Proposta Operacional
O objetivo desse estudo é determinar qual o tipo de aeronave de caça mais adequada às necessidades do País e com nossas futuras hipóteses de conflito. Eles estarão focados em necessidades operacionais, ameaças, tecnologias, plataformas e custos.

A FAB tem hoje três esquadrões de caça com capacidade de interceptação supersônica, o 1º GDA em Anápolis (GO), o Grupo de Aviação de Caça em Santa Cruz (RJ) e o 1/4 GAv em Canoas (RS). Estes esquadrões estão equipados com aeronaves de curto alcance. Em uma interceptação supersônica o raio de ação seria de cerca de 300km. Cada esquadrão poderia cobrir cerca de 280 mil km². Os três esquadrões cobrem pouco mais de 10% do território nacional.

Um caça com raio de ação de interceptação supersônica de 600 km cobriria cerca de 1.100 km² e os três esquadrões cobririam junto cerca de 40% do território nacional. O valor real seria menor pois a área coberta incluiria o mar territorial (não incluído no cálculo) e área de países vizinhos no alcance da aeronave.


Como deve ser o FX: os círculos concêntricos mostram o alcance de uma aeronave de curto e
outra de longo alcance a partir das bases dos principais esquadrões de caça da FAB - Canoas, Santa Cruz e Anápolis - em uma missão de interceptação. Dobrando o raio de ação, a área coberta por uma base aérea cresce em quatro vezes (círculos amarelos). Triplicando o raio de ação, a área coberta aumenta em nove vezes. A cobertura de, pelo menos, a maior parte do território acional é uma necessidade operacional real e que deveriam direcionar os requisitos do Programa F-X.

Todo o território nacional estará sobre vigilância radar quando o SIVAM estiver pronto. Só que apenas 10% estará sobre cobertura de caças com os meios atuais.

Com uma conta simples é fácil perceber que seria necessário cerca de 30 bases aéreas com caças de curto alcance para cobrir todo o território nacional. Com um caça de longo alcance seria necessário 7-8 bases. Em termos de aeronaves seriam 300 caças leves contra 70-80 caças pesados no caso de esquadrões de 10 aeronaves.

O cálculo de 10 aeronaves seria para uma prontidão em tempo de paz de 60% com um ou duas aeronaves em alerta e mais quatro em treinamento.

Além dos custos de aquisição dos caças tem que ser adicionado os custos de construção e manutenção das novas bases aéreas. Os custos de manutenção dos caças leves são mais baratos que caças pesados, mas o número total de caças leves já igualaria com os custos de operação dos caças de longo alcance.

Com os dados acima é possível concluir que um caça de longo alcance é a única forma economicamente viável de cobrir todo o território nacional com interceptadores de longo alcance.

Os números acima citam apenas aeronaves de interceptação. Ainda falta contar com aeronaves de ataque terrestre e naval e reconhecimento cuja missão é desempenhada, atualmente, pelos AMX e que será complementada pelos ALX.


O mapa acima mostra a cobertura de radar do SINDACTA e SIVAM. Os círculos se referem ao alcance dos radares terrestres que é de cerca de 400km. Estes círculos concêntricos dão uma idéia do número de bases aéreas equipadas com caças de curto alcance que seria necessário para cobrir todo o território nacional. Os círculos maiores (em vermelho claro) desenhados sobre o desenho inicial seria o raio de ação de um interceptador de longo alcance.

Após a implantação do SIVAM, a área coberta por radares de defesa aérea compreendera todo o território nacional. O braço armado do SIVAM será o A-29A/B Super Tucano que só tem capacidade de defesa de ponto contra aeronaves lentas. Contra este tipo de ameaça um interceptador de longo alcance tem um alcance de interceptação subsônica de mais de 1.000km (1.800km no caso do Tornado F.3 da RAF). Um jato não seria o meio ideal para se aproximar e acompanhar aeronaves lentas, mas é um meio de dar cobertura com tempo de reação aceitável para uma grande área.

Com os atentados em 11 de Setembro de 2001 nos EUA, surgiu uma nova ameaça aérea na forma de aeronaves comerciais usadas como "mísseis cruise" por terroristas. Para ter capacidade contra este tipo de ameaça a FAB precisaria ter todo o território nacional no alcance de aeronaves de alto desempenho.

Após os atentados, a USAF usou entre 100 e 130 caças na operação "Noble Eagle" sob coordenação do NORAD. Eles estavam em alerta em 26 bases e realizavam patrulhas de combate aéreo (CAP) em 8-12 cidades. Receberam apoio de 50-75 KC-10 e KC-135 e 15 E-3 AWACS. Apenas o trafego diário em direção aos EUA que deve ser monitorado é de 7.000 contatos. O NORAD foi projetado para ameaças externas e não tem acesso a muitos radares internos.

Esta ameaça terrorista não é tão recente assim. Em 1996 os franceses estudaram a instalação do míssil Mistral nos seus Helicópteros Esquilo. O motivo foi a ameça constante de aeronaves leves e ultra-leves que ameaçavam pequenas zonas de exclusão aérea em torno de locais onde haveria encontro de grandes autoridades. Os Esquilos também eram armados com canhões e atiradores snipers. Os mísseis Mistral seria para aumentar o poder de fogo. É uma tarefa que pode ser realizada pelo A-29 contra aeronaves leves e os Franceses passaram a usar seus T-27 para a missão. Os jatos seriam responsáveis pelas aeronaves mais rápidas.

Uma tarefa também realizada pela aviação de caça e interceptadores é auxiliar aeronaves civis com problemas. Um exemplo recente foi no ano 2000 quando um Boeing 747 sobre o Atlântico que ia de Miami a Paris e foi atingido por um relâmpago e teve pano total nos rádios. A aeronave foi interceptada por um Mirage 2000C e seguiu o caça até o destino sem ter seus sistemas de navegação e comunicações funcionando.

O único concorrente que preenche o requisito acima é o Flanker já que o Rafale, Typhoon e F/A-18E estão fora da concorrência. O Flanker foi o único concorrente capaz de preencher o requisito de interceptar uma aeronave em Manaus a partir de Brasília.

A FAB não esperava inicialmente que o Flanker participasse do Programa FX. Os russos não só ofereceram, mas também proporam uma oferta de custos abaixo do esperado e bem menor que o esperado.

Este artigo fala principalmente sobre as características técnicas do Flanker. Os outros caças são extensivamente cobertos em revistas especializadas nacionais. 

     Estudo de Situação
 
Outro requerimento que seria necessário no Programa F-X é estudar as possibilidades de emprego da futura aeronave. O método utilizado é o sistema de estudo de inteligência de campo de batalha usado pelo US Army. Ele consta de cinco itens, que estão sempre presentes num cenário específico: a missão, o inimigo, o local, a tropa/arma usada e o tempo.

A missão do F-X será defender o espaço aéreo, superfície terrestre e marítima de interesse, no Brasil, em cenários na América do Sul, e no Atlântico Sul, contra ameaças atuais e futuras. Atuar em cenários distantes em uma coalizão ou força de paz será estudado depois.
 
Inicialmente, a aeronave deve ser capaz de realizar missões de interceptação, defesa aérea e superioridade aérea, quando entrar em operações no 1º GDA. A partir do 2º lote, quando entrar em operações no 1º Grupo de Caça, também deverá realizar missões de ataque de superfície e naval em complemento ao AMX - deverá ter capacidade de ataque ao solo, de preferência, superior ao A-1 e não apenas concorrer em capacidade.

Os centros políticos e econômicos são as principais regiões a serem defendidas. Os pólos econômicos importantes estão no Sudeste, Brasília e região Sul. A ameaça vinda da América do Sul é pequena e pouco provável. Os países mais próximos dessas regiões são Bolívia, Paraguai, Uruguai e Argentina. A primeira forma de defesa dos principais centros industriais e políticos é a distância, visto que uma incursão inimiga teria que ser reabastecida em vôo para alcançar as regiões mais afastadas das fronteiras e os países da América do Sul têm pouca capacidade de operar a longas distâncias.

Seria um ataque leve que pode ser facilmente barrado. As aeronaves não poderiam usar mascaramento do terreno, pois o vôo à baixa altitude encurtaria o raio de ação pela metade e gastariam o combustível rapidamente se entrassem em um combate aproximado e ligassem o pós-combustor (PC). Outro cenário provável seria uma tentativa de controle da usina hidroelétrica de Itaipu por algum ditador paraguaio. O AMX daria conta de conseguir superioridade aérea e atacar alvos no solo com eficácia. O FX apenas complementaria em situações especiais.

Conflitos por motivos econômicos com países vizinhos são pouco prováveis. O Brasil não tem conflito de fronteira com outros países há mais de um século e todos foram resolvidos por meios diplomáticos. O Brasil não tem inimigos declarados e a guerra de conquista não é permitida pela constituição atual.

Outras ameaças podem vir do mar. Apenas grandes potências podem mandar uma Força Tarefa para atacar a partir de navios aeródromos (NAes).

 A maior ameaça que desponta no futuro seria uma ameaça externa relacionada com a questão da internacionalização da Amazônia. A  comunidade internacional já esta declarando, abertamente, que tem intenções de transformar a área em zona independente, sob mandato da ONU. Então, a ameaça futura mais importante estaria relacionada com essa questão e poderia incluir desde incursões aéreas na região do Teatro de Operações da Amazônia (TOA), passando por incursões contra alvos militares, econômicos e políticos no Sudeste, Nordeste, Sul e Centro Oeste, até bloqueio e, muito pouco provavelmente, uma invasão.

Este estudo parte do princípio de que o FX deve ser adquirido com base principalmente nessa última hipótese de emprego. Como o nível mais baixo de conflito são as questões diplomáticas, pode-se considerar o Conflito da Amazônia como já iniciado e a escalada pode levar a operações militares em termos de algumas décadas. O objetivo das Forças Armadas Brasileiras será ter capacidade de dissuasão para manter o Conflito da Amazônia no nível diplomático. O FX será um fator importante nessa capacidade.


Alcance necessário com reabastecimento em vôo e/ou tanques externos de um caça de longo alcance (raio de ação de 3.000km) para cobrir todo o continente Sul Americano e Atlântico Sul em operações ar-terra e ar-mar. As bases aéreas usadas são Belém (PA), Natal (RN) e Canoas (RS).
Como mostrado nas ilustrações acima, pode-se perceber que o F-16, o Mirage 2000, o MiG-29SMT e o JAS-39 Gripen não seriam ideais por serem caças de curto alcance. Não acrescentariam muito em relação aos F-5 e Mirage III, em termos de alcance. Sobrariam o Flanker, o F/A-18E/F, o EFA e o Rafale. Os três últimos podem ser descartados por serem muito caros (ver detalhes dos custos adiante) e seria até melhor adquirir caças russos de 5ª geração como o PAK-FA, que está sendo desenvolvido, principalmente, com apoio financeiro da Índia.

Em capacidade ar-solo, os quatro concorrentes citados inicialmente teriam basicamente a mesma capacidade do AMX em termos de cargas de armas e alcance (ver razão R/B nas tabelas abaixo). O único que se encaixa no requisito de alcance e com baixo custo é o caça russo projetado pela Sukhoi, o Flanker.

 
     Comparação 
Um modelo da família Flanker (codinome do Su-27, segundo o padrão NATO ASCC) que poderia se encaixar bem nos requisitos acima seria o Su-30MK fabricado pela IAPO. Ele foi desenvolvido a partir de uma versão de interceptação de longo alcance baseada no Su-27UB biposto, chamado Su-27K e redesignada Su-30PU(biplace) e Su-30P(monoposto). Su-30PU é um interceptador de longo alcance projetado para complementar e substituir os MiG-31 da aviação de defesa aérea russa (PVO). Foi concebido para operar a longas distâncias por períodos prolongados, com reabastecimento em vôo (REVO) ou tanques externos de combustível, e funcionar como nave-mãe ao controlar outras aeronaves por data link.

A KnAAPO fabrica o Su-35 e Su-35UB. O último é uma versão biposto do Su-35 equivalente ao Su-30MK.
 
A experiência russa mostrou que uma aeronave biposto completa seria necessária para completar a missão com eficiência e sem provocar muito desgaste na tripulação. Seu alcance com REVO permite realizar até missões subestratégicas. A PVO preferiu manter o MiG-31 modernizado, devido às limitações no orçamento.

O Su-30PU foi usado para desenvolver uma aeronave multifunção, biposto de longo alcance (Su-30M) nos moldes do F-15E e uma versão de ataque, chamado Su-30K. Os requerimentos de uma aeronave multifunção com capacidade de penetração a longa distância, em qualquer tempo, também resultaram em uma aeronave biposto. Ela seria usada para substituir o Su-24 na aviação de longo alcance, mas perdeu a concorrência para outra versão do Flanker, o Su-34. A versão de exportação se chama Su-30MK. As versões adquiridas pela Índia e a China chamam-se Su-30MKI e Su-30MKK, respectivamente. O Su-30M voou pela primeira vez em 1992.

Esses requerimentos russos caem como uma luva para um país de dimensões continentais, que precisa de uma aeronave de interceptação de longo alcance e de uma aeronave de penetração de longo alcance, para atuar sobre terra e mar em complementação ao AMX. As missões de ataque mais difíceis seriam realizadas pelo Su-30 e o AMX ficaria com as mais simples e de curto alcance. As missões de baixa intensidade seriam realizadas pelo ALX (Super Tucano). Estas aeronaves formariam o Hi-Low-Mix da FAB.

Nas tabelas seguintes, serão comparados os desempenhos de missão de caça-bombardeiro de longo alcance (Tabela 1 e 2) dos concorrentes da FAB e dos caças atuais que ela opera. As missões táticas e cargas externas variam de uma aeronave para outra, mas um engenheiro aeronáutico pode extrair alguns dados válidos, quase acurados, de comparações e conclusões. Os dados são de fontes não classificadas de publicações.

TABELA 1 Su-27 Typhoon Rafale F-18E F-16C MiG-29 Mirage 2000 JAS-39 AMX F-5BR
Peso vazio(lb.) 38.580 21.495 20.925 30.564 19.100 18.060 16.534 14.600 14.638 9.683
Piloto e munição(lb.) 500 500 735 535 535 500 500 500 535 500
Comb. Interno(lb.) 20.723 12.550 9.911 14.400 7.579 7.380 7.200 6.600 6.700 4.364
Comb. Externo (lb.) 0 5.700 8.550 7.206 7.500 2.600 7.600 4.000 1.900 -
AAM (2) cruto alcance 472 472 472 472 472 472 472 472 472 472
No de tanques externos/capacidade(lb) 2x2.850 1x3.800 + x2.375 2x3.200 2x2.660
+1x2.160
1x2.600 2x3.800 2x2.000 2x950 -
Peso das bombas em lb. 4.000 4.000 6.000 4.000 2.000 2.000 4.000 1.000 2.000 4.000
Nº e tipo de bombas 4xMk83 4xMK83 12xMk82 4xMk83 2xMk83 4xMk82 4xMk83 2xMk82 2xMk83 5xMk83
Peso Máximo(lb.) 68.275 46.218 49.559 57.177 48.000 37.500  37.480 27.560 28.660 18.500
Peso do comb. na 
(% peso máx.)
30,4 39,5 37,3 36,8 40,2 45,5 39,4 0,39 30,0 23,0

 

Com uma missão em comum, é possível estudar o desempenho de missão e questões de aerodinâmica e propulsão. A Tabela 1 mostra que as aeronaves pequenas não levam muitas armas como as aeronaves grandes. Uma percentagem de combustível na decolagem de 0,28 a 0,30 significa que a aeronave tem um bom alcance. Valor menor significa alcance pequeno e um valor maior significa que a aeronave está levando peso a mais em termos de combustível e estruturas para levar o combustível.

As aeronaves maiores voam mais com menos combustível e na próxima tabela pode-se perceber que as aeronaves pequenas também não levam bombas muito longe, pois os tanques externos não permitem que muitas bombas ou mísseis ar-ar sejam carregados nas estações com tanques subalares. Note as grandes percentagens de combustível: os caças grandes voam mais longe com menos combustível, como mostrado na Tabela 2.

O piloto americano John Boyd mostrou que a capacidade de manobra de uma aeronave pode ser medida pela relação peso-potência e a capacidade de fazer curva pela carga alar.

TABELA 2 Su-27 EFA Rafale F-18E F-16C MiG-29 Mirage  JAS-39 AMX F-5
Área Alar(sq. ft.) 667 538 492 500 309,2 406 438 364 224 186
Largura da Asa 48,2 34,5 35,7 44,7 32,8 37,2 30,0 27,5 26,2 26,2
Potência ao nível do mar com PC (lb.) 55.100 40.500 39.150 44.000 23.830 36.600 21.400 18.000 11.010 10.000
Carga alar missão de ataque (lb./sq. ft.) @ 60% comb. 83 69 79 98 102 69 69 63 101 93
Carga alar bombas lançadas (lb./lb.) @ 60% comb. 77 62 67 90 95 64 60 60 92 71
Potência/peso missão ataque (lb./lb.) @ 60% comb. 0,99 1,05 1,00 0,90 0,63 1,30 0,71 0,78 0,48 0,57
Potência/peso (bombas lançadas, lb./lb.) @ 60% comb. 1,07 1,19 1,18 0,98 0,80 1,40 0,81 0,81 0,53 0,75
Raio de ação missão de ataque (n.m.) 840 800 600 390 420 200 640 500 500 150
Raio de ação x carga de bombas (R x B); n.m. x lb./10^6 ou 1.000.000 3,36 3,2 3,6 1,56 0,84 0,40 2,56 0,50 1,00 0,60
Obs: considerar perfil Hi-Lo-Hi.
 
O raio de ação multiplicado pela carga de bombas (RxB) mostra que os caças grandes têm pelo menos o dobro da capacidade dos caças menores. Uma conseqüência é que são necessárias menos aeronaves para cumprir certas missões, com menos perigo para a tripulação e a aeronave. A necessidade de reabastecimento em vôo também diminui.

A carga alar e a relação potência/peso precisam de maiores explicações. A carga alar em missão de ataque define a tendência de balançar devido à ação da atmosfera enquanto leva carga completa de bombas a baixa altitude. Os ventos gerados por morros e construções podem fazer o ângulo de ataque da aeronave mudar várias vezes fazendo a aeronave balançar muito.

Quanto maior a carga alar menos a aeronave e a tripulação sofrerão. Foi por isso que o AMX foi projetado com uma carga alar alta e é por isso que um caça não pode ser muito bom no combate aéreo e em penetração a baixa altitude ao mesmo tempo. Após lançar as bombas, a relação aumenta, como mostrado na tabela, do mesmo modo que a relação potência/peso.

O F-15E tem capacidade de suportar manobras de até 9G's completamente carregado. Nenhum outro caça atual consegue tal proeza. Porém, esta capacidade não tem utilidade prática e o caça sempre ejeta sua carga externa de combusivel e armas caso seja engajado por interceptadores inimigos e mísseis SAM. O reforço que o F-15E sofreu é necessário para suportar as turbulência que sofre em vôo a baixa altitude.

Uma grande carga alar também atrapalha a pontaria de armas pois as oscilações pode atrapalhar o trancamento de radar contra alvos aéreos voando baixo e atrapalhar o lançamento de bombas.

É preciso tomar cuidado com os números, pois são extraídos de publicações comerciais e dados do fabricante. Os fabricantes costumam esconder os números para parecerem bonitos. Por exemplo, o alcance do Mirage 2000 considera os tanques externos sendo descartados após serem esvaziados para diminuir o arrasto e, conseqüentemente, diminuir o consumo de combustível. Isso só é usado quando a aeronave está sendo engajada por defesas aérea ou caças inimigos para diminuir o peso e leva a muitos problemas logísticos se forem ejetados com freqüência, pois os tanques extras descartáveis são caros e costumam estar disponíveis em pequenas quantidades. É uma forma de maquiagem. Outras aeronaves podem estar usando esse artifício.

Os dados do Su-27 e F-18E foram tirados de um estudo onde operam embarcados e por isso têm uma grande reserva de combustível para o caso de não pegarem o cabo de frenagem em algumas tentativas. Essa quantidade é de 3.000 lb em caso de pouso diurno e 4.000 lb no pouso noturno para o F-18C, o que dá 30 % e 40 % do combustível interno, respectivamente. O dados dos outros caças podem não incluir reserva de combustível.

As condições atmosféricas também influenciam no desempenho e no consumo. Geralmente, são adotadas boas condições climáticas.

Também não é previsto o uso de pós-combustor (PC) por alguns minutos durante encontro com inimigo em terra ou no ar. Os dados do MiG-29 e do Gripen foram tirados de configuração ar-ar, sendo o armamento ar-ar trocado por bombas do mesmo peso. Pelo menos nos dados do MiG-29 foi considerado um minuto de uso de PC, que gasta uma boa percentagem de combustível.

A área entre os motores do Flanker e do MiG-29 aumenta em cerca de 40 % a superfície alar durante as manobras e melhora o desempenho das aeronaves nas curvas.

Os últimos modelos do F-16 equipados com tanques conformais podem levar 4.000 lb de bombas a 600 milhas, resultando num RxB de cerca de 2.4. Outros dados sobre o Typhoon relatam um alcance de 350 milhas com 8.500 lb de cargas ar-ar e ar-terra, resultando num RxB de 2.9.

Os dados acima mostram que o Flanker tem características que o colocam em condições de igualdade com outras aeronaves, que tem pelo menos o dobro do preço, como o Rafale, o Eurofigther e o F/A-18E/F. O RxB do Flanker é do mesmo nível do A-6 (4.0), que foi a única aeronave da US Navy que a USAF considerou útil, por não precisar dos escassos aviões tanque e por poder lançar munição de precisão.

Os dados devem considerar também os cenários onde a aeronave vai atuar. O Gripen tem um RxB muito baixo, mas como ele não opera a mais de 200 nm de suas bases, a carga de bombas pode ser de mais de 2.500 lb, o que é mais do que suficiente para a maioria das missões. No cenário onde ele foi projetado para operar, a capacidade de reação rápida é mais importante que o alcance, devido à curta distância das ameaças.

O Gripen gasta mais combustível para levar uma carga de bombas menor que a do AMX a uma distância igual por fazer isso com desempenho superior. Ele decola em pista mais curta, acelera e sobe mais rápido. Por causa disto, a Suécia está se juntando aos Britânicos num projeto de aeronave de penetração de longo alcance (FOAS), que substituirá o Tornado GR 4. O Gripen não está capacitado a cumprir esse tipo de missão. As aeronaves pequenas não são problemas para países pequenos e com cenários de atuação de curto alcance.

O alcance requerido de projeto do Flanker era de 2.500 km a grande altitude ou autonomia de 5 horas. Poderia ser lançado com apenas 5.350 kg de combustível em situações normais e sua quantidade completa de combustível era de 9.000 kg para vôo a longa distância, o que lhe permitiria atingir raio de ação requerido de 1.700 km a grande altitude e 500 km a baixa altitude, significando poder alcançar a Grã-Bretanha. O desenvolvimento do avião estava ajustado para 5.350 kg de combustível e o resto dos 9.000 kg de combustível seria o tanque de combustível adicional interno.

O alcance máximo, com tanques de combustível cheios, era de 4.000 km, o que resulta num raio de ação de 1.500 km ou várias horas em uma Patrulha de Combate Aéreo a 550 km da base. O raio de interceptação supersônica é de 460 km. Os outros caças precisam de tanques extras para atingirem esses requerimentos e levam uma quantidade de combustível equivalente.

Os esquadrões de defesa aérea equipados com o Flanker podem ter um caça de alerta equipado com um casulo de reabastecimento em vôo UPAZ, para aumentar ainda mais o alcance das aeronaves em alerta de interceptação ou para casos de emergência.

As aeronaves de caça atuais devem, além de ser multifuncionais, ter a capacidade de mudar de missão em uma mesma sortida (Swing Role). O objetivo principal é ter capacidade de auto-escolta, para que a aeronave não precise de escoltas de aeronave de caça e supressão de defesa. Um bom exemplo é um esquadrilha de F/A-18 do USMC que durante sua rota para o alvo na Guerra do Golfo foi avisada por uma aeronave de alerta antecipada E-2C da presença de caças inimigos indo em direção à formação. Duas aeronaves foram destacadas para interceptar os intrusos.

Eles apenas mudaram para o modo ar-ar e derrubaram os intrusos sem ter que ejetar suas cargas de bombas. Na Guerra do Vietnã, os vietnamitas investiam sobre os caça-bombardeiros americanos o suficiente para que ejetassem sua carga de bombas e então os vietnamitas fugiam para a base com sua missão cumprida. Uma aeronave swing role deve ser capaz de evitar essas táticas do inimigo.

A capacidade de Swing Role depende muito da carga de armas e do número de cabides. A aeronave deve ser capaz de levar muitas bombas, combustível externo e sobrar cabides de armas para levar mísseis de autodefesa adicional. Algumas aeronaves, como o F-16, o Rafale e o Typhoon têm capacidade de levar tanques conformais que liberam alguns cabides para o transporte de armamento.

Os caça-bombardeiros devem ser capazes de levar pelo menos 2 mísseis ar-ar (AAM) de curto alcance para autodefesa e 2 AAM de médio alcance, que é o mínimo necessário para realizar missões de auto-escolta e manter o inimigo à distância. Convém que os AAM de curto alcance sejam de última geração, com superagilidade, tenham grandes limites de disparo e apontados por uma mira no capacete, para que a aeronave não precise ejetar suas cargas externas para apontar rapidamente a aeronave para o adversário.

O Flanker, o Rafale, o Typhoon, o F-16 e o Mirage 2000 têm cabides de sobra para levarem mísseis de capacidade de combate a longa distância (BVR). O Gripen e o MiG-29 não têm cabides em número suficiente para levarem, ao mesmo tempo, mísseis ar-ar de autodefesa, combustível extra e armamento ar-solo.

A vantagem de ter um número grande de cabides mais a capacidade de auto-escolta significa menos aeronaves para cumprir a missão e mais aeronaves disponíveis para cumprir outras missões, otimizando a capacidade da frota, com menos necessidade de reabastecimento em vôo e menos tripulações e aeronaves colocadas em risco durante a missão.

Atualizado em 13-06-03

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