DRONES NO EXÉRCITO BRASILEIRO
CATEGORIA DOS DRONES
Existem vários parâmetros para classificar os drones, como peso, alcance, autonomia, altitude de operação, tipo de missão, capacidade de carga, sistema de controle (linha de visada ou além da linha de visada), além do escalão da força que os emprega, como escalões superiores (com drones maiores) ou inferiores (como Batalhões). A infraestrutura de apoio também precisa ser considerada. Um sistema de classificação é essencial para padronizar e orientar a aquisição de equipamentos.
Os drones da Categoria 0 possuem autonomia inferior a uma hora e são empregados em reconhecimentos pontuais, com foco principal na segurança da tropa que os opera (Pelotão ou Companhia). Normalmente são usados para observar contra-encostas, perímetros de áreas vulneráveis a emboscadas, vias de acesso, zonas de ação logo após a linha de partida, imediatamente antes do ataque, ou em voos esporádicos além da linha de frente, durante uma operação defensiva.
Os drones da Categoria 1 têm autonomia entre uma e duas horas e seu uso é semelhante ao dos Categoria 0, mas são empregados no nível de Batalhão, com raio de ação ampliado. Podem acompanhar ações específicas de frações da unidade, como missões de reconhecimento, permitindo que o observador transmita informações em tempo real ao comandante da fração sobre ameaças imediatas e pontos de interesse no terreno.
Os drones da Categoria 0 pesam menos de 2 kg. Os da Categoria 1 variam entre 2 e 150 kg, sendo subdivididos em microdrones, minidrones (2 a 20 kg) e drones pequenos (20 a 150 kg). Os drones da Categoria 2 pesam entre 150 e 600 kg. Tanto os drones da Categoria 0 quanto os minidrones são operados por um ou dois soldados e podem ser transportados em mochilas individuais.
O tipo de drone utilizado em cada escalão está diretamente relacionado à dimensão da área operacional a ser coberta. Cada escalão possui necessidades específicas de observação ou cobertura de zona de combate. Uma Divisão cobre uma frente de aproximadamente 25 km e profundidade de até 70 km. Essa extensão requer drones da Categoria 2, com alcance em torno de 70 km e autonomia de 15 horas. Um exemplo é o Skylark 3, da Elbit, que alcança até 15 horas de voo na versão com propulsão híbrida. Um Batalhão cobre apenas uma fração dessa área e pode ser atendido por drones da Categoria 1, com alcance entre 8 e 10 km. Unidades especializadas, como as que operam o Nauru 1000 (Categoria 2), podem apoiar diretamente a Artilharia Divisional.
A extensão da frente e da profundidade varia entre operações ofensivas e defensivas. Uma Brigada, em uma ofensiva, pode cobrir uma frente de aproximadamente 6 km e atingir profundidades de até 15 km. O objetivo imediato pode situar-se a 5 km, o intermediário a 15 km, e, dependendo do êxito, há possibilidade de avançar até 30 km. Já um Batalhão, em posição defensiva, cobre entre 3 e 5 km de frente com até 3 km de profundidade; em ações ofensivas, essa frente se reduz para 1 a 2 km, ou até menos, para garantir superioridade tática local.
Também devem ser considerados fatores como dados de marchas, áreas de reunião das tropas, localização das bases de artilharia, apoio logístico e postos de comando. Um Batalhão logístico que apoia uma Brigada normalmente posiciona os depósitos de munição entre 20 e 40 km do front em avanço, e entre 35 e 50 km em uma postura defensiva. Essas informações são fundamentais para o planejamento das missões de reconhecimento por drones. Convém lembrar que a evolução das operações de drones na guerra russo-ucraniana está mudando estas considerações.
O comandante de um Grupo de Combate ou Pelotão precisa observar o que há do outro lado de uma montanha, esquina ou muro. Já o comandante de Companhia busca enxergar além do campo de visão dos Pelotões, enquanto o comandante de Batalhão deseja realizar reconhecimento e vigilância em torno de suas Companhias subordinadas. Os alvos observados devem estar dentro do alcance dos morteiros de 81 mm (3 a 4 km se lançados próximos à linha de frente) ou da bateria de artilharia em apoio direto (cerca de 12 km). Drones das Categorias 0 e 1 são os mais indicados para apoiar Pelotões e Batalhões nessas funções.
Em uma posição defensiva, uma Companhia cobre uma frente de 1,5 km e profundidade de 1,0 km. Um Pelotão defende uma frente de 400 metros com 300 metros de profundidade, e um Grupo de Combate cobre uma frente de cerca de 100 metros. Em operações ofensivas, a frente de um Grupo de Combate pode se restringir a 50 metros, para garantir concentração de forças e superioridade local.
Os drones são geralmente categorizados por peso (padrão da OTAN). Os de Categoria I podem ser levados em mochila. Os de Categoria 0 (não mostrados) podem ser levados no bolso. Os de Categoria II podem ser levados em veículos leves. Os de Categoria III são transportados em caminhões. Os de Categoria IV e V (não mostrados) tem que operar de pistas de pouso ou bases aéreas.
UNIDADES DE DRONES
A configuração ideal das unidades de drones ainda não possui uma definição clara. O melhor arranjo depende de várias variáveis, como o cenário, a área de operação, o tipo de ameaça, entre outras. Pode ser necessário testar diversas opções, desde a inclusão de operadores de drones nos Grupos de Combate e Pelotões até a criação de uma força de drones independente, como um Comando de Drones e uma Arma de drones.
A implantação de Companhias de Drones de Ataque no EB sugere que poderia ser criada uma Companhia por cada região — como Sul, Sudeste, Nordeste, Norte e Brasília — ou em cada uma das 12 Regiões Militares. Algumas Brigadas necessitam de uma Companhia de Drones de Ataque dedicada, como a Brigada Pára-quedista, que exige operadores de drones com capacidade de serem lançados por paraquedas. Uma possibilidade seria adicionar um Pelotão de Drones a cada Batalhão para formar a Companhia de Drones de Ataque, converter uma das Companhias de um Batalhão, ou transferir tropas entre os Batalhões da Brigada para formar uma quarta Companhia especializada em drones.
O Exército Ucraniano possui unidades especializadas conhecidas como Unidades de Drones Táticos e Companhias de Drones de Ataque, que apoiam toda a Brigada com funções de inteligência, vigilância e reconhecimento no campo de batalha. Essas unidades são integradas às forças terrestres e podem ser designadas a diferentes escalões, do nível tático ao operacional. As Companhias de Drones de Ataque estão aumentando de tamanho e virando Batalhão (tipo 1 com uma Companhia). Seguindo o exemplo da Ucrânia, cada Brigada poderia contar com uma Companhia de Drones que daria apoio direto aos Batalhões, mesmo que estes já operem drones próprios.
Uma Companhia de Drones de Ataque pode operar drones com diferentes capacidades. Um Pelotão de drones de médio alcance operaria drones FPV maiores, apoiados por drones com repetidores de sinal, alcançando distâncias de até 30-40 km, mas também cobrindo alvos de curto alcance — onde está a maioria das ameaças — com cargas úteis maiores. Suas missões incluem reconhecimento, bombardeio pesado e transporte de carga. Já um Pelotão de drones de curto alcance operaria drones FPV menores, empregados em missões de reconhecimento, bombardeio e ataque, atuando principalmente próximos à linha de frente.
Um Pelotão de Drones de Longo Alcance — como os modelos russos Lancet e Orlan — pode executar missões de reconhecimento e ataque. São os tipos de drones que poderiam designar alvos para os sistemas Astros do EB. Essa capacidade se assemelha ao apoio direto à Brigada (e não aos Batalhões) e, por isso, geralmente não integrariam uma Companhia de Drones de Ataque, podendo compor um Pelotão dedicado ao apoio da Brigada e da Divisão.
A Brigada é normalmente apoiada por uma bateria de obuseiros de 155mm para atingir alvos a longas distâncias. As Companhias de Drones de Ataque podem cumprir esse papel, substituindo inclusive armamentos de maior alcance, como os sistemas Astros. Os drones passam a representar uma aviação orgânica de baixo custo, tornando as unidades mais autônomas. Isso reduz, ou até elimina, a necessidade de solicitar apoio a escalões superiores.
Caso diversas Companhias de Drones de Ataque se unam para formar um Batalhão de Drones de Ataque, essa unidade maior poderia incluir capacidades adicionais, como testes, pesquisa, treinamento, logística e até mesmo a produção própria de drones. A fabricação é uma das funções das unidades especializadas. O Exército dos EUA contempla essas funções até em suas forças especiais. O 11º Regimento Paraquedista francês, por exemplo, possui uma fábrica móvel de sistemas aéreos não tripulados (FMAD - Fabrique Mobile Autonome de Drones) equipada com 10 impressoras 3D. Já uma pequena empresa ucraniana é capaz de produzir 1.500 drones FPV por mês com apenas 30 funcionários. Um Pelotão de montagem e manutenção de drones poderia compor o Batalhão de Drones de Ataque. Na Ucrânia, a Força de Drones também é responsável pelo desenvolvimento e aprimoramento técnico dos equipamentos.
O EB criou uma Companhia de Mísseis Anticarro que foi enviada após a ameaça venezuelana de invasão à Guiana. Esse é um cenário ideal para a atuação de uma Companhia de Drones de Ataque, por ser um ambiente defensivo propício à movimentação de blindados. Além disso, em caso de crise, seria viável mobilizar rapidamente unidades leves, que operam com veículos 4x4 e caminhões.
PELOTÃO DE DRONES
A introdução dos drones no Exército Brasileiro (EB) deve levar em conta diversos aspectos e variáveis, como a categoria do drone, o nível de emprego (Pelotão, Batalhão, Brigada, etc.), a Arma Base responsável (Infantaria, Cavalaria, Artilharia, etc.), o modo de utilização (ofensivo ou defensivo), a missão (reconhecimento ou ataque), o nível de intensidade do conflito (de baixa a alta), o ambiente operacional (selva, montanha, urbano, etc.) e a duração prevista do conflito (desde incursões breves até operações de larga escala e longa duração). A comparação entre os diferentes modelos de drones representa apenas um dos diversos elementos dessa análise.
No Exército Brasileiro (EB), o Pelotão de Drones poderia contar com até quatro seções, incluindo uma dedicada aos mini-drones (Categoria 0), que seriam operados diretamente pelos Pelotões e Grupos de Combate, conforme já praticado pelo USMC. Esses mini-drones, normalmente do tipo quadricóptero, seriam os primeiros a serem empregados de forma disseminada. Poderiam ser utilizados modelos comerciais, por serem de baixo custo, como os que já foram adquiridos pelo EB.
Um drone de maior porte e autonomia (Categoria 1, como o FT-100 utilizado pelo EB) seria empregado em missões de reconhecimento, desempenhando papel semelhante ao drone Puma, do US Army. Para garantir cobertura contínua durante 24 horas, seriam necessários ao menos três drones, ou seis para manter dois simultaneamente no ar. Já os drones de Categoria 0 não oferecem cobertura contínua, sendo mais adequados para missões pontuais de reconhecimento.
Outra seção poderia ser equipada com quadricópteros maiores, com capacidade de transportar cargas úteis ou sensores de alta resolução. Esses drones também poderiam realizar missões de bombardeio leve. Sua autonomia é superior à dos mini-drones. Todos os modelos podem ser adaptados para atuar como bombardeiros, exigindo capacidade de ataque em curto e longo alcance, utilizando cargas leves contra tropas e cargas mais pesadas contra alvos fortificados, como blindados e casamatas.
Uma quarta seção pode ser equipada com drones letais, como os drones FPV ou os modelos Switchblade 300 e Switchblade 600. Essa seria a primeira capacidade anticarro com uso de armamento guiado, enquanto o Batalhão ainda não for equipado com mísseis anticarro. Os drones letais normalmente operam em equipes do tipo "hunter-killer", com um drone de reconhecimento identificando os alvos e outro executando o ataque.
Algumas unidades, como engenharia, comunicações e logística, necessitam apenas de equipes voltadas ao reconhecimento. Realizam missões de vigilância, escolta de comboios e segurança de bases, mas ainda podem ser dotadas de capacidade de realizar missões de bombardeio, conforme a necessidade.
O Pelotão de Drones pode ser incorporado à Companhia de Comando e Apoio (CCAp) dos Batalhões, com os drones sendo distribuídos, conforme a situação, entre os escalões de Companhia e Pelotão. Todo Batalhão possui frações responsáveis por missões de reconhecimento, inteligência, apoio de fogo indireto e ações anticarro. A CCA é composta por um Pelotão de Comando e um Pelotão de Apoio, equipados com morteiros, armas anticarro e metralhadoras médias ou pesadas. Essa estrutura ainda pode ser reforçada com unidades de logística, defesa antiaérea, engenharia, comunicações, reconhecimento e até uma seção de Snipers. Todos esses elementos podem se beneficiar do uso integrado de drones.
Outra forma de incorporar uma unidade de drones aos Batalhões, sem aumento de efetivo, seria redirecionar a missão de um dos Pelotões em alguma das Companhias, à semelhança dos PELOPES, cuja principal função era o reconhecimento. As seções dos Pelotões e Companhias de Apoio também poderiam ter parte de seus armamentos, como morteiros e Carl Gustaf, substituídos por drones bombardeiros e FPV.
Como demonstrado anteriormente, o emprego de drones depende de fatores inter-relacionados, como a missão (ex: reconhecimento), o escalão de atuação (ex: Batalhão), o cenário tático (baixa ou alta intensidade) e a categoria dos drones (Categoria 0, 1, 2 etc.). Uma consequência natural é a necessidade de contar com pessoal especializado para operar os drones, tanto nos escalões inferiores (Batalhão) quanto nos superiores (Brigada e Divisão), especialmente no caso dos drones de maior porte.
Sugestão da organização e dotação de um Pelotão de Drones com as seções divididas em relação ao alcance do drone ou missão (reconhecimento ou ataque). A seção de drones de curto alcance (mini-drones) pode ter um número maior de operadores para apoiar os pelotões. Os drones letais são armas de apoio indireto e poderiam fazer parte da Companhia de Apoio de Fogo. Os drones letais podem ser drones dedicados ou drones FPV de ataque. Todos os quadricópteros podem ser adaptados para realizar missões de bombardeiro. Os drones FPV passaram a ser os drones mais usados na Ucrânia e podem realizar as missões acima usando modelos de tamanhos diferentes e até drones retransmissores para aumentar o alcance ou a autonomia.
Configuração de um Pelotão de Drones leves de 2025 considerando a experiência das operações na Ucrânia para comparar com a sugestão de 2023. Os drones de curto alcance passaram a ter como referência os Avata DJI, mas podem ser drones FPV menores. Os drones de médio alcance passaram a ser os Mavic 3 que também podem realizar bombardeio leve. Os drones de longo alcance foram mantidos com os Puma com kit HVTOL como referência. Os drones letais seriam os drones FPV kamikase no lugar dos drones tipo munição vagante.
O alcance pessoal é a distância onde costuma ocorrer a maioria dos contatos com fogo direto contra tropas inimigas. Geralmente varia de 4 metros até 1 km. Os drones levados pelas tropas na linha de frente permite expandir este alcance. Um comandante de Batalhão consegue detectar e atacar alvos que eram do comandante da Divisão.
COMANDO DE DRONES
A inclusão de um Pelotão de Drones nos Batalhões representa uma das formas de integrar drones nas unidades do Exército Brasileiro. O ideal seria ter um Pelotão de Drones em cada Batalhão, mas isso nem sempre será viável ou justificável, principalmente por restrições orçamentárias.
Outra abordagem seria criar inicialmente uma Companhia ou um Batalhão de Drones Leves, que serviria para disponibilizar Pelotões de Drones às unidades que ainda não possuem drones orgânicos, ou para atuar como força de reforço. Uma unidade centralizada de Drones também seria essencial para a introdução sistemática dessa capacidade, assumindo responsabilidades como logística, manutenção e formação de operadores. Além disso, poderia ser utilizada para desenvolver doutrinas, táticas, Procedimentos Operacionais Padrão (POP) e Normas Gerais de Ação (NGA).
Um Batalhão ou Brigada é uma tropa operativa que se desloca como um todo para o cumprimento de uma missão. Já os Comandos, como o Comando de Operações Especiais ou o Comando de Aviação do Exército, costumam disponibilizar pequenos destacamentos para tarefas específicas. Um Comando de Drones poderia ser estruturado para fornecer drones leves e pesados em apoio a unidades que não operam drones organicamente. Os Batalhões de Drones Leves e Pesados poderiam ser subordinados ao Comando de Aviação do Exército, evitando a criação de um novo Comando de Operações de Drones (ou SARP/VANT).
Considerando a existência de um Pelotão de Drones por Batalhão, uma Brigada precisaria de uma Companhia de Drones com ao menos três Pelotões, enquanto uma Divisão demandaria um Batalhão de Drones, composto por três Companhias. Assim, as sete Divisões do Exército Brasileiro exigiriam a formação de sete Batalhões de Drones Leves.
Esse Comando poderia evoluir de um simples destacamento para um Pelotão, em seguida para uma Companhia, até atingir o escalão de um Batalhão de Drones. Essa abordagem centralizada permite dimensionar com clareza o efetivo e os recursos necessários para disseminar o uso de drones no Exército Brasileiro. Atualmente, o EB conta com 27 Brigadas e cerca de 80 Batalhões de diversas naturezas. Seriam necessários aproximadamente 80 Pelotões de Drones para equipar todos os Batalhões, sem considerar as unidades especializadas de artilharia, engenharia, logística, entre outras. Inicialmente, esses Pelotões poderiam focar em treinamento e desenvolvimento tático. O mínimo operacional seria a presença de uma equipe de reconhecimento e uma de ataque por Pelotão. Considerando 5 pilotos por Pelotão, seriam necessários ao menos 400 pilotos de drones.
O efetivo necessário para operar os drones pode ser obtido por meio do aumento do quadro de pessoal ou pela reestruturação de Pelotões existentes, como no caso dos PELOPES. Essa reconfiguração também pode ocorrer no nível de Companhias ou até mesmo em Batalhões inteiros. Em qualquer um dos casos, o resultado final será o aumento do poder de combate da força.Um Comando de Drones deve contar com unidades especializadas em drones simples, voltados para conflitos de baixa intensidade, e outras com sistemas mais avançados, adequados a cenários de alta intensidade. A composição de um Pelotão de Drones deve ser definida conforme o tipo de conflito ou operação. Em conflitos de média a alta intensidade, como na Ucrânia, onde há grande presença de blindados, o uso de drones letais e bombardeiros tende a ser intenso. A crise entre Venezuela e Suriname é um exemplo, com unidades de drones podendo ser destacadas para apoiar tropas locais em um cenário de guerra convencional. O Exército Brasileiro enviou uma Companhia de mísseis anticarro ao local, cumprindo papel semelhante ao dos drones letais.
Em conflitos de baixa intensidade, espera-se a realização de um número elevado de missões de reconhecimento, enquanto as missões de ataque ou bombardeio tendem a ser mais limitadas. As forças de retaguarda, como as unidades de logística e a Polícia Militar, assumiriam funções como segurança de bases e escolta de comboios. Uma abordagem eficaz seria a formação de Companhias de Drones de reconhecimento da Categoria 1, combinadas com drones letais de maior capacidade ofensiva.
Também será comum, em fases iniciais, a formação de unidades incompletas. Um Pelotão pode estar previsto para operar com quatro equipes/seções, cada uma responsável por um tipo diferente de drone, mas pode iniciar suas atividades com apenas uma equipe e um tipo de drone (como um mini-quadricóptero, por exemplo). Outra possibilidade é a existência da dotação completa de pessoal para três sistemas, mas o recebimento inicial de apenas um sistema, utilizado para o treinamento das três equipes.
O objetivo inicial da introdução de equipes incompletas é concentrar esforços em treinamento e familiarização operacional. Tropas e comandantes devem receber instruções sobre as capacidades dos drones, noções básicas de operação, meteorologia, manutenção e protocolos de segurança. A substituição de drones perdidos é significativamente mais fácil do que a reposição de operadores experientes, tornando a capacitação do pessoal uma prioridade.
Os esquadrões de aviação devem manter um nível mínimo de prontidão para operar com segurança, e com os drones não deve ser diferente. O modelo ideal seria contar com uma seção em prontidão, outra em repouso após sair da prontidão e uma terceira em preparação para entrar em prontidão. Esse ciclo pode ser acelerado conforme a necessidade. Esse modelo pode ser aplicado nas Companhias de Drones subordinadas a um Comando de Drones, exigindo equipamento completo apenas para uma parte da tropa em cada momento.
As forças de emprego estratégico devem ser priorizadas na distribuição inicial de Pelotões de Drones. O Destacamento de Precursores da Brigada Pára-quedista já conta com uma unidade específica, pois seus integrantes precisam ser tanto pára-quedistas quanto precursores, mas também podem receber formação adicional em uma Companhia ou Batalhão de Drones. O Exército Brasileiro possui seis unidades de emprego estratégico: a Brigada Pára-quedista, a 12ª Brigada de Infantaria Leve (Aeromóvel), a 15ª Brigada Mecanizada, a 23ª Brigada de Infantaria de Selva, a 4ª Brigada Mecanizada e a 5ª Brigada de Cavalaria Blindada. Essas unidades devem ser prioritariamente equipadas com Companhias ou Pelotões de Drones.
Os russos possuem uma Companhia de Drones para cada Brigada, com capacidade de operar drones de diversos tamanhos. Em 2014, já existiam 14 Companhias de Drones em operação. Inicialmente, considerou-se empregar os drones nas Companhias de Reconhecimento das Brigadas ou nas Companhias de Reconhecimento da artilharia orgânica dessas formações. No entanto, a decisão final foi a criação de uma Companhia exclusiva para operar drones, com cada Pelotão organizado de acordo com o tipo de drone utilizado.
A Força de Sistemas Não Tripulados foi criada na Ucrânia no início de 2024, operando com unidades especializadas em drones e sistemas robóticos. Suas funções incluem a formação de operadores, a padronização do uso de drones, além de fomentar a produção e inovação tecnológica dessas armas. Essa força treina operadores e orienta os comandantes sobre como empregar os sistemas nas operações. É capaz de fornecer unidades de diferentes tamanhos para apoio às missões, sendo que a maior delas possui capacidade de nível batalhão e infraestrutura para realizar reparos em drones.
A Ucrânia planejava treinar 10 mil operadores de drones ao longo de 2023, o que corresponde a cerca de mil operadores por mês, dentro de um exército com 800 mil soldados. Um dos principais desafios enfrentados pelos ucranianos é a escassez de operadores de drones e a dificuldade de treiná-los em larga escala, o que tem sido o maior obstáculo para a expansão da força de drones. Cada operador necessita de aproximadamente 100 horas de treinamento teórico e mais 100 horas de prática. O objetivo é contar com pelo menos um operador de drone por Pelotão.
Considerando uma força de pouco mais de 200 mil militares no Exército Brasileiro, uma proporção equivalente à ucraniana resultaria em cerca de 2.500 operadores de drones. Se metade desse efetivo estiver distribuída entre as 27 Brigadas, cada uma contaria com aproximadamente 50 operadores, o que equivale a uma Companhia de Drones de Ataque, desconsiderando o efetivo das tropas de apoio e suporte.
Os ucranianos tinham como meta produzir 1 milhão de drones por ano em 2024. Com 10 mil operadores de drones, isso representaria uma média de 100 drones por operador anualmente. Em 2024, eram utilizados cerca de 3 mil drones por dia ao longo de uma frente de batalha de aproximadamente 600 km, resultando numa média de cinco drones perdidos por quilômetro por dia. Embora alguns drones, como os de reconhecimento e bombardeio, possuam vida útil para múltiplas missões, os drones letais ou kamikazes são considerados descartáveis. Para o Exército Brasileiro, os requisitos seriam cerca de quatro vezes menores, considerando uma força de 200 mil militares.
A estimativa de 100 drones por operador ao ano se aplica a um contexto de guerra convencional. Em tempos de paz, entretanto, basta um sistema com estação de comando e alguns drones para treinamento de múltiplas equipes de operadores. Esses sistemas podem ser mais simples e econômicos, mas também podem incluir diversos modelos com diferentes tamanhos e capacidades. Devem abranger missões de reconhecimento diurno e noturno, bombardeio e até ataques com drones FPV.
Paraquedistas franceses do do 11o Regimento paraquedista com drones FPV (chamados de munição teleoperada). As unidades de elites costumam ser as primeiras unidades a operar com drones. No US Army ocorreu o mesmo. No EB seria a brigada paraquedista e talvez a Aeromovel. O modo de operações pode até girar em torno dos drones, com as equipes realizando as missões e sendo protegidas pelas outras unidades.
Um operador de drone ucraniano dentro de uma casa próxima da frente de batalha. Os operadores de drones aprenderam a se proteger contra a reação russa que pode triangular e atacar as posições dos operadores de drones. Os operadores de rádio e o pessoal ao redor eram alvos prioritários dos snipers e agora os operadores de drones passam a ser prioridade, incluindo para outros drones.No Exército Britânico, a introdução dos drones ocorreu com a conversão de um Regimento de Artilharia para operar drones da Categoria 2 (como o atual Watchkeeper), seguida pela adaptação de outro regimento para empregar drones leves do tipo Desert Hawk, atualmente substituídos por quadricópteros e drones VXE30 da Categoria 1.
Em maio de 2025, o Exército Britânico anunciou a estratégia “20-40-40”, fundamentada nas lições aprendidas com a guerra na Ucrânia. A nova doutrina abandona o foco tradicional na guerra blindada, adotando uma estrutura operacional centrada no uso de drones. Cerca de 20% da força será composta por plataformas tradicionais, como o carro de combate Challenger 3 e a artilharia autopropulsada. Outros 40% serão compostos por drones descartáveis de baixo custo, como munições vagantes e drones kamikaze. Os 40% restantes corresponderão a drones reutilizáveis de reconhecimento e ataque, de diferentes tamanhos. Essa transformação resultará em uma força mais leve, altamente móvel estrategicamente e com maior capacidade de sobrevivência. O Exército Britânico reconhece que a predominância dos drones tornou o campo de batalha extremamente exposto, deixando as forças blindadas tradicionais altamente vulneráveis e ineficazes.
O Exército Francês emprega Pelotões equipados com drones DRAC (Drone de Reconnaissance au Contact) da Categoria 1 em seus regimentos de artilharia. O DRAC possui raio de ação de 10 km e autonomia de 90 minutos, mas está sendo substituído por 35 sistemas Thales Spy’Ranger SMDR (Systèmes de Mini-Drones de Reconnaissance), que têm alcance de 30 km e autonomia de duas horas e meia. Cada sistema custou aproximadamente 3 milhões de Euros. As unidades de Engenharia utilizam drones da Categoria 0 para a abertura de itinerários e identificação de artefatos explosivos improvisados. Em 2008, havia 62 sistemas operacionais, cada um com três aeronaves.
O 61º Regimento de Artilharia (RA) é responsável pela operação dos drones no Exército Francês, integrando Inteligência, sistemas de drones e fogos de apoio. O regimento também possui a capacidade de desdobrar um Grupo de Inteligência Multissensores. Sua estrutura inclui 4 Baterias de drones, que operam drones Táticos (SDT) e Mini Drones de Inteligência (SMDR); 1 Bateria de Processamento e Disseminação de Inteligência; 1 Bateria de Manutenção; 1 Bateria de Comando e Logística; 1 Bateria Reserva; 1 Centro de Formação de Drones do Exército (CFD); e 1 Grupo de Operações de Imagem.Em 2025, os franceses passaram a testar um Esquadrão de drones de caça com o 1o Regimento de Infantaria naval. Os testes iniciais foram com micro drones Parrot Anafi. O esquadrão tem um pelotões de vigilância com funções específicas de reconhecimento até 20km com drones eBee. Um veículo 4x4 leva três drones, mas com objetivo de levar seis drones já considerando perdas. O pelotão de ataque de longo alcance usa drones MV25 Oskar com alcance de 30km. O pelotão de curto alcacne usa os drones Parrot Anafi para reconhecimento e ataque até 10 km. Um veículo 4x4 leva 20 drones, com objetivo de levar até 50 drones (100 por patrulha/veículo e 300 por pelotão). A seção de comando tem drones para vigiar as outras unidades, reserva e tomar o lugar de unidades perdidas.
e ataque de longo alcance ao contrário do modelo de unidade de drones multifuncional que pode conduzir qualquer tipo de missão. A experiência russa mostrou que unidades especializadas podem ser mais eficientes. O esquadrão está testando drones FPV e inclui drones com guiamento por fibra ótica.
O Exército de Israel disponibiliza um sistema de drones para cada comandante de Companhia. As imagens captadas são sobrepostas a mapas e as informações geradas são compartilhadas com os usuários que as solicitarem. Os comandantes de frações recebem treinamento adicional para aproveitar melhor as capacidades e possibilidades dos drones. Eles compreendem o que podem demandar de um operador de drone da sua unidade e conhecem os tipos de inteligência que os sensores embarcados são capazes de fornecer.
No Exército Brasileiro, os drones de apoio dos escalões divisionários também podem ser empregados nas Baterias de Aquisição de Alvo dos Grupos de Artilharia de Campanha (GAC), que prestam apoio direto à Divisão — como já ocorre com os novos drones Matrice, da Categoria 1. Outra unidade candidata a operar drones é o Regimento de Cavalaria Mecanizada, cuja missão principal é o reconhecimento. Esses regimentos podem cobrir frentes de 16 a 36 km e realizar reconhecimento de eixos de até 9 km. A AVEX está recebendo novos modelos de drones e poderia operar sistemas maiores, ou ainda fornecer Companhias e Pelotões de Drones a partir de um Batalhão centralizado, com capacidade de apoiar Divisões em todo o território. O Batalhão de Inteligência Militar também poderia empregar drones em uma de suas Companhias, especialmente aqueles com funções específicas, como Inteligência Eletrônica ou sensores de imagem por radar.
Estrutura do Esquadrão de drones de caça do 1o Regimento de Infantaria naval francesa.
PELOTÃO LUS e RAS
As operações no Afeganistão e no Iraque foram predominantemente defensivas, com muitas bases avançadas sendo administradas por Pelotões ou Companhias. As tropas operavam drones a partir de bases fixas, com aeronaves não tripuladas patrulhando os arredores ou fornecendo cobertura às patrulhas. O cenário era de baixa intensidade, enfrentando um inimigo com capacidades limitadas. Tratava-se de um conflito prolongado, que já se estendia por vários anos.
Durante os treinamentos de operações ofensivas em cenários de média e alta intensidade, o uso de drones começou a apresentar dificuldades. O operador precisava acompanhar o comandante de Pelotão ou Companhia, que se deslocava junto ou próximo às tropas. O comandante era forçado a interromper repetidamente sua movimentação para analisar as imagens fornecidas pelo drone. O drone Raven, em particular, exige um local adequado para lançamento e recuperação, o que geralmente não coincide com a posição ideal de um posto de comando tático.
A solução proposta foi centralizar o operador de drone no posto de comando do Batalhão, transmitindo informações e imagens em tempo real para os comandantes das Companhias e Pelotões na linha de frente. Para viabilizar essa estrutura, foi sugerido que cada Batalhão do USMC fosse dotado de um Pelotão de Drones específico para essa função.
As tropas ucranianas treinadas em países da OTAN foram orientadas a posicionar o comandante da Companhia junto às tropas, na linha de frente ou nas trincheiras. Essa tática funciona bem contra inimigos mal equipados, como nos casos do Iraque e do Afeganistão. No entanto, os ucranianos perceberam que era mais eficiente operar os drones a partir da retaguarda, com as tropas recebendo apoio aéreo direto e mantendo comunicação constante com os Pelotões ou comandantes de Grupos de Combate na linha de frente.
Posicionado na trincheira, o Capitão torna-se apenas mais um elo na cadeia de comando, enquanto o operador de drone, atuando da retaguarda, é capaz de tomar decisões baseadas na observação direta do campo de batalha. A visão aérea proporciona uma melhor consciência situacional, permitindo decisões mais racionais e rápidas, baseadas em imagens reais, em vez de depender exclusivamente de relatos por rádio para formar um quadro mental da situação.No US Army e no USMC, os drones foram inicialmente introduzidos nos escalões de Divisão e Brigada, utilizando drones de maior porte (Categoria 2 ou 3), como os modelos Hunter, Shadow e Gray Eagle. Com a miniaturização dos sensores e componentes, os drones menores passaram a ser incorporados primeiro aos Batalhões e Companhias, sendo posteriormente distribuídos aos Pelotões e Grupos de Combate com a introdução dos mini-drones. Exemplos incluem os drones Puma, Raven e, mais recentemente, os modelos de tipo quadricóptero.
Os mini-drones podem executar ou apoiar missões de reconhecimento conduzidas por comandantes (recon de líderes), especialmente aquelas realizadas momentos antes de um ataque. Os drones Puma dão suporte ao esforço principal do Batalhão, contribuindo para o plano de coleta de informações. As Companhias utilizam os drones Wasp e Raven. O USMC considera que o Grupo de Combate deve ter prioridade no uso dos drones, pois está na linha de frente e precisa reagir em questão de segundos. Essas unidades não podem depender de operadores dos escalões superiores, que precisam decidir sobre prioridades de apoio.
Algumas unidades distribuem drones em todos os Pelotões, enquanto outras concentram os equipamentos em um Pelotão de Reconhecimento. A 101a Divisão Aeromóvel incorporou os drones em uma Companhia de Reconhecimento (Multi-Functional Reconnaissance Company – MFRC), com o objetivo de neutralizar alvos antes do contato direto com as tropas e coletar informações de forma antecipada, antes que os soldados avancem até o objetivo. Uma MFRC apoia diretamente uma Brigada.A Brigada Stryker do Exército dos EUA possui um Batalhão de Reconhecimento que inclui uma Companhia de Vigilância, a qual conta com um Pelotão de Drones equipado com quatro drones Gray Eagle e drones Shadow, ambos com capacidade de reconhecimento e ataque. O efetivo do pelotão é de 20 militares. Com o tempo, o Pelotão de Drones evoluiu para uma Companhia de Drones. Essas unidades fazem parte do escalão divisionário, embora sejam operacionalmente controladas pelas Brigadas.
Em setembro de 2024, o US Army selecionou o drone Ghost-X para o programa Medium Range Reconnaissance (MRR), com o objetivo de apoiar os comandantes de Companhia, substituindo gradualmente os drones Raven. O Ghost-X tem peso máximo de decolagem de 25 kg e capacidade de carga de até 9 kg. A autonomia é de 90 minutos e o raio de ação, de 25 km. O contrato é de US$ 14,5 milhões para a aquisição de 48 drones ao longo de 10 anos. O requerimento estabelece que o sistema deve pesar menos de 25 kg e estar disponível para uso por 8 horas dentro de um período de 24 horas. O Ghost-X concorreu com o quadricóptero C-100, que pesava 10 kg e tinha capacidade de carga de 4,5 kg. Seu raio de ação era de 10 km, com autonomia de 74 minutos.
Os Ghost-X irão operar nos pelotões LUS (Lethal Unmanned Systems), que fazem parte das companhias MPC (Multi-Purpose Company), compostas por 80 soldados (anteriormente chamadas de Companhias de Ataque). As MPC substituirão as Companhias de Armas Pesadas nos batalhões de infantaria leve e já estão sendo testadas em algumas brigadas do US Army. Cada MPC possui quatro pelotões: LUS, morteiros, anticarro e reconhecimento. A MPC é uma resposta do US Army às lições aprendidas no conflito da Ucrânia. O objetivo é detectar e atacar o inimigo no menor tempo possível, por meio de uma cadeia de comando mais simples e eficiente. Essas unidades também podem empregar morteiros e mísseis anticarro para causar desgaste ao inimigo. O pelotão de reconhecimento (scout platoon) também recebeu drones e operadores de drones. É composto de três grupos de combate com nove tropas sendo dois operadores de drone, além de um grupo de sniper com sete tropas.
O pelotão LUS é composto por cerca de 26 membros, incluindo sete pilotos de drones, o comandante e um operador com função indefinida (totalizando nove operadores de drones). Os demais integrantes operam sistemas antidrones, como mísseis Stinger, detectores Bal Chatri, bloqueadores Drone Buster e sistemas Modi. Cada piloto carrega um drone (modelos Parrot, Skydio ou Vesper), além de cinco drones reservas. Em combate, essa quantidade deve ser ampliada, pois estima-se a perda de um drone por dia, considerando falhas técnicas e acidentes. A experiência demonstrou a necessidade de uma equipe mais numerosa para realizar as missões de voo, análise de dados e garantir a segurança local. Por medida de segurança, apenas um drone permanece em operação por vez, com outro sempre pronto para lançamento imediato após a recuperação.
O pelotão LUS opera inicialmente com drones de pequeno porte, como o RQ-28 e o Switchblade 600 (programa SWARM). Também está previsto o uso de drones FPV e drones bombardeiros HaRK. O pelotão de reconhecimento será responsável principalmente pela operação de drones de vigilância, como o Ghost-X. Estima-se que cada pelotão LUS contará com 10 drones letais, totalizando 30 drones por companhia. Os drones Raven e Puma, atualmente em uso, funcionam apenas como plataformas de vigilância. Os novos modelos terão missões ampliadas, como lançar munições e atuar como retransmissores de comunicação.
Os batalhões devem empregar drones em diversas subunidades, incluindo os drones do programa LRR (Long Range Reconnaissance), que substituirão os Puma. Os pelotões utilizarão drones amarrados, pertencentes ao programa Te-UAS, enquanto 16 drones SBS (Soldier Borne Sensor) Black Hornet serão empregados pelos grupos de combate. O pelotão de armas de cada companhia deverá operar seis drones RQ-28, que serão usados para designação de alvos para morteiros ou para missões destacadas com os pelotões. Está previsto que os pelotões recebam drones FPV no futuro.
Com o uso de drones, os comandantes em todos os níveis terão capacidade orgânica para atacar alvos bem além da linha de frente. Os comandantes de batalhão poderão atingir alvos a até 40 km de distância. Para operar a essa distância, é necessário um drone com velocidade de cruzeiro de aproximadamente 60 km/h e autonomia mínima de 2 horas, sendo 80 minutos consumidos apenas no trajeto de ida e volta até a área do alvo.
Todos os drones do batalhão deverão ser controlados pela estação Robotic & Autonomous Command and Control OV-1 (RAC2), que integra os dados com os sistemas de comando e controle (C2). A única exceção é o drone SBS, que não utilizará o RAC2.O US Army não planeja criar uma subunidade equivalente às companhias especializadas em drones de ataque, mas os dois Pelotões LUS e o Pelotão de Reconhecimento das companhias MPC oferecem uma capacidade semelhante, embora distribuída e não concentrada, mas ainda com alcance suficiente para fornecer apoio indireto a unidades vizinhas que necessitem de reforço. Outra capacidade relevante é a de atingir alvos a distâncias normalmente atribuídas à artilharia de nível divisionário com os drones Swichblade 600. Os drones no conflito da Ucrânia permitiram que comandantes na linha de frente tivessem acesso a capacidade de ataque de precisão, anteriormente restrita aos escalões superiores, e o US Army pretende replicar essa capacidade em suas formações.
Em 2023, o US Army iniciou testes com drones no Pelotão RAS (Robotics and Autonomous Systems), integrado a uma das companhias do 508º Regimento de Infantaria Paraquedista. O pelotão é composto por 18 militares, número considerado o mínimo operacionalmente efetivo, dividido em uma seção aérea, uma seção terrestre e uma seção de comando. Todos utilizam os veículos ISV para mobilidade. As equipes podem atuar de forma conjunta ou separada. As missões incluem reconhecimento com a equipe de caçadores (hunter team) e ataques com a equipe de matadores (killer team).
O pelotão RAS utiliza os drones Ghost-X para apoiar as missões de reconhecimento da companhia, e os drones RQ-28 para apoiar as missões dos pelotões. A equipe de caçadores emprega o drone Hunt and Releasable Kill (HaRK), capaz de lançar projéteis equivalentes a morteiros de 81 mm, além dos drones letais Switchblade. A seção terrestre do pelotão é responsável pelos testes com drones terrestres, drones quadrúpedes e drones arremessáveis (jogáveis). Já nos primeiros exercícios, o pelotão RAS era capaz de detectar e engajar o inimigo figurativo com antecedência significativa, antes do contato, de forma consistente.
A 3a Divisão de Infantaria do US Army iniciou, em maio de 2025, o treinamento com drones FPV. Em cada pelotão de infantaria, o terceiro grupo de combate poderá atuar como uma equipe de drones de ataque. No nível de batalhão, há quatro equipes de drones de ataque subordinadas diretamente ao comandante do batalhão. Além disso, a brigada recebeu um segundo pelotão de guerra eletrônica, destinado à defesa contra ameaças de drones inimigos.A US Navy testou drone FPV guiados por fibra ótica em julho de 2025 para testar as capacidades de resistência eletrônica e operar com silêncio total de rádio.
No exercício Pegasus Forge, em agosto de 2025, foram usados drones RQ-28 lançados dos blindados M2 Bradley apoiando os carros de combate M1 Abrams. Os drones realizavam reconhecimentos além da linha de visão das tripulações, encontrando posições inimigas, emboscadas, campos minados e defesas vulneráveis antes mesmo que os tanques entrassem na zona de perigo.Os EUA estão classificando os drones pequenos como munição para facilitar a entrada em operação e disseminação. Considerar os drones como sendo descartáveis facilita a desburocratização, liberdade de uso e experimentação, modificações em campo e acelerar a aquisição. Os comandantes de Batalhão, Brigada e Divisão podem comprar o que quiserem e com pouca burocracia. Não existe mais o risco da tropa ter que responder a um processo administrativo por perder um drone. Uma meta é implantar os drones em todos os pelotões até o final de 2026. Os drones deverão participar obrigatoriamente de todos os exercícios militares a partir de 2027. Os EUA reconhecem que o excesso de cautela e a lentidão dos processos burocráticos deixaram os EUA atrás da China, Rússia e Irã no segmento de drones de pequeno porte.
Drone Ghost-X que irá operar apoiando as Companhias do US Army junto com a equipe de controle. O peso máximo de decolagem é de 17 kg, pode levar até 4,5 kg de carga com autonomia de 55 minutos.
Drone bombardeiro Hunt and Releasable Kill (HaRK) sendo testado pelo US Army.
Descrição do Pelotão RAS do US Army. A estrutura pode variar muito dependendo da unidade por ainda estarem em teste.
Descrição do controle do espaço aéreo do pelotão RAS. As tropas devem operar entre os drones e os operadores de drones evitando a presença de tropas em contato com o inimigo. Criaram o conceito de linha de frente de robôs terrestres e aéreos (FLOR-G e FLOR-A).
Drone FPV sendo testado pelo US Army no início de 2025. Equipar uma equipe de drones custa cerca de US$ 35 mil com equipamentos como antenas, laptop, mochilas etc.
Concepção do US Army com a divisão das missões dos drones da MPC e do Pelotão LUS.
Uma equipe de drones do US Army testando os drones letais Switchblade 600 de uma equipe de drones de ataque.
Drone FPV sendo testado pelo US Army. A antena externa da estação está visível a direita da foto.
As fotos são do sistema de carga letal Mjölnir que vai equipar os drones FPV Kamikaze do US ARMY. O Mjölnir é do tamanho de uma lata de refrigerante e leva 500 g de explosivos . O Mjölnir pode criar uma explosão direcionada de estilhaços de esferas de metal com detonação de ponto ou usar um sensor LiDAR para acionar a explosão acima de tropas.
Drone amarrado sendo testado pelo US Army. Uma função é retransmitir comunicações para aumentar o raio de ação dos outros drones do Batalhão para até 43km.DRONES NO USMC
Em 2018, os Pelotões do USMC passaram a contar com capacidade orgânica de reconhecimento aéreo, ao serem equipados com mini-drones InstantEye. Cada Batalhão recebeu 54 drones InstantEye, sendo cada Grupo de Combate equipado com dois mini-drones e um operador designado. Estima-se que 648 Grupos de Combate estejam previstos para receber esses equipamentos. A nova configuração prevê que uma das três equipes de tiro de cada grupo inclua um operador de drone. Além disso, os Batalhões do USMC contam com um Pelotão de Reconhecimento equipado com drones, denominado unidade de reconhecimento e vigilância, que opera com três drones Puma e três Ravens desde 2004.
Em janeiro de 2025, o Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (USMC) iniciou testes com uma unidade especializada chamada Marine Corps Attack Drone Team (MCADT), voltada para a operação de drones FPV e drones bombardeiros, e para refinar as táticas dos drones. O objetivo é atingir alvos a até 20 km de distância utilizando drones com custo inferior a US$ 5 mil. Os drones FPV Neros Arches foram testados nesse contexto, com capacidade para atacar alvos a até 20 km, carregando até 2 kg de explosivos. O MCADT opera inicialmente com nove membros. Um Cabo pode ser treinado em 26 horas no simulador e passa a ter capacidade de destruir um blindado a 20km de distância. O USMC planeja criar Companhias de Reconhecimento e Fogos, responsáveis tanto pelos morteiros de 81 mm quanto pelos drones, além de estabelecer um Pelotão de Reconhecimento.Os batalhões de reconhecimento (LAR) do USMC usam um drones Skydio X2D ou R80D SkyRaider nos Pelotões, dois drones Puma nas Companhias e o VXE30 Stalker no nível de Batalhão. O Blindado LAV leva quatro tropas no compartimento traseiro sendo três da seção de reconhecimento e um membro adicional que pode ser um enfermeiro, mecânico ou operador de drone.
Drone InstantEye do USMC. Se existe o infante, fuzileiro, metralhador, granadeiro e artilheiro, então nada impede que seja criado o droneiro. Sacar o drone vai se tornara tão comum como sacar a arma.
O drone InstanEye vem com uma maleta de transporte e uma mochila. O sistema com drones, baterias e estação de controle precisam de proteção durante o transporte em campo.
O USMC comprou o drone Teledyne Rogue 1 no programa OPF-L (Organic Precision Fires-Light) com capacidade de ataque direto semelhante aos drones FPV. O custo de cada um chega a US$ 94 mil. Os requisitos incluem braços dobráveis para facilitar o transporte e suporte para lançamento no solo. O peso máximo é de 4,6kg com ogiva de 450 g. A autonomia é de 30 minutos.
TESTES NO EBO Exército Brasileiro (EB) realiza licitações desde 2010 para a aquisição de drones destinados a testes, o que levou ao desenvolvimento do drone Hórus FT100, de Categoria 1. O FT100 entrou em operação em 2014, com 11 unidades adquiridas. Quatro foram destinadas à Companhia de Precursores Paraquedista, quatro ao 9º Grupo de Artilharia de Campanha (Nioaque - MS), duas aeronaves foram entregues à Escola de Artilharia de Costa e Antiaérea, e uma ao 6º Batalhão de Inteligência (Campo Grande - MS). Apenas a Companhia de Precursores Paraquedista manteve o uso consolidado do sistema em suas operações. O Hórus FT100 foi desativado em 2021.
Em 2015, foi realizada uma experimentação doutrinária na Bateria de Busca de Alvos (Bia BA) com a Seção de Aeronaves Remotamente Pilotadas (Seç SARP) do 9º GAC, com o objetivo de adestrar os militares responsáveis pela operação do sistema FT100. Em 2020, a 3ª Brigada de Cavalaria Mecanizada testou drones Mavic Mini Combo para vigilância da fronteira com o Uruguai, utilizando os Pelotões de Exploradores. O Comando de Aviação do Exército, que será o órgão responsável por gerenciar esses sistemas no âmbito do Exército, também conduziu diversos experimentos.
O Hórus FT-100 é um drone de Categoria 1, operado por duas pessoas, com propulsão elétrica e baixa assinatura acústica, sendo inaudível a uma distância de até 100 metros. Possui raio de ação de 20 km, autonomia de voo de 2 horas, velocidade máxima de 33 nós (kt) e capacidade de carga útil de até 3 kg. Pode operar nos modos de voo manual, controlado ou automático via sistema de “waypoints”. Conta ainda com a função “GO HOME”, que permite o retorno automático da aeronave ao ponto de lançamento em caso de perda do sinal de rádiofrequência.
A aeronave é capaz de transportar sensores eletro-ópticos e infravermelhos, incluindo opções de câmeras de alta resolução para mapeamento aéreo. O downlink de vídeo permite a transmissão em tempo real de informações de Inteligência e Comando e Controle, por diferentes meios. Os dados gerados pelo Hórus podem ser acessados por combatentes em campo, por meio de Unidades de Recepção Individual (URI). Além disso, as informações podem ser enviadas diretamente a plataformas tripuladas, como aeronaves e helicópteros.
Foram adquiridos cinco sistemas Hórus FT100, cada um composto por duas aeronaves e uma estação de controle terrestre. A operação do sistema requer constante adestramento da tripulação. Em termos de atividade, o Hórus 100 registrou aproximadamente 98 horas de voo em 2016, 46 horas em 2017 e 26 horas em 2018.
Drone FT100 em voo. O CTEX estabeleceu três concepções de drones para a força terrestre: o VT 15, VT 30 e VT 70 teriam alcance de 15, 30 e 70km respectivamente. O VT 15 teria autonomia de 2 horas e operaria com um sistema de três veículos. Acabou se tornando o FT 100 da Horus.
A estação de controle do drone FT100 usa um notebook semirobustecido Panasonic CF-54.
Sistema FT 100 com estação de controle, antena e drone.
O Subprograma de Sistemas de Aeronaves Remotamente Pilotadas (SPrg SARP) tem como objetivo adquirir sistemas aéreos não tripulados para desempenhar funções como inteligência, vigilância, aquisição de alvos e reconhecimento (ISTAR); inteligência de sinais eletrônicos (ELINT); inteligência de comunicações; logística; apoio de fogo e comando e controle. O Exército Brasileiro (EB) estuda a adoção de modelos de asa fixa, rotativa e também drones letais, como munições vagantes.
Em 2022, o SPrg SARP anunciou a aquisição de dois modelos de drones para o Exército Brasileiro. O primeiro foi o Nauru 1000C, da empresa XMobots, que pode ser equipado com mísseis Enforcer. O Nauru 1000C é um drone de Categoria 2, com peso máximo de decolagem de 150 kg e capacidade de carga útil de até 18 kg. Ele pode atingir velocidade de 112 km/h, possui autonomia de 10 horas e raio de ação de 60 km.
No final de 2022, foram apresentados quatro drones DJI Matrice 300 RTK para testes no Batalhão de Manutenção da Aviação do Exército (AvEx), com o objetivo de desenvolver doutrina de emprego. O Matrice 300 RTK custa cerca de R$ 50 mil na versão equipada com câmera térmica. Possui raio de ação de até 15 km, autonomia de até 55 minutos, dependendo da carga, teto operacional de 7.000 metros, velocidade máxima de 80 km/h, peso máximo de 6,3 kg e capacidade de carga útil de até 2,7 kg. A principal carga útil são os sensores, como câmeras de TV e sensores FLIR avançados, como o Zenmuse H20T, modelo adquirido pelo EB, que pode custar até R$ 50 mil. Algumas versões oferecem zoom óptico de 30x (com zoom digital de até 200x), enquanto outras são usadas em missões de fotogrametria, com resolução de até 45 megapixels.
Foram também recebidas 30 unidades do drone Mavic 2, que serão distribuídas para uso por pequenas frações da 12ª Brigada de Infantaria Leve, da 15ª Brigada de Infantaria Mecanizada e da 23ª Brigada de Infantaria de Selva. O Mavic 2 é equipado com câmera com zoom óptico de até 32x, além de sensor de imagem térmica. Possui autonomia de voo de 31 minutos e raio de ação de até 10 km. Cada Mavic 2 custa aproximadamente R$ 12 mil, mas o valor pode chegar a R$ 40 mil com a inclusão da câmera térmica.
Interface do Matrice 300 do EB com o sensor trancado em um alvo móvel.
Drones Mavic do EB operando durante as enchentes no Rio Grande do Sul. O drone está usando a imagem termal.
Drone Phantom operado pelo 12o Batalhão de Infantaria.
O Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) iniciou os estudos para o emprego de drones em 2006, com o Projeto Carcará, desenvolvido pela empresa Santos Lab. O objetivo era desenvolver doutrina, treinar e capacitar pessoal especializado. Os requisitos iniciais incluíam autonomia de 40 minutos, raio de ação de 2 km em linha de visada direta e propulsão elétrica. Foram adquiridas cinco unidades do drone Carcará para o Pelotão de Veículos Aéreos Não Tripulados (PelVANT). O Pelotão é composto por uma seção de comando, com um oficial, um sargento e um cabo, além de uma seção de apoio.
O Carcará é empregado no apoio à infantaria em missões de reconhecimento, especialmente em terrenos elevados ou áreas fora do alcance visual direto da tropa. É capaz de transmitir informações de alvos em tempo real para os centros de comando aerotáticos, de apoio aéreo direto e de coordenação de apoio de fogo, contribuindo para o ajuste de tiro indireto de obuseiros, morteiros e ataques de aeronaves.
O Carcará pode ser equipado com câmeras diurnas ou noturnas, com zoom óptico de até 10x. A câmera é retrátil e possui rotação de 360 graus. O operador pode selecionar o alvo clicando na interface de controle, permitindo que o sistema o siga automaticamente. As imagens geradas incluem as coordenadas do alvo e podem ser armazenadas na estação de controle.
O PelVANT atua em apoio à Brigada, realizando missões de vigilância aérea e reconhecimento, bem como reconhecimento de rotas de aproximação e retirada de helicópteros. Também participa de operações de segurança na retaguarda, operações especiais, como retomada de instalações e resgate, e operações psicológicas, como o lançamento aéreo de panfletos.
Estação de comando do Carcará com o drone ao fundo. O drone do tipo asa voadora pesa 1,8kg e e usa motor elétrico. A velocidade varia de 50 a 110km/h. A autonomia chega a 90 minutos nas versões mais atuais. O vídeo tem zoom de 10 vezes. O operador pode clicar no alvo e acompanhar automaticamente ou pode seguir o operador que passa posição com GPS na caixa de comunicação. O drone pode gravar imagens para análise posterior e pode ser transmitida para outras estações. O Carcará é usado para reconhecimento de itinerário, locais para zonas de reunião e posição de ataque e coordenação de unidades. O Carcará foi fabricado com componentes americanos e israelenses. O modelo Carcará III tem 3 horas de autonomia e raio de ação de 8 km.