DRONES NA CAVALARIA MECANIZADA
 
Os Regimentos de Cavalaria Mecanizada (RC Mec) do EB tem como missão principal o reconhecimento em proveito do Escalão Superior. Outra missão é o contra reconhecimento (evitar que o inimigo detecte as forças amigas), além de realizar segurança de retaguarda como a proteção de comboios militares.

O RC Mec realizam reconhecimento em largas frentes e grandes profundidades com o objetivo de diminuir o risco para as tropas amigas e ao mesmo tempo acelerar o avanço das tropas. Um RC Mec cobre uma frente de 16 a 36 km e faz reconhecimento de eixo de até 9km. O reconhecimento de eixo é feito a uma velocidade de cerca de 15 km/h, geralmente com mais três eixos secundários. Os drones apoiando a Cavalaria podem conduzir um reconhecimento detalhado de áreas que são particularmente perigosas para unidades de reconhecimento, bem como áreas abertas e desfiladeiros.

Apoiando os escalões superiores, como uma Divisão ou Corpo de Exército, a Cavalaria faz reconhecimento operacional podendo chegar a 200 km. Seria uma missão ideal para os drones de longo alcance.

O RC Mec pode usar elementos aéreos a frente, retaguarda ou flancos dos Esquadrões para diminuir o tempo da missão e aumentar a segurança da tropa ao informar as posições inimigas e desfiladeiros. Normalmente, reconhecem as estradas laterais e o terreno adjacente ao eixo designado. Na prática, o reconhecimento em conjunto de meios aéreos e terrestres raramente é realizado pois o apoio dos helicópteros da AvEx é pouco disponível por ser um meio escasso e de alto custo. São muitas unidades para apoiar em um Teatro de Operação. Já os drones são uma opção de baixo custo.

Uma proposta de operação dos drones nos RC Mec consiste na inserção de um Esquadrão de Reconhecimento e Vigilância, dotado de drones e radares, em substituição ou não a um Esquadrão de Cavalaria Mecanizado (Esqd C Mec). Os drones atuariam a frente do Esdq C Mec, durante o reconhecimento.

Geralmente, cada Esquadrão de Cavalaria apoia uma Brigada, ou o equivalente a uma frente de 8 a 12 km, fazendo reconhecimento tático tentando detectar as tropas logo a frente ou em risco de contato. Uma Brigada apoiada por um Esquadrão de drones teria um Pelotão de Drones para cada Batalhão, seguindo o padrão já citado anteriormente. Apenas a origem das subunidades é que variam, com o Pelotão de Drones sendo orgânico do Esquadrões ou sendo um reforço vindo dos RC Mec.

O Esquadrão de Cavalaria Mecanizado é constituído de uma seção de comando, seção de morteiros médios e três Pelotões de cavalaria mecanizados. Um grupo/seção de drones pode ser adicionado para apoiar as missões de reconhecimento.

O Pelotão de Cavalaria Mecanizado (Pel C Mec) é organizado com um grupo de comando, grupo de exploradores, seção de viaturas blindadas de reconhecimento, grupo de combate e peça de apoio. Um drone de curto alcance pode ser adicionado a um dos grupos ou seções ou ser criado uma nova seção para operar o drone.

O drone contorna algumas limitações da Cavalaria Mecanizada como ser menos vulnerável ao ataque aéreo, minas e obstáculos naturais, ter melhor mobilidade fora de estrada e transposição de cursos d’água, além de não precisar de apoio logístico volumoso.
 
Algumas unidades do EB já testaram drones de Categoria 0, como o Mavic Pro e Phantom 3, em Pelotões de Exploradores nas missões de reconhecimento. Mostraram ser úteis em pontos críticos com grandes chances de contato como pontes, localidades, desfiladeiros ou bosques.

Os drones mostraram que podem diminuir o tempo das missões comparados com as viaturas ou patrulha a pé sem apoio de vetores aéreos. O drone realiza em cerca de 10 minutos uma missão que duraria entre 30 a 60 minutos como a ocupação de posto de observação (PO), estabelecimento de segurança e reconhecimento sumário da Zona de Reunião. A missão é feita com muito mais segurança, sem expor militares.

Durante o reconhecimento de zona, observando tropas e viaturas militares desdobradas no terreno, ao se deparar com um compartimento com uma elevação dominante que possa ter presença inimiga, a unidade deveria parar o movimento, desembarcar uma patrulha de exploradores e reconhecer a pé a elevação, a fim de verificar se tal movimento no terreno contaria com posições inimigas ou não. Em algumas ocasiões, a missão levou apenas 4 minutos para fazer o reconhecimento com o drone.

Em uma operação defensiva, um drone atuou como patrulha deu alerta da presença do inimigo progredindo que foi atacada por fogo de morteiro.

A pouca experiência dos operadores indicou a necessidade de drones com maior autonomia, com os modelos empregados não permitindo que fosse mantida a vigilância da área até a chegada do Pel Exp para o reconhecimento pormenorizado. Os sensores termais mostraram ser necessários para apoiar o reconhecimento noturno. Já um telêmetro laser ajudaria a determinar coordenadas geográfica e indicar alvos para os morteiros do RC Mec.

Um uso dos helicópteros HA-1 Fennec apoiando a Cavalaria é o Comando e Controle. O comandante embarcado pode indicar o melhor trajeto para as viaturas, incluindo o desvio de pontes danificadas. O vídeo em tempo real de um drone poderia substituir o apoio da aeronave.


Um veículo 4x4 de reconhecimento com um mastro com sensores de radar e FLIR. As torretas de sensores dos drones estão ficando cada vez mais capazes e podem ser instaladas em mastros de veículos de reconhecimento.


Lançamento de drone Aladin de um blindado de reconhecimento alemão.


Os 98 blindados Centauro 2 comprados pelo EB podem equipar 16 Esquadrões de Cavalaria (seis por esquadrão e dois por pelotão). A capacidade de tiro indireto com integração total com os drones é desejável como feito na Ucrânia. Já é previsto um blindado porta morteiro no esquadrão.


Uma coluna blindada avançando contra uma posição inimiga durante o conflito na Ucrânia. A imagem foi tirada de um drone fazendo "cobertura" da coluna.


Uma patrulha mecanizada britânica no Afeganistão lançando um drone Desert Hawk III. Os drones são operadores por um regimento de artilharia com as equipes operando com outras unidades. Em um conflito dentre OTAN x Pacto de Varsóvia, os esquadrões de reconhecimento britânicos teriam como missão principal encontrar alvos para serem atacados pela artilharia de longo alcance como os obuseiros de 203mm e os lança-foguetes MRLS.

 

Blindados x Drones Furtivos

As operações das forças de reconhecimento tem grandes chances de entrar em contato com forças inimigas. O drone é um recurso para diminuir o risco e o atrito na missão, podendo reagir a situações adversas de forma mais eficiente.

A justificativa para o uso de drones é não arriscar as tropas em locais perigosos. Para exemplificar, durante a invasão de Granada em 1983, uma patrulha de paraquedistas foi designada para fazer o reconhecimento de um campus universitário a poucos quilômetros da zona de lançamento. Quatro dos cinco membros foram mortos quando o Jipe em que estavam foi emboscado no meio do caminho. A missão poderia ter sido apoiada por um drone portátil e a emboscada teria grandes chances de ser detectada, ou o drone realizaria o reconhecimento do local. A outra opção seria o uso de um blindado que daria proteção contra armas leves. Tem que ser considerado que nem todas as emboscadas serão detectadas ou os drones podem não estar sempre disponíveis.

Geralmente os Exércitos usam blindados sobre rodas para as missões de reconhecimento e aproveitam para apoiar as missões ofensivas. Os treinamentos do US Army no deserto mostraram que a furtividade e velocidade dos veículos HUMVEE eram mais importantes que a capacidade de sobrevivência e o poder de fogo dos blindados nas missões de reconhecimento. Os pequenos drones tem estas características e são muito superiores em termos de furtividade e mobilidade comparados com os veículos leves. 

Os blindados usam a proteção e a mobilidade para se aproximarem das posições inimigas ou o poder de fogo para atacar de longa distância sem expor os tripulantes. Na guerra da Ucrânia, a função principal dos carros de combate foi atacar posições inimigas a longa distância (cerca de 2km) atuando como canhão de assalto. Os combates entre blindados eram raros. A Ucrânia também passou a detectar concentrações de blindados russos com drones e levou os russos a pararem as operações de larga escala com blindados.

Os drones bombardeiros podem realizar a mesma missão ofensiva dos blindados usando a furtividade. Mesmo que o drone seja detectado, atacado e derrubado, não coloca os tripulantes em riscos, o que seria a função da blindagem. O poder de fogo de tiro direto dos blindados é substituído pela precisão dos disparos. A mobilidade do drone é muito superior aos blindados seja na velocidade real em qualquer tipo de terreno ou a capacidade de superar obstáculos. O resultado é poder adicionar a capacidade de apoio dos blindados as tropas de infantaria sem os custos associados.

Antes de uma ofensiva em uma região, é realizada um reconhecimento o mais detalhado possível no local para mapear a presença das tropas inimigas no local. O reconhecimento pode durar vários dias com os drones fazendo o reconhecimento de uma área mais rápido ou de uma área maior em um mesmo tempo. Este reconhecimento pode indicar as intenções das forças amigas e o inimigo reagir. Os drones emitindo sobre o local podem indicar que o local está sob vigilância, mas os drones também podem operar de forma autônoma e mapear o local sem emitir. O objetivo é evitar que o inimigo perceba que o local irá ser atacado. Ao mesmo tempo, é possível enviar drones para emitir em outro local para indicar que o objetivo é outro e criar uma ação diversionária.

Os carros de combate M1 Abrams do USMC conseguiam se aproximar dos insurgentes em Faluja, a noite, bem dentro da cidade, aproveitando o barulho das aeronaves AC-130 voando acima que abafava o barulho dos blindados. Os AC-130 não podiam diferenciar os contatos entre civis ou insurgentes e precisavam de outros meios para identificação aproximada e tiveram que usar os blindados. Os drones podem operar junto com os blindados e aeronaves acima para apoiar na identificação e ataque dos alvos.


Um blindado com radar de vigilância terrestre. O Guarani previa uma versão com radar de vigilância terrestre. Os drones são uma opção de plataforma, podendo cobrir uma área muito maior. Os esquadrões de reconhecimento das Brigadas do US Army tem um Pelotão com quatro drones Gray Eagle equipado com radares e um pelotão com oito radares de vigilância terrestre, além de um pelotão de reconhecimento eletrônico.


Radar Sentir usado pela infantaria, mas que também pode ser instalado em mastros de blindados.

 

DRONE AMARRADO
 
Em cenários de alta intensidade, as emissões de rádio devem ser minimizadas e os drones são uma fonte de emissão. Um conflito com uso de carros de combate de forma disseminada geralmente é um conflito de alta intensidade. O controle de emissões deve ser sempre considerado, assim com o uso de interferência das comunicações pelo inimigo que limitaria a operação dos drones.

Os drones "amarrados" são uma opção para diminuir a assinatura eletrônica dos blindados operando com drones. Uma propagando do carro de combate Leclerc mostrava um drone controlado por cabo (thetered) na torre. O uso de um carro de combate sugere um conflito de alta intensidade que exige meios com o mínimo possível de emissões. O cabo de energia e dados permitiria que o drone operasse de forma contínua por longo períodos sem precisar trocar as baterias e sem emitir com o rádio.

O projeto do carro de combate T-14 Armata incluía um drone "amarrado". O canhão tem um alcance de até 8km, mas é muito difícil detectar alvos com linha de visada direta a esta distância. Um drone "amarrado" permitiria usar um sensor a cerca de 100-150 metros acima e poderia detectar alvos a cerca de 10 km com o blindado escondido.

Esta capacidade poderia ser adicionada a qualquer blindado equipado com uma arma com capacidade de tiro indireto (ou trajetória curva). Pode ser desde um lança-granadas automático de 40mm (com um sistema de controle de tiro computadorizado) e até um obuseiro autopropulsado (com limitação de alcance). Os lança-granadas de 30mm foram muito usados em fogo indireto na guerra russo-ucraniana com um drone fazendo a correção de tiro.

Os blindados são plataformas ideais para levar drone "amarrados" na linha de frente pois dão proteção aos operadores ao mesmo tempo que fornecem energia aos drones. O controle de tiro do blindado totalmente integrado com os sensores do drone "amarrado" permite engajar alvos de forma mais rápida e precisa. Quem detecta e dispara primeiro sempre leva vantagem.

Um vídeo do conflito entre Turcos e Cursos mostrava um drone apoiando o avanço de um blindado contra uma posição defensiva. O blindado parecia receber indicação de alvos do drone pois atirava exatamente no local onde havia tropas atrás de barricadas. O ideal seria o operador do drone clicar no alvo e enviar a coordenada do alvo para ser mostrada direto na mira do comandante e do artilheiro do carro de combate. Até mesmo as imagens de vídeo do drone poderiam ser visualizadas pelo blindado.


Drone IXOS "amarrado" em um carro de combate Leclerc. As unidades de reconhecimento também podem operar com drones "amarrados". São os mesmos quadricópteros usados para reconhecimento, mas com capacidade de operar com apoio de um cabo passando a energia elétrica.


Um drone "amarrado" decola de um blindado "mãe". A autonomia é de dezenas de horas usando a energia fornecida pelo veículo. Se integrado com o sistema de controle de tiro do blindado, é possível indicar alvos para tiro indireto com o blindado em posição protegida. Um requisito dos drones é poder mudar rapidamente de sensores. A torreta de sensor do drone pode operar ligada diretamente ao blindado o até mesmo em um mastro extensível.

 

PELOTÃO DE CAVALARIA MECANIZADA


Constituição prevista para o Pelotão de Cavalaria Mecanizada.

 

A imagem acima é a constituição prevista para o Pelotão de Cavalaria Mecanizada do EB com os novos veículos blindados Gauicurú, Guarani e Centauro que irão substituir os blindados Cascavel e Urutu, além dos veículos 4x4. Um grande avanço é a torreta REMAX equipada com sensores óticos e termais que permitem detectar alvos a longa distância, de dia ou a noite.

Todos os blindados do Pelotão de Cavalaria Mecanizada podem levar algum tipo de drone de reconhecimento ou ataque ou ser amado para atacar os alvos detectados pelos drones de reconhecimento. O drones podem ser orgânico do Pelotão ou ser reforçado por destacamentos de um Pelotão de Drones.

O Grupo de Comando pode operar um drone portátil de longo alcance (Categoria 1). O drone realizaria reconhecimento nas distâncias maiores e indicaria alvos para as armas de tiro indireto do Pelotão. Se for detectado um alvo de alto valor podem até indicar os alvos para a artilharia divisional.

Em uma missão de reconhecimento de zona, um Pelotão de Cavalaria avança em uma velocidade de 15 km/h e cobre uma frente de 4 km. Um Pelotão de helicóptero de observação como o Esquilo cobre uma frente de 40 km e avança a 40km/h. Um drone tem velocidade compatível com os helicópteros, mas precisa ter um bom alcance para cobrir a frente apoiada. Pode ser usado um drone de Categoria 2 da Brigada, mas apoiado pelos drones de Categoria 1 do Pelotão de Cavalaria. Em uma missão de reconhecimento de eixo também é feita a 15km/h e avança até 1km, bem dentro do alcance de um drone amarrado enquanto um helicóptero Esquilo cobre 2km a 40km/h.

As patrulhas de exploradores podem usar drones multimotores com capacidade de serem "amarrados" para vigilância de longa duração. Um blindado operando um drone "amarrado" pode dar cobertura para tropas e blindados avançando. Depois mudam de função com as forças na vanguarda apoiando o avanço das tropas na retaguarda. Alguns blindados, como um dos Guaicuru das patrulhas de exploradores poderia receber um lança-granadas automático na estação remota REMAX para poder realizar tiro indireto. Na missão de cobrir os flancos de uma operação, um drone "amarrado" permite cobrir uma área bem maior que as tropas em um posto de observação em terra, principalmente se não tiver elevações adequadas no local.

A seção VBR equipada com o Centauro pode usar drones "amarrados" para atacar alvos distantes fora da linha de visada com fogo indireto, mas é pouco usado pelos carros de combate. No conflito russo-ucraniano, o uso principal dos carros de combate foi como canhão de assalto para atacar as posições inimigas apoiando o avanço da infantaria e seria a função principal do Centauro.

O grupo de combate (Grupos de Exploradores - GE) operando desembarcado pode operar mini-drones para apoiar o reconhecimento aproximado e/ou drones letais para atacar os alvos detectados. Algum blindado vai ter que levar drones bombardeiros maiores e o blindado Guarani é um candidato.

A peça de apoio pode levar um quadricóptero de médio alcance para apoiar o fogo indireto do morteiro ou ser apoiado pelo drone do grupo de comando. As patrulhas motorizadas americanas no Afeganistão usavam os drones Raven para aquisição de alvos para os morteiros de 60mm ou 81mm detectados ao redor.

Um Pelotão de Cavalaria Mecanizada configurado para operar com drones orgânicos sugere que o blindado Guarani seria o blindado mais adequado por ter mais espaço para levar drones de reconhecimento e drones letais, além dos operadores adicionais, substituindo um dos Guaicurú das patrulhas de exploradores e até do grupo de comando. O Centauro poderia ser substituído por um Guarani com torre com morteiro de 120mm com capacidade de tiro direto e indireto. A capacidade de tiro indireto que seria a capacidade principal sendo apoiado pelos drones para aquisição de alvos. A capacidade anti-carro do canhão de 120mm do Centauro também pode ser substituído por drones letais.


O programa do novo blindado de reconhecimento do USMC, o ARV (Advanced Reconnaissance Vehicle), já está testando os protótipos da BAE Systems, General Dynamics Land Systems e Textron Systems. Os ARV terão a versão C4/UAS para operar drones (foto). Outras versões serão de apoio de fogo com canhão de 30mm, anti-drone, apoio de fogo com morteiro, recuperação e logística. Um objetivo do programa ARV é deixar de centrar os meios de reconhecimento do USMC em plataformas terrestres.


Um blindado lançando um drone letal que adiciona novas capacidades para apoiar operações ofensivas e defensivas. A cavalaria precisa de superioridade aérea para poder operar de forma mais eficiente. As ofensivas na Ucrânia foram difíceis sem a superioridade aérea com os helicópteros de ataque russos podendo barram o avanço das colunas blindadas ucranianas. Lançar um drone letal bem longe da linha de frente não precisa de superioridade aérea para operar e podem até ser usados contra helicópteros.


Um lança-granadas automático Mk19 ucraniano realizando tiro indireto com apoio de um drone DJI Mavic 3. A outra imagem mostra os tiros atingindo o alvo. Os blindados podem ter esta mesma capacidade integrada na torreta Remax com um sistema de tiro automático.


Nas operações no Mali contra os terroristas da Al Qaeda, os suecos criaram uma Força Tarefa IRVA com um Pelotão com cinco blindados, uma equipe de inteligência eletrônica para detectar celulares, um Pelotão de Polícia Militar, um controlador aéreo avançado, um pelotão de apoio (guarda, logística, comunicações e manutenção) e um pelotão médico. A FT IRVA foi equipada com dois drones Puma AE e dois Wasp III que apóiam as patrulhas de longo alcance e as vezes as de curto alcance. Os drones eram operados a partir dos blindados. Um destacamento com quatro drones Shadow 200 (foto) também apoiaram as missões cobrindo um raio de 120km com autonomia de 6 horas.
 

VEÍCULOS TERRESTRES NÃO TRIPULADOS
 
Um tipo de drone que interessa para a Cavalaria seriam os drones terrestres blindados. Em inglês é chamado de UGV (Unmanned Ground Vehicle).
 
O objetivo dos UGV é realizar as tarefas mais perigosas como limpeza de campos minados, apoiar equipes de explosivos, atuar como sentinelas armados e como "boi de piranha" nos assaltos iniciais ou contra posições fortificadas.

Uma tática agressiva da Cavalaria é fazer reconhecimento pelo fogo, avançando para forçar o inimigo denunciar a posição e depois serem engajados pelas forças blindadas. É uma tática que pode gerar muitas baixas.
 
Os russos usam a tática de enviar um blindado na frente para forçar o inimigo a atacar e depois contra atacarem o local. Um blindado "robô" poderia fazer esta missão suicida sem arriscar a vida dos tripulantes. Um UGV blindado precisa de armas automáticas mais leves como um canhão automático de 20-30mm para realizar alguns engajamentos antes de ser recarregada. Se precisar de recarga, o UGV tem que voltar até a retaguarda.

O drone terrestre pode ser um blindado leve que aproveita as imagens das câmeras do motorista, a mira do artilheiro e sensores do comandante que são enviadas para os tripulantes operando fora do veículo de forma remota. Os rádios para se comunicar com outros blindados da unidade também serão necessários. Um datalink de fibra ótica permite enviar dados de banda larga com segurança, mas com risco do cabo se partir e tem limite de alcance. A fibra ótica pode ser uma opção adicional com o datalink de rádio de reserva.
 
No caso do EB, pode ser um blindado Cascavel modernizado com a torre retirada e substituída por uma estação de armas REMAX. Realizaria as missões dos novos blindados Guaicurú a um custo mais baixo e com capacidade adicional de atuar como UGV.
 
A concorrência para substituir os blindados de transporte de tropas M-2 Bradley do US Army, chamado XM30 Mechanized Infantry Combat Vehicle, era anteriormente chamado de Optionally Manned Fighting Vehicle (OMFV) pois tinha objetivo de ter capacidade de operar de forma remota.
 
A tecnologia dos UGV ainda não permitem a operação autônoma para se moverem de forma autônoma, evitando obstáculos fora de estrada. Os drones aéreos são mais fácies de programar para evitar o terreno e não tem obstáculos voando alto.


O Redback é um dos concorrentes para substituir os M2 Bradley do US Army. O blindado terá capacidade de ser operado remotamente.


UGV EMAV-LW30 da Northrop Grumman com um canhão de 30mm. As estações de armas remotas podem ser consideradas como um tipo de drone, mas que fica fixada em um blindado. Fornecem proteção para as tripulações e seus sensores são usados para apoiar missões de reconhecimento. Uma estação de armas custa cerca de US$ 300 mil como a Protector do US Army. As estações de armas são usados desde a Segunda Guerra Mundial com os alemães usando periscópio e mecanismos de controle. As versões modernas como novos sensores só se tornaram disponíveis nos anos 2000. As estações de armas salvam vidas e diminuem a ansiedade de tropas em local perigoso. Os operadores de torretas dos blindados geralmente são atacados primeiro.


O US ARMY tem vários projetos de UGV blindados com vários tamanhos. O atual é o programa Robotic Combat Vehicle (RCV) que poderá ter versões leve (10 toneladas), média (20 toneladas) e pesada (menos de 30 toneladas). A foto é do blindado Type-X.


Os russos enviaram dois UGV modelo Uran-9 de 12 toneladas para a Síria em 2016 para testes em combate. O alcance era de apenas 400 metros devido a banda de rádio limitada.


O primeiro projeto de UGV do US Army iniciou na década de 1980 com o programa Teleoperated Mobile Anti-Amor Platform (TMAP), depois chamado de Tactical Mobile Antiarmor Platform. O TMAP era pilotado remotamente por rádio ou cabo de fibra ótica com alcance de até 4 km. Teria aplicações contra alvos no ar, blindados, detecção de minas e apoio médico. O programa foi cancelado pois era considerado caro. A foto é da proposta do TMAP da Grumman. Usava motor híbrido diesel-elétrico, pesava 320kg, tinha 2 metros de comprimento e usava configuração de rodas em diamante para facilitar passar por trincheiras. A velocidade chega a 10km/h.


Outro projeto do US Army do final da década de 1980 era o ROBAT (Robotic Obstacle-Breaching Assault Tank). Era um carro de combate M-60 modificado como UGV para limpeza de obstáculos como campos minados. Podia ser controlado por fibra ótica a até 10km.


Os tanquetes da Segunda Guerra Mundial podem ser considerados os predecessores dos UGV blindados leves. Um projeto atual receberia uma estação de armas remota e os tripulantes sairiam do blindado antes de entrar em combate (se for possível) com o drone realizando missões de reconhecimento ou ataque. O UGV manteria a capacidade de operar tripulado.


Os Alemães usaram UGV guiados por cabo. Eram usados para levar cargas explosivas até as linhas inimigas ou para atacar blindados. Os terroristas do ISIS usaram UGVs adaptados na Síria e no Iraque carregados com minas. Os russos usaram carros de combate T-55 como drones suicidas na Ucrânia, enchendo o blindado com explosivos.

 

DRONES DA ARTILHARIA

A introdução dos drones em vários exércitos iniciou nos escalões de Divisão e Corpo de Exército com o controle na Artilharia Divisional. Os drones complementaram e/ou substituíram as aeronaves e helicópteros leves de observação.

Os antecessores dos drones eram as aeronaves de observação leve. Durante a Segunda Guerra, cada Grupo de Artilharia do US Army era apoiada por duas aeronaves de observação, mas a Divisão de Artilharia preferia centralizar a operação. A doutrina citava que é mais fácil ensinar um artilheiro a voar uma aeronave leve do que ensinar um piloto a ser observador de artilharia. Então um artilheiro também pode ser treinado para operar drones.

Na artilharia, o emprego de drones seria principalmente as missões de reconhecimento e busca de alvos com os drones de reconhecimento operando bem atrás das linhas inimigas. Uma consequência secundária do uso de drones pela artilharia é o menor consumo de munição ao aumentar a precisão dos fogos. O uso de munição guiada ou drones letais também impacta a logística devido ao menor consumo de munição.

Os drones que operam no escalões de Brigada e Divisão tem que cobrir alvos bem acima do alcance dos morteiros e baterias que fazem apoio direto aos Batalhões e devem ter capacidade de indicar alvos para o sistema ASTROS que atualmente tem alcance de 80km e pode chegar a 150km com as novas munições guiadas. O requisito é de um drone de Categoria 2 ou superior.

No conflito da Ucrânia, pick-up equipadas com um mastro de 18 metros com uma câmera podiam detectar alvos a até 5km de distância e custando apenas 2 mil Euros. O mastro permitia designar alvos para a artilharia distantes 2 a 3km além da linha de frente. Um drone "amarrado" voando em uma altitude de 80 a 150 metros consegue ver ainda mais longe. A maioria dos alvos em uma guerra de trincheira estão próximos da linha de frente.

O alcance útil de um drone é diferente de alcance máximo das peças que apoiam pois as bases de fogo ficam longe da linha de frente. Um obuseiro de 155 mm com alcance de 14km pode estar a mais de 4km da linha de frente e seu alcance útil chegaria a 10km além da linha de frente.

A precisão da artilharia diminui com o aumento da distância. O CEP (Erro Circular Provável) é de menos de 20 metros contra um alvo a 10km, 50 metros contra um alvo a 15km e 100 metros a 20km. Uma solução para evitar o gasto de muita munição contra alvos distantes é usar submunição como costuma ser feito pelos lançadores de foguetes, mas ainda assim tem alto custo. Um drone indicando alvos para uma munição guiada pode sair mais barato, assim como o uso de drones letais.

No cenário da guerra russo-ucraniana, com as linhas estáticas e com a maioria dos alvos bem protegidos próximos da linha de frente, até um morteiro pesado de 120mm ou 160mm pode ser viável para substituir parte das peças de 105mm e 155mm.


Formação de um batalhão russo na ofensiva e na defensiva. Um operador de drone deve saber como opera o inimigo para saber onde buscar alvos. O exemplo acima mostra que a maioria dos alvos estão bem próximos da linha de frente.

 

BATERIA DE BUSCA DE ALVOS

A Bateria de Busca de Alvos (Bia BA) é o principal recurso da Artilharia Divisionária para a realização da busca por concentrações inimigas na área de operação. A Bia BA é composta por uma seção de localização por radar, uma seção de localização por som e uma seção de localização por VANT (drones). A seção de reconhecimento VANT opera com 10 plataformas orgânicas. Teria um grupo de comando e dois grupos de reconhecimento de drones com um total de 21 militares. O grupo de reconhecimento VANT deve ser capaz de operar duas plataformas simultaneamente.

Quando a unidade de busca executa o tiro, está fazendo busca direta como no caso do emprego de radar de contrabateria, observador avançado e imageamento por drone. Se recebe dados de outras unidades é chamada de busca indireta quando a designação de alvos vem dos Batalhões, Companhias, Pelotões, equipes de Forças Especiais e Controladores Aéreos Avançados.

O EB tem apenas uma Bia BA, mas o ideal seria ter uma Bia BA em cada Grupo de Artilharia de Campanha (GAC) e são mais de 20 GAC. Existe uma proposta de criar a 6a Bia BA em Formosa ou na AMAN e a 3a Bia BA na região Sul. A artilharia usa o Sistema Gênesis denominado Sistema Digitalizado de Artilharia de Campanha (SISDAC) para integração do C2 e deve estar integrado com a operação dos drones.

O GAC realiza missões de reconhecimentos que possibilitem o seu desdobramento no terreno. Esse reconhecimento é chamado de Reconhecimento, Escolha e Ocupação de Posição (REOP), que promove o desdobramento do GAC nas operações. É o reconhecimento de 1º escalão realizado pelo comandante e Estado Maior do GAC. Então os GAC também tem necessidade de operar com um Pelotão de Drones para apoiar as missões de reconhecimentos contínuos e seleção adequada de itinerários, áreas de posição, observatórios, Postos de Comando e locais para outras instalações.

Os reconhecimentos mais frequentes realizados pelo GAC são o de itinerário e de posições. O reconhecimento de itinerários é realizado bem à frente da tropa e visa estudar a rede de estradas, melhor itinerário, área para manobrar viaturas, estado e capacidades da estrada, localização de obstáculos, seleção de lugares para altos, entre outros.

Outra situação seria usar o Pelotão de Drones do GAC para busca de alvos em grandes profundidades e de modo integrado entre os diversos escalões e meios. O drone mais indicado são os de Categoria 1 devido ao maior alcance.


A artilharia do EB usa o sistema Genesis.
A artilharia só causa efeito após encontrar um alvo atrás das linhas inimigas. O C2 avalia alvos e passa para a unidade mais adequada atacar. O planejamento de missões de tiro são baseados em dados de inteligência de imagem, drone, reconhecimento e COMINT.


O novo drone Skylark 1 eVTOL da Elbit irá equipar a artilharia israelense.

 

OBSERVADOR AVANÇADO

A missão do Observador Avançado (OA) é fazer a busca de alvo em combate, ou o levantamento tridimensional do alvo para realizar detecção, identificação e localização precisa para poder engajar. O OA acompanha os comandantes de subunidades da arma base apoiada, estando na vanguarda do campo de batalha. Também é a ligação entre a tropa em contato com o inimigo e a artilharia do escalão considerado.

Durante a condução do tiro de Artilharia pelo OA, é comum a falta de posições elevadas em alguns ambientes operacionais que permitam uma boa visualização dos impactos no terreno. Uma opção é embarcar o OA em uma plataforma aérea (avião ou helicóptero) para realizar o seu trabalho. Esta atividade tem o intuito de cobrir os “ângulos mortos” do espaço de batalha não avistados pela Observação terrestre.

Um OA apoiado por um drone está atuando em um Posto de Observação Aéreo e passa a ter um campo de visão ampliado e melhor precisão da locação de alvos. A mobilidade também é ampliada podendo observar pontos distantes da posição.

Os drones usados pelo OA podem ser a dotação do Pelotão de Drone da unidade apoiada. O OA pode operar junto com uma equipe de drones ou o OA ser parte do Pelotão de Drone. Sem um OA, o Pelotão de Drone fica limitado a indicar alvos para os morteiros do Batalhão, atacar com drones bombardeiros ou drones letais.

O EB planeja pelo menos um OA para as SU (Companhias) e futuramente até mais. Podem fazer parte do Pelotão de Drones pois são necessários para regular o tiro de artilharia com os drones. Nos combates em Faluja, as tropas do USMC tinha até dois OA por Pelotão para apoiar no combate em localidade.


Uma equipe de observadores avançados em um posto de observação em uma montanha.
Os observadores avançados preferem uma posição avançada em terreno elevado, mas um drone seria uma posição ainda mais elevada e muito mais próxima do inimigo, com mais segurança, permitindo a aquisição de alvos fora da linha de visada.


MISSÕES DA ARTILHARIA

A artilharia nunca fica na reserva. Está sempre apoiando alguma missão. Pode ser uma missão de apoio direto quando apoia alguma unidade como um Batalhão ou Brigada, faz reforço quando apoia uma missão de apoio direto de outra unidade, ou apoio geral sob comando dos escalões superiores.

No US Army, a batalha de artilharia é dividida em três tarefas: apoio aproximado, ataque em profundidade e contrabateria. Os drones de reconhecimento e de bombardeiro podem apoiar as três tarefas.

Nas missões de apoio aproximado, o drone pode ser usado durante o contato com o inimigo para observar e corrigir o tiro da artilharia. No caso de um ataque planejado, os drones bombardeiros também atacariam alvos pré-planejados, junto com a artilharia, antes do ataque por terra.

No caso dos drones letais, o drone seria lançado no caso de contato com as tropas inimigas, com o drone fazendo busca dos alvos e mergulharia nos alvos detectados. O drone Switchblade 300 foi desenvolvido para esta função, com as tropas atuando fora do alcance da artilharia tendo um recurso orgânico para apoio de fogo. O drone é mais leve e barato que os mísseis Javelin e responde mais rápido que o apoio aéreo aproximado.

A artilharia pesada, como os morteiros de 160mm ou obuseiros de 203mm, é usada para atacar alvos bem protegidos como casamatas ou trincheiras. Um drone bombardeiro pesado seria uma opção para lançar petardos pesados contra estes alvos. Uma granada de 155mm ou morteiro de 160mm pesa 40kg enquanto um obus de 203mm pesa cerca de 90kg. A maior parte o peso é da cobertura de metal e apenas uma pequena carga é de explosivo. A carga de arrebentamento varia de 10% a 20% do peso da munição. Um petardo de 20kg equivale a carga de arrebentamento de um projétil de 203mm e pode ser lançada por um drone de carga com certa precisão sobre o alvo.

As missões de interdição são realizadas contra alvos que ainda não estão em contato com as tropas na linha de frente. Os drones atuariam muito além da linha de frente fazendo observação e designando os alvos detectados para a artilharia. Os drones letais podem apoiar ao atacar alvos bem além do alcance da artilharia ou contra alvos móveis. Por exemplo, o Switchblade 600 tem alcance de 40km.

A artilharia substitui a aviação de ataque em locais de alta ameaça, ou quando não estão disponíveis. Também tem capacidade qualquer tempo o que não ocorre com a aviação de ataque. O Batalhão cobre os alvos mais próximo, a Brigada cobre os alvos além do alcance das armas do Batalhão e a Divisão cobre os alvos mais distantes com drone letal ou drone armado. A seção de drone letal do Batalhão pode cobrir distâncias de cerca de 10-15km. A Brigada precisa de drones letais de maior alcance equipando os GAC.

Os vídeos da guerra da Ucrânia mostram que a artilharia tem capacidade de atacar alvos de ponto, como os blindados, com o apoio dos drones. Os russos infestaram o campo de batalha com os drones Orlan-10. O Orlan-10 usa muitos itens comerciais (COTS) e por isso tem um custo relativamente baixo (cerca de US$ 100 mil). A melhor arma russa foi a combinação do drone Orlan-10 e o obuseiro autopropulsado MSTA-S de 152mm ligados pelo sistema de C2 USS TZ semelhante ao Kropyva ATMS ucraniano.

Os drones de reconhecimento atrapalharam o movimento e ação das tropas na guerra russo-ucraniana. Os russos atingem alvos com a artilharia 3 a 5 minutos após serem identificados por drones e deu capacidade de atacar alvos móveis. Antes era 30 minutos sem o drone. As táticas de atirar e fugir não conseguem anular esta capacidade.

A artilharia ucraniana opera muito dispersa com uma a três peças, com todos os sargentos na linha de frente podendo chamar apoio e com a artilharia atuando ainda mais dispersa. Sem coordenação do escalão superior pode ocorrer situações onde várias unidades atacam o mesmo alvo ou várias unidades se movem para apoiar outra unidade sem necessidade.

Na Ucrânia, a munição guiada dos lança-foguetes HIMARS geralmente ataca alvos estratégicos como postos de comando, depósitos de munição e infraestrutura (pontes, estradas, ferrovias). Geralmente são alvos fixos com a Inteligência feita por satélite ou HUMINT e raramente por drones.

Os russos posicionam suas bases logísticas a cerca de 20-30km da linha de frente e fora do alcance da artilharia. Geralmente um ponto de transferência de munição mais avançada recebe munição de pontos de suprimentos na retaguarda que recebe de pontos de suprimento do Corpo. Com o emprego do HIMARS com armas guiadas com alcance de 85km, os russos tiveram que posicionar suas bases para mais de 80km da linha de frente. Os ataques atrapalharam a logística e as tropas na linha de frente ficam sem suprimentos e munição. A OTAN ajuda com a Inteligência para encontrar os alvos a longa distância. Os foguetes guiados disparados pelos HIMARS na Ucrânia tem uma ogiva de 90kg e alcance de 84km. Um foguete com alcance de 150km deve entrar em operação em 2025. A Ucrânia passou a receber os mísseis GLSDB com alcance de 150km para atacar as bases mais distantes. Os dois lados evitam atacar alvos de pouco valor como caminhonetes e passaram a ser mais usadas para apoio logístico e transporte.

Os drones letais realizando missões de interdição fariam a mesma missão do sistema de foguetes ASTROS da AVIBRAS. O Astros que equipa os Grupos de Mísseis e Foguetes (GMF) tem emprego limitado a alvos compensadores e de grande importância estratégica no cenário de batalha, muitas vezes localizados na retaguarda profunda do inimigo. Os alvos de alto valor são os postos de comando, artilharia, bases logísticas, sistemas de guerra eletrônica, colunas blindadas, tropas na reserva, pontos fortes, aeronaves, estruturas estratégicas, tropas inimigas em movimento ou estática, e viaturas.

O padrão da OTAN é ter um Grupo de Foguetes apoiando um Corpo de Exército. Equivale a uma bateria de nove lança-foguetes MRLS apoiando uma Divisão. O EB tem dois Grupos de Foguetes com 18 Astros cada (6 por bateria) que podem apoiar duas ou três Divisões.

No fim da década de 1970 entraram em operação sistema de Comando & Controle (C2) mais capazes. Os meios de aquisição de alvos e as submunições passaram a viabilizar ataques de longo alcance contra formações inimigas na retaguarda. Os sistemas de C2 permitiam atacar alvos em três minutos a partir da identificação e até atacar alvos móveis. Os britânicos equiparam dois Regimentos com o lança-foguetes MRLS americano para substituir um Regimento de obuseiros M107 e um de M110. Operavam junto com os drone Phoenix e o sistema automatizado BATES de C2. O MRLS operava com táticas dispare e foge. Cada bateria de nove MRLS tinham uma área de manobra da bateria com cada uma com três áreas de manobra da tropa. As áreas de manobra da tropa tinham esconderijos, pontos de disparo e pontos de recarga. O MRLS saia do esconderijo com uma missão pronta, ia para o ponto de disparo, apontava e disparava. A missão duraria poucos minutos. Depois ia para o ponto de recarga e movia para um novo esconderijo. Os pontos de disparo tem coordenadas pré-determinadas para facilitar o disparo. Cada ciclo pode durar uma hora. Os MRLS atuariam a cerca de 15km atrás da frente de batalha e operavam no escalão de Corpo de Exército.

Um drone letal com uma ogiva de 90kg, com a mesma capacidade de um foguete do HIMARS, deve ter um peso total de 300 a 350kg e um motor de cerca de 100 HP. A velocidade seria de cerca de 200km/h. O formato pode ser uma asa delta como o IAI Harpy. O objetivo seria criar um míssil de cruzeiro bem mais barato que o AV-MT 300 da Avibrás e com um lançador mais simples que o HIMARS. O ponto fraco seria a baixa velocidade que o tornaria um alvo fácil para as defesas aéreas, mas o formato furtivo e voar a noite pode compensar. Também não atuaria em locais com defesas pesadas.

A velocidade de um drone letal de longo alcance tem que ser considerada pois a demora ao chegar na área do alvo pode ser suficiente para que ele se distancie e saia do raio de ação do link de comunicação. Um drone atacando um alvo a 100km de distância e voando a 100km/h vai demorar uma hora para chegar ao local. A autonomia também pode ser importante para poder detectar e se posicionar para atacar.


Foto de uma bateria de artilharia alemã detectada por uma aeronave de observação L4 do US Army. As aeronaves de observação L-4 da Segunda Guerra realizavam patrulha na linha de frente ou iam além em busca de alvos de oportunidade. Também apoiavam as missões de contrabateria, mas a artilharia alemã suspendia fogo com os L-4 voando próximos. Os alemães sabiam que seriam atacados de forma maciça se disparassem. A artilharia alemã costumava disparar com os L-4 fazendo curva e pensavam que não viam nada olhando para trás.


Um drone regulando o tiro de artilharia contra uma unidade blindada durante a guerra russo-ucraniana. O conflito mostrou que os drones podiam regular tiro de artilharia contra alvos de ponto. Alguns drones russos usavam designadores laser para indicar alvos para munição guiada a laser e gastava apenas uma munição por alvo. Geralmente eram colunas blindadas.

 

CONTRABATERIA

As atividades de contrabateria se referem as operações e procedimentos que tem por finalidades localizar, identificar e atacar posições de Artilharia de Campanha e de morteiros inimigos (contramorteiro).

A Bateria de Busca de Alvos da Artilharia Divisionária é a principal responsável pela localização e obtenção de dados, para que os meios de apoio de fogo realizem a neutralização da artilharia inimiga. A Bateria de Busca de Alvos possui uma Seção SARP (drones), destinada à função de contrabateria. Na função de contra-bateria, os drones podem ser enviados para as coordenadas de posições da artilharia inimiga para fazer a detecção e identificação de alvos.

Os meios de aquisição de alvos para contrabateria são as aeronaves/drones, "flash spotting", detecção de som, observadores em terra, patrulhas em possíveis locais de posicionamento, agentes secretos e o COMINT. Uma aeronave ou drone com um radar SAR pode detectar os canhões inimigos mesmo que não disparem. O processo de exame de crateras permite determinar apenas a posição geral da artilharia inimiga e enviar um drone para fazer busca na área.

A capacidade de fogo indireto permitiu esconder os canhões sem se preocupar em ser atacado por fogo direto do inimigo. A primeira reação foi usar pipas e balões tripulados para ver acima das elevações ou terreno. A reação da artilharia passou a ser disparar e sair rápido de posição para evitar ser atacada ou detectada por plataformas aéreas. Uma contra contramedida é enviar um drone para vasculhar o local ou já estar em alerta no ar próximo de possíveis áreas de operação da artilharia inimiga. Preferencialmente, o drone tem que ter capacidade de ataque contra alvos de oportunidade.

A tática de "fire capping" foi usada pelo US Army na invasão do Iraque em 2003. Consistia em manter uma bateria de artilharia e um radar de contrabateria em posição o tempo todo durante o avanço, com as baterias de um Grupo se revezando. O radar estava ligado digitalmente a bateria e respondia em minutos aos contados detectados.

No meio do avanço do US Army no Iraque em 2003, após passarem pela cidade de Najaf, as tropas começaram a ser atacadas pela artilharia iraquiana. O radar de contrabateria que cobria o avanço no local deu pane e tiveram que usar o método de análise de cratera para determinar o calibre e direção dos projéteis para tentar determinar a posição aproximada da artilharia iraquiana. Depois enviariam os caças da USAF para fazer busca na área. Agora, estas plataformas poderiam ser os drones.

Um drone de reconhecimento voando acima da retaguarda inimiga pode neutralizar a artilharia inimiga ao evitar que dispare ou se movimente. Está realizando supressão se forçar a artilharia inimiga a se mover e não poder parar para disparar.

Os sensores de som são usados para estimar a posição da artilharia inimiga, mas com uma precisão menor em relação ao radar. Estes sensores podem ser instalados em drones que operam em uma posição avançada e usar sensores óticos e termais para detectar a posição das peças. Um drone com sensor de som pode cobrir um raio de 5km enquanto um enxame de drones pode cobrir uma grande área e manter vigilância constante, além de alertar outras ameaças como veículos no local.

Sensores de imagem noturna cobrindo 360 graus (lente de olho de peixe) podem detectar facilmente o clarão do disparo durante a noite e apontar outros sensores para o local.

Um radar de localização de artilharia pode determinar o ponto de lançamento e prediz o ponto de impacto para alertar as tropas no local. Os dados são transmitidos para a baterias de artilharia amigas para reagir. Alguns radares tem capacidade de ajustar o fogo da artilharia amiga. Os radares de localização de artilharia podem ser detectados e interferidos pelos sistema de inteligência de sinais inimigos e serem procurados pelos drones.

Usar drones para fazer busca independente em locais prováveis de operação da artilharia inimiga seria uma forma de busca preventiva, atacando a artilharia inimiga antes que disparem. Os russos usam o drone Orlan-10 de forma concentrada para detectar a artilharia ucraniana atrás das linhas. Ficam posicionados esperando serem acionados para iniciar as busca de posições detectadas pelos radares de contrabateria. Uma alternativa é seguir os caminhões que transportam a munição até os depósitos na retaguarda.

Um cenário em guerra de baixa intensidade é detectar equipes de morteiro ou foguetes disparando contra bases. No Vietnã, o Vietcongue atacava as bases americanas com morteiros e foguetes e a reação era enviar os helicópteros de ataque AH-1 Cobra para sobrevoar o local e tentar atacar os insurgentes, mas era muito difícil a noite e na selva fechada.

Após a invasão do Iraque em 2003, os insurgentes também usavam morteiros e foguetes contra as bases americanas. Os americanos enviavam patrulhas para os locais prováveis e equipes de reação rápida em terra dirigiam em direção aos locais de disparos tentando detectar insurgentes em veículos ou ainda atuando. A reação foi instalar radares de contrabateria e sistemas de defesa ativos (C-RAM) nas bases. Os drones ajudavam patrulhando as áreas de disparo e as vezes detectavam as equipes se preparando para disparar. Uma técnica moderna é usar os Sensores de Imagem em Movimento de Área (WAMI) cobrindo os locais suspeitos. Alguns já chegam a cobrir uma área de 9x9 km. Atuando em tempo real, o sensor WAMI indica todos os movimentos na área e podem detectar a ação dos insurgentes antes de ser iniciada. O sensor WAMI grava as imagens que podem ser revistas para detectar de onde os insurgentes iniciaram as ações ou para onde foram após o disparo ou implantar as armas.


Drone Orlan-10 russo trancado em um sistema Grad ucraniano disparando foguetes.


Morteiro de 120mm russo detectado por um drone ucraniano. O local foi atacado pela artilharia.

 

DRONES DA ARTILHARIA ANTIAÉREA

O uso de drones na artilharia antiaérea pode ser como plataforma de sensores ou como arma antiaérea. Como plataforma de sensores, um drone pode atuar como plataforma de sensor elevado capazes de detectar aeronaves e outros drones como radar, FLIR, IRST, sensores WAMI, VIDAR e sensores acústicos. O objetivo é alertar os sistemas de defesa aérea da presença de aeronaves inimigas no local.

Outra missão seria ofensiva com um drone fazendo varredura de caça no campo de batalha atrás de helicópteros e drones de Categoria 2 ou superior do inimigo. O drone pode operar de forma autônoma cobrindo uma área e tentar abalroar qualquer ameaça aérea no local. Um drone caça deve ser relativamente rápido para poder se aproximar da presa. O requisito é ser cerca de 1,5 vezes mais rápido que a ameaça. Seria algo como 300 km/h contra um helicóptero que costumam voar baixo e lento.

O uso defensivo dos drones seria um drone superfície-ar lançado de um tubo complementando os mísseis MANPADS. Seria mais simples e barato que um míssil para ser usado contra helicópteros e drones. Um requisito é ser capaz de trancar no alvo antes do lançamento.

Atacar as bases aéreas e pistas avançadas do inimigo também é uma forma de uso ofensiva dos drones, mas é um assunto coberto pelos drones letais/kamikases de longo alcance.


Print de um vídeo da guerra russo-ucraniana mostrando um helicóptero Mi-24 russo sendo derrubado por um míssil superfície-ar portátil. A imagem foi gravada por um drone. Vários vídeos mostram helicópteros voando baixo sendo filmados por drones próximos.


A imagem é um print de um drone FPV ucraniano tentando interceptar um helicóptero de ataque Ka-52 russo. O drone era lento demais para se aproximar do helicóptero após passar próximo.

 

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