DRONES APOIANDO A ARMA DE COMUNICAÇÕES

Ninguém se alista em uma tropa de elite pensando em ser um operador de rádio, mas em uma equipes de forças especiais, a arma mais potente é o operador de rádio que chama apoio de artilharia, apoio aéreo, reforço, evacuação de feridos, extração de emergência, suprimentos etc.

Os operadores de drones também são operadores de rádio, ou a ligação entre a estação de comando e o drone. Então também tem que ser treinados como comunicantes. Todo operador de rádio sabe que não adianta ter um bom rádio se não tiver a antena adequada. A proximidade de linhas de transmissão, linhas telefônicas, placas de metais e grandes objetivos metálicos como torres de água e veículos interfere nas comunicações. Relâmpagos são muito perigosos e param de transmitir. O site ideal de um rádio pode não ser ideal para a realidade tática. O operador de drone tem que considerar estes detalhes.

A primeira função dos drones na Arma de Comunicações seria como drone mensageiro. Antes do rádio, os mensageiros eram o meio de comunicação entre as pequenas frações e o comandante do Batalhão. Eram usados um ou dois mensageiros no posto de comando do Pelotão. O Pelotão toma uma posição e despacha o mensageiro para indicar que chegou na posição. As distancias geralmente eram curtas ou cerca de 150 metros. Os mensageiros entre os escalões de Batalhão e acima tem que atravessar distancias maiores e usavam bicicletas e motos. As mensagens eram mais longas como ordens, documentos, mapas e chaves de criptografia.

Os terroristas do ISIS usaram os seus mini-drones como "pombo-correio" ou drone mensageiro. O objetivo é evitar a emissão com o rádio usando drones fazendo voo entre dois pontos. Seria usado os drones dos Pelotões/Companhia/Batalhão que voam de forma autônoma entre duas coordenadas para entregar mensagens escritas ou digitalizadas (em um pendrive). Apoiar a Brigada exigiria o uso de drones maiores e com maior alcance para cobrir maiores distâncias.

Durante uma marcha "silenciosa", as unidades usam o rádio apenas para dar alertas. A maioria das mensagens sendo enviadas por veículos de ligação e até por helicóptero se estiverem disponíveis. Os drones passam a ser uma plataforma para enviar mensagens e seriam bem mais baratos e rápidos que os veículos terrestres. Espalhar drones emitindo pela retaguarda permite ocultar quais estão apoiando missões reais.

O silêncio de rádio é ideal para negar informação para o inimigo ou evitar detectar uma força avançando ou infiltrando. Só quebra o silêncio de rádio em emergência como contato com inimigo ou aviação. Após iniciar o engajamento podem quebrar o silencio de rádio. O reforço costuma operar em silencio de rádio para não indicar a presença. Continuar a rotina de transmissão evita indicar um ataque iminente.

Em 1918, as aeronaves leves passaram a substituir os cavalos na missão de mensageiro. Durante a Segunda Guerra, as aeronaves de observação e ligação levavam mensagens escritas para as unidades na linha de frente, incluindo mapas. As mensagens eram lançadas de aeronave em contêiner tubular com um peso no nariz. Pode ter gerador de fumaça para ser fácil de detectar. Uma aeronave leve pode pegar mensagens amarrada em uma com corda entre dois postes para ser pego por um fio com um gancho voando baixo.

Durante a invasão do Iraque em 2003, as tropas abarrotavam os veículos com mapas e ainda fizeram falta. Os mapas digitalizados atuais cabem todos em um laptop robustecido.

Outra função dos drones é auxiliar na missão de comunicações táticas em terrenos compartimentados, onde os enlaces de rádio por visada direta são dificultados pela altimetria do terreno. O drone pode embarcar uma estação repetidora do sistema de comunicações tático usado pela tropa. Voando alto, o drone proporcionará visada direta a todos os equipamentos de rádio da tropa desdobrada no terreno, evitando pontos cegos. Para garantir a continuidade das comunicações, serão necessárias pelo menos três aeronaves sendo uma para realizar o revezamento por ocasião do reabastecimento da primeira e outra em reserva.

O US Army usa os drones Raven no nível de Companhia para retransmissão de comunicação com um módulo dedicado. O drone RQ-7B Shadow leva o sistema Communications Relay Payload (CRP) para ligar as tropas a longa distância ou em terreno montanhoso. O CRP consiste de dois rádios multibanda AN/PRC-152 com as antenas nas pontas das asas e interface para retransmitir. Os dados recebidos por um rádio são automaticamente retransmitidos pelo outro rádio. O drone pode fazer reconhecimento e retransmissão de rádio ao mesmo tempo. Os terroristas do ISIS também usavam os seus drones como Relé para transmissões de radiofrequência

Um drone pode ser usado para aumentar o alcance de outro drone no caso de ser necessário o reconhecimento de uma área ou ponto fora do alcance da linha de visada. Na Ucrânia, um drone é usado como repetidor de comunicações para anular parcialmente a interferência eletrônica que diminui o alcance das transmissões.

Os drones "amarrados" podem atuar como uma antena de transmissão de rádio de altura variável para aumentar o alcance. Uma situação é o uso em selva fechada com o drone permitindo que a antena fique acima da copa das árvores.


Drone RQ-7B Shadow Block III com as antenas do Communications Relay Payload (CRP) visíveis nas pontas das asas.

Os drones podem ser usados como plataforma de sensores de Inteligência de Comunicações (COMINT). Apenas com a adição de uma antena de rádio foi possível transformar o drone Predator em uma plataforma de COMINT para rastrear as comunicações de terroristas no Afeganistão. Os dados eram enviados por satélite para serem analisados no continente (técnica do "reachback").

As antenas de COMINT instalada nos drones permitem cobrir pontos cegos em relação a um sensor de COMINT em terra e a proximidade com o alvo permite triangular a posição com mais precisão.

Os analistas de COMINT aprendem com o tempo que parte da força inimiga usa qual rádio e para qual tarefa. Por exemplo, determinam que um pelotão de carros de combate usa uma frequência bem específica. Podem mapear as unidades inimigas e determinar o que estão fazendo. Um aumento súbito nas transmissões inimigas indicam uma manobra sendo preparada enquanto umma diminuição súbita das transmissões de rádio indicam que esta unidade está em silêncio de rádio para um ataque iminente.

Na invasão do Iraque em 2003, os sistemas de guerra eletrônica iraquianos não eram considerados uma ameaça. Dois dos quatro esquadrões de aeronaves EA-6B Prowler do USMC foram deslocados para a região Os EA-6B Prowler e usados apenas para interferir na rede de Comando e Controle iraquianos. Um esquadrão realizou 197 saídas em 1.129 horas e outro voou mais de 1.000 horas. Durante a preparação de cruzamento de ponte no rio Diyala no sudeste de Bagdá, um Batalhão de rádio do USMC interceptou transmissões indicando a intenção de atacar a ponte com a artilharia. A informação foi repassada para o Posto de Comando e pedido apoio dos Prowler. Um EA-6B Prowler foi enviado para interferir nos rádios iraquianos e evitou o ataque contra a ponte.

Assim como aviação de ataque prepara ("shaping") o campo de batalha com a destruição de alvos, os especialista em guerra eletrônica passaram a preparar o campo de batalha com Inteligência de Sinais e interferência eletrônica para detectar as posições inimigas e atrapalhar suas ações. Nas operações no Afeganistão e Iraque, os insurgentes tinham a vantagem do elemento surpresa e o COMINT era a arma para anular pois os insurgentes não tinham capacidade de contra-vigilância como o uso de mensagens criptografada, falando abertamente o que estavam planejando ou fazendo.


Posições das transmissões de rádio de uma unidade do US Army durante um treinamento no deserto.

Uma outra situação onde os drones podem ser usados é a capacidade de comunicação de emergência com tropas em terra que perderam a comunicação por rádio, seja por defeito, por estar fora do alcance, ou sem bateria. O drone pode lançar bússola, rádio ou bateria para a tropa perdida. O drone pode ser equipado com um microfone e caixa de som para se comunicar com o pessoal em terra. Os drones em si tem rádios que podem ser usados em emergência. Na invasão do Iraque em 2003, aeronaves de controle aéreo avançado operando acima das tropas repassavam mensagens para os postos de comandos quando as tropas apoiadas perdiam o contato por rádio.

Uma pequena unidade de operadores de rádio pode simular as emissões de uma Divisão, indicando a presença de tropas onde não existem. Simular a presença de drones também passa a ser uma opção, simulando a presença de uma unidade fantasma no local. É possível simular operações de reconhecimento em uma área fazendo o inimigo pensar que será atacada enquanto o alvo real pode ser vigiada com drones operando no modo autônomo sem denunciar a presença com emissões de rádio.

Outra situação é simular uma patrulha em terra operando bem atrás das linhas, com o drone simulando as emissões de rádio. O objetivo é deslocar tropas para fazer busca no local ou proteger instalações. Uma equipe operando atrás das linhas geralmente envia duas notificações por dia indicando a situação e condições dos suprimentos.


COMANDO E CONTROLE

A Arma de Comunicações é responsável pela instalação e manutenção dos sistemas de Comando e Controle e de Guerra Eletrônica (CCOMGEx) e pela montagem dos postos de comando e seria a relação principal com a operação com os drones.

O Comando e Controle (C2) trata do funcionamento de uma cadeia de comando. É o C2 que irá usar os dados coletados pelos drones, e outras fontes de inteligência, para planejar as operações ou usar o vídeo em tempo real para avaliar o andamento das operações, do posicionamento das tropas e das forças oponentes, permitindo ao C2 o total comando e controle da operação.

O C2 propicia aos comandantes, em nível estratégico e tático, informações oportunas para tomadas de decisões durante todas as fases do combate. O comandante que possuir a melhor capacidade de observação e orientação poderá decidir com mais precisão e rapidez e agir primeiro, obrigando o inimigo a reiniciar seu ciclo devido as mudanças geradas no campo de batalha pela ação de seu oponente, causando assim a paralisia estratégica.

Os drones sempre atuam em proveito da função de Comando e Controle de Combate com os dados sendo analisados e decisões tomadas. Integrar a operação dos drones com o sistema de Comando e Controle é um aspecto a ser considerado, além de outras questão que vão muito além de comprar e enviar o material (drone) para as tropas. Tem que treinar os operadores, preparar a logística, criar unidades especializadas e integrar com a doutrina e táticas.

O nível de integração mais baixo seria um comandante atuar do lado de um operador de drone e usar as imagens para dar ordens para os subordinados na frente de combate.

A integração avançaria com a estação de controle do drone permitindo enviar ordens direto para os subordinados na frente de batalha como clicar na imagem para indicar posições inimigas com os dados enviados diretamente para as tropas que visualizam em um tablet ou direto em uma mira digital de um fuzil.

Um comandante posicionado separado do operador do drone poderia indicar no mapa digital em um laptop onde quer que o sensor aponte ou tomar o controle do sensor para observar o local. A tela do comandante também mostraria onde estão outros drones e onde estão apontando os sensores.

Um GCB pode funcionar como uma ligação automática entre as redes de rádio de um sistema de comunicação tática. O GCB do Pelotão alimenta com dados o GCB do Comandante de Companhia que alimenta o GCB do comandante do Batalhão e assim por diante. O contrário também ocorre como, por exemplo, o GCB de um radar de contrabateria passa um alerta para o GCB de um comandante de Pelotão indicando que o local vai ser alvo de uma barragem de artilharia, com as tropas ganhando alguns segundos para se proteger. O alerta de transmissão drones ou rádios inimigos operando no local pode ser enviado por unidades de escuta eletrônica enquanto o Pelotão pode dar alerta de aeronaves ou helicópteros no local.

Como sistema de comunicação, o GCB transmite de forma digital as ordens, informações de inteligência, os pedidos ente o posto de comando e as unidades e notificação de situação. Uma unidade que não notifica a situação pode gerar uma missão de reconhecimento de um drone para conferir o que aconteceu.

Nas pequenas frações, o GCB pode ser usado para transmitir mensagens digitais como confirmar que chegou a um local, confirmar uma missão ou ação cumprida, transmitir informação de inteligência, notificar mudança na situação tática, notificar a localização, armas ou atividade inimiga, e pedir apoio de fogo, reforço, munição ou suprimentos.

O C2 precisa da obtenção de dados em tempo real para o acompanhamento da dinâmica do campo de batalha. O acesso a imagens aéreas da zona de ação em tempo real é uma das formas mais eficientes de se obter a consciência situacional e o drone é uma ferramenta vocacionada para fornecer essa capacidade ao comando.

Os Gerenciadores de Campo de Batalha - GCB (Battle Management Systems - BMS) são aplicativos que apóiam o C2 e são necessários para otimizar as operação dos drones. São usados para coleta, processamento, armazenamento, visualização e disseminação de informação. Os GCB cobrem o hardware, software e meios de comunicação e tem que ter ferramentas que cobrem todos os aspectos de uma operação militar como apoio a decisão, planejamento, ensaio, gerenciamento e execução de uma missão (visualizar e analisar as informações).

Os comandantes de tropas transmitem suas ordens de operações utilizando o caixão de areia (simulação do terreno reduzido em escala). As ferramentas de um GCB permitem novas capacidades como ensaio da missão e o sobrevôo virtual da área de operação pelos operadores de drones e comandantes.

Os primeiros gerenciadores de batalha geralmente estavam presentes nos postos de comando dos escalões superiores como Corpo, Divisão e Brigada. Eram usados para projetar e disseminar ordens e relatórios. Mostram as unidades amigas em um mapa digital apenas para ajudar e não era a parte principal. O objetivo era ter agilidade para ver, entender e agir mais rápido que o inimigo.

Para as tropas em contato com o inimigo, a visualização gráfica da situação tática é a ferramenta principal para conduzir o combate como no caso dos comandantes de Companhia, Pelotão, Grupo de Combate e tripulantes de blindados. O visualizador de situação tática na área de interesse é a ferramenta principal para entender e decidir.

O Posto de Comando dos escalões superiores tem células para logística, gerenciamento de campo de batalha e inteligência. O Posto de Comando dos escalões inferiores quer saber a própria posição, a posição dos subordinados e dos oponentes, além de dados do terreno. O mapa tem que ser atualizado em tempo real ou quase real.

Os Drones podem ser usados para coordenar todas as fases de uma batalha terrestre como o planejamento, execução e a visualização da batalha. Em todos os casos está apoiando o C2.

Um comandante de Pelotão/Companhia só precisa ter acesso a imagem de um mini-drone como apoio à decisão para visualizar o terreno e unidades inimigas ao redor. Já os escalões superiores precisam visualizar uma quantidade de informação muito maior originaria de várias unidades operando drones. O GCS é a ferramenta que integra todas estas informações.

Durante a invasão do Iraque em 2003, as Brigadas do USMC tinham um helicóptero Huey dedicado apoiando o elemento de comando. Os comandantes realizavam voos de C2 para ter consciência da situação do campo de batalha e esta capacidade agora está disponível para um comandante de Pelotão com o uso de um mini-drone.

A eficiência do planejamento está diretamente ligada à precisão das informações, sendo necessário, muitas vezes, a atualização das cartas topográficas e o reconhecimento direto no terreno. Os drones podem ser usados para atualizar os mapas e sobrevoar o local para visualizar as imagens em tempo real antes das missões. O sobrevôo com um drone ainda pode ser necessário para observar detalhes como estimar a altura de um muro ou a profundidade de uma vala se for passar veículos no local.

Um BMS disseminado no US Army é o FBCB2 que consiste em um computador robustecido ligado a um rádio ou satélite. Pode ser instalado em veículos ou posto de comando fixo. O FBCB2 tem as ferramentas básicas de comunicação, navegação e identificação mostrando um mapa, posições amigas com dados de um Blue Force Tracking (BFT), unidades inimigas detectadas e objetos de interesse como pontes e campos minados.

O Blue Force Tracking é usado pelo US Army para apoiar os sistemas de C2. O BFT consiste em um Laptop ligado por rádio que mostra a posição da plataforma em um mapa, junto com a localização de plataformas amigas (em azul) e inimigas (em vermelho). O BFT pode ser usado para enviar mensagens de texto e imagens e tem uma ferramenta para reportar a posição de forças inimigas e as condições do campo de batalha (campos minados, obstáculos, pontes danificadas etc). O BFT pode ser usado como ferramenta de navegação, planejando de rotas como a indicação de posições de pontos de virada. A função principal é evitar fogo amigo mostrando as posições das forças amigas. Outra função é diminuir as comunicações por voz pois as indicações de posições de tropas chegam a cerca de 85% do tráfego de rádio.

Os drones russos estão ligados em rede as unidades terrestres pelo sistema Strelets-M que facilita as operações no campo de batalha. Os drones detectam, identificam e fazem a geolocalização dos alvos que permite o ataque pela artilharia ou aeronaves de ataque. Com o Strelets-M, os russos conseguem atacar um alvo detectado por um drone em 5 minutos, incluindo alvos móveis. Antes demorava cerca de 30 minutos.

A Rússia usa o sistema UTCS para coordenar a artilharia e o Kropyva ATMS pela infantaria, blindados e artilharia. O resultado final é um sargento passando a ter a mesma consciência situacional de um General.

A Ucrânia usa o sistema Dzvin-AS que controla o campo de batalha no nível estratégico cobrindo parcialmente o nível tática até Brigada. Gera documentos de controle de combate, cria informações cartográficas, recebe dados das tropas, coleta inteligência das tropas amigas e inimigas. O objetivo é calcular o balanceamento de forças para permitir o uso otimizado em vários cenários. Os sistemas de C2 ucranianos são considerados melhores que os russos e permite ter vantagem no campo de batalha.


Sistema de C2 Dzvin-AS usado pelos ucranianos.


Gerenciador de batalha da SAAB. Um drone que detecta uma força amiga pode evitar o fogo inimigo se o GCB indicar que no local tem tropas amigas.


Gerenciador de Campo de Batalha do EB com capacidade de mostrar um quadro operativo comum.


Uma Divisão tem um posto de comando de assalto e o principal (o Corpo tem três). Pode gerar um posto de comando subordinado como reserva em caso de dano ou quando está mudando de posição. Uma Divisão tem quatro veículos de comando sendo que cada um se comunica com uma das três Brigadas e com o quartel nos EUA. Na invasão de Granada em 1983, a 82a Divisão desembarcou um Posto de Comando de Divisão de baixo perfil logo no início das operação. Não levaram barracas e usavam apenas mapas e rádios levados em mochilas. Montaram o posto de comando em uma dobra no terreno fora da visada do fogo direto inimigo.


Na função de planejamento, o GCB é usado como um "caixão de areia" para visualizar o local da operação. A imagem é do "caixão de areia" antes da invasão do Kuwait em 2003.


Print de uma câmera em um capacete durante uma batalha na ucrânia. Os vídeos gravados por patrulhas podem ir para um banco de dados para serem vistos depois por tropas que irão operar no local.


Um comandante de pelotão precisa do apoio dos drones em todas as fases de uma missão. O drone tira fotos e grava vídeos atualizados da área de operação para auxiliar no planejamento da missão. Depois o drone mantêm o local sob vigilância constante para garantir que está seguro ou não serão pegos der surpresa. O comandante do Pelotão pode "sobrevoar" a área virtualmente para ver detalhes do local e se familiarizar com o local ao mesmo tempo que tenta determinar as posições ideais para uma emboscada do inimigo e se preparar. Dados de Inteligência do local podem ser visualizados com o GCB e inclui dados coletados por outros drones. Durante a execução, o tablet é usado para visualizar as imagens dos drones apoiando a missão.


Cenas de um combate próximo na Ucrânia. Tropas russas no canto superior esquerdo passando próximas de tropas ucranianas na parte inferior da imagem. O operador do drone viu e conseguiu se comunicar com as tropas amigas. Quanto mais próximo da linha de frente mais perecíveis são as informações. A resposta tem que ser imediata ou a informação perde rapidamente o valor.

 

Durantes as operações de paz no Haiti, as Forças Especiais brasileiras eram responsáveis pelas missões de reconhecimento. Usavam um helicóptero e uma câmera digital para fotografar as áreas e pontos de interesse. O helicóptero tinha que voar acima de mil metros para evitar o fogo de armas leves. É uma missão que seria realizada agora com apoio dos drones que poderiam se aproximar sem risco para os operadores.

Na Segunda Guerra Mundial eram usadas as pequenas aeronaves L4 para levar os comandantes de Pelotão ou Companhia para sobrevoar a área de operação para fazer reconhecimento direto no terreno. Agora pode ser feito com os drones e até mesmo com um GCB. Os pilotos dos L4 também levavam máquinas fotográficas para fotografar pontos importantes.

Marcar um mapa com símbolos é a parte mais fácil durante o planejamento de uma missão. Os oficiais tem que saber que também ter que fazer reconhecimento do local. É necessário determinar a presença de tropas inimigas no local. Na invasão do Iraque em 1991, a Divisão 101 usou mapas para planejar quais seriam os melhores locais para criar uma base logística dentro do norte do Iraque. A partir dessa base, os helicópteros tomariam posição nas rotas de suprimentos atrás das linhas Iraquianas. O reconhecimento das zonas de pouso ainda eram necessário para observar a presença de tropas inimigas e se o solo permitiria receber helicópteros e se causaria muita poeira nos pousos. Alguns locais tinham tropas iraquianas próximas.

A própria operação dos drones também pode aproveitar os recursos de um GCB como planejar a missão, visualizar a rota, destacar pontos cegos para a operação do drone e comunicações e ensaiar a missão.

As novas capacidades ofensivas de um Pelotão de Drones Leves equipado com drones de ataque também precisam ser consideradas. Os postos de comando tem uma célula de ataque (strike cell) com a função de autorizar os ataques contra os alvos detectados. Nas operações contra os terroristas do ISIS no Iraque, uma célula de ataque gerenciava a batalha, coletava Inteligência e direcionava as aeronaves de ataque contra os alvos. Operavam inicialmente em Bagdá, depois em uma casa tomada em Erbil e depois na base aérea de Al-Asad. Os membros incluíam tropas dos SEALs americano e do SARS australiano. São um bom exemplo de célula de ataque de um posto de comando de Brigada ou Batalhão operando drones de reconhecimento e ataque.

Na base de Al-Asad, operavam a partir de dois trailers adaptados como posto de comando e ligados a um mastro de antenas de comunicação e dois Humvee com contêineres de rádio. Uma parede tinha um conjunto de telas mostrando os vídeos dos drones, sensores de imagem dos caças e videoconferência. Do outro lado ficava a mesa com um General que tomava as decisões finais sobre os ataques. Mesas com equipamentos de comunicação e estações de computador eram usados pelos controladores aéreos avançados (JTAC) e especialistas de Inteligência (Intelligence and surveillance and reconnaissance Tactical Controllers - ITC) que gerenciavam as aeronaves empilhadas em espera, monitoravam sensores das aeronaves, controlavam os ataques, atualizavam aeronaves e drones com novas informações e condição do campo de batalha. Também eram apoiados por especialistas de comunicação, oficiais de Inteligência e estimativa de danos colaterais e oficiais de ligação com as forças iraquianas.

As forças iraquianas chamavam o apoio aéreo de forma totalmente improvisada com os JTAC na célula de ataque. Usavam um celular para enviar mensagem de texto com a localização, direção e distância até o alvo. Enviavam as coordenadas, mas geralmente estavam incorretas. Então enviavam uma foto da tela do GPS e do mapa móvel com o símbolo da própria posição e a distância até o alvo. As vezes enviavam uma foto do alvo. Depois recebiam uma mensagem de texto confirmando que o ataque iria ocorrer. Um operador teve que pagar uma conta de US$ 20 mil devido aos dados de roaming.

O ISIS descobriu como as tropas iraquianas chamavam os ataques aéreos e passaram a destruir as torres de celular. A reação foi usar telefones de satélite e usar um aplicativo de celular dedicado para chamar os ataques aéreos. O contratados privados operando no Iraque usavam um "panic box" que enviava um ping e geolocalização para as forças americanas e podiam enviar ajuda se disponível.

Tradicionalmente, as aeronaves de apoio aéreo aproximado checam com um posto de comando da Divisão ou Brigada e são passados para os controladores aéreos avançados operando na linha de frente com os Batalhões e Companhias.

Durante o cerco de Faluja, o USMC invadiu uma cidade de 300 mil habitantes com uma Divisão (dois regimentos invadindo a cidade e dois batalhões fazendo o cerco). Cada batalhão cobria uma frente de 500 a 600 metros durante o avanço na cidade.

O USMC elaborou um sistema para facilitar o apoio aéreo aproximado para cobrir uma área de 15km quadrados. Tinham que evitar que as aeronaves acima colidissem e coordenar com os 18 controladores aéreos avançados apoiando as tropas.

Foi determinado uma coordenada no centro da cidade e a partir dessa coordenada foi desenhado anéis de 8km e 16km. Os anéis foram dividido em quatro quadrantes baseado na leitura da bússola para as aeronaves se orientarem em relação ao centro do círculo e aos quadrantes. Os quadrantes eram divididas em camadas verticais de 300 metros para dar separação de segurança para as aeronaves em espera no quadrante. Cada aeronave recebia um quadrante e uma camada para ficar em espera e conversar com os controladores aéreos em terra. Cada ataque tinha uma "janela" onde a aeronave poderia sobrevoar o anel interno e atacar até que sair para outra aeronave ser autorizada a atacar.

Os drones letais, e também os drones de reconhecimento, operando como parte dos Batalhões e outras frações não precisam desse arranjo elaborado. Precisam de coordenação com outras aeronaves, principalmente helicópteros voando baixo, para evitar colisão. A coordenação principal é com as faixas de frequência de operação do datalink para evitar interferência. Podem ter muitos drones operando no local e até mesmo drones inimigos usando as mesmas frequências.
 


GEOINT

A GEOINT (Inteligência Geoespacial) é um tipo de Inteligência que coleta, analisa e dissemina informação geoespacial, dados e mapas. A GEOINT integra várias fontes de informações como satélite, imagem aérea e topografia sobre uma região.

Uma das primeiras tarefas que um drone pode realizar no campo de batalha é a GEOINT. O drone fotografa a zona de operação para criar cartas topográficas ou mapas tridimensionais do local. Os sensores usados pelos drones para realizar GEOINT podem ser de imagem, infravermelho, radar SAR e radar laser (LIDAR). Os dados podem alimentar sistemas de GCB que também irão apoiar as operações dos drones no local.

A GEOINT é um exemplo de recurso que passou a ser disseminado. Antes era um recurso centralizado a nível nacional e que agora pode ser feito até no nível de Brigada e Batalhão. Drones com sensores capazes de realizar GEOINT podem ser comprados na internet. As alterações sofridas pelo terreno, sejam pela ação humana ou natural, fazem com que as cartas topográficas necessitem de constante atualização.

As unidades de GEOINT costumam ser do tamanho de um Pelotão, parte de um Batalhão de Inteligência, que apóia uma Divisão ou escalão superior. A função é fornecer mapas para todas as tropas apoiadas. A Brigada costuma ter uma seção de topografia. A Topografia é um subsistema da artilharia que estabelece uma trama comum para os demais subsistemas provendo tiros mais precisos. Os observadores avançados da artilharia preferem mapas detalhados na escala 1 para 50.000, mas é possível criar mapas muito mais detalhados. A Arma de Engenharia tem a Engenharia Geoespacial para apoiar suas operações. A Arma de Comunicação tem aplicativos que analisam o terreno para mostrar pontos cegos para os rádios.

Quando não existem cartas militares ou mapas, as imagens proporcionadas pela IMINT podem ser utilizadas em sua substituição. O recurso anteriores era enviar uma aeronave para tirar fotos e depois "costurar" as fotos para criar mapas e enviar para as tropas. Era enrolado em um tubo e lançado por uma aeronave. No caso de um Batalhão, a capacidade mínima seria usar os drones para fotografar uma área e "costurar" mapas a partir das fotos, de preferência de forma automática. O objetivo é criar um mapa digital atualizado. Em um voo de 4 horas, um drone Classe 2 pode fotografar uma área de 12x12 km facilmente. Liberar os esquadrões de reconhecimento da FAB para operar apenas contra alvos longe da linha de frente já é uma forma de melhorar a capacidade de FAB.

Sistemas de análise de GEOINT, inclusive em tempo real, são capazes de armazenar os dados brutos e os metadados, que contêm informações como data, hora, posição geográfica e posições relativas dos sensores e da aeronave. Existem vários tipos de sistemas de inteligência geoespacial no mercado, como o sistema RICent (Real-Time Intelligence System), da israelense ELTA System; o Socet GXP e o GXP Explorer, ambos da BAE Systems; o Keystone, da Spacemetric e MINDS da Thales. Os mapas tem vários formatos como o VPF, CADRG, DTED, NITF e ASRP (britânico).

O aplicativo de navegação como o Waze é um exemplo de produto de GEOINT. Usa mapas 3D, dados oficiais de trafego e dados dos usuários para cria um produto que pode ser utilizado para auxiliar os motoristas. Um aplicativo militar similar adicionaria imagens de várias fontes (foto, termal, radar, vídeo).

Na invasão de Granada em 1983 foram usados mapas de guia Turístico com erros grosseiros. Na invasão do Iraque em 1991, foram usados mapas baseados em dados da década de 1940. Durante as ações no Afeganistão em 2001, as tropas americanas já dispunham do Falcon View que era equivalente ao Google Maps.

Na invasão do Iraque em 2003, os comandantes de Batalhão tinham acesso ao sistema TOPSCENE que usava fotos de satélite e aérea para criar uma representação tridimensional do campo de batalha. Podiam "sobrevoar" o campo de batalha onde iriam lutar, assim como os pilotos de helicópteros e caça. Um comandante pediu um estudo de mobilidade fora estrada para a Inteligência. Queria opções de rotas fora das estradas principais. A Inteligência usou imagens digitais recente e dados de meteorologia. O objetivo era desviar das rodovias principais que tinham muitas defesas.

Uma aplicação da GEOINT é a simulação virtual, criando terrenos para simuladores virtuais. O USMC já usa o simulador VBS4 para treinamento. As tropas ensaiam as missões no simulador antes de realizar a missão em campo. Para aplicar em combate, o Batalhão precisa ter capacidade de mapear as posições inimigas para serem atacadas. Os drones de reconhecimento precisam de um sensor LIDAR para ter dados de topografia de alta precisão. Os dados de imagem e LIDAR são usados dados usados para criar uma réplica virtual do alvo e dos arredores. O cenário é usado para que as tropas realizem ensaios virtuais virtual no simulador (e depois em um modelo real). O Batalhão precisa de um especialista para modelar rapidamente o terreno, ou os dados são enviados para um especialista nos escalões superiores.


Imagem de computador da região do monte Tumbledown nas Malvinas. O uso de um terreno 3D permite "sobrevoar" o local antes de uma operação. Os pilotos de drones e aeronaves também se beneficiam da ferramenta. 


Militar do EB treinando em um simulador VBS. Os sistemas de GEOINT também podem ser usados para criar mapas para os simuladores militares. Um exemplo seria criar os mapas de todos os campos de treinamento do EB. Ensaiar missões seria outra função dos simuladores
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DRONES DA ARMAS DE ENGENHARIA

As unidades de engenharia tem função de apoiar as tropas com a construção de bases, manutenção de rotas, construção de pontes e abertura de brechas nas defesas inimigas. As unidades na retaguarda tem bases, estradas, posições e comboios de engenharia para proteger com drone fazendo vigilância ao redor.

Os drones podem ajudar nas operações fazendo reconhecimento antes da missão e patrulhas ao redor do local de operação durante a operação como uma transposição de rio. Todas as unidade reportam sobre o terreno, atividade civil, de amigos e inimigo ao redor das posições. Pode ser uma área com material tóxico ou industrial. As unidades de engenharia fazem reconhecimento de obstáculos para realizar abertura de brechas para demolição, reconhecimento de rota para ser limpa de minas ou explosivos, reconhecimento de sites de cruzamento de rio, reconhecimento de rotas para criar estradas ou trilha de combate.

Durante a invasão do Iraque em 2003, as unidades de engenharia enviavam missões de reconhecimento nos locais onde poderiam criar bases logísticas, instalar pontes, estações de tratamento de água ou depósitos combustível. O reconhecimento era usado para planejar as missões e poderia ser apoiado por drones antes e durante o reconhecimento detalhado.

As tropas de engenharia analisavam as pontes de perto para ver se havia explosivos. Pontes distantes da linha de frente que podem ser usadas em operações futuras podem ser mantidas em constante observação por drones. Um mini-drone pode fazer o reconhecimento detalhado de forma mais rápida sem o risco para as tropas de engenharia. Os iraquianos tinham o padrão de ter um oficial em uma casa próxima com um detonador e poderia ser detectada por um drone.

A detecção e limpeza de campos minados é outra função da engenharia. Drones terrestres não tripulados já são usados para limpar campos minados durante a abertura de brechas nas defesas. Os ucranianos treinados pela OTAN sentiram falta de treinamento para lidar com minas, explosivos e armadilhas pois o campo de batalha estava infestado.

Os vídeos de tropas e blindados explodindo após entrarem em campos minados são rotinas na guerra da Ucrânia. Um detector de metal tem que ser usado próximo do solo o que sugere que um quadricóptero só poderia ser usado em local com pouca vegetação ao redor ou em estradas. Marcar uma trilha segura já pode ser o suficiente para tropas ou blindados avançarem.

Se não tiver local seguro para avançar, a outra opção é criar um uma trilha segura. Uma técnica é limpar um campo minado com um cabo cheio de explosivos. São lançados com apoio de um foguete, mas um drone com boa capacidade de carga também pode ser usado para posicionar a carga explosiva. O US Army usa o Antipersonnel Obstacle Breaching System capaz de limpar uma trilha de 45x1 metros e pode ser levado por dois soldados. Um sistema equivalente usaria um ou dois drones para posicionar o cabo explosivo sem precisar expor as tropas.

No Afeganistão, as tropas americanas tinham as equipes Route Clearance Platoon (RCP). Os RCP iam na frente dos comboios a procura de explosivos improvisados e precisavam do apoio de drones para detecção de locais suspeitos e tropas ao redor preparando emboscadas. Explosivos suspeitos podem ser avaliados por micro-drones aéreos que se aproximam sem risco. As equipes de EOD já usam robôs para verificar possíveis explosivos.

Nas missões de contra-mobilidade, as tropas de engenharia podem sabotar pontes, estradas e ferrovias para atrapalhar o avanço do inimigo. Os drones de carga podem levar os explosivos nos locais onde são necessários ou atuar como um drone suicida contra o alvo.

As unidades de engenharia também tem função de apoiar a capacidade de sobrevivência das tropas amigas ao criar posições protegidas, casamatas, trincheiras, ocultação, camuflagem e engodos, incluindo contra drones inimigos.


Em uma operação de limpeza de campo minado, os drones podem contribuir no mapeamento detecção e detonação de minas.


Imagem de um drone na Ucrânia detectando um campo minado em uma estrada. As vezes as minas são colocadas de forma bem visível.


No conflito russo-ucraniano, os engenheiros ucranianos perceberam que podiam usar um drone com uma câmera térmica para detectar as minas após o por do sol facilmente pois o metal e o terreno resfriam em velocidade diferentes e as minas se destacam na câmera térmica.


Cabo de detonação de minas russo modelo ZRP-2. Pode ser levado em mochila. Um drone carga pode substituir o foguete usado para esticar o cabo com a vantagem de não precisar posicionar o dispositivo próximo da posição inimiga.


Um membro de uma unidade OED (Explosive Ordnance Disposal) se aproximando de um explosivo suspeito. A roupa protetora é muito quente e pesada e tem até refrigeração e ventilação e mesmo assim os operadores passam mal com o choque de calor. A missão pode ser feita inicialmente por um micro-drone que pode se aproximar da ameaça sem expor humanos. Um alcance de 50 metros é suficiente na maioria das vezes. Um drone de carga maior pode levar outros equipamentos como Raio-X, cargas explosivas e canhão de água.


Um vídeo do conflito russo-ucraniano mostrava tropas assaltando uma posição inimiga na mata. O vídeo mostrava um soldado na frente da coluna com uma detector de minas varrendo o caminho. Na internet é possível comprar um detector de metais por R$ 200 reais e pesa menos de 1kg.

 

DRONES APOIANDO A LOGÍSTICA

Mesmo atuando longe da linha de frente, as unidades logísticas também podem fazer um bom uso dos drones aéreos. Antes de entrar em combate, as tropas tem que ser transportadas das bases na retaguarda até a linha de frente. Enquanto estão na linha de frente, as tropas precisam de suprimentos e reparos para continuar a operar.

A logística cria bases na retaguarda (escalão de Brigada ou superior) e bases avançadas antes da linha de frente. A partir das bases avançadas, os suprimentos são levados para a área dos Batalhões e Companhias. Na invasão do Iraque em 2003 foram criadas várias bases logísticas (LAS - Logistics Support Areas) durante o avanço até Bagdá. Os Batalhões logísticos criam e mantém as bases, que também podem ser usadas como posto de comando.

Algumas unidades logística (do tamanho de um Batalhão) fazem apoio geral enquanto unidades menores do tamanho de uma Companhia fazem apoio direto, acompanhando um Batalhão. As unidades e subunidades tem pelo menos a capacidade de realizar missões de transporte, manutenção e suprimentos. O apoio geral é levar suprimento entre as bases logística enquanto o apoio direto geralmente transporte os suprimentos entre as bases avançadas e distribui entre as tropas que está apoiando.

As operações militares precisam de muito reconhecimento para ter sucesso e as operações logísticas também realizam reconhecimento. Os postos de comando dos Batalhões e Companhias logísticas faziam reconhecimento dos locais onde as bases logísticas podem ser criadas. Depois fazem reconhecimento das rotas de suprimentos entre as bases logísticas. As rotas e zonas podem ser reconhecidas pelo ar, geralmente com helicópteros, com os drones sendo uma alternativa mais barata. No caso de reconhecimento de rotas, um drone de maior alcance seria interessante sugerindo o uso de drones maiores da Categoria 2.

Os Postos de Comando dos Batalhões de transporte fazem reconhecimento de rota antes dos comboios passarem ou para escolher os melhores caminhos. As missões de reconhecimento podem durar dias. No fim das missões, as tropas dos comboios são brifadas e os dados coletados são passados para as equipes inteligência. Informam principalmente os contatos com inimigos e as condições das rotas. Os dados coletados são disseminados entre todas as unidades e podem ser usados para planejas as próximas operações como direcionar os comboios para as rotas mais seguras.

A escolta de comboio exige uma aeronave bem barulhenta como um helicóptero de ataque ou caças para dissuadir emboscadas. Os comboios logísticos são relativamente lentos, com média de velocidade menor que 10km/h, sugerindo que pequenos drones podem ser controlados até de dentro dos veículos.

As aeronaves de observação da Segunda Guerra tinham como uma das missões o controle de comboios pelo ar. As aeronaves patrulhavam as rotas e informavam os caminhões quebrados ou outros problemas que atrapalhavam a chegada dos suprimentos. Nas operações ofensivas, cada soldado precisava de cerca de 50kg de suprimentos por dia.

Os Batalhões de Polícia Militar fazem escolta de comboios e segurança de prisioneiro e das bases de apoio logístico. As bases logísticas também precisam de vigilância ao redor e podem ser auxiliados por mini-drones.

As equipes de manutenção procuram veículos com pane no campo de batalha e na retaguarda. As missões de recuperação precisam de reconhecimento em busca de veículos danificados, em pane ou sem combustível. As equipes de resposta rápida podem ter escolta aérea de drones. Na linha de frente precisam ter certeza que o local está seguro. 

As unidades logística tem capacidade de combate e são responsáveis pela segurança de retaguarda. No Afeganistão, as unidades de transporte americanas usavam caminhões blindados e alguns estavam armados com torretas de metralhadora para escolta de comboio. Os caminhões armados eram usados para formar destacamentos de patrulha e os drones podem auxiliar as operações.

Na invasão do Iraque em 2003, as forças de manobra se concentravam em chegar rápido até Bagdá e deixavam pequenas forças iraquianas para trás. Os bolsões de resistência não eram uma grande ameaça, mas causavam problemas para os comboios lentos que precisavam de proteção.


O cansaço e a perda de concentração são as principais causas de acidentes nos comboios logísticos. Explosivos improvisados são outra fonte de baixas. Um caminhão não tripulado evitaria boa parte destas perdas. Pode ser até um veículo híbrido com recursos de AI apoiando os motoristas para evitar acidentes como um co-piloto virtual. Futuramente é possível se pensar no uso de caminhões de carga autônomos operando em rodovias bem longe da linha de frente. Pelo menos parte da frota poderia ser autônoma, seguindo outros veículos tripulados.


LANÇAMENTO DE CARGA DE EMERGÊNCIA

Um drone de carga cobre basicamente os 1-2 km finais até a linha de frente e até atrás das linhas. São os locais mais perigosos.

Uma função mais específica dos drones apoiando as operações logísticas é o transporte de cargas de emergência. Em cenários de baixa intensidade, aeronaves como o C-95 Bandeirante são usados para lançar suprimentos de pára-quedas para tropas em uma posição avançada ou patrulhas. A ameaça no local costuma ser muito pequena. No caso de cenários de grande ameaça, as missões poderiam ser realizadas por drones de carga para diminuir o risco dos tripulantes.

Um exemplo recente de apoio aéreo a tropas sitiadas é a batalha do corredor aéreo na cidade ucraniana de Mariupol que estava sitiada há 2 meses. Os ucranianos realizaram sete missões com dois a quatro helicópteros para levar suprimentos e reforços e evacuar os feridos graves. Voavam a noite e a baixa altitude entre as brechas encontradas nas defesas aéreas. Precisavam de boas comunicações para descarregar rápido e receber os feridos. Dois helicópteros foram derrubados. Com o cerco se fechando não era mais possível se aproximar da siderúrgica onde estavam as tropas ucranianas.

A distância das bases logísticas até a linha de frente depende se está na ofensiva ou defensiva. O ponto de distribuição de suprimentos de uma Companhia pode estar a 100 metros da linha de frente enquanto um depósito de suprimentos de uma Divisão pode chegar a 50km. Estes dados são importantes para determinar a capacidade dos drones. A base logística dos Batalhões costumam ficar a menos de 5km da linha de frente o que seria a distância das missões dos drones de carga.

As aeronaves de observação da Segunda Guerra eram muito limitadas para lançar suprimentos e só eram usadas em situações de emergência. Lançavam alimentos, munição, suprimentos médicos, mapas e rádios para tropas isoladas, seja pelo inimigo ou devido a terrenos como a selva ou montanhas. Os pilotos tinham que lançar as cargas manualmente pela janela e eram necessárias várias passadas.

As tropas aliadas usavam mulas de carga nas montanhas onde era difícil o transporte de cargas com veículos. As cargas eram levadas de caminhão, depois passadas para Jipes que trafegavam em locais difíceis, depois para as mulas transportando em trilha e finalmente para carregadores humanos em locais onde era necessário escalar. As mulas de cargas são um exemplo de missão que podem ser realizadas pelos drones de carga que tem grande mobilidade. O terreno as vezes nem permitia lançar cargas de pára-quedas.

Uma mula de carga transportava até 50kg entre 35km a 200km por viagem. Uma Companhia de mulas na Itália operava com até 300 mulas em 4 pelotões. Cada Pelotão podia transportar cinco toneladas de carga por dia. Já as Companhia de infantaria operando em região de montanha destacavam 20 tropas para levar os suprimentos. Cada soldado transportava entre 25 a 50kg de carga sendo 10 soldados levando ração, cinco levando água e cinco com munição. As cargas eram levadas em pacotes de 23kg para facilitar a transferência de carga.

Os drones são dezenas de vezes mais rápidos que o transporte de carga por mulas ou carregadores e tem mais mobilidade no terreno. Um número pequeno de drones pode substituir um número bem maior de mulas/carregadores com um número maior de missões de carga no mesmo período de tempo. Podem operar até a noite. O transporte de munição de morteiro é um exemplo de peso extra que pode ser levado com frequência pelos drones de carga.


Durantes as operações militares no Afeganistão e Iraque, as tropas americanas tentavam ficar dentro do alcance do artilharia. Caso operassem fora do alcance da artilharia tinha que levar os morteiros de 81 mm para ter capacidade de fogo indireto. O morteiro e a munição são bem pesadas para as tropas, principalmente tropas desembarcadas operando nas montanhas do Afeganistão. Uma solução foi usar as macas Skedco para arrastar o morteiro e a munição que ficam bem mais leves. É uma tarefa que pode ser realizada por drones de carga.


Em 2021, o USMC testou os drones carga TRV-150 da Survice Engineering e o MK4-RX da Chartis Federal para avaliar a capacidade a fim de determinar os requisitos do Sistema de Reabastecimento Tático (programa TRUAS). O objetivo é levar cargas de até 70Kg a até 15km em várias configurações comumente encontradas em operações de reabastecimento de companhia, pelotão e esquadrão de fuzileiros navais como uma lata de água de 5 galões, caixa de munição ou pacote de ração por um raio de 10 quilômetros. Em 2024 devem comprar 41 sistemas por US$ 13 milhões.


O próximo passo do USMC será testar drones com capacidade de carga de 300 kg e alcance de 150km.


O programa Joint Tactical Aerial Resupply Vehicle (JTARV) do US Army testou drones de carga com capacidade de 80 a 260kg em 2017.


Em 2022, o US Army testou um helicóptero UH-60 sem piloto para realizar missões de transporte de carga externa. Seria um exemplo de drone de carga pesada operando bem próximo da linha de frente sem colocar os tripulantes em perigo. O teste fazia parte do projeto ALIAS (Aircrew Labor In-cockpit Automation System) da DARPA e inclui levar material médico ou evacuação médica de emergência.


Testes de drone de carga com os fuzileiros britânicos.


Os drones também podem lançar cargas com pára-quedas. Um drone de carga híbrido VTOL seria mais eficiente para reabastecimento de longo alcance como equipes de forças especiais, pilotos derrubados e patrulhas longe da base.


Um drone de carga levantando uma pessoa. Sugere que um soldado pode ser preso por um cabo e levado para um local seguro em caso de emergência.


Carregadores levando suprimentos para tropas nas montanhas da Itália. Os drones podem substituir os carregadores humanos.


Uma aeronave de ligação L5 levando cargas nas asas para serem lançadas para patrulhas na selva. É uma tarefa que pode ser realizadas por drones, principalmente em local com defesas inimigas próximas.



EVACUAÇÃO MÉDICA

As missões de busca e salvamento de combate na linha de frente podem ser apoiadas pelos drones. Uma missão dos mini-drones nas missões de evacuação médica é fazer reconhecimento do campo de batalha atrás de mortos e feridos. Pode acontecer de ficar alguns feridos para trás durante uma batalha, principalmente durante os combates noturnos, e não ser possível fazer o reconhecimento com tropas a pé devido ao fogo inimigo. Os drones também podem ser usados para fazer o reconhecimento de zonas de pouso de helicóptero de evacuação médica e rotas de ambulância.

Após um aviso de homem ferido, o primeiro passo é deixar o local seguro e os drones de ataque passam a ser um recurso para eliminar possíveis ameaças como um sniper, indicar alvos para a artilharia ou criar cortina de fumaça.

Estabilizar o soldado ferido passa a ser o próximo passo. Na Guerra das Malvinas, um em cada dez soldados foi treinado como médico de combate durante a viagem até o Atlântico Sul. No Afeganistão e Iraque já era um em cada quatro soldados. Todos os soldados foram treinados em primeiros socorros básicos para tratar seus próprios ferimentos com um em quatro soldados de uma força ofensiva ou patrulha de rotina recebendo treinamento como médico de combate e davam os primeiros socorros avançado em segundos após um soldado ser ferido.

Após estabilizar um ferido é preciso transportar para um posto médico do batalhão atrás das linhas. Na Primeira Guerra Mundial os exércitos já usavam uma cadeia de evacuação do Batalhão até o hospital de campo. O objetivo era um mínimo de procedimentos na linha de frente, mas na prática era impossível e tinham que realizar cirurgias em condições inadequadas. No Afeganistão e Iraque já perceberam que tinham que ser um cirurgião experiente para decidir se tinha que operar na linha de frente ou usar evacuação por helicóptero.

No Vietnã usaram muitos soldado treinados como médico de combate e helicópteros de evacuação feridos. A evacuação por helicópteros já tinha sido testada antes Coréia com sucesso. No Vietnã levava em média 22 minutos para um ferido chegar até um hospital de campanha. Na segunda Guerra Mundial os alemães usavam aeronaves ambulâncias para levar feridos graves para serem tratados em hospitais de grande porte, mas não era possível na linha de frente para a retaguarda.

Na Guerra das Malvinas os britânicos tinham cerca de cinco equipes de padioleiros para apoiar um Batalhão. Levavam os feridos para a retaguarda para serem evacuados por helicópteros. As equipes eram formadas por pessoal administrativo como a banda do regimento. Na operação Desert Storm usavam ambulâncias blindadas na frente de batalha, mas a maioria dos feridos foi evacuada de helicóptero antes de chegarem. Foram muito menos feridos o que o esperado.

Um médico de combate leva cerca de 20kg de suprimentos e pode ser pouco como alguns suprimentos críticos como soro de hidratação venoso e macas adicionais. Uma regra é não mover um ferido sem imobilizar.

Nas Malvinas, os soldados já levavam seu próprio suprimento de solução intravenosa Hartmann a exemplo do exército israelense e seria usado para o caso de grande perda de sangue. Uma inovação usada no Afeganistão e Iraque foi a gaze QuikClot para ser aplicada em ferimentos e estancar hemorragias. Perceberam que a maior ameaça era a hemorragia e não a dificuldade de respirar. O torniquete tático também foi distribuído entre os soldados.

Evitar ser ferido é um primeiro passo e uma função do drone é ir no lugar de um soldado. A blindagem pessoal ou os veículos blindados são outra medida para não ser ferido. Um episódio que ocorre no Afeganistão foi uma patrulha britânica fazendo um reconhecimento em uma colina próxima de uma represa que foram pegos em um campo minado desconhecido. As minas foram plantadas ainda na época da ocupação soviética. Um soldado pisou em uma mina e depois mais outros ao tentando evacuar o primeiro ferido. Um helicóptero Chinook chegou para ajudar, mas não tinha guincho para erguer os feridos e o vento forte criado pelos rotores lançava pedras que detonou outras minas e causou mais feridos.

A missão de reconhecimento da colina poderia ter sido realizada por um mini-drone levado pela patrulha e já evitaria causar feridos. O Chinook poderia ter um guincho de carga, mas também poderia ser feito com um drone de carga pesado para retirar os feridos do campo minado. O drone de carga poderia ter sido enviado por helicóptero ou estar disponível nos veículos da patrulha. Um helicóptero menor causaria menos "downwash". Levar detectores de minas para ser usado pelas tropas em terra também seria outra opção e poderia ser feito por um drone de carga em uma base próxima ou por helicóptero.

A evacuação de feridos graves em local de muito risco por um drone de carga pesado pode não ser seguro, mas em algumas situações a gravidade do ferimento pode exigir uma evacuação imediata com o risco de morte do ferido. Os ucranianos já iniciaram o uso de drones para evacuar feridos graves em curtas distâncias. Outra situação é a extração de emergência ou resgate de tropas cercadas. O risco do voo com o drone pode compensar os riscos de tentar manter a posição. A tendência é dos drones ficarem cada vez mais seguros e permitir levar humanos como carga em curtas distâncias em situações de emergência.

Vídeos da guerra da Ucrânia mostram soldados pegos em campos minados e um drone filmando as tropas amigas também sendo feridos por outras minas ou levando o ferido para um local seguro. Um drone de carga poderia ter uma "cadeira de resgate" para tirar feridos de campos minados, mas os feridos precisam ter alguma capacidade de se locomover para entrar sozinho no drone.

Um drone "padioleiro" pode ser uma tarefa de um drone de carga apenas aliviando o peso de um ferido, com a maca com um ferido ficando bem mais leve e fácil de ser transportada e de forma mais rápida. O drone "padioleiro" precisa ter capacidade de seguir automaticamente os ferido sendo carregado na padiola. A limitação seriam obstáculos no caminho como arvores e fios de energia.


Um ferido sendo preparado para ser evacuado pelo ar. Nem sempre o local permite o pouso de helicópteros e pode ser necessário um drone para levar o ferido para um local seguro em uma emergência.
 


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