Sistemas Ofensivos

Um número grande de cabides e uma grande capacidade de carga dão ao Flanker uma real capacidade de Swing Role, ou seja, a aeronave pode mudar de missão durante o vôo. Com dois tripulantes, isso fica mais fácil ainda, pois o treinamento e a especialização também contam na eficácia da missão.

Um Flanker pode cumprir missões ar-ar com mísseis de longo e curto alcance, supressão / destruição de defesas inimigas com mísseis anti-radiação, ataque anti-navio ou de precisão com mísseis guiados por TV ou IR, controle aéreo avançado com os sensores EO e FLIR e lançadores de foguetes, e reconhecimento com casulos de câmeras fotográficas.

Em 1971, na Rússia, foram iniciadas as pesquisas para o desenvolvimento de conceitos de caça para os anos 80. A análise de meios e táticas mostrou que os caças tinham que realizar uma vasta gama de missões em uma guerra. Para conduzir as várias missões seria necessário vários tipos de caças com diferentes sistemas de armas.

Os interceptadores precisavam de boa aceleração, razão de subida e grande armamento com um radar potente. Os caças precisavam de boa manobrabilidade, grande razão peso/potência e mísseis de combate aéreo de curto alcance. As aeronaves de ataque precisavam de um R x B ótimo, com carga alar baixa e boa capacidade de sobrevivência.

O caça tático avançado russo de longo alcance, que se tornou o Flanker, teria que operar independentemente com um grupo aéreo além das linhas inimigas (250-300km) e por isso teria que ter uma grande carga de combustível, grande carga de armas e sistemas de navegação sofisticado, além de sistemas de auto-defesa e comunicações mais avançados. Teria também que ser melhor que o F-15 que era o melhor caça ocidental da época.

Já o caça tático de curto alcance, que se tornou o MiG-29, teria que operar até 100-150km no espaço aéreo inimigo operando em pistas na linha de frente.

Naquela época não havia tecnologia suficiente para que um caça realizasse vários tipos de missões simultaneamente e nem havia necessidade com a disponibilidade de várias plataformas otimizadas fabricadas em grande quantidade. Para o mercado de caças atual a capacidade multi-role é sempre requerida, apesar de nem sempre usada.


O Su-27 e seus derivados estão equipados com um canhão GSh-301 de 30 mm com 150 tiros e podem levar mais de 8 toneladas de armas em 12 cabides nas asas e fuselagem, sendo 4 cabides nas asas, dois nas naceles dos motores e dois ventrais. Os dois pontos de armas entre motores permitem levar mísseis de tamanho muito grande e os cabides internos das asas podem receber tanques de combustível, que quase nunca são necessários. A foto acima mostra a capacidade dos cabides.

Os russos não têm restrições quanto à venda de armamento, o que pode ocorrer no caso de aeronaves adquiridas pelos EUA, como o F-16 e o F-18. O Flanker também é compatível com qualquer armamento ocidental e pode ser compatibilizado com armamento nacional, como o Piranha e as bombas da AVIBRAS. O fornecimento do código fonte pelo fabricante permite acoplar, praticamente, qualquer sistema de armas ao Flanker. Um exemplo é o MiG-21 Lancer e o MiG-29 Sniper da Romênia, que usam munição russa e israelense. O uso do Matra Super 530D francês no MiG-29 indiano e o uso do R-60 e do R-27 russos nos Mirage 2000 também indianos também são alguns exemplos da compatibilidade entre sistemas ocidentais e russos.

O armamento ar-ar consiste em até 6 mísseis R-73/74 de curto alcance (30-40 km), que podem ser apontados pela mira no capacete e 6 R-27 de guiagem semi-ativa nas versões de médio ou longo alcance (100 km), e até 8 mísseis de médio alcance R-77 de guiagem ativa (90 km). O alcance do R-77 contra aeronaves AWACS é de 160 km. O R-77M, ainda em fase de projeto, será equipado com propulsão ramjet e terá alcance de 160 km. O R-77 pode ser usado contra outros mísseis, incluindo mísseis ar-ar.

A cabeça de busca IR do R-73 (AA-11 Archer) pode ser acoplada a um designador de alvos no capacete do piloto, ao sistema IRST e ao radar, permitindo fixar alvos fora do alcance visual e deslocados até 90 º em relação ao eixo longitudinal, o que significa que não existe quadrante cego para lançamento de mísseis para esse caça. Se equipado com o radar de cauda, o Flanker pode virar as costas para o inimigo e continuar atualizando a pontaria. O R-73R pode ser disparado para trás, quando é apontado pelo radar de cauda. O R-77 tem cabeça de busca que tranca em alvos a +/- 160 graus antes do lançamento e também pode ser apontado pelo radar de cauda,  IRST e HMS.

Para distâncias ultra-longas, estão disponíveis o KS-172 com motor foguete de dois estágios e alcance de 400 km derivado do sistema antiaéreo russo S-300V e o R-37 com alcance de 300 km. Uma versão anti-AWACS do Kh-31R de guiagem passiva também esta disponível. O R-77 e o R-27 também têm versão anti-radiação, que pode ser usada contra aeronaves e radares no solo.

Os mísseis de guiagem semi-ativa, como o R-27, têm a desvantagem de forçar a aeronave a ficar apontada diretamente para o alvo enquanto for necessário manter a iluminação, não podem rastrear outra aeronave, dão aviso ao alvo de um ataque e servem de beacon (alerta de RF) da  direção da aeronave e para a guiagem de mísseis.

Porém, ela traz vantagens, como manter o inimigo em situação defensiva e forçar a perda da consciência da situação durante as manobras defensivas, dando a iniciativa ao atacante, que pode levar vantagem quando o combate entrar na arena visual. Nem é necessário lançar um míssil e basta iluminar o alvo para forçá-lo a entrar na defensiva. O radar de cauda e os modos de radar automáticos podem permitir que a aeronave explore os limites de varredura do radar e não precisem ir diretamente em direção ao inimigo. Esse modo de radar também pode ser usado com mísseis de guiagem ativa para atualização de meio curso.

O armamento ar-solo é bem vasto e inclui uma combinação das seguintes opções de cargas:

     Armamento guiado tático:
     - 3 Kh-59M Ovod-M - AS-18 Kazoo/AS-13 Kingbolt guiado por TV
     - 6 Kh-25M - AS-10 Karem de curto alcance e sistema de busca por TV, IR ou laser

     Mísseis antiradar:
     - KH-25MP (AS-12 Kegler)
     - 6 Kh-31P(A) (AS-17 Krypton) com alcance de 110km
     - Kh-58 (AS-11 Kilter) com função dupla antiradar/antinavio
     - 6 Kh-29

     Mísseis anti-navio subsônico:
     - KH-35 Uran (AS-20 Kayak) equivalente ao Harpoon em tamanho e desempenho

     Mísseis supersônicos antinavio:
     - Kh-31P(B) (AS-17 Krypton) com radar ativo
     - Até 3  AFM-L Alfa(nome de fábrica 3M-51).Voa a  20.000m a Mach 2.5/3.0 antes
      de descer para fase sea skimmer. Tem navegação INS e GPS e propulsão por turbojato
     - Yakhont SS-N-X-26[ 3M55]. Míssil antinavio supersônico de longo alcance +/- 300km
     - Kh-41 - ASM-MSS Moskit ou SS-N-22 Sunburn [3M80]

     Bombas Guiadas a laser:
     - 3 KAB-1500
     - 6 KAB-500

     Armas não guiadas:
     - Bombas de queda livre de 100kg a 500kg em lançadores múltiplos(até 30 de cada)
     - Foguetes S-8 (20 em cada lançador)
     - Foguetes S-13 (5 em cada lançador)
     - Foguetes S-25

    O canhão Gryazev/Shipunov GSh-30-1 (9A-4071K) tem as seguintes características:
    - Cano único e colocado no LERX da direita
    - Razão de fogo de 1.500 a 1.800 tiros por minuto(25-30 tiros por segundo)
    - Velocidade inicial de 860m/seg
    - Peso do projétil de 400 g
    - Peso da munição de 900g
    - Alcance máximo efetivo de 1.200-1.800m contra alvos aéreos e 1.300m contra alvos
    em terra com CEP de 9m
    - Capacidade de 170 disparos no carregador com 150 projéteis carregados


Canhão Gryazev/Shipunov GSh-30-1 (9A-4071K). O canhão é capaz de atingir alvos em todo aspecto e ângulos de cruzamentos altos a distancias de menos 500 metros graças ao sistema de controle de fogo automático / semi-automático fornecido no HUD, HMS, radar e IRST. O problema vai ser sobreviver à explosão e aos pedaços do alvo próximo. O GSh-30 é o canhão aeronáutico mais leve da atualidade com apenas 43,5kg.

Devido à grande eficiência dos mísseis atuais, o canhão é tido como uma arma secundária. Um dado sobre a sua eficiência é que poucos tiros disparados realmente acertam o alvo. Acertar mais de 10% é um grande feito no caso de um alvo rebocado não manobrável em situação controlada e a maioria dos pilotos não conseguem acertar mais do que 3% dos disparos.

Por isso, o Flanker poderia ter seu canhão GSh-30 trocado por outro modelo já usado pela FAB, como o M-39 Pontiac de 20 mm usado pelos F-5, ou os DEFA 30 mm, que equipam os Mirage III e os AMX. O F-5 terá um dos seus dois canhões retirados para a instalação do radar e os Mirage III serão retirados de serviço e os canhões talvez ainda tenham alguma vida útil. O país  já fabrica munição para esses modelos, simplificando a logística; e o canhão é uma arma secundária, que não merece muita atenção.

O Flanker já foi testado em combate. Ele derrubou um L-39 da Chechênia e os Flanker da Etiópia conseguiram 5 vitórias e 1 provável contra os MiG-29 da Eritréia no conflito de fronteira em 1999 e 2000, entre os dois países. Nesse último conflito, o principal fator responsável pelo sucesso foi a sua grande capacidade de persistência em combate, por poder levar uma grande quantidade de mísseis e ter uma grande autonomia. Isso significa que ele não precisava desengajar prematuramente de um combate por falta de armas ou combustível, como ocorreu nos combates contra os MiG-29, que são famosos pela pouca autonomia.

Durante o conflito na África, a Eritréia estava equipada com 10 MiG-29 e a Etiópia com 8 Flanker. No dia 25 de fevereiro de 1999, houve o primeiro combate entre os MiG-29 e os Flanker. Quatro MiGs dispararam mísseis de longo alcance R-27 contra os Flanker, que tinham evitado o combate. Os MiGs não acertaram e levaram outra salva de AA-10, que também erraram. Um Flanker chamado depois derrubou um MiG que fugia. Houve outro engajamento no dia posterior com o disparo de vários R-27, sem sucesso para ambos os lados. Um Mig foi derrubado com canhão, ao fugir por falta de combustível.

No dia 28 de março, houve outro encontro com dois Mig, que foram derrubados pelos Flanker. No dia 16 de maio de 2000, dois MiGs foram interceptados e um derrubado. O outro caiu enquanto voltava devido aos danos de um R-27. Foram 5 MiG-29 derrubados pelos Flanker, que também foram usados em ataques com bombas e foguetes.

Os Flanker sempre escoltavam os MiG-23 em missões de ataque. Todos os aviões derrubados foram em dogfight e pelo R-73. Os Flanker eram pilotados por mercenários ucranianos e os MiGs por nativos da Eritréia. O Flanker foi provado em combate com sucesso na pior situação que um caça ocidental poderia encontrar: um combate aproximado contra o MiG-29, que é considerado o melhor de todos os caças em operação na atualidade, no combate aproximado.


Certos alvos precisam de uma quantidade maior de explosivo para garantir a destruição e não basta apenas serem atingidos. Alvos de área podem ser atacados com bombas comuns em ataque de saturação, o que leva à necessidade de uma aeronave grande, se o alvo estiver longe, ou de várias sortidas de uma aeronave menor. De acordo com a experiência indiana, um único Su-30 pode levar mais cargas que um esquadrão de MiG-21FL a distâncias maiores e com maior precisão.


     Sistemas Defensivos

A capacidade defensiva de uma aeronave depende de vários critérios:

- Desempenho: velocidade, altitude e manobrabilidade

- Furtividade: radar, infra-vermelho, visual, acústico e eletromagnético

- Guerra eletrônica: interferidores, chaff e flare

- Redundância de sistemas: controles de vôo, hidráulicos, elétricos, etc

- Táticas: vôo a baixa altitude, planejamento de rota, surpresa, despistamento

- Defesa de base: dispersão no solo, camuflagem, uso de pistas curtas, defesa aérea e de perímetro

A capacidade ofensiva não vale nada se não for considerado o ambiente hostil em que a aeronave irá operar. Um caça não esta sujeito apenas a outras aeronaves, mas também de defesas aéreas em terra. Nos dois casos as armas estão se tornando cada vez mais avançadas e difíceis de serem enganadas. O Flanker tem que engajar e eliminar as aeronaves inimigas, mas também com ameaças contra sua aeronave. Em uma aeronave biposto, esta tarefa pode ser mais fácil.

A capacidade de sobrevivência do Flanker está baseada nas seguintes características da
aeronave:

      - Dois motores com sistema de suprimento de combustível separados e localizados distantes
      um do outro, evitando destruição simultânea, em caso de a aeronave ser atingida;

      - Boa estabilidade aerodinâmica das turbinas, que retêm a função mesmo se os ductos forem
      perfurados com fragmentos, projeteis ou ondas de choque e produtos de explosão de
      armas na entrada de ar. O espaçamento entre os tanques de combustível e o ducto
      atrasa a penetração de combustível no motor, se estes forem atingidos;

      - Asa com três longarinas com projeto especial da fuselagem, que permite resistir a acertos
      diretos e fragmentos de mísseis;

      - Redundância múltipla e espaçamento entre os sistemas mecânicos do sistema de
      controle  da aeronave para prevenir destruição por um acerto;

      - Sistema hidráulico duplo, independentes e espaçados. Se os dois forem destruídos, a
      aeronave pode ser controlada por fonte de força de emergência (acumulador hidráulico);

      - Sistema de suprimento de força elétrica redundante e com grande potência para alimentar os
      sistemas de interferência eletrônica;

      - Configuração que permite que a fuselagem e a estrutura protejam o cockpit;

      - Estrutura dos tanques de combustível robusta, resistente a choque hidráulico, e que previne
      danos e grandes perdas de combustível;

      - Tanques de combustível com enchimento especial para prevenir explosão, se forem atingidos;

      - Sistema de controle de incêndio para apagar fogo nas naceles das turbinas.

As aeronaves russas têm fama de terem estrutura muito robusta e poderem voar com partes e sua estrutura destruída, poderem pousar sem baixar o trem de pouso, caso estejam danificadas, e ainda serem capazes de voar após isso, como ocorreu com um Flanker em um show aéreo em Bretslava, capital da Eslováquia. Durante uma colisão com a pista em Le Bourget 99, o Flanker demonstrou que é capaz de manter a estabilidade, mesmo depois de receber impactos e continuar inteiro em condições que fariam outros caças perderem o controle ou até partirem-se ao meio.


Um piloto da equipe de demonstração aérea russa Black Knights esqueceu de baixar o trem de pouso durante o pouso em um show aéreo. A aeronave foi erguida do solo e devido aos pequenos danos superficiais, ela voltou a voar sem maiores problemas.

A aeronave pode ser equipada com sistemas de alerta radar e de interferência eletrônica de qualquer procedência. O Su-30MKI indiano foi equipado com sistemas de interferência israelense e indiano.

Os caças russo podem levar os casulos de contramedidas eletrônicas Sorbtsya L005S, que operam na banda H/I, instalados nas pontas das asas. A KNIRTI está oferecendo o casulo de alta potência (mais de 1 KW) L175V também instalados nas pontas das asas. Com estes sistemas o Flanker se torna o "Prowler" russo. Podendo ser usado para escolta grupo de ataque.

Eles usam técnicas de interferência de ruído e reflexo no terreno. Na última técnica a aeronave voa a altitude muito baixa em direação a mísseis SAM. Ele direciona um retorna de radar simulado para o solo ou superfície do mar entre ele e a ameaça. O resultado é que o radar do míssil SAM recebe um eco falso e tem indicação falsa da altitude real da aeronave e sua posição. O míssil será guiado em uma direção abaixo da aeronave protegida.

Outra técnica é voar a média altitude e lançar chaff e flare para criar uma nuvem artificial atrás da aeronave. O L175V direciona energia eletromagnética para os despistadores metálicos para aumentar suas características de sedução.

As antenas podem emitir mais de uma dezena de raios de interferência contra mísseis ar-ar e superfície ar como o Patriot, Sparrow e Hawk.

Outros sistema de interferência usados pelos modelos mais atuais do Flanker são o SAP-518 montado nas pontas das asas e o SAP-14 para interferência  de escolta que atualmente é feito pelo L-001 Smalta.

A aeronave também pode empregar despistadores rebocados da KNIRTI para aumentar a defesa contra mísseis guiados por radar.

O Flanker também pode detectar alvos emissores com o RWR Khibiny e passar os dados para mísseis antiradiação como o Kh-31 e o Kh-58.

Na parte traseira, existe espaço para a colocação de grande quantidade de lançadores de chaff e flare APP-50 (96 cartuchos no total). A experiência israelense mostrou que o mínimo é ter cerca de 350 contramedidas descartáveis do tipo chaff e flare. Os americanos triplicaram a capacidae do AV-8B Harrier de 60 para 180 cartuchos após várias perdas por mísseis portáteis no Golfo em 1991.

O sistema de alerta radar pode ser acoplado a um sistema eletro-ótico chamado MAK de alerta de lançamento de mísseis. Ele pode ajudar a indicar se a ameaça está abaixo ou acima da aeronave.

A aeronave tem algumas características que facilitam a integração de tecnologia furtiva, como as asas fundidas com a fuselagem. A nova variante modernizada Su-30KN para a Rússia terá uma persiana na entrada de ar para reduzir o RCS.

O uso de RAM modular pode ser adicionado nas bordas, entrada de ar e estrutura do radar para diminuir o RCS. O uso de RAM modular é importante para diminuir a necessidade de manutenção pois só seria usado quando necessário e poder ser direcionado para as frequências da ameaça.

A aeronave foi projetada, como toda aeronave russa, desde o início, para operar em pistas de dispersão em rodovias e pistas semi-preparadas ou danificadas, sendo projetado para operar em pistas de no máximo 1.200 m.

Aparentemente os Flankers são bem independentes de infra-estrutura de apoio. Por exemplo, quando o Flanker veio fazer uma visita em 1998 a Anápolis, ele chegou sozinho (antes das aeronaves de apoio), o avião taxiou sobre a grama sem preocupação, o piloto desligou os motores, desceu da cabine e apertou um botão que descomprimia o sistema hidráulico, fazendo o canopy descer lentamente até fechar e sem o "post-flight inspection/maintenance". Na volta Sukhois foram de Anápolis até Moscou com apenas dois pousos durante o translado.

Uma aeronave com dois motores pode custar mais caro para manter e comprar, e pode ter peso maior, mas um estudo da US Navy mostrou que, durante a Guerra do Vietnã, as aeronaves bimotoras tiveram índice de sobrevivência, significativamente, maior que as monomotoras. Na Guerra do Golfo, vários F-18 conseguiram voltar para casa com um motor desligado ao serem atingidos pelos inimigos. Enquanto 50% dos F-16 atingidos voltavam para a base, 80% dos A-10 e F-18 retornavam.

Os estudos de sobrevivência em tempo de paz não foram conclusivos, mas as aeronaves bimotoras têm índice de queda 50% menor, segundo cálculos da USAF. A presença de dois motores não significa o dobro de segurança, mas sim o triplo (ou quase). Uma aeronave monomotora que apaga o motor durante a decolagem, seguramente, vai cair e o piloto tem que ejetar. Um caça bimotor potente pode até continuar subindo e reascender o motor. Os pilotos de caça dizem que os caças monomotores já decolam em pane.

O risco cumulativo de ser atingido por pássaros, danos por objetos externos (FOD) e falhas na turbina dá vantagem para uma aeronave bimotora. No caso de uma aeronave que é necessária para iniciar uma guerra, um monomotor serve. Já no caso de uma aeronave para prevenir guerra e ser usada por muito tempo, um bimotor é uma melhor opção.

Um exemplo recente foi a perda do canard de um protótipo do Su-33, que se desprendeu e alguns destroços atingiram o motor, que se apagou. A aeronave conseguiu fazer um pouso tranqüilo às custas do outro motor. No solo, foi verificado que alguns destroços atingiram a cabine e danificaram o mecanismo do assento ejetor. Se fosse uma aeronave monomotora, a aeronave e, possivelmente, o piloto, no caso o famoso piloto Victor Pugachev, estariam perdidos.

A Finlândia só perdeu um F/A-18 até 2001 devido a uma colisão com outro Hornet que sobreviveu. Ouve outras duas falhas onde o caça pousou com apenas um motor. Numa ocasião devido a uma colisão com pássaro e em outra devido a vazamento de combustível que causou um incêndio que foi apagado.

As aeronaves de caça atuais custam caro e a queda de uma delas pode custar muito a uma pequena força aérea. Seria o mesmo que a queda de um B-1 ou AWACS para a USAF. Por esse motivo, a FAB pretende dar preferência a uma aeronave bimotora e de longo alcance nos seus requisitos operacionais básicos do caça do projeto FX. A experiência da FAB mostrou vantagem de uma aeronave de caça bimotora para o País.

A taxa de perda menor das aeronaves bimotoras significa que uma frota de caças monomotoras precisa ser adquirida em um número relativamente maior que uma frota bimotora, para compensar as perdas mais numerosas e assim manter um número de caças em reserva menor.

Os motores russos têm grande capacidade de aceleração e estabilidade gás-dinâmica, não tendo o piloto que se preocupar com parâmetros de vôo que apagariam o motor. Seus motores têm sistema anti-flutuação altamente confiáveis, que permite voar em fluxo de ar irregular e grandes ângulos de ataque.

Uma aeronave biposta também tem maior índice de sobrevivência. Caso o piloto seja atingido, o outro tripulante toma os controles. Em tempo de paz, isso pode significar uma colisão com um pássaro. Uma aeronave biposta também tem um par de olhos a mais para procurar alvos em cenários ar-ar e ar-terra, para cobrir o quadrante traseiro enquanto o outro tripulante se concentra na ofensiva e para procurar indícios de mísseis SAM e traçantes de artilharia antiaérea, se for dado alerta no sistema de alerta radar.

As aeronaves russas são equipadas com um botão de pânico no manche, que nivela a aeronave quando o piloto perde a referência durante manobras agressivas. O sistema engaja o sistema de controle de vôo e em um modo de navegação que comanda a aeronave num perfil pré-determinado. O A-6 Intruder era outra aeronave que também tinha esse sistema, por voar com freqüência à noite, uma situação onde um piloto pode perder facilmente as referências de altitude da aeronave. O F-117 também usa um sistema parecido.

Uma parte importante da capacidade de sobrevivência é o assento ejetável da aeronave. O assento ejetor do Flanker é o K-36DM série 2, fabricado pela Zvezda, do tipo zero-zero, o que permite ser usando em altitude zero e velocidade zero, ou seja, com a aeronave parada no solo. O K-36 permite que a tripulação escape em uma emergência, qualquer que seja a atitude de vôo ou velocidade da aeronave. Permitem a ejeção segura mesmo com um caça voando a 25 km de altitude e na velocidade de Mach 2.


O K-36 foi testado nos EUA e foi oferecido para equipar os caças americanos.

Os parâmetros de lançamento são de altitude zero até 17.000 metros e velocidade zero a 1.350 km/h. Testes nos EUA mostraram lançamentos com segurança a Mach 2.5 e 17.000 metros, altitude extremamente baixa, manobras violentas e ângulos de inclinação alta ou invertida, todos com sucesso. Ele pesa 500 lb, contra 200 lb do Martin Baker Mk10. As últimas versões, como a K-36D-3.5, têm peso reduzido.

O assento é ajustável à altura do piloto e é considerado confortável até para vôos longos, sendo inclinado em 30 graus para ajudar o piloto a resistir às acelerações em combate. Essa inclinação foi usada, inicialmente, pelos F-16 e não é, geralmente, aproveitada. O piloto, normalmente, fica em uma posição quase ereta e não encosta toda costa no assento. O assento foi inclinado, pois era a única forma de fazê-lo caber na cabine apertada do F-16.

A inclinação do assento só tem valor quando chega a 75 graus o que é incompatível. Também não existem dados conclusivos sobre a maior resistência de pilotos mais baixos ou femininos as forças G's. O treinamento físico é considerado fundamental neste aspecto pelos russos. 

O K-36 usa concepção modular, que facilita mudança de configuração. Tem modo automático para poder ser disparado, automaticamente, se a aeronave transgride seu envelope de vôo. O assento recebe informações da aeronave, para saber a situação em que ocorreu a ejeção e fazer ajustes na trajetória. Se a ejeção ocorrer muito baixo, o motor pode ser cortado logo, para evitar atingir o solo. O peso do tripulante é levado em conta, para evitar acelerações excessivas.A família K-36 tem desempenho melhor e mais seguro que qualquer outro, sendo que 97 % dos usuários puderam continuar suas carreiras. É a maior percentagem entre os assentos ejetáveis.

O K-36 já foi demonstrado sem intenção em algumas feiras internacionais. Na feira aérea de Le Bourget, em 1989, o MiG-29 303 blue teve falha em um motor, devido a uma ingestão de pássaro, e o piloto teve que ejetar a 30 m do solo, no limite do envelope, sofrendo só arranhões.

Em 1993, dois MiG-29 colidiram no show aéreo de Fairford, RU, com duas ejeções sem nenhum dano aos pilotos. Em 1999, um Su-30MKI bateu na pista com os dois tripulantes ejetando com sucesso a baixa altura. A ejeção mais difícil foi a do capitão Simko da Eslováquia. Ele ejetou do seu Su-22 de cabeça para baixo a 80 graus e apenas a 10 m de altura.


Detalhes do K-36.

Um sistema de controle de vôo fly-by-wire (FBW) quádruplo aumenta a disponibilidade e a capacidade de sobrevivência. Os sinais do manche são transmitidos a computadores que trabalham em paralelo para aumentar a segurança, e os transformam em dados para serem passados ao sistema de controles de vôo, após serem processados e mostrarem estar dentro dos parâmetros aceitáveis. Os sinais de saída são comparados e, se algum tiver diferença significativa, o canal com falta será desconectado. Um canal de controle remoto é acrescido ao sistema em caso de corte dos sistemas físicos que transmitem os dados da cabine para os atuadores.

Ele usa sistema manual, analógico e digital, com back-up simples e manual, inclusive para o TVC. O controle de estol é feito por um computador, que depende da configuração e carga da aeronave. O sistema envia sinais de voz e visuais, se a aeronave estiver prestes a estolar. O sistema manual oferece imunidade contra o efeito de pulsos eletromagnéticos (EMP), como os gerados por explosões nucleares e interferência eletromagnética (EMI), como as causadas por campos elétricos muito fortes, gerados por radar ou por armas convencionais. São inimigos invisíveis dos delicados aviônicos baseados em microprocessador usados nos sistemas FBW atuais.


A cabine do Flanker tem visibilidade muito maior que as dos outros modelos de caças russos, o que é bem recebido pelos pilotos durante os combates aéreos aproximados. A capacidade de combater à longa distância está deixando o critério de visibilidade para segundo plano.

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