal especializado. Os requisitos eram uma autonomia de 40 minutos e raio de ação de 2 km em visada direta. A propulsão seria elétrica. Cinco drones foram comprados para o Pelotão VANT (PelVANT). O Pelotão tem uma seção de comando com um Oficial, um Sargento e um Cabo e uma seção de apoio.

O Carcará é usado para apoiar a infantaria em missões de reconhecimento além de elevações ou área fora do alcance visual da tropa. Podia passar informações de alvos em tempo real para o centros de comando aereotático, de apoio aéreo direto e coordenação de apoio de fogo, ajustando tiro indireto de obuseiros e morteiros e de aeronaves.

O Carcará pode ser equipado com câmera diurna ou noturna, com zoom de 10 vezes. A câmera gira 360 graus e é retrátil. O operador pode clicar no alvo e será seguido automaticamente. As imagens indicam as coordenadas do alvo e podem ser gravadas na estação de controle.

O PelVANT apóia a Brigada apoiando missões vigilância aérea e reconhecimento, reconhecimento de rotas de aproximação e retirada de helicópteros, operações de segurança na retaguarda, operações especiais como retomada e resgate, operações psicológica como o lançamento de panfletos.


Estação de comando do Carcará com o drone ao fundo. O drone do tipo asa voadora pesa 1,8kg e e usa motor elétrico. A velocidade varia de 50 a 110km/h. A autonomia chega a 90 minutos nas versões mais atuais. O vídeo tem zoom de 10 vezes. O operador pode clicar no alvo e acompanhar automaticamente ou pode seguir o operador que passa posição com GPS na caixa de comunicação. O drone pode gravar imagens para análise posterior e pode ser transmitida para outras estações. O Carcará é usado para reconhecimento de itinerário, locais para zonas de reunião e posição de ataque e coordenação de unidades. O Carcará foi fabricado com componentes americanos e israelenses. O modelo Carcará III tem 3 horas de autonomia e raio de ação de 8 km.

 

EFETIVIDADE DOS DRONES

Para garantir a implantação dos drones de forma disseminada, também é oportuno demonstrar que são necessários. A prática já indica que são necessários pois a Doutrina militar valoriza as missões de reconhecimento. A máxima no meio militar é “não se ataca sem apoio de fogo, e não se avança sem reconhecimento”.

Uma das funções dos drones é diminuir o risco para as tropas em missões de reconhecimento e ataque ao realizar as missões mais perigosas. A razão de ser dos drones é a segurança do piloto, podendo realizar missões de altíssimo risco sem colocar o piloto em perigo.

O EB tem pouca experiência com o uso do drones, mas ainda assim é suficiente para comprovar que são muito úteis. Os oficiais da Brigada Pára-quedista, já equipada com drones, confirmam que os drones garantem uma maior consciência situacional comparados com as unidades onde operavam anteriormente e que não estavam equipados com drones. A possibilidade de identificação do inimigo e a reação a ameaça eram muito limitadas sem o drone.

Os comandantes não costumam contar com meios aéreos próprios pois raramente está disponível. O drone é um recurso barato e garantido, com resposta até imediata. Uma vantagem de ter capacidade de reconhecimento orgânico com drones é diminuir o tempo de resposta entre o pedido de uma missão e a realização.

A Brigada pára-quedista usou o drone Horus FT 100 para Reconhecimento de Zonas de Lançamento (ZL) de pára-quedistas. O drone é usado antes de enviar a equipe no terreno, pois seu reconhecimento consegue dizer sumariamente se a área é praticável ou não para ser uma ZL. Essa possibilita poupar esforços e contribui na consciência situacional dos comandantes das pequenas frações da Companhia de Precursores, pois já se sabe o que irá encontrar no terreno.

As táticas tem como objetivo otimizar os recursos ao mesmo tempo que diminui as baixas amigas. O objetivo é conseguir superioridade numérica, qualitativa, de informação, mobilidade ou de terreno sobre o inimigo e o drone é um recurso para garantir a superioridade.

A teoria também garante que é um recurso promissor. O conceito de ciclo de destruição considera que a capacidade de detectar e atirar primeiro permite ter vantagem no combate. Se esconder para não ser detectado é a abordagem furtiva. Detectar primeiro é a abordagem com bons sensores. O objetivo final é detectar sem ser detectado aproveitando a furtividade e usando bons sensores.

O ciclo de destruição pode ser demonstrado matematicamente pela equação: P(S) = P(D) x P(A) x P(E), onde P(S) é a probabilidade sucesso, P(D) é a probabilidade de detecção da ameaça, P(A) é a probabilidade de avaliar situação corretamente e P(E) é a probabilidade de engajar corretamente o inimigo. Uma P(S) maior que a do inimigo na maioria dos engajamentos permite ganhar a maioria das batalhas e até a guerra, de forma bem mais rápida. Uma boa capacidade de detecção melhora a P(D) que influencia as outras variáveis.

Uma P(D), P(A) e P(E) de 50% cada um, resulta em uma P(S) de 12,5% em cada engajamento (0,5 x 0,5 x 0,5 = 0,125). A maioria dos engajamentos falha pois o inimigo pode vencer em algumas situações, mas na maioria dos casos um dos dois lados pode desengajar. São vários engajamentos sucessivos até a vitória. Com as variáveis P(D), P(A) e P(E) aumentando em efetividade para 80%, a P(S) sobe para 50% de sucesso em cada engajamento ou quatro vezes mais efetivo. Tendo superioridade na maioria dos engajamentos, um lado passa a garantir a vitória sobre o outro. As baixas inimigas diminuem o poder de combate de suas unidades e piora o moral das tropas.


Um drone ajustando o tiro de artilharia na Ucrânia. Centenas de vídeos da guerra russo-ucraniana confirmam a efetividade dos drones no campo de batalha. Os ucranianos tem muita experiência com o uso de drones em combate e estão criando um "exército de drones".

 


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